Cálculo Diferencial

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Cálculo Diferencial

1.1. Conceito de derivada. Interpretação geométrica da derivada.

Sejam y = f(x) uma função real de variável real definida em ]a, b[ e x0 ] a, b[.

f ( x0  x)  f ( x0 )
A razão chama-se razão incremental (ao acréscimo x da variável
x
independente correspondente o acréscimo f ( x0  x)  f ( x0 ) da função).
A derivada da função no ponto x0, f ´(x0 ) é o limite,
se existir, da razão incremental quando x tende
para zero

f ( x0  x)  f ( x0 )
f ´(x0 )  lim
x  0 x

Geometricamente f ´(x0 ) é o declive da recta


tangente ao gráfico da função no ponto P é a posição
limite da secante PP’ quando P’ tende para P,
deslocando-se sobre a curva.

Equação da tangente à curva no ponto (x0, y0)

y  y0  f ´(x0 ) . x  x0 

Equação da normal à curva no ponto (x0, y0)


y  y0  
1
x  x0 
f ( x0 )
A derivada de uma função num ponto pode ser finita ou infinita.

Uma função diz-se diferenciável num ponto se tiver derivada finita nesse ponto, e diferenciável
num intervalo ]a, b[ se tiver derivada finita em todos os pontos do intervalo.

1
Exemplo: Considere a função f ( x)  :
x2
a) Calcule a derivada de f no ponto x = 1.
b) Determine a equação da recta tangente e normal à curva f no ponto x = 1

Resolução:
1 1

f ( x0  x)  f ( x0 ) x  x  2 x0  2
a) f ´(x0 )  lim = lim 0 =
x  0 x x  0 x

1
x0  2  x0  x  2  x
= lim = lim =
x 0 x x  2  x  x  2  x  x x  2  x  x  2 
0 0 0 0

1 1
= lim 
x  0  x  2  x  x  2  x0  22
0 0

1
No ponto x = 1  f ' (1)    1
1  22

b) - A equação da tangente à curva num ponto (x0, y0) é y  y0  f ´(x0 ) . x  x0 

1 1
y 0  f (1)   1 e f ' ( x0 )  f ' (1)    1
1 2 1  22
Logo y  1   1. x 1  y   x 1 1  y   x
- A equação da normal à curva num ponto (x0, y0) é y  y 0  
1
x  x0 
f ( x0 )
y  1    1. x 1  y  x 1 1  y  x  2

1.2.Regras de derivação de funções

Seja u = f(x), z = g(x) , y = h(x) e k uma constante


 Derivada da soma
u  z  y  u  z   y
 Derivada do produto de uma função por uma constante
u  kz  u   kz 
 Derivada de um produto
u  z  y  u   z y  z y
 Derivada de um quociente
z z y  z y 
u  u 
y y2

1.3.Derivadas de funções elementares

i) Se f ( x)  k  f ( x)  0 (k é uma constante)
ii) Se f ( x)  x n  f ( x)  nx n 1
1 1
iii) Se f ( x)   f ( x)   2
x x
1
iv) Se f ( x)  x  f ( x) 
2 x
v) Se f ( x)  senx  f ( x)  cos x
vi) Se f ( x)  cos x  f ( x)   senx
1
vii) Se f ( x)  tgx  f ( x) 
cos 2 x
1
viii) Se f ( x)  cot gx  f ( x)  
sen 2 x
ix) Se f ( x)  a x  f ( x)  a x ln a , (a  0 e a 1)
2
x) Se f ( x)  e x  f ( x)  e x
1
xi) Se f ( x)  log b x  f ( x)  , (b  0 e b 1)
x ln b

Exemplos: Calcule a derivada das seguintes funções:


3x  5
a) f(x) = x + 2 b) g(x) = 2x7 c) h( x)  d) m( x)  e x senx
x 1
Resolução:

a) f’(x) = 1 + 0 = 1

b) g’(x) = 2. 7x7-1=14x6

c) h' ( x) 
3x  5' x 1  x 1' 3x  5 = 3x 1 13x  5 = 3x  3  3x  5
=
x 12 x 12 x 12
8
=
x 12

 
d) m' ( x)  e x ' senx  e x senx'  e x senx  e x cos x  e x senx  cos x 
e)

1.4.Derivadas de funções compostas

Seja a função composta y  h( x)   f  g ( x)  f g x  ,sendo g derivável em relação a x e f


derivável em relação a g(x), então: h( x)  f g x  g ( x) .
dy dy du
Considerando u = g(x) e y = f(u), temos:   Chamada regra da cadeia.
dx du dx
Exemplo: Determine a derivada das seguintes funções:
a) y  e x 1
b) y  sen( x 3  5x)
2
c) n(x) = ln(3x – 5)

Resolução:
1
a) y  e x
2

 dy u
 y  e  e
u

du dy dy du dy x 2  1
  e  2 x  2 xe x  1
2

 ; , logo
u  x 2  1  du dx du dx dx
 2x
 dx

b) y  sen( x 3  5x)
 dy
 y  sen u  du  cos u
 ;
dy
     
 cos x 3  5 x  3x 2  5  3x 2  5 cos x 3  5 x 
u  x 3  5 x  du  3x 2  5 dx
 dx
c) n' ( x) 
1
3x  5' = 3
3x  5 3x  5

3
1.5.Derivadas de 2a ordem e de ordem superior

Seja y = f(x) uma função diferenciável de x. Chamemos sua derivada de primeira a derivada da
função (ou derivada primeira). Se a derivada primeira for diferenciável, sua derivada é
d2y
chamada derivada segunda da função original e é denotada por um dos símbolos , y  ou
dx 2
f (x) .
Por sua vez, a derivada da derivada segunda é chamada derivada terceira da função e é
d3y
denotada por um dos símbolos , y  ou f (x) . E assim em diante.
dx 3
N.B. A derivada de uma função de uma dada ordem em um ponto pode existir somente quando
a função e todas as derivadas de ordem menor são diferenciáveis neste ponto.

Exemplo: Determine a derivada quarta da seguinte função: y  x 3  2 x 2  7 x  18


dy d2y d3y d4y
 3x 2  4 x  7 ;  6 x  4 ;  6 0
dx dx 2 dx 3 dx 4
Obs: Todas as derivadas de ordem superior a 4 existem e são nulas.

1.6.Derivadas implícitas

Uma equação f(x,y) = 0, em geral, define y implicitamente como função de x em algum


intervalo.
1 x
Por exemplo a equação xy + x – 2y -1 = 0, com x ≠ 2, define a função y  .
x2
A derivada y’ pode ser obtida por um dos seguintes processos:
1. Resolvendo, quando possível, a equação explicitando y e derivando com relação a x.
2. Pensando em y como a função de x, derivando ambos os lados da equação com relação a x e
então resolvendo a relação obtida explicitando y’. Este processo de diferenciação é conhecido
como derivação implícita.

Exemplo: Determine y’ se a) xy + x – 2y -1 = 0 b) x 2  y 3  seny  5x 3 .  0

Resolução:
a) xy + x – 2y -1 = 0
d d d d d d
Temos, x ( y)  y ( x)  ( x)  2 ( y)  (1)  (0)
dx dx dx dx dx dx
1 y
ou xy’ + y +1 – 2y’ = 0; logo y '  .
2 x
Analogamente podemos calcular derivadas de ordem superior
2  x  1  y   1  y
d d  1  y  2  x  y '1  y 2 x 2  2y
Então ( y' )  y' '     
dx dx  2  x  (2  x) 2
(2  x) 2
(2  x) 2
O segundo método é derivar implicitamente ambos os lados da equação dada quantas vezes
forem necessárias para produzir a ordem requerida de derivação e eliminar todas as derivadas
de ordem inferior. Esse procedimento é recomendado somente quando é pedido o cálculo de
uma derivada de ordem superior em um dado ponto específico.

4
b) x 2  y 3  seny  5x 3  0
2 x  3 y 2 y   cos y  y  15x 2  0   
y  3 y 2  cos y   2 x 15x 2 
2 x  15 x 2
y  
3 y 2  cos y 
1.7.Derivação Logarítmica

Se uma função diferencial y = f(x) for um produto e/ou quociente de vários factores, o processo
d d
de derivação poderá ser simplificado com o uso do logaritmo natural: ( y )  y (ln y )
dx dx
2 3 3 4
Por exemplo y = (x +2) (1-x )
ln y  ln( x 2  2) 3 (1  x 3 ) 4  3 ln( x 2  2)  4 ln(1  x 3 )
 6x 12 x 2 
y'  y
d
 
3 ln( x 2  2)  4 ln(1  x 3 )  ( x 2  x) 3 (1  x 3 ) 4  2  
3 
dx  x  2 1 x 
y   6 x( x 2  2) 2 (1  x 3 ) 3 (1  4 x  3x 3 )

1.8.Diferencial

dy
Interpretação de como um Quociente diferencial.
dx
dy
Até aqui, tem sido visto como uma simples notação para a derivada da função y = f(x).
dx
dy
O que faremos a seguir é interpretar como um quociente entre dois acréscimos.
dx
Inicialmente, vamos olhar para dx como um acréscimo em x e, em seguida, procuraremos uma
interpretação para o acréscimo dy.
Sabemos que f '(x) é o coeficiente angular da reta tangente t, no ponto (x, f(x)), e que
dy
 f (x) . Se observarmos, então, para dy como acréscimo na ordenada da reta tangente t,
dx
dy
correspondente ao acréscimo dx em x, teremos  f (x) .
dx

Observe pelo gráfico sobre a interpretação geométrica de derivada que:

y  f ( x  dx)  f ( x) é o
acréscimo que a função sofre
quando se passa de x a x+ dx. O
acréscimo dy pode então ser
visto como um valor aproximado
para y ; evidentemente, o erro
y  dy que se comete na
aproximação de y por
dy será tanto menor quanto menor
for dx.

5
Definição: Seja f(x) uma função e sejam x e y , variáveis e relacionadas por y = f(x) . Então a
diferencial dx é um número qualquer do domínio de f(x) para o qual f '(x) existe , a diferencial
de dy é definida por dy = f '( x )dx

Exemplo: Se y = f(x) = x2 -5x +7 , achar dy .

Solução: f '(x) = 2x -5  dy = (2x -5 )dx

Deve observar-se a diferença entre a diferencial dx da variável independente x e a diferencial dy


da variável dependente y . Pois, dx pode assumir qualquer valor, mas o valor de dy depende de
x , dx , f(x) e, por tanto, de f '(x) .

Interpretação geométrica de dy comparando-o a y

Aqui, supõe-se que f(x) é diferenciável em x1 e toma-se dx = x , representa-se x como um


incremento no valor x1 até x1 + x1 e y será variação correspondente em y1 , isto é, y2 = y1 +
y . Entretanto, desde que f '(x) é o coeficiente angular da recta tangente ao gráfico de f(x) em
(x1,f(x1 )), isto é, (x1 ,y1 ), segue-se que dy = f '(x)dx será o incremento correspondente no valor
de y , seguindo-se a direcção da tangente.

Recta tangente t ao ponto P= (x1, y1 )


da função f(x) e reta secante s que
passa por

P= (x1 , y1 ) e Q = (x1 + x ,y1 + y ) da


função f(x) .

Na Figura ,
tem-se que o incremento da função y =
f(x) que é dada por y = f(x + x )-
f(x)

Note que quando se dá o incremento x , o ponto P desloca para Q , e observe que no ponto P
passa uma recta tangente t, enquanto por P e Q , passa uma reta secante s. Aplicando o
conceito de limite, quando x tende para zero ( x  0 ) , o ponto Q tende para o ponto P , e a
recta secante tende para a recta tangente em P , o acréscimo y tende para a diferencial dy e
x tende para a diferencial dx .

Assim,
dy  lim y  lim  f x  x   f x  
x  0 x  0

y
dy  lim y  lim  x = y dx
x  0 x  0 x

ou finalmente dy  y dx = f x dx

6
A expressão acima é a própria definição de diferencial, e pela Figura observa-se que quanto
menor for x , menor será a diferença entre o acréscimo y e a diferencial dy .

Assim, a diferencial de uma função é obtida pelo produto da derivada da função pela
diferencial da variável de derivação.

Para uma função f (x), a diferencial segue a sequência abaixo

Função Derivada Diferencial


y  f (x) dy 
dy  f ( x)dx
y   f ( x) 
dx
y  h(t ) dy dy  h(t )dt  dh
y   h(t ) 
dt

Da Figura fica claro que dy pode ser considerado uma boa aproximação de y desde que dx =
y
x e que x seja suficientemente pequeno. A razão  f (x) quando x  0 que difere
x
dy
de por um número extremamente pequeno , donde
dx
y dy  dy  dy
    y     x  y  x  x
x dx  dx  dx
y dy  dy   dy 
    y     x  lim y  lim  x  x 
x dx  dx  x 0

x  0 dx

dx  lim  x   dx
dy dy
 dy 
dx x  0
 dx
0

dy 
dy  dx  dy  f ( x)dx 
dx   y  dy
y  f x  x   f ( x) 

Assim f ( x  x)  f ( x)  f x  dx

Observação: A diferencial pode ser usada para efectuar cálculos aproximados.

Exemplo:

1. Calcular a raiz y = f (x)= 3x2- 2x + 4, para x1 =1, dx = x = 0,02


a) Calcular y  f ( x1  x)  f ( x1 ) ) exactamente.
b) Fazer uma estimativa de y , usando dy  f ( x)dx .
c) Determinar o erro   y  dy
Resolução:
a) y  f ( x1  x)  f ( x1 ) = f (1 0,02)  f (1) = f (1,02)  f (1) =
31,022

 2.1,02  4  3.12  2.1 4 
7
y  5,0812  5 = 0,0812

b) dy  f ( x)dx
f ( x)  6 x  2  dy  6 x  2dx
dy  f (1)dx  6  1  20.02  0,08

c)   y  dy = 0,0812  0,08  0,0012

2. Usar diferenciais para estimar 35 .


Para isso toma-se a raiz conhecida mais próxima como referência, ou seja, 36 = 6 e faz-se
y  36  dx = x =35 -36 = -1; consideremos a função y  f ( x)  x e x1 =36
35  36  y  6  f ( x)dx
1 1 1 1
f ( x)   f ( x1 )   y  dy  (1)    0,08333...
2 x 2 36 2 36 12
Então: 35  6   0,08333  5,91666...

EXERCÍCIOS

y
1. Calcule y e :
x
a) y = 2x -3 e x varia de 3,3 a 3,5.
b) y = x2 + 4x e x varia de 0,7 a 0,85.
2
c) y  e x varia de 0,75 a 0,5.
x

2. Calcule y se y = x2 - 3x + 5, x = 5 e x   0,01. Qual é então o valor de y quando x


= 4,99?

3. A partir da definição da derivada, calcule a derivada de cada uma das seguintes funções:

a) y  4x  3 b) y  4  3x c) y  x 2  2 x  3 d) 1 2x  1
y e) y
x2 2x  1
1  2x g) y x 1 i) y  1  2x 1
f) y h) y j) y
1  2x x 2x

4. Calcule o coeficiente angular da recta tangente às seguintes curvas no ponto xo  1 .


a) y  8  5 x 2 b) y  4 c) y 
2
x 1 x3

8
5. Escreva as equações da tangente e da normal ao gráfico da função no ponto de abcissa zero:
x 2 1 b) f ( x)  senx c) f ( x)  ln( x  e)
a) f ( x) 
x2
6. Encontre as coordenadas do vértice da parábola y  x 2  4 x  1 fazendo uso do facto de
que no vértice o coeficiente angular da tangente é zero.

7. Calcule o coeficiente angular das tangentes à parábola y   x 2  5x  6 em seus pontos de


intersecção com o eixo dos x.

8. Achar a equação da tangente à curva y = x3 + 3x2 - 5 que é perpendicular a recta 2x -6y + 1


= 0. Construir a tangente e indicar o ponto de contacto.

9. Achar a equação da tangente à curva y = x3 – 6x que é parelela a recta 6x + 2y + 1 = 0.


Construir a tangente e indicar o ponto de contacto.

10. Calcule a derivada das y  2x  2 x


3 1
 1 4 d)
y 
1

seguintes funções: b) y  3x 2  x 2  2 x 2 c) 2
2x x
a) y  x 5  5x 4  10 x 2  6
e) f (t ) 
2
3
6 f) y  1  5x 
6
g) 
y  3x  x 3  1 
4
h) 
y  3  4x  x 2 
t t
3r  2  x 
5
k) y  2x 2 2  x y  x 3  2x 2
i)   j) y   
l)
2r  3
1  x 

11. Calcule as derivadas das seguintes funções:

t2 2  x3  1 
4
d) y  3 sen 2 x
a) y  1 x b) s  c) y   3 
3 t 2  2x  1 
x f) y  4tg 5x 1 h) y  sen3x  cos 2 x
e) y  4 cos g) y  cot g 8 x
2 4
i) 
y  cos 1  x 2  j) y  cos1  x 
2
k) y  sen 2 3x  2 l) y  e5x
m) y  e x y  e sen3 x y  e  x cos x y  ee
3 x
n) o) p)
q) y  ln 4 x  5 r) y  ln 3  x 2

12. Calcule a derivada das seguintes funções implícitas:

a) xy  x  2 y  1  0 b) x 2 y  xy 2  x 2  y 2  0 c) seny  cos x  y
d) y6  y  x2  0 1
e) y  x  seny  0 f) ey  x y
4
g) y  cosx  y  h) cosxy   x 1 1 1
i) x2  y 2 22

dy
13. Use a derivação logarítmica para calcular :
dx
9
a) y  xx b) y  x 2 e 2 x cos 3x c) y  x ln x

14. Calcule todas as derivadas até à terceira ordem das seguintes funções:
a) y  4 x 3  6 x 2  6 x  4 b) y  3 sen 2 x c) f ( x)  x  4 x  3 d)
4 3

f ( x)  x 2  4  2

e) y  sen3x  cos 2 x f) y  e x cos x g) y  e (1  cos x) h) y  ln senx 

15. Dada função f ( x)  e 3 x .


a) Determine todas as derivadas até à quarta ordem
b) Determine a derivada de ordem n.

16. Achar a diferencial da função:


a) y =3x2 -2x +5 b) g (t )  e 2t  5

17. Use diferenciais para estimar :


a) 17 b) 3 28 c) cos44o d) e0,2

18. Calcule:
x3  2x 2  x  2 ln x ex x  senx
a) lim b) lim c) lim d) lim
x 1 x3  7x  6 x 0 cot gx x   x x  x

x f) lim x x g) lim x n ln x  x 1 
e) lim x 0 x 0 h) lim   
x  e x x 1 x  1
 ln x 

10
2. Aplicação das derivadas no estudo das funções em IR
2.1 Regra de L’Hôspital
Teorema: (Regra de L’Hôspital-Bernoulli) Se f(x) e (x) são infinitamentes pequenas, ou
f ( x)
infinitamentes grandes, quando x  a, isto é, se a razão representa no ponto x = a uma
 ( x)
0  f ( x) f ( x)
expressão indeterminada da forma e teremos, que: lim  lim com a condição
0  x  a g ( x) x  a g ( x)

de que exista o limite desta razão das derivadas.

Obs. Esta regra é também, aplicável no caso em que que a = .

sen3x e x  e x  2x  1 1 
Exemplo: Determine: a) lim b) lim c) lim   2
x0 2x x0 x  senx 
2
x  0 sen x x 
Resolução:
sen3x  0 
a) lim  
x0 2x 0
sen3x 3 cos 3x 3
lim  lim 
x 0 2x x  0 2 2

e x  e  x  2x  0 
b) lim  
x0 x  senx 0
x
e  e  2x
x
e x  ex  2 0  e x  ex 0 e x  ex
lim  lim     lim     lim 2
x 0 x  senx x  0 1  cos x
 0  x  0 senx  0  x  0 cos x

 1 1 
c) lim   2      , Reduzindo a fração a um denominador comum, teremos:

x  0 sen 2 x x 
 x  sen x   0 
2 2
2 x  2senx cos x 0 2 x  sen2 x
lim  2 2      lim =    lim =
x 0
 x sen x   0  x  0 2 xsen x  x 2senx cos x  0  x  0 2 xsen 2 x  x 2 sen2 x
2 2

2  2 cos 2 x 0 2  2 cos 2 x


= lim     lim =
x  0 2 sen x  2 x 2 senx cos  2 xsen 2 x  2 x cos x
 0  x  0 2sen x  4 xsen 2 x  2 x cos x
2 2 2 2

=
4sen2 x 0
lim  
x  0 4 senx cos x  4 sen 2 x  8 x cos x  4 x cos x  2 x senx
0
2

8 cos 2 x 8 1
 lim  
x  0 4 cos 2 x  8 cos 2 x  8 cos x  8 xsenx  4 cos x  4 xsenx  4 xsenx  2 x cos x
2
488 4 3

2.2. Intervalos de monotonia e primeira derivada de uma função

Teorema
Seja f uma função contínua em [a, b] e derivável em ]a, b[ .
 Se f’(x) > 0 para todo o intervalo x  ]a, b[, então f é estritamente crescente em [a, b].
11
 Se f’(x) < 0 para todo o intervalo x  ]a, b[, então f é estritamente decrescente em [a, b].

2.3 Extremos relativos e primeira derivada de uma função

Teorema
Se uma função f é contínua num intervalo fechado [a, b] e tem um máximo ou um mínimo em
c]a, b[ , então f’(c) = 0 ou f’(c) não existe.

Definição: Um número c do domínio de uma função f é um ponto crítico de f se f’(c) = 0 ou


f’(c) não existe.

Seja c um ponto crítico de f e f contínua em c:


 Se f ’(x) muda de sinal de positiva para negativa em c, então f(c) é um máximo relativo.
 Se f ’(x) muda de sinal de negativa para positiva em c, então f(c) é um mínimo relativo.

2.4 Extremos relativos e segunda derivada de uma função

Seja y = f(x) uma função cuja a derivada se anula no ponto x = c, isto é, f ’(c) = 0.
Sopunhamos, alem disso que a derivada segunda f ’’(x) existe e é contínua numa vizinhança do
ponto c.
Teorema : Seja f ’(c) = 0; então a função tem um máximo no ponto x = c se f ’’(c) < 0, e um
mínimo se f ’’(c)> 0.

 Se no ponto crítico, x = c, f ”(c) = 0, a função pode , ou admitir neste ponto um máximo ou


um mínimo, ou não ter extremo neste ponto. Neste caso o estudo deverá ser feito segundo o
primeiro método.

2.5 Concavidade e segunda derivada

Se a segunda derivada f’’ de f existe num intervalo aberto ]a, b[ então o gráfico de f:
 Tem a concavidade voltada para cima no intervalo ]a, b[ se f’’ > 0 neste intervalo;
 Tem a concavidade voltada para baixo no intervalo ]a, b[ se f’’ < 0 neste intervalo;

Definição: Chama-se ponto de inflexão ao ponto que separa a parte convexa duma curva
contínua da sua parte côncava.

Teorema
Seja f uma função contínua em [a, b] e derivável em ]a, b[.
Se f’’(c) = 0 ou f’’(c) não existe e a segunda derivada muda de sinal passando pelo valor x = c,
o ponto (c, f(c)) é um ponto de inflexão.

2.6 Assimptotas
Definição: A recta r chama-se assímptota duma curva, se a distância  dum ponto variável M
da curva
a esta recta tende para zero, quando o ponto M tende para infinito.

12
1. Resulta da definição de assímptota que se lim f ( x)   ou lim f ( x)   , ou
x  a x  a

lim f ( x)   então a recta x = a é uma assímptota vertical.


xa

2. A existência de assímptotas não verticais depende do comportamento da função quando


x → + ∞ ou quado x → - ∞.
 Se a recta y = mx + b é assimptota não vertical quando x → + ∞, vem:
e b  lim  f ( x)  mx .
f ( x)
m  lim
x   x x  

 Se a recta y = mx + b é assimptota não vertical quando x → - ∞, vem:


e b  lim  f ( x)  mx .
f ( x)
m  lim
x   x x  

 Se m = 0 e b IR, a recta é horizontal.

N.B. Uma assímptota não vertical pode ser intersectada pelo gráfico da função.

2.7. Estudo e representação gráfica de funções

A representação gráfica de uma função permite a leitura rápida de todas características.

Para construir o gráfico de uma função é conveniente previamente determinar:


1. o domínio;
2. os pontos de intersecção com os eixos;;
3. os pontos de descontinuidade;
4. as simetrias do gráfico (em relação á origem e ao eixo dos y y);
5. as assimptotas do gráfico;
6. os intervalos de crescimento e decrescimento; os máximos e mínimos relativos;
7. o sentido da concavidade do gráfico; os pontos de inflexão.

Por vezes é ainda necessário calcular as coordenadas de mais alguns pontos do gráficos.

Exemplos:
Esboce o gráfico de cada uma das seguintes funções, indicando: i) domínio; ii) os zeros da
função iii)os pontos de descontinuidade e as assímptotas; iv) os extremos e intervalos de
monotonia; v) concavidade e pontos de inflexão.
6x2  x4 2 x2  5
a) f ( x)  b) g ( x)  c) h( x) 
9 x 1 x

13
Resolução:
6x2  x4
a) f ( x) 
9
i)A função f é polinomial e portanto o Df = R.

6x2  x4
ii) f ( x) 
9

 0  6x2  x4  0  x2 6  x2  0  x2  0  6  x2  
 x  0  x   6  x1   6  x2  0  x3  6

S:  6 ; 0 ; 6 
iii) A função f é polinomial e portanto contínua em R, isto é, não tem pontos de
descontinuidades nem assímptotas verticais.

6x2  x4
lim f ( x)  lim    , Isto é, não tem assímptotas horizontais
x x 9

'
 6 x 2  x 4  12 x  4 x3
iv) f ' ( x)    
 9  9
12 x  4 x3
f ' ( x)  0 
9
 
 0  4x 3  x2  0  4x  0  3  x2  0 

 x  0  x   3  x1   3  x2  0  x3  3

x  ; 3  3  3;0  0 0; 3 3  3;


f´ + 0 - 0 + 0 -
f max min max

f ( 3 ) 

6 3   3  
2
4


18  9
1 Máximo; f (0)  0 Mínimo
9 9

f ( 3) 
6 3     3
2 4


18  9
1 Máximo
9 9
'
 12 x  4 x 3  12  12 x 2
v) f ' ' ( x)    
 9  9
12  12 x 2
f ' ' ( x)  0   0 12 12 x 2  0  x   1
9
x  ;1 -1  1;1 1 1;
f ´´ - 0 + 0 -
f P.I. P.I.

6 1   1 6 1 5
2 4
f (1)    Ponto de inflexão
9 9 9

14
6  12 14 6 1 5
f (1)    Ponto de inflexão
9 9 9

O gráfico de f

2
b) g ( x) 
x 1
2
i) Df = R\ {1}. ii) g ( x)   0  2  0 impossível, logo a função não tem
x 1
zeros
iii) A função g não é contínua em x = 1, isto é, tem um ponto de descontinuidades no
ponto de abcissa x = 1.

Assímptotas:
Verticais:
2 
lim g ( x)  lim   
x 1 x  1 x 1 
  x 1 é Assímptota vertical
2
lim g ( x)  lim   
x  1 x  1 x 1 
Horizontal
2
lim g ( x)  lim  0  y = 0 é assímptota horizontal
x x    x 1

'
 2  2
iv) g ' ( x)     
x  12
x  ;1 1 1;
 x 1 
g´ - n.e. -
2
g ' ( x)  0    0  2  0 Imp. g n.e.
x 12

A função g não admite extremos, isto é não tem máximos nem mínimos.
'
 2  4
v) g ' ' ( x)   2 
 x  ;1 1 1;
 x 1  x 13
f ´´ - n.e. +
f n.e.

15
4
g ' ' ( x)  0  0 4  0
x 13

O gráfico.

x2  5
c) h( x) 
x
x2  5
i) Df = R\ {0}. ii) h( x)   0  x 2  5  0 impossível, logo a função não tem
x
zeros
Assímptotas:
Verticais:
x2  5 
lim h( x)  lim   
x0 x 1 x 
  x  0 é Assímptota vertical
x 5
2
lim h( x)  lim  
x  0 x 1 x 
Horizontal:
x2  5
lim h( x)  lim    Não tem assímptota horizontal
x x x
Oblíqua:
x2  5
h( x ) x x2 5
m  lim  lim  lim 1
x x x x x   x2

 x2 5  x2 5  x2
b  lim h( x)  mx  lim   x   lim 0
x x
 x  x  x
Logo y = x é assimptota oblíqua

16
'
 x2  5  x2 5
iv) h' ( x)     2
 x  x
x2 5
h' ( x )  0  2  0  x   5  x  5
x
x 
 ; 5   5  5;0 0  0; 5    5  5;
h´ + 0 - n.e. - 0 -
h 2 5 n.e. 2 5
máx min

 
h  5   2 5 é um máximo;  
h 5  2 5 é mínimo
'
 x2 5 10
v) h' ' ( x)   2   3
 x  x
10
h' ' ( x)  0  3  0 10  0 impossível
x

x  ;0 0 0;
h´´ - n.e. +
h n.e.

A função não tem ponto de inflexão

O gráfico.

17
EXERCÍCIOS

19. Use o teste da derivada primeira para examinar os valores máximos e mínimos locais de
cada uma das seguintes funções:
a) f ( x)  x 2  2 x  3 b) f ( x)  3  2 x  x 2 c) f ( x)  x 3  6 x 2  9 x  8
d) f ( x)  x 3  2 x 2  4 x  8 e) f ( x)  2  x 3 f) 
f ( x)  x 2  4 2

g) f ( x)  x  44 x  33
f ( x)  x  13 x  2 3
48 1 2
h) f ( x)  x 3  i)
x

20. Examine os valores máximos e mínimos locais das funções do exercício anterior [da alínea
a) à f)]. Usando o método da derivada segunda. Determine também os pontos de inflexão e
os intervalos de convexidade e concavidade.

 2
21. Verifique que o ponto   2,  2  é ponto de inflexão da função y = xex e determine os
 e 
intervalos de concavidade e convexidade.
1
22. Determine os coeficientes a e b da curva y = ax3 + x2 + bx + de modo que o ponto P(1; 6) é
3
ponto de inflexão.

23. Determine as equações das assímptota das seguintes funções:


x 2 1 x 2  2 x 1
a) y  b) y  c) y  3 2ax  x d) y  x  e
2 3 x

x 1 x

24. Esboce o gráfico de cada uma das seguintes funções, indicando: i) domínio e os pontos de
descontinuidade (se existirem); ii) pontos extremos e intervalos de monotonia; iii)
concavidade e pontos de inflexão; iv) assímptotas e os zeros de cada função (se existirem).

a) f ( x)  x 3  3x 2  2 b) f ( x)  x 4  2 x 2  4
c) f ( x)  x 3  2 x 2  x d) f ( x)   2 x 4  5x 3  3
x 1 2
e) f ( x)  f) y 
x x 5
x 2
g) f ( x)  2 h) f ( x)  2
x 4 x 1
x 1 j) f ( x)  e x (1  x)
i) f ( x)  2
x  4x  3
k) f ( x)  x ln x 2 ex
l) f ( x) 
x
m) y  x x  3 x 4
2
n) y 
x
3x 3 2
o) y  p) f ( x)  x  3
x2  4 x
q) y  2 x  x
2
ln x
r) y 
x

18

25. Considere a função y  ln (cos x); 0  x  . Determine as coordenadas do ponto de
2
tangência do gráfico desta função com a recta de inclinação m  1 .

26. Determine a equação da recta tangente à curva y 2  x  1 , paralela à recta 2 y  x  10 .

27. Mostre que a função y  x 5  20 x  6 é sempre crescente em todo o seu domínio.

28. Mostre que a função y  1  x 3  x 7 é sempre decrescente em todo o seu domínio.

19

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