3 Confirmação
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3 Confirmação
INTRODUÇÃO
Dentro de nossas categorias intelectuais de seres humanos, muitas vezes nos escapam
conceitos que sejam condizentes para expressarmos diversas categorias. Como exemplo
ressaltamos a chamada querela dos universais estabelecida pelos filósofos da Idade Média.
Porém, o que nos interessa é ressaltar a deficiência que podemos encontrar ao
definirmos realidades que sejam divinas, no nosso caso, os sacramentos. Muitas são as
definições que encontramos: sinais visíveis, símbolos etc. Mas, na maioria das vezes não
conseguem abarcar toda a realidade subjacente dos sacramentos para expressá-los de forma
coerente.
Para tentarmos chegar a uma definição que esteja de acordo com o contexto em que
queremos abordar, eclesial-teológico, pensamos por bem, beber na fonte do Catecismo da Igreja
Católica, Compendio Vaticano II e Código de Direito Canônico, elucidando assim o conceito de
sacramento.
De acordo com o Catecismo, "os sacramentos são forças que saem do corpo de Cristo,
sempre vivo e vivificante; são ações do Espírito Santo operante no corpo de Cristo, que é a
Igreja; são as obras primas de Deus na nova e Eterna Aliança"(CIC, n.1116).
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Diante disso, podemos dizer que os sacramentos são graças salvifícas dispensadas por
Deus, através de seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, unido ao Espírito Santificador, ao seu corpo
Místico e Vivo, que é a Igreja.
Na Constituição Sacrosanctum Concilium do Vaticano II encontramos a definição, a
finalidade e os efeitos dos sacramentos, a saber que "os sacramentos destinam-se à santificação
dos homens, à edificação do corpo de Cristo e ainda ao culto prestado a Deus. Sendo sinais,
destinam-se também à instrução. Não só supõem a fé, mas por palavras e coisas também a
alimentam, a fortalecem e a exprimem. Por esta razão são chamados sacramentos da fé.
Conferem certamente a graça, mas também sua celebração prepara os fiéis do melhor modo
possível para receberem frutuosamente a graça, cultuarem devidamente a Deus e praticarem a
caridade"(SC,n.59).
No tocante ao Código de Direito Canônico, encontramos o seguinte: "os sacramentos
do Novo Testamento, instituídos pelo Senhor e confiados à Igreja, como ações de Cristo e da
Igreja, constituem sinais e meios pelos quais se exprime e se robustece a fé, se presta culto a
Deus e se realiza a santificação dos homens; por isso, muito concorrem para criar, fortalecer e
manifestar a comunhão eclesial; em vista disso, os ministros sagrados e os outros fiéis, em sua
celebração devem usar de suma veneração e devida diligência."
(CDC, Cân.840).
De acordo com o que foi exposto supra, podemos tirar as seguintes conclusões:
Os sacramentos são sinais eficazes da graça de Deus;
Foram instituídos por Cristo (Cf DS1601) e confiados à Igreja (Cf LG11);
Os ritos visíveis sob os quais os sacramentos são celebrados significam e realizam graças
propícias de cada sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem com disposições
exigidas (CIC 1131);
O Espírito Santo age nos corações humanos, os preparando para receber os sacramentos;
Os sacramentos fortificam e exprimem a fé do Povo de Deus;
Os frutos dos sacramentos são explicitados tanto pessoal quanto eclesialmente.
Lemos na Constituição Dogmática Lumen Gentium 1 que " a Igreja é em Cristo como
que o sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo
genêro humano". Para que nós façamos essa adesão à Cristo, pressupõe uma caminhada inicial,
uma porta primeira que se abre para que possamos crescer paulatinamente nessa íntima união
com Cristo e a Igreja. Para que isso aconteça, temos os chamados sacramentos da iniciação
cristã. Eles nos preparam não só para uma vida inicial, batismo, mas também para recebermos a
plenitude do Espírito Santo, crisma, e para sermos transformados em "alter Christus" e
alimentarmos de seu corpo, eucaristia. Logo, os três sacramentos, batismo, crisma e eucaristia,
constituem a porta de entrada para uma vida autêntica em Cristo.
Nos três primeiros séculos do cristianismo, os cristãos viviam perseguidos, e por isso,
celebram os sagrados mistérios sacramentais da iniciação nas chamadas catacumbas. O cristão
para ser admitido ao batismo, à crisma e à eucaristia, deveria estar disposto a dar, se preciso
fosse, sua vida pela defesa da fé em Cristo. Na prática pastoral posterior, houve no Ocidente,
uma separação dos três sacramentos, enquanto no Oriente, se continuou a administrar os três
sacramentos em uma mesa cerimônia. "O Concílio Vaticano II restaurou, para a Igreja
latina, o catecumenato dos adultos, distribuído em várias etapas. Encontram-se tais ritos no
Ordo Initiationis Christianae Adultorum. Hoje em dia, portanto, em todos os ritos latinos e
orientais, a iniciação cristã dos adultos começa desde a entrada deles no catecumenato, para
atingir seu ponto culminante em uma única celebração dos três sacramentos: batismo,
confirmação e eucaristia"(CIC,n.1232-1233).
Desse modo, podemos perceber que a Igreja como mãe e mestra, acolhe
indistintamente seus filhos diletos em seu seio, que não tiveram a oportunidade de receber os
sacramentos de iniciação em suas etapas convencionais, e em uma única cerimônia recebem
todos os sacramentos da iniciação cristã.
vida deve respirar o Espírito Santo, como os nossos pulmões respiram o para viver.
O santo padre Paulo VI em sua Constituição Apostólica Divinae Consortium Naturae
de 1971, nos declara que "pelo sacramento da confirmação, os renascidos do batismo recebem o
dom inefável, o próprio Espírito Santo, com o qual ficarão enriquecidos de um vigor especial e
marcados pelo caráter deste mesmo sacramento".
Diante do exposto acima, podemos elucidar três dimensões principais que carrega em
seu bojo o sacramento da confirmação, a saber:
a) Dimensão pessoal do confirmado: em várias passagens da Sagrada Escritura, Jesus Cristo
promete enviar aos seus discípulos o Advogado, o Paráclito para que eles possam testemunhá-lo
sem nenhum temor(Cf Jo 14,26;15,26-27) e que se manifesta explicitamente no dia de
Pentecostes. A teologia do batismo nos ensina que o ser do batizado é renovado totalmente com
o batismo; assim a confirmação constitui um novo e mais profundo título para essa exigência. O
cristão agora trás o sinal divino, que deve se expressar em gestos concretos, por isso, deve haver
um empenho pastoral da Igreja para que essa nova realidade seja vivida pelo confirmado.
b) Dimensão divina: pelo sacramento da confirmação, os fiéis são configurados mais
perfeitamente a Cristo, sendo capazes de aprofundar a participação na natureza divina, já
iniciada no batismo. Se o batismo é uma consagração, o sacramento da confirmação renova essa
consagração como algo que atinge a sua maturidade plenamente. Por isso, na cerimônia da
confirmação há o momento da renovação das promessas do batismo.
c)Dimensão Comunitária: se voltarmos à definição acima que o catecismo nos apresenta,
perceberemos que a confirmação possui um caráter eminentemente social e comunitário. Por
isso, os confirmados estão imbuídos de serem verdadeiras Igrejas vivas, templos do Espírito
Santo, dando seu testemunho de comunhão e serviço, sendo sinal de contradição em um mundo
capitalista e egoísta. Pentecostes é o nascimento de uma Igreja com o múnus missionário. Pela
confirmação, os batizados que formam e que são essa Igreja, são investidos pelo Espírito Santo
para serem enviados ao mundo para a santificação de toda a humanidade, para a transformação
cristã do cosmo, até que Deus seja tudo em todos.
a) dentro dos limites de seu território, aqueles que pelo direito se equiparam ao bispo
diocesano(vigário episcopal; vigário geral);
b) quanto aos que se acham em perigo de morte, o pároco e até qualquer presbítero.
No que diz respeito às circunscrições territoriais, podemos encontrar as prescrições nos
cânones 886 e 887.
O cânon 886 reza o seguinte:
Em sua diocese, o bispo administra legitimamente o sacramento da confirmação também aos
fiéis que não são seus súditos, a não ser que haja proibição expressa do ordinário deles;
Para administrar licitamente a confirmação em outra diocese, o bispo precisa de licença do
bispo diocesano, ao menos razoavelmente presumida, a não ser que se trate de súditos seus.
No cânon 887:
O presbítero, com faculdade de administrar a confirmação, administra-a licitamente também
a estranhos, dentro do território que lhe foi designado, salvo haja proibição do ordinário deles;
mas, em território alheio, não a administra validamente a ninguém, salvo aos que se acham em
perigo de morte.
"No oriente, é normalmente o presbítero batizante que também ministra imediatamente
a confirmação em uma única e mesma celebração. Mas o faz com o Santo Crisma consagrado
pelo patriarca ou pelo bispo, que exprime a unidade apostólica da Igreja, cujos vínculos são
reforçados pelos sacramento da confirmação. Na igreja latina aplica-se a mesma disciplina nos
batizados de adultos, ou quando se admite à comunhão plena com a igreja um batizado de outra
comunidade cristã que não recebem validamente o sacramento da confirmação(CIC, n.1312).
A cerimônia da crisma começa com uma oração invocando o Espírito Santo e seguem-
se as leituras do Antigo e Novo Testamentos. Em seguida temos a renovação das promessas do
batismo, a fim de que os crismandos possam ser confirmados na dignidade e missão de
batizados.
Depois temos a imposição das mãos, simbolizando o gesto de consagração total.
Lembremos de que na igreja primitiva os apóstolos curavam os doentes, ordenavam presbíteros
e diáconos e invocavam o Espírito Santo sob a comunidade pela imposição das mãos. É um
gesto de transmissão de algo superior. Com a imposição das mãos temos a seguinte oração:
"Deus todo-poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que
pela água e pelo Espírito Santo, fizestes renascer estes novos servos, libertando-
os do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o
Espírito de sabedoria e inteligência; o Espírito de conselho e
fortaleza; o Espírito de ciência e piedade e enchei-os do Espírito do vosso
temor. Por Cristo, nosso Senhor".
Após esta oração, temos o rito essencial do sacramento que é o momento da unção com
o óleo do Santo Crisma. O óleo usado no batismo, na crisma, na ordenação e na unção dos
enfermos é um óleo consagrado pelo bispo na quinta - feira santa.
"Nas igrejas do oriente, esta consagração é reservada ao patriarca: A liturgia de
Antioquia exprime assim a epiclese da consagração do santo crisma:
Pai...envia o vosso Espírito Santo sobre nós e sobre este
óleo que está diante de nós e consagrai-o, a fim de que seja para todos os que
forem ungidos e marcados por ele: myrion santo, myrion sacerdotal,
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por matéria entendemos que é aquilo pelo qual algo é feito e a forma é aquilo pelo qual a coisa
foi feita daquela maneira.
Em sentido teológico, que é a nossa área, dizemos que a matéria e a forma é a junção
do humano com o divino. Deus que quer sempre se servir do homem para que aconteça a
história da salvação. A matéria do sacramento é a contribuição do homem e a forma é a
contribuição divina. Geralmente nos sacramentos, a forma é a Palavra. Palavra revestida do
conteúdo sacro, é Deus que fala e realiza em favor da salvação do homem, é uma Palavra que
"transforma" uma realidade puramente humana em divina.
Destarte, no sacramento da confirmação encontramos a matéria que é a unção como o
óleo do crisma,feita sobre a fronte do confirmando. A forma são as palavras pronunciadas pelo
ministro enquanto realiza a unção: "N.., recebe por este sinal o dom do Espírito Santo".
Percebemos que a celebração está carregada de um bonito conteúdo simbólico e
teológico que na maioria das vezes os confirmandos não estão cônscios de toda essa realidade e
o sacramento acaba sendo esvaziado de seu sentido primeiro e não produz sua eficácia
necessária na vida daquele que o recebe.
O Espírito Santo, prometido pelo Filho e enviado pelo Pai, está presente na Igreja,
santificando-a principalmente através dos sacramentos. De modo especial, a confirmação é o
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interior, da liberdade de filhos na casa do Pai. Um cristão cheio do dom do conselho diante de
dois caminhos alternativos vai raciocinar assim: isto não é ruim, mas não vou seguir, porque não
agrada ao meu Pai a quem amo muito.
§1: o conteúdo da preparação na sua parte teórica deve conter a verdade sobre Cristo,
sobre a Igreja e sobre o homem;
Artigo 27
promovam-se encontros com pais e padrinhos dos confirmandos, evangelizando-os e
envolvendo-os na preparação;
Artigo 28
para doentes e portadores de deficiência, realize-se uma preparação especial;
Artigo 29
cuide o pároco de uma preparação apropriada para os que estão fora da idade prevista.
CELEBRAÇÃO:
Artigo 30
Padrinhos: que tenham vivência cristã, que sejam crismados e tenham o mínimo de
dezesseis anos. Se possível, sejam os mesmos padrinhos de batismo;
Artigo 31
Número de crismandos: turmas com o máximo de cento e vinte pessoas;
Artigo 32
Traje: comum, decente e simples;
Artigo 33
Evite-se fazer da entrada para a celebração um momento de pose para fotografias;
Artigo 34
cada paróquia tenha seu livro de registro para crisma.
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CONCLUSÃO
BIBLIOGRAFIA
1- BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de Ivo Storniolo. 14 ed. São Paulo:
Pastoral,1990.
2- BOFF,Leonardo. Os sacramentos da vida e a vida dos sacramentos. 13ed.
Petrópolis: Vozes,1990.
3- BORTOLINI,José. Os sacramentos em sua vida. São Paulo:Paulinas,1981.
4- Catecismo da Igreja Católica. 9ed.1999.
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