9 Ano - Arte
9 Ano - Arte
9 Ano - Arte
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UN
ID
DeAgostini / DEA PICTURE LIBRARY / Diomedia / Robert Kneschke / Fabryczka Fotografii / shutterstock.com © Balla, Giacomo / AUTVIS, Brasil, 2017.
AD
E
1
Em movimento
11/7/17 9:02 AM
S eria possível uma sociedade como o antigo Egito retratar uma indústria soltan-
do fumaças em cada uma de suas chaminés? Os registros que temos das repre-
sentações artísticas egípcias mostram que não. A arte caminha junto, entre outros
elementos, com as mudanças sociais, culturais e tecnológicas que acompanham a
história da humanidade. Entre essas mudanças, as que começaram a se desenhar já
Material para análise
Arte moderna
Você já ouviu falar de vanguarda? Leia o texto a seguir e faça o que se pede.
O que é vanguarda?
Vanguarda é um dos pontos de direção do
futuro que poucos enxergam com antecedên-
cia. É a primeira ponta do iceberg que será o
próximo espírito da época. Aquele primeiro ti-
jolinho de uma casa que não visualizamos ainda.
IAROSLAV NELIUBOV/SHUTTERSTOCK.COM
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Glossário
Design – Des. Ind. – a concep-
ção de um produto (máquina,
utensílio, mobiliário, embala-
KUCO/SHUTTERSTOCK.COM
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A influência da arquitetura
Alguns artistas modernos fizeram um esforço para inserir as artes considera-
das maiores, como o desenho, a pintura, a escultura e a arquitetura, no campo da
produção industrial. Dessa forma, a arquitetura assumiu um papel fundamental
no que seria o início da arte modernista.
Com a industrialização, os planos de reestruturação urbana começaram a surgir
nas grandes cidades europeias, e os arquitetos modernistas queriam transformar as
cidades industriais – com suas chaminés, sua fuligem e os bairros aglomerados que
se formaram ao redor das indústrias – em espaços mais agradáveis, arejados, claros
e luminosos.
Com materiais industrializados, que podiam ser moldados, como o ferro e o
vidro, os arquitetos pretendiam projetar uma decoração mais agradável e baixar
os custos das construções.
Segundo o historiador Carlo Argan, da arquitetura modernista surgiram duas
linhas: uma inspirada nas formas geométricas, precursora da futura arquitetura
racionalista, que veremos mais adiante, e outra inspirada nas formas sinuosas da
natureza, que assumiu sua forma mais surpreendente nos projetos do arquiteto
espanhol Antoni Gaudí.
DIOMEDIA / IMAGEBROKER RM / SILWEN RANDEBROCK
Projeto de Le
Corbusier. Alemanha.
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PHOTONONSTOP / AFP
3. Por que você diria que o projeto de Le Corbusier lembra uma forma mais
racional, e o de Gaudí uma forma mais natural?
Resposta pessoal, mas o professor pode encaminhar para o fato de que os dois projetos exigem um alto conhecimento
Gaudí lembram formas que encontramos na natureza, como plantas, árvores ou pedras desgastadas pelo mar, que
podemos observar nas costas brasileiras. Temos a impressão de que a natureza produziu esse edifício. No projeto de
Le Corbusier, as formas são geométricas e precisas, as quais dificilmente encontramos na natureza. Nesse projeto, fica
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Monet
estudou o efeito da luz do sol
sobre as superfícies.
Esse quadro faz parte de uma
série de 12 pinturas realizadas
sobre o mesmo tema e do
mesmo ponto de vista em di-
ferentes momentos do dia.
LEEMAGE / AFP
Claude Monet. As
ninfeias brancas,
1895.
No restaurante Fournaise
LEEMAGE / AFP
No quadro de Renoir, identificamos a atividade cotidiana. Nos dois quadros, os contornos não são evidentes. O estudo
do reflexo da luz fica evidente nos dois trabalhos, mas de forma diferente. No quadro de Renoir, a luz de um dia de
verão banha todo o espaço e, no quadro de Monet, a luz é refletida pelas flores de cores claras e pela água do lago.
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mo. Ele aprofundou as experiências do visual por meio da cor, passando de tons
suaves a tons mais exagerados. Gauguin avançou por esse caminho e descobriu
que o sentido da cor é dado também pela zona que ela cobre na tela (pelo seu
contorno) e pelo diálogo que ela estabelece com as outras cores.
O artista propôs uma espécie de retorno à arte medieval, já que os pintores da-
quele período não se sentiam obrigados a respeitar o aspecto real das coisas. Du-
rante a Idade Média, era comum a simplificação da imagem em prol da expressão
de sentimentos profundos, relacionados ao sagrado, à vida, ao amor e à morte.
Observe a imagem de Gauguin a seguir e faça o que se pede.
LEEMAGE / AFP
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Resposta pessoal. Os alunos podem identificar muitas cores, mas as evidentes são:
LEEMAGE / AFP
Vincent Van Gogh. O quarto do artista em Arles, 1889. Museu d’Orsey, Paris.
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do quadro podem evocar inquietude (mesmo que o artista tenha buscado outro efeito).
a realidade. O artista está interessado em causar uma emoção, e não em descrever fielmente o espaço.
Integrando conhecimentos
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Henri Matisse. O quarto vermelho ou a Mesa de jantar, 1908. Museu Hermitage, São
Petersburgo.
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vários planos, de modo que um objeto pareça estar mais distante que outro. Praticamente tudo parece estar no
mesmo plano.
Já o grupo Die Brücke foi o mais homogêneo, composto por artistas como
Ernst Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff, Erich Heckel, Emil Nolde e Ernst
Barlach. Juntos, esses artistas definiram objetivos e procedimentos para realizar
suas pinturas.
Com temas normalmente vinculados à vida cotidiana e à crítica social, am-
bientados em espaços comuns da época (como cafés, bares e ruas), eles busca-
vam compor a realidade no ato de pintar. As pinturas manifestavam certa rude-
za, uma violência, como a de uma criança que pinta pela primeira vez.
Entretanto, para o grupo Die Brücke, essa ação que muitos críticos conside-
raram violenta e intuitiva requer uma técnica, um trabalho que se assemelha ao
do escultor. Os expressionistas trabalharam com a cor e a tela da mesma maneira
que os escultores com a matéria (bronze, madeira, mármore). Dessa forma, para
os expressionistas, é essa matéria que, por meio da ação do artista, se torna uma
imagem; é o artista que atribui significado à matéria, ou seja, a imagem não exis-
te antes da ação do artista.
É por isso que, para os expressionistas, o céu de um quadro pode estar re-
presentado pelo vermelho, assim como um tronco de árvore pode ser transfor-
mado, depois da ação do escultor, em uma bailarina, por exemplo. As cores na
tela criam a ação, que, na concepção expressionista não existe, antes de ser pin-
tada. Como, portanto, os expressionistas criavam a ação, as ações que pintavam
estavam centradas nas angústias do homem, nos amores trágicos e nos ideais
utópicos. Dizemos que os expressionistas davam um tratamento subjetivo à
forma e à cor: as figuras se tornavam mais angulosas, e as cores, mais disso-
nantes. Mesmo quando os temas sugerem uma situação pacífica, as cores e as
distorções trazem um sentimento de mal-estar.
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Agora reflita:
Uma das características da pintura expressionista é a sensação de incô-
modo gerada no observador, por meio do uso das cores e das distorções.
Em sua opinião, pode haver relação entre incômodo e beleza?
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Autorretrato do
pintor Edvard
Munch, 1893.
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Edvard Munch.
O grito, 1892.
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Um pouco mais
das vanguardas
Gauguin e Van Gogh foram artistas que influenciaram aquela que seria con-
Material para análise
Muitos museus…
do mundo permitem que pessoas previamente cadastradas realizem cópias dos grandes mestres,
diante de suas obras originais.
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LEEMAGE / AFP
Paul Cézanne. Os jogadores de cartas, 1890-1892. Musée d’Orsay, Paris.
a) Com base no quadro, qual dos dois jogadores vai jogar a carta? Justifique
sua resposta. Anote também a opinião de seus colegas.
Resposta pessoal.
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Aprimorando
Além da influência de Paul Cézanne, o estudo da “arte primitiva” foi funda-
mental para os cubistas. Picasso, um importante artista cubista, ficou fascinado
pelas máscaras africanas em uma exposição realizada no Museu do
Homem de Paris (Musée de l’Homme), em 1907. Nelas fica evidente a A chamada
possibilidade de construir uma imagem partindo de materiais e for- arte primitiva
mas simples. Essa investigação feita por Picasso durou muitos anos. diz respeito às produções
de culturas ágrafas, como
A arte chamada “primitiva” é construída de elementos essen- dos indígenas brasileiros,
ciais para a representação do humano, por exemplo: um círculo re- das tribos africanas, das
presenta um rosto, dois pontos são os olhos, e um traço curvado comunidades da Indonésia
para cima pode lembrar um sorriso ou, para baixo, tristeza. etc.
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A pintura cubista
Georges Braque, inicialmente participante do movimento fauvista, levou
as teorias de Paul Cézanne ao limite, o que resultou em novas formas de re-
presentar a realidade. Desde muito jovem, Braque teve contato com as cores
por meio do ofício aprendido com a família, já que basicamente seus familiares
trabalhavam como pintores e decoradores de paredes. Mais tarde se dedicou
à pintura de paisagem, expôs com os fauvistas, mas foi com a pintura e o
método de Cézanne que deu o grande passo para concretizar as diretrizes do
movimento cubista junto com Pablo Picasso.
De origem espanhola, desde muito jovem, Picasso já despontava na escola de
Belas Artes de Barcelona. Apesar de ainda não ser um artista conhecido, já mora-
va e trabalhava em Paris, que era considerada, naquele período, a capital da arte.
Suas pinturas produzidas ali estabeleceram um forte diálogo com o movimento
fauvista e expressionista.
É possível afirmar que Picasso trouxe para o cubismo a força da ruptura, por
meio de seu impulso criativo e insaciável curiosidade, e Braque, o rigor e o método
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A origem do cubismo
é discutida entre os historiadores: alguns indicam Pablo Picasso como criador do movimento;
Material para análise
Agora reflita:
Um dos principais objetivos do cubismo é mostrar a complexidade de
um objeto, representando num único plano todas as perspectivas dele.
Em sua opinião, os cubistas conseguiram alcançar seu objetivo?
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Georges Braque. Femme a la Guitare, 1913. Musèe National D’Art Moderne, Paris,
França.
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Pablo Picasso.
Centauro com uma
carroça, 1948.
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Os objetos são uma garrafa e peixes, mas representados de maneira não usual na pintura.
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Na obra de Braque, o artista fragmenta os objetos que possivelmente utilizou como modelo para pintar.
Na obra de Picasso, o artista cria objetos com elementos que não representam as imagens propostas.
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Juan Gris. Museu Nacional. Centro de Arte Reina Sofia, 1921. Madrid, Espanha.
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Constantin Brancusi.
O beijo, 1923-1925. Centro
Georges Pompidou, Paris.
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2. Será que trabalhar com a minimização não acabaria tendo como conse-
quência a desvalorização, o esvaziamento do objeto representado? O que
você pensa a respeito disso?
Resposta pessoal.
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Selecione uma foto de animal que seja neutra e apresente todo o corpo dele,
como a indicada abaixo, e reproduza o movimento de transitar entre desenhos
mais figurativos para desenhos mais abstratos realizado por Picasso.
Material necessário:
Material para análise
Integrando conhecimentos
Eu o rejeitei porque não julgo como as pessoas julgam. Elas olham para a
aparência, mas eu vejo o coração.
I Samuel 16.7 b (NTLH)
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dois outros movimentos artísticos: o grupo alemão Der Blaue Reiter (O cavaleiro
azul) e os futuristas. Os artistas que integravam esses grupos não somente se
opunham ao cubismo e ao expressionismo como também deram novas aplica-
ções às suas descobertas.
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PHOTO12 / AFP
Ernst Ludwig Kirchner. Rua de Berlim.
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4. A seguir, observe algumas obras realizadas pelo grupo Der Blaue Reiter.
Você consegue identificar, nos quadros, a defesa por uma liberdade de
expressão do artista? Explique.
DIOMEDIA / SUPERSTOCK RM
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August Macke.
LEEMAGE / AFP
Senhora com
casaco verde,
1913.
Sim, na liberdade de expressão, no uso livre que os artistas fazem das cores, como no quadro Senhora com casaco
verde em que zonas de cor compõem o quadro sem preocupação com detalhes da realidades. Em Os grandes cavalos
Agora reflita:
Kandisky e Paul Klee, como a maioria dos vanguardistas, prezavam
muito pela liberdade em sua criação.
Para você, a liberdade criativa é algo importante para o artista?
A liberdade dos artistas é absoluta?
Kandinsky
Com o propósito de manifestar sua liberdade de expressão, Kandinsky foi
quem primeiro buscou essa linguagem da arte diferenciada do que alcançaram os
cubistas com os estudos analíticos e sintéticos da forma. Se tivéssemos que bus-
car uma referência fora das artes visuais, poderíamos comparar as obras de Kan-
dinsky com a música. Quando escutamos notas graves, elas, de maneira espontâ-
nea, tendem a suscitar uma sensação, e as notas agudas, outras. Para Kandinsky,
portanto, o artista deve compor seu quadro como um músico compõe uma ópera:
as formas e cores devem ser utilizadas como notas musicais, e o espectador diante
do quadro deve viver uma experiência visual como se estivesse em um concerto.
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DIOMEDIA / SUPERSTOCK RM
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DIOMEDIA / SUPERSTOCK RM
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a) Em qual deles, a interpretação que você faz das formas leva a descobrir a
figura contida no quadro?
O quadro de Picasso.
b) Em qual deles, a interpretação das formas leva você a imaginar uma figura?
No quadro de Kandinsky.
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DIOMEDIA / ALINARI
Wassily Kandinsky.
Flecha no arco. Coleção
particular. Paris.
DIOMEDIA / SUPERSTOCK RM
Wassily Kandinsky.
Com o arco negro,
1912. Centro Georges
Pompidou, Paris.
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Wassily Kandinsky.
Estudo em branco I,
1920. State Russian
Museum,
São Petersburgo.
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SUPERSTOCK - FINEART/DIOMEDIA
Wassily Kandinsky. Estudo em branco I, 1920. State Russian Museum, São Petersburgo.
Paul Klee
Embora pertencessem ao grupo Der Blaue Reiter, as obras de seus dois maio-
res expoentes, Klee e Kandinsky, se diferenciam. Paul Klee foi, possivelmente, o
primeiro a considerar os estudos da época realizados por cientistas como Freud
e Jung. Em suas obras, os seres que habitam o universo interior, invisíveis para o
resto do mundo, passam a ser visíveis e reais.
Freud e Jung
Sigmund Freud nasceu em 1856, na atual República Tcheca, morreu em 1939 e ficou conhecido
como o pai da psicanálise, pois seus estudos sobre psicologia revolucionaram a forma como as
ciências entendem a psicologia humana. Ao longo de sua carreira, criou conceitos e teorias que
ainda são utilizados pela psicologia e psiquiatria, como a noção de inconsciente.
Carl Gustave Jung nasceu em 1875, na Suíça, e morreu em 1961. Jung foi aluno de Freud e utilizou
diversas ideias deste para desenvolver suas teorias, conceitos e ideias, mas separou-se do mestre
por causa de divergências teóricas.
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confusos, como o apresentado no quadro, e há figuras fantásticas, como as que aparecem na imagem. Tudo isso
pela obra, e o traço fino e delicado nos induz a prestar atenção nos detalhes.
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DIOMEDIA / SUPERSTOCK RM
Wassily Kandinsky. Caracteres acompanhados, 1927. Zeichen Mit
Begleitung 1927; Christie’s Images, Londres, Inglaterra.
artistas utilizam figuras geométricas, no entanto, no quadro de Klee, podemos identificar alguns elementos que nos
fazem lembrar barcos, velas ou chaminés. A obra de Kandinsky está totalmente livre de elementos figurativos. Entre
as duas obras, há uma diferença de dez anos. Nesse período, a obra de Klee se aproximou muito da de Kandinsky.
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po em Paris (que naquele momento era a capital da arte). Então, em modernismo, designação ge-
nérica de vários movimentos
1909, o jornal Le Figaro publicou o primeiro manifesto futurista. artísticos e literários, surgidos
O manifesto futurista evidenciava e aglomerava de forma vio- no fim do séc. XIX e no séc. XX,
que buscavam examinar e
lenta, em um único texto, todos os anseios dos artistas desse gru- descontruir os sistemas esté-
po ligados à modernidade, propondo uma transformação radical da ticos da arte tradicional.
cultura e dos costumes sociais, e negando radicalmente o passado.
Leia abaixo alguns trechos do manifesto escrito por Marinetti e responda
às questões.
“Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.”
“A coragem, a audácia, a rebelião, serão elementos essenciais de nossa poesia.”
“A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós
queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o
salto mortal, o bofetão e o soco.”
“Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma bele-
za nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfei-
tado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um auto-
móvel rugindo, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória
de Samotrácia.”
“Não há mais beleza, a não ser na luta. Nenhuma obra que não tenha um ca-
ráter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um
violento assalto contra as forças desconhecidas, para obrigá-las a prostrarem-se
diante do homem.”
“Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo [...].”
“Nós queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de qualquer na-
tureza, e combater o moralismo, o feminismo e toda vileza oportunista e utilitária.”
Texto traduzido para esta obra. Fonte: Marinetti, F. T. Teoria e invenzione futurista.
Verona: Mondadori, 1968. Trechos selecionados.
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3. Por que valorizar esses elementos pode ser considerado uma negação do
passado, uma revolução da cultura e dos costumes sociais tradicionais?
Nunca um grupo de artistas havia publicado um manifesto glorificando a guerra, a luta ou a violência, e isso
representava uma revolução dos costumes. Além disso, alguns elementos, como o automóvel ou a indústria, eram
Material para análise
elementos novos na sociedade e, por isso, não eram objetos comuns nas pinturas até a chegada dos futuristas, que
não tinham como foco retratar o veículo, mas a velocidade que ele representava.
Integrando conhecimentos
O futurismo
utilizou também o escândalo como ferramenta de marketing. As serati futuristi eram festas e
encontros noturnos promovidos pelos futuristas. Normalmente terminavam em pancadaria e
conflitos com a polícia. Também é inegável a vinculação do futurismo com a ascensão do fascismo
na Itália, já que muitos artistas que faziam parte do movimento apoiaram o fascismo. Olhando
hoje em direção ao passado e para esses manifestos, talvez possamos dizer que eles anunciavam
sentimentos latentes na sociedade da época, possivelmente um anúncio macabro das guerras,
como as duas guerras mundiais que estavam por vir e dos ideais que tomariam conta da Europa
nas décadas seguintes.
No Brasil o futurismo influenciou alguns trabalhos expostos na Semana de Arte Moderna, mas é
difícil identificar um artista brasileiro em particular com o movimento italiano.
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DIOMEDIA / DEAGOSTINI / DEA PICTURE LIBRARY © Balla, Giacomo / AUTVIS, Brasil, 2017.
primir a sensação de mo-
vimento, desintegrando
o movimento por meio
de espirais, triângulos e
curvas – o que permite
ao espectador captar as
sequências de movimen-
to. As cores se misturam
e se agitam com a velo-
cidade, como no fenô-
meno cinético das cores.
Na escultura Formas Giacomo Balla. Dinamismo de um cachorro na coleira, 1912.
únicas na continuidade
do espaço, Boccioni fez um monumento ao homem Glossário
veloz. As formas utilizadas por ele chegaram a ser Cinética – Ramo da física que
aproveitadas na produção de veículos de alta velo- trata da ação das forças nas
mudanças de movimentos dos
cidade e em outros objetos aos quais se queria dar a corpos.
sensação de velocidade.
Foram realizados…
quatro modelos em gesso dessa obra, um dos originais em gesso e uma fundição em bronze estão
no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo (MAC) e outras fundições se encontram em diversos
museus do mundo, como a Tate Gallery em Londres e o Museu de Arte Moderna de Nova York.
A obra foi doada ao MAC por Ciccillo Matarazzo em 1952, junto com o gesso original de outra
célebre escultura de Boccioni, chamada Desenvolvimento de uma garrafa no espaço.
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Ciccilio Matarazzo,
nome com que ficou conhecido Francisco Antônio Paulo Matarazzo Sobrinho, nasceu em São
Paulo em 1898 e morreu em 1977. Ciccilio fazia parte de uma rica e tradicional família de imigran-
tes italianos, proprietária de diversas indústrias em São Paulo. Ciccilio ficou conhecido como um
grande incentivador da arte brasileira, tendo criado o Museu de Arte Moderna e a Bienal de Arte,
que é realizada até hoje, entre outras iniciativas ligadas às artes plásticas e dramáticas. Sua atua-
ção foi comparada aos mecenas que financiavam artistas na Itália durante o Renascimento. Em
15 de março de 1912, um ano antes de Boccioni produzir a escultura Formas únicas na continui-
dade do espaço, ele chegou a dizer:
“Nestes dias estou obcecado pela escultura! Creio haver visto uma completa renovação desta
arte mumificada.”
Fonte: BORTULUCCI, Vanessa Beatriz. Formas únicas da continuidade no espaço: um estudo sobre
a escultura futurista de Umberto Boccioni do Museu da Universidade de São Paulo. Disponível em:
<www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000206270&fd=y>. Acesso em: out. 2012.
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JOSSNAT/SHUTTERSTOCK
Como se a matéria relativamente moldável fosse submetida a um vento forte, partes dela ficam para trás.
DIOMEDIA / UNIVERSAL IMAGES GROUP / PHOTOSERVICE ELECTA © Balla, Giacomo / AUTVIS, Brasil, 2017.
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As linhas que cruzam a tela se misturam, são fragmentadas, vibram como se fossem submetidas a um choque
Integrando conhecimentos
Quem planeja com cuidado tem fartura, mas o apressado acaba passando
necessidade.
Provérbios 21.5(NTLH)
Velocidade! Como essa palavra se tornou importante nos dias atuais. A maioria
dos produtos e prestação de serviço tem como um dos fatores principais a ra-
pidez. É claro que a velocidade possui seus benefícios para a vida humana. No
entanto, quando a velocidade se torna o nosso estilo de vida, corremos o risco
de perder outros elementos importantes para a vida.
Para você, quais aspectos importantes da vida humana podemos perder em um
mundo veloz?
Como evitar que isso aconteça conosco?
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PESQUISA
Discuta, com seus colegas e com seu professor que relação é possível es-
tabelecer entre as características da música futurista e alguns músicos
contemporâneos que utilizam ruídos e constroem instrumentos com ele-
mentos do cotidiano. Escreva abaixo suas conclusões.
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qual enumerava algumas mudanças necessárias. Sugeria, por exemplo, que nos
vestíssemos e agíssemos como pensamos e de acordo com nosso estado de espí-
rito. Portanto, as roupas seriam um reflexo de nossos sentimentos.
Ao longo de sua trajetória, Balla chegou a realizar alguns estudos e fez alguns
modelos de roupas que os usuários podiam modificar com acessórios. Figuras
geométricas poderiam ser aplicadas sobre a roupa segundo o desejo, o humor ou
a situação.
Utilizando os conceitos trabalhados nas pinturas, como o uso das cores, si-
multaneidade, as linhas em espiral e curvas, Balla desenvolveu uma série de pe-
ças, as quais foram consideradas muito revolucionárias para a época (em que o
corte reto e o preto predominavam).
O corte de gola em V e o moletom são alguns dos elementos que os futuristas
introduziram na moda.
SJGH/SHUTTERSTOCK.COM
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res primárias)
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Movimento
Características Principais artistas
artístico
Material para análise
subconsciente.
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Paul Cézanne foi o artista que pesquisou as formas dos objetos pensando em formas geométricas. Os impressionistas,
expressionistas e fauvistas foram os primeiros a não imprimir a realidade ou o mundo ideal em suas pinturas.
Os cubistas levaram as pesquisas de Cézanne ao extremo e tampouco estavam preocupados com a representação
da realidade. A diferença é que, em vez de imprimirem a sensação da luz sobre o objeto ou exprimirem os
sentimentos, os cubistas organizaram a realidade na tela com o propósito de oferecer ao observador diferentes
introduzidas pelos cubistas nas artes, além de aliar as cores a fim de aproximar o humano do espiritual.
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2. Para você, isso significa que o artista deve, em tudo, se adequar ao seu
tempo?
Resposta pessoal.
3. A arte pode ser uma ferramenta para levar as pessoas a questionar deter-
minadas práticas e valores de seu tempo?
Resposta pessoal.
4. Que princípios o artista deve usar para avaliar o seu tempo para que possa
se utilizar dos aspectos positivos e rejeitar os negativos?
Resposta pessoal.
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IMAGENS: © Photothèque R. Magritte, Magritte, René/ AUTVIS, Brasil, 2017; SANTIAGO CORNEJO/SHUTTERSTOCK.COM. MONTAGEM: TIAGO TEPASSÉ
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da sociedade
A arte a serviço
11/7/17 9:04 AM
A Primeira Guerra Mundial, também conhecida como a Grande Guerra, aconteceu
na Europa. Depois do fim da guerra, vieram a reconstrução, o luto e a reestrutu-
ração de sociedades inteiras. Com essa reconstrução, artistas e pensadores reavalia-
ram a função da arte na sociedade. Dessa reavaliação surgiram duas grandes linhas
que orientaram diferentes movimentos artísticos. Uma linha segue o modelo indus-
Material para análise
trial que caracterizava esse tempo de reconstrução. Estabelece uma série de “crité-
rios objetivos” racionais para o trabalho artístico. Nessa linha, poderíamos incluir os
seguintes movimentos artísticos: cubismo, Der Blaue Reiter, suprematismo, cons-
trutivismo russo e De Stijl. A outra linha faz oposição ao sistema industrializado. Ao
ressaltar a individualidade do ser humano, essa linha se propunha a trabalhar com
um universo particular de cada homem, dialogando com as descobertas da psicaná-
lise e do inconsciente. Nessa segunda linha, entrariam o dadaísmo e o surrealismo.
Podemos dizer que as duas linhas tinham em comum uma preocupação com o tra-
balho repetitivo das fábricas. Para ambas, esse trabalho colocava o homem distante
de sua essência criativa e da natureza. Elas, portanto, questionam essa mecaniza-
ção da sociedade industrializada por meio de um processo racional ou inconsciente.
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Arte e funcionalidade
Depois da Primeira Guerra Mundial, a situação política, econômica e social dos
países da Europa e América se alterou de tal forma que a arte e outras manifes-
tações culturais passaram por profundas mudanças. A guerra tinha produzido
Material para análise
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dessas diretrizes. Professor, se possível trabalhe um exemplo disso com os seus alunos, argumentando que o espaço
de lazer apresenta características particulares segundo o país em que está. O Brasil, por exemplo, deveria incluir um
espaço para jogar futebol ou pular amarelinha, e a Inglaterra contemplar um espaço para brincar com a neve.
Para lembrar!
No final do século XIX, arquitetos modernistas queriam transformar as cidades industriais com
suas chaminés e fuligem e bairros operários em espaços mais agradáveis, arejados, claros e lu-
minosos. Na arquitetura modernista, identificam-se duas linhas: uma inspirada nas formas geo-
métricas, precursora da futura arquitetura racionalista, e outra inspirada nas formas curvas da
natureza. Nessa segunda linha, destaca-se o arquiteto espanhol Antoni Gaudí.
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TEZE/SHUTTERSTOCK.COM
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2. Como a obra escolhida por você atende, a seu ver, aos ideais da urbanização?
Resposta pessoal.
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Agora reflita:
A relação de um indivíduo com uma obra de arte arquitetônica é di-
ferente de sua relação com uma obra pictórica, por exemplo. Em sua
opinião, que diferenças podem ser apontadas nessa relação? Você
acredita que no caso da arquitetura existe maior relação entre funcio-
nalidade e estética?
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BRUNOPNOGUEIRA86 / SHUTTERSTOCK.COM
PESQUISA
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A escola Bauhaus
Fundada por Walter Gropius, em 1919, a escola Bauhaus foi e ainda é uma
referência de educação, desenho e arquitetura.
Gropius convidou grandes artistas para participar do projeto, defendendo
que o lugar do artista é na escola e que a tarefa social do artista é o ensino.
Durante o primeiro período em que a escola funcionou, trabalhou em três
etapas com orientações estéticas e movimentos artísticos diferentes.
Entretanto, foi por volta de 1921 e 1922, com a entrada de Paul Klee, Oscar
Schlemmer e Wassily Kandinsky, que a escola assumiu a forma que a tornou mun-
dialmente conhecida.
Kandinsky trouxe suas investigações, que abordavam os elementos essenciais
para a pintura e as associações do seu interior com as cores e as formas geomé-
tricas euclidianas (círculo, quadrado, triângulo, esfera, cone, pirâmide, cilindro e
cubo). Foi possivelmente o primeiro artista a elaborar uma espécie de gramática
para a pintura e a estudar os elementos essenciais, como linhas e superfícies. Em
seus estudos, buscava identificar que sensações e emoções essas superfícies as-
sociadas às cores podem provocar no homem.
Kandinsky desenvolveu alguns exercícios. Aqui vamos reproduzir alguns de-
les. Para realizá-los, você vai precisar de folhas de papel sulfite branco, lápis preto,
régua e transferidor.
Tenha em mente que o ponto é o primeiro elemento.
As linhas surgem do uso ordenado dos pontos. Considere, então, que entre
um ponto A e um ponto B em uma reta existem infinitos pontos. Para construir
uma linha, você deve trabalhar com infinitos pontos justapostos.
1. Complete as três figuras apresentadas a seguir com linhas. Tenha em
mente que, ao fazer esse exercício, todo o espaço (mesmo o que ainda
não está com linhas traçadas) tem infinitos pontos sobrepostos. Observe
que, a cada linha criada, você torna esses pontos visíveis, criando, dessa
forma, as superfícies. Note que elas transmitem diferentes sensações.
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Integrando conhecimentos
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DOMÍNIO PÚBLICO
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Cena de Aelita.
Direção: Jacob
Protazanov.
cinza que dá a sensação de movimento. No sapato e nos ombros do figurino masculino, há elementos que lembram
engrenagem de máquinas.
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Glossário
Massificação – Processo pelo qual
valores e produtos frequentemente
restritos a grupos de elites tornam-
-se consumíveis por toda a sociedade
DIOMEDIA / ARCAID / G JACKSON
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Arquitetura na Bauhaus
Talvez o grande diferencial da escola Bauhaus e de seus professores e alunos seja a consciência de
que cabe ao pensamento humano racionalizar a natureza, resolver problemas e organizar a vida.
Em 1923, a escola pôde colocar em prática seus preceitos arquitetônicos num projeto para a nova
sede da Bauhaus. A oferta foi feita pelo prefeito de Dessau, uma cidade industrial próxima a
Berlim, para que a escola se transferisse para lá. Isso criou a oportunidade de desenvolver um
edifício sob medida. O projeto foi realizado com a colaboração de alunos e professores.
PECOLD/SHUTTERSTOCK.COM
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Dadaísmo e surrealismo:
o inconsciente na arte
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Dadaísmo
O movimento dadaísta nasceu, quase ao mesmo tempo, em Zu-
Como surge rique e nos Estados Unidos, e se estendeu por muitos países. A data
um movimento simbólica escolhida como nascimento do movimento foi o ano de
artístico? Ele 1916. O dadaísmo era composto por diversos artistas, muitos deles
tem data de exilados de seus países por causa da Primeira Guerra Mundial.
nascimento? O movimento em Zurique foi fundado pelo poeta romeno Tris-
Os movimentos artísticos tan Tzara, pelos escritores alemães Hugo Ball e Richard Huelsenbe-
não surgem de um dia pa-
ck, e pelo pintor e escultor Hans Arp. Já nos Estados Unidos, o mo-
ra o outro, mas são resul-
tados de processos maio- vimento dadaísta era representado pelos artistas Marcel Duchamp,
res ou menores; mais ace- Francis Picabia, Alfred Stieglitz e Man Ray.
lerados ou mais demora- O dadaísmo trouxe um questionamento muito complexo.
dos. Durante o século XX,
houve vários manifestos Além de lidar com a problemática da mudança cultural da socie-
cujas publicações normal- dade industrial, surgiu em plena Primeira Guerra Mundial. Os da-
mente marcavam o nasci- daístas acabaram, portanto, questionando toda a cultura. Na arte,
mento dos movimentos.
por exemplo, começaram a avaliar todos os movimentos artísticos
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Abertura da Primeira
Feira Internacional
Dada, 1920.
disso, essas obras têm sentido no contexto em que estão inseridas. Talvez fosse mais interessante reproduzí-las.
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Resposta pessoal.
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Marcel
Duchamp.
Fonte, 1917.
Reprodução.
4. Que objeto cotidiano foi apresentado por Duchamp como obra de arte?
Um mictório.
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experimento cultural?
( X ) Sim, porque esse não é um objeto que a cultura considere ser prove-
niente de um fazer artístico.
( ) Não, afinal, esse objeto também é obra de um artista.
Agora reflita:
O dadaísmo é uma perspectiva que questiona a existência de sentido e
significado na realidade. No entanto, como se pode perceber, uma das
estratégias utilizadas em seu questionamento foi a ressignificação de
princípios estéticos e até mesmo de obras anteriores. Um bigode na
obra da Monalisa e um urinol numa galeria de arte causariam espanto
em um mundo sem significado? Em sua opinião, o que é possível em
um mundo sem significado e sentido?
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Integrando conhecimentos
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Tristan Tzara.
Boletim dada,1920.
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Agora reflita:
Tzara defendia que mesmo um poema sem compreensão pode ser
considerado obra de arte. Para você, existe relação entre arte e com-
preensão? Pode haver apreciação estética sem entendimento?
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2. Se tivesse de contar um sonho, você acha que seria mais fácil contá-lo ar-
tisticamente (com um poema, uma história, uma pintura, uma escultura,
peça de teatro, dança etc.) ou com outra expressão, como a jornalística ou
a científica? Por quê?
Resposta pessoal.
99
obras conjuntamente.
3. Em grupo, você e seus colegas devem produzir um desenho coletivo com
base nas etapas apresentadas a seguir.
Forme um grupo com quatro colegas. Pegue uma folha de sulfite e dobre-a
em quatro pedaços como se estivesse fazendo uma sanfona. Passe o papel
dobrado pelos quatro integrantes do grupo. Cada um deve, quando receber
o papel, abrir uma das partes dobradas, fazer um desenho, fechar nova-
mente e passar para o colega. Você poderá ver somente o desenho do úl-
timo colega. Esse desenho servirá como uma espécie de pista gráfica. Faça
o exercício quatro vezes, de forma que cada participante do grupo fique
com uma das folhas desenhadas conjuntamente. Cole a folha que ficou com
você no espaço a seguir.
100
radiografia.
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da A persistência da memória.
DIOMEDIA / GRANGER
O tempo é algo que, por mais que o organizemos com o relógio, nos “prega
peças”, porque nem sempre lidamos com ele de forma absolutamente racional.
É o famoso “um minuto que parece uma eternidade” quando estamos fazendo
nada e “uma hora que passa em um instante” quando estamos fazendo algo de
que gostamos. Quando dormimos, então, o tempo de relógio realmente se per-
de. Sem consultarmos um relógio, podemos saber quanto tempo dormimos: 15
minutos, duas ou seis horas?
103
Resposta pessoal.
Integrando conhecimentos
Depois de ter planejado seu trabalho e ter claro o que pretende expressar,
realize sua obra. No caso de um desenho ou uma colagem, utilize o espaço da
página 105. Se preferir, fotografe seu trabalho e cole a imagem no mesmo espaço.
104
105
Obra do arquiteto Frank Gehry. Exibida na exposição de 2008, sobre o surrealismo. Espanha.
106
• Imagens
Material para análise
• Tesoura
• Cola
• Cola quente
• Lista de material pessoal
ETAPAS e INSTRUÇÕES
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O modernismo no Brasil
Para lembrar!
Como você já estudou, o
modernismo na Europa foi
composto por diferentes
movimentos artísticos que
tinham compromisso com
o avanço tecnológico e o
rompimento de regras re-
lacionadas à academia. O
modernismo artístico euro-
peu agregou produções em
que os artistas deixaram de
pintar o mundo idealizado
e passaram a colocar mais
os seus pensamentos, sen-
© ELISABETH DI CAVALCANTI
timentos e suas experiên-
cias individuais nas obras.
Pablo Picasso, Georges
Braque e Paul Cézanne são
exemplos de artistas im-
portantes na Europa nesse Di Cavalcanti. Moças com violões, 1937. Coleção Gilberto Chateaubriand.
momento. Reprodução fotográfica de Vicente de Mello. Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro.
retratadas serem negras. Entretanto, as cores, texturas e sombras são similares àquelas utilizadas pelas vanguardas.
remetem ao país.
108
modernista e, portanto, tem propostas diferentes das obras de arte dos movimentos anteriores.
Agora reflita:
O Brasil até os dias de hoje é um país caracterizado pela grande di-
versidade étnica e cultural. Essa diversidade, na década de 1920, era
ainda mais acentuada, tendo em vista que, além dos indígenas e afro-
descendentes, imigrantes de diversos países da Europa e do Oriente
continuavam a chegar ao país. Portanto, naquele momento era uma
preocupação não só dos artistas, mas de diferentes grupos de inte-
lectuais de encontrar e divulgar características que eles acreditavam
que fossem bastante representativas do que era ser Brasil. Como você
percebe ou enxerga a cultura brasileira?
109
DIOMEDIA / SUPERSTOCK RM
Jean-Baptiste Debret. Mulheres brasileiras procurando emprego como lavadeiras no Rio de Janeiro.
Sim, é possível perceber a mistura de raças típicas do Brasil, construções que lembram aquelas
Para lembrar!
do tempo da colônia e o Império e hábitos característicos dessas épocas, como carregar objetos
O estilo neoclássico foi mui-
to forte na Europa entre os equilibrados na cabeça.
séculos XVII e XVIII e come-
çou a decair no século XIX
e início do XX (período em
que as vanguardas come- 6. Qual é a diferença entre o estilo do quadro do Di Cavalcanti
çaram a ganhar espaço). (pintor moderno) e o de Debret (pintor neoclássico)?
Nesse período, a família
real portuguesa estava se A proposta de Debret era representar fielmente a realidade. Di Cavalcanti, por sua
transferindo para o Brasil.
Com ela vieram também vez, pretendia ressaltar aspectos da cultura brasileira, sem se preocupar com a
artistas europeus.
reprodução fidedigna da realidade.
110
DOMÍNIO PÚBLICO
Anita Malfatti. A mulher de cabelos verdes, 1915-1916. Coleção
particular. Reprodução fotográfica de Leonardo Crescenti.
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112
DOMÍNIO PÚBLICO
Catálogo da exposição da
Semana de Arte Moderna
Agora reflita:
Apesar de ser uma novidade, os princípios modernistas não foram
imediatamente aceitos pelo povo brasileiro. Atualmente, parece que
vivemos uma tendência contrária. O fato de algo ser novidade parece
torná-lo aceitável para a maioria das pessoas. Em sua opinião, tudo o
que é novo é aceitável? Com base em que critério devemos aceitar ou
rejeitar uma novidade?
“Semana”, na verdade,
ocorreu em três dias (13,
15 e 17 de fevereiro), com
atividades e apresenta-
ções artísticas no Teatro Teatro Municipal construído em 1911, no centro da cidade de
Municipal de São Paulo. São Paulo.
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Oswald de Andrade
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Tarsila do Amaral. Abaporu. 1928. Óleo sobre tela. 85 x 73 cm. Museo de Arte
Latinoamericano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina.
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3. Essa divisão do corpo pode ser entendida como uma crítica à sociedade
brasileira da época?
( X ) Sim, pois o tamanho exagerado das mãos e pés indicam que as poten-
Material para análise
Tarsila
também se dedicou a pintar as paisagens brasileiras, com técnica e uso de cores que a deixaram
famosa. Assim como os modernistas europeus, Tarsila dava ênfase à mistura e à fusão de ele-
mentos típicos dos cenários rurais e urbanos brasileiros, com destaque para elementos ligados à
industrialização e à fábrica, como as rodas dentadas típicas das indústrias, os postes de luz elé-
trica, as estradas de ferro etc.
Estudiosos afirmam que a Semana de Arte Moderna de 1922 serviu para di-
vulgar as experiências e pesquisas artísticas feitas até então e que representou
um momento de ruptura com a arte considerada acadêmica. Entretanto, o moder-
nismo no Brasil como uma escola artística só se consolidou a partir de meados da
década de 1920 e nos anos 1930. Durante essa época, portanto, os artistas tendiam
a utilizar ideias e técnicas vindas do exterior para representar temas brasileiros.
Dessa forma, a Semana de Arte Moderna foi um marco, mas os modernistas
não se restringiram a ela: já produziam obras antes e continuaram a produzir
obras após esse importante marco.
118
Integrando conhecimentos
A tua palavra é lâmpada para guiar os meus passos, é luz que ilumina o
meu caminho.
Salmos 119.105 (NTLH)
Os grupos modernistas brasileiros se dividiram em torno da arte produzida no
exterior. Havia aqueles que rejeitavam a arte produzida fora do país, enquanto
outros defendiam sua utilização. Mesmo hoje, muitas pessoas fazem da cultura
o critério para a aceitação de algo. Aceitam as coisas simplesmente porque elas
vêm de fora ou de dentro. Em sua opinião, a cultura pode ser critério para a acei-
tação de algo? Com base em que critério algo deve ser aceitado ou rejeitado?
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fontes da cultura do país e produziu uma narrativa literária que tem um ritmo
próprio e não linear. Muito diferente da literatura produzida no Brasil da década
de 1920. Na história, aparecem personagens ligados à tradição oral e ao folclore
brasileiro, como a mãe d’água e o curupira. Parte da narrativa se passa em flo-
restas brasileiras e outras partes, em grandes cidades como São Paulo e Rio de
Janeiro, demonstrando que o país não é feito só de uma coisa ou de outra, mas de
ambas. O personagem ficou famoso por usar diversas vezes a frase “Ai, que pre-
guiça!”, numa crítica do autor a alguns europeus e brasileiros que consideravam
os indígenas preguiçosos de maneira preconceituosa.
Não por acaso, a obra teve versões para o cinema e teatro e ainda hoje é uma
grande referência da literatura brasileira.
Agora reflita:
Nesse período, tentativas de definir o brasileiro eram muito comuns.
Em geral, acabavam se limitando a defini-lo pelas raças ou etnias
formadoras de nossa nação. Para você, é possível definir o homem
brasileiro? As etnias que formaram o país podem ajudar nessa de-
finição? Existe algum perigo em tentar definir o homem brasileiro
apenas pelas etnias?
120
uma cesta de frutas e flores em suas mãos. O cenário de fundo tem diversos
elementos que nos remetem ao litoral e à atividade pesqueira: barcos, redes, o
mar, outros trabalhadores etc.
© ELISABETH DI CAVALCANTI
121
ETAPAS e INSTRUÇÕES
Material para análise
4. Agora que já definiu a maior parte dos elementos que vão compor seu
quadro, comece sua produção.
122
Movimento
Características Principais artistas
artístico
Material para análise
geométricas. Le Corbusier
Os arquitetos modernistas desenvolveram Alvar Aalto
Arquitetura
grandes trabalhos no âmbito do desenho Walter Gropius
modernista
industrial.
Frank Lloyd Wright
Vladimir Tatlin
123
Paul Delvaux
2. Agora que você já sabe um pouco mais sobre o modernismo e suas van-
guardas, localize as obras desses movimentos na linha do tempo, que se
encontra no Material de Apoio (p. 128 e 129). Depois você deve preencher
a legenda das obras que se encontram nas páginas 131 a 135.
3. Qual foi a relação entre as vanguardas europeias e o modernismo brasileiro?
Os modernistas brasileiros se inspiraram em técnicas das vanguardas europeias, no entanto, os objetos que pintavam
e a forma como pintavam eram diferentes. A proposta dos artistas modernistas era introduzir nas produções
estrangeira. Já o grupo do Manifesto Antropofágico propunha uma relação de troca entre a arte europeia e a
brasileira.
124
3. Que outros dilemas humanos são tratados pela arte, nos diferentes mo-
mentos, principalmente nos dias atuais?
Resposta pessoal.
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Material
de Apoio
Kirchner
Expressionismo Alemão
Material para análise
Matisse
Fauvismo
Kandinsky Klee
Der Blaue Reiter - O Cavaleiro Azul
Picasso Braque
Cubismo analítico Cubismo analítico
Cubismo
Gino Severini
Futurismo
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Vladimir Tatlin
Construtivismo
Bauhaus
Duchamp
Dadaísmo
Magritte
Surrealismo
Brecheret
Modernismo Brasileiro
Fonte: Dempsey, Amy. Estilos, escolas & movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
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Material e tamanho: Óleo sobre tela, 93,3 x 74,4 cm Material e tamanho: Óleo sobre tela, 115 x 146,7 cm
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LEEMAGE / AFP
TEZE/SHUTTERSTOCK.COM
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Material e tamanho: roda de metal, montada em banco Material e tamanho: Óleo sobre tela, 54 x 73,4 cm
Obra: Bauhaus
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