Orientações para Uma Escola Antirracista - 2024
Orientações para Uma Escola Antirracista - 2024
Orientações para Uma Escola Antirracista - 2024
Fevereiro
2024
PREFEITURA MUNICIPAL DE CARIACICA
Integrantes do GT-ERER
Fevereiro
2024
Sumário
Orientações para uma escola Antirracista. ....................................................................... 4
Introdução ........................................................................................................................ 4
Como agir em situações envolvendo Racismo/Discriminação no ambiente escolar. .... 7
Identifiquei o Racismo, e agora? .................................................................................... 8
Como saber se uma ação é racista? .............................................................................. 9
Expressões populares que refletem o racismo: ............................................................ 9
Racismo estrutural: breve contextualização ............................................................... 10
Como o racismo é tratado no Código Penal Brasileiro. .............................................. 11
Anexo I ............................................................................................................................... 14
Infográfico – Alunos ...................................................................................................... 14
Documento para ser colado nas agendas dos estudantes. .............................................. 14
Anexo II .............................................................................................................................. 15
Infográfico – Professores .............................................................................................. 15
Quadro de sínteses........................................................................................................ 16
Referências ........................................................................................................................ 17
3
Orientações para uma escola Antirracista.
Introdução
O Brasil foi formado por diversas etnias ao longo de sua história. Assim, com advento
das Leis n.º 10.639/2003 e n.º 11.645/2008 que dispõe sobre o ensino de História e
Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena, que modificou o art. 26 – a da Lei n.º
9.394/1996 (Leis de Diretrizes e Bases da Educação), a Secretaria Municipal de
Educação de Cariacica considera de extrema importância abordar nas escolas da
Rede Municipal de Educação assuntos que sejam referentes às práticas de
enfrentamento ao racismo.
1
Coordenadora do Grupo de Estudos para a Relações Étnico Raciais da Secretaria Municipal de
Educação.
4
onde mesmo que não seja dito, a criança negra ou indígena acaba não recebendo a
mesma atenção e afeto das crianças brancas, o que já desperta nelas um sentimento
de inferioridade que mantém a estrutura racista na qual estamos inseridos (OLIVEIRA,
2012).
A equipe pedagógica precisa sempre observar se a lei está sendo cumprida nos
currículos escolares e se temas contendo a História da África, História Afro-Brasileira
e Indígena e Educação para as Relações Étnico-Raciais estão sendo, de fato,
abordados de forma que os estudantes consigam aprender essa temática durante o
ano letivo.
5
Para tanto, partimos do pressuposto de que a equipe gestora compreende, valoriza e
apoia a implementação das leis na escola, e assim promove junto à equipe diversos
trabalhos durante todo o ano com consistência para a consolidação da Educação para
Relações Étnico-Raciais (ERER). Essas práticas perpassam todas as etapas
escolares, garantindo assim o direito à educação de todos os educandos. Para a
viabilização de uma educação antirracista é necessário promover a equidade racial
por meio de práticas contínuas no ambiente escolar. Mas como promover isso?
Para inserir a ERER nas escolas é necessário que a equipe técnica - pedagógica da
escola se disponha inicialmente a promover momentos de sensibilização com toda a
equipe para que esses profissionais conheçam o tema e vejam sua importância.
Esses momentos podem ser promovidos por meio de palestras, vídeos e falas durante
as formações em serviço.
Durante o ano escolar, a equipe gestora deve promover a consolidação das práticas
que foram projetadas, em articulação com o Plano de Ação, Projeto Político-
Pedagógico, o Regimento Escolar, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e
documentos municipais, estaduais, com vistas a construir um currículo e protocolos
6
escolares para a ERER. Acompanhar os processos fazendo sempre avaliações sobre
o tema com os estudantes e a equipe escolar para identificar eventuais pontos a
serem melhorados. É parte desse esforço buscar promover na escola uma
comunicação aberta, para que funcionários e estudantes sintam-se à vontade para
falar sobre suas experiências e preocupações. E essa comunicação pode acontecer
de forma anônima, por meio de uma simples caixa, em um ambiente comum da
escola.
7
Ao se deparar com as situações de racismo envolvendo os estudantes é fundamental
que a escola saiba identificar se o caso é racismo, para que ocorra a tratativa correta.
Por isso a necessidade de se considerar a relação entre bullying e racismo. Existem
diferenças e sobreposições entre os dois. Ambas as ações têm a intenção de
prejudicar as vítimas, o que constitui um grave ato de violência, mas o bullying ocorre
necessariamente entre pares, é sistêmico, do mesmo agressor para com a mesma
vítima ou pequeno grupo, e muitas vezes ocorre fora da vista dos adultos.
O racismo, por outro lado, basta que aconteça uma única vez para ser configurado
como tal. Pode vir de adultos, e muitas vezes acontece na frente de outras pessoas.
Mesmo que seja dirigido a uma pessoa específica, atinge toda a população negra.
O primeiro passo é acolher a vítima, explicar para a criança que entende que aquilo
que ela sofreu foi racismo e garantir que a situação será resolvida.
O(a) agressor(a) também precisa de acolhimento educativo, pois ele também é uma
vítima do racismo estrutural que constitui toda a nossa sociedade.
8
Como saber se uma ação é racista?
Determinar se uma ação é racista pode ser complexo, pois envolve a análise das
intenções por trás da ação, bem como seu impacto sobre as pessoas envolvidas
(PALAZZI, 2023). Aqui estão alguns pontos a considerar ao avaliar se uma pessoa
está sendo racista ou não:
9
• A coisa está preta: uma situação desconfortável é o mesmo que uma situação
preta? Essa expressão é racista porque reflete uma associação entre “preto” e
uma situação desconfortável, desagradável, difícil, perigosa;
• Da cor do pecado: termo que reforça a objetificação e a sexualização do corpo
negro, especialmente das mulheres negras;
• Denegrir: sinônimo de difamar, tornar negro, obscurecer e clarear: sinônimo
de iluminar, tornar branco, esclarecer. São palavras que reforçam o negro
como algo ruim e o branco como algo bom;
• Inveja branca ou Alma branca: a cor branca é utilizada como adjetivo para
expressar algo positivo e suavizado;
• Mulata: termo derivado de mula (cruzamento entre uma espécie superior e
outra inferior), usado para designar mulheres negras de pele clara. A expressão
é ainda mais pejorativa quando seguida de “tipo exportação”, pois reitera a
visão do corpo da mulher negra como mercadoria;
• Morena: termo originalmente utilizado para caracterizar uma pessoa branca de
cabelos pretos, usado para afastar a negritude de uma pessoa. É palavra
utilizada para evitar a caracterização de uma pessoa como negra acreditando
que isso seria ofensivo.
10
Como o racismo é tratado no Código Penal Brasileiro.
O primeiro instituto legal de combate ao racismo foi promulgado em 3 de julho de
1951, a Lei federal nº 1391, denominada Lei Afonso Arinos, a respeito da qual se lê:
“esta lei foi resultado de incidente internacional e não de um procedimento legislativo
propriamente brasileiro o que denota o pouco caso ou atenção ao crime de racismo
praticado contra negros no Brasil” (DE CASTRO; DE ALMEIDA, 2018, p. 36). A lei
inclui entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de
raça ou de cor. E marca a história por ser o primeiro dispositivo legal a combater o
racismo, contudo não se mostrou efetiva, pois os crimes raciais eram enquadrados
como contravenções permitindo somente penas leves, brandas, que não chegavam a
um ano de prisão simples ou multa.
A Lei 7.716/89, conhecida como Lei do Racismo, pune todo tipo de discriminação ou
preconceito, seja de origem, raça, sexo, cor, idade (BRASILl, 1988). Em seu artigo 3º,
a lei prevê como conduta ilícita o ato de impedir ou dificultar que alguém tenha acesso
a cargo público ou seja promovido, tendo como motivação o preconceito ou
discriminação. Por exemplo, não deixar que uma pessoa assuma determinado cargo
por conta de raça ou gênero. A pena prevista é de dois a cinco anos de reclusão.
A lei também veda que empresas privadas neguem emprego por razão de
preconceito. Esse crime está previsto no artigo 4º da mesma lei, com mesma previsão
de pena.
A pena será aumentada quando o crime for cometido por funcionário público no
exercício das suas funções, bem como quando ocorrer em contexto de descontração,
diversão ou recreação.
11
Se o crime for cometido no contexto de atividades esportivas, religiosas, artísticas ou
culturais, a lei prevê, além da pena de reclusão, a proibição da pessoa frequentar por
três anos os locais destinados a essas práticas.
12
13
Anexo I
Infográfico – Alunos
14
Anexo II
Infográfico – Professores
15
Anexo III
Quadro de sínteses
Documento que sintetiza os principais conceitos abordados no documento e deverá estar à disposição do CTA.
16
Referências
FERNANDES, Mauro. O Lugar do negro: o negro no seu lugar. Anais do XVII Encontro de
História da Anpuh, 2016.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial
no Brasil. São Paulo: companhia das Letras, p. 99-133, 1993.
SILVA, Elizângela Napoleão da; ROSA, Ester Calland de S. Professores sabem o que é
bullying?: um tema para a formação docente. Revista Semestral da Associação Brasileira
de Psicologia Escolar e Educacional, v. 17, n. 2, p.329-338, jun. 2013.
17
PALAZZI, Thatyana Flávia Ferreira. Cartilha: Para Não Continuar Usando Termos
Racistas. 2023. Disponível em: <https://monografias.ufop.br/handle/35400000/5722>
Acesso em 25 de set. 2023.
18