Impressao
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AULA 5
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Usar esses termos separados por barra não significa dizer que são a mesma
coisa ou que são equivalentes, mas que ambos contribuem para as práticas de
ensino e para os estudos voltados à pedagogia e à didática das línguas.
Nesta aula, vamos iniciar com uma breve revisão de teorias sobre o que
são os gêneros discursivos e os gêneros textuais. Vamos apresentar algumas
observações que visam apontar o que difere essas áreas/teorias. Na sequência,
vamos discorrer sobre a influência do construto teórico sobre gêneros
discursivos e textuais considerando as práticas de ensino e a elaboração de
materiais didáticos. Além disso, vamos apresentar estudos relacionados aos
gêneros textuais de acordo com material publicado pelo professor Marcuschi
(2008).
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3. a ação em si, ou podemos dizer também o resultado da ação.
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de estudo, mas com outro nome. Ademais, é possível que existam diferenças
muito sutis no objeto de estudo, e por isso os pesquisadores preferem usar outro
termo a fim de marcar essa especificidade. Quando os linguistas pesquisadores
afiliados à linha da Linguística Textual publicam seus trabalhos, eles se
posicionam em uma linha de análise que valoriza/destaca o texto na sua
constituição linguística e visual. Isso não significa que está banido o sentido de
discurso, mas olha-se muito mais para a dimensão textual, ou seja, linguística,
imagética e multimodal. Por isso a distinção ou utilização de outra nomenclatura.
No Brasil, temos um trabalho bastante profícuo que envolve os gêneros
textuais que são as publicações do professor Antônio Marcuschi. Uma de suas
publicações Produção textual, análise de gêneros e compreensão, de 2008,
fornece uma vasta descrição e classificação dos gêneros textuais utilizados pela
sociedade moderna. Abordaremos parte desse trabalho nos temas 4 e 5 desta
aula.
Para Marcuschi (2008), distinguir gênero discursivo e textual pode não ser
tão importante. O autor faz um comentário que podemos encontrar no seu livro
de 2008:
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desenvolvido sobre os gêneros textuais possa contribuir de modo mais
significativo.
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pré-adquiridas relacionadas ao que seja um texto jornalístico. Isso tudo acontece
na leitura de modo bastante automático. Olhando com mais cuidado, vemos que
as notícias em destaque vão falar sobre cultura (música), futebol (esporte) e
economia. Olhando com mais cuidado ainda, vemos um quadro que fala sobre
um programa (Recordar é TV) e uma homenagem que será feita a uma grande
artista brasileira, Bibi Ferreira. O conteúdo dessa homenagem envolve
depoimentos, narrativas, descrições, agradecimentos etc. Enfim, temos aqui um
exemplo de como os gêneros são permeáveis e diversificados, embora exista
um gênero predominante que é o jornalístico, percebemos o fenômeno da
intergenerecidade. Essa complexidade talvez seja o que torna tão difícil a
definição e classificação dos gêneros discursivos.
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análise textual, deve-se ter em mente que os aspectos estritamente linguísticos,
tais como a fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica, são imprescindíveis
para a estabilidade textual”.
Embora a LT tenha várias vertentes, de modo geral são aceitas as
seguintes posições, conforme explica Marcuschi (2008, p. 75, baseando-se em
Beaugrande, 1997):
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Essa perspectiva de compreender os textos permite que as diversas
produções que circulam na sociedade possam ser também chamadas de textos.
Veja por exemplo as charges e as histórias em quadrinho que usam imagens,
desenhos, caricaturas, além de texto escrito para compor o sentido da ideia que
o autor quer passar. Nesse caso, há vários elementos que fazem parte dessa
construção e que também é um texto. Inclusive para ser uma tendência atual –
a comunicação utilizando desenhos, emoticons – como ocorre em aplicativos e
mensagens eletrônicas.
Ademais, essas figuras imagéticas compõem as mensagens de modo
bastante criativo e conseguem proporcionar sentido de modo mais amplo. Entre
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nos comunicamos nos dias atuais, quem diria há 30 anos que iríamos nos
comunicar por mensagens eletrônicas usando desenhos e imagens?
Essa visão sobre o que são os textos permite que tenhamos um
entendimento maior sobre a diversidade das formas de comunicação. Vale
ressaltar que, nesta etapa do nosso estudo, não estamos diferenciando texto e
discurso; quando falamos de texto, entenda que esses elementos estão
conectados e são indissociáveis. O ponto que queremos levantar nesta seção
diz respeito a como acontece a construção de sentidos que resulta em um texto
e, ainda, quais seriam as estratégias que proporcionariam a boa construção ou
formação textual? Sabemos que essas são questões extensas, mas vamos
trazer resumidamente uma proposta de análise apresentada por Marcuschi
(2008) com base em Beaugrande (1997), que são os sete critérios da
textualidade. Esta não é a única teoria que propõe a análise da textualidade, mas
passou a ser bastante utilizada há algumas décadas e proporcionou um grande
número de estudos.
Quando falamos de textualidade ou textualização, estamos nos referindo
ao processo de construção de textos que envolve a esquematização e a
configuração desses textos. Sabemos que existe uma quantidade muito grande
de textos que se inserem em diferentes gêneros textuais/discursivos, e nossa
preocupação, nesta etapa, é procurar entender como os textos são constituídos.
Você deve ter observado que neste tema estamos falando com mais frequência
sobre textos e não mais sobre gênero. Vale lembrar que a perspectiva que
estamos adotando está inserida no modo como a Linguística Textual vem
desenvolvendo estudos sobre os textos.
Vamos começar observando um esquema apresentado por Marcuschi
(2008, p. 96):
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Figura 2 – Distribuição dos critérios de textualidade
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5.1 Coesão
Exemplo 1:
1. “A Ana tem muitos documentos para traduzir, por isso precisa de ajuda de
um funcionário. No próximo mês, ela vai contratar alguém que seja fluente
em inglês”.
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Ainda sobre a questão da elipse, leia o texto a seguir e identifique
exemplos de coesão referencial por elipse:
Exemplo 2:
Observe que depois das palavras primeiro e segundo, existe uma elipse,
ou seja, a ausência da informação já apresentada antes. Qual é o termo que está
ausente? Curiosamente não conseguimos identificar sem uma leitura mais
detalhada, mas entendemos o que o texto quer dizer.
Voltando ao primeiro exemplo, na segunda frase aparece o pronome ela
referindo-se à Ana; temos aqui um caso de referência através do pronome
pessoal ela.
Temos também o uso de uma conjunção: por isso, que tem função de
introduzir a explicação/conclusão da informação anterior. Nesse caso, temos a
coesão por conjunção. As conjunções são consideradas operadores
argumentativos e são formas facilmente identificáveis como elementos coesivos.
Vemos também a relação entre as palavras funcionário e alguém. Aqui
temos a substituição de um termo por outro equivalente; a repetição da palavra
funcionário deixaria o texto menos atraente. Isso porque a repetição de termos
deve ser usada apenas em situações muito específicas ou quanto já existe um
distanciamento das palavras no texto, ou seja, quando aparecem em parágrafos
distintos. Mas na mesma oração, este não se trata de um recurso adequado.
Além dessas possibilidades de coesão por referenciais, há também os
operadores organizacionais. São exemplos disso as seguintes palavras e
expressões:
Esses são os operadores que dão ideia de espaço e tempo. Ainda temos
os operadores metalinguísticos.
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2. Por exemplo; isto é, ou seja, quer dizer; por outro lado; repetindo; em
outras palavras, por outro lado, de acordo com; segundo o autor etc.
5.2 Coerência
No poema, o autor usa de um artifício que é a troca das palavras para dar
sentido de distração ou falta de atenção devido ao fato de ter recebido um beijo.
Embora tenhamos frases que seriam agramaticais como: “Subi a porta”, “recitei
meus sapatos”, o conjunto das informações produz um efeito coerente e mostra
muita criatividade para expressar a ideia de estar apaixonado ou emocionado.
Desse modo, vemos que a coerência envolve conceitos e relações
subjacentes ao texto de superfície e está fortemente ligada à configuração e
veiculação dos sentidos no texto.
5.3 Intencionalidade
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Veja os seguintes exemplos que têm formato de título de notícia e observe
a diferença em relação à intencionalidade do autor(a) dos títulos:
5.4 Aceitabilidade
5.5 Situacionalidade
5.6 Intertextualidade
5.8 Informatividade
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Marcuschi (2008, p. 132), “a informatividade diz respeito ao grau de expectativa
ou falta de expectativa, de conhecimento ou desconhecimento e mesmo
incerteza do texto oferecido”. Esse critério pode ser percebido se compararmos
alguns textos. Veja, por exemplo, uma lista com o nome dos aprovados em um
concurso público ou exame de acesso a universidades, a expectativa no
momento da publicação desses textos é muito grande. Isso acontece porque a
informação veiculada tem grande relevância para a vida das pessoas.
Podemos considerar também em relação a esse critério a utilização de
estratégias textuais para que determinado texto pareça conter uma informação
mais importante ou não.
NA PRÁTICA
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7. É possível observarmos elementos de coesão nesses textos? Caso tenha,
identifique-os, caso não tenha, tente apontar por que não há esses
elementos nos textos.
8. Existe uma característica que difere o terceiro texto dos dois primeiros.
Qual é essa característica? A que gênero discursivo podemos associar o
terceiro texto?
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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