Lei N 3-2001, de 21 de Fevereiro

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BOLETIM DA REPUBLICA

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

SUPLEMENTO

IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE Nestes termos, ao abrigo do disposto no n.° 1 do artigo


135 da Constituição, a Assembleia da República determina:
A V IS O
CAPÍTULO I
A matéria a publicar no «Boletim da República» deve ser remetida em
cópia devidamente autenticada, uma por cada assunto, donde conste, além
das indicações necessárias para esse efeito, o averbamento seguinte, Disposições gerais
assinado e autenticado: Para publicação no «Boletim da República».
ARTIGO 1
(Definições)

SUMÁRIO Para efeitos da presente Lei, os termos e expressões


seguintes têm o sentido adiante indicado, salvo se o con-
Assembleia da República: texto em que se inserem exigir outro entendimento:
Lei 3/2001: a) Área de desenvolvimento e produção - a parte da
Aprova a Lei dos petróleos e revoga a Lei n.° 3/81, de 3 área que, a seguir a uma descoberta comercial
de Outubro. for delineada de acordo com os termos do con-
trato de pesquisa e produção;
Conselho de Ministros:
b) Área do contrato - área dentro da qual o titular
Decreto n.° 3/2001: do direito de pesquisa e produção está autori-
Aprova a tabela de preços dos combustíveis. zado a fazer pesquisa, desenvolver e produzir
petróleo;
Decreto n.° 4/2001:
Autoriza a Ministra do Plano e Finanças a contrair um c) Bloco - parte de uma bacia sedimentar, formada
empréstimo interno, amortizável, denominado «Obrigações por um prisma vertical de profundidade indeter-
do Tesouro - 2001/1», até à importância total de setecentos minada, com superfície poligonal definida pelas
biliões de meticais. coordenadas geográficas de seus vértices, onde
são desenvolvidas actividades de exploração ou
produção de petróleo;
d) Boas práticas relativas a campos petrolíferos -
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA todos aqueles procedimentos que são geralmente
aceites na indústria petrolífera internacional
Lei n.° 3/2001 como bons, seguros, inofensivos ao ambiente,
de 21 de Fevereiro económicos e eficientes na pesquisa e produção
de petróleo;
Os recursos petrolíferos constituem um património cuja e) Depósito de petróleo - acumulação discreta de
correcta exploração, pode contribuir significativamente petróleo numa unidade geológica limitada por
para o desenvolvimento nacional. rochas características, fronteiras estruturais ou
A experiência da aplicação da Lei n.° 3/81, de 3 de estratigráficas, superfícies de contacto entre o
Outubro, que regula as operações petrolíferas, os desen- petróleo e a água de formação, ou uma com-
volvimentos significativos que se verificaram no mercado binação destes de tal forma que todo o petróleo
de petróleo e a actual ordem económica do país que reco- esteja em comunicação sob pressão através de
nhece o papel importante que cabe à iniciativa privada líquido ou gás;
na realização de investimentos, impõem a adopção de um f) Descoberta - primeiro petróleo encontrado num
quadro jurídico que assegure maior competitividade no reservatório ou estrutura geológica através de
sector petrolífero e garanta a protecção dos direitos e bens perfuração que é recuperável à superfície por
dos intervenientes nas operações petrolíferas. métodos convencionais da indústria petrolífera;
g) Descoberta comercial - descoberta de petróleo em ARTIGO 2
condições que, a preços de mercado, tornem (Âmbito de aplicação)
possível o retomo dos investimentos no desen-
volvimento e na produção; 1. A presente Lei aplica-se às operações petrolíferas.
h) Desenvolvimento - construção e colocação de ins- 2. Exclui-se do âmbito da presente Lei a refinação de
talações para a produção e transporte de petró- petróleo, sua utilização industrial, distribuição e comer-
leo, incluindo a abertura de poços; cialização de produtos petrolíferos.
i) Gás natural - todos os hidrocarbonetos que nas ARTIGO 3
condições atmosféricas normais se encontram no (Objecto)
estado gasoso, incluindo o gás húmido, o gás
seco e o gás residual que permanece após a A presente Lei estabelece o regime de atribuição de
extracção dos hidrocarbonetos líquidos; direitos para a realização de operações petrolíferas no país.
j) Gás natural associado - gás natural dissolvido no
petróleo bruto existente num reservatório, ARTIGO 4
incluindo o que vulgarmente é conhecido por (Papel do Estado)
gás de capeamento que recobre e está em con-
tacto com o petróleo bruto; 1. O Estado, as suas instituições e demais pessoas colec-
k) Operações petrolíferas - todas ou algumas das tivas de direito público têm uma acção determinante na
operações relacionadas com a pesquisa, desen- promoção da valorização das potencialidades existentes de
volvimento, produção, separação e tratamento, forma a permitir um acesso aos benefícios da produção
armazenamènto, transporte e venda ou entrega petrolífera e contribuir para o desenvolvimento económico
de petróleo no ponto de exportação ou num e social do país.
ponto de fornecimento acordado no país, incluin- 2. Na sua acção, o Estado deve incentivar a realização
do as operações de processamento de gás natu- de investimentos em operações petrolíferas.
ral e encerramento de todas as operações con-
cluídas; ARTIGO 5
(Condições para o exercício da actividade)
l) Pessoa moçambicana - qualquer pessoa jurídica
constituída e registada nos termos da legislação 1. As actividades de prospecção, exploração, desenvol-
moçambicana, com sede no país, e na qual o vimento e produção de petróleo são exercidas mediante
respectivo capital social pertença em, pelo concessão resultante de concurso público, negociação
menos, cinquenta por cento a cidadãos nacionais simultânea ou negociação directa.
ou sociedades ou instituições privadas ou públi- 2. A atribuição de direitos relativamente às actividades
cas moçambicanas; referidas no número anterior, respeita sempre os inte-
m) Petróleo- petróleo bruto, gás natural ou outros resses nacionais em relação à defesa, navegação, pesquisa
hidrocarbonetos produzidos ou susceptíveis de e conservação de recursos marinhos e ao meio ambiente
serem produzidos a partir de petróleo bruto, em geral.
gás natural, argilas ou areias betuminosas; 3. Compete ao Conselho de Ministros regulamentar as
n) Petróleo bruto - petróleo mineral bruto, asfalto, modalidades de concessão referidas no número 1.
ozocerite e todos os tipos de hidrocarbonetos e
betumes, quer no estado sólido ou líquido, no CAPITULO II
seu estado natural ou obtidos do gás natural por
condensação ou extracção, exceptuando-se o Propriedade e controlo dos recursos petrolíferos
carvão ou qualquer substância susceptível de ARTIGO 6
ser extraída do carvão; (Propriedade dos recursos petrolíferos)
o) Plano de desmobilização - plano que visa o encer-
ramento das operações petrolíferas, remoção e Todos os recursos petrolíferos enquanto recursos naturais
recolha de todas as instalações; situados no solo e no subsolo, nas águas interiores, no
p) Plano de desenvolvimento- plano para o desen- mar territorial, na plataforma continental e na zona eco-
volvimento e produção de petróleo descoberto nómica exclusiva, são propriedade do Estado.
numa área de contrato, elaborado em confor-
midade com a presente Lei e as cláusulas per- ARTIGO 7

tinentes do Regulamento de Operações Petrolí- (Administração de operações petrolíferas)


feras, bem como do contrato de pesquisa e
produção que cobre essa área; Compete ao Conselho de Ministros assegurar a imple-
q) Plano de desenvolvimento de oleoduto ou gaso- mentação da política das operações petrolíferas, incluindo
duto- plano para a construção e operação de a formulação de propostas de legislação necessária,
um sistema de oleoduto ou gasoduto, incluindo
ARTIGO 8
as condutas, estações de válvulas, estações de
compressão ou bombagem e quaisquer outras (Participação do Estado)
instalações agregadas necessárias para o trans- 1. O Estado reserva-se ao direito de participar nas ope-
porte de petróleo; rações petrolíferas em que estiver envolvida qualquer
r) Sistema de oleoduto ou gasoduto - oleoduto (s) pessoa jurídica.
ou gasoduto(s), incluindo estações de válvulas, 2. A participação do Estado pode ocorrer em qualquer
estações de compressão ou bombagem e instala- fase das operações petrolíferas ou de construção e opera-
ções agregadas, construídos para o transporte de ção de oleoduto ou gasoduto, nos termos e condições a
petróleo. serem estabelecidos por contrato.
o direito não exclusivo de construir e operar sistemas de
oleodutos ou gasodutos para efeitos de transporte de
Operações petrolíferas petróleo bruto ou gás natural produzidos na área do con-
ARTIGO 9 trato, salvo se houver disponibilidade de acesso a um
(Sujeitos) sistema de oleoduto ou gasoduto já existente sob termos
e condições comerciais aceitáveis.
1. Podem ser titulares do direito de exercício de ope- 2. Salvo se for necessário algum tempo adicional para
rações petrolíferas pessoas jurídicas moçambicanas ou completar o trabalho levado a cabo para avaliar uma
estrangeiras que comprovem ter competência técnica e descoberta, o direito exclusivo de pesquisa de petróleo
meios financeiros adequados à condução efectiva de ope- não excede oito anos e deve ser sujeito às disposições
rações petrolíferas. sobre o abandono de áreas constantes do contrato.
2. As pessoas jurídicas moçambicanas gozam de direito 3. No caso de uma descoberta, o titular do direito de
de preferência na atribuição de blocos. pesquisa e produção pode manter o direito exclusivo de
3. Gozam igualmente do direito referido no número completar o trabalho iniciado dentro de uma área espe-
cificada para avaliação ou determinação do valor comercial
anterior, as pessoas jurídicas estrangeiras que se associem
da descoberta por um período adicional que não deve
com pessoas jurídicas moçambicanas.
exceder dois anos cu, no caso, de uma descoberta de gás
ARTIGO 10 natural não associado, por um período adicional não
superior a oito anos.
(Competências)
4. O titular do direito de pesquisa e produção pode
Compete ao Conselho de Ministros: manter, em conformidade com o plano de desenvol-
vimento aprovado pelo Conselho de Ministros, o direito
a) aprovar a celebração dos contratos de pesquisa e exclusivo de desenvolver e produzir petróleo na área de
produção e os contratos de oleoduto ou gaso- desenvolvimento e produção por um período que não
duto; exceda trinta anos, a contar da data da aprovação do
b) aprovar os planos de desenvolvimento e quaisquer plano de desenvolvimento.
alterações significativas aos mesmos, elaborados
pelos titulares do direito de pesquisa e produção ARTIGO 14
de petróleo; (Contrato de oleoduto ou gasoduto)
c) definir as competências quanto a celebração de
outros contratos no âmbito da presente Lei; 1. O contrato de oleoduto ou gasoduto concede o
d) definir as competências quanto a autorização de direito de constituir e operar oleodutos ou gasodutos para
transmissão de direitos e alterações superve- efeitos de transporte de petróleo bruto ou gás natural, nos
nientes dos contratos; casos em que estas operações não estejam cobertas por um
e) exercer as demais atribuições que lhe estão come- contrato de pesquisa e produção.
tidas pela presente Lei e demais legislação 2. O contrato de oleoduto ou gasoduto é acompanhado
aplicável. do respectivo plano de desenvolvimento que dele faz parte
ARTIGO 11 integrante.
ARTIGO 15
(Tipos de contratos)
(Unificação)
A realização de operações petrolíferas está sujeita à
prévia celebração de um contrato que pode ser: O depósito de petróleo, que se situe parte numa área
a) de reconhecimento; de contrato e parte noutra área de contrato, deve ser
b) de pesquisa e produção; desenvolvido e operado conjuntamente ao abrigo de um
c) de oleoduto ou gasoduto. acordo de unificação que deve ser submetido à aprovação
da entidade competente.
ARTIGO 12 ARTIGO 16
(Contrato de reconhecmento) (Queima de gás natural)
1. O contrato de reconhecimento concede o direito de 1. A queima de gás natural só é permitida nos termos
realizar trabalhos preliminares de pesquisa e avaliação na a definir pelo Governo se se demonstrar no plano de
área abrangida, através de levantamentos aéro-espaciais, desenvolvimento ou num pedido especial que todos os
terrestres e outros incluindo estudos geofísicos, geoquí- métodos alternativos sobre o destino a dar ao gás natural
micos, paleontológicos, geológicos e topográficos. impedem o desenvolvimento comercial do depósito.
2. O contrato de reconhecimento é celebrado em regime 2. Não é exigida autorização quando a queima de gás
de exclusividade por um período máximo de dois anos e natural se destina à realização de testes ou a verificação
permite a realização de perfurações até a profundidade de de instalações ou por razões de segurança.
cem metros abaixo da superfície ou do fundo do mar.
3. O titular do direito de reconhecimento tem direito de ARTIGO 17
preferência na celebração do contrato de pesquisa e pro- (Obrigações dos titulares do direito de reconhecimento,
dução se, seis meses antes de expirar o seu direito, requerer de pesquisa e produção e de oleoduto ou gasoduto)
e celebrar um contrato de pesquisa e produção. Os titulares do direito de reconhecimento, de pesquisa
e produção e de oleoduto ou gasoduto obrigam-se, na
ARTIGO 13
parte que lhes for aplicável e com as necessárias ada-
(Contrato de pesquise e produção) ptações a:
1. O contrato de pesquisa e produção atribua o direito a) realizar as operações petrolíferas nos termos da
exclusivo de pesquisa e produção de petróleo, bem como presente Lei, do Regulamento de Operações
Petrolíferas, bem como da demais legislação 2. Os termos e condições do exercício de direitos sobre
aplicável e das boas práticas relativas a campos os dados são fixados em regulamento e no respectivo
petrolíferos; contrato.
b) reportar à entidade competente sobre qualquer CAPÍTULO IV
descoberta na área do contrato;
Terra e ambiente
c) no caso de uma descoberta comercial, elaborar c
submeter à entidade competente o plano de ARTIGO 2 0
desenvolvimento para o depósito de petróleo (Uso e aproveitamento da terra a servidão de passagem)
em conformidade com o Regulamento de Ope-
rações Petrolíferas; 1. O uso e aproveitamento de terras para realização de
d) elaborar e submeter à aprovação prévia o plano operações petrolíferas rege-se pela legislação sobre uso
de desenvolvimento, bem como qualquer alte- e aproveitamento da terra, sem prejuízo do estabelecido
ração significativa subsequente; nos números seguintes.
e) submeter à entidade competente um plano 2. Para efeitos de realização de operações petrolíferas,
de desmobilização, com antecedência não infe- a duração do direito de uso e aproveitamento da terra é
rior a dois anos com relação ao termo previsto compatível com o estabelecido no respectivo contrato.
da produção; 3. Os terrenos onde se encontram as instalações e uma
f) indemnizar os lesados em virtude de perdas ou faixa circundante a ser definida por regulamento, consi-
danos resultantes da realização de operações deram-se zonas de protecção parcial, nos termos da legis-
petrolíferas, nos termos desta Lei; lação sobre uso e aproveitamento da terra.
g) dar preferência aos* produtos e serviços moçam- 4. O titular do direito de exercício de operações petro-
bicanos quando competitivos em termos de líferas que, por força do exercício dos seu direitos na
preço e comparáveis em termos de qualidade e área abrangida pelo contrato, cause danos às culturas,
fornecimento; solos, construções ou benfeitorias ou determine a trans-
h) quando o interesse nacional assim o requerer, dar ferência dos utentes ou ocupantes legais das terras da
preferência ao Governo na aquisição do petró- respectiva área de contrato, incorre na obrigação de
leo produzido na área do contrato, nos termos indemnizar os titulares dos referidos bens e os transferidos.
a regulamentar, 5. Sem prejuízo do pagamento das indemnizações que
forem devidas, o titular do direito de realização de opera-
ARTIGO 18 ções petrolíferas pode exigir a constituição de servidões
(Acesso de terceiros a oleodutos ou gasodutos) de passagem, em conformidade com a legislação em vigor,
para acesso aos locais onde as operações petrolíferas são
1. O titular do direito de oleoduto ou gasoduto ou o realizadas.
titular do direito de pesquisa e produção tem a obrigação ARTIGO 21
de transportar, sem discriminação e em termos comerciais (Acesso a zonas de jurisdição marítima)
aceitáveis, o petróleo de terceiros, contanto que:
a) haja capacidade disponível no sistema de oleoduto O acesso aos locais de operações petrolíferas nas águas
ou gasoduto; interiores, no mar territorial, na plataforma continental
b) não hajam problemas técnicos insuperáveis que e na zona económica exclusiva e demais zonas de juris-
excluam o uso do sistema de oleoduto ou gaso- dição marítima é definida pela Lei n.° 4/96, de 4 de
duto para satisfazer os pedidos de terceiros. Janeiro, e demais legislação aplicável.
ARTIGO 2 2
2. Se a capacidade disponível no sistema de oleoduto
ou gasoduto for insuficiente para acomodar os pedidos de (Inspecção)
terceiros, os titulares do direito de oleoduto ou gasoduto
ou do direito de pesquisa e produção são obrigados a 1. O Governo pode inspeccionar os locais, incluindo os
aumentar a capacidade do sistema de oleoduto ou gaso- edifícios e instalações, onde estejam a ser realizadas ope-
duto para que, em termos comercialmente aceitáveis, os rações petrolíferas.
pedidos de terceiros possam ser satisfeitos, contanto que: 2. Para a realização da inspeccao o Governo pode
indicar uma entidade independente ou comissão criada
a) tal aumento não cause um efeito adverso sobre a para o efeito.
integridade técnica ou a operação segura do 3. Os termos e condições em que é realizada a inspec-
sistema de oleoduto ou gasoduto; ção referida nos números anteriores são estabelecidos por
b) os terceiros tenham assegurado fundos suficientes regulamento.
para suportar os custos do pedido de aumento ARTIGO 2 3
da capacidade.
(Protecção e segurança ambiental)
3. Qualquer disputa sobre termos comercialmente acei- 1. Para além de levar a cabo as suas operações de
táveis para o transporte de, petróleo através do sistema de acordo com as boas práticas relativas a campos petro-
oleoduto ou gasoduto, sobre a sua capacidade não com- líferos, o titular dos direitos de pesquisa e produção deve
prometida ou ainda sobre o proposto aumento da capaci- realizar as operações petrolíferas em conformidade com
dade, é submetida à arbitragem ou às autoridades judiciais a legislação ambiental e outra aplicável, bem como oS
competentes, nos termos da lei. respectivos contratos, com o fim de:
ARTIGO 1 9
a) assegurar que nãò haja danos ou destruições
ecológicas causados pelas operações petrolí-
(Propriedade dos dados)
feras e que, quando inevitáveis estejam em
1. Todos os dados obtidos ao abrigo de qualquer con- conformidade com padrões internacionalmente
trato previsto na presente Lei são propriedade do Estado. aceites, devendo para este efeito realizar e
submeter às entidades competentes, para apro- 2. O titular dos direitos de pesquisa e produção paga
vação, de estudos do impacto ambiental, in- o Imposto sobre a Produção do Petróleo (Royalty) a partir
cluindo medidas de mitigação deste impacto; da área de desenvolvimento e produção, em conformidade
b) controlar o fluxo e evitar a fuga ou a perda do com as taxas a serem graduadas por decreto do Con-
petróleo descoberto ou produzido na área de selho de Ministros, entre dois a quinze por cento.
contrato; 3. A cobrança do Imposto sobre a Produção do Petró-
c) evitar a danificação do reservatório de petróleo; leo é efectuada em espécie ou em dinheiro, à opção do
Conselho de Ministros.
d)evitar a destruição de terrenos, do lençol freático,
árvores, culturas, edifícios ou outras infra- 4. Nos casos em que o imposto é pago em dinheiro, o
-estruturas e bens; mesmo deve ser calculado em conformidade com os preços
e) limpar os locais após o termo das operações acordados através do contrato, se se tratar de gás natural
petrolíferas e cumprir com os requisitos para e na base dos preços internacionais, tratando-se de petró-
leo bruto.
a restauração do ambiente;
f) garantir a segurança do pessoal na planificação e CAPÍTULO VI
realização de operações petrolíferas e tomar
Disposições transitórias e finais
medidas preventivas quando a sua segurança
física estiver em risco; ARTiGO 2 6
g) reportar à entidade competente sobre o número
de descargas operacionais e acidentais, derrames (Contratos em execução)
e desperdícios e perdas resultantes das opera-
ções petrolíferas. Os contratos em execução celebrados ao abrigo da Lei
n.° 3/81, de 3 de Outubro, relativos à pesquisa e produ-
2. O titular de direitos ao abrigo da presente Lei deverá ção de petróleo continuam válidos, passando a ser regidos
actuar na condução de operações petrolíferas de forma pela presente Lei, em tudo o due não contrarie o clau-
segura e efectiva com o fim de garantir que seja dado um sulado contratualmente.
destino às águas poluídas e ao desperdício de petróleo de
ARTIGO 2 7
acordo com os métodos aprovados, bem como o encerra-
mento seguro de todos os furos e poços antes do seu (Resolução de disputas)
abandono.
1. As disputas relativas à interpretação e aplicação da
CAPÍTULO V presente Lei, do Regulamento de Operações Petrolíferas e
dos termos e condições dos contratos devem ser solucio-
Regime fiscal nados, primeiro, por negociação.
ARTIGO 2 4 2. Se a disputa não puder ser resolvida por acordo, a
(Princípios gerais) questão pode ser submetida à arbitragem ou às autorida-
1. As pessoas singulares e colectivas titulares do direito des judiciais competentes.
do exercício de operações petrolíferas, ficam sujeitas ao 3. A arbitragem entre o Estado de Moçambique e os
pagamento dos seguintes encargos fiscais: investidores estrangeiros deve ser conduzida em confor-
a) os impostos previstos no Código dos Impostos midade com:
sobre o Rendimento;
a) a Lei n.° 11/99, de 12 de Julho, que rege a
b) o Imposto sobre a Produção do Petróleo (Royalty); Arbitragem, a Conciliação e a Mediação como
c) o Imposto sobre Valor Acrescentado e o Imposto meios alternativos de resolução de conflitos;
sobre Consumos Específicos devidos nas ope-
rações realizadas; b) as regras do Centro Internacional da Resolução
de Diferendos Relativos a investimentos entre
d) a Contribuição Predial Urbana e a Sisa, estabe-
Estados e Nacionais de outros Estados (ICSID),
lecidos nos termos da lei;
aprovadas em Washington em 15 de Março de
e) os Direitos Aduaneiros previstos na Pauta Adua-
neira; 1965, ou segundo a Convenção sobre a Reso-
f ) os Impostos Autárquicos que forem devidos; e lução de Diferendos entre Estados e Nacionais
g) outros impostos e taxas estabelecidos por lei. de outros Estados;
c) as regras fixadas no Regulamento do Mecanismo
2. Fica autorizado o Conselho de Ministros a fixar em Suplementar, aprovado a 27 de Setembro de
regime fiscal especial as formas de tributação, as taxas e 1978, pelo Conselho de Administração do
os benefícios fiscais e aduaneiros aplicáveis à actividade Centro Internacional para a Resolução de Dife-
de pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo, rendos Relativos a Investimentos, se a entidade
alterando, se necessário for, para esta actividade, as dis- estrangeira não preencher as condições de
posições do Código dos Impostos sobre o Rendimento. nacionalidade previstas no artigo 25 da Con-
3. Compete ao Conselho de Ministros inventariar as venção;
receitas resultantes das operações petrolíferas e publicitá- d) as regras de outras instâncias internacionais de
-las periodicamente. reconhecida reputação em conformidade com
ARTIGO 2 5 o que as partes tiverem acordado nos contratos
(Imposto sobre a Produção de Petróleo) previstos na presente Lei, desde que tenham
expressamente especificado nos contratos as
1. O Imposto sobre a Produção de Petróleo incide condições para a sua implementação, incluindo
sobre o petróleo produzido no país, sendo sujeito da obri- a forma de designação dos árbitros e o prazo
gação do imposto o produtor. a tomada de decisão.
ARTIGO 28 Tabela de Preços de Combustíveis
(Regulamento de Operações Petrolíferas) 1. Preços máximos de venda a granel a praticar pelas
1. Compete ao Conselho de Ministros aprovar, ao abrigo distribuidoras à porta dos terminais oceânicos em Maputo
desta Lei, o Regulamento de Operações Petrolíferas, que e Língamo (Matola), para os GPL (Gás de Petróleo Lique-
deve incluir, entre outras matérias, as seguintes: feito), Beira e Nacala, para os restantes produtos, nas
unidades indicadas:
a) modalidades, termos e condições dos contratos;
b) práticas de operações petrolíferas, incluindo a GPL- Gás Butano e Propano 9 311,00 MT/Kg
gestão de recursos, segurança, saúde e protec- Gasolina 8 463,00 MT/litro
ção ambiental; Petróleo de Aviação (Jet Fuel) 4 356,00 MT/litro
c) submissão de planos, relatórios, dados, amostras, Petróleo de Iluminação 3 922,00 MT/litro
informação e contas pelos titulares de direitos Gasóleo 6 742,00 MT/litro
nos termos dos diferentes contratos; Fuel óleo 5 337,00 MT/litro
d) utilização de sistemas de oleodutos cu gasodutos.
2. Preços máximos a praticar nos postos de venda e
2. O Regulamento de Operações Petrolíferas deve ser nos postos de abastecimento de combustíveis, situados nas
aprovado no período de cento e oitenta dias após a entrada circunscrições territoriais das cidades de Maputo e Matola
em vigor da presente Lei. para os GPL e de Maputo, Beira e Nacala para os restan-
tes produtos, nas unidades indicadas:
ARTIGO 29
GPL - Gás Butano e Propano 10 310,2 MT/litro
(Regulamentação) Gasolina 8 800,00 MT/litro
Compete ao Conselho de Ministros regulamentar a Petróleo de Aviação (Jet Fuel) 4 644,00 MT/litro
presente Lei. Petróleo de Iluminação 4 210,00 MT/litro
Gasóleo 7 080,00 MT/litro
ARTIGO 30
Fuel óleo 5 391,00 MT/litro
(Revogação)
É revogada a Lei n.° 3/81, de 3 de Outubro e demais
legislação contrária à presente Lei. Decreto n.° 4/2001
ARTIGO 31 da 20 da Fevereiro
(Entrada em vigor) A captação de recursos financeiros e de poupanças
A presente Lei entra em vigor trinta dias apos a sua enquadra-se na realização dos objectivos da política eco-
publicação no Boletim da República. nómica do Governo que visa a estabilização da moeda
nacional, o equilíbrio da produção e do consumo, como
Aprovada pela Assembleia da República, aos 21 de premissas indispensáveis para o normal funcionamento do
Dezembro de 2000. - O Presidente da Assembleia da mercado.
República, Eduardo Joaquim Mulémbwè. Assim, com a finalidade de diversificar as fontes de
financiamento do Estado, contribuindo, através desta via,
Promulgada em 21 de Fevereiro de 2001. piara a dinamização do mercado nacional de capitais,
torna-se necessário a emissão de Obrigações do Tesouro.
Publique-se. Nestes termos, no uso das competências atribuídas pelo
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
artigo 2 da Lei n.° 2/2001, de 12 de Janeiro, o Conselho
de Ministros decreta:
Artigo 1. 1. Ê autorizada a Ministra do Plano e
Finanças a contrair um empréstimo interno, amortizável,
denominado «Obrigações do Tesouro - 2001/I», até à
CONSELHO DE MINISTROS importância total de setecentos biliões de meticais.
2. O empréstimo «Obrigações do Tesouro - 2001/I»
Decreto n.° 3/2001 será representado por sete milhões de obrigações, que
de 20 de Fevereiro serão emitidas em moeda nacional, com o valor nominal
de cem mil meticais cada.
Verificando-se uma variação nos preços dos combus- 3. O serviço da dívida das «Obrigações do Tesouro -
tíveis líquidos superior a três por cento, em média, e no 2001/I», nomeadamente o pagamento de juros e reem-
caso do JET A l , do petróleo de iluminação e do gasóleo bolso de capital, compete ao Ministério do Plano e
superior a 20%, o Conselho de Ministros, ao abrigo do Finanças.
disposto no n.° 3 do artigo 46, do Decreto n.° 1/97, 4. As «Obrigações do Tesouro - 2001/I» serão emi-
de 28 de Janeiro, decreta: tidas por um prazo de dez anos.
Artigo 1. Ê aprovada a tabela de preços dos combustí- Art. 2. 1. As «Obrigações do Tesouro - 2001/I»
veis, em anexo, que é parte integrante deste diploma. serão representadas por valores mobiliários escriturais, não
Art. 2. Este Decreto entra em vigor a partir do dia 22 havendo por isso lugar à emissão física de títulos.
de Fevereiro de 2001. 2. Por despacho da Ministra do Plano e Finanças, as
«Obrigações do Tesouro - 2001/I» poderão ser colo-
Aprovado pelo Conselho de Ministros. cadas através de um sindicato de instituições financeiras.
Publique-se. 3. A organização do sindicato de instituições finan-
ceiras e a colocação da emissão poderá ser efectuada por
um intermediário financeiro seleccionado para o efeito.
Art. 3. As «Obrigações do Tesouro- 2001/1» serão reembolsar, através das instituições financeiras onde os
admitidas à cotação na Bolsa de Valores de Moçambique, respectivos valores mobiliários se encontrarem registados.
de forma a serem transaccionadas em mercado secundário Art. 7. Serão inscritas no Orçamento do Estado as
entre investidores institucionais e/ou particulares. verbas necessárias ao serviço da dívida pública regulada
Art. 4. Na data de liquidação da subscrição da emissão, pelo presente decreto.
o Banco de Moçambique, como Caixa do Estado, 'debitará Art. 8. As obrigações representativas deste empréstimo
a conta de cada uma das instituições subscritoras/coloca- gozarão dos seguintes direitos:
doras pelo valor das respectivas subscrições / colocações
e creditará o Estado. a) Pagamento integral dos juros e reembolso do
Art. 5. - 1 O regime da taxa de juro da emissão das capital subscrito;
«Obrigações do Tesouro - 2001/I» será estabelecido no b) Isenção de todos os impostos sobre o rendimento
Diploma Ministerial a que se refere o artigo 9 do presente (Contribuição Industrial e Imposto Comple-
Decreto. mentar) e Imposto de Selo.
2. Os juros serão contados a partir da data de emissão,
sendo o seu pagamento semestral e postecipado. Art. 9. A Ministra do Plano e Finanças regulamentará,
Art. 6. 1. As «Obrigações do Tesouro - 2001/I» por Diploma Ministerial, as condições específicas da emis-
gozam da garantia de reembolso integral, incluindo o são, os mecanismos do processo de emissão e do respec-
capital e os juros. tivo mercado secundário, bem como Outras questões de
2. O Banco de Moçambique, como Caixa do Estado, índole técnica.
creditará a conta de cada uma das instituições financeiras
onde os valores mobiliários representativos das «Obriga- Aprovado pelo Conselho de Ministros.
ções do Tesouro - 2001/I» se encontrem registados pelos
montantes necessários ao serviço da dívida. Publique-se.
3. Os titulares das «Obrigações do Tesouro - 2001/I»
serão creditados pelos montantes de juros e/ou capital a O Primeiro-Ministro, Pascoal Manuel Mocumbi.
Preço—331200VW

IMPRENSA NACIONAL DE MOÇAMBIQUE

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