Acordao Relator Dep Waldeck Carneiro
Acordao Relator Dep Waldeck Carneiro
Acordao Relator Dep Waldeck Carneiro
Acórdão
PROCESSO N° 2020-0667131
1
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
RELATÓRIO
I - DA DENÚNCIA
3
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
7
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
8
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
9
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
10
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
11
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
12
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
13
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Sr. Prof. Fernando Ferry, pelo qual se solicita cópia integral do Processo
Administrativo n° E-08/001/1170/2019, relativo à aplicação de sanção à Organização
Social Instituto Unir Saúde; c) CE 03/2020, endereçado ao Exmo. Sr. Procurador Geral
de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Eduardo Ciotola Gussem, pelo qual se
solicita o compartilhamento das informações obtidas pelas operações realizadas em
decorrência das contratações emergenciais na área de saúde, efetuadas pelo Poder
Executivo estadual, no âmbito das ações de enfrentamento à pandemia do novo
coronavírus (COVID-19); d) CE 04/2020, endereçado ao Ilmo. Sr. Superintendente da
Polícia Federal no Rio de Janeiro, Dr. Tacio Muzzi Carvalho e Carneiro, pelo qual se
solicita o compartilhamento de cópia integral do Inquérito MPF n° 1.338, referente às
contratações realizadas pelo Poder Executivo, no âmbito da Secretaria de Estado de
Saúde, especialmente no tocante às ações de enfrentamento ao novo coronavírus
(COVID-19).
Nós vamos publicar o ato, abrir prazo para que cada partido
indique um representante para a comissão e, depois, essa
comissão tem 48 horas para eleger o presidente e o relator.
Rogo aos líderes que façam as indicações.
18/06/2020, a fim de evitar coação ilegal, na forma do art. 648, inciso I, do Código de
Processo Penal, e de preservar a higidez e a legalidade do processo.
20
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
21
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
ANTECEDENTES RELEVANTES:
CINCO EVIDENTES ILEGALIDADES COMETIDAS ATÉ O
MOMENTO
• Síntese das 2 (duas) denúncias recebidas pela ALERJ até o
deferimento de suspensão dos 2 (dois) processos
administrativos instaurados contra o impetrante:
1. Em 27.5.2020, como já amplamente divulgado pela
mídia, o Exmo. Deputado Estadual Sr. Luiz Paulo Correa da
Rocha e a Exma. Deputada Estadual Sra. Lúcia Helena Pinto de
Barros ofereceram denúncias perante a ALERJ contra o
impetrante (doc. 2). A primeira, foi distribuída sob o no
5.328/2020, e a segunda, apensada à primeira, sob o no
5.360/2020, ambas com fundamento nos art. 4º, V, 9º, VII, 74 a
79, da Lei nº 1.079/1.950.
2. A imputação, basicamente, para embasar os alegados crimes
de responsabilidade, seriam atos de improbidade, tema cuja
competência legislativa, exclusiva, tanto no conteúdo, quanto na
forma e no procedimento, é da União Federal. É o que já restou
assentado na súmula vinculante 46 do STF. Não se trata, pois,
aqui, de matéria interna corporis. E esse aspecto, que desde já
se destaca, é relevante para a compreensão do caso, na medida
em que a ALERJ pretende dar prosseguimento a processo de
impedimento, em manifesto descompasso com parâmetros já
definidos pelo STF ao interpretar, em sede de controle
concentrado e, pois, com caráter vinculante (CF, 102, parágrafo
2º), a Lei nº 1.079/50.
3. Também já foi amplamente divulgado que esses 2 (dois)
processos ficaram com prazo de defesa suspenso até o dia
3.7.2020, sexta-feira (doc. 2). Isso porque, no dia 23.6.2020,
quarta-feira, a ALERJ deferiu o pedido de suspensão formulado
pelo impetrante, deduzido com base em 2 (dois) relevantes
motivos: (i) a ALERJ deveria informar o rito processual a ser
adotado para julgamento dos Processos Administrativos de nos
5328/2020 (principal) e 5360/2020 (apenso); e (ii) deveriam ser
acostados aos autos os documentos que motivaram as
denúncias. A ausência de documentos decorreu do seguinte
circunstancia: os denunciantes só anexaram ao feito
administrativo a decisão proferida pelo eminente Ministro
Benedito Gonçalves do e. Superior Tribunal de Justiça, no
âmbito de medida cautelar, cujo objeto consistiu na coleta de
provas sobre eventuais práticas de atos ilícitos, bem como
notícias veiculadas na mídia sobre o tema.
22
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
23
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
24
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
25
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
26
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
27
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
28
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
29
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
30
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
31
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
32
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
33
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
34
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
35
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
36
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
37
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
38
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
39
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
40
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
41
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
42
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
43
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
44
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
45
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
46
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
48
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
49
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
50
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
51
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
52
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
53
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
FATOS
O Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, Doutor
WILSON JOSÉ WITZEL, impetrou este Mandado de Segurança
alegando, em síntese, defeito na instalação e na composição da
Comissão Especial destinada a oferecer parecer quanto à
Denúncia formulada contra o insigne Impetrante pelos
Excelentíssimos Senhores Deputados Luiz Paulo e Lucinha em
virtude de alegado cometimento de crime de responsabilidade,
bem como a nulidade de uma suposta decisão colegiada que,
54
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
55
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
56
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
57
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
58
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
59
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
60
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
61
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
62
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Confira-se em
https://www.europarl.europa.eu/doceo/document/RULES-9-
2019-07-02-RULE-209_PT.html:
"Artigo 209: Composição das comissões:
1. ..........................................................................
A composição das comissões deve refletir, tanto quanto
possível, a composição do Parlamento. A distribuição dos
lugares nas comissões entre os grupos políticos deve
corresponder ao número inteiro imediatamente superior ou
inferior ao resultado do cálculo proporcional.
Se não houver acordo entre os grupos políticos quanto à sua
proporção numa ou mais comissões específicas, a Conferência
dos Presidentes decide da
distribuição.............................................." (grifos acrescidos)
No caso da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro,
já se demonstrou que a composição da Comissão Especial de
vinte e cinco Excelentíssimos Senhores Deputados, porque vinte
e cinco Partidos Políticos nela são representados.
Considerando-se que o Colendo Plenário da Impetrada conta
com setenta Parlamentares, a Comissão Especial já representa
35,7% da composição plenária do Parlamento fluminense.
A busca obsessiva pela irretocável proporcionalidade aritmética,
além de ignorar a expressão constitucional "tanto quanto
possível", implicaria a composição da Comissão Especial com
número de Membros perto da totalidade da Casa Legislativa
fluminense.
Neste passo, inda mais uma vez, é necessário reler-se o art. 19
da Lei federal n° 1.079/1950:
"Art. 19 Recebida a denúncia, será lida no expediente da sessão
seguinte e despachada a uma comissão especial eleita, da qual
participem, observada a respectiva proporção, representantes
de todos os partidos para opinar sobre a mesma." (grifou-se)
Com o devido respeito, por que uma comissão destinada a
opinar - isto é, a emitir parecer - sobre uma denúncia por crime
de responsabilidade precisa ser tão grande a ponto de
ultrapassar 35,7% da composição plenária do Parlamento
fluminense? Simplesmente, não precisa!
Pelo exposto, considerados os vinte e cinco Partidos Políticos
representados na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de
Janeiro, a imposição legal de um representante de cada Partido
Político na Comissão Especial do Impeachment, a composição
plenária constitucionalmente imposta de setenta
Excelentíssimos Senhores Deputados Estaduais e, finalmente,
a cláusula constitucional do "tanto quanto possível", a única
solução juridicamente possível era a composição da Comissão
Especial com vinte e cinco Membros.
Como se vê, é impossível cumprir-se a proporcionalidade.
ADI n° 5.895-RR
Ao julgar, em 27 de setembro de 2019, o mérito da Ação Direta
de Inconstitucionalidade n° 5.895-RR, o Egrégio Plenário do
Colendo Supremo Tribunal Federal afirmou - como aliás o
insigne Impetrante muito bem destacou - que:
"1. Ação Direta não conhecida em relação ao inciso I do art. 65
da Constituição do Estado de Roraima, pois sua
inconstitucionalidade já foi declarada no julgamento da ADI
4.805, Relator Ministro LUIZ FUX.
63
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
64
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
65
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
66
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
DECISÃO
Trata-se de mandado de segurança impetrado por Wilson José
Witzel, contra atos praticados pelo Exmº Sr. Presidente da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro ALERJ, pelo
Exmº Sr. Presidente da Comissão Especial de Impeachment da
Assembleia Legislativa do Estado Rio de Janeiro e do Exmº Sr.
Relator da Comissão Especial de Impeachment da Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Deputados Estaduais,
narrando que, no dia 27/05/2020, o Deputado Estadual Luiz
Paulo Correa da Rocha e a Deputada Estadual Lúcia Helena
Pinto de Barros ofereceram “denúncia” perante a ALERJ contra
o impetrante. Menciona que a primeira recebeu o nº 5.328/2020
67
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
68
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
69
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
70
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
71
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
72
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
73
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
74
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
75
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
76
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
I. SÍNTESE DA PRETENSÃO E DA FINALIDADE DESTA
RECLAMAÇÃO.
1. Trata-se de reclamação contra 2 (dois) atos desviantes
praticados pela ALERJ e seus membros (sua mesa Diretora, seu
Presidente, o Presidente da Comissão Especial de
Impeachment e o Relator da Comissão Especial de
Impeachment), no âmbito do processo de Impeachment movido
contra o ora reclamante (doc. 3).
2. Cumulativamente, trata-se de reclamação, também, contra
decisão judicial proferida pelo Exmo. Desembargador Elton
Martinez Carvalho Leme, que, ao indeferir o pedido de medida
liminar veiculado nos autos do Mandado de Segurança n°
0045844-70.2020.8.19.0000 – TJ/RJ, culminou por referendar e
encampar os atos da ALERJ, assim igualmente desafiando a
autoridade dos julgados proferidos por essa c. Suprema
Corte, nas seguintes ações de controle concentrado de
constitucionalidade: i) a ADPF 378-MC/DF; e ii) a ADI
5.895/RR, além do desrespeito à Súmula Vinculante 46.
3. Assim, com esta reclamação – encartada, para todos os
reclamados, na hipótese do art. 988, III, do CPC/15 –, pretende-
se seja restaurada a autoridade decisória dessa c. Corte.
78
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
79
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
80
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
81
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
82
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
83
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
84
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
85
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
86
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
87
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
88
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
89
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
90
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
FATOS
O Excelentíssimo Senhor Governador do Estado do Rio de
Janeiro, Doutor WILSON JOSÉ WITZEL, ajuizou esta
Reclamação alegando, em síntese, defeito na instalação e na
composição da Comissão Especial destinada a oferecer parecer
quanto à Denúncia formulada contra o insigne Reclamante pelos
Excelentíssimos Senhores Deputados Luiz Paulo e Lucinha em
virtude de alegado cometimento de crime de responsabilidade.
CARÁTER OPINATIVO DA COMISSÃO ESPECIAL
Mesmo que se admitisse que houvesse ilegalidade na
composição da Comissão Especial do Impeachment, o que ora
se imagina apenas a título de argumentação, nenhuma lesão
poderia ser arguida pelo insigne Reclamante.
Em primeiro lugar, o Excelentíssimo Senhor Deputado Relator
da Comissão Especial pode elaborar Voto no sentido da rejeição
da Denúncia em virtude de alegado crime de responsabilidade.
Em segundo lugar, qualquer que seja o Voto do Excelentíssimo
Senhor Deputado Relator, a própria Comissão Especial poderá
aprovar parecer - repita-se: parecer - no sentido da rejeição de
tal Denúncia.
Por fim e o mais importante, o Parecer da Comissão Especial é
meramente opinativo. Ele não vincula o Plenário da Assembleia
Legislativa, o qual pode sempre decidir em sentido oposto ao
parecer da Comissão Especial. Mais uma vez: quem decide é o
Plenário da Assembleia Legislativa, não a Comissão Especial,
legalmente incumbida de apenas oferecer parecer.
Na página 88 do venerando Acórdão decorrente do julgamento
da ADPF n° 378-DF, lê-se:
"Aliás, o trabalho da comissão especial é essencialmente
instrutório e opinativo, tendo em conta que as decisões políticas
de deliberar sobre a denúncia e de autorizar a instauração do
processo estão reservadas ao Plenário da Câmara dos
Deputados, por força da Lei 1.079/50." (grifos acrescidos)
Na página 93 do venerando Acórdão, constata-se: "De novo,
cabe-se frisar que a Comissão Especial possui funções
instrutórias e opinativas." (grifos acrescidos)
Por fim, leia-se o art. 19 da Lei federal n° 1.079/1950:
"Art. 19 Recebida a denúncia, será lida no expediente da sessão
seguinte e despachada a uma comissão especial eleita, da qual
participem, observada a respectiva proporção, representantes
de todos os partidos para opinar sobre a mesma." (grifou-se)
91
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
92
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
93
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
94
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
95
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
96
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
97
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
98
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
99
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
100
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
101
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
Decisão:
Vistos.
Trata-se de reclamação constitucional, com pedido de tutela
provisória de urgência, ajuizada por Wilson José Witzel em face
de um conjunto de atos administrativos da Mesa Diretora da
Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – ALERJ,
pelo Presidente da Comissão Especial de impeachment do
Processo nº 5.328/20 – ALERJ, pelo Relator da Comissão
Especial de impeachment do Processo nº 5.328/20, de
pronunciamento unipessoal do Desembargador Elton Martinez
Carvalho Leme, Relator do Mandado de Segurança nº 0045844-
70.2020.8.19.0000, em trâmite perante o Órgão Especial do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por
suposta violação ao enunciado nº 46 da Súmula Vinculante e às
autoridades das decisões proferidas pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento da ADPF 378-MC/DF e da ADI 5.835/RR.
O reclamante diz que “[e]m 27.5.2020, o Exmo. Deputado
Estadual Sr. Luiz Paulo Correa da Rocha e a Exma. Deputada
Estadual Sra. Lúcia Helena Pinto ofereceram denúncias perante
a ALERJ contra [si]. A primeira, foi distribuída sob o nº
5.328/2020, e a segunda, apensada à primeira, sob o nº
5.360/2020, ambas com fundamento nos arts. 4º, V, 9º, VII, 74 a
79, todos da Lei nº 1.079/1950.”
Afirma que “[t]ais processos ficaram com prazo de defesa
suspenso até o dia 3.7.2020, sexta-feira (doc.3). Isso em razão,
segundo entende, com de base em 2 (dois) relevantes motivos:
i) a ALERJ deveria informar o rito processual a ser adotado para
102
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
103
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
104
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
105
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
106
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
107
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
108
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
109
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
110
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
DECISÃO
Trata-se de Reclamação, com pedido de tutela de urgência,
proposta por Wilson José Witzel, Governador do Estado do Rio
de Janeiro, contra atos praticados pelo Presidente da Mesa
Diretora da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro,
pelo Presidente da Comissão Especial de Impeachment do
Processo nº 5.328 da ALERJ, pelo Relator do Processo nº 5.328
da Comissão Especial de Impeachment da ALERJ, bem como
contra o indeferimento do pedido liminar nos autos do Mandado
de Segurança 0045844-70.2020.8.19.0000, em trâmite no
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por suposta
violação à Súmula Vinculante 46 e às autoridades das decisões
proferidas no julgamento da ADPF 378 MC (Redator p/ o
Acórdão Min. ROBERTO BARROSO, Pleno, julgamento em
17/12/2015, DJe de 8/3/2016) e da ADI 5.895 (Rel. Min.
ALEXANDRE DE MORAES, Pleno, julgamento em 27/9/2019,
DJe de 15/10/2019).
Em razão de sua completude, reproduzo o relatório lançado pelo
Presidente desta SUPREMA CORTE na decisão que analisou a
medida liminar requerida:
O reclamante diz que [e]m 27.5.2020, o Exmo. Deputado
Estadual Sr. Luiz Paulo Correa da Rocha e a Exma. Deputada
Estadual Sra. Lúcia Helena Pinto ofereceram denúncias perante
a ALERJ contra [si]. A primeira, foi distribuída sob o nº
5.328/2020, e a segunda, apensada à primeira, sob o nº
5.360/2020, ambas com fundamento nos arts. 4º, V, 9º, VII, 74 a
79, todos da Lei nº 1.079/1950.
Afirma que [t]ais processos ficaram com prazo de defesa
suspenso até o dia 3.7.2020, sexta-feira (doc.3). Isso em razão,
segundo entende, com de base em 2 (dois) relevantes motivos:
i) a ALERJ deveria informar o rito processual a ser adotado para
julgamentos dos Processos Administrativos de nºs 5328/2020
(principal) e 5360/2020 (apenso); e (ii) deveriam ser acostados
aos autos os documentos que motivaram as denúncias, para
somente então ser avaliada a pertinência ou não do
prosseguimento dos gravíssimos processos políticos
administrativos ( o principal e o apenso).
Informa que [s]obre o item (ii), em sessão posterior, o eminente
relator da Comissão Especial de Impeachment, para evitar
coação ilegal (CPP, art. 648, I), solicitou ao STJ o
compartilhamento da documentação relativa à medida cautelar
de produção antecipada de provas. Esse pedido, no entanto, foi
indeferido pelo Ministro Benedito Gonçalves (doc. 3), o que não
impediu o procedimento de anomalamente retomar seu curso.
Alega que [...] sobre o item (i), o reclamante se surpreendeu, ao
pesquisar nos Diários Oficiais do Estado do Rio de Janeiro e ali
constatar, então, que a ALERJ já tinha definido o rito de
prosseguimento das denúncias e que alguns atos dessa liturgia
ad hoc já tinham sido praticados de forma inidônea, porque
destoantes do rito fixado por esta e. Corte para o processo de
impeachment (ADPF 378 e da ADI 5.895), a partir da lei
1.079/50, cuja disciplina é de competência exclusiva da União
Federal (SV 46).
O autor aduz que [a] Comissão Especial de Impeachment foi
instituída pela simples indicação de líderes partidários, sem
qualquer posterior votação (aberta, ainda que simbólica,
veiculada no Diário Oficial) [...]
111
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
112
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
113
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
114
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
115
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
116
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
117
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
118
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
119
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
120
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
121
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
122
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
O denunciado argui, a título de preliminar, a ausência de provas
que viabilizem qualquer deliberação sobre o prosseguimento ou
não da denúncia e, por conseguinte, seu recebimento.
Argumenta que a leitura genérica da denúncia não traz a devida
clareza a respeito dos aspectos especificamente imputados ao
denunciado que ensejariam a caracterização de crime de
responsabilidade e, que tal fato, portanto, vulnera as garantias
fundamentais constitucionais do contraditório, da ampla defesa
e do devido processo legal.
Alega que o próprio fato, “vaga e genericamente narrado na
denúncia”, nem sequer existe mais, pois foi desconstituído com
a nova desqualificação do Instituto UNIR como Organização
Social de Saúde apta a contratar com o governo do Estado, não
subsistindo o pilar sobre o qual se apoia a denúncia.
Afirma que a Comissão Especial de Impeachment deveria
prestar esclarecimentos sobre a denúncia recebida com a
emissão de parecer prévio delimitando exatamente o escopo da
denúncia.
No que tange às razões de mérito, alega que o processo
administrativo foi instaurado sem motivação e sem o necessário
lastro probatório da denúncia.
Sustenta que a decisão do denunciado nos autos do processo
administrativo nº E-08/001/1170/2019 foi realizada dentro de sua
competência, estando assentada nos seguintes fundamentos:
a) presunção do cumprimento das disposições contratuais em
decorrência de celebração de Termo Aditivo;
b) autotutela administrativa;
c) princípio da proporcionalidade;
d) necessidade da preservação do caráter competitivo diante
das contratações públicas.
Argumenta que os pareceres dos quais o denunciado discorda
em sua decisão não são vinculantes e que ele se pautou no
melhor interesse da sociedade, pois a prestação do serviço
encontrava-se satisfatória, mesmo após a verificação de atos de
descumprimento contratual por parte da prestadora do serviço.
Além disso, a desqualificação de uma OSS configuraria medida
gravosa não só para a própria OSS, como para a Administração
Pública, pois importaria na rescisão do contrato de gestão,
deixando 10 UPAs sem funcionamento.
Assevera que não se verificou tentativa da Administração
Pública de utilizar todos os mecanismos legais e contratuais
disponíveis para apurar e sanar as irregularidades verificadas, a
fim de manter o contrato vigente.
Sustenta que o administrador público deve buscar alcançar o
princípio da eficiência, calculando os benefícios e prejuízos do
123
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
124
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
responsabilidade, ressalvando que a penalidade daí decorrente não tem caráter penal,
mas antes político-administrativo: perda do cargo e inabilitação para o exercício da
função pública.
Nesse âmbito, o relator discorre, com certa minúcia, sobre os fatos relativos às
contratações, no governo de Wilson Witzel, da Organização Social de Saúde Instituto
Unir Saúde e da Organização Social de Saúde Instituto de Atenção Básica e Avançada
à Saúde (IABAS), dissertando notadamente sobre as fraudes e os prejuízos ao erário
e à população, que derivam daquelas contratações. Após fazê-lo, o relator conclui ter
sido “demonstrada a justa causa para o prosseguimento do processo de
impeachment.”
126
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Cabe destacar que o único membro da Comissão ausente naquela reunião foi
o Deputado Estadual João Peixoto, que se encontrava hospitalizado e licenciado por
motivo de saúde, razão pela qual não participou da aludida sessão. Infelizmente,
o referido parlamentar veio a falecer poucos dias depois.
127
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
128
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
129
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
130
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
arquivo Id121909, devidamente juntados aos autos pela Oficial de Justiça e Avaliadora
(OJA), Ilma. Sra. Ana Maria Monteiro Braga.
132
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
1. Procuração;
2. Decreto Estadual nº 46.991/2020;
3. Trecho da Cautelar Inominada Criminal nº 35/DF– Trecho da declaração
do Sr. Edmar Santos ;
4. “Proposta de Trabalho” apresentada pelo IABAS em 27.3.2020 ;
5. Ata das Reuniões presenciais, ocorridas perante a Subsecretaria
Executiva da Secretaria da Saúde e proposta de readequação do Contrato
enviada ao Subsecretário Executivo Iran Aguiar;
6. Termo Aditivo – Contrato de Gestão firmado entre IABAS e Estado do
Rio de Janeiro;
7. Declaração da Subsecretaria Executiva da Secretaria de Estado de
Saúde acerca da inexistência de repasses financeiros ao IABAS após a
publicação do Decreto nº 47.103/2020 e Planilha com os valores repassados
ao IABAS referente a Contratação alheia ao escopo da denúncia (Contrato de
Gestão nº 003/2016) ;
8. Inicial da ação de produção de provas IABAS e Ofício enviado pelo
IABAS à Fundação Saúde ;
9. Trecho da Cautelar Inominada Criminal nº 35/DF ;
10. Habeas Corpus nº 5005110-96.2020.4.02.0000;
11. Relatório da interceptação telefônica – processo 0500358-
69.2019.4.02.5101 ;
12. Petição protocolizada na ALERJ pelo Sr. Mário Peixoto no dia 18.9.2020
13. Parecer SSJ/SES nº 237/2019;
14. Parecer jurídico elaborado pelo ex-ministro do STJ Sr. Nilson Naves;
15. Sentença proferida nos autos da ACP por improbidade nº 0053368-
86.2018.8.19.0001;
16. Decisão proferida nos autos do Processo nº 5010476-42.2020.4.02.5101
em 7.5.2020;
133
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
134
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
135
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
136
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
137
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
139
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
140
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
141
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
142
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2001.
143
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
2
MEIRELLES, Hely Lopes et al. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª ed. Salvador, Juspodivm; São
Paulo: Malheiros, 2020.
144
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
145
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
146
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
3
Agravo Regimental no Habeas Corpus n° 185.914/RN, Supremo Tribunal Federal, Acórdão publicado
nos termos do voto do Relator (e. Ministro Alexandre de Moraes), em 14/07/20.
147
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
CONCLUSÃO
Diante do exposto, VOTO PELO RECEBIMENTO INTEGRAL
DA DENÚNCIA contra o EXMO. SR. WILSON JOSÉ WITZEL
e, em decorrência, PELA INSTAURAÇÃO DE PROCESSO
POR CRIME DE RESPONSABILIDADE CONTRA O
DENUNCIADO, PELO AFASTAMENTO DO DENUNCIADO DA
CHEFIA DO PODER EXECUTIVO ESTADUAL, durante a
vigência do presente processo, e PELA DESOCUPAÇÃO
POR PARTE DO DENUNCIADO DO PALÁCIO DAS
LARANJEIRAS, no prazo de 10 (dez) dias, contado da data
de publicação do Acórdão.” (grifos originais)
148
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
150
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
152
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
CONTEXTO GERAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ESTADUAL
2. Como bem sintetiza o próprio e. Tribunal Superior Eleitoral, “é
o governador que exerce o Poder Executivo na esfera dos
estados e do Distrito Federal. Cabe a ele representar, no âmbito
interno, a respectiva Unidade da Federação em suas relações
jurídicas, políticas e administrativas. No exercício da sua função
de administrador estadual, ele é auxiliado pelos secretários de
estado. O governador participa do processo legislativo e
responde pela segurança pública. Para isso, o governador conta
com as Polícias Civil e Militar e com o Corpo de Bombeiros. Em
razão da autonomia dos estados e do Distrito Federal, cada
constituição estadual e a lei orgânica do DF dispõem sobre
competências, atribuições e responsabilidades do cargo de
governador” (grifou- se).
3. Essa deve ser a perspectiva a nortear a análise dos fatos e
das provas objeto das denúncias. Deve-se, a essa definição,
somar os seguintes fatos relevantes, substancialmente
sumariados neste tópico: o Estado do Rio de Janeiro possui o
segundo maior PIB do Brasil (perde apenas para o Estado de
São Paulo)”, é composto por 92 municípios”, possui um
orçamento anual de aproximadamente 90 bilhões de reais” e se
divide em 27 secretarias.
4. Ao Governador deste Estado, então, como ao de qualquer
outro, cabe acompanhar as políticas públicas estrategicamente
elaboradas, conforme definido no plano de governo e externado
na campanha eleitoral. Ele não se imiscui na rotina diária de
cada Secretaria. É até mesmo intuitivo não caber ao Governador
gerir, de forma individualizada, menos ainda diariamente, cada
um dos milhares de contratos firmados pelo Estado. Essa rotina
compete aos Secretários, subsecretários e demais órgãos
vinculados à Administração Pública, no âmbito de suas
respectivas secretarias.
5. Mais dois fatos importantes relacionados à Administração
Pública estadual: dentre outras atribuições, compete à
Secretaria de Fazenda — SEFAZ fiscalizar o orçamento
estadual e implementar mecanismos para sua melhor gestão,
notadamente à luz da Resolução da SEFAZ nº 48/2019. E nem
mesmo ordenar as próprias despesas orçamentárias estaduais
é competência do Governador; a ordenação de despesas
compete a funcionários com essa atribuição específica dentro
153
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
154
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
155
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
156
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
157
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
158
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
159
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
160
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
161
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
162
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
xxx
“Existem fortes elementos que demonstram que GABRIELL
NEVES, ex-Subsecretário Executivo de Saúde, responsável por
iniciar o processo no SEI 080001/007073/2020 e assinar o
Termo de Referência e o Contrato 027/2020, atuou ativamente
para camuflar as irregularidades e dificultar a fiscalização pelos
órgãos de controle.” (fl. 244 da cautelar inominada criminal)
59. Nesse contexto, restaurada a razão, não se poderá fatiar a
prova em pedaços e dela excluir o que interessa, para adotá-la
apenas em parte, quando for conveniente. E se a própria
delação premiada, que é usada contra o Governador no
processo criminal, o inocenta no tocante ao episódio envolvendo
o IABAS, não se poderia descartar seu trecho que o isenta de
qualquer responsabilidade.
60. Assim, não bastasse a ausência de provas contra o
Governador, ainda há um robusto acervo probatório produzido
que demonstra que o Governador nem sequer atuou na
contratação do IABAS, tampouco foi omisso quando se tornou
necessária sua atuação para fiscalização e auditoria imediata,
seja ao determinar a fiscalização do contrato pela CGE, seja ao
intervir na sua gestão. Ir além dessas evidências seria ir contra
a razão, arrastado pelo turbilhão da paixão.
c) A regularidade da contratação do IABAS:
163
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
164
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
165
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
166
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
167
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
168
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
169
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
171
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Contratos posteriores:
3.2. Contrato Emergencial nº 004/2019 celebrado com a OSS
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO ESPÍRITA MAHATMA GANDHI
Vigência: 1º/11/2019 a 30/04/2020
3.3. Contrato de gestão nº 008/2020 celebrado com a OSS
INSTITUTO DIVA ALVES DO BRASIL (IDAB)
Vigência: 27/03/2020 a 26/03/2022
4 - UPA MESQUITA
4.1. Contrato de Gestão nº 001/2018 celebrado com a OSS
INSTITUTO UNIR SAÚDE
Vigência: 02/01/2018 a 1/01/2020
Contratos posteriores:
4.2. Contrato Emergencial nº 008/2019 celebrado com a OSS
HOSPITAL PSIQUIÁTRICO ESPÍRITA MAHATMA GANDHI
Vigência: 30/12/2019 a 30/06/2020
4.3. Contrato de gestão nº 015/2020 celebrado com a OSS
HOSPITALPSIQUIÁTRICO ESPÍRITA MAHATMA GANDHI
Vigência: 27/07/2020 a 26/07/2021
5 - UPA NOVA IGUAÇUI
5.1. Contrato de Gestão nº 003/2018 celebrado com a OSS
INSTITUTO UNIR SAÚDE
Vigência: 19/01/2018 a 18/01/2020
Contratos posteriores:
5.2. Contrato Emergencial nº 002/2020 celebrado com a OSS
INSTITUTO DOS LAGOS RIO (ILR)
172
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
173
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
174
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
175
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
176
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
177
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
178
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
179
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
180
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
182
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
183
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
184
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
186
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
187
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
188
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
189
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
190
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
191
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
192
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
190. Embora não tenha sido citado pelo relatório aprovado pela
ALERJ e nem tampouco pelas denúncias, mas apenas
mencionado pelo Ministério Público Federal, a contratação feita
pelo Hospital Jardim Amália — HINJA foi igualmente regular. A
advogada Helena Witzel possuía antiga relação com essa
empresa privada (desde 2017, como correspondente). Essa
relação foi igualmente intermediada pelo escritório do Dr. Lucas
Tristão, localizado em Vitória/ES, que aparece, ainda, como
patrono de diversas ações do hospital (documento 1284787).
Importante mencionar que a Dra. Helena Witzel captou o cliente
e o indicou ao Dr. Lucas Tristão, que já vinha com forte atuação
na área tributária. O HINJA, reconhecidamente, não possui
qualquer relação com o Sr. Mário Peixoto.
191. O HINJA, aliás, nunca foi atrelado ao Sr. Mário Peixoto;
nem o próprio MP e a ALERJ alegam alguma vinculação com o
referido empresário. A explicação feita nesta defesa é apenas a
título de argumentação, para demonstrar que nem à luz da
contratação da Primeira-Dama pelo HINJA haveria alguma
irregularidade. Antes de mais nada, porque, aqui também, à luz
dos documentos oficiais/públicos, não há qualquer vinculação
com o Sr. Mário Peixoto, in verbis:
194
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
195
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
196
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
197
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
198
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
199
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
200
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
201
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
202
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
203
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Iniciada a sessão, foi passada a palavra ao Relator, que proferiu seu voto nos
seguintes termos:
“(...)
Tendo em vista os requerimentos apresentados pela Acusação
e pela Defesa sobre as provas que pretendem ver produzidas,
VOTO:
1. Defiro, na íntegra, adotando a fundamentação expendida
pelas Partes, a produção de provas testemunhais requeridas
pela Acusação e pela Defesa.
2. Ainda sobre a produção de provas testemunhais, acrescento
as oitivas das pessoas abaixo relacionadas:
a) Nelson Roberto Bornier de Oliveira, ex-Prefeito de
Nova Iguaçu e ex-Deputado Federal: investigações em curso no
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro e no Ministério
Público Federal apontam, com base em interceptações
telefônicas, a existência de vínculos entre o ex-Prefeito e a
Organização Social de Saúde Instituto Unir Saúde (OSS Unir
Saúde), cogitando-se inclusive a possibilidade de que ele exerça
algum nível de comando sobre a entidade;
b) Mario Pereira Marques Neto, ex-Subsecretário de
Estado de Comunicação Social da Secretaria de Estado da Casa
Civil e Governança do RJ: apontado pela Defesa como sendo o
“Mario” citado em conversas telefônicas interceptadas durante
as investigações, em contraponto à ideia de que o “Mario” em
questão seria o Sr. Mario Peixoto. A propósito, o Processo
ALERJ nº 11371/2020 foi aberto exatamente pelo Sr. Mario
Peixoto, em 18 de setembro do corrente, em estreita
consonância com a tese da Defesa. Cabe lembrar que o Sr.
Mario Pereira Marques Neto é filho do falecido ex-Prefeito de
Nova Iguaçu, Sr. Mario Marques, histórico aliado político do Sr.
Nelson Bornier, de quem foi Vice-Prefeito e sucessor na
Prefeitura daquele município;
c) Edson da Silva Torres, Empresário: recorrentemente
apontado pela imprensa e pelo Ministério Público Federal, com
quem celebrou acordo de colaboração premiada, como
“operador” financeiro do Partido Social Cristão, com fortes
ligações com o Sr. Everaldo Dias Pereira, o Pastor Everaldo,
principal dirigente nacional da referida agremiação partidária,
função da qual se encontra afastado por estar sob custódia do
Estado;
d) Gustavo Borges da Silva, ex-Superintendente de
Logística, Suprimento e Patrimônio e ex-Subsecretário
Executivo interino da Secretaria de Estado de Saúde do RJ:
preso na Operação “Mercadores do Caos” e citado pelos
Senhores Edmar Santos e Edson Torres, em suas respectivas
colaborações premiadas com o Ministério Público Federal, como
beneficiário de vantagens indevidas;
e) Carlos Frederico Verçosa Duboc, ex-
Superintendente de Orçamento e Finanças da Secretaria de
Estado de Saúde do RJ: preso na Operação “Mercadores do
Caos” e citado pelos Senhores Edmar Santos e Edson Torres,
em suas respectivas colaborações premiadas com o Ministério
Público Federal, como beneficiário de vantagens indevidas;
f) Maria Ozana Gomes, ex-Superintendente de
Compras e Licitações da Subsecretaria Executiva da Secretaria
204
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
205
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
Wilson José Witzel impetra mandado de segurança para
desafiar ato coator atribuído ao Exmo. Sr. Desembargador
Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e também
ao Egrégio Tribunal Especial Misto do Tribunal de Justiça do Rio
de Janeiro. Aduz direito líquido e certo a produzir prova perícia
contábil no âmbito do processo de impeachment no qual é réu.
Parte, então, de assentar a viabilidade do mandamus, forte em
que, irrecorrível a decisão indeferitória da diligência pericial,
somente o remédio excepcional poderia preservar o direito
subjetivo à ampla defesa, com estatura constitucional. Invoca, a
propósito, o enunciado sumular n° 267 do E. Supremo Tribunal
Federal.
Adiante, no mérito, prossegue a defender a necessidade de que
um especialista contábil afira a regularidade dos pagamentos
feitos pela contratação da O.S.S. IABAs e à O.S.S. UNIR. Tanto
mais porque, na sessão de 28/12/2020, o Eminente
Desembargador Maldonado de Carvalho, ainda que
alegadamente fora do escopo delineado pelo Relator, procedeu
à inquirição de testemunha sobre suposto superfaturamento
havido na contratação da O.S.S. IABAs. A par disso, “ele próprio,
na mesma ocasião, fez cálculos aritméticos, quando, sabe-se lá
por quais motivos, concluiu, já naquele momento, que,
aparentemente, teria havido superfaturamento.”.
Ao ensejo, faz lembrar que, quando do julgamento da presidenta
Dilma Roussef, foi oportunizada a consulta ao expert, mormente
porque o direito à ampla defesa, enquanto franquia
constitucional fundamental, compõe-se, também e até
essencialmente, pelo direito à prova.
Enfim, sustenta que, com a suspensão do processo-crime por
ordem do E. Supremo Tribunal Federal, há tempo mais do que
suficiente para realizar a prova essencial sem prejudicar ou
protelar os trabalhos do Tribunal Especial.
Há pedido de liminar.
Vindo-me conclusos, determinei a integralização do preparo de
ingresso, ao que acorreu imediatamente o interessado.
É o relatório. DECIDO.
Logo de saída, constato, de ofício, que a impetração se ressente
de seus requisitos de procedibilidade.
É que, de um lado, carece este Órgão Especial de investidura
para arrogar-se à instância revisora do Tribunal Especial Misto,
razão pela qual desborda o pedido como sucedâneo de recurso.
Noutro eito, não poderia adjudicar o mérito das decisões
207
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
208
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
209
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
210
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
211
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
212
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
213
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
214
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
216
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Importa destacar que, apesar de arrolada pelo Juízo, a senhora Helena Witzel
protocolou petição (Id. 1507139), solicitando que lhe fosse deferido o direito
constitucional ao silêncio, nos termos do inciso LXIII, do artigo 5° de nossa Carta
Magna, bem como sua prerrogativa de recusar-se a depor em processo em que figure
seu marido como imputado, nos termos do artigo 206, do Código de Processo Penal.
Tal solicitação foi deferida pelo Desembargador Claudio de Melo Tavares e
posteriormente submetida aos membros do Tribunal Especial Misto que, por maioria,
concordaram com a dispensa, vencido o Deputado Alexandre Freitas.
“(...)
Defiro, parcialmente, o pedido, ressalvados os anexos da
colaboração que não digam respeito ao Governador Wilson José
Witzel.
(...)
(...)
PROVIDÊNCIAS PENDENTES PARA O DESLINDE DO
PROCESSO: NECESSÁRIO RESPEITO AQ RECESSO
FORENSE / FÉRIAS DOS ADVOGADOS
l. No dia 17.12.2020, quinta-feira, várias testemunhas foram
ouvidas perante a audiência designada pelo Exmo. Presidente
deste e. Tribunal Especial Misto. Ao fim da audiência, o Exmo.
Presidente concedeu prazo de 5 dias para o Governador i)
indicar novos endereços de 3 testemunhas arroladas que não
receberam intimação positiva, bem como ii) ter pleno acesso dos
documentos novos juntados aos autos naquele mesmo dia e no
dia anterior, notadamente para viabilizar o adequado
interrogatório do Governador.
2. Diga-se, antes de mais nada, que, ao assim decidir, o Exmo.
Presidente decidiu, expressamente, sem fundamentar, que o
recesso forense não seria levado em consideração.
Consequentemente, nas palavras do próprio Exmo. Presidente,
o referido prazo de 5 dias chegaria a termo no dia 22.12.2020,
terça-feira. Exatamente por esse mesmo motivo, já designou o
dia 28.12.2020, segunda-feira, não só para ouvir as
testemunhas que restam, bem como inclusive para já interrogar
o Governador (último ato da instrução probatória).
3. No entanto, com as devidas vênias, o Exmo. Presidente deve
ao menos expor os motivos pelos quais este e. Tribunal Especial
Misto não respeitará o recesso forense. Até porque, como se
sabe, o recesso forense foi uma relevante conquista da
advocacia, notadamente para oportunizar aos advogados o
devido descanso anual ao menos do dia 20 de dezembro ao dia
20 de janeiro.
218
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
219
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
220
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
No mesmo dia, foi proferida pelo então Presidente do Tribunal Especial Misto,
Desembargador Claudio de Melo Tavares, a seguinte decisão (Id. 1563351):
“(...)
Não assiste razão à defesa em suas alegações e
requerimentos.
Primeiramente, cabe trazer à baila que o rito procedimental foi
submetido ao Tribunal Especial Misto, e, aprovado, não foi
sequer impugnado pela defesa.
Foi decisão expressa do Tribunal Especial Misto que os prazos
e atividades não seriam suspensos durante o recesso forense.
Inobstante, urge salientar que o chamado “recesso forense” é
a suspensão de prazos processuais exclusivamente
determinada por força de regra de organização judiciária.
Por exemplo, no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, tal suspensão se dá por força do § 1º do art. 66 da
LODJ.
Tal não ocorre com o Tribunal Especial Misto, não lhe sendo
oponível eventuais suspensões por recesso de outros
tribunais, dado que o TEM é unidade jurisdicional, ainda que
temporária, autônoma.
Não se alegue ainda que seria oponíveis as chamadas “férias
dos advogados” instituídas pelo art. 220 do CPC.
Tal suspensão não se aplica ao processo penal.
221
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
222
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
SÍNTESE DA PRETENSÃO: ATROPELO PROCEDIMENTAL,
INTERROGATÓRIO NO ESCURO – ATUALMENTE O
PROTAGONISTA NEM SEQUER PODE SER OUVIDO!
1. Trata-se de reclamação proposta contra decisão proferida
pelo Exmo. Presidente do e. Tribunal Especial Misto instituído
para processar e julgar o impeachment do Governador do
Estado do Rio de Janeiro, Sr. Wilson Witzel, ora reclamante
(Processo nº 2020-066713). Ao julgar a ADPF 378-MC/DF, essa
e. Suprema Corte, em precedente de caráter vinculante (CF, art.
102, §1º c/c Lei nº 9.882/99, art. 10, §3º), placitou o
entendimento de que o interrogatório, em processos de
impedimento, deve ser o último ato da instrução probatória. No
caso, no entanto, ao proferir a decisão objeto desta reclamação,
o reclamado desafiou esse entendimento, ao designar, antes
mesmo do encerramento da instrução probatória, audiência para
interrogatório do reclamante (doc. 2).
2. O Sr. Edmar Santos é o protagonista do processo de
impeachment e também do criminal que tramita no e. Superior
223
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
224
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
225
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
226
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
227
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
228
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
229
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
230
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
231
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
232
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
233
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
234
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
235
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
236
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
237
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
238
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
239
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
240
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
241
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
242
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
(...)
Trata-se de reclamação, com pedido de medida liminar, ajuizada
por WILSON JOSÉ WITSEL contra ato do PRESIDENTE DO
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO, alegando afronta ao teor da Súmula Vinculante 14 do
Supremo Tribunal Federal, e à autoridade da decisão na ADPF
378-MC (Rel. Min. ROBERTO BARROSO), que designou o dia
28.12.2020 para a realização de audiência com interrogatório do
Reclamante.
Afirma o Reclamante ofensa ao decidido na ADPF 378-MC, pois
teria ocorrido desrespeito à determinação para que o
interrogatório, em processo de impedimento, seja o último ato da
instrução probatória.
Argumenta que o conteúdo da delação em processo criminal de
Edmar Santos, figura central nas acusações no processo de
impedimento, precisa ser previamente conhecida antes do
interrogatório do Reclamante, estando aquela ainda em sigilo,
afirmando que:
“Mais do que isso, o e. Min. Benedito Gonçalves, relator do
processo criminal, o proibiu de prestar testemunho no processo
243
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
244
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
245
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
246
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
247
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
248
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
249
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
250
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
251
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
252
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
253
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
254
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
255
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
256
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
257
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
258
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
“(...)
Inicialmente, é de se assinalar que o plenário do Tribunal
Especial Misto do Estado do Rio de Janeiro - TEM/RJ, aprovou
259
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
260
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
261
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
262
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
263
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
264
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
265
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
266
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
267
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
268
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
269
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
(...)
O SR. JOSÉ ROBERTO SAMPAIO – É só uma pergunta,
excelência.
É a propósito de uma pergunta que foi feita pela
Desembargadora Teresa. Gostaria que o depoente
esclarecesse se esses pagamentos de viagens, que
supostamente ocorreram, através do depoente, se deram antes
ou depois do Governador assumir o cargo. Se foi no período pré-
campanha, ou pós.
Só isso, excelência.
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – Os recursos que foram por
nós aportados, parte deles, eu volto a afirmar, que foi antes,
enquanto o Wilson era Juiz Federal, que era para, se ele
ganhasse a eleição, era um dinheiro que ele fizesse o que bem
entendesse. Se ele não ganhasse a eleição, era para sustento
dele durante um período. Ele estava desempregado, estaria
desempregado.
Depois, que ele (FALHA NA TRANSMISSÃO SONORA), nós
passamos a ajudar na campanha, e depois de ele eleito, durante
o período dele eleito e tomar posse, e no primeiro mês dele já
empossado, nós fizemos pagamento de empresas de turismo,
Casablanca(?) e uma outra que eu não sei o nome, para custeio
de viagens do então do Governador eleito e Governador
empossado.
(grifos e omissões nossas)
3.1.2.2 – “O esquema tinha um Governador”, como se verificou
na oitiva de Edson Torres.
O Sr. Edson Torres respondendo ao Relator:
(...)
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – Agora, os recursos
advindos da gestão dele como Secretário em alguns contratos
na Secretaria de Estado de Saúde, esses havia uma divisão de
destinatários.
O SR. WALDECK CARNEIRO – Certo.
E o senhor sabe dizer, se recorda que contratos eram esses
onde havia esta divisão de propina?
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – Alguns contratos que
houve a ingerência financeira na Secretaria de Saúde. Algumas
OSs, a OS Mahatma Gandhi, a OS Nova Esperança, Solidário,
Gnosis, essas OSs tinham a participação e quem cuidava desta
arrecadação, arrecadava esse dinheiro, prestava conta e dividia
proporcionalmente para quem de direito.
O SR. WALDECK CARNEIRO – Não é propriamente de direito,
mas, enfim. O senhor sabe quem eram os outros beneficiados
desta distribuição?
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – Sim.
O SR. WALDECK CARNEIRO – Pode dizer para nós, por favor?
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – Posso. Da arrecadação
que se fez no período de 2019 até maio, junho de 2020, o
percentual girava em torno, dos 100% arrecadados, 15% dos
100% arrecadados ficavam comigo; 15% ficavam como Victor
Hugo; 30% ficavam com o Edmar, Secretário; e 40% iam para
Everaldo e o Governo - e aí é estrutura de Governo.
O SR. WALDECK CARNEIRO – Então, só para eu fixar aqui a
sua informação, esses 40% restantes iam para o Pastor
Everaldo, o senhor disse, para o Governo? Mas sabe quem no
Governo pilotava isso?
270
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
271
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
272
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
273
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
274
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
275
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
276
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
277
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
278
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
279
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
280
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
281
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
282
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
283
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
284
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
285
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
286
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
287
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
mídia, que dessa propina de 20% dos restos a pagar, 13% iam
para a caixinha da propina e outros 7% seriam intermediados
por advogados, é isso?
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – É. Os escritórios de
advogados que representavam as OSs é que ficavam com esse
percentual de honorário de trabalho deles.
O SR. LUIZ PAULO - O senhor nos afirmou que foi aberta uma
negociação do Iabas com a caixinha, o senhor sabe dizer quem
era o contato do Iabas? O contato, ou mais de um? Quem é que
fazia esse contato, possivelmente com o Sr. Victor Hugo ou com
quem de direito?
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – Eu não lembro, não
lembro. Me perdoe, mas eu não posso afirmar.
O SR. LUIZ PAULO – Está bem. O senhor conheceu o Sr.
Roberto Bertholdo?
O SR. EDSON DA SILVA TORRES – Nunca vi.
(grifos e omissões nossas)
4.2.3 - A contratação da IABAS foi anunciada, publicamente,
pelo Governador em 30 de março de 2020. E, logo, após, em 03
de abril, celebrou-se o contrato, de R$ 835,8 milhões para
construção e gestão hospitalar de 7 Hospitais de Campanha por
um prazo de 6 meses. Não houve justificativa pertinente para a
sua escolha. O montante inicial de R$ 256,6 milhões foi
empenhado e pago, sendo que foram entregues, apenas, 2
(dois) hospitais e, somente, o do Maracanã funcionou por breve
tempo, e sob muitas ilegalidades, como sobre preço e
superfaturamento.
4.2.4 - Destacaram-se na rapinagem, os senhores Gabriell
Neves (preso em 07 de maio), Subsecretário Executivo e o
Secretário de Saúde Edmar Santos (preso em 10 de julho), que
estava sob o comando direto do denunciado.
4.2.5 - Verifica-se, em preliminar, ser improvável, que o
Governador, ex-juiz federal, e seu experiente Secretário Edmar
Santos, desconhecessem as regras elementares da Lei das
Licitações e Contratos, de que dois objetos distintos (obra de
engenharia e gestão hospitalar) não cabiam em um mesmo
contrato.
O Sr. Hormindo Bicudo sobre a contratação da IABAS, contrato
de R$ 850 milhões e que os órgãos de controle não foram
alertados sobre tal contratação em sua oitiva ao Tribunal
Especial Misto:
(...)
O SR. LUIZ PAULO – Que é um dos eixos aqui da nossa
investigação.
O senhor é um homem de controle, há muitos anos, segundo
a sua experiência, vai a três décadas. A Iabas havia sido
desqualificada do Município do Rio de Janeiro no Governo de
Marcelo Crivella e desqualificada por uma bagunça que ela vez
lá, a bagunça era tão grande que tem uma Deputada que dizia
que ela não era nem Iabas, era “Diabas”.
O SR. HORMINDO BICUDO NETO – Eu me lembro disso.
O SR. LUIZ PAULO – Você vê como ela é conhecida, e ela foi
convidada por alguém para construir, construir obra de
engenharia e gerenciar serviços médicos...
O SR. HORMINDO BICUDO NETO – Isso mesmo.
O SR. LUIZ PAULO – Serviços incompatíveis.
O SR. HORMINDO BICUDO NETO – Totalmente.
288
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
289
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
290
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
291
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
292
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
293
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
combinado com o art. 9º, item 7, nos termos dos artigos 2º, e 74,
todos da Lei nº 1079/50.
6- Agravantes.
6.1- No Crime de Responsabilidade cometido pelo Governador
Doutor Wilson José Witzel, Oficial de Marinha, advogado, ex-
Defensor Público do RJ, ex-Juiz Federal, com Mestrado em
Processo Civil e Doutor em Ciência Política, o agravante é o
denunciado ser conhecedor profundo das Leis, da hierarquia de
Comando e de suas responsabilidades jurídico - administrativas
ter atentado contra a probidade na administração, procedendo
de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do
cargo, em período de pandemia.
6.2- Verifica-se, também, como agravante, que o Governador
Wilson José Witzel, por denúncia do Ministério Público Federal
ao Supremo Tribunal Justiça, em processo penal, foi afastado
do cargo, em 20 de agosto de 2020, pelo período de 6 (seis)
meses por decisão monocrática. E, em 02 de setembro de 2020,
por votação do plenário da Corte Especial do STJ, confirmou-se
o afastamento por 14x1. E, que, em 11/02/21 a primeira de três
denúncias feitas pela Procuradoria Geral da República - PGR foi
acatada pelo Superior Tribunal de Justiça pela unanimidade dos
presentes (14 votos em 15 possíveis), o transformando em réu
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além de ter sido
afastado pelo cargo por mais 1(hum) ano.
7- Do pedido ao Egrégio Tribunal Especial Misto – TEM.
7.1 - Inicialmente solicitamos que o referido julgamento, mesmo
com entrelaçamento de todos os componentes ocorra em 3(três)
etapas:
7.1.1- A existência do Crime de responsabilidade, do
Governador Wilson José Witzel, pelos atos ímprobos cometidos
pelo mesmo, desde sua posse em 1º de janeiro de 2019 como
Governador do Estado do Rio de Janeiro. Demonstrou-se a
existência, de um poder paralelo ao governo formado por uma
plutocracia corrupta estruturada por agentes privados e públicos
que agiam de fora para dentro do Governo dilapidando o erário
visto que administravam uma caixinha de propina. Constata-se
que o Governador se beneficiava da mesma, cujos recursos
escusos se originavam, entre outros, de propinas pagas por OSs
da área da saúde para se tornarem detentoras de contratos, para
receberem do Estado restos a pagar de seus contratos em plena
pandemia acirrando o número de contaminados e óbitos. Todos
os fatos devidamente comprovados pelo cruzamento de
informações que se originaram das operações efetuadas pelo
MPR e MPE-RJ, das denúncias efetuadas pela PGR ao STF, da
denúncia espontânea e da oitiva do Sr. Edson Torres, dos
documentos encaminhados pelo STJ, das oitivas do Tribunal
Especial Misto, entre outras fontes, tudo consoante sínteses
aqui efetuadas;
7.1.2 - O Crime de Responsabilidade do Governador Wilson
José
Witzel já devidamente justificada tipificada nesta alegação final,
pela requalificação e posterior desqualificação da OS UNIR;
7.1.3 - O Crime de responsabilidade do Governador Wilson
Witzel pela contratação da IABAS para construir e gerir 7(sete)
Hospitais de Campanha, também, devidamente justificada e
tipificada.
294
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Diante da apresentação das Alegações Finais pela Acusação (Id. 1975947), foi
proferido despacho do Presidente do Tribunal Especial Misto (Id. 1978568),
determinando a intimação do Réu para que apresentasse suas Alegações Finais.
(...)
I – CABIMENTO DA PRESENTE RECLAMAÇÃO
GARANTIA DE OBSERVÂNCIA À SÚMULA VINCULANTE Nº
46 E ÀS DECISÕES DO STF: Rcl-MC 42.861/SC; ADI 1.628/SC,
ADI-MC 1.890/MA, ADI 4.791/PR, ADI 5.895/RR e ADPF 378.
A Reclamação, como sabe, é cabível diante de atos do Poder
Público e tem por escopo, a preservação da competência dos
Tribunais e a garantia da autoridade de suas decisões.
Especificamente no caso tela, a Reclamação tem por objetivo
garantir a observância de enunciado de Súmula Vinculante e de
decisões do Supremo Tribunal Federal, as quais, conforme será
demonstrado a seguir, foram frontalmente vulneradas.
Dito isso, consoante asseverou o em. Min. Luís Roberto Barroso,
em voto específico acerca da matéria:
“A reclamação dirigida a esta Corte é cabível quando se tratar (i)
de usurpação de sua competência, (ii) ofensa à autoridade de
suas decisões ou (iii) violação a decisão dotada de efeito
vinculante (arts. 102, I, l, e 103, § 3º, da Constituição). Nessa
última hipótese, o Supremo Tribunal Federal entende que há
necessidade de aderência estrita entre o ato impugnado e o
paradigma supostamente violado.”
E prosseguiu, com a argucia que lhe é própria, ao tratar de
aspecto análogo ao objeto da presente:
295
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
296
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
297
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
298
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
299
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
300
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
301
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
302
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
303
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
304
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
305
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
306
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
307
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
309
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
310
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
311
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
312
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
313
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
314
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
315
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
316
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Diante da apresentação das Alegações Finais pela Acusação (Id. 1975947), foi
proferido despacho do Presidente do Tribunal Especial Misto (Id. 1978568), em 09 de
abril de 2021, determinando a intimação do Réu para apresentar suas Alegações
Finais.
318
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
319
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
320
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
321
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
É o Relatório.
VOTO
1. Preliminares
322
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Primeira Preliminar
323
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Por fim, importa acrescentar que o Réu, desde a apresentação de seu primeiro
instrumento de defesa a este Tribunal Especial Misto, antes da decisão sobre a
admissibilidade da Denúncia, buscou enfrentar o mérito da acusação em seus dois
eixos estruturantes. Naquela peça defensiva, sobre o primeiro eixo da acusação
relativo à requalificação da OSS Unir Saúde, assim se pronunciou a Defesa:
Segunda Preliminar
324
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Terceira Preliminar
Por fim, com relação à terceira preliminar arguida, qual seja, cerceamento de
defesa pelo indeferimento do pedido de produção de prova pericial, não tem
procedência a sua arguição pelo Réu, tendo em vista que se trata de matéria
pacificada em nossos colendos Tribunais, que consideram ser de competência do
julgador, de ofício ou a requerimento das partes, determinar as provas necessárias à
instrução processual, bem como indeferir aquelas que, a seu juízo, encerram caráter
protelatório.
325
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
4NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 2ª ed, São Paulo, Ed. Revista dos
Tribunais, 2006.
326
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Art. 1° (...)
Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce
por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos desta Constituição. (grifos nossos)
328
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Decerto, o agente público, no exercício de sua função, deve atuar com zelo,
desprendimento, dedicação, conhecimento, sempre respeitando as normas
infraconstitucionais e constitucionais, bem como pautando sua conduta, de forma
permanente, na busca pelo bem comum do povo.
6 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 18ª ed. São Paulo, Atlas, 2005.
329
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
inabilitação, por até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, sem
prejuízo da propositura de ações judiciais pelos órgãos competentes.
"(...)
Le but principal du jugement politique, aux États-Unis, est donc
de retirer le pouvoir à celui qui en fait un mauvais usage, et
d’empêcher que ce même citoyen n’en soit revêtu à l’avenir.
C’est, comme on le voit, un acte administratif auquel on a donné
la solennité d’un arrêt. (…)"
7
TOCQUEVILLE, Alexis de. 12ª Edição. Paris: Institut Coppet, 2012.
8 DE LACERDA, Paulo Maria. Princípios de Direito Constitucional Brasileiro. Rio de Janeiro: Livraria Azevedo,
1912.
330
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
"(...)
Por essa razão, é no preceito fundamental da relação entre
os poderes que se deve buscar a natureza jurídica do
impeachment, definido como um modo de se exercer o
controle republicano do Poder Executivo. A exigência de lei
específica, de um lado, e as garantias processuais, de outro,
permitem configurá-lo como modalidade limitada de controle, na
medida em que, sendo a República um fim comum, ambos os
poderes devem a ele dirigir-se. O limite, por sua vez, decorre do
fato de que não se pode, sob o pretexto de controle, desnaturar
a separação de poderes.
Do princípio republicano parece decorrer, pois, a natureza
político-administrativa do instituto, cuja tutela coincide,
embora com regimes diferenciados, com a que se sujeitam
os demais agentes públicos e aqueles a eles equiparados
relativamente à probidade da Administração. (...)" (grifos
nossos)
Isso não quer dizer, contudo, que "critérios jurídicos" não devam ser
observados e respeitados. Como já realçado por Paulo Brossard de Souza Pinto,
esses mesmos critérios nos obrigam inclusive a revisitar a Convenção Americana de
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), recepcionada em nosso
ordenamento jurídico por meio do Decreto Federal n° 678, de 06 de novembro de
1992, o qual prevê, em seu artigo 8°, as garantias judiciais aplicáveis aos processos
sancionatórios promovidos pelo Estado, quais sejam:
332
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
É imperioso frisar que, com exceção das alíneas “a” e “e”, inaplicáveis ao caso
ora examinado, no curso do presente processo foram cumpridos todos os demais
requisitos apontados. Se não, vejamos:
• Item 1: Foi devidamente assegurado ao Réu o direito de ser ouvido, com todas
as devidas garantias, dentro de um prazo razoável, tanto perante a augusta Casa
Legislativa, onde o denunciado pôde se defender oralmente e por escrito, quanto
neste colendo Tribunal Especial Misto;
10GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 2° Volume. 11ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva,
1996.
334
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
É exatamente esta ação efetiva que precisa ser resgatada. Afinal, neste
momento, todos os holofotes estão voltados para este inédito Tribunal Especial Misto
do Estado do Rio de Janeiro (TEM), em razão do processamento e do julgamento do
Chefe do Poder Executivo estadual, vale dizer, mais uma grave e lamentável página
na história recente do Estado do Rio de Janeiro.
11
GRECO FILHO, Vicente. Tutela Constitucional das Liberdades. São Paulo: Editora Saraiva, 1989.
12BAUMAN, Zygmunt. Cegueira Moral: a perda da sensibilidade na modernidade líquida. Rio de janeiro: Zahar,
2014.
335
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
de 2019 e janeiro de 2020, de uma pneumonia, até então de causa desconhecida, que
havia se alastrado rapidamente e foi posteriormente nomeada “COVID-19”.
Além do hospital Huoshensh, o governo chinês previa ainda entregar, dois dias
depois, outro hospital, o Leishenshan, com capacidade de atendimento de 1.500 (mil
e quinhentos) leitos. Toda essa infraestrutura, infelizmente, não foi capaz de conter o
avanço da doença no planeta, que veio a ser reconhecida como Emergência em
Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), pela Organização Mundial da
Saúde (OMS)13, em 30 de janeiro de 2020.
13
OPAS/OMS Brasil. Folha informativa – COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) -
Atualizada em 17 de abril de 2020. Disponível em: Acesso em 17/04/2020.
14
BRASIL CONFIRMA PRIMEIRO CASO DO NOVO CORONAVÍRUS. Governo Brasileiro, 2020.
Disponível em: http://www.gov.br/pt-br/noticias/saude-e-vigilancia-sanitaria/2020/02/brasil-
confirma-primeiro-caso-do-novo-coronavirus
336
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
e um) anos, que deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, na cidade de São
Paulo, com histórico de viagem pela Itália.
Sobre esse novo caso, em nota, o Sr. Edmar Santos afirmou novamente que
se tratava de dois casos importados e completou: “permanecemos no nível zero do
nosso plano de contingência e não há razões para pânico. Os cuidados devem
permanecer os mesmos que tomamos para gripe.”
15
ESTADO DO RIO DE JANEIRO CONFIRMA PRIMEIRO CASO DE CORONAVÍRUS. Agência Brasil,
2020. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-03/estado-do-rio-de-
janeiro-confirma-primeiro-caso-de-coronavirus-0
337
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
16GOVERNO DO RJ CONFIRMA A PRIMEIRA MORTE POR CORONAVÍRUS. Portal G1 Rio, 2020. Disponível
em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/03/19/rj-confirma-a-primeira-morte-por-coronavirus.ghtml
338
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
340
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
341
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
343
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Importa ainda destacar que o citado empresário foi um dos alvos da “Operação
Favorito”17, deflagrada em razão de investigações realizadas pelo MPF e pela PF, com
vistas à apuração de desvio de dinheiro público em contratos na saúde pública
estadual, envolvendo organizações sociais, e de pagamento de propina a agentes
públicos em troca da manutenção ou da concessão de novos contratos, tendo havido,
segundo tais investigações, expansão dessas ações ilícitas durante a pandemia do
novo coronavírus, notadamente por meio de organizações sociais.
Cabe destacar, ainda, que, além de sua prisão, também foram encontrados,
em sua residência, no município de Vassouras-RJ, valores que somados totalizam a
monta de R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais).
17
Polícia Federal. PF prende empresário envolvido em desvios na área da saúde do Rio de Janeiro.
2020. Disponível em: http://www.pf.gov.br/imprensa/noticias/2020/06-noticias-de-junho-de-2020/pf-
prende-empresario-envolvido-em-desvios-na-area-da-saude-do-rio-de-janeiro
18
Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. MPRJ realiza operação para prender integrantes de
organização criminosa que desviou R$ 3,9 milhões dos cofres públicos em compras superfaturadas na
área de saúde. 2020. Disponível em: http://www.mprj.mp.br/noticias-todas/-/detalhe-
noticia/visualizar/85217
345
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Ainda sobre o senhor Luiz Roberto Martins, além das atividades referentes ao
núcleo administrativo da organização liderada pelo empresário Mário Peixoto, chegou
a acumular o cargo de presidente do Instituto Data Rio de Administração Pública
(IDR), organização social que foi sucedida pela OSS Unir Saúde na gestão das UPAs
citadas anteriormente.
“(...)
LUIZ: O pessoal está todo doido atrás de mim para me dar
contrato
ELCY: hein?
346
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
347
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Por fim, ainda em relação à influência do empresário Mário Peixoto junto à OSS
Unir Saúde, o ex-Secretário de Estado de Saúde Edmar Santos, em seu depoimento
prestado à Procuradoria Geral da República no Rio de Janeiro, em 25 de julho de
2020, declarou:
Importa ainda destacar que o empresário Edson Torres atuou de forma intensa
no processo que culminou na indicação do Senhor Edmar Santos para o cargo de
Secretário de Estado de Saúde. Conforme declarado pelo próprio ex-secretário, que
foi sondado pelo empresário a esse respeito:
Diante dos elementos probatórios restituídos até aqui, resta clara a existência
de dois braços econômicos atuantes na Secretaria de Estado de Saúde: um ligado ao
empresário Mário Peixoto e outro ligado ao presidente nacional do PSC, Pastor
Everaldo.
351
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Quando perguntado pelo relator sobre a relação de amizade com Lucas Tristão,
o empresário Mário Peixoto respondeu:
352
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
353
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
354
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Logo, fica claro que há relações de proximidade que unem o Réu, o seu homem
de confiança e empoderado secretário, Lucas Tristão, e o empresário Mário Peixoto.
Essas relações foram importantes para dar algum nível de proteção aos interesses do
empresário na administração estadual, durante a gestão do Réu. Assim, considerando
que a OSS Unir Saúde estava vinculada ao aludido empresário, que a dirigia ou, no
mínimo, representava seus interesses, tal situação colidia com os interesses do grupo
concorrente, liderado pelo Pastor Everaldo, em conluio com o empresário Edson
Torres, notadamente em relação aos contratos na área de saúde. Ora, como Edmar
Santos torna-se secretário com a interveniência da citada dupla, sua ação, como titular
da Secretaria, não favorecia as demandas e pretensões do empresário Mário Peixoto.
355
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
357
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
358
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Ainda sobre o tema, em seu interrogatório no Tribunal Especial Misto, o Réu foi
esquivo, quando questionado pela Desembargadora Inês da Trindade Chaves de
Melo, sobre a requalificação da OSS Unir Saúde. Vejamos:
360
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Logo, conclui-se que, não apenas a inobservância dos comandos legais, mas
também a indesejável flexibilidade moral, configuram práticas criminosas, ainda que
de natureza diversa. Afinal, o crime de responsabilidade contra a probidade
administrativa não é um crime comum, mas um delito especificamente vinculado à
adoção, por parte do agente público, de conduta incompatível com a dignidade, a
honra e o decoro do cargo que ocupa.
19
BRASIL. Diário Oficial da União. Seção 1, 1892. Página 449. Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-30-8-janeiro-1892-541211-
publicacaooriginal-44160-pl.html
361
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
20
BROSSARD, Paulo. O Impeachment. 3ª Edição. São Paulo, 1992. Editora Saraiva.
362
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
21
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Ed. Objetiva, 2001.
22
AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Delta,
1980.
23
MICHAELIS. Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998.
363
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Diante de todo o exposto, conclui-se, portanto, que o ato praticado pelo Réu,
qual seja, a requalificação da OSS Unir Saúde deu-se em clara e total afronta às
noções de dignidade, honra e decoro, ou seja, em completa inobservância ao
imperativo da probidade. Afinal, no exercício da função pública, não se pode agir para
proteger ou prejudicar, deliberadamente, interesses privados, particulares ou
específicos, em detrimento do elevado interesse público.
364
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
365
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Pastor Everaldo, por sua vez, além de político conhecido no cenário fluminense
e presidente nacional do PSC, partido pelo qual se elegeu Wilson Witzel, exercia,
como já afirmamos, grande influência na gestão estadual, em diferentes áreas.
Gabriell Carvalho Neves Franco dos Santos foi a pessoa escolhida pelo Pastor
Everaldo para ocupar o cargo de Subsecretário Executivo da Secretaria de Estado de
Saúde. Tal decisão foi comunicada ao então Secretário de Estado de Saúde Edmar
Santos pelo empresário Edson Torres. O Secretário, à época, não rejeitou a indicação
e delegou ao novo subsecretário executivo o poder de efetuar contratações e ordenar
despesas do órgão.
366
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
367
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
368
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Saúde; (e) Edson da Silva Torres, empresário com forte atuação na saúde pública
estadual; (f) Valter Alencar Pires Rebelo, advogado e político filiado ao PSC. Disseram
eles:
370
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
371
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
(...)
O SR. WALDECK CARNEIRO – Pastor Everaldo?
O SR. WILSON JOSÉ WITZEL – Diversas vezes, Presidente
do partido. Foram várias... Inclusive, várias das Atas de
entrada e saída do Palácio Laranjeiras constavam o Márcio
Pacheco, o Claudio Castro, o Sandro, membros da executiva
estadual do partido para tratar das eleições de 2020. Eu,
como Governador e Presidente de honra do partido, opinei, não
só nas eleições do Rio de Janeiro, mas do Brasil inteiro. Eu
estive em São Luiz do Maranhão para acompanhar as prévias
para a eleição no Maranhão, filiando Prefeito; no dia da minha
defesa de tese de doutorado eu estava em São Luiz fazendo
campanha – na verdade, fazendo campanha de filiação. Então,
eu, como Presidente de honra do partido, viajei o Brasil com
o Pastor Everaldo, com Deputados Federais do meu partido no
Tocantins, na Bahia, e no Rio de Janeiro não era diferente.
Foram várias reuniões realizadas com a executiva do
partido para definir sobre eleições. A reunião era
eminentemente política.”
Isto posto, em sua defesa apresentada ao Tribunal Especial Misto, o Réu aduz
não existir quaisquer indícios de sua participação na contratação da OSS IABAS.
Contudo, na contramão de sua afirmação, em depoimento prestado à Procuradoria
Geral da República no Rio de Janeiro, o ex-Secretário de Estado de Saúde, senhor
Edmar Santos, declarou ter sofrido pressões vindas do Réu e de terceiros para a
montagem dos hospitais de campanha, nos mesmos moldes dos contratados pelo
Estado de São Paulo.
Apesar do estudo realizado por sua equipe, que apontava outras medidas, o
então Secretário de Estado de Saúde foi informado pelo então Subsecretário
Executivo de sua pasta, senhor Gabriell Neves, que a OSS IABAS seria a organização
social encarregada de construir e gerir hospitais de campanha, sendo ele, o
subsecretário, o gestor responsável por decidir sobre a contratação:
372
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
373
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
374
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Em sua defesa, o Réu afirmou que ordenar despesas não faz parte das
atribuições do cargo para o qual foi eleito, mas sim o acompanhamento de políticas
públicas estrategicamente elaboradas, conforme seu plano de governo e promessas
de campanha.
24 GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL 2020. Disponível em:
http://www.fazenda.rj.gov.br/sefaz/content/conn/UCMServer/uuid/dDocName%3aWCC42000007038
378
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Cabe repetir que essa péssima reputação e avaliação foi também notificada ao
ex-Secretário de Estado de Saúde e ao seu Subsecretário Executivo, pela Senhora
Mariana Scardua, que também exercia cargo de Subsecretária naquela pasta:
379
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Isso por certo ocorreu pelo fato de que a OSS IABAS tem estreita ligação com
o grupo liderado pelo Pastor Everaldo, cujo principal operador executivo, nos meses
de fevereiro e março de 2020, no âmbito da SES, era Gabriell Neves, que respondia
pelas contratações no órgão.
380
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Isto posto, não resta qualquer dúvida de que o Réu, ao lado do Pastor Everaldo,
tendo como operadores executivos Edmar Santos e, por dois meses, Gabriell Neves,
estruturou esquema para destinar parcela significativa do orçamento da pasta da
saúde estadual à efetivação de uma contratação temerária, mas aparentemente
tentadora, em face do estratosférico valor do contrato.
381
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
De uma forma ou de outra, por ação direta ou indireta, ou, ainda, pela mais
absoluta omissão, não me parece cabível afastar a responsabilidade do Réu em
relação à desastrosa contratação da OSS IABAS. Até porque, sua atitude de se
manter sob alegada distância das decisões relativas à contratação da OSS IABAS foi
determinante para que tudo acontecesse da forma como ocorreu. Seu distanciamento,
omissão ou negligência, além de reprováveis por si mesmos, foram a senha para que
gestores e empresários, em conluio, agissem ao arrepio do interesse público e da
moralidade, de modo que o Réu pudesse vir a alegar, caso questionado, que não
tivera participação nos fatos, pois estava focado nas “questões estratégicas”.
25 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2001.
382
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
383
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Como o próprio Réu ressaltou, não apenas em sua peça de defesa apresentada
ao Tribunal Especial Misto, mas também em seu interrogatório, sua obrigação se
restringia à tomada de “decisões estratégicas”. Ora, se a contratação milionária de um
serviço de montagem e gerência de hospitais de campanha para atendimento da
27 DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. v. I, 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
384
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
28MEIRELLES, Hely Lopes et al. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª ed. Salvador, Juspodivm; São Paulo:
Malheiros, 2020.
385
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Talvez a explicação esteja na resposta dada pelo Sr. Edson Torres, em diálogo
com a Acusação, durante seu depoimento. Indagado se a OSS IABAS participava da
caixinha de propina por ele assumidamente coordenada, no âmbito da Secretaria de
Estado de Saúde, o depoente afirmou: “Inicialmente, não. (...) Depois, no início de
2020, por causa da pandemia, que Edmar trouxe um contrato fechado referente
à pandemia, que, aí, colocou-se alguém para conversar com o IABAS sobre
questão de participação de propina.”
386
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
Logo, não resta outra conclusão possível que não seja a nítida configuração de
flagrante, irresponsável e criminosa omissão do Réu, o que depõe gravemente sobre
a probidade de sua atuação como governador do estado do Rio de Janeiro.
6. DISPOSITIVO
387
TRIBUNAL ESPECIAL MISTO
d) que os atos do Réu, em relação aos dois eixos que estruturam a Acusação,
ferem frontalmente a dignidade, a honra e o decoro do cargo público que
ocupava:
É como voto.
WALDECK CARNEIRO
Relator
388