Livro Texto - Unidade II
Livro Texto - Unidade II
Livro Texto - Unidade II
Unidade II
Agora estudaremos conceitos relacionados à estática dos fluidos, como o empuxo, a pressão média,
a Lei de Stevin, os vasos comunicantes e a Lei de Pascal.
Na sequência, o princípio físico dos medidores de pressão barômetro e manômetro será discutido e
diferentes tipos de manômetros serão apresentados.
Em geral, as regras da estática, como as aplicadas em mecânica dos sólidos, aplicam-se aos fluidos
em repouso.
R1
F1 Sólido
Fluido
Sólido F2 R2
F Fluido
R F3
R3
É importante notar que a afirmação anterior é válida também para superfícies curvas. Nesse caso,
a força atuante em qualquer ponto é normal à superfície naquele ponto. De forma geral, a afirmação é
verdadeira para qualquer plano imaginário contendo um fluido estático. Esse fato é usado na análise,
considerando elementos do fluido delimitado por planos imaginários.
Sabe-se que para um elemento do fluido em repouso, o elemento estará em equilíbrio – a soma
das componentes das forças em qualquer direção será zero, e a soma dos momentos das forças sobre o
elemento do fluido em qualquer ponto também será zero.
67
Unidade II
5.1 Empuxo
O empuxo é um princípio físico de conhecimento de todos, uma vez que um corpo qualquer imerso
na água aparenta possuir um peso menor do que quando inserido no ar. Caso o corpo tenha densidade
menor do que a do fluido no qual está imerso, ele flutua.
Saiba mais
Acredita-se que o rei Hieron II desconfiou de que o ourives que havia
fabricado sua coroa havia utilizado em substituição ao ouro que lhe havia
sido confiado parte de prata. Arquimedes foi escolhido para comprovar
cientificamente que o rei havia sido roubado. Saiba como este grande
cientista desvendou este dilema acessando:
CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA. Arquimedes. E-física, 2007a.
Disponível em: <http://efisica.if.usp.br/mecanica/ensinomedio/empuxo/
arquimedes/>. Acesso em: 3 maio 2016.
Quando o corpo sai de uma banheira com água quente, a sensação é de que os braços estão
estranhamente pesados. Isto se deve ao fato de não haver mais o apoio flutuante da água.
De onde essa força de empuxo vem? Por que é que alguns objetos podem flutuar e outros não?
O Princípio de Arquimedes diz que quando um corpo está parcial ou completamente imerso em um
fluido, o fluido exerce uma força sobre o corpo, a força de empuxo, sempre debaixo para cima, igual ao
peso do volume do fluido deslocado pelo corpo.
A massa do fluido deslocado pelo corpo é determinada por meio da massa específica do fluido:
m
fluido fluido mfluido fluido fluido
fluido
Segundo o Princípio de Arquimedes, o empuxo é igual ao peso dessa massa de fluido deslocado:
Por meio da equação anterior, constata-se que a força de empuxo é diretamente proporcional ao
volume de fluido deslocado.
Deixe cair um pedaço de massa de modelar na água. Ela irá afundar. Em seguida, molde a massa na
forma de um barco, e ela irá flutuar. Devido à sua forma, o barco desloca mais água do que o pedaço de
massa e experimenta uma maior força de empuxo. O mesmo raciocínio é verdade para navios de aço.
68
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
A figura a seguir representa três situações a respeito da densidade e massa específica relativas do
corpo e do fluido:
• Situação A: a densidade do corpo é igual à massa específica do fluido, o que torna o seu peso
total igual ao peso da água que ele desloca. Assim, a força resultante sobre o corpo é igual a zero,
permanecendo na posição de equilíbrio.
• Situação B: a densidade do corpo é superior à massa específica do fluido de forma que a força
resultante é vertical para baixo, levando o corpo para o fundo do reservatório.
• Situação C: corpo com densidade menor que a massa específica do fluido, podendo flutuar
parcialmente. Quanto maior a massa específica do fluido, menor será a parte submersa. Isto se
deve ao fato de o fluido, que tem uma massa específica mais elevada, conter mais massa e,
portanto, ter peso maior no volume.
A força de empuxo, que é igual ao peso do fluido deslocado, é, portanto, maior do que o peso do
objeto. O mesmo raciocínio é válido para o objeto com densidade maior que a massa específica do fluido.
É importante ressaltar que a força de empuxo está sempre presente se o objeto flutua, afunda ou se
está em suspensão num fluido.
A B C
Figura 31 – Forças peso e empuxo atuando sobre um corpo submerso em um fluido. A) Corpo em equilíbrio;
B) corpo afundando; C) corpo levado à superfície
O quão submerso um objeto flutuante está depende da densidade do objeto relacionada com a do
fluido. Por exemplo, um navio descarregado tem uma densidade inferior e está menos submerso do que
o mesmo navio carregado.
Define-se uma expressão quantitativa para a fração submersa, considerando densidade. A fração
submersa é a razão entre o volume submerso para o volume do objeto:
sub fl
obj obj
69
Unidade II
O volume submerso é igual ao volume de fluido deslocado (∀fl). Partindo da relação de densidade
ρ = m.∀ e substituindo, podemos obter a relação entre as densidades:
mfl
fl fl
obj mobj
obj
sendo ρobj a densidade média do objeto e ρfl a massa específica do fluido. Desde que o objeto flutue,
sua massa e a do fluido deslocado são iguais.
obj
fração submersa
fl
Essa última relação é útil para medir densidades. Esse procedimento é feito por meio da medição da
fração de um objeto flutuante que está submersa, por exemplo, com um hidrômetro. Esse instrumento
é útil para definir a relação entre a densidade de um objeto para um fluido (geralmente água).
Se um objeto flutua, a razão entre densidades é inferior a um. Se afunda, a razão é maior do que um.
Se a razão das densidades é exatamente um, então ele vai ficar suspenso no fluido, nem afundando nem
flutuando. Os mergulhadores tentam obter este estado para que possam pairar na água.
Exemplo de aplicação
Suponha que uma mulher de 60 kg flutue na água doce com 97% de seu volume submerso quando
seus pulmões estão cheios de ar. Determine sua densidade média.
Solução:
obj
fração submersa
fl
obj pessoa fração submersa fl
kg kg
pessoa 0, 97 103 3 970 3
m m
De acordo com o resultado, a densidade da pessoa é menor do que a massa específica da água,
portanto ela flutua. A densidade corporal é um indicador do percentual de gordura corporal de uma
pessoa, importante em diagnósticos médicos e treinamento atlético.
70
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Toma-se uma moeda, a qual é pesada em ar. Em seguida, ela é pesada de novo, enquanto submersa
em um fluido. A densidade da moeda é uma indicação da sua autenticidade e pode ser calculada se a
massa específica do fluido for conhecida.
Essa mesma técnica pode ser utilizada para também determinar a massa específica do fluido se a
densidade da moeda for conhecida, tudo por meio do Princípio de Arquimedes.
O peso aparente indica que o empuxo sobre o objeto imerso em um fluido é igual ao peso do fluido
deslocado. Assim, o objeto parecerá mais leve quando submerso. Além disso, o objeto sofre uma perda
de peso igual ao peso do fluido deslocado.
De forma alternativa, em balanças medidoras de massa, o objeto sofre uma perda de massa aparente
igual à massa do fluido deslocada.
Observação
Perda de peso aparente = peso do fluido deslocado.
Perda de massa aparente = massa do fluido deslocado.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
A massa de uma moeda grega antiga no ar é igual a 8,630 g. Quando a moeda é submersa em água, a sua
massa passa a ser de 7,800 g. Calcule sua densidade, considerando a massa específica da água rágua = 1,000
g/cm3 e que os efeitos provocados pela suspensão em arame da moeda podem ser desprezados.
7,800 g 8,630 g
E T T
P P
Figura 32
71
Unidade II
Solução:
A fim de calcular a densidade da moeda, é preciso encontrar sua massa (dada) e seu volume. O
volume da moeda é igual ao volume da água deslocada. O volume de água deslocado utiliza o conceito
m
de massa específica: água água .
água
Note que a massa da água deslocada é igual à massa perdida aparentemente pela moeda:
0, 830(g)
água 3
0, 830cm3
1(g / cm )
Este é o volume da moeda, uma vez que ela se encontra totalmente submersa. Por meio da definição
de densidade, encontra-se a da moeda:
mmoeda 8, 630(g)
moeda 3
moeda 10, 4g / cm3
moeda 0, 830(cm )
Observação
Exemplo de aplicação
Exemplo 2
Esfera
Água
Figura 33
Solução:
A) PE = m.g è PE = 2.10 = 20 N
4 3
B) E = r.g.∀ è E = g r
3
kg m 4 3
E = 1000 3 10 2 (0, 04m) è E = 2,68 N
m s 3
C) PA = PE – E è PA = 17,32 N
Exemplo 3
Um corpo de formato cúbico tem 3/4 do seu volume submersos em água, conforme indicado na
figura que segue. Sabendo que esse corpo possui uma massa m = 150 g, considerando a massa específica
(r) da água 1 g/cm3 e a aceleração da gravidade g = 10 m/s2, determine o volume desse corpo.
Figura 34
Solução:
P=E
3
mg = g
4
4m = 3.r.∀
4m 4 ⋅ 0,15
∀= è è ∀ = 2.10-4 m3
3ρ 3 ⋅1000
73
Unidade II
Exemplo 4
O sistema a seguir encontra-se em equilíbrio estático com um bloco maciço preso à uma balança
indicando a leitura mostrada na figura (mL). Sabendo que esse bloco encontra-se submerso em 0,04 m
de sua altura e que possui lados iguais l = 0,2 m, determine a massa do bloco (mB) em quilogramas (kg).
Considere massa específica da água r = 1000 kg/m3 e aceleração da gravidade g = 10 m/s2.
E T
2,0 kg
Figura 35
Solução:
T=P–E
mL.g = mB.g - r.l2.h.g
mB = mL + r.l2.h
mB = 2 + 1000.0,22.0,04
mB = 3,6 kg
Exemplo 5
Uma lata de tinta quadrada possui volume de 18 l e encontra-se presa por um fio no fundo de um
reservatório com água. A massa da lata m = 2,0 kg e 3/4 do seu volume estão submersos. Determine a
tração (T) no cabo, sabendo que a massa específica da água é r = 1000 kg/m3 e g = 10 m/s2.
E
Cabo P T
Figura 36
74
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Solução:
P+T=EèT=E–P
3
T = g – m.g
4
3
T = 1000 ⋅ ⋅ 0, 018 ⋅10 – 2.10
4
T = 115 N
Exemplo 6
A) Calcule a força de empuxo sobre 10.000 toneladas (1,00.107 kg) de aço sólido completamente
submerso em água e compare com o peso de aço.
Solução:
Para encontrar o empuxo, primeiramente tem-se que encontrar o peso da água deslocada
usando a massa específica da água (rágua) e a densidade do aço (raço). Uma vez que o aço é
completamente submerso, o seu volume e o da água são os mesmos, determinando, assim, sua
massa e peso.
maço maço
aço aço
aço aço
maço 1, 00.107 (kg)
aço , .103 m3
aço 128
aço kg
7, 8.103 3
m
Para encontrar a massa de água deslocada a partir da sua massa específica e sabendo que
∀água = ∀aço:
kg
mágua águaágua 1.103 3 1, 28.103 (m3 )
m
, .106 kg
mágua 128
75
Unidade II
m
Págua máguag 1, 28.106 kg 10 2
s
Págua E 1, 3.107 N
Paço maçog 1.108 N
Como mostrado pelos resultados, o peso do aço é muito maior do que a força de empuxo (igual ao
peso da água deslocada), de modo que o aço permanecerá submerso.
B) Qual é a força de empuxo máxima que a água poderia exercer sobre essa mesma massa de aço
agora moldada no formato de um barco que deslocaria 1.105 m3 de água?
Solução:
A massa de água deslocada é encontrada a partir da sua relação com a massa específica e volume:
kg
mágua águaágua 1.103 3 1.105 (m3 )
m
mágua 1.108 kg
m
Págua máguag 1.108 kg 10 2
s
Págua E 1.109 N e Paço 1.108 N
A força máxima de empuxo é dez vezes o peso do aço, ou seja, o navio pode transportar uma carga
de nove vezes o seu próprio peso sem se afundar.
O papel alumínio usado na sua casa tem aproximadamente 0,016 mm de espessura. Use um pedaço
desse papel alumínio com medidas de 10 cm por 15 cm.
B) Se a folha é dobrada resultando em quatro lados, e clipes de papel e arruelas são adicionados a
esse “barco”, que forma do barco lhe permitiria segurar mais carga quando colocado na água? Teste a
sua previsão.
76
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
5.2 Pressão
Como mencionado anteriormente, um fluido exercerá uma força normal em qualquer fronteira que
esteja em contato com ele. Uma vez que esses limites podem ser grandes e a força pode diferir de lugar
para lugar, é conveniente trabalhar em termos de pressão P, que é a força por unidade de área.
Se a força exercida em cada unidade de área da fronteira for a mesma, a pressão é dita uniforme.
F
P=
A
Uma dada força pode ter uma diferença significativa, dependendo da área sobre a qual é exercida.
A pressão é uma grandeza escalar, ou seja, suas propriedades não dependem de direção e sentido
(orientação). Contudo, a força que age sobre a área é uma grandeza vetorial, mas para o cálculo da
pressão utiliza-se somente o módulo da grandeza força.
A pressão é uma grandeza física definida para todos os estados da matéria, mas é particularmente
muito importante quando estudam-se fluidos.
Dimensão:
Lembrete
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Um astronauta está trabalhando fora da Estação Espacial Internacional, onde a pressão atmosférica
é essencialmente zero. O medidor de pressão em seu tanque de ar lê 6,90.106 Pa. Qual é a força exercida
pelo ar dentro do tanque sobre a extremidade plana do tanque cilíndrico, um disco de 0,150 m de
diâmetro?
F
A força exercida será determinada a partir da definição P = .
A
Solução:
F = P.A
Aqui, a pressão P é dada, assim como a área da extremidade do cilindro A, indicada por A = p.r2. Portanto:
2
N 0,150
F 6, 90.106 2 m
m 2
, 105
F 122
Não admira que o tanque deva ser forte. Por meio de F = P.A, nota-se que a força exercida por uma
pressão é diretamente proporcional à área.
A força exercida sobre a extremidade do tanque é perpendicular à sua superfície interna. Essa
direção se dá porque a força é exercida por um fluido estático ou estacionário e não apresenta força de
cisalhamento (forças tangenciais).
78
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
As forças que exercem pressão sobre uma área têm suas direções bem definidas: são sempre
exercidas perpendicularmente a qualquer superfície. É importante ressaltar que a pressão é exercida
em todas as superfícies.
Exemplo 2
Qual é a intensidade da força que a atmosfera exerce sobre a cabeça de uma pessoa com área em
torno de 0,042 m2?
Solução:
Considerando que a pressão P exercida pela atmosfera sobre a cabeça da pessoa é uniforme, a força
que o fluido (ar) exerce sobre a superfície pode ser calculada por P = F/A. Mesmo sabendo que a pressão
atmosférica sofre variações de acordo com o local e a hora do dia, será considerada a pressão de 1,0 atm.
Portanto:
F = P.A
5 N
1, 01.10 2
(1, 0atm)
m 0, 042m2 è F = 4,2.103 N
1, 0atm
Essa força de 4200 N (uma força considerável) é igual à força peso da coluna de ar acima da cabeça
da pessoa.
Exemplo 3
Um cubo de 20 cm de lado (L), feito de aço e massa m = 5 kg, é apoiado sobre uma superfície. Qual é
a pressão (P) que esse corpo exerce sobre a superfície? Considere a aceleração da gravidade g = 10 m/s2.
Solução:
Sabendo que:
A = L.L e F = P.A
m.g = P.L.L
mg
P
L2
5 10
P è P = 1250 N/m2 = 1,25 kPa
0, 22
79
Unidade II
Exemplo 4
Solução:
F
F = P.A è P =
A
5110
P 850000 N/m2 850 kPa
0, 0006
Sob a água, a pressão exercida em um ponto aumenta com a profundidade. Nesse caso, a pressão
exercida sobre um ponto a uma determinada profundidade é resultado do peso da água sobre o ponto
mais o peso da atmosfera.
É fácil notar que a mudança de pressão atmosférica percebida em um elevador depende de uma
viagem de vários metros, mas no mergulho em uma piscina, essa mudança é rapidamente percebida a
poucos metros de profundidade. Semelhante fato se deve à grande diferença entre as massas específicas
da água e do ar – uma vez que a água é 775 vezes mais densa que o ar.
h P= m.g
80
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
O fundo do reservatório suporta o peso do fluido. Sabendo que a pressão exercida no fundo é o peso
do fluido dividido pela área do fundo do reservatório:
mg
P
A
m
A h
m A h
Substituindo na equação anterior, que define a pressão exercida em um ponto a uma determinada
profundidade:
A h g è P h g
P
A
Observação
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
B) Calcule a força exercida contra a barragem e compare com o peso da água na barragem
(previamente encontrado: 1,96.1013 N).
81
Unidade II
h
F
Barragem
Figura 38
Solução:
P = r.g.h
kg m
P 103 3 10 2 40(m)
m s
N
F 3, 92.105 2 4.104 m2
m
, .1010 N
F 157
Discussão:
Apesar de essa força ser grande, ela é pequena se comparada com o peso da água no reservatório
1,96.1013 N. Assim, a força encontrada representa somente 0,08% da força peso. Note que a pressão
encontrada no item A) é completamente independente da largura e do comprimento, ou seja, depende
somente da profundidade média da barragem.
Então a força depende somente da profundidade média e das dimensões da barragem, não
dependendo da extensão horizontal do reservatório. Na figura, a espessura da barragem aumenta com
a profundidade para equilibrar o aumento da força devido ao aumento da pressão.
82
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Exemplo 2
Calcule a massa específica média da atmosfera, dado que ela se estende até a altitude de 120 km.
Solução:
Considerando:
P=ρ.g.h
Tem-se:
P
gh
1, 01.105 N / m2
2 3
è 8,59.10-2 kg/m3
10(m / s ) 120.10 (m)
Discussão:
Esse resultado representa a massa específica média do ar entre a superfície terrestre e a altura
máxima da atmosfera em relação à Terra (120 km); r, ao nível do mar, é considerada 1,29 kg/m3 –
aproximadamente 15 vezes o valor médio encontrado.
Isso se dá devido ao fato de o ar ser um fluido muito compressível. Assim, sua massa específica é
maior próximo à superfície terrestre e diminui rapidamente com o aumento da altitude.
Exemplo 3
Calcule a profundidade abaixo da superfície da água, na qual a pressão, devido ao peso da água, é
igual a 1 atm.
Solução:
Considerando:
P=ρ.g.h
Tem-se:
P
h
g
83
Unidade II
1, 01.105 (N / m2 )
h 10, 3m
10(m / s2 ) (103kg / m3 )
Observação
Apenas 10,3 m de água criam a mesma pressão que 120 km de ar. Como
a água é praticamente incompressível, negligencia-se qualquer alteração
em sua massa específica nessa profundidade.
A Lei de Stevin pode ser entendida como a diferença de pressão (DP) entre dois pontos de um fluido
em equilíbrio estático e é definida pelo produto da massa específica do fluido (r), pela aceleração da
gravidade (g) e pela diferença de cotas dos dois pontos (h).
y1 = 0
y2
P1 = pressão atmosférica
P2 y2 g
P P2 P1 y2 g P2 P1
P2 Patm y2 g
84
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Um reservatório é utilizado para armazenar óleo de soja com massa específica r = 0,916 g/cm3.
Calcule a pressão em Pa e a pressão absoluta em atm no fundo do reservatório, sabendo que ele possui
5 m de profundidade e está completamente cheio.
Solução:
g 1 kg cm3 m
P h g P 0, 916 3 3 106 3 5(m) 10 2
cm 10 g m s
P = 45800 Pa
Pressão P em atm:
1 atm
45800 Pa 0, 45atm
1, 01.10 Pa
5
85
Unidade II
Exemplo 2
Em colunas de líquidos, a pressão manométrica também pode ser chamada de pressão hidrostática.
Sendo assim, determine a pressão hidrostática exercida por uma coluna vertical de óleo de soja de 3 m
até a base, sabendo que essa coluna é aberta no topo. Determine, além disso, a pressão absoluta em atm
nesse mesmo ponto. Considere a massa específica do fluido r = 0,916 g/cm3.
Solução:
g 1 kg cm3 m
P h g P 0, 916 3 3 106 3 3(m) 10 2
cm 10 g m s
P = 27480 Pa
Pressão P em atm:
1 atm
27480 Pa 0, 27atm
1, 01.105 Pa
O tubo em forma de U, conforme a figura a seguir, é preenchido com dois fluidos não miscíveis que
se encontram em equilíbrio hidrostático. No lado direito, tem-se o fluido A, de massa específica rA e,
no lado esquerdo, o fluido B, de massa específica rB. Os valores das alturas das colunas de fluido estão
indicados na figura.
B A
L
Interface
86
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
A pressão no ponto de interface (Pint.) entre os fluidos (lado esquerdo) depende da massa específica
(rB) e da altura do fluido B acima da interface.
O fluido A do lado direito, à mesma altura (posição da interface), está submetido à mesma
pressão (Pint.). Tal fato se deve ao equilíbrio estático, no qual as pressões em pontos no fluido A
no mesmo nível são iguais, mesmo que eles estejam separados horizontalmente, como é a caso
mostrado na figura anterior.
Ainda observando a figura, nota-se que o fluido B do lado esquerdo fica mais alto do que
quando comparado à altura do fluido A à direita do tubo U. Isso se deve ao fato de a massa
específica do fluido B ser menor que a do fluido A. As duas colunas produzem a mesma pressão
(Pint) na interface.
Pint P0 A g l
Pint P0 B g (l d)
P0 A g l P0 B g (l d)
A l B (l d)
Conforme mostrado na equação anterior, a relação final entre as massas específicas e as alturas das
colunas mostra que as alturas medidas a partir do nível de separação entre dois fluidos são inversamente
proporcionais às suas massas específicas.
Como observação adicional, ainda na equação anterior, nota-se a não dependência da pressão
atmosférica e da aceleração da gravidade.
É importante constatar que os vasos comunicantes são amplamente utilizados para estabelecer
relações entre as massas específicas de, no mínimo, dois ou mais tipos de fluidos.
87
Unidade II
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
O sistema de vasos comunicantes apresentado a seguir é utilizado para testar a massa específica de
líquidos. Incialmente o sistema é preenchido com água (rágua = 1 g/cm3) e quando é despejado outro
líquido, o sistema entra em equilíbrio hidrostático. Determine a massa específica desse líquido.
Líquido
h1 = 22 cm Água
h2 = 18 cm
Figura 41
Solução:
L g h1 água g h2
água h2 1000 0,18
L
h1 0, 22
L 818,18kg / m3
Exemplo 2
A figura que segue representa vasos comunicantes, com dois fluidos não miscíveis e homogêneos.
Sabendo que o sistema encontra-se em equilíbrio hidrostático, determine a razão entre as massas
específicas do fluido B e do fluido A.
B h3 = 12 cm
h1 = 22 cm
h2 = 12 cm
A
Figura 42
88
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Solução:
A g (h1 h2 ) B g h3
B (h1 h2 )
A h3
B (22 12)
B 0, 83
A 12 A
Como já é de conhecimento, a pressão é definida como a força por unidade de área. Agora, a questão
é: a pressão pode ser aumentada em um fluido simplesmente empurrando o fluido? A resposta é: sim,
mas é muito mais fácil se o fluido estiver em um compartimento fechado.
Por exemplo, o coração aumenta a pressão arterial, empurrando o sangue num sistema fechado
(válvulas fechadas numa câmara). Caso se tente empurrar um fluido num sistema aberto, tal como um
rio, o fluido flui para longe. Já o fluido, em um sistema fechado, não pode fluir para fora, e por isso a
pressão é mais facilmente aumentada por uma força aplicada.
Entenda o que acontece com a pressão em um fluido fechado – os átomos do fluido estão livres
para se movimentar, transmitindo a pressão para todas as partes do fluido e também às paredes do
recipiente. Assim, pode-se afirmar que a pressão transmitida não se altera.
O fenômeno descrito é chamado de Princípio de Pascal (também conhecido como Lei de Pascal):
uma mudança na pressão aplicada a um fluido fechado é transmitida, sem diminuir, a todas as porções
do fluido e também para as paredes do seu recipiente.
Além disso, a Lei de Pascal implica que a pressão total num fluido se dá pela soma das pressões
exercidas por diferentes fontes.
Saiba mais
89
Unidade II
Uma das mais importantes aplicações tecnológicas da Lei de Pascal é encontrada num sistema
hidráulico, constituído por um sistema de fluido fechado utilizado para exercer forças.
F2
F1
A1 A2
P1 = P2
A figura anterior representa um sistema hidráulico típico com dois cilindros cheios de certo fluido,
fechados com pistões e ligados por um tubo chamado de linha hidráulica.
No pistão esquerdo de área A1 é aplicada uma força F1 descendente, criando uma pressão que é
transmitida, sem diminuir, a todas as partes do fluido (que se encontra fechado). Assim, sobre o pistão
direito de área A2 resultará uma força F2 para cima maior do que F1, pois o pistão direito tem uma
área maior.
Aplicando a Lei de Pascal ao sistema hidráulico anterior, é possível desenvolver uma relação simples
entre as forças e as áreas. Primeiramente, note que os dois pistões do sistema possuem a mesma altura,
portanto não haverá nenhuma diferença de pressão devido a uma diferença de profundidade.
F1
F1 : P1 =
A1
De acordo com o Princípio de Pascal, a pressão é transmitida, sem se alterar, através do fluido e para
as paredes do sistema. Então, a pressão P2 sentida no outro pistão é igual à pressão P1. Sendo:
F2
=P2 = e P1 P2 è F1 = F2
A2 A1 A2
90
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Essa equação refere-se às razões entre força e área em qualquer sistema hidráulico, desde que os
pistões tenham a mesma altura vertical e o atrito no sistema seja desprezível.
Os sistemas hidráulicos podem aumentar ou diminuir a força aplicada sobre eles. Para tornar uma
fora maior, a pressão deve ser aplicada em uma área maior, por exemplo: se uma força de 100 N é
aplicada ao cilindro da esquerda (figura anterior) e o cilindro da direita tem uma área cinco vezes maior.
Sendo assim, a força aplicada no cilindro da direita será de 500 N.
Sistemas hidráulicos são análogos às alavancas simples, mas ainda com a vantagem de que a pressão
pode ser transferida através de linhas curvas para vários lugares e ao mesmo tempo.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Na figura que segue é apresentada uma prensa hidráulica com êmbolos de massa desprezíveis e
diâmetros de 80 cm e 20 cm. Determine a força necessária a ser aplicada no êmbolo D para que a massa
indicada possa ser equilibrada no êmbolo C.
F
C D
Figura 44
Solução:
Sabendo que:
A C RC2 1600cm2
AD RD2 100cm2
FC F F
D FD AD C
A C AD AC
FC 1
FD 100(cm2 ) FD FC
1600(cm2 ) 16
91
Unidade II
Analisando o Diagrama do Corpo Livre para o corpo C, e lembrando que o sistema atinge equilíbrio:
FC = 1200 N.
1200 N
C
FC
Figura 45
1 1
FD FC 1200
16 16
FD 75N
Exemplo 2
O sistema ilustrado encontra-se em equilíbrio estático, e uma pressão P1 = 300 kPa foi aplicada
conforme indicado. Sabe-se que a mola está comprimida de x = 6 cm e que sua constante elástica é de
k = 200 N/cm. As áreas dos cilindros 1, 2 e da haste são de 40 cm2, 20 cm2 e 2 cm2, respectivamente.
Determine a pressão no cilindro 2 (P2).
Fmola
A1
P1 F1
P1
A2 F2
P2
Figura 46
92
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Solução:
Fmola F1 F2 0
F
Sendo P F P A e Fmola k x
A
k x P1 ( A1 AH ) P2 A2 0
k x P1 ( A1 AH )
P2
A2
200(N / cm) 6(cm) 3.105 (Pa) (40 2) 10 4 (m2 )
P2
20 10 4 (m2 )
P2 30000N / m2 30kPa
Exemplo 3
Qual deverá ser a força aplicada na alavanca, mostrada na figura, para que o sistema suporte uma
massa de 800 kg e permaneça em equilíbrio estático? Considere os raios dos cilindros: R1 = 30 cm e
R2 = 6 cm.
R1
R2
A 40 cm B 20 cm
C
F
Figura 47
93
Unidade II
Solução:
F1
F2
F3
F F3
Figura 48
F
P F P A e P mg
A
Cilindro 1: P F1 0 e P F1 mg P1 A1
mg
m g P1 (R1)2 P1
(R1)2
800(kg) 10(m / s2 )
P1 2 2
P1 28571, 43N / m2
0, 3 (m )
Cilindro 2 : F2 F3 0 F2 F3 F3 P1 A2
F3 P1 (R2 )2
F3 28571, 43(N / m2 ) 0, 062 (m2 ) F3 323,13N
Alavanca: M 0 MF MF3 F AB F3 BC
F3 BC 323,13(N) 0, 2(m)
F
AB 0, 4(m)
F 161, 56N
94
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Exemplo 4
O macaco hidráulico, representado a seguir, deverá suportar um corpo de massa 600 kg.
Desconsiderando as massas dos pistões A e B com diâmetros de 100 mm e 25 mm, respectivamente,
qual deve ser o valor da força F?
C 600 kg
450 mm 60 mm
D A
Óleo
Figura 49
Solução:
F
P F P A e P mg
A
Pistão A : P FA 0 P FA mg Póleo A A
mg
m g Póleo (RA )2 Póleo
(RA )2
600(kg) 10(m / s2 )
Póleo Póleo 769, 23KPa
0, 052 (m2 )
Pistão B : FC FB 0 FC FB FC Póleo AB
FC Póleo (RB )2
FC 769, 23.103 (N / m2 ) 0, 01252 (m2 ) FC 377, 59N
Exemplo 5
A figura a seguir representa um sistema de freio. Sabendo que o pé do operador aplica uma força de
F = 15 kgf no pedal, determine as forças resultantes nos cilindros 1 e 2.
Dados:
Cilindro 2
Pedal
Figura 50
Solução:
Alavanca do pedal
M A 0
F 0, 25 F1 0,1
F1 2, 5F
10 cm
F1
15 cm
Figura 51
96
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Cilindro mestre
F1 F2
F 0, 25 P1 A CM
15 0, 25 P1 0, 02
P1 1875kgf / m2
A1
F1 P1
F2
Figura 52
Cilindro 1
F3 P1 A C1
F3 1875 0, 04
F3 75kgf
P1
F3
Figura 53
Cilindro 2
F4 P1 A C2
F4 1875 0, 06
F4 112, 5kgf
P1
F4
Figura 54
97
Unidade II
Um sistema hidráulico simples, assim como uma máquina simples, pode aumentar a força, mas não
pode realizar mais trabalho do que o realizado por ela.
Lembrando que o trabalho é a força vezes a distância percorrida, para um sistema hidráulico,
o cilindro secundário se move por uma distância menor do que o cilindro mestre. Além disso,
quanto mais cilindros secundários forem adicionados, menor será a distância em que cada um
se moverá.
Observação
6 MEDIDORES DE PRESSÃO I
Em um fluido com uma superfície livre de pressão, numa profundidade qualquer (y2) medida a partir
da superfície livre (y1 = 0), a pressão é dada por:
Sendo:
(y1 – y2) = h
y1 = 0
y2
P = r.g.h + Patm
98
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Constantemente vive-se sob a pressão da atmosfera, e tudo mais que existe está sob essa
pressão. É conveniente, e feito com frequência, tirar a pressão atmosférica adotando-a como
referência. Assim, as pressões são citadas como acima ou abaixo da pressão atmosférica (Patm).
Uma pressão relativa à pressão atmosférica é chamada de pressão manométrica (PMAN ou PM) e pode
ser definida como:
PM = r.g.h
O limite inferior de qualquer valor de pressão é zero – pressão no vácuo perfeito. Qualquer pressão
medida acima do limite inferior é conhecida como pressão absoluta (Pabsoluta):
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Admitindo uma pressão de P = 500 kN/m2, massa específica da água rH2O = 1000 kg/m3 e considerando
aceleração da gravidade g = 10 m/s2, determine:
P gh
P 500.103
h
g 1000 9, 8
h 50, 95 metros de água
P gh
P 500.103
h
g 13, 6 103 9, 8
h 3, 75 metros de Mercúrio
99
Unidade II
Saiba mais
6.1 Barômetro
O barômetro é um dispositivo responsável por medir a pressão atmosférica num determinado local
de interesse.
Um barômetro de mercúrio é mostrado na figura seguir. A altura do mercúrio é tal que: Patm = rHg.g.h.
A pressão barométrica é uma pressão absoluta, pois tem-se vácuo acima da coluna de mercúrio dentro
do tubo.
Patm
H
Hg
Quando a pressão atmosférica varia, a coluna de mercúrio sofre alguma alteração (sobe ou desce).
Portanto, o barômetro também pode ser usado como altímetro, uma vez que a pressão atmosférica
média do local varia com a altitude.
100
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Um barômetro é utilizado para medir a pressão atmosférica ao nível do mar, conforme ilustrado
a seguir. Considerando a aceleração da gravidade local g = 9,8 m/s2 e a massa específica do mercúrio
rHg = 1,36.104 kg/m3, determine a pressão no ponto 0.
PO
76 cm
C 0
Mercúrio
(Hg)
Figura 57
P0 = Vácuo de Torricelli
Solução
P0 = PC
Patm = P0 + rHg.g.h
Patm = 0 + 1,36.104.9,8.0,76
Exemplo 2
Patm
68cm
C B
Mercúrio
(Hg)
Figura 58
Solução:
PC = PB
Patm = PA + rHg.g.h
Patm = 0 + 1,36.104.9,8.0,68
6.2 Manômetros
A pressão manométrica, descrita anteriormente e definida como PM = r.g.h, pode ser dada pela
medida da altura vertical de qualquer fluido de massa específica (r).
A pressão manométrica representa a diferença entre a pressão medida pelo instrumento e a pressão
atmosférica no local, ou seja, pressão relativa à atmosférica.
A fim de obter o valor da pressão absoluta basta somar a pressão manométrica obtida pelo manômetro
com o valor da pressão atmosférica local.
De acordo com a definição, a pressão manométrica medida ao ar livre será sempre zero.
102
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
6.2.1 trico
h1
h2
Sendo o tubo aberto à atmosfera, a pressão medida será relativa à pressão atmosférica.
PA = r.g.h1
PB = r.g.h2
O manômetro de tubo piezométrico é usado somente para líquidos (isto é, não é utilizado para
gases) e apenas quando é conveniente medir a altura do líquido. O medidor não deve ser muito pequeno
ou muito grande e as alterações na pressão devem ser acusadas.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
A figura a seguir representa um piezômetro o qual possui uma inclinação de 30o em relação à
horizontal. Sabendo que o fluido A é água (rH2O = 1,00.103 kg/m3) e o B mercúrio (rHg = 1,36.104 kg/m3),
determine a pressão P1:
103
Unidade II
B
cm
= 10
C 2
h2
5 cm
=1
C1 h1
30º
P1
A
Figura 60
Solução:
h1 = C1.sen30o
h2 = C2.sen30o
P1 = rH2O.g.h1 + rHg.g.h2
P1 = 1,00.103.10.(0,15.sen30o) + 1,36.104.10.(0,15.sen30o)
Tubo flexível
Ponteiro
Articulação
Engrenagem
Entrada de pressão
104
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
As regiões interna e externa do tubo metálico estão sujeitas às pressões P1 e P2, respectivamente.
Assim, o manômetro indicará a diferença das pressões (P1 – P2).
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Ar_Câmara 1
20 cm
1
Solução:
Câmara 1
Manômetro 1
Manômetro 2
Exemplo 2
Determine a leitura do manômetro metálico representado a seguir, sabendo que as massas específicas
do fluido manométrico e da água são rM = 600 kg/m3 e rH2O = 1000 kg/m3, respectivamente.
Ar
Ar
Fluido
h1 = 10 cm manométrico
h3 = 30 cm
Água
h2 = 20 cm
Figura 63
Solução:
PM = 400 N/m2
7 MEDIDORES DE PRESSÃO II
O manômetro de tubo em U permite que as pressões de ambos os fluidos, líquidos e gases, sejam
medidas com o mesmo instrumento. O tubo em U está conectado ao reservatório, conforme figura a
seguir, e preenchido com um fluido denominado fluido manométrico.
106
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
O fluido cuja pressão está sendo aferida deve apresentar uma massa específica menor que a do
fluido manométrico, e os dois fluidos devem ser imiscíveis.
A h2
h1
B C
PB = PC
PB = PA + r . g . h1
PC = Patmosférica + ρman.g.h2
PB = PC
PA = ρman . g . h2 - r . g . h1
Se o fluido a ser medido for um gás, sua massa específica será, provavelmente, muito menor que a
massa específica do fluido manométrico. Nesse caso, os termos r.g.h1 podem ser omitidos, e a pressão
atmosférica será dada por:
PA = ρman . g . h2
107
Unidade II
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
A figura que segue ilustra um tubo em U e, no seu interior, estão três imiscíveis. Sabendo que as
massas específicas dos fluidos 1, 2 e 3 são: r1, r2 e r3 respectivamente, determine o valor da cota L.
1 L1
3 L
Figura 65
Solução:
L L1
2 1
2 – 3
Exemplo 2
Determinar a pressão PA, sabendo que o fluido 2 é mercúrio (rHg = 1,36.104 kg/m3) e o fluido 1, água
(rH2O = 1,00.103 kg/m3).
h3 = 30 cm
PA
h2 = 5 cm
C D
h1 = 10 cm
1
2
Figura 66
108
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Solução:
PC = PD
Exemplo 3
Logo a seguir, é representado um sistema de alavancas, sendo que uma força F = 80 N é aplicada
com o objetivo de levantar a carga P. Sabendo que a área do cilindro A é AA = 20 cm2 e a área do cilindro
B é AB = 100 cm2, determine o valor da massa P e a altura h do mercúrio.
AB P
F
AA
60 cm
Água
C
30 cm
h
Mercúrio
Figura 67
Solução:
Alavanca:
MC 0
F 0, 6 F1 0, 3
F1 2F
109
Unidade II
60 cm
C
30 cm
F1
Figura 68
No cilindro A:
F1 F2
2F
2F Págua A A Págua
AA
2 80
Págua 8, 0 104 N / m2 80kPa
0, 002
AA
F1 F2
Figura 69
No tubo em U:
Água Mercúrio
Figura 70
110
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
No cilindro B:
F3 P
Págua AB m g
Págua AB 8, 0 104 0, 01
m
g 10
m 80kg
AB P
F3
Água
Figura 71
• Resposta lenta: só são realmente úteis para pressões que variam muito lentamente, não sendo
indicados para medições de pressões flutuantes.
• No caso do manômetro de tubo em U, duas medições devem ser tomadas simultaneamente para
se determinar o valor h.
• Na maioria das situações utilizando manômetros, é difícil medir pequenas variações de pressão.
• Os manômetros não podem ser usados para medidas de grandes pressões, a menos que sejam
ligados vários manômetros em série.
• Para um trabalho com temperatura controlada, a relação de dependência da massa específica com
a temperatura deve ser conhecida.
111
Unidade II
Considere o manômetro ilustrado no exemplo seguir. Por meio da equação manométrica é possível
determinar a pressão de um dos reservatórios ou a diferença de pressão entre os dois reservatórios.
Utilizando a Lei de Stevin e também a Lei de Pascal, analisa-se o sistema para determinar o que se pede.
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
Quando o ar está aquecido, o sistema encontra-se conforme figura que segue. Posteriormente, a
temperatura do ar é diminuída e o nível da água sobe 1 cm. Nessas condições, determine a leitura inicial
e final do manômetro.
Dados:
AA = 20 cm2
Ar
h = 30 cm H2O AB = 2 cm2
Hg
Solução:
Considerando que o sistema esteja em equilíbrio, a pressão no mesmo nível será a mesma. Sendo
assim, calcula-se a pressão do sistema do lado esquerdo e também do lado direito, finalmente igualando
essas pressões:
112
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
PM = 0,3.(13,6.104 – 1,0.104)
Volume deslocado:
X A y B
0, 01 0, 002 y 0, 0002 y 0,1m
hH2O (h y ) x (0,33 0,1) 0, 01
hH2O 0, 21m
hHg h 2 y 0, 3 0, 2 hHg 0,1m
PAR = PM
Par Hg hHg H2O hH2O
Par 13, 6 104 0,1 1, 0 104 0, 21
Par 13, 6 103 2,1103 Par 11, 5Pa
Até o momento, foram estudados alguns conceitos de estática dos fluidos que serão importantes
para a compreensão no estudo das forças exercidas em superfícies submersas:
A pressão de um fluido em uma superfície é definida como força por unidade de área. Uma vez que
o fluido está em repouso, a força atuará perpendicularmente à superfície.
113
Unidade II
Em um plano submerso, todas as forças agindo podem ser representadas por uma única, a força
resultante, que atuará perpendicularmente à superfície plana no ponto chamado centro de pressão ou
centro das pressões (FCP – força resultante aplicada no centro de pressão).
A pressão que atua no plano será igual em todos os pontos da superfície. Assim, a força resultante
será dada por:
Logo a seguir serão descritas as distribuições de força e de pressão que um líquido exerce sobre uma
superfície submersa plana vertical.
Q Superfície livre
hCG
CG hCP
F h
CP
h’CG M N h’CP
P=γ.h
Q’
CG
F’
CP
M’ N’
Figura 73 – Distribuição da força e da pressão sobre uma superfície plana vertical submersa em líquido
Considere o plano QM. A pressão efetiva pode variar desde zero (superfície livre) até MN.
Seguindo o plano vertical, a pressão sofrerá uma variação linear desde a superfície livre até o
fundo do plano, uma vez que a pressão é diretamente proporcional à profundidade. Sendo assim,
a pressão varia de ponto a ponto.
Do lado do plano vertical em que está contido o líquido, a força resultante (F) será determinada por:
F P dA
sendo dA a área elementar da superfície plana vertical em que age determinada pressão P. A
força resultante agirá no centro de pressões (CP), o qual se localiza no ponto das maiores pressões e
encontra‑se abaixo do centro de gravidade (CG). À medida que se afunda no plano vertical, atingindo
Q’M’, o CP aproxima-se do CG, uma vez que as pressões atingem valores mais uniformes.
Num segundo momento, a superfície plana submersa, antes vertical, encontra-se inclinada de q em
relação à superfície livre. A análise a seguir permite determinar a força resultante das pressões no plano
em estudo.
114
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
O Superfície livre
θ
Q hCG
y dy
F
CG
yCG CP
M
yCP
dF = P . dA è P = γ . h e h = y . senθ
dF y sen dA
F sen y dA
1
A
yCG y dA
F sen y CG A
Considerando:
Em vista disso, a força resultante F é determinada pelo produto da pressão no centro de gravidade
PCG e pela área da superfície plana submersa A. É importante ressaltar que F independe da inclinação
entre a superfície livre e a superfície plana submersa, desde que CG se mantenha fixo.
115
Unidade II
dF y sen dA
Lembrando que o momento de uma força é dado pelo produto da força (dF) pela distância
perpendicular ao eixo (y), considerando O como o ponto fixo (polo):
y dF y ( y sen dA ) y dF y2 sen dA
Considerando que a resultante das forças de pressão seja F e a distância do ponto de aplicação até
o polo seja yCP:
y CP dF y2 sen dA
y CP dF sen y2 dA
y CP F sen Io
sen Io sen Io
y CP
F sen y CG A
Io
y CP
y CG A
Utilizando-se o Teorema dos Eixos Paralelos, o momento de inércia da área A (IO) pode ser expresso,
sendo ICG o momento de inércia da área A calculado em relação ao eixo que passa pelo seu centro de
gravidade (CG).
Io ICG y CG2 A
sendo ICG o momento de inércia da área A calculado em relação ao eixo que passa pelo seu centro
de gravidade (CG).
IO ICG y CG2 A I
y CP y CP y CP CG y CG
y CG A y CG A y CG A
116
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Logo a seguir, são descritos os momentos de inércia para algumas geometrias mais comuns em
relação ao eixo que passa no centro de gravidade (CG) e paralelo ao eixo x.
Tabela 20
Momento de
Formato Área inércia (Icg)
Retângulo
b
b ⋅ h3
b.h
h CG 12
Triângulo
b ⋅h b ⋅ h3
CG
h 2 36
h/3
b
Circunferência
R R4
CG R2
4
Semicircunferência
R2
R 0,1102 ⋅R4
CG 2
4R/3p
117
Unidade II
Exemplo de aplicação
Exemplo 1
A figura que segue representa uma comporta quadrada (vista de perfil), podendo girar ao redor do
ponto D. Determine a força F para que o sistema permaneça em equilíbrio, sabendo que o fluido contido
dentro do reservatório é água.
F
CG
Figura 75
Solução:
Admitindo que o centro de gravidade (CG) encontra-se no centro da comporta quadrada, então
y’ = y/2 = 1,2 m.
F
y’
yCP
y CG
FP
Figura 76
FP = P.A
FP = r.g.y’.y2 è 10000.1,2.2,42
FP = 64120 N
118
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
y4
ICG 12
y CP y ’ è y CP y ’ y
y ’ A y2
2
(2, 4 )4
y CP y ’ 12 è y y ’ 0, 4m
CP
2, 4 2
(2, 4 )
2
x = y/2 – (yCP - y’) è x = 0,8 m
FP x
F y FP x è F
y
69120 0, 80
F è F = 23040N
2, 4
Exemplo 2
A comporta vista de perfil, representada pela figura a seguir, permanece fechada devido à ação da
força F, sabendo que a pressão no fundo do reservatório é de 4,8.104 N/m2. A comporta possui dimensões
quadradas e contém um fluido com peso específico g = 3,0.104 N/m3. Determine o valor da força F.
F
γ = 3,0.104 N/m3 E
Figura 77
Solução:
Pfluido = g.y
Pfluido 3, 0 104
y è y
4, 8 104
y = 1,6 m
Admitindo que o centro de gravidade (CG) encontra-se no centro da comporta quadrada, então
y’ = y/2 = 0,8 m.
119
Unidade II
y’
yCP
y
FP
Figura 78
FP = P.A
FP = g.y’.y2 è 3,0.104.0,8.1,62
FP = 61440 N
y4
ICG 12
y CP y ’ è y CP y ’ y
y ’ A y2
2
, )4
(16
y CP y ’ 12 è y CP y ’ 0, 2667m
16
,
(1, 6)2
2
FP x
F y FP x è F
y
61440 0, 53
F è F = 2035N
16
,
120
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
Resumo
121
Unidade II
Exercícios
Questão 1 (PUC-RIO 2009). Um bloco de massa m = 9000 kg é colocado sobre um elevador hidráulico,
como mostra a figura a seguir. A razão entre o diâmetro do pistão (dP) que segura a base do elevador e o
diâmetro (dF) onde deve-se aplicar a força F é de dP/dF = 30. Encontre a força necessária para se levantar
o bloco com velocidade constante. Considere g = 10 m/s2 e despreze os atritos.
m F
dP dF
Figura 79
A) 100 N.
B) 300 N.
122
ESTÁTICA DOS FLUIDOS
C) 600 N.
D) 900 N.
E) 1000 N.
Análise da questão
Aplicando-se a fórmula:
Ou:
Logo:
Ou ainda:
P / AP = F / AF
P / F = AP / AF
AP / A F = (dP/2)².pi / (df/2)² . pi
AP/ AF = dP² / dF² = 30²
P / F = 900
123
Unidade II
F = 100 N
F1
A1
A2
F2
Figura 80
A) 16
B) 1/16
C) 1/4
D) 4
E) 1
124
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
Figura 2
Figura 9
Figura 25
ASHCROFT, F. M. A vida no limite: a ciência da sobrevivência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001. p. 33.
Figura 50
Grupo UNIP-Objetivo.
Figura 51
Grupo UNIP-Objetivo.
Figura 52
Grupo UNIP-Objetivo.
Figura 53
Grupo UNIP-Objetivo.
Figura 54
Grupo UNIP-Objetivo.
Figura 55
Grupo UNIP-Objetivo.
125
Figura 57
Figura 62
Grupo UNIP-Objetivo.
REFERÊNCIAS
Textuais
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CENTRO DE ENSINO E PESQUISA APLICADA. Arquimedes. E-física, 2007a. Disponível em: <http://efisica.
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ÇENGEL, Y. A.; CINBALA, J. M. Mecânica dos fluidos: fundamentos e aplicações. Porto Alegre:
Mcgraw-Hill, 2015.
CHAVES, A. Física: sistemas complexos e outras fronteiras. Rio de Janeiro: Reichmann Affonso, 2001. 4 v.
___. Física básica: gravitação, fluidos, ondas, termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2007.
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HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física. Rio de Janeiro: LTC, 2012. 2 v.
126
___. Metrologia científica. Inmetro, 2012b. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/metcientifica/
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Exercícios
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Acesso em: 10 maio 2016.
Unidade I – Questão 2: COLÉGIO MARISTA. Caderno de atividades: Física – cinemática. 2015. Questão 2.
Disponível em: <http://marista.edu.br/diocesano/files/2015/02/Apostila-1%C2%BA-E.M-Parte-II.pdf>.
Acesso em: 10 maio 2016.
Unidade II – Questão 1. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA (PUC-RJ). Vestibular 2009. 2009. Questão 9.
Disponível em: <http://www.puc-rio.br/vestibular/repositorio/provas/2009/download/provas/VEST2009
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000