Modelo de Estrutura de Contestação PDF - Aula Ao Vivo

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XXX VARA CÍVEL DA

COMARCA DE BELO HORIZONTE - MG


(juízo do endereçamento)
(a contestação será sempre dirigida ao juízo que determinou a citação do réu, ainda que se
alegue a sua incompetência)

Autos n. 0000123-45.2021.8.12.0001 = identificação do processo


(é fundamental indicar o número dos autos em que tramita o processo para que a petição seja
devidamente anexada. Mesmo havendo entendimento jurisprudencial de que se apresentada
tempestivamente em processo distinto por erro na identificação do processo, não será
considerada revelia, trata-se de nova discussão, que retardará o julgamento de mérito.1
Segue a ementa da jurisprudência mencionada:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. NECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE
AFRONTA AO ART. 535 DO CPC/73. CONTESTAÇÃO APRESENTADA DENTRO DO
PRAZO LEGAL. EQUÍVOCO NA NUMERAÇÃO DO PROCESSO. AUSÊNCIA DE MÁ-
FÉ. MERO ERRO MATERIAL. REVELIA AFASTADA PELO TRIBUNAL A QUO. AGRAVO
DESPROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência do STJ, em consonância com o princípio da
instrumentalidade das formas, o rigorismo formal pode e deve ser abrandado nas
hipóteses de vício formal sanável e inexistência de má-fé. Precedentes.
2. Hipótese em que a revelia, declarada em primeira instância, foi afastada pelo
Tribunal a quo porque verificado que a contestação apresentada seria tempestiva
e não teria sido encartada nos autos em razão de erro de endereçamento, uma vez
que indicado número correspondente a outro processo entre as mesmas partes,
que tramita na mesma vara. Não há, assim, que se falar em revelia.
3. "Caracterizada a tempestividade da peça processual, sobre ela não poderiam
recair a revelia e seus graves efeitos, ainda mais quando tudo leva a concluir pela
ausência de má-fé na conduta da contestante, nem intenção de obter qualquer
vantagem processual" (REsp 1.355.829/RJ, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 14/05/2013, DJe de 1º/07/2013).
4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ, AgInt no AREsp 565.559/SP,
Quarta Turma, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 21/09/2020, DJe 08/10/2020) ).

1
QUALIFICAÇÃO DAS PARTES:

OASIS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.


00.111.000/0001-00, com endereço na Avenida das Américas, n. 999, nesta Capital e
FRANK SINATRA, brasileiro, motorista, portador do RG n. 222.222-1/SSP/MS, inscrito no
CPF n. 222.222.222-22, residente e domiciliado na Rua do Nemo, n. 444, Bairro Dory,
vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência apresentar CONTESTAÇÃO à
Ação de Indenização por Danos Morais e Materiais promovida por MICHAEL JACKSON,
já qualificado, aduzindo o seguinte:
(a indicação do nome das partes facilita que a petição chegue corretamente aos autos do
processo, bem como a qualificação da parte requerida tem o objetivo de apresentar eventuais
dados não constantes na petição inicial (por possível desconhecimento da parte requerente),
como, pro exemplo, profissão do requerido, o que é importante para eventual análise do benefício
da justiça gratuita pretendido também pelo réu, bem como corrigir eventuais dados lançados na
petição inicial, como atualização de endereço, sob pena de ser considerada qualquer intimação
pessoal da parte válida, conforme disposição do artigo 274, parágrafo único, do Código de
Processo Civil).

1) Resumo da inicial
(É conveniente abrir a contestação com uma síntese da inicial para facilitar a compreensão da
causa por parte do juiz/examinador. O advogado não deve tomar partido nesse momento,
afirmando que são inverídicas ou equivocadas as afirmações, mas simplesmente relatar os fatos
trazidos na inicial.)
A parte requerente alega que foi vítima de acidente de trânsito
causado por um veículo de propriedade da requerida Oasis e conduzido pelo requerido
Frank Sinatra, no dia 18 de abril de 2019.
Segundo o relatado na inicial, a parte requerente, acompanhado de
seu irmão, transitava pela BR 163, aproximadamente no quilômetro 149, quando,
objetivando converter para adentrar à estrada que cruza a rodovia, encostou no
acostamento e, assim que verificou a ausência de tráfego na rodovia, iniciou a conversão
à esquerda, quando foi abalroada abruptamente pelo veículo, que conduzia em alta
velocidade, causando-lhe ferimentos, inclusive sendo submetido à cirurgia, além de
prejuízos de ordem moral e material, no valor total de R$ 145.358,77 (cento e quarenta e
cinco mil trezentos e cinquenta e oito reais e setenta e sete centavos).
2) Defesas preliminares processuais
(deve ser aberto tópico próprio para apontar a matéria preliminar, que pode ser
processual ou de mérito, conforme rol constante no artigo 377, do CPC: Art. 337. Incumbe
ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: I - inexistência ou nulidade da citação; II - incompetência
absoluta e relativa; III - incorreção do valor da causa; IV - inépcia da petição inicial; V –
perempção; VI – litispendência; VII - coisa julgada; VIII – conexão; IX - incapacidade da parte,
defeito de representação ou falta de autorização; X - convenção de arbitragem; XI - ausência de
legitimidade ou de interesse processual; XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei
exige como preliminar; XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.)

2.1) Impugnação ao valor da causa

Trata-se a presente ação de indenização por danos morais e


materiais decorrentes de acidente de trânsito, à qual foi atribuído o valor de R$
100.000,00 (cem mil reais).
Ocorre que R$ 100.000,00 foi o valor atribuído ao quantum
reparatório dos danos extrapatrimoniais pleiteados. Todavia, a inicial conta, também, com
pedido de indenização por danos morais, no valor total de R$ 45.358,77 (quarenta e cinco
mil trezentos e cinquenta e oito reais e setenta e sete centavos).
Segundo o artigo 292, V e VI, do Código de Processo Civil, na ação
indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor da causa será o correspondente
ao valor da indenização e, tratando-se de pedidos cumulativos, a quantia corresponderá à
soma dos valores de todos eles.
Dessa forma, o valor da causa na presente demanda deve ser a
soma do valor da pretensão indenizatória dos danos morais e materiais, ou seja, R$
145.358,77 (cento e quarenta e cinco mil trezentos e cinquenta e oito reais e setenta e
sete centavos.
Assim, requer de Vossa Excelência seja retificado, de ofício, o valor
da causa conforme fundamentação supra.

(as razões da pretensão de acolhimento da(s) preliminar(es) já constam no corpo da peça


(tópico específico), contudo, na conclusão, haverá uma síntese do que se pedu para
facilitar a compreensão de quem lê a peça)

2.2) Impugnação à assistência judiciária gratuita


A parte requerente protestou pela concessão do benefício da
assistência judiciária gratuita, sob o argumento de que ficou impossibilitada de exercer o
seu labor no período de sua convalescença.
Todavia, Excelência, o próprio valor do veículo objeto do acidente
afasta a alegada hipossuficiência, já que não é compatível com a situação de pobreza um
veículo no valor de R$ 20.358,77 (vinte mil trezentos e cinquenta e oito reais e setenta e
sete centavos).
Ademais, a concessão do benefício teve como fundamento a mera
declaração de pobreza, o que, em tese, é suficiente para o seu deferimento.
Ocorre que, diante da existência de elementos evidenciando a
ausência dos requisitos legais, competia ao juízo a determinação de comprovação da
impossibilidade da parte requerente arcar com as custas processuais. É o que diz o artigo
99, § 2º, do Código de Processo Civil.
Ademais, a parte requerente trouxe aos autos supostos de recibos
de pagamento pela prestação de serviços, auferindo rendimentos de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais) mensais.
Ora, considerando tais documentos verdadeiros e, comparando com
o valor do salário-mínimo atual vigente, não é justo equiparar a parte requerente, que
percebe, em tese, rendimentos aproximados à cinco salários, às pessoas pobres, que
convivem com um salário-mínimo nacional.
Dessa forma, requer seja revogado o benefício da assistência
judiciária gratuita concedido à parte requerente, com a consequente intimação para o
recolhimento das custas processuais, no prazo de quinze dias, sob pena de extinção do
processo por falta de pressuposto processual, nos termos do artigo 485, IV, do CPC.
Alternativamente, pugna pela intimação da parte requerente para
que efetivamente comprove a alegada hipossuficiência, apresentando documentos como,
por exemplo, cópia das duas últimas declarações de imposto de renda; carteira de
trabalho, extratos bancários e faturas de cartão de crédito.

3) Defesas preliminares de mérito – prescrição e decadência

(à luz da legislação processual, é um erro afirmar que a prescrição é matéria processual. Nos
termos do artigo 487, II, a prescrição acarreta na prolação de sentença COM resolução de mérito,
devendo ser, portanto, alegada após a defesa processual preliminar. Também entende-se correto
a alegação de prescrição e decadência já no tópico destinado à discussão meritória da causa).
4) Defesa de mérito
(* não precisa justificar se direta e/ou indireta: impugnação dos fatos alegados
pelo autor e apresentação de fatos novo)
(terminado o tópico da preliminar (processual e de mérito), parte-se para a defesa de mérito –
momento em que serão discutidos os aspectos fáticos e de direito material referente à causa)

4.1) Versão fática do réu ou realidade fática


(é indicada a abertura de um tópico para narrar os fatos sob a perspectiva da parte requerida).

A versão trazida aos autos pela parte requerente não representa a


realidade da dinâmica do acidente de trânsito.
Efetivamente, no dia informado, o veículo identificado na inicial
(placas OOO-0001), conduzido pelo segundo requerido, envolveu-se no acidente narrado.
Todavia, ao contrário do afirmado pela parte requerente, o acidente
decorreu da mais absoluta imprudência da parte requerente, que ao deslocar-se para o
acostamento, NÃO aguardou o fluxo do trânsito para o início de sua conversão,
simplesmente entrou no acostamento, iniciando uma conversão à esquerda,
atravessando a rodovia, ingressando na frente do caminhão, dando, portanto, causa ao
acidente e a todos os prejuízos dele decorrentes.
Aliás, é de bom alvitre destacar que a parte requerida tomou
conhecimento no local, enquanto eram realizados os procedimentos de salvamento, que
a parte requerente e seu irmão haviam passado o dia inteiro ingerindo bebidas alcoólicas
na residência de sua tia, conforme consta na própria declaração de seu irmão no boletim
de ocorrência, e será ratificado na instrução processual.
Essa é a realidade dos fatos, em apertada síntese.

4.2) Da culpa exclusiva da vítima


( = defesa de mérito direta)

Ao que se vê da prefacial, toda a tese da parte requerente está


restrita na suposta culpa do motorista do caminhão, sendo oportuno advertir que não
existe na causa de pedir deduzida uma mínima explicação para dita omissão.
Com o devido respeito ao requerente, não existe a mínima
possibilidade de responsabilizar os requeridos pelo acidente descrito na inicial, sobretudo
porque inexiste nos autos prova de que eles tenham se omitido ou praticado qualquer ato
irregular que possa ter causado o sinistro.
Esclarece-se que no local e data descrito na inicial, o caminhão do
segundo requerido estava transitando regularmente na BR 163, aproximadamente no km
149, quando foi surpreendido pelo veículo da parte requerente que atravessou na frente
do caminhão sem olhar para os lados.
Sem tempo de frear e sem conseguir desviar, houve o choque entre
os veículos, causando ferimentos de ordem física na parte requerente, além dos danos
materiais suportados pelos litigantes.
Fica claro, portanto, que, diversamente do narrado na petição inicial,
a parte requerida não praticou qualquer ato ilícito, porquanto respeitou todas as regras de
trânsito, sendo a causa do acidente, a conduta ilícita do próprio requerente, que
desconsiderou os preceitos estabelecidos nos artigos 28, 34 e 37, do Código de Trânsito,
além de conduzir veículo sob a influência de álcool (art. 165, do referido diploma legal),
que assim estabelecem:
(se quiser, o advogado pode reproduzir o artigo porque pouco usual, mas
não há necessidade – o juiz conhece o direito – jura novit curia).

Art. 28. O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu


veículo, dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à
segurança do trânsito.

Art. 34. O condutor que queira executar uma manobra deverá


certificar-se de que pode executá-la sem perigo para os demais
usuários da via que o seguem, precedem ou vão cruzar com ele,
considerando sua posição, sua direção e sua velocidade.

Art. 37. Nas vias providas de acostamento, a conversão à esquerda e


a operação de retorno deverão ser feitas nos locais apropriados e,
onde estes não existirem, o condutor deverá aguardar no
acostamento, à direita, para cruzar a pista com segurança.

Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra


substância psicoativa que determine dependência:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por
12 (doze) meses.
Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e
o
retenção do veículo, observado o disposto no § 4 do art. 270 da Lei
o
n 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito
Brasileiro.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em
caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses.

Como se observa, a conduta ilícita, pressuposto da responsabilidade


civil, nos termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil, foi praticada pela parte requerente.
A parte requerida, da mesma forma que se deslocava na sua via,
prosseguiu, sendo surpreendida pelo requerente que deu início a manobra na via sem se
atentar para o fluxo de trânsito dessa via, não havendo qualquer ato ou fato ilícito
atribuível aos requeridos.
Outrossim, não pode a parte requerente ser responsabilizada por
atos de terceiros, uma vez que não tem a obrigação irrestrita de evitar todo e qualquer
acidente, notadamente por serem todos os condutores responsáveis pelo trânsito seguro.
De igual maneira, diante dos esclarecimentos sobre a dinâmica dos
fatos, não se evidencia a ocorrência do nexo de causalidade e, tampouco, da culpa da
parte requerida quanto aos danos suportados pela parte requerente. Explica-se:
Os requeridos não tiveram culpa (lato ou stricto senso) quanto ao
acidente, conforme já é possível verificar pela descrição do acidente de trânsito no
boletim de ocorrência, bem como será reforçado por meio da oitiva de testemunhas que
presenciaram os fatos.
Da mesma forma, não há nexo de causalidade entre a conduta da
parte requerida (que trafegava em conformidade com as regras de trânsito) e os danos
experimentados pela parte requerente. A existência de nexo de causalidade entre os
danos por ela suportados é decorrente da sua própria conduta, qual seja, condução de
veículo em desconformidade com a legislação de trânsito (arts. 28,34, 37 e 165, do
Código de Trânsito Brasileiro).
A omissão mencionada no artigo 186 do Código Civil, decorrente da
negligência, é da parte requerente, que deixou de adotar as cautelas e cuidados
necessários na realização da manobra, ou seja, verificar a possibilidade de conversão,
considerando o fluxo de carros, que era contínuo.
Também, não foi a parte requerida que causou o dano à outrem,
previsto no caput do artigo 927 do referido diploma, porquanto o dano suportado pela
parte requerente decorreu exclusivamente de sua conduta negligente, o que afasta o
nexo causal em relação à conduta da parte requerida.
Assim, inexistentes os requisitos legais para que surja o dever de
responsabilizar pretendido pela parte requerente, já que o acidente ocorreu por sua culpa
exclusiva, excludente da responsabilidade civil.

A propósito, colha-se a seguinte jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO INDENIZATÓRIA - ACIDENTE DE TRÂNSITO -


AUSÊNCIA DE PROVA SOBRE A CULPA EXCLUSIVA DOS RÉUS - BOJO
PROBATÓRIO QUE DEMONSTRA A CULPA DA VÍTIMA - IMPROCEDÊNCIA -
DANO MORAL - SENTENÇA MANTIDA.
1. A Responsabilidade Civil designa o dever que alguém tem de reparar o
prejuízo, em consequência da ofensa a um direito alheio.
2. Para se reconhecer a responsabilidade subjetiva, mostra-se necessária a
constatação da culpa, do dano e do nexo de causalidade entre a conduta e o
dano.
3. No sistema processual civil brasileiro vigora a regra de que ao autor incumbe a
comprovação dos fatos constitutivos de seu direito, conforme disposto no artigo
373, I, do CPC/15.
4. Ocorrendo conflito probatório, resultante da divergência entre as versões das
partes, a respeito do acidente de trânsito, e não tendo nenhuma delas ficado
suficientemente provada nos autos, a pretensão indenizatória deve ser afastada.
5. Sentença mantida. (TJMG - Apelação Cível 1.0481.15.017271-8/001, 9ª
Câmara Civil, Relator Des. Pedro Bernardes de Oliveira, julgamento em
25/08/2020, DJE 03/09/2020)

Por fim, embora a parte requerente alegue que o veículo da parte


requerida transitava em velocidade superior à permitida para o local, é imperioso destacar
que a existência de radar, indicando que a velocidade máxima permitida para aquele
trecho é de 60 (sessenta) km/h, tal velocidade não reflete a integralidade da rodovia,
especificamente no local do abalroamento, que ocorreu após cinquenta metros do radar,
ou seja, onde já que vigia a quilometragem reduzida.

Sobre a velocidade nas vias brasileiras, dispõe o artigo 61, § 1º, “b”,
do Código de Trânsito Brasileiro:
Art. 61. A velocidade máxima permitida para a via será indicada por meio de
sinalização, obedecidas suas características técnicas e as condições de trânsito.
§ 1º Onde não existir sinalização regulamentadora, a velocidade máxima será de:
b) nas rodovias de pista simples:
1. 100 km/h (cem quilômetros por hora) para automóveis, camionetas e
motocicletas;
2. 90 km/h (noventa quilômetros por hora) para os demais veículos;

Destaca-se, novamente, que o acidente ocorreu na BR 163, portanto,


rodovia de pista simples (na altura do acidente), sendo que a velocidade máxima
permitida segundo a legislação vigente é de 90 km/h, exatamente a velocidade na qual
percorria o veículo da parte requerida.
Desse modo, todos os pedidos formulados na inicial devem ser
julgados totalmente improcedentes. É o que se espera.
Por fim, cumpre ressaltar que a parte requerida impugnou todos os
fatos e documentos (essenciais para o desenrolar da causa) que instruíram a inicial,
especialmente os recibos apresentados pela parte requerente, cumprindo, assim, a regra
estabelecida no artigo 341, do Código de Processo Civil, que preconiza que não havendo
a impugnação específica sobre as alegações de fato constantes na inicial, presumir-se-ão
verdadeiros.
Havendo a impugnação especificada, como no caso telado, todas as
matérias fáticas tornam-se controvertidas, havendo manifesta necessidade de dilação
processual, observada a regra geral do ônus probatório, prevista no artigo 373, do Código
de Processo Civil, o que desde já se requer (sem prejuízo da especificação de provas em
momento oportuno), para o fim de alcançar um julgamento justo, que respeite o
contraditório e a ampla defesa, garantias e direitos fundamentais previstos na
Constituição Federal.

4.3) Do princípio da eventualidade


(“apenas para argumentar” - alega-se esta defesa por força do princípio da eventualidade,
já que, se acolhida a prescrição ou decadência, ou afastada a culpa exclusiva da vítima,
este tópico sequer será analisado. De todo modo, é preciso formular tal alegação na
defesa porque não haverá oportunidade para aditá-la)
Caso entenda Vossa Excelência que a parte requerida foi a
responsável pelo acidente que originou a presente demanda, é oportuno algumas
considerações sobre a pretensão indenizatória formulada pela parte requerente.
Inicialmente, alega a parte requerente que houve perda total de seu
veículo, motivo pelo qual pugna pela condenação da parte requerida ao pagamento do
valor do veículo constante na tabela Fipe.
Todavia, a parte requerente não acostou aos autos qualquer
comprovante da alegada perda total.
De acordo com o artigo 126 do Código de Trânsito Brasileiro, é
imprescindível o requerimento, pelo proprietário do veículo, da baixa do registro
irrecuperável junto ao órgão de trânsito estadual.
A resolução n. 11, de 23 de janeiro de 1998, do Contran, prevê em
seu artigo 3º que o órgão executivo estadual de trânsito de registro do veículo,
responsável pela baixa do registro do veículo emitirá uma Certidão de Baixa de Veículo,
no modelo estabelecido pelo Anexo I, desta Resolução - datilografado ou impresso, após
cumpridas estas disposições e as demais da legislação vigente.
A certidão do órgão de trânsito do registro do veículo (ou outro
documento por ele expedido com a mesma finalidade e que o substitua), portanto, é
documento indispensável para a comprovação da alegada perda total, o que não se
verifica no caso telado, já que não há nos autos qualquer documento que evidencie tal
fato, mas apenas meras alegações da parte requerente nesse sentido, sem qualquer
lastro probatório.
Ademais, é possível verificar do boletim de ocorrência de trânsito
que os danos no veículo de propriedade da parte requerente foram classificados como
danos de média monta, o que, por si só, já afasta a alegada perda total e, portanto, o
direito à indenização do valor integral do veículo de acordo com a avaliação da tabela
Fipe.
Considerando que a parte requerente não fez pedido alternativo
quanto à indenização por danos materiais, limitando-se a pleitear a indenização
correspondente à integralidade do valor do veículo, não há espaço, neste feito (ou em
qualquer outro, por força do artigo 508, do CPC), para que a indenização ocorra pelo
valor do prejuízo, já que acarretaria na modificação do pedido, após a citação da parte
requerida, nos termos do artigo 329, do Código de Processo Civil. Nesse sentido,
esclarece-se que eventual pretensão de modificação do pedido não receberá a anuência
da parte requerida, que se opõe, antecipadamente, a qualquer intenção nesse sentido.
Portanto, diante da situação fática exposta, em razão ausência de
documento imprescindível para o acolhimento da pretensão autoral, requer-se a total
improcedência do pedido de indenização por danos materiais, já que o artigo 406 do
Código de Processo Civil estabelece que quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato,
nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.

Caso, todavia, Vossa Excelência entenda pela possibilidade de


modificação do pedido, a produção de prova pericial é imprescindível para a apuração do
valor dos danos no veículo da parte requerente, o que desde já fica requerido.
No que diz respeito à pretensão indenizatória referente aos danos
morais, desnecessário mencionar que o valor pretendido de R$ 100.000,00 (cem mil reais)
extrapola o razoável, já que quantia de tal monta é reservada para indenizações em que
há perda da vida ou, ainda, incapacidade, o que também não é o caso dos autos.
A própria parte requerente afirma que retornou ao seu labor e,
também, não alega qualquer incapacidade para o exercício de sua atividade remunerada.
É bem verdade que a parte requerente foi submetida a
procedimentos cirúrgicos, levando considerável tempo para sua plena recuperação;
todavia, mesmo assim não há qualquer fundamento fático ou jurídico que justifique o
montante pretendido.
Como é cediço, o quantum indenizatório dos danos
extrapatrimoniais deve considerar as condições das partes, a gravidade objetiva da lesão,
a situação da vítima, considerando sua situação familiar e social, a reprovabilidade da
conduta do responsável pelo ilícito, mas, também, deve valer-se o magistrado da
equidade, razoabilidade e proporcionalidade.
A parte requerente exerce supostamente a função de pintor
autônomo, tratando-se de pessoa em situação familiar e social que não extrapola os
padrões do homem médio brasileiro, o que, por si só, já afasta a possibilidade de
acolhimento do montante pleiteado na inicial.
Ademais, em situações análogas, o entendimento jurisprudencial
tem entendido como valor suficiente para a indenização do dano extrapatrimonial
quantias que variam entre R$ 10.000,00 (dez mil reais – AC 0000961-32.2012.8.13.0567,
TJMG, DJ: 22/04/2021) e R$ 30.000,00 (trinta mil reais – AC 0006119-51.2010.8.16.0148,
TJPR, DJ: 02/09/2019).
Dessa forma, diante dos fundamentos acima, requer que, na
eventualidade da condenação da parte requerida ao pagamento de indenização por
danos morais em favor da parte requerente, seja o quantum arbitrado em quantia não
superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

4.5) Culpa concorrente


(“apenas para argumentar” - alega-se esta defesa por força do princípio da eventualidade,
já que, se acolhida a prescrição ou decadência, ou afastada a culpa exclusiva da vítima,
este tópico sequer será analisado. De todo modo, é preciso formular tal alegação na
defesa porque não haverá oportunidade para aditá-la)
Caso não seja o entendimento de Vossa Excelência quanto à culpa
exclusiva da vítima, o que se debate apenas em razão do princípio da eventualidade,
houve, no caso telado, culpa concorrente entre as partes.
A culpa concorrente reconhece que ambas as partes contribuíram
para o desenrolar dos fatos, devendo eventual indenização considerar o grau de culpa de
cada uma das partes envolvidas, refletindo, assim, no quantum indenizatório, conforme
previsão do artigo 945, do Código Civil.
No caso, admitindo-se a culpa da parte requerida, apenas por amor
ao debate, não há como afastar a concorrência da parte requerente no desenrolar dos
fatos, já que também deixou de adotar as cautelas imprescindíveis na condução de seu
veículo automotor, contribuindo, portanto, para o acidente.
No caso telado, em simples raciocínio lógico, tem-se que se a parte
requerente tivesse aguardado o fluxo dos veículos da rodovia para realizar a conversão, o
acidente não teria ocorrido, independentemente da velocidade desenvolvida pelo
caminhão, ou seja, a parte requerente contribuiu com o acidente de trânsito em maior
proporção.
Dessa forma, entende estes requeridos que, mesmo havendo culpa
concorrente, o que não se espera, o grau de culpa da parte requerente foi maior, devendo
ser reconhecida a proporcionalidade de 80% (oitenta por cento) da culpa da conduta da
parte requerente e, em relação à parte requerida, 20% (vinte por cento).

5) Reconvenção – indenização pelo dano material do caminhão


(desenvolver a reconvenção aqui)

O artigo 343, caput, do Código de Processo Civil autoriza que o


pedido reconvencional seja realizado na própria petição de contestação.
Como esclarecido pela parte reconvinte, o causador do acidente de
trânsito foi a parte reconvinda, que não tomou os cuidados e precauções ao atravessar
uma das rodovias mais movimentadas do país (BR 163), ou seja, agiu de forma ilícita
(violação ao disposto nos artigos 28, 34, 37 e 165, do Código de Trânsito Brasileiro), por
negligência, (culpa em sentido estrito), causando danos à parte reconvinte (dano e nexo
de causalidade), de modo que restam evidenciados os pressupostos da responsabilidade
civil, devendo, portanto, indenizar o reconvinte.
Em decorrência do acidente, o caminhão da parte reconvinte sofreu
inúmeras avarias, que totalizaram o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), para restituí-
lo ao seu perfeito funcionamento anterior, como é possível observar dos orçamentos ora
acostados, sendo o montante pretendido, ou seja, R$ 15.000,00, o de menor valor.
Em razão do exposto, requer seja a parte reconvinda condenada ao
pagamento da indenização por danos materiais, no montante acima mencionado,
acrescido de juros moratórios a partir do evento danoso e correção monetária pelo índice
IGP-M/FGV a partir do desembolso, por tratar-se de responsabilidade civil
extrapatrimonial (súmulas 43 e 54, STJ).

6) Da conclusão ou dos requerimentos:


(neste momento, deve o advogado sintetizar o que expôs na peça, apontando a consequência
específica para cada uma das alegações apontadas na contestação).
Ante o exposto, requer de Vossa Excelência:
(apesar de mutias vezes utilizado no cotidiano forense o termo “pedido”, em verdade melhor
deixar de lado tal vocábulo- já que quem pede é o autor. Por isso, “REQUER-SE”).
Em relação à contestação: que sejam reconhecidas as preliminares
aventadas, para o fim de:
a.1) corrigir, de ofício, o valor da causa, para que passe a constar
R$ 145.358,77 (cento e quarenta e cinco mil trezentos e cinquenta e oito reais e setenta e
sete centavos), com a consequente intimação da parte requerente para o recolhimento
das custas processuais;
a.2) reconhecer a ilegitimidade passiva da primeira requerida, Oasis
Ltda, em razão da alienação do veículo para o segundo requerido, Frank Sinatra e, por
conseguinte, em relação àquela extinguir o processo sem resolução do mérito, nos
termos do artigo 485, VI, do Código de Processo Civil.;
a.3) revogar o benefício da assistência judiciária gratuita, com a
consequente intimação da parte requerente para o recolhimento das custas processuais,
sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do artigo 485, IV,
do Código de Processo Civil;
a.4) no mérito, julgar totalmente improcedente os pedidos inaugurais,
em razão da ausência dos pressupostos legais da responsabilidade civil, previstos nos
artigos 186 e 927, do Código Civil, ou, alternativamente, a realização da perícia para
apuração do valor do dano material e que eventual indenização por danos morais não
seja superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais).
a.5) a instauração do incidente de falsidade documental, nos termos
dos artigos 430 e seguintes do Código de Processo Civil e, após a realização da perícia,
restando comprovada eventual falsidade nos recibos apresentados pela parte requerente,
com o objetivo de comprovar o valor dos lucros cessantes, que sejam eles retirados dos
autos, restando prejudicado o pedido formulado na inicial.
a.6) a expedição de ofício à Seguradora Líder, para que informe
eventual pagamento em favor da parte requerente em razão do acidente descrito na
inicial, e, em caso afirmativo, havendo condenação da parte requerida, que seja
autorizado o abatimento do valor pago pelo seguro obrigatório.
a.7) a condenação da parte requerida no ônus da sucumbência, em
pelo menos 10% (dez por cento) do valor atualizado da causa, nos termos do artigo 85,
§§ 2º e 6º, do Código de Processo Civil
Em relação à reconvenção:
b.1) julgar totalmente procedente a pretensão reconvencional, para
o fim de condenar a parte reconvinte ao pagamento de indenização por danos materiais,
no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), diante da existência dos requisitos dos
artigos 186 e 927, ambos do Código Civil.
b.2) a condenação da parte requerida no ônus da sucumbência, em,
pelo menos, 10% (dez por cento) do valor atualizado da condenação, nos termos do
artigo 85, §§ 2º e 6º, do Código de Processo Civil
(apesar de previsto em lei, é sempre conveniente pleitear a condenação
do reconvinte ao pagamento da sucumbência).

Em ambos os casos, ou seja, contestação e reconvenção, requer


provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei, especialmente pelos
documentos ora juntado aos autos, sem prejuízo de documentos novos (art. 435, CPC),
pela prova pericial e, caso Vossa Excelência entenda necessária a realização de
audiência, requer a parte requerida e reconvinte o depoimento pessoal da parte
requerente/reconvindo.
Atribui-se à reconvenção o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais).

Belo Horizonte - MG, data

ADVOGADO
OAB/MG 8888

Documentos que acompanham a contestação


01 – procurações e contrato social
02 – contrato compra e venda do caminhão
03 - orçamentos
04 - comprovante de pagamento das custas processuais da reconvenção

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