UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

CURSO DE PSICOLOGIA

Aline Catai - RGM: 629423082

Beatriz Frerichs - RGM: 629502799
Jaqueline Mendoza - RGM: 629443610
Sabrina Arouche - RGM: 631226884
Vanessa dos Santos Maia – RGM: 29595398

Psicologia e Educação

Entrevista com Professor da Educação Básica Pública

São Paulo – SP
2023
 ROTEIRO PARA ENTREVISTA COM PROFESSOR(A)/ GESTOR/
EDUCADOR(A)
da Educação Básica pública

Dados iniciais e concepções gerais da(o)entrevistada(o):

1) Conte sobre sua formação e sobre sua experiência profissional.

Destaque pontos importantes:
Professora da Educação Básica em escola pública, formada em letras,
português e espanhol, fazendo pós graduação em inglês. Trabalha pela
Secretária de Educação do Estado de São Paulo. Está trabalhando nessa área
há treze anos. Trabalhou dez anos em um escola no município de Mauá, onde
foi professora auxiliar durante quatro anos. Após isso ficou como professora
substituta/ eventual durante cinco anos, pois caiu de categoria após passar
pelo período de duzentena. Recentemente foi para uma escola de período
integral, onde leciona há 3 anos.

2) Qual a finalidade da educação para você?

Para a educadora a finalidade da educação se destina a formar cidadãos
responsáveis, cientes e capazes de lidarem com suas obrigações e
responsabilidades, que se tornem protagonistas do seu próprio futuro.

3) Como compreende o papel do professor na vida escolar dos estudantes

(das crianças e adolescentes)?
No início da escolha da sua profissão entendia o papel do professor como
primordial na formação e educação dos estudantes, porém hoje ela percebe os
docentes como mediadores do conhecimento. Entende que os jovens devem
buscar e construir o seu próprio conhecimento, porém o ensino e as normas
atuais da secretaria da educação se encontram muito engessadas onde acaba
que o professor perdeu sua função primordial na sociedade.

4) Como é lecionar/atuar nessa escola? Quais os pontos positivos e as

dificuldades?
Educadora comparou a escola de ensino regular que lecionava no município de
Mauá e a que atua hoje, no período integral. Relatou que no ensino regular os
alunos possuem mais liberdade e estudam as matérias principais dos
conhecimento deles determinadas pela BNCC. Já no período integral eles
possuem disciplinas a mais que de certa maneira, no papel, ajudaria os alunos
a terem um platonismo no próprio conhecimento, mas o período integral acaba
atrapalhando a inserção no mercado de trabalho, pois saem do ensino médio
sem ter passado por uma experiência de jovem aprendiz e descreve que não
os vê preparados para isso. Nesse ensino integral eles possuem matérias que
estimulem a construção do próprio conhecimento, isso ficou apenas na teoria,
onde os alunos levam esse período como brincadeira e não acham as matérias
interessantes estimulantes, o que acaba refletindo na falta de interesse dos
pais na educação de seus filhos.
A mesma informa que a escola de período integral se tornou um depósito de
crianças, e principalmente de alunos de inclusão, onde os pais precisam
trabalham e imaginam que as crianças estão sendo cuidados lá dentro, e não
com o objetivo de aprendizagem e educação, onde os professores não tem
formação e embasamento para tratar dessas crianças inseridas como inclusão,
onde as mesmas só conseguem socializar e não ter um conhecimento que
deveria ser gerado. Ela complementa que falta profissionais especializados
para essas crianças em especifico.

5) Como você avalia o trabalho de formação docente na escola?

Na escola que a professora atua a formação dos docentes se faz muito efetiva.
Eles possuem horários de formação específicos para as premissas do período
integral, possuem horários específicos para cursos pelo portal da secretária. As
coordenadoras dão formações sobre o PEI e continuação da formação
acadêmica. Relatou que os mesmos estão sempre em reciclagem.
O governo lançou novas plataformas especificas para cada disciplina onde os
docentes estão tendo uma aprendizagem proveitosa, porém novamente reforça
que da forma que esta sendo implementado desanima os educadores por ser
feita de uma maneira relapsa.

6) Qual o modelo pedagógico que mais define a escola?

Modelo pedagógico atual se trata de uma gestão democrática, tem sido
implementado muitas coisas novas ao mesmo tempo onde tanto os docentes
quanto os alunos não conseguem dar conta da demanda.

7) Como avalia os conteúdos ensinados na escola?

Os conteúdos atualmente estão vindo prontos da secretaria de educação,
como slides, onde os docentes precisam seguir a risca e acabou tirando toda a
autonomia do professores. Não tem uma linha cronológica de ensino, onde se
ensina as coisas separadamente o que deixa os alunos confusos sobre a
contextualização.
Pelo conteúdo engessado ela traz uma critica que acaba dando a mesma
matéria em anos de formações diferentes onde até os alunos percebem que já
viram a mesma coisa no ano anterior.

8) Como a escola tem sido avaliada pela comunidade escolar? E por outros
mecanismos de avaliação? Qual é o IDEB da escola e que acha dos
resultados? (IDEB só para ensino Fundamental e Médio)
A escola é um ambiente que abrange vários bairros pois se trata uma região
central. Porém nas reuniões de pais alguns se interessam em saber como está
sendo a educação, mas é perceptível que nessa geração esse interesse se
tornou bem escasso.
O IDEB nesse novo governo foi alterado. Informou que no ano anterior
conseguiram atingir no ensino fundamental porém não no médio. Nesse ano
ainda não tem conhecimento se atingiram as metas, entretanto com a
avaliação dos estudantes eles acreditam que não atingiram.
Relatou que os próprios alunos sabotaram as provas paulistas enviadas pelo
governo, resolvendo não realizar as mesmas, pois eles criticam que estudam
os itinerários formativos, onde não são abordadas todas as matérias e quando
chegam aos vestibulares precisam desses conhecimentos.
Sobre os processos educativos e relacionais
* Qual a composição de alunos da sua sala? Como percebe a diversidade
étnica, de gênero, orientação sexual, socioeconômica, pessoas com deficiência
e as diversas variações humanas?
* O ensino é organizado considerando essas diferenças humanas, de
necessidades, inclusive para as pessoas com deficiências?
* Como vc avalia as ações da escola em relação à diversidade e inclusão? E as
suas ações/experiências?
* Quais as maiores dificuldades vividas pelos alunos(as)?
* Como atua com alunos com dificuldades no processo de escolarização e de
comportamento?
* Como vc lida na sala de aula com questões de convivência: preconceitos,
violências, conflitos, etc.?
* O que pensa sobre a rotina e a disciplina no contexto da escola que trabalha?
* A escola utiliza/oferece quais recursos para estimular a participação e
aprendizado das crianças e adolescentes (exemplo: possui sala de jogos,
biblioteca, projetos)?
* Você entende que a escola em que atua é democrática em suas relações em
todos os níveis e processos? Possui espaços de participação? Fale sobre.

Contexto geral pós-pandemia

* Quais os impactos da pandemia que vc tem observado na sua realidade
escolar, de maneira geral? E na aprendizagem e desenvolvimento emocional?
* O que tem sido realizado por vc e por sua escola para trabalhar com esses
efeitos?
* Quais os maiores desafios de um professor atualmente? E os seus desafios?
* O que pensa, qual a sensação e sentimento diante da situação atual da
Educação Brasileira? O que vc proporia de mudanças?

Relação escola – família – comunidade

1) Como descreve a comunidade escolar e seu entorno.

Sobre a relação entre escola, família e comunidade a professora relata que por
estar localizada no centro existem alunos de diversos bairros diferentes, com
poder aquisitivo diferente e isso impacta diretamente na forma de tratar e
cuidar dos alunos, pois alguns vieram de escolas que são consideradas " mais
fortes" e outras " mais fracas". Então aqueles que vierem de escolas mais
fortes têm um conhecimentos maior do que outros, principalmente os que
vieram de escolas municipais já que detém de um recurso maior. É relatado
que por conta dessa diferença existe muito preconceito e bullying.

2) Como entende o papel e a participação da família na escola e nos

estudos dos filhos?
Sobre o acompanhamento dos pais com os alunos, é relatado que existe uma
visível diferença entre a aprendizagem dos alunos que têm pais participantes,
que acompanham o desenvolvimento, olhando o caderno, ajudando nas
atividades e participando dos grupos de pais.
Existe uma dinâmica pedagogia, chamada de tutoria, onde cada professor é
responsável por um grupo de alunos que varia de 18 á 20 alunos. A docente
relata que de 18 alunos apenas 6 tem o acompanhamento dos pais, e os
mesmos são os alunos que tem o melhor desempenho nas atividades
escolares.

3) Como tem sido a relação família e escola?

Os estudantes que tem problemas com indisciplina são aqueles que não tem
os pais participantes, nem em reuniões e nem em contato com a escola.
É descrito pela educadora que na escola onde a professora trabalha, existem
recursos para essa comunicação entre pais e escola, onde os gestares
valorizam essa participação e devido a isso criaram um grupo onde todos
informes do dia são colocados para ciência dos pais, como cardápio da
semana, avisos e problemas estruturais da escolas, como falta de água por
exemplo. Mas mesmo assim muitos pais não se fazem presentes e nem
comparecem a escola quando são solicitados.

4) Existe algum projeto seu ou da escola voltado à comunidade? Fale

sobre

Sobre os projetos na escola é relatado que a cada bimestre os professores de

filosofia e sociologia elaboram projetos pedagógicos onde são abordados
temas como: racismo, homofobia, xenofobia e outros tipos de preconceito, que
são bem presentes no cotidiano das crianças.
Além dos projetos pedagógicos também são realizados, esses que atendem
tanto os alunos e como a comunidade, como a horta comunitária que é
desenvolvida pela SEDUC. Essa horta é utilizada na merenda dos alunos e
também para ajudar a comunidade.
Um outro projetos existente relatado pela professora é a campanha do
agasalho, onde os alunos e corpo docente juntam agasalhos e fazem um bazar
para a distribuição primeiro na própria escola e depois para auxílio do corpo
social presente nas redondezas.
Projeto a mulher que cuida de mim e o projeto supus em prol da paz também
estão presentes.

Psicologia e Educação
1) O que você conhece sobre a Lei 13935/19 sobre a prestação de
serviços de psicologia e serviço social na educação básica?
Professora informou que não está familiarizada com a lei, porem até o ano
passado tinha-se uma psicóloga contratada pelo Estado de Minas Gerais, onde
os atendimentos eram online e em sua opinião não foi bem planejado ou
divulgado. Responsáveis escolares fizeram reuniões para conscientizar os
alunos que seriam sempre sessões e grupos para auxiliar-lós e tratar de
assuntos que impactaram na pandemia, como ansiedade, depressão e etc.Os
próprios professores também tiveram algumas sessões com essa psicóloga,
mas o projeto era muito esporádico e acabou sendo interrompido.
Esse ano foi alterado. A psicóloga vai até o ambiente escolar uma vez por
semana, mas continua sendo atendimento em grupo. A demanda que a mesma
aceita é sempre passada pelos professores que se tratam de alunos mais
fragilizados, com sintomas aparentes e em salas de mau comportamentos.
Portanto, por ser apenas uma, não consegue lidar com todos os alunos.
Alunos chegavam a pedir para os professores auxílios psicológicos. Alguns
deles que mostravam sintomas mais graves foi necessário uma autorização
dos responsáveis e do diretor para que os atendimento pudesse ser feito
individualizado.

2) O que pensa sobre a atuação do psicólogo escolar? A escola tem apoio

desse profissional? Como é e como deveria ser?
O pouco contato que essa professora teve, tanto com o contato com a
terapeuta que fazia as sessões online quanto com a nova que vai até o
ambiente escolar, considera fundamental, pincipalmente pois a escola tem tido
muito problemas com bullying. Informa que os alunos estão empolgados e se
apegando a essas sessões, onde eles mesmos solicitam esses momentos com
a psicóloga escolar.
Um empecilho que a educadora relatou foi a autorização dos pais, muitos deles
não permitem que seus filhos participem das sessões por estigmas mais
antigos.
Os professores também tem sessões com a psicóloga e em alguns momentos
esse atendimento é solicitado quando surge um tema de conflito entre o corpo
docente.
A entrevistada disse que não tem uma ideia de como deveria ser, mas acha
que poderia ser mais pontual e que seria necessário mais profissionais pois
uma só não consegue atender todo o público. Chegou a utilizar a expressão
que a psicóloga chega a apagar alguns incêndios mas não consegue ser
pontual em todos devido a várias instituições que atende.

Fechamento
1) Conte algum projeto que você ficou satisfeita de ter realizado?
Um projeto de alfabetização foi realizado com a coordenadora na escola no
município de Mauá, no ABC. Os estudantes estavam estimulados pelo ensino,
mesmo de forma tardia, onde já deveriam ter sido alfabetizados.
É importante que os projetos sejam adaptáveis ás necessidades especificais.
Cerca de 80 alunos participaram da alfabetização, onde os pais e os
professores conseguiram estimular interesse para formação de forma coerente
aos ensinos futuros. Esse projeto foi de grande sucesso, onde a maioria dos
alunos saíram letrados.

2) Fique à vontade para falar de algo que não foi perguntado.

Um governo engessado e sua administração pública limitada dificulta a
aprendizagem dos alunos e a capacidade de tomar decisões do corpo docente.
Um governo burocrático e inflexível, demanda desafios emergenciais para dar
continuidade ao ensino público.

3) Avalie a entrevista em poucas palavras.

Compartilhando conhecimentos e moldando vidas, a professora se emociona
ao recorrer a um pedido de socorro eminente para um governo que priorize o
ensino nas escolas públicas, sendo necessário investimentos, auxilio público e
administrativo, professores qualificados para que os mesmos não acabem se
desanimando no caminho da educação, podendo oferecer um ensino de
qualidade para aqueles com poder aquisitivo menor tanto quanto para os com
condições melhores.

Observação: deve haver autorização expressa do(a) entrevistado(a), explicar

sobre o sigilo de dados pessoais e da escola, informações que somente serão
utilizadas para fins acadêmicos e científicos. A entrevista será gravada em
áudio e depois devidamente descartada. Utilizar o TCLE fornecido mais
adiante.