Fichamento Crepúsculo Dos Ídolos de Friedrich Nietzsche
Fichamento Crepúsculo Dos Ídolos de Friedrich Nietzsche
Fichamento Crepúsculo Dos Ídolos de Friedrich Nietzsche
Nesse livro, Nietzsche irá examinar esses ídolos e destruí-los. Ele diz
que faz isso com um “martelo”, com o qual irá bater nos ídolos e escutar o
oco que ecoa neles (mostrando que são vazios) para depois finalmente
demoli-los. Além de destruir os valores estabelecidos, Nietzsche irá propor
novos: utilizará o martelo também para construir (a transvaloração de todos
os valores seria esse processo de superação de valores antigos para a
criação de novos).
I. MAXÍMAS E FLECHAS
1. De cara ele já demonstra algum apreço pelo vício, ideia que ele
retomará mais a frente no livro.
12. Devemos ter um objetivo bem definido: assim para chegar nele,
toleramos as coisas ruins do processo.
17. O bom artista somente deve buscar sua arte e seu pão: arte e
sobrevivência são suficientes.
19. Quem escolhe a filosofia, o estudo, não deve ver com inveja as
vantagens da ignorância.
32. Deve se odiar a mentira não por medo de punição divina, mas por
honra.
9. Sócrates percebeu que Atenas vivia uma “crise dos instintos”, que esses
reinavam como tiranos. Então, ele apresentou a razão extrema como cura
para isso.
10. Sócrates substituiu a tirania dos instintos pela tirania da razão, que
tomou conta da filosofia ocidental por séculos. Essa é a grande crítica de
Nietzsche.
11. O combate aos instintos, a racionalidade, eram colocados como cura por
Sócrates, mas para Nietzsche, eram só uma outra expressão da doença, da
décadence. Nietzsche diz que felicidade = instinto.
12. Sócrates morreu porque quis, porque via a vida como doença.
5. Toda moral que busca negar a “vontade de vida” (seja a moral cristã ou
schopenhaueriana) é um juízo de valor da vida, e para Nietzsche é
impossível julgar o valor da vida: para julgá-lo seria preciso ter uma visão de
fora dela ao mesmo tempo em que teria que conhecê-la de dentro (ser um
vivente).
6. Não faz sentido dizer como o mundo ou o homem deveriam ser: deve-se
abraçar a vida como ela é e não exigir mudanças.
3. Erro 2: falsa causalidade. Ele critica a crença de que o “eu”, que uma
“vontade” causa os pensamentos, as ações. Para Nietzsche não existe uma
evidência empírica de que a nossa “consciência”, que o nosso “eu”, causa as
ações e pensamentos.
1. Nietzsche exige ao bom filosofo que ele se coloque além do bem e do mal,
acima dos julgamentos morais, pois para ele não existem verdades morais
absolutas. Colocando-se acima da moral, tira-se proveito dela: vendo-a como
sintoma de uma cultura decadente.
4. Regra de Nietzsche que vale tanto para pessoas quanto para povos:
quando a política ascende, a cultura declina. Quando se dedica ao poder, à
política, à economia, não sobra tempo/energia/intelecto para se dedicar aos
estudos, à cultura. Ele vê na Alemanha dos tempos dele uma ascensão
política e um declínio cultural.
3. Critica o crítico literário Saint-Beuve, o comparando a uma mulher. Nietzsche não tinha uma
visão muito positiva das mulheres.
12. Critica o escritor Thomas Carlyle, por buscar “santidade” mesmo sendo
ateu.
13. Elogia o filosofo Ralph Waldo Emerson, dizendo que ele tem jovialidade,
gratidão, satisfação.
14. Enquanto Darwin acredita na luta pela vida, Nietzsche acredita na luta
por poder (seu conceito de vontade de poder, de que todas as coisas estão
em constante luta para se expandir, explica isso). Darwin acreditava que os
fortes dominavam os fracos, Nietzsche que os fracos dominavam os fortes:
por serem mais numerosos e mais inteligentes (por serem fracos têm
necessidade de inteligência, de “espírito”).
18. Aqui Nietzsche vê a hipocrisia como uma coisa boa, como algo que é
parte da natureza humana. Diz que a cultura de sua época era muito fraca,
muito permissiva, e que não permitia a hipocrisia. Os homens modernos
seriam muito preguiçosos para certos vícios (vícios aqui vistos também como
algo positivo).
19. O ser humano é a medida do belo, não existe o “belo em si”. Nietzsche
acredita que o ser humano acha belo tudo aquilo que espelha a sua imagem
(seja fisicamente, ou emocionalmente no caso de algo mais abstrato).
20. O feio para o ser humano é tudo aquilo que remete à degeneração do
próprio homem, à morte, à doença, ao envelhecimento.
25. Não devemos abrir nossos corações para todas as pessoas, mas guardá-
los para pessoas especiais.
27. Nietzsche “pinta um quadro” de uma mulher “literária”: uma mulher que
vive no dilema entre estudar e construir família.
28. O “impessoal”, aquele que se sente superior, busca cultivar algum vício
para se tornar mais “humano”: é a única forma de ascese que resta para ele.
29. Nietzsche critica o ensino superior alemão que visa formar jovens para
servir o Estado, para serem funcionários públicos.
30. Critica a arte que funciona como férias, como puro entretenimento.
32. O bom filosofo admira o homem que age, e despreza aquele que só
deseja, só pensa em ideais.
33. O egoísmo pode ter pouco ou muito valor, dependendo se o individuo
que o porta faz parte da linha ascendente ou descendente da vida: se ele
ascende ou descende fisiologicamente.
37. Nietzsche crê que o Renascimento foi a última grande época. As grandes
épocas seriam aquelas que prezam mais pelo amor próprio do que pelo
altruísmo, pela empatia, pela compaixão. A contemporaneidade é fraca
justamente por pregar a moral do amor ao próximo.
38. A guerra educa para a liberdade: liberdade é ter reponsabilidade por nos
mesmos, é quando os instintos viris predominam, quando se é forte (o perigo
produz a força).
40. Nietzsche diz que não deve se colocar uma questão dos trabalhadores
(socialismo): ele acredita que deve haver uma espécie “modesta e satisfeita”
de homem na sociedade. Ele crê que não se deve dar educação e direito ao
voto à classe trabalhadora, pois isso os estimula a ver sua condição como
injusta.
42. Santos, moralistas e filósofos não são íntegros porque acreditam que
aquilo que falam é verdade, quando, segundo Nietzsche, não é. Quando se
acredita que uma hipocrisia é verdade, ela se torna inocência na cabeça do
hipócrita: daí vem a falta de integridade.
43. É impossível retomar valores do passado, “andar pra trás” como querem
os conservadores. O progresso da décadence é inevitável.
44. Um grande homem, um gênio, é uma pessoa que acumulou energia por
muito tempo e que em algum momento explode em um grande ato, um
grande gênio. É uma pessoa que está acima da sua época, é mais forte, mais
maduro que sua época.
49. Elogios a Goethe: um homem que buscava esse retorno à natureza, que
abraçava a vida, pregava uma totalidade entre razão, sentimento, vontade,
sensualidade. Kant seria uma espécie de antítese de Goethe.
50. A sociedade tentou aproveitar Goethe, mas não conseguiu: a Europa não
aprendeu nada com ele, ele foi uma inutilidade. Mas talvez seja próprio de
grandes homens serem incompreendidos e subaproveitados pela sociedade.
51. Nietzsche diz que não deseja ser lido no seu tempo: ele busca uma
imortalidade na sua filosofia (aqui estamos nós estudando-a mais de 100
anos depois). A ambição dele com seus aforismos é escrever em 10 frases o
que outros não dizem em um livro. Zaratustra, segundo Nietzsche, é o livro
mais profundo da humanidade, e Crepúsculo, o mais independente.
1. Nietzsche admite que seu gosto é intransigente e que são poucos os livros
que são realmente importantes para ele. Os filósofos e escritores mais
famosos, no geral, não estão entre seus favoritos. Com Salústio ele se
despertou para o estilo aforismático, com Horácio para o estilo poético (diz
que todo o resto da poesia se torna “popular” demais quando comparado a
Horácio).
2. Nietzsche diz que prefere os romanos aos gregos. Critica Platão: mistura
estilos de forma confusa, os diálogos são infantis, era “cristão” antes do
cristianismo. Tucídides e Maquiavel são para Nietzsche uma “cura” de
Platão, pois eles também veem valor na realidade material e não em
qualquer outra coisa. Diz também que os sofistas eram na verdade realistas.
Platão é um covarde ante à realidade pois é um metafisico, Tucídides é
corajoso pois é materialista.
3. Segundo Nietzsche, dizer que a virtude dos gregos está na moderação, na
calma, na “boa” mentalidade, na repressão dos instintos, é mentir. Os pré-
socráticos (antigos helenos), com suas festas, guerras, artes e
autoglorificações, representam a nobreza grega. Os filósofos pós-socráticos
representam um antimovimento contra isso, pois queriam podar os instintos,
pregar uma moral.
FALA O MARTELO
Devemos ser duros para que possamos moldar as coisas, criar: para riscar
ou cortar algo, deve-se ser mais duros do que esse algo.