10967-Texto Do Artigo-43623-1-10-20160609
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Revista Eletrônica do Curso de Direito - PUC Minas Serro – n. 12 – Agosto / Dez. 2015 – ISSN 2176-977X
Resumo: O foco deste artigo incide na exposição da evolução dos conceitos e dogmática da
Culpabilidade e da Penal Criminal. Sua finalidade é a realização de uma interrelação entre os
institutos que justifique a afirmação de ser a Culpabilidade o fundamento e o limite da
aplicação da Pena em matéria de Direito Penal. Uma vez que a pena somente pode ser
aplicada diante da existência, entre outros, da culpabilidade do agente, diz-se ser esta o
fundamento daquela. Ademais, uma vez presentes os requisitos para a aplicação da pena, esta
deverá ser arbitrada levando-se em consideração, novamente a culpabilidade do agente. Daí
dizer-se que a culpabilidade é também sua limitadora.
Abstract: The aim of these article is to expose about the evolution of concepts and dogmatic
of Culpability and Criminal Penalty. It´s main goal is to stipulate an interrelation between
both institutes so that we can justify the assertion that Culpability can be considered the
foundation and the limit of the application of Criminal Penalty in the scope of Criminal Law.
Since that the criminal penalty can only be applied before the existence, between others, of
the culpability, it is said that this is the foundation of that one. Moreover, once all requisites
for the application of criminal penalty can be observed, it will be applied taking into
consideration, again the culpability of the agent. Therefore it is said that the culpability is also
it´s limiter.
Advogada formada pela PUC Minas em 2013. Pesquisadora do CRISP - Centro de Estudos de Criminalidade e
Segurança Pública da UFMG.
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1. INTRODUÇÃO
Por fim, buscou-se a elaboração de uma interrelação entre Culpabilidade e Pena com
o objetivo de explicar porque se pode considerar aquela fundamento e limite à aplicação desta
trazendo à discussão o papel dos Direitos fundamentais da individualização e da
personalização da pena em referida discussão.
2. A CULPABILIDADE
2.1 Conceito
Por fim, Juarez Cirino dos Santos (SANTOS, 2008) explica que esse juízo de
reprovação de culpabilidade tem por objeto a realização injustificada de um tipo de injusto e
possui como fundamento, a imputabilidade que nada mais é do que as condições pessoais
mínimas que capacitam o agente saber o que faz. Ademais, tem como objeto também, a
consciência da antijuridicidade e a exigibilidade de conduta diversa.
Significa dizer que o poder agir de outro modo pressupõe sempre a idéia de liberdade
e livre arbítrio (liberdade de escolha), uma vez que seria impensável formular-se uma censura
jurídica e moral contra um fato determinado pela lei da causalidade.
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Para esta teoria, a culpabilidade seria tão somente o vínculo subjetivo entre a conduta
e seu autor possuindo, como ponto de partida, o fato concreto. Cabia à culpabilidade o
tratamento da relação psíquica entre ato e sujeito causador deste.
Por outro lado, Freudenthal contribuiu para aperfeiçoar esta idéia agregando que a
inexigibilidade de outra conduta exclui a reprovação, servindo de base para a exclusão de toda
a reprovabilidade. Por fim, Mezger, finaliza dispondo que a ação aparece, por isso, como
expressão juridicamente desaprovada da personalidade do agente.
Por fim, fruto da doutrina finalista da ação, para esta corrente, a culpabilidade é juízo
de censura pela realização do injusto típico, ou seja, quando podia e devia o autor agir de
outro modo. Seria, portanto, a reprovabilidade de decisão da vontade.
Juarez Cirino dos Santos defende que esta corrente revolucionou a teoria do tipo e a
teoria da culpabilidade
2.4.1 Imputabilidade
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Segundo Juarez Cirino dos Santos ( SANTOS, 2008, p. 330) “A normalidade das
circunstâncias do fato é o fundamento concreto da exigibilidade de comportamento conforme
ao direito, como terceiro estágio do juízo de reprovação de culpabilidade [...]. ”
Para Luiz Regis Prado (PRADO, 2008, p. 380) “isso significa que o conteúdo da
reprovabilidade repousa no fato de que o autor devia e podia adotar uma resolução de
vontade de acordo com o ordenamento jurídico e não uma decisão voluntária ilícita”.
3. TEORIA DA PENA
Para se adentrar à análise da Teoria da Pena, importante se faz tecer uma breve
consideração sobre a política criminal e o Direito Penal. Na obra Curso de Criminologia, Luiz
Regis Prado conceitua que
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De sua sorte, o Direito Penal é uma ciência normativa, que serve de um método
jurídico para a reconstrução científica do direito vigente. Ou seja, representa ele o sistema de
normas que define crimes e prescreve penas estabelecendo os princípios de sua aplicação.
Juarez Cirino dos Santos (SANTOS, 2008) ao discorrer sobre a Prevenção Geral
Especial explica que a execução desta prevenção ocorreria em duas dimensões simultâneas,
sendo elas negativa e positiva. A primeira é externada através da neutralização do criminoso,
tornando-o incapaz de cometer crimes futuros contra a sociedade durante a execução da pena.
A segunda, positiva, visa a ressocialização ou correção do criminoso durante, também, a
execução da pena.
Ou seja, fundamentar a pena tão somente em uma visão positiva de prevenção geral,
ataca frontalmente o princípio da dignidade humana, vez que utiliza o indivíduo como meio
para a consecução de fins sociais com duvidosa eficácia.
De acordo com estas Teorias, a pena criminal representaria uma (a) retribuição ao
injusto realizado; (b) prevenção especial positiva, vez que possui caráter pedagógico através
da correção do autor e (c) prevenção especial negativa, vez que é dotada de caráter
intimidatório à consecução de futuros delitos.
Conclui-se que a pena tem sua justificação nas prevenções especiais negativa e
positiva, bem como na justificação da ordem jurídica. Segundo Luiz Regis Prado:
[...] O que deve ficar patente é que a pena é uma necessidade social – ultima ratio
legis -, mas também indispensável para a real proteção de bens jurídicos, missão
primordial do Direito Penal. De igual modo, deve ser a pena, sobretudo em um
Estado constitucional e democrático, sempre justa, inarredavelmente adstrita à
culpabilidade (princípio e categoria dogmática) do autor do fato punível. (PRADO,
2008, p.498).
A Teoria Agnóstica pode ser vista como uma crítica às funções concebidas à pena,
uma vez que todas elas não são conhecidas sendo somente atribuídas pelo Direito Penal
através de teorias positivas. Daí denominá-la como agnóstica.
Em que pese a grande discussão sobre as funções da pena, certo é que esta somente
pode ser aplicada caso exista Culpabilidade. Uma vez que até a atualidade não nos afastamos
da idéia de retribuição da pena, não se pode questionar que referida retribuição deve guardar
proporcionalidade com a medida da culpabilidade do agente infrator.
Para que um sujeito seja responsabilizado pelo ato ilícito praticado, ou seja, para que
haja retribuição e compensação pelo injusto causado, necessário se faz a verificação de todos
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Neste ponto, importa destacar que a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 5º,
incisos XLV e XLVI, determina como Direitos Fundamentais a personalização e a
individualização da pena.
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Ao determinar que a pena deverá ser aplicada tão somente àquele que praticou um
ato tido como ilícito e que a mesma deverá ser arbitrada na medida da extensão da lesão do
bem jurídico protegido, nada mais impõe que a pena seja fundamentada e limitada pela
própria Culpabilidade.
Em que pese possuir o julgador discricionaridade para a fixação da pena, certo é que
referida liberdade não é absoluta, devendo o mesmo sempre observar as limitações
estabelecidas pelo próprio ordenamento. E, dentre estas, encontra-se a Culpabilidade.
Dessa forma, em que pese a imposição de uma pena àquele que pratica um ato ilícito,
quando da sua aplicação, o juiz deverá, obrigatoriamente, levar em consideração a
Culpabilidade do acusado para que a sanção seja aplicada de forma proporcional, correta e na
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Pode-se verificar, portanto, que foi adotada pelo ordenamento jurídico uma postura
garantista, centralizada na concepção de ser humano e na eficácia normativa dos direitos
fundamentais.
Prevendo a legislação penal as sanções possíveis de serem aplicadas aos sujeitos que
comentem injustos, e também, estabelecendo os parâmetros para a correta aplicação da
quantidade da pena, à liberdade do julgador impõe-se a limitação de assim o fazer tomando-se
como base a proporcionalidade e a culpabilidade do sujeito. Assim, a Culpabilidade não só
limita a aplicação da pena, como também, exerce o importante papel de medida de equilíbrio
entre a necessidade de reprovação penal pelo cometimento de um injusto e o direito do ser
humano de ser individualmente considerado para este fim.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dos Tribunais. 2002.
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1991.
MAÍLLO, Alfonso Serrano; PRADO, Luiz Regis. Curso de Criminologia. 2ª Ed. São Paulo.
Revista dos Tribunais. 2013.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Vol. I. 8a Ed. São Paulo. Revista
dos Tribunais. 2008.
SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal. Parte Geral. 3ª Ed. Curitiba. Lumen Juris. 2008.