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Análise Dos Factores Que Influenciam A Segurança Alimentar

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Universidade São Tomás de Moçambique

Faculdade de Agricultura (FAG)

Agnaldo Caetano Cambaza Júnior

Análise dos Factores que Influenciam na Segurança Alimentar


Caso de Estudo: Distrito de Marracuene

Maputo, Julho de 2024


Universidade São Tomás de Moçambique
Faculdade de Agricultura (FAG)

Agnaldo Caetano Cambaza Júnior

Análise dos Factores que Influenciam na Segurança Alimentar


Caso de estudo: Agricultores do distrito de Marracuene

Supervisor: Prof. Dr. Pierre Matungul

Monografia para obtenção do grau académico


de licenciatura em Desenvolvimento Rural

Maputo, Julho de 2024


DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu Agnaldo Caetano Cambaza Júnior, declaro por minha honra que este trabalho é de
minha autoria, fruto da minha pesquisa e das orientações do meu supervisor Prof. Dr. Pierre
Matungul. Declaro ainda, que este trabalho nunca foi apresentado em nenhuma outra
instutuição educacional para obtenção de qualquer grau académico.

Maputo, Julho de 2024

O autor

(Agnaldo Caetano Cambaza Júnior)

ii
CERTIFICAÇÃO

Este Trabalho foi apresentado à Universidade São Tomás de Moçambique – USTM, na


Faculdade de Agricultura (FAG) como requisito parcial para obtenção do grau de
licenciatura em Desenvolvimento Rural, aprovado com ______ valores no dia _____de
__________ de 2024 por nós, membros do júri examinador da Faculdade Agricultura

_______________________________________________

(Presidente)

_______________________________________________

(Oponente)

_______________________________________________

(Supervisor)

iii
RESUMO
O termo "Segurança Alimentar" surgiu em um contexto militar na Segunda Guerra Mundial,
quando países se preocupavam com a capacidade de garantir a disponibilidade e acesso a
alimentos em caso de guerra ou invasão. No entanto, ao longo dos anos, o conceito evoluiu
para incluir a acessibilidade, uso seguro e nutricionalmente adequado dos alimentos,
tornando-se um direito humano fundamental e um desafio global. As políticas e as
estratégias para o desenvolvimento do sector agrícola em Moçambique não têm surtido o
efeito desejado apesar das potencialidades de que o país dispõe neste sector. Esta tendência
coloca em atraso um sector fundamental para o crescimento social da maior parte da
população moçambicana, criando bolsas de fome, problemas de insegurança alimentar e
nutricional, e ainda, retardando o desenvolvimento do país. Cerca de 302.664 pessoas
encontram-se em situação de insegurança alimentar, e tem necessidade de assistência
humanitária. Um pouco por todas as regiões do país podemos encontrar famílias em situação
de insegurança alimentar sendo que, o nível mais baixo de insegurança alimentar encontra-
se na região rural norte 48%. O distrito de Marracuene vivenciou um período de seca severa
e estiagem num intervalo de dois anos 2014 à 2016 tendo resultado na perda de culturas
agrícolas e gado. Esta falta de chuva coloca em risco de fome às famílias por não
disponibilidade de alimentos. O estudo constata que a disponibilidade, acessibilidade e
estratégias de sobrevivência são fatores que influenciam significativamente na segurança
alimentar em Marracuene, e que estes por susa vez são influenciados por uma combinação
de sub-factores, incluindo a composição do agregado familiar, escolaridade, produção
agrícola, idade dos produtores, posse de terra, acesso a insumos agrícolas, apoio financeiro
e colaboração comunitária, mercados e estratégias de adaptação. Além disso, é identificado
que a falta de recursos, incluindo terra, água e fertilizantes, é um dos principais obstáculos
para a produção agrícola. O estudo conclui que é necessário implementar políticas públicas
que visem a garantir a segurança alimentar, incluindo a melhoria da infraestrutura agrícola,
o aumento da capacidade produtiva dos agricultores e o acesso à educação. Além disso, é
fundamental fortalecer as organizações comunitárias e cooperativas para apoiar os
agricultores locais.

Palavras-Chaves: Segurança Alimentar, Agricultura familiar, Subsistência.

iv
ABSTRACT
The term "Food Security" emerged in a military context during World War II, when
countries were concerned about their ability to ensure food availability and access in case of
war or invasion. However, over the years, the concept has evolved to include accessibility,
safe and nutritionally adequate food use, becoming a fundamental human right and a global
challenge. Despite the potential of the agricultural sector in Mozambique, agricultural
policies and strategies have not had the desired effect. This trend is delaying a crucial sector
for the social growth of most of the Mozambican population, creating food and nutritional
insecurity pockets, and hindering the country's development. Approximately 302,664 people
are in a food insecure situation and require humanitarian assistance. Families in food
insecure situations can be found throughout the country, with the lowest level of food
insecurity found in rural northern regions at 48%. The district of Marracuene experienced a
severe drought and dry spell from 2014 to 2016, resulting in crop and livestock losses. This
lack of rain poses a risk of famine to families due to the unavailability of food. The study
finds that availability, accessibility, and survival strategies significantly influence food
security in Marracuene, which in turn are influenced by a combination of sub-factors,
including household composition, education level, agricultural production, age of producers,
land ownership, access to agricultural inputs, financial support, community collaboration,
markets, and adaptation strategies. Additionally, it is identified that a lack of resources,
including land, water, and fertilizers, is one of the main obstacles to agricultural production.
The study concludes that implementing public policies aimed at ensuring food security is
necessary, including improving agricultural infrastructure, increasing farmers' productive
capacity, and providing education. It is also essential to strengthen community organizations
and cooperatives to support local farmers.

Keywords: Food Security, Family Farming, Subsistence.

v
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Prezelina da Glória Muianga Cuna e Agnaldo Caetano
Cambaza, Rui Venâncio Cuna por me apoiar e incentivar em todos os momentos da minha
vida.

vi
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por toda graça derramada em minha vida e por ter
permitido o alcance deste objectivo, ao Senhor Deus Todo-Poderoso, toda honra e toda glória
por este feito.

Ao meu supervisor, Prof. Doutor Pierre Matungul, pela orientação, incentivo, atenção,
disponibilidade e paciência desmontrados durante a realização do trabalho.

A todos os docentes que fizeram parte desta jornada, por todo conhecimento partilhado.

Ao Serviço Distrital de Actividades Económicas (SDAE) de Marracuene, em especial aos


Extensionistas Merques, Erásmo e aos Engenheiros Edson e Éder pelas informações
referentes a localizar e obter dados dos agricultores no distrito de Marracuene, por me ter
facilitado o contacto com os agricultores e pelo acompanhamento na recolha de dados no
campo. Aos agricultores respondentes do inquérito, membros das associações dos diferentes
postos administrativos.

Aos meus pais, Prezelina da Glória Muianga Cuna e Rui Venâncio Cuna e Agnaldo Caetano
Cambaza, que sempre estiveram ao meu lado me apoiando ao longo de toda minha
trejectória. Aos meus irmãos, Hortêncio, Will, Nareia, Tiago, Venâncio, Edna, Karen, Edy
e Ryan pela amizade e ajuda sempre que precisei.

Aos meus queridos colegas e amigos, Joyce Muianga, Nilza Langa, Rita Muianga, Jossefa
Buque, em especial a Luísa Mavale, Alexandre Muatxanrane e Ivan Banze, por todo
companherismo e apoio. A todos amigos e familiares que sempre me incentivaram a buscar
alcançar esta meta.

Á todos muito obrigado!

vii
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA .............................................................................................. ii

CERTIFICAÇÃO ................................................................................................................. iii

RESUMO ............................................................................................................................. iv

ABSTRACT .......................................................................................................................... v

DEDICATÓRIA ................................................................................................................... vi

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ vii

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................... xi

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................ xii

LISTA DE GRÁFICOS ...................................................................................................... xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................................ xiv

LISTA DE SÍMBOLOS ..................................................................................................... xvi

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO............................................................................................. 1

1.1. Justificativa ............................................................................................................. 2


1.2. Contextualização ......................................................................................................... 2
1.3. Problemática ............................................................................................................... 3
1.4. Hipóteses ..................................................................................................................... 5
1.5. Objectivos ................................................................................................................... 6
1.5.1. Objectivo geral ......................................................................................................... 6
1.5.2. Objectivos Específicos ............................................................................................. 6
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 7

2.1. Quadro Conceptual ..................................................................................................... 7


2.1.1. A Evolução do Conceito de Segurança Alimentar e Nutricional .......................... 10
2.1.2. Conceitos de Segurança Alimentar ........................................................................ 10
2.1.3. Outras Definições Relevantes para a área de Segurança Alimentar ...................... 13
2.1.4. O Direito Humano à Alimentação Adequada ........................................................ 14
2.1.4. Conceitos sobre Alimentação, Nutrição ................................................................ 14
2.2. Quadro Teórico ......................................................................................................... 17
2.2.1. Políticas Públicas para a Alimentação em Moçambique ................................... 17
2.3. Desenvolvimento ...................................................................................................... 21

viii
2.3.1. Características da Agricultura Familiar.............................................................. 21
2.3.2. Papel da Agricultura na Segurança Alimentar ................................................... 22
2.3.3. Indicadores da segurança alimentar em Moçambique ....................................... 23
2.3.3.1. Produção e Disponibilidade ............................................................................ 23
2.3.3.2. Acesso ............................................................................................................. 24
2.3.3.3. Uso e Utilização .............................................................................................. 24
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ..................................................................................... 25

3.1. Descrição da área de estudo ...................................................................................... 25


3.2. Clima & Hidrografia ................................................................................................. 26
3.3. Relevos e Solos ......................................................................................................... 26
3.4. Infraestruturas e Serviços.......................................................................................... 26
3.5. Economia .................................................................................................................. 27
3.6. Amostragem .............................................................................................................. 28
3.7. Tipo de Pesquisa ....................................................................................................... 30
3.7.1. Método de Pesquisa ............................................................................................ 30
3.7.2. Instrumentos de Recolha de Dados .................................................................... 31
3.8. Análise de Dados ...................................................................................................... 31
3.8.1. Procedimentos Metodológico da pesquisa ......................................................... 32
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................... 33

4.1. Características Sócio-demográficas do Agregado Familiar ...................................... 33


4.1.1. Género ................................................................................................................ 33
4.1.2. Estado Civil ........................................................................................................ 38
4.1.3. Escolaridade ....................................................................................................... 42
4.1.4. Composição dos AFs .......................................................................................... 45
4.1.5. Idade dos AFs ..................................................................................................... 46
4.2. Principais Características do Sector Agrário ............................................................ 47
4.2.1. Principais Culturas Produzidas........................................................................... 47
4.2.2. Acesso a Terra .................................................................................................... 50
4.2.3. Origem de Acesso a Terra .................................................................................. 51
4.2.4. Dimensão da Área de Cultivo ............................................................................ 52
4.2.5. Responsabilidade de Trabalho da Terra ............................................................. 53
4.2.5.1. Responsabilidade de Gestão da Produção ....................................................... 54
4.2.6. Principais Constrangimentos de Produção ........................................................ 55

ix
4.2.7. Acesso a Apoio de Produção .............................................................................. 57
4.2.8. Acesso a Financiamento ..................................................................................... 58
4.2.9. Tipo de Financiamento ....................................................................................... 59
4.3. Principais Meios de Obtenção de Alimentos do Agregado Familiar ........................ 61
4.3.1. Principais Mercados de Obtenção de Alimentos................................................ 61
4.4. Factores que Influenciam a Segurança alimentar ..................................................... 62
4.4.1. Disponibilidade .................................................................................................. 62
4.4.2. Acessibilidade .................................................................................................... 66
4.4.3. Estratégia de Sobrevivência ............................................................................... 67
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ................................................... 72

5.1. Conclusão.................................................................................................................. 72
5.2. Recomendações ........................................................................................................ 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 74

ANEXOS ............................................................................................................................. 80

x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Tipos de Nutrientes ........................................................................................... 16
Figura 2 – Mapa de Localização geográfica do Distrito de Marracuene............................. 25
Figura 3 – Tamanho da Amostra. ........................................................................................ 29
Figura 4 – Primeira aproximação do tamanho da amostra. ................................................. 29
Figura 5 – Interligação entre pesquisa quantitativa e qualitativa. ....................................... 30
Figura 6 - Fluxograma de procedimentos metodológicos da pesquisa. ............................... 32

xi
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Factores de classificação das explorações .......................................................... 23


Tabela 2 - Demonstração das principais culturas produzidas.............................................. 48
Tabela 3 - Culturas Produzidas por Localidade................................................................... 50

xii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Género dos AFs ...................................................................................................... 33
Gráfico 2 - Género dos AFs de Michafutene............................................................................. 34
Gráfico 3 - Género dos AFs de Marracuene Sede ..................................................................... 34
Gráfico 4 - Género dos AFs de Macaneta ................................................................................. 35
Gráfico 5 - Género dos AFs de Matalane .................................................................................. 35
Gráfico 6 - Género dos AFs de Ngalunde ................................................................................. 36
Gráfico 7 - Género dos AFs de Macandza ................................................................................ 36
Gráfico 8 - Género dos AFs de Thaula ...................................................................................... 37
Gráfico 9 - Estado civil dos AFs ............................................................................................... 38
Gráfico 10 - Estado civil dos AFs de Michafutene ................................................................... 38
Gráfico 11 - Estado civil dos AFs da Localidade de Sede ........................................................ 39
Gráfico 12 -Estado civil dos AFs da Localidade de Macaneta.................................................. 39
Gráfico 13 -Estado civil dos AFs Localidade de Matalane ....................................................... 40
Gráfico 14 - Estado civil dos AFs Localidade de Ngalunde ..................................................... 40
Gráfico 15 -Estado civil dos AFs Localidade de Macandza ..................................................... 41
Gráfico 16 - Estado civil dos AFs Localidade de Thaula .......................................................... 41
Gráfico 17 - Escolaridade dos AFs ............................................................................................ 42
Gráfico 18 - Escolaridade dos AFs por Localidade................................................................... 45
Gráfico 19 - Composição dos AFs ............................................................................................ 46
Gráfico 20 - Idade dos AFs ....................................................................................................... 47
Gráfico 21 - Acesso a Terra....................................................................................................... 51
Gráfico 22 - Origem de Acesso a Terra..................................................................................... 52
Gráfico 23 - Dimensão da Área de Cultivo em Hectares .......................................................... 53
Gráfico 24 - Responsabilidade de Trabalhar na Machamba...................................................... 54
Gráfico 25 - Responsabilidade pela Gestão da Produção .......................................................... 55
Gráfico 26 - Constrangimentos de Produção............................................................................. 56
Gráfico 27 - Apoio de Produção................................................................................................ 57
Gráfico 28 - Financiamento ....................................................................................................... 59
Gráfico 29 - Tipo de Financiamento ......................................................................................... 60
Gráfico 30 - Principais Mercados de Alimentos ....................................................................... 62
Gráfico 31 - Número de Refeições Diárias ............................................................................... 64
Gráfico 32 - Duração do Alimentos .......................................................................................... 66
Gráfico 33 - Actividade não Agrícola de Renda ....................................................................... 66
Gráfico 34 - Estratégia de Sobrevivência .................................................................................. 69

xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AF’s – Agregados Familiares

CAP – Censo Agropecuário

CTA – Confederação das Associações Económicas de Moçambique

EDM – Electricidade de Moçambique

EFSA – Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (European Food Safety
Authority)

EN1 – Estrada Nacional nº 1

ESAN – Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional

EUA – Estados Unidos da América

FAM – Gestão de Ajuda Alimenta (Food Aid Management)

FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (Food &
Agriculture Organization)

FCS – Índice de Consumo Alimentar (Food Consumption Score)

FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique

INE – Instituto Nacional de Estatística

MINAG – Ministério da Agricultura

MADER – Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural

MAE – Ministério da Administração Estatal

ONG – Organização Não-governamental

PA – Posto Administrativo

PAN – Programa Nacional Apícola

PIB – Produto Interno Bruto

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PRE – Programa de Reabilitação Económica

PSAA – Pequeno Sistema de Abastecimento de Água

SAN – Segurança Alimentar e Nutricional

SDAE – Serviço Distrital de Actividades Económicas

xiv
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SPSS – Programa Estatístico para as Ciências Sociais (Statistical Package for Social
Science)

SETSAN – Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional

USAID – Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (United States
Agency for International Development)

xv
LISTA DE SÍMBOLOS
o
C – Graus Celsius

Mts – Meticais

Mm3 – Milímetros Cúbicos

Km2 – Quilómetro Quadrado

Km – Quilómetros

Kg – Quilogramas

% – Percentagem

no – Número

ha – hectares

xvi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Todo o ser humano por sua característica biológica tem o direito a alimentação, tanto é que
a primeira preocupação dos governos a nível mundial é a erradicação da fome, tornando os
alimentos disponíveis e acessíveis nas quantidades necessárias e suficientes para garantia da
Segurança Alimentar. A produção familiar é um dos meios que permitem assegurar com que
as famílias disponham permanentemente de alimentos, e para que se possa produzir
alimentos variados e em quantidades significativas é necessário que se tenha os recursos
adequados (terra, água, sementes, equipamento, conhecimentos, competências e mão-de-
obra).
O ser humano, por sua vez, depende directamente da produção agrícola para garantir a
satisfação de seu direito à alimentação adequada e fundamental para o pleno
desenvolvimento e desempenho de suas potencialidades. Para que todos tenham o acesso a
esses bens essenciais (os alimentos) não se faz necessário o extermínio do que resta da
natureza. Há que se buscar alternativas para a lógica que tem regido esse segmento, sob pena
de aumentarem ainda mais as distâncias das camadas sociais, impondo um sacrifício maior
dos grupos mais vulneráveis da população (BRAUNER & GRAFF, 2015).
Segundo dados da UNICEF (2010), 21,5 milhões de pessoas em Moçambique, 55% da
população vivem abaixo da linha de pobreza com cerca de meio dólar americano por dia.
Nos últimos tempos tem-se notado um significativo empenho do Governo de Moçambique
no sentido de dar cobertura à situação de insuficiência alimentar no país.
Entretanto, este esforço esbarra, em muitos casos, com a falta de uma coordenação efectiva
das actividades multissectoriais com vista a garantir Segurança Alimentar e Nutricional.
Entretanto, a bolsa da fome continua sendo um dos grandes entraves para o desenvolvimento
humano no país.
O distrito de Marracuene não esta isento desses benefícios, ele está abrangido pelo programa
de extensão rural, o qual apoia pequenos e médios agricultores em métodos de produção de
cereais. Estes consistem no uso de fertilizantes, utensílios domésticos, irrigação,
armazenamento do excedente agrícola, combate as pragas e uso de tracção animal, para fazer
face a crise alimentar.
Em termos estruturais o trabalho está dividido em seis capítulos: no capítulo I: apresenta-se
a introdução do tema, problema de estudo, justificação da escolha do tema, objectivos e
hipóteses. No capítulo II: aborda-se a revisão bibliográfica elucidando aspectos inerentes a

1
segurança alimentar, conceitos da segurança alimentar, características da agricultura,
indicadores da segurança alimentar, limitações no desenvolvimento agrícola e impacto das
actividades desenvolvidas para garantir a segurança alimentar. O capítulo III: faz menção
aos procedimentos metodológicos usados na operacionalização do estudo, destacando o
método de investigação e a definição da amostra, não esquecendo de apresentar a área de
estudo e as suas características. O capítulo IV: aborda a questão dos resultados e discussão
dos dados recolhidos no campo. O capítulo V: apresenta a conclusão e recomendações com
base nos resultados obtidos. Culminando com o capítulo onde apresentam-se as respectivas
referências bibliográficas.
1.1. Justificativa

De acordo com Secretariado Técnico de Segurança Alimentar – SETSAN (2013), em


Moçambique, estima-se que 39% dos agregados familiares continuam a ser altamente
vulneráveis à insegurança alimentar.

A agricultura tem também um papel essencial na segurança alimentar para a maioria das
pessoas no meio rural a agricultura é a sua principal fonte de alimentos e de rendimento. É
importante salientar que embora a agricultura contribua para uma melhor segurança
alimentar e nutricional, é necessário que haja um trabalho coordenado entre os vários
sectores, especialmente para as áreas de nutrição e protecção social.

O Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique tem registado, nos últimos anos, um
crescimento anual de 7.5 % sendo considerado um dos mais elevados do mundo, razão pela
qual o país é tido como exemplo a nível internacional (INE, 2009). Para além disso, a
agricultura emprega 90% da força laboral feminina do país e 70% da força laboral masculina.
Isto significa que 80% da população activa do país está empregue no sector agrário.

Visto os aspectos acima, pretende-se neste trabalho mostrar a importância que a apresentação
dos factores da Segurança Alimentar em Moçambique tem, trazendo a academia uma
bagagem de informação que vai fazer perceber ao Mundo académico situação alimentar no
local em estudo e possivelmente ao governo a desenvolver mais planos estratégicos que
contribuam para garantia da segurança alimentar.

1.2. Contextualização
O país começa a reconstruir-se após décadas de guerra civil, e de uma transição recente para
uma economia de maior liberalização de mercado. Com um baixo nível de produtividade
agrícola e com taxas altas de pobreza, a insegurança alimentar é nessa altura um espectro
2
constante para um número substancial da população de Moçambique. Segundo o SETSAN,
cerca de 302.664 pessoas encontram-se em situação de insegurança alimentar, e tem
necessidade de assistência humanitária. Um pouco por todas as regiões do país podemos
encontrar famílias em situação de insegurança alimentar sendo que, o nível mais baixo de
insegurança alimentar encontra-se na região rural norte 48%. Segundo o SETSAN,
Moçambique continua a ser um país de baixo rendimento e deficitário em termos de
alimentos, importando por ano 470 toneladas de trigo, quase 100% da procura interna, 320
toneladas de arroz (75% da procura interna), (SETSAN, 2008). Em alguns distritos do país
como (Mabote, Panda, Funhalouro, Changara, Memba, Tambara) podemos encontrar uma
situação de insegurança alimentar crónica, que se refere a falta persistente de alimentos que
é causada normalmente por indicadores como a pobreza, baixa fertilidade dos solos, ciclones
e secas (SETSAN, 2008).
A Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional instituída por via do decreto 16/98,
Direito Humano a Alimentação Adequada como a prioridade central ao mesmo tempo que
reforça os mecanismos de coordenação institucional e política da Segurança Alimentar, por
via da instituição do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional e assenta
nos seguintes pilares da Segurança Alimentar e Nutricional, a produção e disponibilidade
suficiente de alimento para o consumo; o acesso físico e económico aos alimentos; o uso e
utilização adequada dos alimentos, adequação para que os alimentos sejam social, ambiental
e culturalmente aceitáveis incluindo a absorção dos nutrientes pelo organismo e a
estabilidade do consumo alimentar a todo o tempo (SETSAN, 2007).
1.3. Problemática
As políticas e as estratégias para o desenvolvimento do sector agrícola em Moçambique não
têm surtido o efeito desejado apesar das potencialidades de que o país dispõe neste sector.
Esta tendência coloca em atraso um sector fundamental para o crescimento social da maior
parte da população moçambicana, criando bolsas de fome, problemas de insegurança
alimentar e nutricional, e ainda, retardando o desenvolvimento do país.
O sector agrário em Moçambique dispõe de cerca de 36 milhões de hectares de terra arável
com um amplo potencial agro-ecológico para uma diversidade de culturas, e é constituído
na sua maioria pelo sector familiar que pratica uma agricultura de subsistência, a qual
depende principalmente das chuvas (SITOE, 2005).
O distrito de Marracuene vivenciou um período de seca severa e estiagem num intervalo de
dois anos 2014 à 2016 tendo resultado na perda de culturas agrícolas e gado. Esta falta de

3
chuva coloca em risco de fome às famílias por não disponibilidade de alimentos (TIAGO,
2012).
Sendo que este é um problema que compromete a Segurança Alimentar surge a necessidade
de se fazer um estudo que visa apresentar os factores que podem influenciar na Segurança
alimentar e sua influência.
• Quais são os factores que influenciam na Segurança alimentar em Marracuene?

4
1.4. Hipóteses
Ho: A disponibilidade, acessibilidade de alimentos e as estratégias de sobrevivência são
factores que influenciam significativamente a segurança alimentar em Marracuene;
Ha: A disponibilidade, acessibilidade de alimentos e as estratégias de sobrevivência não são
factores que influenciam significativamente a segurança alimentar em Marracuene.

5
1.5. Objectivos
1.5.1. Objectivo geral

• Analisar os factores que influenciam na segurança alimentar no distrito de


Marracuene.

1.5.2. Objectivos Específicos

• Caracterizar o agregado familiar;


• Descrever as principais características do sector agrário;
• Indicar os principais meios de obtenção de alimentos do agregado familiar;
• Identificar os factores que influenciam na segurança alimentar.

6
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Quadro Conceptual


Neste capítulo, é apresentada a história, os conceitos de “segurança alimentar e Nutricional”
nas vertentes produção e disponibilidade de alimentos, uso e utilização, adequação e acesso,
desenvolvimento e desenvolvimento sustentável.
O termo "Segurança Alimentar" surge, pela primeira vez, logo após o fim da 1ª. Guerra
Mundial. Percebia-se que um país poderia dominar o outro se tivesse o controlo sobre o seu
fornecimento de alimentos. Esta era uma arma poderosa, principalmente se aplicada por uma
potência sobre um país mais fraco, no plano militar e, também, incapaz de produzir
suficientemente os seus alimentos.
Portanto, o termo "Segurança Alimentar" é, de facto, na sua origem, um termo militar.
Tratava-se de uma questão de segurança nacional para todos os países. Apontava para a
exigência de formação de reservas de alimentos que fortalecia a visão sobre a necessidade
de busca de autossuficiência por cada país (Silva, 2006).
Ainda segundo o autor, o termo trazia, assim, um entendimento que vinculava a questão
alimentar à capacidade de produção. Esta vinculação manteve-se até à década de setenta. Na
primeira Conferência Mundial sobre Segurança Alimentar, promovida pela FAO, em 1974,
num momento em que as reservas mundiais de alimentos estavam bastante escassas, com
uma perda de safras importantes nos países produtores, a ideia de que a Segurança Alimentar
estava estritamente ligada à produção agrícola era corrente.
Apesar dos esforços, a produção mundial, ainda na década de setenta, aumentou embora não
da mesma forma como previa a Revolução Verde, e nem por isso desapareceram os
problemas da fome e da desnutrição, que continuavam afectando grupos vulneráveis da
população mundial (idem).
É neste contexto que se começa a perceber que, mais do que a disponibilidade de alimentos,
a capacidade de acesso aos alimentos por parte dos povos em todo o mundo mostra-se como
questão crucial para a segurança alimentar.
No século XX presenciou-se a ocorrência de crises de fome generalizada, afectando
populações em diferentes países, sendo essas crises provocadas, na sua maioria, pela acção
do próprio homem. Actualmente, uma grande parte da população mundial encontra-se
exposta à situação de crise alimentar, como estimou FAO (2005), em aproximadamente 843
milhões de pessoas que passam fome devido à escassez de alimentos, ou seja, pessoas que

7
não dispõem de quantidades físicas de géneros alimentícios requeridas para suprirem
minimamente as necessidades de funcionamento do organismo (Silva, 2006).
O problema tem voltado ciclicamente a fazer história quando se fala de equilíbrio entre o
homem e o ambiente. Em 1974, em conferência internacional aos auspícios da FAO, num
período de grande carência alimentar, concluiu-se haver uma tendência para défice alimentar
(idem).
Todavia, a mesma fonte refere que em 1985 nos países industrializados se verificou um
excesso de produção e houve pressões para a redução e controle da produção. Tecnicamente,
não há dúvida sobre a capacidade de produção alimentar, dadas as condições actuais de
conhecimento tecnológico.
O problema hoje é a participação no mercado internacional para aquisição de bens e serviços.
Na conferência mundial sobre a segurança alimentar, realizada em Roma em 1996,
concordou-se que o comércio é um elemento-chave para a segurança alimentar e o
desenvolvimento rural.
Surge assim a necessidade de se adoptar políticas de comércio alimentar e comerciais, na
sua generalidade, para incentivar os produtores e consumidores no uso devido dos recursos
disponíveis para que estes se tornem sustentáveis, garantindo a estabilidade, a satisfação das
necessidades no presente sem comprometer a satisfação das necessidades das futuras
gerações (ESANII, 2007).
Segundo a mesma fonte, na mesma conferência, os intervenientes de todos os países
assumiram o compromisso da erradicação da fome, da insegurança alimentar e da
desnutrição até 2015, por outro lado, assumiram o compromisso com a produção e consumo
de alimentos em todo o mundo e defenderam o “direito inalienável de todo o homem, mulher
ou criança estar livre do risco da fome e da desnutrição para o desenvolvimento das suas
faculdades físicas e mentais” (idem).
Na discussão da segurança alimentar e agricultura, defende que se destacam 5 (cinco) escolas
de pensamento segundo Pretty (s/d).
1. Pessimistas Ambientais: seguindo um argumento neo-malthusiano, estes clamam que a
população continua a crescer muito rapidamente enquanto todo o tipo de produção de
cereais declinou e vai continuar lentamente a baixar no futuro. Argumentam ainda que
com o conhecimento tecnológico actual nenhuma outra tecnologia superior irá surgir. A
solução destes problemas implica fazer do controle da população uma primeira
prioridade.

8
2. Otimistas de Sempre: para estes, a oferta irá sempre encontrar uma crescente procura
e, assim, o crescimento actual na produção agregada de alimentos vai continuar a
contribuir na redução do crescimento populacional. Sustenta-se que as inovações na
biotecnologia vão sustentar o aumento da produção.
3. O Mundo Industrializado em Socorro: baseia-se na indústria agro-química para
defender que por uma variedade de razões ecológicas, institucionais e políticas
económicas, os países em desenvolvimento jamais serão capazes de se sustentar. Este
grupo sustenta que os alimentos deverão continuar a ser garantidos com base na
agricultura moderna baseada nos países do Norte.
4. Novos Modernistas: defendem que o aumento dos alimentos somente pode existir
através de altos insumos externos à produção, onde existem terras para a revolução verde
ou em terras com alto potencial para a produção de alimentos. Para estes, pequenos e
simples farmeiros usam poucos fertilizantes artificiais, pesticidas e outros insumos
externos, que são o único caminho para melhorar a produção e reduzir a pressão no
habitat natural. Defendem também que altos insumos na agricultura são mais
sustentáveis ambientalmente em relação a baixos insumo, pois, neste caso requer-se um
uso intensivo dos recursos locais, que podem degradar-se no processo produtivo.
5. Intensificação Sustentável: defende que a intensificação da produção agrícola
sustentável em terras com substancial crescimento é possível nas áreas degradadas e ao
mesmo tempo protegendo e regenerando os recursos naturais. Estes fazem uso de
evidências empíricas do norte e sul para argumentar que com baixos insumos (mas não
necessariamente zero insumos), a agricultura pode ser altamente produtiva,
providenciando larga participação dos farmeiros em todos os estágios de
desenvolvimento tecnológico e extensão.
Com base na discussão destas teorias acima, Pretty (s/d) procurou compreender a ligação
produção de alimentos e segurança alimentar visando o desenvolvimento.
Concordando com Novos Modernistas e Intensificação Sustentável, que concluem que a
produção de alimentos terá de aumentar substancialmente nas próximas décadas, para
suportar o crescimento global da população, através de altos inputs externos e intensificação
da produção agrícola sustentável em terras com substancial crescimento. As projecções
globais não ajudam necessariamente indicar quando teremos segurança alimentar a nível
local.

9
2.1.1. A Evolução do Conceito de Segurança Alimentar e Nutricional
A evolução do conceito de segurança alimentar e nutricional, assim como dos demais
direitos humanos, vem acompanhando as conquistas e lutas históricas da sociedade,
correspondendo a valores que mudam com o tempo e, portanto, estão em constante
transformação (VALENTE, 2002).
O final da Segunda Guerra Mundial evidenciou a necessidade da concepção de um estado
de segurança alimentar, essencial para reconstrução de boa parte dos países europeus, uma
vez que a soberania dos mesmos corria o risco de fragilizar-se ao não garantir alimento em
quantidade e qualidade, suficientes a sua população (FREI BETTO & MALAQUIAS, 2003).
2.1.2. Conceitos de Segurança Alimentar
Existem diferentes definições de Segurança Alimentar de acordo com as Organizações
Internacionais, pelo que decidiu-se descrever aqui algumas das mesmas:
A FAO, definiu que o objectivo da segurança alimentar é assegurar que todas as pessoas
tenham um acesso permanente, fisico, económico aos alimentos básicos de que necessitam.
Segurança alimentar tem três objectivos específicos:
• Assegurar a produção do fornecimento adequado de alimentos;
• Maximizar a estabilidade no fluxo dos fornecimentos;
• Assegurar o acesso aos fornecimentos disponíveis por parte de quem os necessita.
A UNIÃO EUROPEIA, a segurança alimentar é definida como a ausência de fome e
malnutrição. Para que isso seja possível, as familias, regiões ou países devem ter recursos
suficientes para produzirem ou obterem alimentos. Contudo esta é a condição necessária,
mas não suficiente uma vez que os recursos devem também ser correctamente utilizados.
UNICEF define segurança alimentar como a garantia de alimentos para satisfazer as
necessidades ao longo de todas as estações do ano.
BANCO MUNDIAL é definida como o acesso permanente por todas as pessoas a uma
alimentação suficiente que garanta uma vida saudável e activa. Os elementos fundamentais
desta definição são a disponibilidade de alimentos e a capacidade de os adquirir.
O mandato global da segurança alimentar, o qual integra questões de produção,
comercialização segurança alimentar as variações definições e consumo, abrangendo níveis
de analise desde o agregado familiar até a economia nacional e internacional.
Embora existam estes aspectos acabados de referir existem também importantes diferenças
entre as definições anteriormente apresentadas;

10
• A Primeira diferença, europeia está na unidade de análise é o agregado familiar
enquanto nas outras definições é o indivíduo.
• A segunda diferença, é na ênfase das percepções sobre insegurança alimentar,
enquanto o BANCO MUNDIAL se refere a "alimentação suficiente" a FAO tem uma
definição mais ampla referindo-se a uma "alimentação adequada", que engloba os
aspectos de quantidade e qualidade.
• A terceira diferença, a salientar é na ênfase relativamente a eficiência do sistema
alimentar, nacional, a combinação dos factores agro-ecológicos, sócio - económicos
que determinam a produção, comercialização e consumo de alimentos.
O conceito de segurança alimentar implica a garantia de um fornecimento e distribuição de
alimentos a todos os grupos sociais e indivíduos, devendo esta ser adequada em termos de
qualidade e quantidade de forma a satisfazer as necessidades nutricionais.
De forma a conseguir garantir a segurança alimentar, os sistemas alimentares devem ter as
seguintes características:
• Capacidade de ter disponível a nível interno alimentos suficientes para satisfazer as
necessidades alimentares básicas de todos os grupos sociais. Os alimentos podem ser
disponíveis através da produção, armazenagem, estoque adequados, importações.
• Autonomia máxima, devendo procurar reduzir a vulnerabilidade as flutuações dos
mercados internacionais e pressões políticas externas.
• Capacidade de minimizar o impacto das variações cíclicas e sazonais no consumo de
alimentos.
• Ser sustentável, isto é a base de produção deve ser preservada e melhorada.
• Finalmente os sistemas alimentares devem assegurar equidade, o que significa acesso
seguro a alimentos adequados para todas as classes, grupos sociais e extractos da
sociedade.
Segurança alimentar é definida como uma adequada disponibilidade de alimentos para
satisfazer as necessidades nutricionais básicas; uma questão que pode ser abordada a
diferentes níveis, mundial, (global), de um país (nacional) ou de um individuo (familiar).
Segurança Alimentar Global - requer que quantidades suficientes de alimentos sejam
disponíveis para alimentar a população mundial.
Segurança Alimentar Nacional - É definida como a probabilidade de que a disponibilidade
de alimentos existentes para o consumo a nível de um país, seja pelo menos igual as
necessidades biológicas durante o ano.

11
Segurança alimentar a nível nacional é garantida quando existem alimentos suficientes para
toda a população a nível de um país.
Segurança Alimentar Familiar - É definida como o acesso por todos os membros da
família a uma alimentação adequada ao longo do tempo.
Nem sempre a disponibilidade alimentar a nível de um país garante a segurança alimentar a
nível familiar, e mesmo dentro de uma família existindo disponibilidade alimentar não
significa que todos os membros da mesma tenham acesso a uma alimentação adequada ao
longo do tempo. As fontes da segurança alimentar a nível familiar são várias.
A insegurança alimentar pode-se manifestar de diferentes formas:
• Insegurança alimentar crónica - prevalecente durante um longo período. Em geral
este tipo de insegurança alimentar se encontra a desnutrição crónica, associada ao
baixo crescimento e desenvolvimento de um país. O problema deste tipo de
desnutrição apenas pode ser resolvido através do crescimento económico, elevação
da capacidade produtiva e dos níveis de rendimento reais da população pobre.
• Insegurança alimentar transitória - é prevalecente durante um curto período, é
definida como um declínio temporário da família, região, pais no acesso aos
alimentos, como consequência da instabilidade na produção de alimentos, nos preços
dos alimentos ou nos rendimentos. Neste tipo de situação em geral persiste a
desnutrição aguda.
Os termos disponibilidade, acesso e utilização aparecem em geral, integradas no conceito de
segurança alimentar. Algumas das definições serão a seguir apresentadas.
De acordo com FAM (2004), a disponibilidade de alimentos a nível nacional ou regional é
uma condição necessária, mas não suficiente para assegurar o acesso aos alimentos ao nível
do agregado familiar que, por sua vez, é condição necessária, mas não suficiente para
assegurar o consumo adequado para cada membro do agregado familiar. Estas constatações
levaram a que, em 1983, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
e, em 1986, o Banco Mundial, alargassem o conceito de segurança alimentar de modo a
incluir a garantia do “acesso físico e económico” aos alimentos básicos, por parte das
famílias.
Na óptica do SETSAN (2005), o acesso aos alimentos é uma segunda dimensão de segurança
alimentar e refere-se à capacidade de o agregado familiar aceder aos alimentos adequados
ao longo do tempo, através da produção própria, compra no mercado, reservas, troca, ajuda
de assistência e outras formas.

12
2.1.3. Outras Definições Relevantes para a área de Segurança Alimentar
Vulnerabilidade à Insegurança Alimentar
Vulnerabilidade indica uma zona ou um grupo da população que está em perigo de sofrer de
insegurança alimentar. Vulnerabilidade é um conceito relativo: todas as pessoas de uma
maneira geral são vulneráveis, mas o nível de vulnerabilidade varia no tempo e de acordo
com as condições sócio-económicas, naturais. A vulnerabilidade à insegurança alimentar
depende de dois grupos de factores: factores fundamentais da economia alimentar e o risco
de choques potenciais. Os factores fundamentais são estáticos quer dizer que eles não
mudam, ou só mudam a longo prazo. Por exemplo, clima, pluviosibilidade média, qualidade
de solos, acessibilidade, infraestruturas Choques são acontecimentos pontuais; outros
exemplos podemos ter: secas, cheias, pragas, não funcionamento dos mercados.
Na determinação da vulnerabilidade à insegurança alimentar, há que ter em conta os
seguintes aspectos: os recursos iniciais das famílias, as reservas que elas possuem mais
concretamente os bens, os mecanismos de apoio social a nível da comunidade, e as
estratégias de sobrevivência, usualmente utilizadas nessa comunidade.
Pobreza
Trata-se de um fenómeno natural que existe na sociedade num determinado momento,
afectando indivíduos com um nível de vida ou de bem-estar abaixo do mínimo aceitável,
segundo as normas dessa sociedade.
Pobreza Absoluta
É um nível específico de consumo (geralmente coberto por alimentação, vestuário, água
potável, serviços de saúde, educação) expresso em termos monetários, considerado como o
necessário para garantir a subsistência do individuo ou agregado familiar.
Pobreza Relativa
Refere-se ao inadequado abastecimento de um sujeito económico em comparação com outro
sujeito económico.
A Segurança Alimentar e Nutricional, nesse sentido, precisa ser compreendida para além das
dimensões biológicas da simples adequação das necessidades diárias de nutrientes para a
manutenção da sobrevivência humana, (VALENTE, 2002) já que “viver é diferente de
sobreviver”, ou seja, a vida em sociedade pressupõe uma capacidade individual de agência.
Pressupõe a existência de indivíduos críticos que consigam observar sua própria vida em
perspectiva e pensar acerca da mesma, para que possam então tomar decisões. Assim: O ser
humano, ao longo de sua evolução, desenvolveu uma relação com o processo alimentar,
transformando-o em um rico ritual de criatividade, de partilha, de carinho, de amor, de

13
solidariedade e de comunhão entre os seres humanos e com a própria natureza, permeado
pelas características culturais de cada agrupamento humano (VALENTE, 2002).
Segurança Alimentar e Nutricional é o direito de todas as pessoas, de ter a todo o momento,
acesso físico, económico e sustentável a uma alimentação nutricionalmente adequada, em
quantidade e qualidade e aceitável no contexto cultural, para satisfazer as necessidades e
preferências alimentares, para uma vida saudável e activa (ISMAEL,2013).
Segundo FAO (2011), existe segurança alimentar quando as pessoas têm, a todo o
momento, acesso físico e económico a alimentos seguros, nutritivos e suficientes para
satisfazer as suas necessidades dietéticas e preferências alimentares, a fim de levarem uma
vida activa e sã.
2.1.4. O Direito Humano à Alimentação Adequada
O direito à alimentação adequada dispõe que sua satisfação plena somente se dará quando
toda sociedade tiver acesso aos nutrientes indispensáveis para uma vida saudável. Desse
modo, a realização do direito à alimentação jamais poderá ser confundida com a mera
satisfação da fome, uma vez que o simples consumo de alimentos por si só não propicia
nutrição satisfatória, caso não seja dotado das quantidades e qualidade necessárias para
garantir uma dieta saudável e balanceada (CASTRO, 2010).
O direito à alimentação adequada é aqui entendido como o acesso de todos os indivíduos aos
recursos e aos meios para produzir ou adquirir alimentos seguros e saudáveis que
possibilitem uma alimentação de acordo com os hábitos e práticas alimentares de sua cultura,
de sua região ou de sua origem étnica (VALENTE, 2002).
2.1.4. Conceitos sobre Alimentação, Nutrição
2.1.4.1. Alimentação
É a base da vida e dela depende a saúde do homem. A falta de alimentos, os tabus e crenças
alimentares e a diminuição de poder aquisitivo, são factores que levam à nutrição
inadequada. Uma dieta saudável pode ser resumida por três palavras: variedade, moderação
e equilíbrio.
A alimentação deve ser fornecida em quantidades suficientes e com qualidade adequada à
necessidade do indivíduo. Para entendermos melhor o que significa uma alimentação
adequada, precisamos saber a diferença existente entre alimentos e nutrientes (SESC/DN,
2003).
Alimentação, é a fase que ocorre anteriormente à nutrição, incluindo as etapas de escolha,
preparação e ingestão dos alimentos, incluindo a mastigação e a deglutição, constituindo

14
estes últimos um conjunto coordenado de actos voluntários e conscientes através dos quais
o ser humano obtêm os produtos para o seu consumo.

• ALIMENTOS: são substâncias que visam promover o crescimento e a produção


de energia necessária para as diversas funções do organismo.
Alimento
são todos os materiais sólidos e líquidos compostos por vários elementos inorgânicos e
compostos orgânicos ou uma mistura destes que o homem ingere sendo os mesmos utilizados
para satisfazer as necessidades de manutenção, crescimento, sintetização, restauração de
tecidos corporais e trabalho.
Dietética
É a ciência que estuda os padrões alimentares adequados para satisfazer as necessidades
nutricionais de individuos sadios ou com distúrbios nutricionais.

Dieta

Em grego significa "regime de vida "modo regular de vida. Pode ser entendida como um
conjunto de alimentos sólidos e líquidos que um indivíduo ou grupo consome durante um
determinado período. Também pode ser entendido como um plano especial de comidas e
bebidas prescrita em geral por médicos ou dietistas destinadas a satisfazer as necessidades
nutricionais próprias do individuo ou grupo de indivíduos saudáveis ou afectados por uma
determinada enfermidade.

Nutrientes

São substâncias químicas que existem nos alimentos e que tem as seguintes funções
energéticas, protectoras, reguladoras.

15
Figura 1 – Tipos de Nutrientes, Fonte: (COMER VIVER, 2010) [1] 1
De acordo com a figura 1 nutrientes são Proteínas, Hidratos de Carbono, Vitaminas e
Minerais.

Nutrientes Energéticos: Os nutrientes energéticos são os que fornecem energia, neste grupo
temos os hidratos de carbono, gorduras e também as proteinas apesar desta não ser a função
principal destes nutrientes.

Hidratos De Carbono: São compostos de carbono, hidrogénio, oxigénio (Cn, H2n, On) e
que tem como função principal fornecer energia fundamental para o funcionamento do corpo
e desenvolvimento de actividades. Os hidratos de Carbono são também conhecidos como
glícidos. Constituem a principal fonte de energia para o homem, na maioria das regiões do
mundo. Exemplos de alimentos ricos em Hidratos de Carbono: Milho, mandioca, mapira,
batata-doce, banana verde, cana-de-açúcar.

Proteína: São moléculas de estrutura complexa, compostas de carbono, hidrogénio,


nitrogénio, oxigénio e quase todas contêm enxofre. Estas substâncias existem em alguns
alimentos e fornecem nutrientes para a construção do nosso corpo, para a realização de
funções na manutenção dos fenómenos vitais.

1https://comerviver.blogs.sapo.mz/661.html.

16
As proteínas também fornecem energia, mas em quantidades menores. Todas as partes do
nosso corpo como é o caso da pele, ossos, sangue contêm proteínas, por isso necessitamos
de ingeri-las através dos alimentos. Os alimentos ricos em proteinas: carne, peixe, feijões,
ervilhas, ovos, soja, leite.

Gordura ou Lipidos: São micronutrientes existentes nos alimentos, compostos por carbono,
hidrogénio, oxigénio e alguns tem fósforo e nitrogénio, constituindo diferentes compostos
que exercem funções estruturais energéticas, co-enzimáticas, hormonais nos seres vivos.

Os lipídios são importantes energeticamente porque produzem 9 kcal por grama quando
oxidados no organismo. Os lipídios são classificados em simples, compostos e derivados.
Exemplos de alimentos ricos em gordura: óleos provenientes de diferentes oleaginosas como
é o caso do girassol, óleos alimentares, amendoim, manteiga, margarina, gordura animal,
(banha) castanha de caju, carne gorda.

Vitaminas: São substâncias orgânicas que são indispensáveis na alimentação do homem em


quantidades mínimas, tendo como função garantir o desenvolvimento e funcionamento e
protecção do organismo contra as doenças.

As vitaminas de acordo com a sua solubilidade podem ser classificadas em dois grupos:
Vitaminas lipossolúveis - solúveis em lipidios (Vit A, D,E,K) Vitaminas hidrossolúveis -
solúveis em agua( B1, B2, B 12, Vit C, Acido fólico, Niacina).

Minerais: Os minerais são nutrientes que existem nos alimentos e que desempenham
funções especificas no organismo. Podem ser classificados em macro ou micro minerais.

• Macro minerais temos o cálcio, fósforo, Magnésio, Enxofre


• Micro minerais temos o ferro, iodo, zinco, cromo, fluor, manganês, cobre,
selénio, cobalto, molibdénio, níquel, vanádio.

Alguns exemplos de funções de alguns minerais; o cálcio é o constituinte principal do


organismo humano (2% do peso corporal são ossos e dentes), pelo que o cálcio é importante
para a formação e manutenção do tecido ósseo.
2.2. Quadro Teórico
2.2.1. Políticas Públicas para a Alimentação em Moçambique
Moçambique é uma nação nova, que se tornou independente de Portugal em 25 de junho de
1975. Segundo um estudo feito em 2016 por Vunjanhe e Adriano (2015), através de Centro

17
de Referência em Segurança Alimentar e Nutricional em Moçambique, a Frente de
Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido que ocupa o poder desde a independência
do país, realizou o seu terceiro congresso em 1977, onde foi estabelecida a primeira política
econômica do país. Esta política procurava:

[...] responder aos desafios de edificação e expansão de um sistema


educativo inclusivo, acesso a rede sanitária básica particularmente no
meio rural, a produção de alimentos para fazer face a escassez de
produtos básicos, infraestruturas básicas, substituição de importações
pelas exportações de modo a estabilizar-se a balança comercial do
país, entre outros. A ideia central era de potenciar-se um
desenvolvimento endógeno (VUNJANHE & ADRIANO, 2015)

Os autores chamam a atenção para as drásticas mudanças ocorridas no campo moçambicano


logo após a independência. O novo governo priorizou a produção de alimentos para consumo
interno, para promover a segurança alimentar, embora não necessariamente a segurança
nutricional. Dentro da lógica do planeamento central da economia, o sector agrícola foi
reformado, com a criação das empresas estatais e a colectivização forçada do campesinato
através das aldeias comunais (VUNJANHE; ADRIANO, 2015).

O mesmo estudo de Vunjanhe e Adriano (2015) elucida que numa fase posterior, que vai de
1985 a 1995, o objectivo inicial de priorização da produção voltada para o mercado interno
será revertido para a lógica colonial de produção de cash crops, com o abandono das
estratégias iniciais de combate à insegurança alimentar.

O tema da segurança alimentar só vai voltar de forma prioritária para a agenda política com
a aprovação da nova Política Agrária, em outubro de 1995. A nova estratégia de promoção
de SAN incluia a criação de instituições governamentais de coordenação e implementação
de um sistema nacional de segurança alimentar, com maior participação da sociedade civil
e de organismos internacionais. A fase inicial de implementação da Estratégia de Segurança
Alimentar e Nutricional (ESAN I) vai até o ano de 2007, quando é adoptada a Estratégia de
Segurança Alimentar e Nutricional II (ESAN II), que vai de 2008 a 2015. Um dos objetivos
da ESAN II era reduzir em até 30% o percentual da população em situação de fome e
desnutrição aguda nos dois anos seguintes. O documento entende que a redução dos altos
níveis de pobreza que assolam o país passa pelo combate à insegurança alimentar e
nutricional, sobretudo entre a população mais vulnerável.

18
Um estudo realizado por Vunjanhe e Adriano (2015) enfatiza:

[...] uma relação muito estreita entre a redução da pobreza, a


segurança alimentar e nutricional, o desenvolvimento rural e o
crescimento econômico sustentável, assumindo que o alívio à pobreza
é essencial para se atingir a segurança alimentar, uma vez que a fome
é tanto causa como resultado da pobreza e a erradicação da pobreza
verifica-se quando se elimina a fome (VUNJANHE; ADRIANO,
2015, p. 40).

Em 14 de Julho de 2010 o governo moçambicano criou o Secretariado Técnico de Segurança


Alimentar e Nutricional (SETSAN) com o objetivo de garantir e coordenar a promoção da
Segurança Alimentar e Nutricional mas, através do Decreto nº. 69/2017, de 6 de Dezembro
a promoção, a coordenação e a tomada de decisão em matéria de Segurança Alimentar e
Nutricional deixaram de ser feitas pela SETSAN e passaram a ser realizadas pelo
Secretariado Executivo do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
(CONSAN) até os dias de hoje.

Com o decorrer do tempo, é possível observar que estão em andamento muitas actividades
e projectos para promover a SAN e todas estão inclusas no plano do governo moçambicano.
No Ministério da Saúde (MISAU) existe um programa cujo objectivo é a redução da
Mortalidade Materno-infantil (MOÇAMBIQUE, 2015b), e o Programa de Reabilitação
Nutricional (MOÇAMBIQUE, 2013a), com o objectivo de implementar o tratamento das
crianças com desnutrição aguda grave, utilizando o suplemento Plumpy Nut. Já o suplemento
alimentar CSB5 é utilizado para o tratamento da desnutrição aguda moderada, com o apoio
do Programa Mundial de Alimentação (PMA) e UNICEF.

O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) e o Ministério


agricultura e Segurança Alimentar (MASA) de Moçambique, através do Programa Nacional
de Alimentação Escolar (MOÇAMBIQUE, 2015a) buscam enfrentar o problema com ações
como: “fornecer alimentação diversificada e balanceada nas escolas; desparasitação;
educação alimentar e nutricional; produção agrícola nas escolas e aquisição local de gêneros
alimentícios” (VUNJANHE; ADRIANO, 2015).

O Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural implementa o programa de Extensão


e Desenvolvimento Rural. Por outro lado, várias ONGs nacionais e internacionais com

19
enfoque para a USAID, FAO e o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM),
estão trabalhando e contribuído para a melhoria da SAN no país.

Em Moçambique, muitos estudos sobre nutrição, como os publicados por Amaro et al.
(2017) e o Ministério da Saúde (MOÇAMBIQUE, 2012), são feitos com base na
Classificação Integrada da Insegurança Alimentar (IPC), que é um conjunto de ferramentas
e procedimentos usados para classificar a gravidade e as características de crises alimentares
e de nutrição agudas, bem como a insegurança alimentar crônica, com base em padrões
internacionais. O IPC compreende quatro funções que se reforçam mutuamente, cada uma
com um conjunto de protocolos específicos (ferramentas e procedimentos). Os parâmetros
nucleares da IPC incluem a busca de consenso, a convergência da evidência, a
responsabilização, a transparência e a comparabilidade. A análise IPC visa fundamentar a
resposta de emergência, bem como as políticas e programas de segurança alimentar a médio
e longo prazo.

Mas para este estudo foi escolhida a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que
tem como objectivo avaliar de maneira directa uma das dimensões da segurança alimentar e
nutricional em uma população, por meio da percepção e experiência com a fome, cenário
que se vive no povoado em estudo (KEPPLE; SEGALL-CORRÊA, 2011). A EBIA foi
preferida em relação a Escala de Experiência de Insegurança Alimentar (FIES), por seu
maior número de perguntas, que permitem traçar um quadro mais detalhado da situação de
SAN em famílias com menores de 18 anos.

Como colocam Carrilho et al. (2021, p.13):

Cerca de 25% do PIB em Moçambique provém da agricultura


(culturas, silvicultura, pecuária e pesca), que representa a principal
fonte de rendimento de cerca de 80% da população (Banco Mundial,
2011). O país tem um dos mais baixos Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) do mundo, ocupando a posição 178 entre 186 países
analisados em 2014, estando entre os países com maior intensidade
de pobreza, com privações em cerca de 65% dos indicadores
considerados no cálculo do IDH.

As áreas rurais são as mais deficitárias economicamente, estando a maior parte das
actividades económicas nas cidades. Como observado por Carrilho et al. (2021), o aumento

20
do número de instituições financeiras no país não refletiu nas áreas rurais, que permacem
com deficiência de infra-estrutura e demais produtos necessários para alavancar a economia
rural.

Os pequenos produtores continuam sem acesso a financiamento para a compra de insumos


e mecanização das lavouras. Essa situação compromete três dos quatro pilares apontados
pela ONU para garantir a SAN: produção e disponibilidade, acesso e estabilidade na oferta
de alimentos.

Mas, segundo Carrilho et al. (2021), em anos recentes tem sido possível observar um
aumento da participação de organizações da sociedade civil em iniciativas para influenciar
políticas públicas, com ganhos como o acesso de comunidades rurais aos benefícios do
aproveitamento de recursos naturais. O aumento do diálogo entre instituições públicas,
privadas e civis, muitas delas ligadas a actividades de produção agrícola, é outro sinal de
avanço nas reivindicações por maior liberdade individual e das organizações associativas.

2.3. Desenvolvimento
2.3.1. Características da Agricultura Familiar
Segundo MINAG (2012), em Moçambique existem mais de 36 milhões de hectares de terra
arável, dos quais apenas 10% em uso e 90% destes pelo sector familiar que cultiva uma área
média abaixo de 2 à 3,3 Milhões de hectares são potencialmente irrigáveis, mas apenas 3%
estão efectivamente a beneficiar de um sistema de irrigação.
A produção agrária assenta em cerca de 98% de pequenas explorações. Na perspectiva de
MINAG (2011), estas explorações são responsáveis por 95% do total da produção agrícola,
enquanto os restantes 5 são atribuídos a cerca de 400 agricultores comerciais, que se
concentram nas culturas de rendimento e de exportação (cana-de-açúcar, tabaco, chá,
citrinos e pecuária). A maior parte da produção do sector familiar destina-se ao autoconsumo
e caracteriza-se por rendimentos baixos e retornos modestos e mais de 80% da área total de
terra cultivada é usada para a produção em sequeiro de culturas alimentares básicas,
ocupando o milho, a mandioca e os feijões cerca de 60% da área total cultivada. A
horticultura ocupa apenas 5% e as culturas de rendimento (cana-de-açúcar, algodão, chá,
oleaginosas, tabaco) são produzidas em apenas 6%. Além disso, 40% dos agregados
familiares utilizam plantas e ervas nativas na sua alimentação e para fins medicinais.
Segundo MINAG (2009), os cultivos mais rentáveis, produzidos pelos AFs, concentram-se

21
no Norte, seguido da região central do País, resultado da maior concentração de solos férteis
nas províncias do norte e centro do País.
De acordo com NUVUNGA (2006), a precipitação anual nestas regiões vária de 1000 a
1800 mm3 para o norte e no centro varia entre 1000 e 1200 mm3. A região Sul é mais seca,
com solos arenosos e pouco férteis, e com um regime de precipitação irregular e de baixas
quantidades. A região Sul é mais apta à pecuária. Na óptica do MINAG (2012), no geral as
culturas alimentares no país são produzidas em regime de sequeiro apesar de dispor de
grande potencial para fazer agricultura irrigada. MINAG (2011), o total de área irrigada caiu
de 120.000 ha para 40.000 ha após a guerra civil em 1992, e desde então pouco tem sido
feito em termos de reabilitação dos sistemas de irrigação existentes. Presentemente apenas
cerca 115 mil explorações (3%) beneficiam de irrigação com uma fracção de apenas 8,8%
dos agricultores do sector familiar que utilizam algum tipo de irrigação.
Se olharmos para a distribuição tecnológica ao nível das províncias são importantes destacar
que há uma desigualdade no acesso as mesmas. Indicadores de modernização da agricultura
apontam para uma maior concentração na região Sul. As zonas Norte e Centro apesar de
possuírem bom potencial agrícola e terem bacias hidrográficas apresentam baixo uso
tecnológico.
Porem torna-se pertinente reiterar que a mesma população vive principalmente de
actividades agro-pecuárias de pequena escala, para a sua sobrevivência e geração de
rendimentos e produção de alimentos para o consumo familiar (idem).
USAID (2008), conclui dizendo que, em Moçambique a agricultura desempenha um papel
importante no âmbito do combate à pobreza, na geração de emprego rural e contribui para a
segurança alimentar familiar e nacional. Ela representa em termos económicos, 25% do PIB
e 80% das exportações. Além disso, a nível do país cerca de dois terços da força de trabalho
encontram-se neste sector, ocupando cerca de 90% das mulheres activas e 70% dos homens
activos.

2.3.2. Papel da Agricultura na Segurança Alimentar


A agricultura desempenha um papel muito importante no que se refere a segurança
alimentar não só como fonte (e diversificação) de alimentos, mas também como fonte de
emprego. Em geral, segundo o CAP (2011), do total das explorações, cerca de 99% são de
pequena dimensão, o que equivale a uma área cultivada de 5 428 571 hectares. Carrilho et
al. (2016) acrescentam que grande parte da terra é administrada segundo normas
costumeiras.

22
A produção de alimentos é, em grande parte, realizada em pequenas parcelas de terra, sendo
dominada por raízes e tubérculos (especialmente mandioca), cereais (milho, mexoeira, sorgo
e, em certa dimensão, arroz), amendoim e leguminosas. A maior parte dos produtos básicos
destinam-se ao consumo próprio, e apenas excedentes marginais são vendidos em mercados
locais (BANCO MUNDIAL, 2011).

De acordo com o Censo Agropecuário – CAP (2011) as explorações em Moçambique são


classificadas em (tabela 1 para verificar os limites):

• Pequena exploração: se todos os factores forem menores que o limite 1;


• Média exploração: se pelo menos um factor for maior ou igual ao limite 1 e menor
que o limite 2;
• Grande exploração: se pelo menos um fator for maior ou igual ao limite 2.

Tabela 1 - Factores de classificação das explorações

Factores Limite 1 Limite 2

Área cultivada não irrigada (ha) 10 50

Área cultivada irrigada, Pomares em Produção, Plantações,


5 10
Hortícolas, Floricultura (ha)

Número de cabeças de Gado Bovino 10 100

Número de Caprinos/Ovinos/Suínos 50 500

Número de Aves 2 000 10 000

Fonte: Censo Agro-pecuário de 2011.

2.3.3. Indicadores da segurança alimentar em Moçambique


A FAO sugere aos pesquisadores que adoptem os indicadores que melhor correspondam á
sua realidade, vez em que são reconhecidas as limitações dos países subdesenvolvidos na
produção da maioria das informações pertinentes e da actualização das mesmas (RIBEIRO
et al 2003). Segundo SETSAN, (2007), a ESAN II reconhece os seguintes pilares de SAN
no país:
2.3.3.1. Produção e Disponibilidade
A ESAN II reconhece a necessidade de incrementar a produção local de alimentos adequados
para cobrir as necessidades nutricionais em termos de quantidade (energia) e qualidade (que

23
assegure todos os nutrientes essenciais). Porém, a disponibilidade de alimentos assegura-se
não apenas através da produção para o auto-sustento da população, como também por meio
de importações líquidas (incluindo ajuda alimentar), deduzidas as perdas e outras utilizações
para fins não alimentares.
2.3.3.2. Acesso
Relaciona-se com a capacidade de as famílias e indivíduos disporem de recursos suficientes
para a aquisição de alimentos adequados às suas necessidades e a existência de infra-
estruturas e mecanismos que assegurem a obtenção dos mesmos. Isso implica a existência
de uma distribuição justa da renda nacional, um sistema efectivo de mercados, sistemas de
comunicação, redes de segurança social formais e informais e assistência alimentar às
populações mais carenciadas. Portanto, o acesso está relacionado com a criação de um
ambiente propício para que as famílias e indivíduos consigam ter e usar recursos suficientes
para a sua alimentação adequada (idem).
2.3.3.3. Uso e Utilização
O uso de alimentos, que se refere aos aspectos socioeconómicos da SAN, aos hábitos
alimentares e aos conhecimentos que a população tem sobre a nutrição;
A utilização relaciona-se com os aspectos biológicos, ou seja, a capacidade do corpo
humano absorver os alimentos adequados e convertê-los em energia. Esta relaciona-se
directamente com a saúde da população. O uso e a utilização adequado de alimentos avaliam-
se a nível individual e familiar. A nível familiar, relacionam-se com o processo de
transformação dos alimentos disponíveis numa dieta adequada (incluindo a escolha dos
alimentos, o processamento, a preparação e distribuição intrafamiliar).
A nível individual, considera-se a ingestão, absorção dos alimentos e acção biológica dos
nutrientes no corpo. A utilização a nível individual, pode ser afectada por doenças que
inibem a absorção de nutrientes ou que aumentam a sua necessidade. Os factores a considerar
a nível familiar estão relacionados com a ocupação do tempo da mulher, conhecimentos,
hábitos alimentares, a alimentação infantil e amamentação, utilização dos serviços de saúde
preventiva e curativa, hábitos de higiene, tabus e crenças.
A nível comunitário, há um conjunto de factores que afectam a utilização adequada a nível
familiar e individual tais como a qualidade do meio ambiente (patógenos biológicos,
poluentes químicos no ar, alimentos e água) e a disponibilidade, custo e qualidade de fontes
de abastecimento de água potável, serviços de electricidade, saneamento básico e serviços
primários de saúde (Idem).

24
CAPÍTULO III: METODOLOGIA
3.1. Descrição da área de estudo
O distrito de Marracuene está situado na província de Maputo, em Moçambique. A sua sede
é a vila de Marracuene.

Tem limite, a norte com o distrito de Manhiça, a oeste com o distrito de Moamba e com o
município da Matola, a sul com o município de Maputo (ou província de Maputo Cidade) e
a leste com o Oceano Índico (figura 2).

Figura 2 – Mapa de Localização geográfica do Distrito de Marracuene, Fonte: MAE (2014).

A superfície do distrito de Marracuene é de 699 km2 e a sua população está estimada em 231
mil habitantes a acordado com o último censo populacional actualmente conta com um
agregado familiar de 59,366 no total (INE, 2017).
A estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica aproximada de
1:1,11 - isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 11 pessoas em idade activa. Com
uma população jovem (43,7%, abaixo dos 15 anos), o distrito de Marracuene tem um índice
de masculinidade de 92,9% (por cada 100 mulheres existem 93 homens) e uma taxa de
urbanização de 14,4%, concentrada na Vila de Marracuene e zonas periféricas de matriz
semiurbana (MAE, 2014).
Do ponto de vista de delimitação do período de cobertura da pesquisa foi escolhido o ano de
2020 para a recolha de dados, determinação e estudo da Segurança Alimentar nos distritos
Marracuene. Esta escolha resulta do facto de, por um lado, o ano de 2020 ser o ano com
dados oficiais mais recentes (em relação ao ano da realização deste estudo) sobre Segurança
25
Alimentar na Província de Maputo (mesmo sem abranger o distrito coberto por esta
pesquisa) recolhidos e divulgados pelo SETSAN e, por outro lado, o ano de 2020 ser o mais
próximo do período de recolha e divulgação dos resultados desta pesquisa. A ideia não era
fazer coincidir esta pesquisa com a feita pelo SETSAN mas sim usar uma fonte de dados
mais fiável e próximos do estudo (mesmo que esses não abrangesse o distrito da pesquisa).

3.2. Clima & Hidrografia


O clima do distrito é “tropical chuvoso de savana”, influenciado pela proximidade do mar.
Caracteriza-se por temperaturas quentes com um valor médio anual superior a 20 ºC e uma
amplitude de variação anual inferior a 10 ºC.

A humidade relativa varia entre 55 a 75 % e a precipitação é moderada, com um valor médio


anual entre 500 mm no interior e 1.000 mm no litoral.

A estação chuvosa vai de outubro a abril, com 60% a 80% da pluviosidade concentrada nos
meses de dezembro a fevereiro o distrito é atravessado no sentido Norte-Sul ao longo de uma
extensa planície pelo rio Incomati, que vai desaguar no Oceano Índico, no delta da Macaneta
(MAE, 2014).

3.3. Relevos e Solos


A zona alta do distrito é constituída principalmente por sedimentos arenosos eólicos (a
ocidente e ao longo da costa) com ocorrência de areias siliciosas. A planície aluvionar, ao
longo do rio Incomáti é de solos argilosos, estratificados e tufosos. A faixa litoral de dunas
de arreia na separação entre o mar e o rio Incomáti na zona da Maçaneta corre o risco de
desaparecimento, o que a acontecer, teria consequências ecológicas graves para os Distritos
de Marracuene, Manhiça e Magude.

Com propensão a períodos de seca, a sua vegetação é constituída por savana de gramíneas e
arbustos, sendo o solo recomendado para a criação do gado bovino e pequenos ruminantes.

O vale do Incomati, ao longo de uma faixa de 40 km de comprimento, tem solos de bom


potencial agrícola e pecuário, que são explorados por um vasto tecido de agricultura privada
e familiar (MAE, 2014).

3.4. Infraestruturas e Serviços


O distrito de Marracuene é atravessado pela Estrada Nacional nº 1 que faculta a comunicação
com a cidade de Maputo a Sul e o distrito da Manhiça a Norte. As estradas interiores que
estabelecem a comunicação entre a sede do distrito e as localidades estão a necessitar de

26
manutenção, sendo de difícil trânsito na época das chuvas. Marracuene possui uma estação
de caminho-de-ferro servida pelos comboios de carga e de passageiros em trânsito na linha-
férrea de Maputo-Marracuene-Manhiça (Linha do Limpopo).

Localmente, o transporte fluvial liga a sede do distrito com a Macaneta. Propriedade da


administração do distrito, esta actividade constitui uma das principais fontes de receita
pública local.

Carreiras regulares e alguns “chapas” estabelecem a ligação rodoviária a sul com a cidade
de Maputo e a Norte com Gaza e Inhambane.

O distrito é servido pela rede de telecomunicações fixa do país e por duas redes móveis que
cobrem a vila sede e a faixa ao longo da EN1.

O acesso à Internet pode ser efectuado nas zonas servidas por rede fixa e móvel de
telecomunicações, existindo também uma delegação dos Correios de Moçambique.

A vila e algumas localidades estão cobertas pela rede da EDM de distribuição de energia
ligada à cidade de Maputo, e por subsistemas de abastecimento de água com 8 PSAA, 162
furos operacionais e 144 poços operacionais.

O distrito de Marracuene possui 49 escolas (das quais, 19 do ensino primário nível 1), e está
servido por 8 unidades sanitárias que possibilitam o acesso progressivo da população aos
serviços do Sistema Nacional de Saúde.

3.5. Economia
A agricultura é a base da economia distrital, tendo como principais culturas as hortícolas,
arroz, milho, mandioca, batata-doce e bananas. As espécies de gado predominantes são os
bovinos, caprinos, suínos e aves, destinadas para o consumo familiar e comercialização.
Afectado pela excessiva procura de terrenos proveniente da cidade de Maputo, Marracuene
tem sido palco de vários conflitos ligados à posse da terra.

No início do 2011, como tem acontecido nos últimos anos, o Distrito foi assolado por
inundações em toda a zona baixa, com maior incidência na margem esquerda do rio Incomati
onde quase todas as culturas em campo foram perdidas.

No concernente as inundações, referir que o Distrito perdeu cerca de 2.650ha, o que afectou
directamente a mais de 586 famílias, principalmente no posto Administrativo de Machubo.
Esta situação pode ser atenuada pelo facto de a zona beneficiar de uma razoável integração
27
regional de mercados, bem como poder ter acesso a actividades geradoras de rendimento. O
Rio Incomati é o principal recurso hídrico, favorecendo a prática da actividade pesqueira e
agropecuária.

A pequena indústria local (pesca, carpintaria e artesanato) surge como alternativa imediata
à actividade agrícola, ou prolongamento da sua actividade. A agro-indústria e alimentar
possuem 5 pequenas unidades transformadoras. O Distrito de Marracuene possui 2 indústrias
florestais das quais uma em funcionamento.

Esta indústria processou em 2012 cerca de 157.686 pranchas de madeira serrada de Mondzo.
O grau de realização ainda é muito baixo porque encontra-se na fase inicial da exploração
florestal.

O comércio, sobretudo informal, os transportes e outros serviços, ocupam 35% da população


economicamente activa do distrito, na sua maioria nas zonas urbanas e semiurbanas do
distrito.

O sector económico no distrito mostra no cômputo geral sinais evidentes de crescimento,


com o surgimento de novos estabelecimentos comerciais, industriais, turísticos, pecuários e
de prestação de serviços diversos com cada vez maiores capacidades.

Cresce igualmente a consciência dos agentes económicos da necessidade de legalizar as suas


actividades. Este crescimento vem acompanhado de desafios na área do licenciamento das
actividades, vistoria e inspecção de forma a garantir qualidade no serviço prestado ao
cidadão. Os desafios passam pela criação e condições de trabalho, capacitação dos técnicos
e aumento da capacidade interventiva.

O turismo, virado essencialmente para as praias da Macaneta, constitui um potencial de


receita local e um pólo de desenvolvimento importante. Sendo a fauna bravia pouco
desenvolvida, os hipopótamos e crocodilos do rio são a principal atracção.

3.6. Amostragem
População

Segundo Gil (2008) é o conjunto de elementos que possuem determinadas características.


Assim sendo, o universo total do distrito de Marracuene é de 59 366 famílias.

28
Amostra

Figura 3 – Tamanho da Amostra, Fonte: Barbetta (2002).


Amostra é todo o conjunto não vazio e com menor número de elementos em relação a
população (Mulenga, 2004).

Primeiro obteve se o número total de agregados do distrito em estudo, dado esse que foi
fornecido pelo INE (2017). Para realizar-se a pesquisa foi calculada a amostra com número
de 100 AFs de um total de 59 366 famílias recorrendo as fórmulas acima ilustradas nas
figuras 1 e 2, e para a colecta de dados optou-se por uma amostragem do tipo estratificada
(INE, 2017).

Figura 4 – Primeira aproximação do tamanho da amostra, Fonte: Barbetta (2002).


A amostragem estratificada, caracteriza-se por dividir a população em grupos homogéneos
denominados estratos, em que cada unidade estatística pertença a um e só um estrato. Em
seguida usa-se o processo de amostragem aleatória em cada estrato (Mulenga, 2004).
Considerou-se para este estudo cada localidade como um estrato, visto que o distrito é
composto por dois postos administrativos o PA (Posto Administrativo) de Marracuene e o
PA de Machubo. Por sua vez o PA de Marracuene encontra-se dividido em 4 localidades,

29
sendo a localidade Vila de Marracuene-Sede, localidade Macaneta, localidade de
Michafutene, localidade de Ngalunde e localidade de Matalane. Ao passo que o PA de
Machubo é composto por duas localidades nomeadamente, localidade de Macandza com e
localidade de Thaula.
3.7. Tipo de Pesquisa

A metodologia do estudo que ajudará a obter resposta do problema em estudo com um tipo
de pesquisa descritiva que visa à identificação, registo e análise das características, factores
ou variáveis que se relacionam com o fenómeno ou processo. Esse tipo de pesquisa pode ser
entendido como um estudo de caso onde, após a colecta de dados, é realizada uma análise
das relações entre as variáveis para uma posterior determinação dos efeitos resultantes em
uma empresa, sistema de produção ou produto (Perovano, 2014).
3.7.1. Método de Pesquisa
Os dados serão quantitativos e qualitativos, mas com predominância do método qualitativo.
Abordagem qualitativa segundo Malheiros (2011) a colecta de dados é um processo que
exige muito rigor do pesquisador, porque a observação do fenómeno estará certamente
impregnada pela história pessoal daquele que observa.

Figura 5 – Interligação entre pesquisa quantitativa e qualitativa, Fonte: Tomado (com pequenas
adaptações do autor) de Romanowski, F., de Castro & Neris, N. (2019: 3).

A utilização da pesquisa qualitativa, além de oferecer descrições ricas sobre uma realidade
específica, ajuda o pesquisador a superar concepções iniciais e a gerar ou rever as estruturas
teóricas adoptadas anteriormente, oferecendo base para descrições e explicações muito ricas
de contextos específicos (Miles & Hubeman, 1994 apud Maduele, 2014), na presente
pequisa o metódo qualitativo será empregue na busca pela compreenssão dos aspectos da
realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e na explicação da

30
dinâmica das relações sociais. Relativamente ao carácter quantitativo Richardson (1999),
postula que pesquisa quantitativa se caracteriza pelo emprego da quantificação, tanto na
colecta de dados quanto no seu tratamento, através de técnicas estatísticas. O mesmo autor
caracteriza a pesquisa qualitativa como a tentativa de uma compreensão detalhada dos
significados e características situacionais apresentadas pelos inqueridos.
Na presente pesquisa o método quantitativo foi utilizado para verificar estatisticamente os
dados quantificáveis baseados ou colectados por meio da entrevista semi-estruturada feita
aos respondentes.
3.7.2. Instrumentos de Recolha de Dados
Para o efeito, utilizara-se a técnica do questionário e de entrevistas semi-estruturadas. A
entrevista semiestruturada permite a exploração e a colaboração de questões adicionais
complementares para clarificação ou confirmação por parte de quem entrevista fornecendo
informações aprofundadas e com pormenores, a técnica de questionário por sua vez permite
obter resposta de grande número de respondentes ao mesmo tempo num espaço de tempo
relativamente curto (QUIVY, 1998).

O questionário será dirigido apenas um membro do agregado, como forma de conseguir


recolher dados precisos. Embora a técnica de entrevista imponha um ritmo de obtenção de
informação mais lento, a preferência resulta do facto de esta permitir a formulação de
questões livres que, por sua vez, permite a cada entrevistado usar a sua experiência para
apontar livremente os factores que influenciam directamente na segurança alimentar de suas
famílias.

3.8. Análise de Dados

A priori, convém referir que a análise dos dados é uma das fases mais importantes da
pesquisa, pois, a partir dela, é que são apresentados os resultados e a conclusão da pesquisa,
conclusão essa que poderá ser final ou apenas parcial, deixando margem para pesquisas
posteriores (Marconi & Lakatos, 1996). Existem várias técnicas de análise de dados, contudo
no presente trabalho foi usado a estatística descritiva.

Estatística descritiva
Segundo Marconi & Lakatos (1996), o objetivo da estatística descritiva é o de representar,
de forma concisa, sintética e compreensível, a informação contida num conjunto de dados.
Esta tarefa, que adquire grande importância quando o volume de dados for grande,

31
concretiza-se na elaboração de tabelas e de gráficos, e no cálculo de medidas ou indicadores
que representam convenientemente a informação contida nos dados.
3.8.1. Procedimentos Metodológico da pesquisa
Foram entrevistados 14 membros dos AFs por localidade por meio de um inquérito semi-
estrutura apresentado no Anexo A. Considerando que o PA de Marracuene se encontra
dividido em 4 localidades, sendo a localidade Vila de Marracuene-Sede, localidade
Macaneta, localidade de Michafutene, localidade de Ngalunde e localidade de Matalane. Ao
passo que o PA de Machubo é composto por duas localidades nomeadamente, localidade de
Macandza com e localidade de Thaula.

Os dados de pesquisas foram submetidos ao tratamento estatístico. O tratamento da


estatística foi realizado no programa estatístico SPSS versão 29 (Anexo B).
O pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) é uma ferramenta para
análise de dados utilizando técnicas estatísticas básicas e avançadas. É um software
estatístico de fácil, internacionalmente utilizado há muitas décadas, desde suas versões para
computadores de grande porte. Os gráficos e tabelas foram construídos tanto no SPSS e na
Planilha Excel 2016.
Com base no fluxograma da figura 6 foi possível processar os dados colhidos das famílias
de cada localidade e, apurou-se os factores determinantes na garantia de segurança alimentar
no distrito de Marracuene.

Figura 6 - Fluxograma de procedimentos metodológicos da pesquisa, Fonte: Autor


(2021).

32
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise e a interpretação dos dados centraram-se nos dados colhidos no campo com base
no inquérito administrado a 100 agregados familiares (AF´s) previamente selecionados. E,
para o processamento de dados, recorreu-se ao programa estatístico SPSS e a Excel com
base em 17 variáveis qualitativas e quantitativas que respondem aos 4 objectivos específicos
da pesquisa.
4.1. Características Sócio-demográficas do Agregado Familiar
Neste subtítulo foram apresentados os principais indicadores sócio-demográficos relativos
população alvo do estudo, dados estes que permitiram compreender o padrão populacional
das comunidades em estudo.
4.1.1. Género
A população alvo para presente estudo foi formada por famílias residentes nos postos
administrativo (PA) de Marracuene e Machubo nas localidades de Michafutene, Marracuene
Sede, Macaneta, Matalane, Ngalunde, Macandza e Thaula, grupo este constituído
maioritariamente por mulheres (61) o equivalente a 61% de acordo com o gráfico 1.

Gráfico 1 - Género dos AFs

Género Marracuene

39%
M
Total F

61%

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Segundo os dados colectados, 57% (8) dos AFs da localidade de Michafutene é representado
por mulheres e 43% (6) por homens como apresentado no gráfico 2.

33
Gráfico 2 - Género dos AFs de Michafutene

Género: Localidade Michafutene, PA


Marracuene
9
8
8

7
6
6

5
F
4 M
3

0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Segundo os dados colectados, 100% (14) dos AFs da localidade Marracuene Sede é
representado por mulheres como apresentado no gráfico 3.

Gráfico 3 - Género dos AFs de Marracuene Sede

Género: Localidade Sede, PA


Marracuene
16
14
14
12
10
8
F
6
4
2
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


Segundo os dados colectados, 73% (11) dos AFs da localidade de Macaneta é representado
por mulheres e 27% (4) por homens como apresentado no gráfico 4.

34
Gráfico 4 - Género dos AFs de Macaneta

Género: Localidade Macaneta, PA Marracuene


12
11
11
10
9
8
7
6 F
5 M
4
4
3
2
1
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Segundo os dados colectados, 64% (9) dos AFs da localidade de Matalane é representado
por mulheres e 36% (5) por homens como apresentado no gráfico 5.

Gráfico 5 - Género dos AFs de Matalane

Género: Localidade Matalane, PA Marracuene


10 9
9
8
7
6 5
5 F
4 M
3
2
1
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


Segundo os dados colectados, 64% (9) dos AFs da localidade de Ngalunde é representado
por mulheres e 36% (5) por homens como apresentado no gráfico 6.

35
Gráfico 6 - Género dos AFs de Ngalunde

Género: Localidade Ngalunde, PA Marracuene


10
9
9
8
7
6
5
5 F

4 M

3
2
1
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Segundo os dados colectados, 13% (2) dos AFs da localidade de Macandza é representado
por mulheres e 87% (13) por homens um cenário contrário das outras localidades como
apresentado no gráfico 7.

Gráfico 7 - Género dos AFs de Macandza

Género: Localidade Macandza, PA Machubo


14 13

12

10

8
F
6 M
4
2
2

0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


Segundo os dados colectados, 57% (8) dos AFs da localidade de Thaula é representado por
mulheres e 43% (6) por homens como apresentado no gráfico 8.

36
Gráfico 8 - Género dos AFs de Thaula

Género: Localidade Thaula, PA Machubo


9
8
8
7
6
6
5
F
4 M
3
2
1
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Subentende-se que actividade agrícola nos AFs Marracuene é expressivamente praticada por
mulheres, esta representatividade feminina pode dever-se a uma série de factores. De acordo
com a FAO (2011), as mulheres desempenham um papel fundamental na agricultura em
várias partes do mundo, e em muitas comunidades rurais em África, como é o caso de
Marracuene, a maioria das atividades agrícolas é realizada por mulheres por diversos
motivos:

• Tradição: As mulheres são historicamente responsáveis pelas atividades agrícolas e


domésticas, com conhecimento transmitido de geração em geração.

• Segurança Alimentar: Elas desempenham um papel crucial na produção de alimentos


para suas famílias, contribuindo para a segurança alimentar.

• Acesso Limitado a Recursos: As mulheres muitas vezes enfrentam desafios no acesso


a terras, insumos agrícolas, tecnologias e crédito, tornando a agricultura uma das poucas
opções disponíveis para subsistência.

• Desigualdades de Gênero: Apesar de sua contribuição vital, as mulheres


frequentemente enfrentam desigualdades de gênero, incluindo falta de reconhecimento
e acesso desigual a recursos.

Portanto, a prática agrícola expressivamente realizada por mulheres em Marracuene e em


outras regiões rurais é resultado de uma combinação de fatores culturais, econômicos e

37
sociais que destacam a importância do papel das mulheres na produção de alimentos e no
desenvolvimento sustentável das comunidades.

4.1.2. Estado Civil


As frequências dos AFs estado civil da população alvo do presente estudo demonstram no
gráfico 9 que 58% (58) dos inqueridos são casados, 9% (9) são solteiros, 7% (7) são
divorciados e 26% (26) são viúvos.

Gráfico 9 - Estado civil dos AFs

Estado Civil dos AFs

26% Viuvo/a
9% Solteiro/a
Total
7% Divorciado/a
58% casado/a

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


Segundo os dados colectados apresenta-se no gráfico 10, maioritariamente o nível de casados
dos AFs da corresponde a 64% (9), enquanto solteiros corresponde a 7% (1) e viúvos são
29% (4) não existindo assim divorciados entre os entrevistados na AFs da localidade de
Michafutene.

Gráfico 10 - Estado civil dos AFs de Michafutene

Estado Civil: Localidade Michafutene, PA


Marracuene
10 64%
8

6 casado/a
29%
4 Solteiro/a
Viuvo/a
2 7%
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

38
Em relação aos dados colectados apresenta-se no gráfico 11, maioritariamente o nível de
viúvos 50% (7) e casados 43% (6), enquanto divorciados são 7% (1) não existindo assim
solteiros entre os entrevistados na AFs da localidade de Sede.

Gráfico 11 - Estado civil dos AFs da Localidade de Sede

Estado Civil: Localidade Sede, PA Marracuene


8 50%
7 43%
6
5 casado/a
4
Divorciado/a
3
2 viuvo/a
7%
1
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Em relação aos dados colectados observa-se no gráfico 12, maioritariamente o nível de


casados 40% (6) e viúvos 27% (4), enquanto divorciados são 20% (3) e solteiros são 13%
(2) entre os entrevistados na AFs da localidade de Macaneta.

Gráfico 12 -Estado civil dos AFs da Localidade de Macaneta

Estado Civil: Localidade Macaneta, PA


Marracuene
7
40%
6
5
27% casado/a
4
20% Divorciado/a
3
13% Solteiro/a
2 viuvo/a
1
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

39
Em relação aos dados colectados observa-se no gráfico 13, maioritariamente o nível de
casados 71% (10) e viúvos 21% (3), enquanto solteiros são 7% (1) não existindo assim
divorciados entre os entrevistados na AFs da localidade de Matalane.

Gráfico 13 -Estado civil dos AFs Localidade de Matalane

Estado Civil: Localidade Matalane, PA


Marracuene
12
71%
10
8
casado/a
6
Solteiro/a
4 21%
viuvo/a
2 7%
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Em relação aos dados colectados observa-se no gráfico 14, maioritariamente o nível de


casados 43% (6) e solteiros 36% (5), enquanto divorciados são 7% (1) e viúvos são 14% (2)
entre os entrevistados na AFs da localidade de Ngalunde.

Gráfico 14 - Estado civil dos AFs Localidade de Ngalunde

Estado Civil: Localidade Ngalunde, PA


Marracuene
7
43%
6
36%
5
casado/a
4
Divorciado/a
3 Solteiro/a
14%
2 viuvo/a
7%
1

0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

40
Em relação aos dados colectados apresenta-se no gráfico 15, maioritariamente o nível de
casados 73% (11), enquanto divorciados são 7% (1) e viúvos são 20% (3), não existindo
assim solteiros entre os entrevistados na AFs da localidade de Macandza.

Gráfico 15 -Estado civil dos AFs Localidade de Macandza

Estado Civil: Localidade Macandza, PA Machubo


12 73%
10

8
casado/a
6
Divorciado/a

4 viuvo/a
20%
2 7%
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Em relação aos dados colectados apresenta-se no gráfico 16, maioritariamente o nível de


casados 71% (10), enquanto divorciados são 7% (1) e viúvos são 21% (3), não existindo
assim solteiros entre os entrevistados na AFs da localidade de Thaula.
Gráfico 16 - Estado civil dos AFs Localidade de Thaula

Estado Civil: Localidade Thaula, PA Machubo


12

71%
10

casado/a
6
Divorciado/a
viuvo/a
4 21%

2 7%

0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

41
4.1.3. Escolaridade
Observa-se no gráfico 17 que a maioria dos inqueridos em todos os postos administrativos e
localidades em estudo apresentam predominantemente, níveis de educação Primária e/ou
ausência de formação educacional formal. Em termos percentuais, a distribuição da
escolaridade dos AFs inqueridos é a seguinte:

• Nenhum: 40%
• Primário: 30%
• Secundário: 17%
• Superior: 2%
• Técnico: 11%

Nota-se também que as educações superiores e técnicas são menos comuns entre os AFs
Inqueridos. A baixa proporção de AFs com educação superior pode sugerir possíveis
desafios em termos de conhecimento especializado e capacidade de tomar decisões
informadas sobre questões relacionadas à segurança alimentar. Por outro lado, a presença de
AFs com formação técnica pode indicar a possibilidade de ter habilidades especializadas que
poderiam ser benéficas para implementar estratégias de segurança alimentar mais eficazes.

Gráfico 17 - Escolaridade dos AFs

Escolaridade dos AFs


45
40
40
35
30
30 Nenhum
25 Primário

20 17 Secundário

15 Superior
11
Técnico
10
5 2
0
Total

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

Percebe-se que em todas as localidades a maioria dos AFs inqueridos em Marracuene


possuem níveis de escolaridade variados, com predominância de ensino primário e nenhum

42
grau de instrução. No entanto, baseado no gráfico 18 observou-se diferenças significativas
entre as localidades estudadas. Por exemplo, a localidade de Michafutene apresenta uma
distribuição mais equilibrada entre os diferentes níveis de escolaridade, enquanto em Thaula
e Macandza predominam famílias com ensino primário e nenhum grau de instrução.

Em termos percentuais, a distribuição da escolaridade dos AFs inqueridos por localidade é


a seguinte:

Localidade-Sede

• Superior: 0%
• Técnico: 14%
• Secundário: 0%
• Primário: 29 %
• Nenhum: 57%

Michafutene

• Superior: 14%
• Técnico: 7 %
• Secundário: 29%
• Primário: 21%
• Nenhum: 29%

Matalane

• Superior: 0%
• Técnico: 7%
• Secundário: 28%
• Primário: 36%
• Nenhum: 29%

Macaneta

• Superior: 0%
• Técnico: 0%
• Secundário: 27%
• Primário: 40%

43
• Nenhum: 33%

Ngalunde

• Superior: 0%
• Técnico: 29%
• Secundário: 0%
• Primário: 35%
• Nenhum: 36%

Thaula

• Superior: 0%
• Técnico: 21%
• Secundário: 7
• Primário: 22%
• Nenhum: 50%

Macandza

• Superior: 0%
• Técnico: 0%
• Secundário: 26%
• Primário: 27%
• Nenhum: 47%

Gráfico 18 – Escolaridade dos AFs por Localidade.

44
Gráfico 18 - Escolaridade dos AFs por Localidade

Escolaridade dos AFs por Localidade

Macandza

Thaula

Ngalunde

Macaneta

Matalane

Michafutene

Sede

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Nenhum Primário Secundário Técnico Superior

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


Essa análise evidência a importância da educação na segurança alimentar dos agregados
familiares em Marracuene. Indivíduos com maior nível educacional tendem a ter acesso a
melhores oportunidades de emprego e renda, o que pode influenciar positivamente na
disponibilidade e qualidade dos alimentos consumidos. Por outro lado, famílias com baixa
escolaridade podem enfrentar maior vulnerabilidade em relação à segurança alimentar,
devido a limitações no acesso a recursos e informações relevantes.

De acordo com estudos acadêmicos e relatórios de organizações internacionais, como a FAO


e o PMA, a relação entre educação e segurança alimentar tem sido amplamente discutida. A
educação formal tem sido associada positivamente à segurança alimentar, fornecendo às
pessoas conhecimento sobre boas práticas nutricionais, habilidades de gestão de recursos e
capacidade de tomar decisões informadas sobre alimentação e nutrição (FAO, 2019; PMA,
2018).

4.1.4. Composição dos AFs


A análise dos dados sugeriu uma média de membros por família em Marracuene
relativamente alta (média de 6 membros por família), indicando no gráfico 19 que a maior
parte dos AFs inquiridos possui um número significativo de indivíduos. Isso pode ter
implicações directas na segurança alimentar, uma vez que famílias maiores podem ter
dificuldades em garantir o acesso adequado e suficiente à alimentação para todos os seus
membros.

45
Além disso, a variação nas médias de membros por família entre as diferentes localidades
estudadas pode indicar disparidades na estrutura familiar e nas condições de vida. Por
exemplo, a localidade de Thaula apresenta a média mais alta de membros por família (cerca
de 7 membros), o que pode refletir em desafios adicionais para garantir a segurança alimentar
de todos os seus membros.

Diante desse panorama, é essencial considerar a composição do agregado familiar como um


factor relevante na análise da segurança alimentar em Marracuene. Estratégias e políticas
direcionadas para atender às necessidades de famílias com diferentes tamanhos e estruturas
podem ser cruciais para promover a segurança alimentar de forma mais abrangente e eficaz
na região.

A análise da composição do agregado familiar dos inquiridos em Marracuene, considerando


a média de membros por família em cada localidade, é um aspecto crucial para compreender
os desafios enfrentados pelas famílias na região em relação à segurança alimentar
(CORREIA 2013).

Gráfico 19 - Composição dos AFs

Média da Composição dos AFs


8.00
7.00 6.10
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
Sede

Matalane
Michafutene

Thaula

Macandza

Total
Macaneta

Ngalunde

Posto administrativo, Localidade

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.1.5. Idade dos AFs
Percebeu-se com base no gráfico 20 que em todas as localidades a maioria dos AFs
inqueridos em Marracuene possuem em média idade acima dos 41 anos. No entanto, há
diferenças significativas entre as localidades estudadas. Por exemplo, a localidades de
Michafutene e Matalane apresentam maiores idades com acima dos 44 anos, enquanto
Macaneta e Macandza apresentam as menores 39 e 36 anos respectivamente.

46
Se por um lado, a maior experiência que os idosos e os velhos têm na actividade agrícola –
medida por idade ou por anos de trabalho na agricultura – pode constituir um factor positivo
na adopção de práticas sustentáveis, pois pode indicar maior capacidade de gestão, por outro,
produtores mais velhos podem ser menos energéticos e/ou ter um horizonte de planeamento
mais curto. No entanto, os produtores mais jovens são mais facilmente atraídos por
novidades e, mais provavelmente serão os primeiros a adoptarem práticas inovadoras
(BUAINAIN, 2006).

Gráfico 20 - Idade dos AFs

Idade Média dos AFs

44.57 44.14
40.57 41.93 42.14 41.37
39.60
36.60
Sede

Matalane

Total
Thaula

Macandza
Michafutene

Macaneta

Ngalunde

Posto administrativo, Localidade

Fonte: Dados da pesquisa (2021).

4.2. Principais Características do Sector Agrário


4.2.1. Principais Culturas Produzidas
A análise descritiva dos dados fornecidos na tabela 2 incluiu uma variedade de culturas
agrícolas produzidas em diferentes localidades e permitiu destacar algumas observações
principais:

Culturas mais frequentes: Abóbora, alface e alho são algumas das culturas mais frequentes
em todas as localidades listadas. Isso sugere que essas culturas são populares e amplamente
cultivadas em todas as regiões.

Diversificação da produção: Embora haja uma consistência na presença de certas culturas


em todas as localidades, também é possível observar uma diversificação na produção
agrícola. Cada localidade tem uma combinação única de culturas, o que pode indicar a
variedade de preferências alimentares e condições de cultivo em cada região.

47
Presença de alimentos básicos e nutricionalmente ricos: Culturas como feijão, milho,
batata-doce e mandioca estão presentes em várias localidades, indicando a importância
desses alimentos básicos e nutricionalmente ricos na dieta local.

Variedade de frutas e vegetais: Além de alimentos básicos, também há uma presença


significativa de frutas e vegetais, como banana, abóbora, cenoura, pimentão e tomate, em
diferentes localidades. Isso sugere uma diversidade na oferta de vitaminas e minerais nas
dietas locais.

Possíveis influências climáticas e de solo: As diferenças na seleção de culturas em cada


localidade podem refletir as condições climáticas e de solo específicas de cada região. Por
exemplo, a presença de culturas mais tropicais, como banana, em algumas regiões, pode
indicar um clima mais quente e húmido nessas áreas.

Produção de cultivos condimentados: A presença de culturas como piri-piri e pimentão


em algumas localidades sugere uma preferência por alimentos mais condimentados e
picantes em certas regiões.

Essas observações destacaram a diversidade e complexidade da produção agrícola nas


diferentes localidades mencionadas e fornecem indicadores valiosos sobre as preferências
alimentares e práticas de cultivo em cada região.

Tabela 2 - Demonstração das principais culturas produzidas

Nome Comum Nome Científico


Abóbora Cucurbita
Alface Lactuca sativa
Alho Allium sativum
Amendoim Arachis hypogaea
Arroz Oryza sativa
Banana Musa acuminata.
Batata-doce Ipomoea batatas
Batata Reno Solanum tuberosum

Beringela Solanum melongena


Beterraba Parinari capensis
Cacana Momordica balsamina

48
Cana-de-Açúcar Saccharum officinarum

Cebola Allium cepa


Cebolinha Allium fistulosum
Cenoura Daucus carota
Couve Brassica oleracea var. acephala
Feijão Phaseolus vulgaris
Feijão Verde Vicia faba
Mandioca Manihot esculenta
Milho Zea mays
Pepino Cucumis sativus
Pimento Capsicum annuum

Piri-piri Capsicum frutescens

Repolho Brassica oleracea var. capitata

Tomate Solanum lycopersicum


Fonte: Dados da pesquisa (2024).
Os dados fornecidos nesta tabela 2 apresentam uma lista de diferentes culturas agrícolas e
seus respectivos nomes científicos. Essas informações são relevantes para a análise dos
factores que influenciam a segurança alimentar em Marracuene, uma vez que a diversidade
de culturas cultivadas pode impactar diretamente na disponibilidade e na variedade de
alimentos consumidos pelas famílias na região.
Portanto, a análise dos dados das culturas agrícolas em Marracuene em relação à segurança
alimentar destaca a importância da diversificação da produção, do papel das culturas de
subsistência, da valorização da produção local e do potencial para diversificação da dieta
(Devesse, 2015).
De acordo com SETSAN (2013), a diversidade de culturas agrícolas é, de facto, um factor
positivo para a segurança alimentar em Marracuene. A variedade de alimentos disponíveis
pode contribuir para uma dieta mais equilibrada e nutritiva para a população local.
No entanto, além da disponibilidade de alimentos, é crucial considerar outros aspectos, como
o acesso a esses alimentos, sua qualidade e segurança. Fatores como a existência de
mercados acessíveis, infraestrutura adequada para armazenamento e processamento, práticas
agrícolas sustentáveis e segurança alimentar são essenciais para garantir que essas culturas
realmente promovam a segurança alimentar.

49
Na tabela 3 acima foi apresentada uma lista contendo o nome de culturas agrícolas,
agrupadas por localidade, onde se constatou a diversidade para além de permitir uma
excelente dieta permite um balanço na disponibilidade tornando possível obter alimentos em
todas as épocas de produção.
Tabela 3 - Culturas Produzidas por Localidade
NGALUNDE MICHAFUTENE MACANETA SEDE MATALANE MACANDZA THAULA
Abobora Abobora Abobora Abobora Abobora Abobora Abobora
Alface Alface Alface Alface Alface Alface Alface
Alho Alho Alho Alho Alho Alho Alho
couve couve Arroz amendoim amendoim amendoim Amendoim
Batata doce Batata doce Banana Arroz Arroz Arroz Arroz
Batata Reno Batata Reno Batata doce Banana Banana Banana Banana
Berinjela Berinjela Batata Reno Batata doce Batata doce Batata doce Batata doce
Beteraba Beteraba Berinjela Batata Reno Batata Reno Batata Reno Batata Reno
Cebola Cebola Beteraba Berinjela Berinjela Berinjela Berinjela
Cenoura Cenoura Cacana Beteraba Beteraba Beteraba Beteraba
Feijao Feijao Cana de acucar Cacana Cacana Cacana Cacana
Feijao Verde Feijao Verde Cebola Cana de acucar Cana de acucar Cana de acucar Cana de acucar
Mandioca Mandioca Cenoura Cebola Cebola Cebola Cebola
Milho Milho Feijao Cenoura Cenoura Cenoura Cenoura
Pimento Pimento Feijao Verde couve couve couve couve
Piri piri Piri piri Mandioca Feijao Feijao Feijao Feijao
Repolho Repolho Milho Feijao Verde Feijao Verde Feijao Verde Feijao Verde
Tomate Tomate couve Mandioca Mandioca Mandioca Mandioca
Pimento Milho Milho Milho Milho
Piri piri pepino pepino pepino pepino
Repolho Pimento Pimento Pimento Pimento
Tomate Piri piri Piri piri Piri piri Piri piri
Repolho Repolho Repolho Repolho
Tomate Tomate Tomate Tomate

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.2.2. Acesso a Terra
O gráfico 21 apresenta dados sobre AFs quem tem posse de uma área de cultivo nas
localidades em estudo, mostrando a quantidade de famílias que possuem machamba em cada
localidade. Esses dados foram analisados e interpretados considerando a influência na
segurança alimentar:

1. Posse de Terra nas localidades: A maioria dos Agregados Familiares inqueridos em


todas as localidades possui uma área (machamba) para cultivo, o que indicou que a
agricultura é uma actividade comum e importante para a subsistência das famílias em
Marracuene.

2. Distribuição do acesso à terra para cultivo: Os dados mostraram que a quantidade de


famílias com acesso a terra varia em cada localidade, com Matalane tendo 15 famílias com
acesso à terra para cultivo, seguido por Michafutene, Thaula e Macandza. Essa distribuição

50
pode refletir diferenças nas práticas agrícolas, tamanho das áreas cultivadas e importância
da agricultura em cada região.

Considerando a importância da Terra para a segurança alimentar, é essencial garantir o apoio


e investimento na agricultura familiar em Marracuene. Isso pode incluir acesso a insumos
agrícolas, tecnologias apropriadas, treinamento e assistência técnica para melhorar a
produtividade e a sustentabilidade das práticas agrícolas. A posse de áreas de cultivo é um
fator crucial para garantir o acesso a alimentos frescos e saudáveis, bem como para promover
a autonomia e a sustentabilidade das comunidades locais. Investimentos e políticas que
fortaleçam a agricultura familiar podem contribuir significativamente para a melhoria da
segurança alimentar (DEVESSE, 2015).

Gráfico 21 - Acesso a Terra

Número de AFs que têm Área de Cultivo


60
50
40
30
20
10
0
Sede

Matalane
Michafutene

Macandza
Thaula

Total
Ngalunde
Macaneta

Posto administrativo, Localidade

Você tem machamba? Sim Você tem machamba? Não

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.2.3. Origem de Acesso a Terra
A gráfico 22 apresentou dados sobre o acesso à terra para os AFs inqueridos nas localidades
em estudo, divididos de acordo com a origem Acesso a terra (Herdada 36%,
ONG/Associação 36%, Arrendada 4%, Comprada 1%, Estado 21% e Herada & Estado 2%).
Distribuição do acesso à terra: A maioria dos AFs inqueridos em Matalane e Thaula têm
acesso à terra herdada, enquanto em Macaneta e Macandza, o acesso à terra comprada e
arrendada é mais comum. Essa distribuição indicar as diferentes formas de acesso à terra em
cada localidade.
Importância da terra herdada: A presença significativa de terra herdada em várias
localidades sugeriu uma tradição de transmissão de terra dentro das famílias. O acesso à

51
terra, principalmente através da herança, é crucial para as famílias cultivarem alimentos e
garantirem sua subsistência.
Influência de instituições e compra de terras: A presença de acesso à terra por meio de
ONGs/Associações, arrendamento e compra em algumas localidades, como em Macaneta e
Macandza, indicou a influência de instituições externas ou do mercado na obtenção de terras.
Gráfico 22 - Origem de Acesso a Terra

Como obteve Acesso a Terra


Herdada 1, 5 ONG/Assoc Arrendada Comprada Estado

16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sede Michafutene Matalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza
Posto administrativo, Localidade

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.2.4. Dimensão da Área de Cultivo
A gráfico 23 abaixo, apresenta dados sobre o tamanho das áreas de cultivo (em hectares) dos
Agregados Familiares inqueridos em diferentes localidades, divididos em categorias de
menos de 1 hectare (57%), de 1 a 2 hectares (22%), de 2 a 3 hectares (7%), mais de 3 hectares
(6%) e desconhecido (8%). Analisando e interpretando esses dados considerando foi
possível constatar o seguinte:

1. Distribuição do tamanho das áreas de cultivo: A maioria dos AFs inqueridos em todas
as localidades possui áreas de cultivo menores que 1 hectare (57%), indicou que a agricultura
de subsistência em pequena escala é predominante em Marracuene. A quantidade de famílias
com áreas de cultivo maiores foi diminuindo à medida que o tamanho aumentou, o que
reflete a distribuição desigual de terras cultiváveis.

2. Potencial produtivo das áreas de cultivo: A distribuição dos dados sugere que a maioria
das famílias cultiva em áreas menores, o que pode limitar o potencial produtivo e a
diversidade de cultivos. Famílias com áreas maiores podem ter mais capacidade de produção

52
excedente para comercialização e maior segurança alimentar, desde que tenham recursos
para investir nessas áreas.

Entretanto, ressalta-se a importância de apoiar a agricultura em pequena escala e promover


práticas sustentáveis para garantir a segurança alimentar das famílias. O conhecimento e a
compreensão das características das áreas de cultivo são fundamentais para implementar
estratégias eficazes que fortaleçam a agricultura familiar e promovam a segurança alimentar
em Marracuene.

De acordo com o inquérito feito em moamba, 70% dos agricultores afirmaram que as
desigualdades no acesso e aproveitamento da terra, falta de DUAT, continuam sendo os
desafios para a expansão das áreas de produção aliado ao incumprimento da lei pois verifica-
se a venda de terra pelos lideres comunitários, 10% dos agricultores afirmaram que a
privatização de vastas extensões de terra por grandes produtores contribui para que muita
terra esteja ociosa, e 20% alegaram as diversas estratégias implementadas sem sucesso pelo
governo, como é o caso da revolução verde onde privatizaram diversas áreas e depois
abandonaram-nas (DEVESSE, 2015)

Gráfico 23 - Dimensão da Área de Cultivo em Hectares

Dimensão da Área de Cultivo (ha)

12 12

9
8 8
7
6
5 5 5
4
2 1 0 2 2 2 1 1 0 0 1 0 1 0 1 0 1 0 0 1 1 0 2 0

SEDE MICHAFUTENEMATALANE MACANETA NGALUNDE THAULA MACANDZA


POSTO ADMINISTRATIVO, LOCALIDADE

Menos que 1ha 1ha a 2ha 2h a 3ha Mais de 3ha Desconhecido

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.2.5. Responsabilidade de Trabalho da Terra
O gráfico 24 apresenta os dados sobre quem são as principais fontes de financiamento para
os Agregados Familiares inqueridos em Marracuene, com opções como Própria, Filho,

53
Esposo(a), Toda Família e Colaborador. Esses dados foram analisados e interpretados
considerando a influência na segurança alimentar em Marracuene:

Participação da família nas atividades agrícolas: A presença de respostas como Filho,


Esposo(a), Toda Família e Colaborador como fontes de financiamento destaca o
envolvimento activo de diferentes membros da família nas atividades agrícolas. Isso
ressaltou a importância da união familiar e do trabalho conjunto para garantir a segurança
alimentar e o sustento da família.

Auto-sustentabilidade: A maior parte dos Agregados Familiares indica que a fonte de


financiamento é própria, o que sugeriu uma preocupação com a autonomia financeira e a
auto-sustentabilidade das atividades agrícolas. O facto de confiar nos recursos próprios pode
ser um indicativo de planeamento financeiro e gestão eficiente dos recursos disponíveis.

Colaboração e apoio mútuo: A presença de respostas como Toda Família e Colaborador


como fontes de financiamento ressaltou a importância da colaboração e do apoio mútuo entre
os membros da família e possivelmente da comunidade. A solidariedade e o trabalho em
equipe são aspectos fundamentais para superar desafios e fortalecer a produção agrícola e a
segurança alimentar.

Gráfico 24 - Responsabilidade de Trabalhar na Machamba

Responsabilidade de Trabalho da Terra


14
12
10
8
6
4
2
0
Sede Michafutene Matalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza
Posto administrativo, Localidade

Própria Filho Esposo/a Toda Familia Colaborador

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.2.5.1. Responsabilidade de Gestão da Produção
O gráfico 25 apresenta os dados sobre as responsabilidades de gestão da produção para os
AFs inqueridos em diferentes localidades em Marracuene, incluía a modalidades, própria,

54
do filho, do esposo/a, de toda família e do colaborador. Esses dados foram analisados e
interpretados considerando a influência na segurança alimentar:

Envolvimento da família: Observou-se que em algumas localidades, como Matalane e


Thaula, a “Toda a Família" é uma importante responsável pela gestão da produção. Isso
sugere um forte envolvimento de todos os membros da família nas atividades agrícolas,
demonstrando a importância da colaboração e do trabalho em equipe para garantir o sucesso
da produção de alimentos e a segurança alimentar da família.
Colaboração comunitária: Em algumas localidades, como Macaneta e Macandza, os AFs
mencionaram a participação de colaboradores na gestão da produção. Isso destacou a
importância da colaboração comunitária e do apoio mútuo entre os agricultores para
fortalecer a produção agrícola e superar possíveis desafios.
Gráfico 25 - Responsabilidade pela Gestão da Produção

Responsável pela Gerência e Controle dos


Processos Produtivo
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sede Michafutene Matalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza
Posto administrativo, Localidade

Própria Filho Esposo/a Toda Familia Colaborador

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.2.6. Principais Constrangimentos de Produção
A gráfico 26 abaixo, apresenta dados sobre os constrangimentos de produção mais comuns
entre os AFs de Marracuene, durante o estudo foi possível levantar um total de 23 principais
constrangimentos que a afectam directamente a produção em Marracuene.

55
Gráfico 26 - Constrangimentos de Produção

PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS
14 13
12 10
10 9 9 9 9
8
8 7 7
6 5 5 5 5 5
4 4
4 3 3 3 3 3 3
2 2 2 2 22
2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 111 1 1 11111 1 1 11 1 1 1 1
0

MICHAFUTENE SEDE MACANETA MATALANE NGALUNDE THAULA MACANDZA

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


A análise dos constrangimentos enfrentados pelas famílias agrícolas no distrito de
Marracuene revela uma diversidade de problemas que afetam a produção de alimentos nessa
região. No entanto, é possível identificar algumas tendências e prioridades que podem ajudar
a direcionar esforços para melhorar a produtividade e a sustentabilidade da agricultura local.

A produção de alimentos é um desafio contínuo para as famílias do distrito de Marracuene,


no qual eles enfrentam uma variedade de constrangimentos que afetam negativamente a sua
capacidade de produzir alimentos. A análise dos dados coletados em 14 AFs do distrito
revelou que os principais constrangimentos são a falta de água para irrigação, falta de
insumos e problemas financeiros.

A falta de água para irrigação é um problema comum em vários AFs, especialmente em


MICHAFUTENE e MACANDZA, onde essa é a principal preocupação. Isso é
compreensível, pois a irrigação é essencial para o crescimento das culturas e a obtenção de
uma boa colheita. A falta de água para irrigação pode ser causada por vários motivos,
incluindo a seca, enchentes ou problemas com a distribuição da água.

A falta de insumos é outro grande problema enfrentado pelas famílias do distrito. Isso inclui
a falta de fertilizantes, sementes, equipamentos e outros recursos necessários para produzir
alimentos. Essa falta pode ser causada por vários motivos, incluindo o alto preço dos
insumos, a disponibilidade limitada ou problemas de logística.

56
Os problemas financeiros também são um desafio para as famílias do distrito. A produção
de alimentos é um negócio lucrativo, mas as famílias podem enfrentar dificuldades
financeiras para adquirir os insumos necessários ou para investir em tecnologias que
melhorem a eficiência da produção. Isso pode ser especialmente difícil para as famílias que
dependem da agricultura como fonte principal de renda.

Além disso, outras preocupações foram identificadas nas AFs do distrito. A qualidade da
água é um problema em SEDE, onde as famílias enfrentam problemas com águas salgadas.
O calor intenso é um problema em MATALANE, onde as culturas podem ser danificadas
por temperaturas elevadas. As pragas também são um problema comum em várias AFs, e
podem ser causadas por vários motivos, incluindo a falta de controle adequado sobre as
culturas.

Em resumo, a análise dos dados revelou que os principais constrangimentos na produção de


alimentos no distrito de Marracuene são a falta de água para irrigação, falta de insumos e
problemas financeiros. Esses problemas afetam negativamente a capacidade dos AFs
produzirem alimentos e melhorar sua qualidade de vida.

4.2.7. Acesso a Apoio de Produção


O gráfico 27 apresenta dados sobre se os Agregados Familiares inqueridos recebem apoio
do programa de extensão agrícola pública, com as respostas sendo divididas em "Sim" e
"Não", para diferentes localidades. Esses dados foram analisados e interpretados
considerando a influência na segurança alimentar:

Gráfico 27 - Apoio de Produção

Apoio de Produção

Macandza
Posto administrativo, Localidade

Thaula

Ngalunde

Macaneta

Matalane

Michafutene

Sede

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Não Sim

57
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
Acesso ao programa de extensão agrícola: Os resultados mostraram que uma quantidade
significativa de Agregados Familiares inqueridos em Marracuene não recebe apoio do
programa de extensão agrícola pública, com a maioria respondendo "Não". Isso pode indicar
uma lacuna ou falta de acesso a recursos e assistência técnica para melhorar as práticas
agrícolas e aumentar a produção de alimentos.

Discrepâncias entre as localidades: Houve variações na recepção do apoio do programa


de extensão agrícola entre as diferentes localidades estudadas. Por exemplo, em Ngalunde,
a maioria dos Agregados Familiares inqueridos recebe apoio, enquanto em Michafutene e
Thaula, nenhum Agregado Familiar recebe apoio. Essas discrepâncias refletem diferenças
na disponibilidade de recursos, prioridades do programa ou capacidade de alcance das
comunidades.

Impacto na segurança alimentar: A falta de acesso ao programa de extensão agrícola pode


impactar negativamente a segurança alimentar das famílias, limitando seu conhecimento em
práticas agrícolas sustentáveis, maneio de culturas e uso eficiente de recursos. O apoio do
programa de extensão agrícola é importante para capacitar os agricultores e melhorar a
produtividade e sustentabilidade da agricultura familiar.

4.2.8. Acesso a Financiamento


O gráfico 28 apresenta dados sobre se os Agregados Familiares inqueridos recorrem a
financiamento para custear parte ou toda a produção, com as respostas sendo divididas em
"Sim" e "Não", para diferentes localidades. Esses dados foram analisados e interpretados
considerando a influência na segurança alimentar:

Acesso ao financiamento agrícola: Os resultados mostraram que a maioria dos Agregados


Familiares inqueridos em Marracuene não recorre a financiamento para custear parte ou toda
a produção, com a grande maioria respondendo "Não". Isso pode indicar uma dependência
limitada de crédito agrícola ou falta de acesso a serviços financeiros para investir na
produção agrícola.

Discrepância entre as localidades: observou-se uma grande discrepância na utilização de


financiamento para custear a produção entre as diferentes localidades estudadas. Por
exemplo, em Ngalunde, a maioria dos Agregados Familiares recorre a financiamento,
enquanto em outras localidades, como Sede e Michafutene, nenhum Agregado Familiar

58
utiliza esse recurso. Isso pode refletir diferenças no acesso a serviços financeiros,
conhecimento sobre opções de crédito agrícola ou capacidade de pagamento.

Importância do financiamento para a produção: O acesso ao financiamento é


fundamental para apoiar a produção agrícola, pois pode permitir que os agricultores invistam
em insumos, maquinaria, tecnologia e outros recursos necessários para aumentar a
produtividade e garantir a segurança alimentar das famílias. A falta de acesso ao
financiamento pode limitar o potencial de crescimento e desenvolvimento da agricultura
familiar em Marracuene.

Gráfico 28 - Financiamento

Financiamento
15
POSTO ADMINISTRATIVO,

MACANDZA 0
THAULA 14
0
LOCALIDADE

NGALUNDE 1
13
MACANETA 14
0
MATALANE 15
0
MICHAFUTENE 14
0
SEDE 14
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

Recorre a financiamento para custear parte ou toda produção? Não


Recorre a financiamento para custear parte ou toda produção? Sim

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.2.9. Tipo de Financiamento
O gráfico 29 apresenta os dados sobre de onde os Agregados Familiares inqueridos em
Marracuene recebem financiamento, com as opções sendo Banco, Governo, ONG ou
Nenhum. Esses dados foram analisados e interpretados considerando a influência na
segurança alimentar:

Fontes de financiamento: Os resultados mostram que a maioria dos Agregados Familiares


inqueridos em Marracuene não recebe financiamento de Bancos, Governo ou ONGs, com a
grande maioria respondendo "Nenhum". Isso reflete a falta de acesso a recursos financeiros
externos para apoiar a produção agrícola e o desenvolvimento das famílias.

Dependência de recursos próprios: A prevalência de resposta "Nenhum" indica que os


Agregados Familiares em Marracuene dependem principalmente de recursos próprios ou de

59
fontes internas para custear suas atividades agrícolas. Isso pode limitar as possibilidades de
investimento, expansão e melhoria das práticas agrícolas, afetando a segurança alimentar e
a sustentabilidade das famílias.

Papel das ONGs: Embora uma pequena proporção de Agregados Familiares inqueridos
receba financiamento de ONGs, é importante destacar o papel que organizações não-
governamentais desempenham no apoio à agricultura familiar e à segurança alimentar. O
financiamento e o suporte das ONGs podem ser recursos valiosos para capacitar os
agricultores, promover práticas agrícolas sustentáveis e garantir o acesso a alimentos
nutritivos.

Desafios no acesso a financiamento externo: A falta de financiamento externo, seja de


Bancos, Governo ou ONGs, pode representar um desafio significativo para os Agregados
Familiares em Marracuene em busca de melhorar suas condições de segurança alimentar. A
falta de acesso a recursos financeiros pode limitar o potencial de crescimento e
desenvolvimento da agricultura familiar na região.

A análise dos dados sobre as fontes de financiamento utilizadas pelos Agregados Familiares
inqueridos em Marracuene destacou a importância de abordar a questão do acesso a recursos
financeiros externos para apoiar a segurança alimentar e o desenvolvimento da agricultura
familiar. Promover parcerias com instituições financeiras, governamentais e não-
governamentais pode ser uma estratégia eficaz para fortalecer a capacidade dos agricultores
de enfrentar os desafios e promover a segurança alimentar em Marracuene.

Gráfico 29 - Tipo de Financiamento

Tipo de Financiamento
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sede Michafutene Matalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza
Posto administrativo, Localidade

Banco Governo ONG Nenhum

60
Fonte: Dados da pesquisa (2021).
4.3. Principais Meios de Obtenção de Alimentos do Agregado Familiar
4.3.1. Principais Mercados de Obtenção de Alimentos
O gráfico 30 apresenta a distribuição dos Agregados Familiares inqueridos em diferentes
localidades em Marracuene de acordo com a fonte principal de onde obtêm alimentos,
categorizadas em Bobole, Manhiça, Marracuene, Zimpeto, Local (como mercado local) e
Nenhum (sem acesso a uma fonte específica). Esses dados foram analisados e interpretados
considerando a influência na segurança alimentar:
1. Fontes de obtenção de alimentos: Os resultados mostraram que diferentes localidades
em Marracuene têm diferentes fontes principais de onde as famílias obtêm alimentos. Por
exemplo, em Ngalunde, a maioria dos Agregados Familiares inqueridos mencionou Bobole
como sua principal fonte de alimentos, enquanto em Michafutene, a maioria menciona
"Local" (como mercado local).
2. Acesso a diferentes fontes de alimentos: A distribuição dos Agregados Familiares
inqueridos em relação às diferentes fontes de alimentos destacou a variedade de opções
disponíveis para as famílias em Marracuene. A diversificação das fontes de alimentos pode
ser importante para garantir acesso a uma variedade de alimentos nutritivos e também para
reduzir a dependência de uma única fonte.
3. Importância da proximidade: A presença de Agregados Familiares que mencionam
fontes locais (como mercado local) como sua principal fonte de alimentos em algumas
localidades sugeriu a importância da proximidade na obtenção de alimentos. Acesso a
mercados locais e produtos frescos pode ser crucial para garantir a disponibilidade de
alimentos de qualidade.
4. Identificação de áreas de vulnerabilidade: A distribuição dos Agregados Familiares
inqueridos de acordo com suas fontes de alimentos também pode fornecer informações sobre
áreas de vulnerabilidade em relação à segurança alimentar em Marracuene. Identificar áreas
onde as famílias têm acesso limitado a fontes de alimentos confiáveis pode ser fundamental
para o planejamento de intervenções e programas para melhorar a segurança alimentar
nessas regiões.
A análise dos dados sobre as fontes de alimentos dos Agregados Familiares em diferentes
localidades em Marracuene destaca a importância da diversificação das fontes de alimentos,
do acesso a mercados locais e da identificação de áreas de vulnerabilidade para melhorar a
segurança alimentar.

61
Considerar as diferentes realidades em cada localidade e direcionar esforços para garantir o
acesso a alimentos nutritivos e suficientes pode contribuir significativamente para melhorar
a segurança alimentar em Marracuene.
Gráfico 30 - Principais Mercados de Alimentos

Onde faz a aquisição de Alimentos


16
14
12
10
8
6
4
2
0
Sede MichafuteneMatalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza

Bobole Manhiça Marracuene Zimpeto Local Nenhum

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.4. Factores que Influenciam a Segurança alimentar
Neste subtítulo foram analisados os principais pilares determinantes para garantia da
segurança alimentar em Marracuene, estes dados permitiram compreender o impacto dos
factores disponibilidade, acessibilidade e estratégia de sobrevivência nas comunidades em
estudo.
4.4.1. Disponibilidade
Apesar de a produção da segunda época (Abril a Setembro) ser limitado relativamente à
primeira época, ela desempenha um papel importante em minimizar os défices da principal
época e é uma fonte de rendimento para muitas famílias, houve registo de mudanças
significativas nos padrões de consumo de alimentos nos períodos em análise.

Por outro lado, o consumo alimentar tende a melhorar os resultados revelam ser rica,
principalmente no inverno pois, há possibilidade de reforçar a dieta com várias hortícolas e
outros produtos frescos. Os AFs dispõem de reservas alimentares que vão até a colheita
seguinte, e a maioria dos AFs afirmou que não usa estratégias de sobrevivência e nem recebe
assistência alimentar nos últimos anos em alusão, paralelamente a esses dados 4% teve de
recorrer a estratégias de sobrevivência e complementar a sua produção através de compras.

62
O gráfico 31 apresenta a média de refeições que os Agregados Familiares inqueridos em
diferentes localidades em Marracuene passam por dia. Esses dados foram analisados e
interpretados considerando a influência na segurança alimentar:

Variação na quantidade de refeições: Os resultados mostraram que a quantidade média de


refeições por dia varia entre as diferentes localidades, com valores que variam de 2,50 a 3,00
refeições. Isso pode indicar diferenças nos hábitos alimentares, na disponibilidade de
alimentos e nas condições socioeconômicas dos Agregados Familiares em cada região.

Média próxima a três refeições por dia: Em geral, a média total de refeições por dia para
todos os Agregados Familiares inqueridos é de 19,52, o que sugere que a maioria está
consumindo cerca de três refeições diárias. Isso é positivo em termos de segurança alimentar,
pois indica que, em média, as famílias têm acesso a uma quantidade adequada de alimentos
ao longo do dia.

Possíveis implicações na segurança alimentar: A análise desses dados pode fornecer


insights sobre a situação de segurança alimentar das famílias em Marracuene. Uma média
de três refeições por dia é considerada fundamental para garantir uma nutrição adequada e
prevenir a fome e a desnutrição. No entanto, é importante considerar a qualidade e
diversidade das refeições para garantir uma dieta equilibrada e saudável.

Identificação de necessidades: A análise da quantidade média de refeições por dia pode


ajudar a identificar possíveis necessidades e desafios relacionados à segurança alimentar em
Marracuene. Por exemplo, se a média de refeições for menor em determinadas localidades,
isso pode indicar a necessidade de intervenções específicas para garantir o acesso adequado
a alimentos e promover a segurança alimentar dessas comunidades.

Em resumo, a análise dos dados sobre a quantidade média de refeições por dia dos Agregados
Familiares inqueridos em Marracuene fornece informações importantes para avaliar a
segurança alimentar e identificar possíveis áreas de intervenção. Garantir o acesso adequado
e regular a alimentos nutritivos é essencial para promover a saúde e o bem-estar das famílias
em Marracuene.

63
Gráfico 31 - Número de Refeições Diárias

Quantas refeições passam por dia? Média


3.1
3
2.9
2.8
2.7
2.6
2.5
2.4
2.3
2.2
Sede Michafutene Matalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza
Posto administrativo, Localidade

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


O gráfico 32 apresenta a distribuição dos Agregados Familiares inqueridos em diferentes
localidades em Marracuene de acordo com o tempo que estão sem acesso regular a
alimentos, categorizados em intervalos de tempo (3 meses, 3 a 6 meses, 6 a 9 meses, mais
de 9 meses e menos de 3 meses). Esses dados foram analisados e interpretados considerando
a influência na segurança alimentar:

Tempo de acesso regular a alimentos: Os resultados mostram que há uma variedade de


situações em relação ao tempo que os Agregados Familiares entrevistados estão sem acesso
regular a alimentos. A maioria dos entrevistados está distribuída nos intervalos de tempo de
3 meses, 3 a 6 meses e menos de 3 meses, indicando que a situação de insegurança alimentar
é prevalente em diferentes graus.

Necessidade de intervenções urgentes: A alta proporção de AFs que estão sem acesso
regular a alimentos por mais de 3 meses, especialmente em algumas localidades como
Ngalunde e Matalane, aponta para a urgência de intervenções para garantir a segurança
alimentar dessas famílias. Isso pode incluir a implementação de programas de assistência
alimentar, acesso a serviços de saúde e nutrição, entre outras medidas.

Disparidades entre as localidades: É interessante observar que a distribuição dos


Agregados Familiares nos diferentes intervalos de tempo varia entre as localidades. Por
exemplo, Michafutene tem uma significativa proporção de entrevistados que estão sem
acesso regular a alimentos por 3 a 6 meses, enquanto Sede tem uma maior proporção no

64
intervalo de tempo de menos de 3 meses. Isso pode refletir diferenças nas condições
socioeconômicas, no acesso a recursos e em outros fatores que influenciam a segurança
alimentar em cada região.

4. Identificação de populações vulneráveis: A análise desses dados pode ajudar a


identificar populações vulneráveis que estão em maior risco de insegurança alimentar em
Marracuene. Compreender as necessidades específicas dessas populações e implementar
medidas direcionadas pode ser fundamental para melhorar a segurança alimentar e promover
o bem-estar das famílias em situação de vulnerabilidade.

Em resumo, a análise dos dados sobre o tempo em que os Agregados Familiares em


Marracuene estão sem acesso regular a alimentos destaca a importância de implementar
estratégias e políticas eficazes para abordar a insegurança alimentar e garantir que todas as
famílias tenham acesso adequado a alimentos nutritivos e suficientes. Considerar as
diferentes realidades em cada localidade e direcionar intervenções de forma específica pode
contribuir significativamente para melhorar a segurança alimentar em Marracuene.

Os hábitos tradicionais também contribuem para a prevalência dessa situação, porque as


pessoas na sua maioria mulheres acordam muito cedo com destino a machamba, e acabam
passando toda a manhã sem comer, voltando para casa apenas no período de tarde para o
almoço, esse factor faz com que as pessoas tenham uma saúde nutricional frágil, pois na
tentativa de repor a refeição perdida no período da manhã, essas consomem uma quantidade
acima do recomendando, dificultando o processo de digestão. Isso influencia no
desenvolvimento sócio-económico da comunidade, pois os maus hábitos alimentares
influenciam negativamente na realização de actividades (GOMES, 2017).

Portanto, é necessário que as famílias tenham acompanhamento periódico de um


nutricionista para a disseminação de bons hábitos alimentares através dos recursos
disponíveis.

65
Gráfico 32 - Duração do Alimentos

Duração dos Alimentos


10 9 9
9 8 8
8 7
7 6 6
6 5 5 5 5 5
5 4
4 3 3
3 2 22
2 11 1 1 1 1
1 0 0 0 0 0 000 00 0
0
Sede Michafutene Matalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza
Posto administrativo, Localidade

3 meses 3 a 6 meses 6 a 9 meses mais de 9 meses menos de 3 meses

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


4.4.2. Acessibilidade
A análise dos dados mostrou que a maioria das famílias em cada localidade obtém alimentos
pela produção própria e trabalha em outras atividades que geram rendimentos, o que é
positivo para a segurança alimentar. No entanto, no gráfico 33 observou-se algumas
diferenças entre as localidades, com Ngalunde tendo a maior proporção de famílias com
múltiplas fontes de rendimento.

Gráfico 33 - Actividade não Agrícola de Renda

OUTRA ACTIVIDADE DE RENDA


Sim Nenhuma
62.00
38.00
10

10
9

9
8
7
7

6
5

5
4

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


Sede

• 9 famílias (54,5%) obtêm alimentos pela produção própria e trabalham em outras


atividades que geram rendimentos.

66
• 5 famílias (29,4%) apenas obtêm alimentos pela produção própria.

Michafutene

• 7 famílias (58,3%) obtêm alimentos pela produção própria e trabalham em outras


atividades que geram rendimentos.
• 7 famílias (41,7%) apenas obtêm alimentos pela produção própria.

Matalane

• 10 famílias (83,3%) obtêm alimentos pela produção própria e trabalham em outras


atividades que geram rendimentos.
• 5 famílias (16,7%) apenas obtêm alimentos pela produção própria.

Macaneta

• 8 famílias (66,7%) obtêm alimentos pela produção própria e trabalham em outras


atividades que geram rendimentos.
• 6 famílias (33,3%) apenas obtêm alimentos pela produção própria.

Ngalunde

• 10 famílias (90%) obtêm alimentos pela produção própria e trabalham em outras


atividades que geram rendimentos.
• 4 famílias (10%) apenas obtêm alimentos pela produção própria.

Thaula

• 9 famílias (64,3%) obtêm alimentos pela produção própria e trabalham em outras


atividades que geram rendimentos.
• 5 famílias (35,7%) apenas obtêm alimentos pela produção própria.

Macandza

• 9 famílias (64,3%) obtêm alimentos pela produção própria e trabalham em outras


atividades que geram rendimentos.
• 6 famílias (35,7%) apenas obtêm alimentos pela produção própria.

4.4.3. Estratégia de Sobrevivência


O gráfico 34 apresenta a distribuição dos Agregados Familiares inqueridos em diferentes
localidades em Marracuene de acordo com as estratégias adotadas para lidar com a

67
insegurança alimentar, categorizadas em Conservação (conservar alimentos por mais
tempo), Redução de Refeições (diminuir a quantidade de refeições) e Ajuda Alimentar
(receber assistência alimentar de terceiros). Esses dados foram analisados e interpretados
considerando a influência na segurança alimentar:

Estratégias adotadas para lidar com a insegurança alimentar: Os resultados mostram


que a maioria dos Agregados Familiares entrevistados adotam estratégias como Conservação
e Redução de Refeições para lidar com a insegurança alimentar. A estratégia de Ajuda
Alimentar também é mencionada, embora em menor proporção.

Necessidade de estratégias de curto e longo prazo: A alta proporção de Agregados


Familiares que adotam estratégias como Conservação e Redução de Refeições sugere que
muitas famílias enfrentam desafios significativos em relação ao acesso regular a alimentos.
Enquanto essas estratégias podem ajudar a lidar com a escassez temporariamente, é
importante também garantir o acesso a assistência alimentar de longo prazo para promover
a segurança alimentar de forma sustentável.

Variações entre as localidades: Observa-se que a distribuição das estratégias adotadas varia
entre as diferentes localidades em Marracuene. Por exemplo, Matalane possui uma
proporção maior de Agregados Familiares que adotam a estratégia de Redução de Refeições,
enquanto Macandza tem uma proporção maior que adota a estratégia de Conservação. Essas
variações podem estar relacionadas a fatores socioeconômicos, acesso a recursos e outras
condições locais que influenciam a segurança alimentar.

Importância da assistência alimentar: A presença da estratégia de Ajuda Alimentar


destaca a importância da assistência externa na promoção da segurança alimentar das
famílias em situação de vulnerabilidade. A identificação das famílias que necessitam de
ajuda e a garantia de acesso a programas de assistência alimentar podem ser essenciais para
garantir que todas as famílias tenham acesso a alimentos nutritivos e suficientes.

Em resumo, a análise dos dados sobre as estratégias adotadas pelos Agregados Familiares
inqueridos em Marracuene para lidar com a insegurança alimentar destaca a importância de
abordagens abrangentes que incluam tanto soluções de curto prazo quanto de longo prazo.
Garantir o acesso a alimentos, promover a conservação de alimentos e garantir assistência
alimentar adequada são fundamentais para melhorar a segurança alimentar e o bem-estar das
famílias em Marracuene.

68
Gráfico 34 - Estratégia de Sobrevivência

Porquê do Tempo do Alimento?


14
12
10
8
6
4
2
0
Sede MichafuteneMatalane Macaneta Ngalunde Thaula Macandza
Posto administrativo, Localidade

Conservação Redução de Refeições Ajuda Alimentar

Fonte: Dados da pesquisa (2021).


Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO) na sua técnica para melhora a nutrição
das hortas familiares identificou que consumo familiar depende de vários factores.
A produção familiar é um dos meios que permitem assegurar que a família disponha
permanentemente de alimentos. Contudo, para produzir alimentos variados em quantidade
suficiente, na horta ou nos campos, é preciso ter acesso a recursos adequados, nomeadamente
terra, água, sementes, equipamento, conhecimentos, competência e mão-de-obra.
As estradas e os meios de transporte para os mercados são necessários para a compra ou
venda de alimentos e de outros artigos essenciais. Os membros da família também
necessitam de ter acesso aos serviços públicos e comerciais, assim como a emprego fora da
exploração agrícola, durante os períodos de baixa actividade agrícola.
Nas zonas rurais onde a possibilidade de ganhar dinheiro é limitada, a capacidade de produzir
a maior parte dos alimentos na horta e nos campos, não precisando de os comprar no
mercado, garante uma melhor segurança alimentar das famílias. Esta segurança é tributária
de um aprovisionamento alimentar regular e durável, durante todo o ano. Porém, em muitas
zonas rurais, as famílias confrontam-se muitas vezes com a escassez de alimentos, porque a
produção vegetal é sazonal e por vezes insuficiente.
De acordo com o Boletim nacional de Segurança Alimentar e Nutricional produzido pelo
Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional, os principais factores que
Influenciam a Segurança alimentar no país incidem sobre 3 pilares nomeadamente
Disponibilidade de Alimentos, Acesso aos alimentos e a estratégia de sobrevivência
(SETSAN, 2006).

69
Sendo que a Disponibilidade de Alimentos é influenciada pelas tendências pluviométricas
tem contribuindo para performance das campanhas agrícolas e também as campanhas
agrícolas influenciam em termos quantidades produzidas.
O Acesso aos Alimentos é directamente influenciado pelo poder de compra e também
limitada posse de Dinheiro.
A estratégia de sobrevivência encontra-se geralmente em caso de crise da disponibilidade de
alimentos onde requer a intervenção do estado com programas para alavancar sector
produtivo, ajuda alimentar e também a redução das refeições dentro dos agregados
familiares.
O SETSAN em 2017 produziu um Relatório de monitoria da situação de Segurança
Alimentar e Nutricional aguda que teve como resultados um aumento do número de pessoas
em Insegurança Alimentar em 43% a nível nacional e em Maputo província em 53%
(SETSAN, 2016).
Tal como refere Germán, L. (2005, p. 17) “a qualidade de vida, como um dos grandes
objectivos das políticas públicas está associada à satisfação das necessidades básicas que
estão relacionadas com a existência e bem-estar dos cidadãos. A disponibilidade e acesso da
população a tais serviços básicos é um elemento importante para se poder aferir sobre o seu
nível e qualidade de vida”, ou seja, o acesso a certos serviços, os chamados serviços básicos,
pode ser, por conseguinte, usado como indicador de nível e condições de vida dos AFs. Isto
é tanto mais importante quando se sabe que a disponibilidade e acesso a certos serviços
como, por exemplo, electricidade e água potável é importante para a gestão da qualidade de
vida dos AFs.

Não se se opondo ao Boletim de 2006 o SETSAN trouxe no Relatório de monitoria da


situação de Segurança Alimentar e Nutricional aguda como factores o nível de precipitação,
o índice de consumo alimentar e percentagem de famílias afectadas pelos choques e a
disponibilidade de alimentos caracterizada pela produção própria, compra nos mercados e a
assistência do governo em caso de choques (SETSAN, 2016).
O distrito de Marracuene apresenta um forte potencial agro-pecuário para garantir a
disponibilidade de alimentos, mas em contrapartida o distrito o tem um grande risco de ser
propenso a secas ou a inundações que que de certa forma afectar a disponibilidade de
alimentos. Após a determinação dos instrumentos necessários para obter informações foi
possível identificar os factores que influenciam a Segurança alimentar e seus efeitos na

70
garantia dos mesmos pilares nomeadamente Disponibilidade, Acessibilidade, Estratégia de
sobrevivência.

71
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusão

O distrito de Marracuene apresenta um forte potencial agro-pecuário para garantir a


disponibilidade de alimentos, mas em contrapartida o distrito o tem um grande risco de ser
propenso a secas ou a inundações que de certa forma afectam a disponibilidade de alimentos.
Após a análise das informações foi possível identificar os factores que influenciam a
Segurança alimentar e seus efeitos na garantia dos mesmos pilares nomeadamente
Disponibilidade, Acessibilidade, Estratégia de sobrevivência.

A presente pesquisa buscou analisar os factores que influenciam a segurança alimentar em


Marracuene. Os resultados sugerem que a segurança alimentar em Marracuene é
influenciada por uma combinação de sub-factores, incluindo a composição do agregado
familiar, escolaridade, produção agrícola, idade dos produtores, posse de terra, acesso a
insumos agrícolas, apoio financeiro e colaboração comunitária, mercados e estratégias de
adaptação.

A análise revelou que a falta de terra, insumos e financiamento é um desafio comum


enfrentado pelas famílias, no distrito de Marracuene. A dependência de recursos próprios é
uma característica comum, o que limitar a capacidade das famílias investir em práticas
agrícolas sustentáveis e melhorar a produtividade da agricultura familiar.

A produção agrícola em Marracuene é caracterizada por uma diversidade de culturas,


incluindo alimentos básicos e nutricionalmente ricos, frutas e vegetais. No entanto, a
presença de culturas condimentadas sugere preferências alimentares locais específicas.

A união familiar e a participação de todos os membros na agricultura são fundamentais para


garantir a segurança alimentar. No entanto, a falta de acesso ao programa de extensão
agrícola pública e à assistência técnica limita a capacidade das famílias melhorarem as
práticas agrícolas e aumentarem a produção de alimentos.

A importância da assistência alimentar foi também identificada, pois muitas famílias


necessitam de ajuda externa para garantir o acesso a alimentos nutritivos e suficientes. A
identificação das famílias que necessitam de ajuda e a garantia de acesso a programas de
assistência alimentar podem ser essenciais para garantir que todas as famílias tenham acesso
a alimentos nutritivos e suficientes.

72
Em resumo, a análise dos dados sugere que a segurança alimentar em Marracuene é
influenciada por uma variedade de fatores, incluindo a produção própria, o acesso a
mercados locais, hábitos alimentares tradicionais, falta de acesso regular a alimentos e
necessidade de assistência alimentar. Para melhorar a segurança alimentar em Marracuene,
é necessário implementar estratégias abrangentes que incluam soluções de curto prazo
quanto de longo prazo, garantir o acesso a alimentos, promover a conservação de alimentos
e fornecer assistência alimentar adequada às famílias que necessitam.
5.2. Recomendações

Para melhorar a segurança alimentar em Marracuene, é fundamental implementar estratégias


que fortaleçam a agricultura familiar, como o apoio à formação técnica e ao acesso a insumos
agrícolas. Além disso, é necessário promover a cooperativização da agricultura, estabelecer
parcerias público-privadas e apoiar as iniciativas comunitárias que visem melhorar a
produção e comercialização de alimentos locais.

Recomenda-se ao governo e ONG’s através do SETSAN a desempenhar um papel


fundamental na implementação dessas estratégias, mediante a criação de programas de
formação técnica para os agricultores da região, estabelecimento de parcerias público-
privadas e fomento do cooperativismo da agricultura.

Além disso, é necessário aumentar o apoio financeiro às famílias agricultoras, especialmente


às que não têm acesso a crédito agrícola, e implementar programas de extensão agrícola
pública para fornecer assistência técnica às famílias agricultoras.

Fomentar a diversificação das culturas agrícolas e implementar estratégias de adaptação às


mudanças climáticas também são fundamentais para garantir a segurança alimentar em
Marracuene. Além disso, é necessário aumentar o apoio à formação dos jovens em técnicas
agrícolas e agropecuárias e implementar programas de assistência alimentar para as famílias
que necessitam de ajuda externa para garantir o acesso a alimentos nutritivos e suficientes.

Em resumo, é fundamental que o governo apoie as famílias agricultoras em Marracuene


mediante a implementação de estratégias que fortaleçam a agricultura familiar, promovam o
cooperativismo da agricultura e aumentem o apoio financeiro às famílias agricultoras. Isso
pode contribuir para melhorar a segurança alimentar das famílias em Marracuene e garantir
o acesso regular a alimentos nutritivos e suficientes.

73
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ANEXOS

• Anexo A. Guião de inquérito de entrevista semiestruturada dirigido aos Agregados


Familiares de Marracuene.

Convidamo-lo(a) a participar numa investigação científica, na área de Desenvolvimento


rural com o tema: “Análise dos factores que influenciam na Segurança alimentar no distrito
de Marracuene”. A presente pesquisa enquadra-se na culminação de trabalho de Licenciatura
do estudante Agnaldo Caetano Cambaza Júnior.

É de sublinhar que as informações por si fornecidas são estritamente confidenciais e serão


utilizadas apenas numa análise global e conjunta dos dados.

Agradecemos a sua colaboração que é muito importante para os resultados desta


investigação.

Data do Inquérito _________/___________/ 2020

1. Composição do agregado______________

I. Dados Demográficos

2. Posto administrativo ________________, Localidade ________________

Nome ____________________________________________

3. Sexo (a) Masculino______ (b) Feminino______

4. Estado Civil

(a) Casado_____ (b) Solteiro______ (c) Viúvo_____ (d) Divorciado_____

5. Você tem machamba?

(a) Sim______ (b) Não _______

6.Como é que teve acesso a terra que usa na agricultura?

Herdada ____
Emprestada _____ Arrendada _____ Comprada ____ Dada pelo
Estado_____

7. Quantos hectares possuem a área de produção:

Menor que 1 há______ 1 a 2 há___ 2 a 3 há____ + de 2ha____

8. Recebe apoio do programa de extensão agrícola pública:

Não_____ Sim_____

9. Recorre a financiamento para custear parte ou toda produção?


80
Não_____ Sim_____

Se sim, a quem recorre?

________________________

10. De quem é a responsabilidade de trabalhar na machamba?

11. No seio da família quem é o responsável pela gerência e controle dos processos
produtivo?

_________________________________________________________________________
12. Quais são as principais culturas que a família produz? Porquê?

_________________________________________________________________________
13. Quais são os maiores constrangimentos que a família enfrenta na produção de
alimentos?

_________________________________________________________________________
14. Quanto tempo sua família aguenta com alimentos provenientes da machamba?

(a) 3 meses

(b) 3 a 6 meses

(c) 6 a 9 meses

(d) Mais de 9 meses

(e) Menos de 3 meses

(f) Porquê_____________________________________________________

15. Quantas refeições passam por dia?


______________________________________________

16. Quais são as outras actividades que fazem além da agricultura?

17. Onde faz a aquisição destes produtos?

81
Anexo B. Tela inicial do IBM SPSS

Fonte: SPSS 25. Dados Pesquisa (2021).

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