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Jurisprudência
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DANOS MORAIS. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA.
CONTRATO TEMPORÁRIO PARA DOCENTES. REMUNERAÇÃO INFERIOR AO MÍNIMO LEGAL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DO ESTADO. DANO MORAL CONFIGURADO. RECURSO DESPROVIDO. I. CASO EM EXAME 1. Recurso inominado interposto pela parte ré, Estado do Paraná, contra sentença de procedência em ação de indenização por danos morais, movida por docente contratado temporariamente por meio de Processo Seletivo Simplificado (PSS). A parte autora, contratada em 2018 para atuar na rede pública de ensino, recebeu remuneração inferior ao valor legalmente estipulado para a função, conforme reconhecido judicialmente em ação anterior movida pelo sindicato da categoria, resultando em prejuízos financeiros e transtornos. O pleito inicial buscava o reconhecimento da nulidade do item 3.1 do Edital nº 72/2017 – GS/SEED e o pagamento dos valores devidos a título de salário suprimido. Na presente demanda, a autora pleiteia compensação por danos morais devido à remuneração inferior ao mínimo legal. II. QUESTÃO EM DISCUSSÃO 2. Há duas questões em discussão: (i) verificar se a conduta do Estado de pagar remuneração inferior ao mínimo legal durante o ano de 2018, conforme estabelecido no Edital nº 72/2017 – GS/SEED, caracteriza ato ilícito apto a gerar responsabilidade civil e indenização por danos morais; (ii) determinar se o montante fixado a título de indenização por danos morais, no valor de R$ 5.000,00, atende aos critérios de razoabilidade e proporcionalidade. III. RAZÕES DE DECIDIR 3. A conduta estatal, ao prever remuneração inferior ao valor mínimo legal, configura ilícito por violação direta ao princípio da legalidade que rege a Administração Pública, infringindo o direito constitucional à irredutibilidade salarial (CF/88, art. 7º, IV). 4. Nos termos do artigo 37, §6º da Constituição Federal, a responsabilidade civil do Estado é objetiva, de modo que, havendo o nexo causal entre o ato ilícito e o dano sofrido, é devida a indenização. 5. O dano moral está configurado, uma vez que a percepção de salário abaixo do mínimo legal afeta o sustento do trabalhador, implicando transtornos que superam os meros aborrecimentos cotidianos, caracterizando lesão à dignidade e à honra. 6. A fixação da indenização por dano moral em R$ 5.000,00 atende aos parâmetros de razoabilidade e proporcionalidade, considerando a gravidade do ilícito, o porte econômico do Estado e a situação da autora, bem como o caráter pedagógico e preventivo da condenação. IV. DISPOSITIVO E TESE 7. Recurso desprovido. Tese de julgamento: 1. A remuneração inferior ao mínimo legal configurada por edital de processo seletivo simplificado para contratação de servidores temporários viola o princípio da legalidade e o direito à irredutibilidade salarial, ensejando responsabilidade civil objetiva do Estado. 2. O pagamento de remuneração abaixo do mínimo legal constitui ato ilícito que ultrapassa mero aborrecimento e gera direito à indenização por danos morais. Dispositivos relevantes citados: CF/1988, art. 7º, IV; art. 37, §6º; CPC, art. 373, II; Lei 9.099/95, art. 46. Jurisprudência relevante citada: Súmula 568 do STJ. (TJPR - 4ª Turma Recursal - 0005325-34.2024.8.16.0182 - Curitiba - Rel.: JUIZ DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS LEO HENRIQUE FURTADO ARAUJO - J. 01.10.2024)
L002 - 0194524-18.2019.8.05.0001. André Luis Mendes Da Silva X Facs Serviços Educacionais Ltda. Cobrança Indevida. Devolução Simples. Ausência de Danos Morais. Monocrática
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