SC Cosit N 86-2023
SC Cosit N 86-2023
SC Cosit N 86-2023
PROCESSO 00000.000000/0000-00
SOLUÇÃO DE 86 – COSIT
CONSULTA
DATA 13 de abril de 2023
CNPJ/CPF 00.000-00000/0000-00
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parcela ainda não recebida para adicioná-la à base de cálculo do mês do seu
efetivo recebimento.
A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep sobre as respectivas receitas,
quando do seu efetivo recebimento, deverá se dar pela sistemática de
apuração, cumulativa ou não cumulativa, a que se sujeita a pessoa jurídica
nesse momento.
SOLUÇÃO DE CONSULTA PARCIALMENTE VINCULADA À SOLUÇÃO DE
CONSULTA COSIT Nº 673, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2017.
Dispositivos legais: Lei nº 9.718, de 1998, arts. 2º, 7º, 13 e 14; Medida
Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 20; Lei nº 10.833, de 2003, arts. 7º e 15,
inciso IV; Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR/2018), aprovado pelo
Decreto nº 9.580, de 2018, arts. 258, 478, 479 e 480; Instrução Normativa SRF
nº 345, de 2003, art. 1º; Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017, arts. 37,
223 e 223-A; Instrução Normativa RFB nº 2.121, de 2022, arts. 768 e 769.
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RELATÓRIO
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3.8. entende que o tratamento das receitas recebidas dos contratos de longo prazo com a
administração pode seguir o regime do diferimento, tal como autorizam o § 3º do art. 10 do Decreto
nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e o art. 10 da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1979;
3.9. e que se aplica o mesmo entendimento à Contribuição para o PIS/Pasep e à Cofins, que
autoriza o diferimento de tributação das receitas desde que sejam aplicáveis as regras dos contratos a
longo prazo, ainda que no regime não cumulativo; entendimento esse corroborado pela Solução de
Consulta Cosit nº 673, de 27 de dezembro de 2017;
3.10. explica, em seguida, que sua consulta visa a esclarecer a aplicação da regra de transição
entre o regime do lucro presumido e o do lucro real, especialmente quanto às receitas pendentes de
recebimento com origem nos contratos de longo prazo com a Administração Pública, em que ocorre
diferimento da tributação do lucro até a sua realização (regime de caixa).
4. Relaciona, então, os dispositivos da legislação tributária que fundamentam a sua
consulta e apresenta seus questionamentos:
1) Considerando que as receitas auferidas e não recebidas do período da transição
entre o regime do Lucro Presumido para o Lucro Real têm origem em contratos de
longo prazo com o Poder Público na forma preconizada no art. 37 da Instrução
Normativa 1.700/2017 cujo adimplemento está sendo discutido em via administrativa
e/ou judicial, com recuperação classificada como remota, questiona-se: o disposto nos
art. 1º, §3º e §4º da Instrução Normativa 345/2003 e art. 223 e 223-A, deve ser
aplicado mediante a tributação de tais receitas no período de apuração anterior àquele
em que ocorrer a mudança do regime de tributação?
2) Como se operacionaliza, para fins de tributação, a regra de transição (art. 1º, § 3º
IN 345 e art. 223-A IN 1.700) do regime de caixa para o de competência com
diferimento de tributação do lucro previsto no art. 10, §3º, a do Decreto 1.598/77 e do
art. 10 Instrução Normativa nº 21/1979 da Receita Federal? O entendimento pode ser
estendido às contribuições PIS e COFINS, ou seja, mesmo no regime não cumulativo, é
facultado ao Contribuinte o diferimento de tributação da receita/faturamento desde
que aplicáveis as regras dos contratos de longo prazo (baseado no entendimento na
Solução de consulta 673 de 2017)?
3) Considerando que os valores dos tributos incidentes sobre as receitas diferidas
encontram-se integralmente provisionados, questiona-se se no momento do
recebimento dos valores, estes devem compor a base para apuração no Lucro Real, ou
devem ser oferecidas à tributação no formato da apuração do Lucro Presumido uma
vez que tiveram origem de contratos firmados anteriormente à migração de regime.
FUNDAMENTOS
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observado o critério adotado pela pessoa jurídica, caso tenha, naquele ano, optado
pela tributação com base no lucro presumido.
Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas:
I - cuja receita total no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$
78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou proporcional ao número de meses
do período, quando inferior a 12 (doze) meses; (Redação dada pela Lei nº 12.814, de
2013)
10. Por sua vez, a Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017, disciplina sobre o lucro
presumido que (destacou-se):
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11. Da reprodução acima, cabe destacar que a pessoa jurídica optante pelo lucro presumido
pode escolher entre o regime de caixa e o regime de competência, conforme § 9º do art. 215 da
Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017. Relativamente ao regime de caixa, opção adotada pela
consulente, a regra é o reconhecimento das receitas e resultados à medida do seu recebimento.
12. Uma vez adotado o regime de caixa para apuração do IRPJ e da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL), o sujeito passivo deve empregar o mesmo critério para a tributação da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, conforme estabelece o art. 20 da Medida Provisória nº
2.158-35, de 24 de agosto de 2001:
Art. 20. As pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no lucro
presumido somente poderão adotar o regime de caixa, para fins da incidência da
contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, na hipótese de adotar o mesmo critério em
relação ao imposto de renda das pessoas jurídicas e da CSLL.
Obrigatoriedade de apuração pelo lucro real e mudança de regime de caixa para o de competência
13. A pessoa jurídica que auferir, no ano anterior, receita superior ao limite estabelecido em
lei para a opção pelo lucro presumido deverá adotar o lucro real como forma de tributação. Esse fato
fez surgir a dúvida da consulente, uma vez que adotava o regime de caixa para apurar o lucro
presumido e passará a ser obrigada a apurar o lucro real, cujo regime de reconhecimento de receitas
é o da competência, nos termos do art. 258 do RIR/2018:
RIR/2018
Art. 258. O lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições,
exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Regulamento (Decreto-
Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, caput).
§ 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada
período de apuração em observância às disposições das leis comerciais (Lei nº 8.981,
de 1995, art. 37, § 1º).
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§ 2º Os valores que, por competirem a outro período de apuração, forem, para efeito
de determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido do período de apuração,
ou dele excluídos, serão, na determinação do lucro real do período de apuração
competente, excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente (Decreto-
Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 4º).
14. A Instrução Normativa SRF nº 345, de 2003, disciplina o tratamento tributário aplicável
na hipótese de mudança do regime de reconhecimento das receitas em função do recebimento para o
regime de competência, sendo relevante para a presente análise reproduzir os seguintes dispositivos
(grifou-se):
Art. 1º Para fins de apuração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ), da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição para o PIS/Pasep, a
pessoa jurídica optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido ou
pela tributação na forma do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e
Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) que
adotar o critério de reconhecimento de suas receitas à medida do recebimento e, por
opção ou obrigatoriedade, passar a adotar o critério de reconhecimento de suas
receitas segundo o regime de competência, deverá reconhecer no mês de dezembro
do ano-calendário anterior àquele em que ocorrer a mudança de regime as receitas
auferidas e ainda não recebidas.
(...)
§ 3º A pessoa jurídica optante pelo regime de tributação com base no lucro presumido
que, durante o ano-calendário, passar a ser obrigada à apuração do lucro real deverá
oferecer à tributação as receitas auferidas e ainda não recebidas, no período de
apuração anterior àquele em que ocorrer a mudança do regime de tributação.
§ 4º Na hipótese do § 3º, as receitas auferidas e ainda não recebidas serão adicionadas
às receitas do período de apuração anterior à mudança do regime de tributação para
fins de recalcular o imposto e as contribuições do período, sendo que a diferença
apurada, após compensação do tributo pago, deverá ser recolhida, sem multa e juros
moratórios, até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que incorreu na
situação de obrigatoriedade à apuração do lucro real.
§ 5º Os custos e as despesas associados às receitas de que tratam este artigo incorridas
após a mudança do regime de tributação não poderão ser deduzidos da base de cálculo
do IRPJ e da CSLL.
15. No mesmo sentido, encontra-se a Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017 (negritou-
se):
Art. 223-A. A pessoa jurídica optante pelo regime de tributação com base no lucro
presumido que adotar o critério de reconhecimento de suas receitas à medida do
recebimento e passar a adotar o critério de reconhecimento segundo o regime de
competência deverá reconhecer no mês de dezembro do ano-calendário anterior
àquele em que ocorrer a mudança de regime as receitas auferidas e ainda não
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16. Assim, de acordo com o disciplinado no art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 345, de
2003, e no art. 223-A da Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017, no caso de a pessoa jurídica ter
adotado o regime de caixa para a apuração do lucro presumido e passar a ser tributada com base no
regime de competência, adotado pelo lucro real, deverá oferecer à tributação do IRPJ, da CSLL e da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins as receitas auferidas e ainda não recebidas, no período de
apuração anterior àquele em que ocorrer a mudança do regime de tributação.
Contratos de longo prazo firmados com entidades governamentais
17. Por outro lado, sobre os contratos de longo prazo firmados com pessoa jurídica de
direito público, caso concreto aqui em análise, o RIR/2018, dispõe (destacou-se):
Seção IX
Dos contratos a longo prazo
Produção em longo prazo
Art. 478. Na apuração do resultado de contratos com prazo de execução superior a um
ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço pré-determinado, de
bens ou serviços a serem produzidos, serão computados em cada período de apuração
(Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 10, caput, incisos I e II):
I - o custo de construção ou de produção dos bens ou dos serviços incorridos durante o
período de apuração; e II - a parte do preço total da empreitada ou dos bens ou dos
serviços a serem fornecidos, determinada por meio da aplicação, sobre esse preço
total, da percentagem do contrato ou da produção executada no período de apuração.
§ 1º A percentagem do contrato ou da produção executada durante o período de
apuração poderá ser determinada (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 10, § 1º, alíneas
"a" e "b"):
I - com base na relação entre os custos incorridos no período de apuração e o custo
total estimado da execução da empreitada ou da produção; ou II - com base em laudo
técnico de profissional habilitado, de acordo com a natureza da empreitada ou dos
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SOLUÇÃO DE CONSULTA 86 – COSIT
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18. Cabe mencionar que a Solução de Consulta Cosit nº 673, de 27 de dezembro de 20171,
teceu comentários acerca dos contratos a longo prazo pertinentes ao caso em exame, sobre os arts.
407, 408 e 409 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/1999 (antigo Regulamento do
Imposto sobre a Renda) –, artigos semelhantes aos arts. 478, 479 e 480 do vigente RIR/2018,
respectivamente. Não obstante a dúvida a que se refere a citada Solução de Consulta ser relativa ao
prazo de execução do contrato, sua fundamentação permite clarear as dúvidas apresentadas pela
consulente (destaques conforme o original):
SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 673, DE 2017
5.1. Nos contratos a longo prazo de construção por empreitada ou de fornecimento,
a preço pré-determinado, de bens e serviços a serem produzidos, quando o prazo de
execução for superior a um ano, o resultado do período será apurado considerando-se
o custo de construção ou de produção de bens ou serviços incorridos durante o período-
base (RIR/1999, art. 407, I), bem como parte do preço da empreitada ou dos bens ou
serviços a serem fornecidos, determinada mediante aplicação, sobre o preço total, da
percentagem do contrato ou da produção executada no período-base (RIR/1999, art.
407, II).
5.2. Quando, embora o contrato seja de longo prazo, as construções ou os
fornecimentos forem contratados com base em preço unitário de quantidades de bens
ou serviços produzidos em prazo inferior a um ano, ou seja, quando as construções ou
os bens e serviços forem divisíveis e o contrato estabelecer o preço por unidade e o
período de produção de cada unidade for inferior a um ano, o resultado do período
deve ser apurado à medida em que forem executadas as unidades (RIR/1999, art. 408).
5.3. Os artigos 407 e 408 do RIR/1999 tratam da apuração do resultado de contratos
a longo prazo, com a execução ou produção em longo ou em curto prazo. Não se trata
de opção do contribuinte: os resultados e, consequentemente, os lançamentos
contábeis devem ser efetuados em conformidade com as determinações neles
contidas.
5.4. O art. 409 do RIR/1999, por seu turno, prevê que independentemente do prazo
de execução do contrato, quando o mesmo é firmado com entidades governamentais
o contribuinte poderá optar pelo diferimento da tributação do lucro líquido do período
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Vinculante no âmbito desta RFB, nos termos dos arts. 31 e 33 da Instrução Normativa RFB nº 2.058, de 2021:
Art. 30. Compete à Cosit proferir a solução de consulta, da qual deverá constar:
(...)
Art. 31. Para fins do disposto no art. 30, serão observados os atos normativos, as soluções de consulta e de divergência
sobre a matéria consultada proferidas pela Cosit, bem como as soluções de consulta interna da Cosit e os demais atos e
decisões aos quais a legislação atribua efeito vinculante.
(...)
Art. 33. As soluções de consulta proferidas pela Cosit, a partir da data de sua publicação:
I - têm efeito vinculante no âmbito da RFB; e
II - respaldam o sujeito passivo que as aplicar, ainda que não seja o respectivo consulente, desde que se enquadre na
hipótese por elas abrangida, sem prejuízo da verificação de seu efetivo enquadramento pela autoridade fiscal em
procedimento de fiscalização.
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(...)
II) é contratada com pessoa jurídica de direito público, empresa sob seu
controle, empresa pública, sociedade de economia mista ou subsidiária desta,
a tributação do resultado pode ser diferida (§ 3º) até que se dê sua realização,
pelo pagamento do preço ou qualquer outra forma de extinção da obrigação.
O diferimento não altera o montante do lucro líquido do exercício, (...);
constitui ajuste intertemporal respeitante tão somente à determinação do
lucro real.
4.1. Assim é que, apurado o lucro líquido do exercício, a parte dele que
corresponda a empreitada ou fornecimentos nas condições mencionadas neste
item, que não tiver sido realizada até a data do balanço de encerramento do
exercício, é excluída na apuração do lucro real, mediante lançamento na parte
A do livro de apuração do lucro real e inscrição em conta própria na parte B do
mesmo livro. É dizer, dos resultados reconhecidos exclui-se a parte da receita e
dos custos que geraram resultados sem liquidez dentro do exercício.
4.2. Ao mandar excluir a receita não recebida, a letra "a" do citado § 3º impõe
o simultâneo diferimento dos custos correspondentes. Isso decorre da adoção
generalizada do paralelismo no tratamento de receitas e custos, consagrado na
letra "b! do § 1º do art. 187 da lei nº 6.404/76; este princípio desconhece
exceção, sendo neste particular mais rigoroso que o próprio regime de
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competência (cf. letra "a" ibidem), do qual o diferimento ora tratado constitui
autorizado desvio.
(...)
(...)
Art. 37. Nos casos de contratos com prazo de execução superior a 1 (um) ano,
de construção por empreitada ou de fornecimento a preço predeterminado de
bens ou serviços a serem produzidos, será computada na receita bruta parte do
preço total da empreitada, ou dos bens ou serviços a serem fornecidos,
determinada mediante a aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do
contrato ou da produção executada em cada mês, nos termos da Instrução
Normativa SRF nº21, de 13 de março de 1979, observado o disposto no § 2º.
(...)
CAPÍTULO III
Seção I
Das Adições
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Parágrafo único. O Anexo I apresenta uma lista não exaustiva das adições ao
lucro líquido do período de apuração, para fins de determinação do lucro real
e do resultado ajustado.
Seção II
Das Exclusões
Parágrafo único. O Anexo II apresenta uma lista não exaustiva das exclusões do
lucro líquido do período de apuração, para fins de determinação do lucro real
e do resultado ajustado.
(...)
Aplica- Aplica-
Dispositivo
Nº Assunto Descrição do Ajuste se ao se à
na IN
IRPJ? CSLL?
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Aplica- Aplica-
Dispositivo
Nº Assunto Descrição do Ajuste se ao se à
na IN
IRPJ? CSLL?
(...)
19. Pode-se inferir que, por ocasião da mudança da forma de tributação pelo lucro
presumido apurado sob o regime de caixa para a forma de tributação pelo lucro real, apurado
obrigatoriamente pelo regime de competência (art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 345, de 2003, e
art. 223-A da Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017), não existem conflitos entre as normas que
determinam a adoção do regime de competência e as normas que permitem o diferimento do lucro
para contratos de longo prazo firmados com entidades governamentais (art. 37 da Instrução Normativa
RFB nº 1.700, de 2017, e art. 480 do RIR/2018):
19.1. as primeiras normas estabelecem que a pessoa jurídica deverá reconhecer, no mês de
dezembro do ano-calendário anterior àquele em que ocorrer a mudança de regime, as receitas
auferidas e ainda não recebidas;
19.2. as últimas, por sua vez, permitem o diferimento do lucro, correspondente à parcela das
receitas, auferidas com os citados contratos, até o seu recebimento;
19.3 observar que, para haver o diferimento, os valores devem ser controlados no e-Lalur e
no e-Lacs (art. 310 da Instrução Normativa RFB nº 1.700, de 2017).
20. De toda a exposição feita até aqui, destaca-se:
20.1. os arts. 478 e 479 do RIR/2018 tratam da apuração do resultado de contratos a longo
prazo, com a execução ou produção em longo ou em curto prazo, respectivamente;
20.2. O art. 480 do RIR/2018, prevê que, independentemente do prazo de execução do
contrato firmado com entidades governamentais, o contribuinte poderá optar pelo diferimento da
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(...)
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22. Observa-se que o diferimento da tributação das receitas decorrentes dos contratos a
longo prazo firmados com entidades governamentais aplica-se também à Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins, tanto no regime cumulativo quanto no regime não cumulativo de apuração
(entendimento vinculado à Solução de Consulta Cosit nº 673, de 2017).
23. Importa ainda, para melhor entender a forma do diferimento da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as receitas decorrentes dos contratos realizados a longo prazo
com entidades governamentais, reproduzir os arts. 768 e 769 da Instrução Normativa RFB nº 2.121, de
15 de dezembro de 2022 (grifou-se):
TÍTULO III
DOS CONTRATOS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 768. Na hipótese de construção por empreitada ou de fornecimento a preço
predeterminado de bens ou serviços, contratados por pessoa jurídica de direito público,
empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, o pagamento da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins poderá ser diferido pelo contratado até a
data do recebimento do preço (Lei nº 9.718, de 1998, art. 7º, caput).
§ 1º Para fins do disposto no caput, a pessoa jurídica contratada pode excluir da base
de cálculo das contribuições do mês do auferimento da receita, o valor da parcela
ainda não recebida, para adicioná-la à base de cálculo do mês do seu efetivo
recebimento.
§ 2º O diferimento previsto no caput poderá ser aplicado também ao subempreiteiro
ou subcontratado, na hipótese de subcontratação parcial ou total da empreitada ou
do fornecimento (Lei nº 9.718, de 1998, art. 7º, parágrafo único).
Art. 769. Na hipótese prevista no art. 768, os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep
e da Cofins poderão ser utilizados somente na proporção das receitas reconhecidas nos
termos do art. 766 (Lei nº 10.833, de 2003, art. 8º, parágrafo único).
24. Conforme afirmado supra, o diferimento da tributação das receitas decorrentes dos
contratos a longo prazo firmados com entidades governamentais aplica-se tanto no regime de
apuração não cumulativa quanto no regime de apuração cumulativa. Dessa forma, quando o
diferimento ocorre no âmbito do regime de apuração não cumulativa, os créditos da não
cumulatividade deverão ser utilizados na proporção do recebimento das receitas, conforme o art. 769
reproduzido acima.
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CONCLUSÃO
31. Diante do exposto e com base na legislação citada, soluciona-se a presente consulta,
vinculando-a parcialmente à Solução de Consulta Cosit nº 673, de 2017, e informa-se à consulente que:
31.1 a pessoa jurídica optante pelo lucro presumido com base no regime de caixa que passar
a ser tributada pelo lucro real deverá apurar os resultados, com base na legislação comercial e fiscal,
observado o regime de competência para reconhecimento das receitas, para fins de incidência do IRPJ,
da CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins;
31.2. não obstante, nos termos do art. 480 do RIR/2018, poderá ser excluída do lucro líquido
para efeito de determinação do lucro real e do resultado ajustado, na apuração do IRPJ e da CSLL,
respectivamente, a parcela do lucro correspondente às receitas provenientes dos contratos a longo
prazo firmados com entidades governamentais para o fornecimento de bens e serviços, devendo essa
parcela ser adicionada ao resultado do período de apuração em que a receita for recebida;
31.3. o controle do diferimento do lucro deverá ser efetuado no e-Lalur e no e-Lacs;
31.4. a tributação do lucro adicionado ao resultado do período de apuração do recebimento
da receita deverá ocorrer com base no regime de apuração do lucro real e do resultado ajustado, bases
de cálculo do IRPJ e da CSLL, respectivamente, ainda que ocorrido diferimento de receita auferida antes
da mudança do regime, por conta da adoção do regime de caixa;
31.5. as pessoas jurídicas de direito privado contratadas por entidades governamentais
poderão diferir, nos contratos a longo prazo, o pagamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins
até a data do recebimento do preço, por meio da exclusão da base de cálculo do mês do auferimento
da receita do valor da parcela ainda não recebida para adicioná-la à base de cálculo do mês do seu
efetivo recebimento;
31.6 a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre as respectivas receitas,
quando do seu efetivo recebimento, deverá se dar pela sistemática de apuração, cumulativa ou não
cumulativa, a que se sujeita a pessoa jurídica nesse momento.
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Assinatura digital
KEYNES INES MARINHO ROBERT SUGAYA
Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Assinatura digital
JOSÉ CARLOS SABINO ALVES
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Chefe da Disit07
ORDEM DE INTIMAÇÃO
Assinado digitalmente
RODRIGO AUGUSTO VERLY DE OLIVEIRA
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Coordenador-Geral da Cosit
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