Mine (Bloody Business 0.5) by AJ Wolf
Mine (Bloody Business 0.5) by AJ Wolf
Mine (Bloody Business 0.5) by AJ Wolf
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De minha carne,
Em lutas,
E Sexo.
-ATTICUS
BEVERLY
Mais duas gotas, mas não eram tão escuras, menos agressivas no
papel. Sua lenta persistência torturante parecia menos com uma mancha e
mais com o início de uma pintura. Todas aquelas coisas que eu amava odiar
começaram a borrar nas bordas, a tinta desbotando para revelar o texto por
baixo.
Uma observação sarcástica que foi dividida por uma covinha piscante.
E um primeiro beijo roubado que tinha um gosto tão doce quanto açúcar
queimado.
— Você o ama? — Minha voz soa mais forte do que eu sinto, grito com
ela alto o suficiente para ela parar. Quando ela se vira para olhar para mim,
eu me repito. — Você o ama?
Seus braços se cruzam sobre o peito, mas ela não me impede, seus olhos
correndo ao longo das lágrimas agora rastreando minhas bochechas.
Seus cachos loiros se erguem ao redor de seus ombros com a brisa, o sol
brilhando em sua cabeça dourada como uma auréola. — Este é o mundo real,
não um conto de fadas com o seu felizes para sempre. É hora de seguir em
frente e crescer, Beverly. — Sua voz é suave para combinar com sua
aparência pitoresca, mas suas palavras têm gosto de bile no fundo da minha
garganta. — Nos vemos no casamento, Bev. Não se esqueça de usar rosa.
Dando mais um aperto em seu dedo, solto sua mão e começo a voltar
em direção a casa. Caminho largo em torno de minha mãe, certificando-me
de ficar fora de alcance; ela provavelmente não me bateria em público por
causa da cena que causaria, mas ela é mais sorrateira do que isso. Seu
favorito é beliscar meu pulso até que eu não possa deixar de me contorcer,
sorrindo enquanto ela me repreende entre os dentes como se nada estivesse
acontecendo. Ela é mestre em manter as aparências.
Para a sorte dela, não me importo com o que qualquer uma dessas
pessoas pensa.
Sinto meu lábio curvar em uma careta com a menção de - o futuro chefe
-. Deus, espero poder evitá-lo esta noite.
Puxo meu braço para trás, mas me mantenho firme, meu próprio rosto
se contraindo ao ver Remy Luciano. Cinco anos mais velho do que eu e a
ruína da minha existência, Remy sempre encontra uma maneira de me
irritar pra caralho. Infelizmente para mim, fui forçada a ficar perto dele
desde que pude andar por causa do relacionamento de meu pai com a
Família Capo, também conhecido como pai de Remy. Aparentemente, sou a
única que acha preocupante que esse idiota seja um dia o chefe da máfia
italiana.
— Uau. Você realmente tem jeito com as palavras. Sua mãe está te
ensinando em casa, Baby Bev? É por isso que você é tão estranha? — Seus
olhos encontram os de Julian por cima do meu ombro quando eu olho de
volta para ele, uma daquelas covinhas estúpidas zombando de mim. Ele
sabe muito bem que não sou educada em casa. Nós vamos para a mesma
maldita escola, todas as crianças mafiosas vão.
— Você sabe o que, Remy? — Eu espero até que seus olhos estejam de
volta no meu rosto antes de endireitar minha coluna para cuspir minhas
palavras para ele. — Vá se ferrar.
Eu estendo o braço para trás e bato em Julian quando ele começa a rir,
olhando para o estúpido rosto sorridente de Remy. — Eu quero dizer o que
eu disse. Vá. Se. Ferrar. Remy. — Percebo o quão estúpido parece, mas
estou muito investida neste ponto e não estou prestes a recuar para este
idiota.
— Isso é rude. — Ele sorri para Julian, a língua passando por seus
dentes enquanto seus olhos caem em mim. — Vá você, Baby Bev.
— Julian cala a boca. — Grito por cima do ombro para meu irmão,
cruzando os braços sobre o peito para esconder os punhos. — Você não tem
coisas melhores para fazer do que me incomodar? Por que você não vai
incomodar outra pessoa, como Stephanie. Tenho certeza que ela adoraria.
Ele ri, ainda esfregando o braço. — Você fica brava quando eu estou
bravo? Porque não. Não, eu não. — Eu franzo os lábios enquanto ele
continua: — E quem sou eu para entrar no meio de uma boa paixão?
Ele segue atrás de mim enquanto fazemos o nosso caminho para a área
da festa, acenando para algumas das outras crianças aqui quando
passamos. Ao contrário de mim, Julian realmente gosta dessas
pessoas. Doente.
Minha mãe agarra meu braço enquanto tento passar e isso me assusta,
não a ver antes que ela já estivesse agarrada em mim. — Beverly. — Ela
está sorrindo, mas o leve brilho em seus olhos me diz que ela está irritada
comigo. —Francesca estava me contando como você e o filho dela se dão bem.
— Seus olhos me deixam e voltam para a esposa de Capo da Famiglia. —
Eu não sabia que vocês dois eram tão próximos.
1
O chefe.
— Mãe ou Francesca?
— Não.
Eu rolo meus olhos, a mão cobrindo meu estômago enquanto ele rosna
novamente. — Vou encontrar as mesas de comida. — Empurro meu assento
improvisado, olhando para Julian. — Você está vindo?
— Não, mas sério, eu não sei como você vive com ele. Eu fugiria.
— Non stai parlando di mio figlio, vero? — Você não está falando do
meu filho, está?
— Não sei o que você disse... posso adivinhar que a resposta é sim?
Ele ri, os olhos enrugando com o som. — Vi a babá lá fora e vim ver
quem roubou Delaney dela. Eu deveria saber que seria você.
Uma rodada de palmas dispara do lado de fora e nós dois olhamos para
as janelas. — Você não deveria estar lá fora? É a festa de Remy.
2
Pequena
Eu rio, usando a ponta da minha saia para limpar a baba do rosto de
Delaney. — Eu duvido.
— Você não...
— Isto é. Pareço uma porra de uma idiota e isso não é justo. — Ela tem
a audácia de parecer chocada com a minha explosão, olhando ao redor da
sala como se ela não pudesse imaginar que é com ela que estou falando.
— Eu não sei onde você aprendeu essa sua boca suja, mas
pare. AGORA. — Ela ignora o meu murmúrio, — Tanto faz, — caminhando
para ajustar a camisa já perfeitamente dobrada de Julian. — E você não
parece uma idiota. — Ela diz a palavra como se fosse uma maldição,
franzindo o rosto em torno dela. — Você está muito chique e
sofisticada. Como aquelas modelos de passarela que vimos no ano passado.
Ele olha além de mim e para minha mãe, esfregando os olhos para
qualquer olhar que ela lhe dê. — Beverly, por favor, não fale sobre seus
mamilos. É perturbador. — Ele deixa cair as mãos, o olhar em seu rosto
dizendo que ele não gosta muito do meu vestido, mas ele não vai dizer
isso. — Você parece bem.
3
produzir um som estalando a língua para expressar reprovação, impaciência, desprezo, etc
— ECA! — Passo por ele e abro a porta, deixando-a bater contra a
parede, mesmo enquanto minha mãe repreende meu comportamento. — Eu
odeio isso aqui.
Aperto meus lábios enquanto deslizo para a parte de trás do carro que
papai parou na frente mais cedo, cruzando meus braços enquanto Julian
desliza ao meu lado. — Se um mamilo cair, você será a garota mais popular
lá.
— Fácil para você ter uma solução quando você não é aquele que parece
um idiota. — Ele apenas ri e eu examino a multidão. Não sou a única de
vestido, mas sou a única que parece ridícula. — Para que é essa festa de
novo?
Agora que ele diz isso, começo a notar todos os banners pendurados ao
redor da propriedade, fotos de cachorrinhos feios com olhos redondos colados
em cada um, um pôster gigante no meio mostrando a própria Mama
Spinoza. Ela é uma mulher mais velha e vaidosa, tendo perdido o marido há
um tempo, ela gasta seu tempo e dinheiro dando a si mesma e aos
cachorros. Ela também tem uma queda óbvia pelo primeiro e único Remy
Luciano. — Por que está aqui?
— Roupas. Você não deveria ter idade suficiente para descobrir isso
sozinho? — Ele balança a cabeça para mim, o cabelo escuro solto enrolando
em torno de suas orelhas. Além de seus braços cruzarem o peito e seus olhos
azuis bebê rolando para longe de mim, ele não responde. Três anos mais
velho do que eu e meu irmão, ele sempre emite uma vibração de 'eu sou
muito legal para você', mas na maioria das vezes é apenas uma atuação. Nós
o conhecemos por toda a vida e apesar de como ele gosta de agir duramente,
ele é realmente um grande fofo. Eu considero ele mais um irmão do que um
amigo íntimo e, mesmo que ele nunca admitisse, eu sei que os sentimentos
são mútuos.
4
Código de honra da máfia que dá importância ao silêncio. O Omertà tem várias implicações, uma delas
é não cooperar com a polícia, e mesmo que inocente cumprir a pena ainda que o verdadeiro culpado não faça
parte da máfia.
— Provavelmente preso com Mama Spinoza. — Ambos riem e eu franzo
os lábios. Esperançosamente, ela o mantém a noite toda.
Depois de dez minutos por muito tempo sem ouvir nada além de
balbucios inúteis de meus companheiros, eu me levanto batendo em minhas
coxas. — Bem. Não que ouvir vocês dois tagarelando sobre o todo-poderoso
Remy não seja extremamente interessante, mas vou encontrar outra coisa
para fazer antes de vomitar.
— Não, eu não coloquei. — Ele empurra minha mão e deixa uma longa
linha irregular no papel, sem seu nome.
— Parece que você está prestes a piscar para todo mundo aqui.
Meus olhos voltam para Remy, tirando um pouco do cabelo que caiu do
meu coque do meu rosto. — Responda a uma pergunta e vou considerá-la.
Seus olhos marrons mel estreitam sobre mim com suspeita. — Que
pergunta?
Eu lambo meus lábios, observando seus olhos caírem para eles por uma
fração de segundo. — Você já se cansou de andar por aí com a cabeça enfiada
na bunda? Ou você está acostumado com toda a merda rolando em sua
cabeça?
— Hum. — Me viro, pegando uma caneta que não tinha notado antes,
então rapidamente dobro o lance de Remy pela pintura antes de jogá-la como
as outras. — Que coisa estranha de se dizer.
Eu me viro, puxando-o da minha blusa com meus dedos para passar por
cima do meu ombro enquanto caminho em direção ao pódio onde Mama
Spinoza está posando. Ela provavelmente contratou o fotógrafo para si
mesma.
— Você não teve uma sessão de fotos no boudoir não faz muito tempo?
— Quantas vezes eu preciso dizer a você que não quero ouvir sobre você
agarrar os seios de Marissa? — Estendo o braço e pego um punhado de
jujubas de Julian, jogando-as na boca enquanto ele sorri com a boca cheia.
— Não tenho ciúme de nada. Cada cara que conheço ou vi com quem eu
poderia ter uma chance é absolutamente nojento.
— Não. Isso é rude. — Ele aponta para seu doce roubado, alcançando
meu lado desta vez para mais. — E você é aterrorizante, Bev. Tudo o que
você faz é gritar, xingar e bater nas pessoas. Qualquer homem com cérebro
vai fugir de você.
Espero até que ele esteja prestes a despejar seu doce em sua boca antes
de estalá-lo, fazendo-o atingir seu rosto e derramar jujubas em seu colo. —
Isso é o que você ganha por ser um idiota.
Ele respira fundo antes de olhar para mim, pegando um único pedaço
de doce para colocar na boca, me olhando o tempo todo. — Você está
literalmente provando meu ponto de vista, Bev.
— Sim, absolutamente.
Andrea ri, curvando-se para pegar algumas jujubas que quase cuspiu
com seu berro alto.
— Isso é ridículo! Eu sou sua irmã gêmea, Julian. Você não tem medo
de mim.
Ele acena com a cabeça, rolando a parte superior de sua sacola de doces
e colocando-a de lado. — Sim, sim, eu tenho. — Ele levanta a mão antes que
eu possa começar a falar, — Você se lembra do que aconteceu na oitava
série?
— Isso literalmente não faz sentido por que você está com medo de
mim. E também, essa história foi única e não pode ser usada como exemplo.
Eu estava com dor de cabeça e estava cansada de dizer às pessoas para me
deixarem em paz, ele veio em um momento ruim. — Eu alcanço e pego
algumas das jujubas que Andrea acabou de pegar de seu colo, sorrindo para
sua carranca.
— Você teve um dia dos namorados desde então, Bev? Do contrário, sua
história conta. — Julian ri da observação de Andrea e eu os ignoro.
Eu olho de lado Julian. — Cite uma razão legítima pela qual você, como
meu irmão gêmeo, está assustado.
— Eu, querida irmã, tenho medo de você por vários motivos, que são
iguais, mas também não iguais aos outros caras. — Eu pisco em sua não
resposta esperando que ele continue. — Você atira em todos que eu conheço
à distância de uma arma, suas habilidades no boxe correspondem a alguns
dos melhores lutadores que eu conheço, você xinga como um marinheiro e
está disposta a se levantar de madrugada sem outra razão a não ser ver o
sol 'ajuda você a acordar'.
— Ninguém porque todo mundo tem medo dela. — Andrea diz, sorrindo
quando Donatello ri.
— Porque ela nunca foi beijada e está com ciúmes das habilidades de
segunda base de Julian. — Andrea diz, fazendo Donatello rir ao lado dele
mais uma vez.
Idiotas do caralho.
— Não, porra você não oferece. — Remy deixa cair os braços para os
lados e Donatello levanta as mãos em sinal de rendição simulada, ainda
rindo de sua própria besteira.
— Estou feliz. Você é o pior de todos eles. — Sorrio enquanto seus olhos
de mel se estreitam em mim, sua língua saindo para deslizar sobre seu lábio
inferior. — Prefiro beijar Donatello.
— Ei! Por que você está dizendo isso como se eu fosse uma opção ruim?
— Levante-se, Donatello.
— Se você quiser manter o uso de suas pernas, sua bunda vai ficar ai
no chão. — Os olhos de Remy nunca deixam meu rosto, o desafio silencioso
em suas palavras fazendo meu sangue ferver.
Eu franzo o cenho para Donatello que está sentado desajeitadamente
meio agachado, olhando incrivelmente inseguro sobre o que deveria estar
fazendo. — Se você não se levantar direito, porra não...
Minha frase é cortada quando meu rosto é puxado para o de Remy, seus
lábios pousando nos meus antes que eu possa processar o que está
acontecendo. Seus dedos estão beliscando ao redor da minha mandíbula,
minhas bochechas apertadas quase desajeitadamente em sua mão enquanto
seus lábios encorajam os meus a me mover. Não tenho certeza se é a
baunilha saindo de sua pele quente que está mexendo com meus sentidos ou
se ele realmente tem gosto de açúcar queimado, mas me faz pressionar em
sua boca pelo menor dos momentos, meus dedos agarrando o algodão de sua
camiseta enquanto ele passa a língua ao longo da costura dos meus lábios.
Meu braço puxa para trás antes que ele perceba, meu punho acertando
bem na mesma boca que ele acabou de me dar meu primeiro beijo,
separando-os com um único golpe. Eu mordo de volta um sorriso de
satisfação quando ele grunhe e dá um pequeno passo para trás, dedos
tatuados subindo para pressionar contra o corte que meus dedos causaram.
— Você me deu um soco. — Ele deveria estar bravo, mas ele não parece
nada perto disso. Em vez disso, ele está sorrindo para mim, a língua
limpando o sangue. É confuso e não faz nada além de me irritar mais.
— Sim, nós estabelecemos isso. Eu bati em você com muita força ou algo
assim? O que há de errado com você? — Olho para os outros caras agora,
levantando meus braços em questão para eles. Eles apenas dão de ombros e
mal escondem suas próprias risadas. Franzindo a testa, eu volto para Remy,
colocando minhas mãos em meus quadris porque não tenho certeza se minha
mensagem foi clara o suficiente e não tenho certeza de como parecer mais
confiante. — E eu farei de novo se você tentar mais dessa merda de macho
comigo. Uh... entendeu?
Ele apenas acena com a cabeça novamente, uma leve risada vindo de
seu peito. — Entendi. — Ele me observa por um momento, o olhar escuro
me deixando desconfortável, mas eu me recuso a me contorcer. — Você tem
ido à academia ultimamente?
Donatello nos lança um sorriso torto, os olhos mudando entre nós dois
antes de tentar falar novamente. — Como eu estava dizendo, tenho notado
o carro de Bev na academia de Garland todas as semanas.
— Você deveria ir duas vezes por semana. Você tem um golpe fraco.
— Remy fala como se Donatello nunca tivesse dito nada e eu fico
boquiaberta com ele.
— Seu idiota de merda. — Vou para bater nele de novo, mas ele agarra
meu braço, me puxando para perto de seu peito.
— Fraca. — Tento bater nele com a outra mão, mas paro quando ele
começa a falar novamente. — Venha para a academia no domingo. Vamos
trabalhar no seu treinamento.
— Por que eu iria querer sua ajuda? — Estou franzindo a testa, mas é
principalmente de confusão e não mais de raiva real. — Por que você quer
me ajudar?
Ele encolhe os ombros, deixando cair meu braço. — Eu não. Cal vai te
ajudar, não eu.
Ele começa a se afastar e estou quase confusa demais para dizer
qualquer coisa no início. Ele não vai conseguir que Cal, um dos melhores
boxeadores de estilo livre da área, me treine de jeito nenhum. Ele ainda está
se afastando, então grito em suas costas. — Cal? Como o Cal?
Ele olha por cima do ombro, mas não para. — Sim, Beverly. Eu disse
Cal, não disse? — Ele se afasta, mas continua falando. — Vamos, bastardos,
temos uma reunião em cinco minutos.
Além de Donatello piscar para mim, eles não dizem nada e eu vejo como
todos eles desaparecem dentro de casa. Estendo minha mão para Julian
quando ele está ao meu lado e ele despeja um pouco de doce em minha mão
enquanto joga um pouco em sua boca.
— Não. Bem... Ele disse que seu cachorro morreu e eu não me importei
o suficiente para investigar isso.
— Eu vou ficar em casa com você. Foda-se todos eles e sua dança idiota.
— Ele começa a tirar a gravata-borboleta e eu rio, parando-o ao bater em
sua perna com o pé descalço.
Nossa mãe entra na sala então, acenando com as mãos para enxotar os
braços de Julian para os lados enquanto ela ajeita a gravata dele em um laço
perfeito em uma fração do tempo que ele levou para fazer uma bagunça. —
Pronto. Precisamos trabalhar em suas habilidades de gravata, todo homem
deve saber como consertar uma gravata. — Ele revira os olhos para mim por
cima do ombro e eu sorrio, observando enquanto ela continua a mexer em
sua roupa.
Julian e eu trocamos olhares, mas não dizemos nada, deixando que ela
continue a se agitar. Ela se abaixa e começa a mexer em algum fiapo
invisível em minhas costelas, beliscando meu lado quando tento me
afastar. Em vez de discutir, eu apenas franzo a testa para o topo de sua
cabeça escura e encaracolada. Julian e eu somos a cara dela; eu sendo quase
um clone como uma cópia dela. Mesmo por trás da carranca que ela está
sempre me dando, ela realmente é linda, um tipo de beleza mais suave do
que eu jamais poderia alcançar.
— Agora eu sei que vocês dois pensam que sabem tudo... — Ela faz uma
pausa, se levantando direto para nos olhar nos olhos com os lábios
franzidos. — Mas gravidez na adolescência não é brincadeira e eu não terei
nipotes5 correndo por aqui. Se você quiser brincar, será inteligente ou eu
juro pela minha vida que vou bater em suas peles e mandar vocês direto
para o inferno.
— Estou confuso, por que você acha que estaríamos indo para o inferno?
— Julian ri, estremecendo ligeiramente quando minha mãe levanta a mão
em advertência. — Nós somos crianças anjos e eu, por exemplo, estou
magoado que você diga uma coisa dessas. Olhe para Beverly! Ela não
consegue nem falar; ela está tão ofendida.
— O que estou confusa é por que temos que ter essa conversa toda vez
que saímos de casa?
Minha mãe aponta para mim quando começa a sair da sala, esperando
que a sigamos, tenho certeza. — Você é quem mais me preocupa, minha
querida pirralha. Você passa todos os momentos de vigília me deixando
doente de preocupação com suas travessuras.
5
Netos.
— Ele está no Luciano. — Nossa mãe é quem atende, segurando o
telefone na altura do rosto enquanto ela desliza na tela. Provavelmente
tentando descobrir como puxar sua câmera. — O que me lembra, eu vou
precisar que você dirija um dos carros lá para ele. — Ela olha para mim pelo
telefone, esperando minha resposta com um aceno de cabeça antes de
entregar seu telefone para Julian bufando. — Eu não sei como trabalhar
esse pedaço de lixo. Abra-o para que eu possa tirar uma foto antes de você
sair.
6
Até mais, Jacaré.
Crianças americanas, ao se despedirem de alguém, gostam de colocar o nome de algum animal para
rimar. Preferimos deixar no inglês para não perder o sentido.
Deixo o SUV na garagem da frente, deixando a janela aberta ao
sair. Claro que minha mãe está me fazendo vir aqui, eu juro que ela sabe
que eu não suporto Remy, mas ela me manda para este lugar estúpido
sempre que pode. Subindo os degraus de pedra, ouço o cascalho rangendo
quando outro carro entra na garagem e olho por cima do ombro.
Foda-me.
Parece que Remy está saindo da garagem dos fundos, mas é claro que
ele parou agora assim que me viu na escada. Ele não pode deixar passar
uma oportunidade de me irritar pra caralho.
Ele não diz nada a princípio, mas ouço o longo suspiro que ele solta e o
vejo tirar o isqueiro do bolso de trás, acendendo um cigarro um momento
depois. — Apenas entre na porra do carro, Beverly.
Ele se levanta do carro, mais fumaça soprada no céu enquanto ele olha
para mim. O tom dourado suave brilha na luz da varanda, fazendo com que
pareçam mais suaves do que o normal. Um truque de luz que se desvanece
quando ele dá um passo à frente. Ele joga o cigarro no cascalho, esmagando-
o com a bota. — Entre no carro por conta própria ou você pode beijar a minha
enquanto eu a jogo na parte de trás.
Depois de um impasse silencioso, desisto, observando enquanto ele
pega a ponta do cigarro e a enfia no bolso. Jogo as chaves do SUV na janela
aberta ao passar. Literalmente, não há nenhum outro lugar onde poderia
ser mais seguro do que aqui, então deixo-o aberto. Andando pela frente do
carro de Remy, meus olhos brevemente encontram os dele enquanto nós dois
abrimos as portas para entrar.
Eu puxo a saia curta de veludo mais para baixo em minhas coxas, uma
vez que me acomodo no assento de couro, franzindo a testa para Remy
enquanto seus olhos percorrem minha roupa, começando nos meus pés e
lentamente indo até o meu olhar estreito. — Posso ajudar?
— Formatura. No Addison.
Cruzo meus braços, a pele formigando sob seu olhar de uma forma que
me deixa desconfortável. — Não que seja da sua conta... — Eu levanto
minha sobrancelha para seu perfil antes de continuar. — Mas não tenho um.
Olho pela janela em vez do seu rosto, sabendo que seus olhos estão em
mim sem olhar. — E você ainda quer ir?
Ele já está olhando para mim. — Você quer vir comigo em vez disso?
Sua covinha pisca para mim em resposta. — Isso é um sim ou não, Bev?
— Com base na maneira como você disse, estou supondo que você acha
que não vou conseguir uma. — Eu olho de volta para ele, seu rosto brilhando
intermitentemente com as luzes que passam. — Mais uma vez, você estaria
errado.
Ele apenas ri, o som puxando os cantos dos meus lábios com os dele. —
Eu sempre pago.
-capítulo divisor-
— Não que você pudesse escolher algo tão horrível quanto seu rosto
para colocar em mim, mas eu ficaria chateada se você os deixasse tatuar
algo estúpido. — Ele está folheando um livro de tatuagens, me ignorando
enquanto ando pela pequena sala. — O que você vai escolher?
Seus olhos encontram os meus, uma covinha piscando para mim em sua
bochecha esquerda. — Sua tatuagem vai ser atrás da orelha. — Ele se
levanta, a perda repentina dele fazendo o espaço que ele ocupava parecer
estranhamente frio.
Ele balança a cabeça, satisfeito por eu ter gostado e faz um gesto para
que eu me sente novamente. Ele rapidamente cobre a tatuagem com um
pedaço de plástico e abre a porta para eu sair. — Estou feliz por ter
conseguido convencê-lo a desistir da tatuagem do pênis.
Ele ri, balançando a cabeça para mim. — Não, estou brincando, ele
escolheu a pena.
Quase não acho que ele vai responder, seus olhos correndo ao longo da
minha pele antes de abrir a boca. — O mesmo que você. — Ele está sorrindo
para qualquer olhar que cruze meu rosto, os dentes brilhando nas luzes da
rua que passam.
— Com licença?
Sua língua corre ao longo de seu lábio inferior, covinhas à mostra mais
uma vez. — Você me ouviu, Baby Bev. Você e eu temos tatuagens
combinando. — Ele ri do meu olhar de nojo, parando no semáforo. Sua mão
se estende, puxando levemente a ponta do meu cabelo da mesma forma que
fazia quando éramos mais jovens. — Eu sabia que nada iria incomodá-la
mais, e pretendo agradar, baby.
Ele não diz nada, mas sai da estrada principal, parando em direção ao
que parece ser um parque. — É a sua noite de formatura, não é?
Ele para e eu franzo a testa quando ele começa a sair. — Sim? — Eu o
vejo andar pela frente de seu carro, franzindo a testa pela janela enquanto
olha para mim. Ele apenas bate no vidro e faz sinal para eu sair antes que
ele comece a se afastar.
Eu ignoro o sorriso que quer sair com seu pequeno elogio. — Tanto faz.
O que esse lugar tem a ver com o baile?
Quase assim que digo isso, ouço o zumbido baixo de uma música à
distância. Eu olho para Remy, mas ele não está prestando atenção, pisando
em um caminho de cascalho que eu não teria visto sozinha. São apenas mais
alguns minutos antes de chegarmos a um anfiteatro ao ar livre, uma banda
ao vivo tocando enquanto centenas de pessoas dançam, cantam e vagam.
Eu só sinto falta de seu sorriso quando eu olho para ele porque ele já
está se afastando de mim para andar no meio da multidão. Agarro sua mão
antes que ele fique muito à minha frente, fazendo-o olhar por cima do
ombro. — Eu não quero me perder.
Ele não diz nada, apenas me puxa para frente por nossos dedos
entrelaçados. Seus lábios roçam ao longo da concha da minha orelha, logo
acima da minha nova tatuagem de penas. — Eu nunca perderia você.
BEVERLY
Eu rolo meus olhos, pegando uma gravata do meu pulso para prender
meu cabelo em um coque bagunçado. — Você é absolutamente ridículo. Não
tenho nenhum recorde.
— Mas você está admitindo que fala merda? — Ele ri da expressão no
meu rosto. — Sério, qual é o seu problema hoje? Você nem se levantou antes
do amanhecer e para você, isso é estranho como a merda.
Ele não está errado, mas eu não digo isso. — Como você saberia? Você
não se levantou antes das dez.
Eu o empurro de volta. — Não. Você não está. Agora deixe como está,
não é nem um grande negócio.
Agora que tenho minha própria casa, não sou forçada a ficar na casa do
Luciano com tanta frequência e tento ficar de fora do negócio da
Família. Provavelmente já faz mais de um mês desde que realmente vi
Remy e é estranho vê-lo agora. Ainda vejo Donatello na academia de vez em
quando e Andrea vem para sair com Julian. Embora sempre tenhamos sido
forçados a ficar juntos, eu me acostumei a vê-lo e mesmo que ele geralmente
me deixe louca, eu gostava da nossa dinâmica. Ele é o único em nosso
pequeno grupo improvisado que não tem sido uma constante ultimamente e
eu não percebi até agora o quanto isso me incomodava.
Franzo a testa, observando meu irmão acenar sem dizer uma palavra e
começar a correr em direção ao carro em que viemos aqui. — Oh, oi, Beverly,
muito tempo sem te ver. Você se importa se eu te der uma carona para casa?
Preciso do seu irmão para fazer algumas coisas para mim. — Balanço minha
cabeça para Remy quando ele olha na minha direção. — É assim que uma
pessoa normal teria aquela conversa.
Não olho quando ele entra, ignorando o olhar que sinto na minha pele
enquanto fico olhando pela janela. — Beverly. — Eu cantarolo em vez de
olhar, pega de surpresa pela palma da mão em minha nuca, dedos levemente
cavando em meu cabelo para me fazer olhar em sua direção. Ele está
apoiado no console central, o rosto muito mais perto do que o necessário. Ele
sempre fez isso. Sempre no meu espaço e sem medo de me tocar sem
permissão. É uma das poucas coisas que acho que mais perdi. Não que eu
diria isso a ele. — Diga-me o que aconteceu com Erin.
— Quel pezzo di merda sarà una versione femminile quando gli taglio
il cazzo e glielo do mangiare. — Esse pedaço de merda vai ser uma versão
feminina quando eu cortar fora seu pau e dar a ele.
Meus olhos voam para o rosto carrancudo de Remy, mas ele não está
olhando para mim, ele está digitando algo em seu telefone. — Não sei o que
você está dizendo. Sou péssima em italiano, lembra? — Inclino minha
cabeça contra o encosto de cabeça, observando-o enquanto ele coloca o
telefone de volta no porta-copos.
Seus olhos encontram os meus, — Você não é uma coisa ruim, Beverly.
— Seus dedos levantam meu queixo quando meus olhos caem de volta para
o meu colo, forçando meu olhar. — Erin é um homem fraco e patético que te
deixou porque você o fez se sentir o pedaço inferior de merda que ele é. Ele
está intimidado pelo fato de que você, como mulher, poderia chutar a bunda
dele e ter mais motivação e impulso do que ele. Possivelmente possua em
sua mente débil. Erin é o tipo de cara que provavelmente se diverte
menosprezando as mulheres e quando ele não pode fazer você se submeter
ao jogo dele fingir estatura, ele tenta te machucar. A inteligência dele é
equivalente a bosta de gato, Beverly, eu não me preocuparia muito com o
que ele pensa sobre você.
— Você é uma pirralha de merda, mas vou te dar uma folga hoje. — Eu
franzo meus lábios com seu sorriso, fazendo-o se aprofundar em um sorriso
verdadeiro. — Eu invejo você, minha doce e humilde mulher, porque você
faz exatamente o que quer fazer o tempo todo. Eu não tenho esse luxo.
— Parece uma coisa grandiosa para ficar preso pelo resto da vida.
— Ele apenas sorri com o meu sarcasmo.
— Isto é.
Ele me encara, o dedo apontado para o meu sorriso. — Você só acha que
é estúpida porque você é péssima nisso. — Ele diz isso enquanto puxa outro
banquinho para si, chegando mais perto da mesa antes de se sentar e pegar
seu copo.
Andrea bate na minha perna com a mão, franzindo a testa para mim,
— Não xingue assim na frente de Laney. Ela tem uma mente em
crescimento que não precisa ser manchada por você e sua boca.
— Essa é Bianca. Ela tem uma queda por Remy e me disse que ela me
compraria coisas se eu 'falasse bem dela'. — Ela faz aspas no ar quando
repete Bianca, zombando com nojo quando termina. — Eu não gosto dela.
— Isso faz de vocês dois, com base na expressão que Beverly tem no
rosto. — Julian diz, sorrindo em torno de seu doce. — Talvez você devesse ir
dizer oi, Bev. Você sempre poderia usar outro amigo.
Eu não me importo com quem ele passa seu tempo. Eu penso enquanto
ela ri, dando um tapa de brincadeira nele e eu sinto a picada das minhas
unhas na palma da minha mão. Meu coração não está tão convencido.
Deslizo até o bar ao lado de Remy, de costas para sua frente enquanto
me espremo entre ele e Bianca. Talvez um pouco desnecessário,
considerando o quão perto isso nos coloca, mas eu ignoro sua carranca
confusa, sorrindo para ela em vez disso. — Acho que não nos conhecemos.
Sou Beverly. — Estendo minha mão para ela, — Eu sou a melhor amiga de
Remy. — Eu o ouço rir, mas não olho, seu hálito quente roçando a parte de
trás da minha cabeça.
Os olhos de Bianca mudam para olhar por cima do meu ombro para
Remy, o que quer que ela veja fazendo-a franzir a testa. Ela agarra minha
mão apenas com os dedos, fingindo um sorriso enquanto me dá o aperto de
mão de pulso mais fraco e mole que eu já vi na minha vida. — Prazer em
conhecê-la, eu sou Bianca.
— Oh eu sei. — Sua carranca retorna e eu finjo que não sinto a mão de
Remy pressionando contra a pele das minhas costas; palma quente entre a
borda do meu moletom com capuz cortado e o topo do meu short jeans. Um
aviso silencioso, tenho certeza. — Delaney me contou.
É tudo o que digo, mas o leve arregalar de seus olhos significa que ela
entende o que estou dizendo. Sorrio para ela, feliz com o pouco de mal-estar
que despertei. Decidindo terminar as coisas antes que saiam do controle, eu
alcanço e pego a bebida de Remy. Bebo o uísque e suavemente ponho o copo
de volta no balcão, lambo meus lábios, com os olhos em Bianca. — De
qualquer forma. Foi um prazer conhecê-la.
Alcanço minhas costas, agarrando seu pulso para tentar puxar sua mão
de mim. — Melhor não. — Puxo seu braço, mas ele não se move. — Além
disso, não acho que Bianca goste muito de mim. Isso está realmente
acabando com meu humor.
Quero perguntar a ele o que significa o nome, mas também não quero
dar a ele a satisfação de reconhecê-lo. Então eu apenas finjo que não
percebo, em vez disso, minha respiração acelera levemente enquanto seu
calor envolve em torno de mim, seu cheiro familiar de baunilha e bergamota
aderindo à minha pele quente. —É uma merda para você.
Ele ri de mim, sua mão livre subindo para empurrar meu cabelo por
cima do meu ombro, a palma embalando o lado da minha cabeça enquanto
seu polegar roça ao longo da minha tatuagem de penas; um hábito que nem
tenho certeza se ele sabe que tem. — Quer abandonar essa caridade de
merda e fazer algo divertido?
Lambo meus lábios e seu olhar de mel cai para eles, fazendo meu pulso
falhar. — Eu particularmente não gosto de ficar com você.
É a mesma coisa que digo toda vez que ele pergunta e suas bochechas
formam covinhas. Eu sei o que ele vai perguntar e tenho certeza que ele sabe
o que vou responder. — Isso é um sim ou não, Bev?
— É fim de semana, Remy! Por que eu ainda tenho que ir para a cama?
— Ela franze os lábios com a carranca leve dele, mas não diz mais
nada. Discutir com Remy é como falar com uma parede de tijolos; Delaney
é mais inteligente do que eu e nem sempre se incomoda.
— Onde é que vocês vão? — Julian pergunta, sentado com as mãos
cruzadas atrás da cabeça, sorriso ridículo em seu rosto quando seus olhos
encontram os meus.
Remy não me deixa, entretanto, ele desliza sua mão até a minha, me
puxando naquela direção. Franzo a testa ao lado de seu rosto, apertando sua
mão o mais forte que posso enquanto ele ri. — Você já está estragando toda
essa coisa divertida.
— Eu vou compensar você. — Ignoro a maneira como ele diz isso e forço
um sorriso quando chegamos onde minha mãe está sentada. Ela nem está
olhando para mim, seu rosto sorridente está olhando para Remy.
— Você está muito bonito hoje, Remy. — Seus olhos caem para os meus
e eu sinto o canto do meu olho marcar com o tut que ela me dá. — Beverly!
Este é um evento de caridade, você deveria estar mais vestida.
— Tchau, Sra. Esposito, foi lindo vê-la novamente. Você vai ter que
dizer a Geo, oi por mim, eu não o tenho visto muito nestes dias. — Rolo meus
olhos com a expressão de prazer no rosto de minha mãe, balançando minha
cabeça enquanto Remy acaricia sua mão antes de finalmente começar a
andar.
Eu não olho para ela, puxando Remy enquanto ele me deixa. — Você só
tinha que encorajá-la, não é?
Remy ri das minhas costas, levemente me puxando em uma direção
diferente da qual eu estava indo. — Você e sua mãe são muito parecidas,
Bev.
— Sim, ok.
— Não, eu não disse, mas estou assumindo que você quer? — Ignoro
suas covinhas.
Ele balança a cabeça, mas não diz nada, voltando para o balcão
enquanto eu o sigo. — Nós vamos ocupar uma sala, aparentemente. — O
homem atrás do balcão sorri, puxando um livro com as descrições dos
quartos. Remy olha para mim. — Qual qu..
Ele olha para Remy, dizendo — Ok. Por aqui, — em seu aceno.
Nós o seguimos pelo corredor e eu vejo quando ele abre uma porta. Ele
começa a dizer algo, provavelmente as regras e tudo, mas Remy o
interrompe. — Nós vamos descobrir isso. Dammi la chiave e spegni le
telecamere. — Dê-me a chave e desligue as câmeras.
Eu deslizo para dentro da sala, não me importando com o que eles estão
fazendo enquanto olho ao redor da sala. Está quase tudo escuro, as luzes
esmaecidas com lâmpadas vermelhas e azuis penduradas por toda
parte. Luzes brilhantes de néon brilham em algumas das paredes,
adicionando um brilho suave ao ambiente. Há um boneco acorrentado à
parede como nas fotos, mensagens estranhas e números espalhados pela
sala. Nunca fiz um desses antes, mas é sempre algo que quis fazer.
Meus olhos se voltam para Remy com o som da porta fechando, o clique
suave tirando a luz do corredor e fazendo a sala parecer estranha e
excitante. Ele quebra o silêncio. —É melhor você nos tirar daqui, Cuore Mio.
Rolo meus olhos, cruzando os braços sobre o peito. — Não fui eu que
quis fazer isso.
Ele ri e o canto do meu lábio se contorce com o som, mas eu forço meu
rosto a ficar carrancudo. Eu vejo quando ele se levanta, vindo para ficar na
minha frente. Seu rosto está quase todo sombreado, a luz vermelha suave
da lâmpada acima de nossas cabeças fazendo seu sorriso parecer um pouco
sinistro. Quero ficar irritada com o quanto gosto disso.
— Não. Precisamos terminar isso para que eu possa dizer a Julian que
dominei a sala de fuga. — Meus braços caem enquanto ele se aproxima
ainda mais e eu tenho que inclinar meu rosto para olhar para ele. — Eu
nunca vou sobreviver se ele souber que eu desisti. Ele já acha que é incrível
com dardos.
Ele ri: — Você continua jogando esse 'nós' por aí quando estou
claramente fazendo todo o trabalho aqui. — Reviro os olhos, mas não
respondo, sentindo seus dedos deslizarem em um leve toque ao longo da
minha cintura enquanto ele chega atrás de mim para pegar uma serra falsa
da bancada em que estou encostada. Ele o levanta para olhar. — Estou
convencido de que isso deve ser uma pista para alguma coisa. É a única
arma que não foi usada. — Eu bufo e seus olhos caem para o meu rosto. —
Tem certeza que não posso te convencer a desistir? — Ele olha a serra como
se fosse usá-la em mim e eu rio.
— Não. — Ele joga de volta no banco, as palmas das mãos caindo para
descansar contra a superfície de cada lado do meu quadril. — Então se
apresse e descubra para que possamos sair. — Ignoro a respiração que
atinge meu rosto com sua risada, alcançando acima da minha cabeça para
acender a lâmpada para que ela balance para frente e para trás fazendo o
brilho vermelho balançar ao redor da sala. — O tempo está passando, senhor
Luciano.
Ele sorri para mim, a língua saindo para roçar ao longo de seu lábio
inferior enquanto ele levanta a mão do banco, o rosto caindo de forma que
sua respiração penetra em meus lábios. Seus dedos tatuados seguram meu
queixo, a palma da mão espalmada sobre minha garganta, inclinando meu
rosto para ele. — Por que você é tão teimosa?
Mas eu não preciso ver seu rosto para saber como ele está olhando para
mim. Posso sentir na leve pressão de seus dedos, na suave baforada de cada
respiração.
Eu engulo e sei que ele sente sob seus lábios. — Pode ser.
Ele cantarola, o som me dizendo que ele não acredita em mim, os dentes
afundando levemente na minha jugular antes que meu rosto seja puxado de
volta para olhar em seus olhos escuros me desafiando a detê-lo. — Você
ainda me odeia?
Mesmo que isso me confunda, não tenho certeza se estou pronta para
impedir que este belo desastre de trem aconteça. Apesar da tensão normal
entre nós, parece uma encruzilhada, uma interseção com apenas dois
caminhos a percorrer. Caminhe voluntariamente pelo caminho da
destruição deste homem ou termine as coisas agora e nunca olhe para trás.
Quero fingir que todas essas coisas não existem, mas não posso. E
agora, não tenho certeza se me importo tanto assim. Não quando Remy se
abaixa para agarrar minhas coxas, me jogando na bancada de trabalho e
pisando entre minhas pernas separadas, uma de suas grandes mãos ásperas
empurrando minhas costelas para o polegar ao longo da parte inferior do
meu seio nu.
— Você nunca usa a porra de um sutiã. — É rosnado contra meus
lábios, mordendo-os quando eles se separam para sua língua.
Sorrindo para ele, coloco meu moletom sob o pescoço, coloco sobre a
cabeça e jogo para o lado, enquanto seus olhos permanecem fixos nos meus,
meus polegares roçando meus mamilos endurecidos em seu caminho. Eu
não posso deixar de observar sua língua enquanto ela corre ao longo de seu
lábio, arqueando minha sobrancelha quando meu olhar encontra o dele mais
uma vez e vejo que seus olhos não deixaram meu rosto. Não passou
despercebido o quão confortável isso é com ele, o quão facilmente fui capaz
de me expor. Eu seria uma grande mentirosa se dissesse que não pensei
sobre isso acontecer. Me inclino para trás, deixando cair meus cotovelos
sobre a mesa para que meus seios arquem para ele, desafiando-o a
interromper nosso olhar e parecer que eu sei que ele quer. Ele está apenas
resistindo em me irritar, tenho certeza.
Está funcionando.
— Eu não achei que você fosse tão puritano, Remy. — Uma covinha
pisca com meu comentário, mas ele não responde, suas palmas agarrando
minha cintura para me puxar contra seus quadris, pressionando-me contra
sua ereção através de nosso jeans. A maneira como ele gira meus quadris
em suas palmas, moendo-nos juntos, me excita muito mais do que deveria,
me deixa ensopada antes de qualquer coisa acontecer. Eu envolvo minhas
pernas em torno dele para mantê-lo perto, ganhando uma risada sombria.
Eu arqueio para ele quando ele tenta se afastar, segurando sua cabeça
no lugar. Eu cantarolo de satisfação quando ele obedece, sinto-o sorrindo
contra a minha pele mais uma vez. — O que, você acha que deveria ter
conseguido todas as minhas primeiras vezes?
Meu peito sobe e desce com a minha respiração acelerada enquanto ele
sorri para mim, a verdade em suas palavras abrindo caminho entre minhas
costelas para apertar meu coração. — Eu não sou nada de ninguém. — Para
meu aborrecimento, tem gosto de mentira. — Muito menos sua.
Ele sorri para mim, a mão caindo na parte inferior das minhas costas,
os dedos mergulhando na abertura do meu jeans. Seus lábios caem para a
nossa tatuagem combinando, seu sorriso pressionando um beijo antes de
roçar ao longo da minha orelha. — Eu sei como é o seu rosto mentiroso, Bev.
A respiração fica presa no meu peito quando ele suga um dos meus
lábios em sua boca, com tecido e tudo, um olhar de desvio passando por suas
pupilas dilatadas. Sua língua pressiona minha calcinha ainda mais na
minha fenda, a mão na minha bunda me puxando para mais perto de seu
rosto com a ação. Meus dedos do pé enrolam com a exalação quente de ar
que ele sopra sobre minha carne supersensível. — Não. Você virá com elas.
Mordo meu lábio inferior, empurro meus seios um pouco mais para
cima sob o olhar quente que está me comendo. — Eu duvido.
Seus olhos saltam da minha pele exposta para encontrar os meus, uma
covinha piscando em seu lugar entre as minhas pernas. O brilho em seus
olhos retransmite sua mensagem silenciosa; desafio aceito. Francamente,
eu nem me importo, contanto que eu consiga o que quero. Então, eu apenas
retorno seu olhar com um sorriso igualmente desafiador, girando meus
quadris para que o calor entre minhas coxas pressionam contra seus
lábios. Ele segura minha cintura com suas mãos tatuadas, prendendo meus
quadris em movimento.
Eu alargo minhas pernas para ele, me curvando para que meus saltos
descansem ao longo da superfície de madeira abaixo de mim, balançando na
cintura enquanto ele trabalha minha umidade através da minha calcinha,
molhando seus dedos sem nunca precisar mergulhar debaixo do tecido. Sua
outra mão está embalando minha cabeça, dedos acariciando ao longo da
minha bochecha, empurrando o cabelo levemente do meu rosto enquanto ele
continua seu ataque de beijos ternos e delicados golpes de sua língua. Ele é
implacável com os dedos, alternando entre passagens ásperas de seus dedos
ao longo da minha fenda até a ponta do pé, apertando minha protuberância
latejante.
Estou ofegante sob seu toque, minha pele quente, uma linha de suor
escorrendo entre minhas omoplatas enquanto ele quase casualmente suga
minha língua em sua boca, salpicando seus beijos suaves ao longo dos meus
lábios enquanto engole meus sons. Meus quadris estão mudando por conta
própria, tentando afundar um de seus dedos grossos mais profundamente,
tentando moer meu clitóris contra sua palma dura. Eu sei que ele está
brincando comigo, propositalmente mudando o impulso de seus dedos, no
segundo em que ele me sente obtendo meu próprio ritmo, me mantendo
distraída com sua doce língua e sugando meus gemidos de frustração.
A boca de Remy deixa meu peito, mas eu mal percebo, já que estou a
segundos de distância do orgasmo crescendo em meu estômago. — Cabeça
erguida, Cuore Mio. Eu quero ver seu rosto quando você desmoronar por
mim.
O gemido baixo que escapa de seu peito faz meu coração bater
irregularmente contra minhas costelas, aperta meu estômago; o som único
é provavelmente a coisa mais excitante que eu já ouvi. Ele agarra meus
quadris, pressionando-me mais profundamente nele enquanto ele muda
seus quadris, empurrando-se ainda mais fundo enquanto ganha um gemido
de meus lábios. Meus dedos ficam presos na borda do assento de metal, o
aço frio e duro contra meus joelhos enquanto construo nosso ritmo. Seus
dedos tatuados traçam suavemente sobre a minha pele enquanto eu me
movo, pressionando no mergulho dos meus quadris, batendo ao longo dos
vales suaves das minhas costelas, deslizando o inchaço dos meus seios em
um leve toque de dedo que me deixa selvagem. Ele não está me apalpando
cegamente como uma foda casual, ele está adorando minha pele,
memorizando a cada toque. E foda-se se isso não faz meu coração disparar -
ele não tem o direito de bater.
Pressiono minhas mãos contra seu peito, cavo meus dedos em sua pele
enquanto faço minha própria exploração. Ele agarra minhas mãos dele,
juntando-as em uma mão cheia de tatuagens para dar um beijo na ponta dos
meus dedos antes de segurá-los para que meus braços fiquem de cada lado
da minha cabeça. Sua palma livre agarra e aperta meus seios que estão
saltando na frente de seu rosto, um zumbido apreciativo saindo dele antes
de encontrar meu olhar abatido. — Mantenha-os abertos. — Ele dá um leve
aperto em meus pulsos, passando a palma da mão pela parte externa do meu
braço para agarrar meu outro seio quando eu não protesto.
Meus braços se movem para envolver seus ombros grandes, meu rosto
pressionando em seu pescoço enquanto eu trabalho para recuperar o
fôlego. As mãos de Remy estão correndo ao longo das minhas costas, palmas
levemente raspando para cima e para baixo na minha espinha enquanto ele
faz o mesmo. É confortável de uma maneira que não deveria ser e mesmo
que eu não possa me convencer a me afastar dele ainda, eu abro minha boca
em vez disso. — Você ainda tem que nos tirar desta sala.
— Seja chata então. Você sabe que eu encontrei uma nova lanchonete
que teria explodido sua mente? Eu não estou te dizendo mais, agora você
nunca saberá. Espero que isso mantenha você acordada à noite. — Ele bate
os nós dos dedos na porta no final como se estivesse solidificando sua
declaração e eu rio. — Oh, eu trouxe sua correspondência, a propósito. Está
no balcão.
Ele não me responde a princípio, mas eu ouço sua resposta gritar logo
depois que a porta da frente se abre, — Tudo bem! Mas você não está
recebendo o molho especial e acredite em mim, é incrível. Você realmente
vai perder!
Quanto mais penso nisso, mais furiosa fico. Uma pontada no coração
que não entendo muito me fazendo sentir mal do estômago. Pego meu
telefone de onde ele está na beira do sofá, discando o número de Julian.
— Sim. Por quê? Quer que eu diga olá por você ou algo assim? — Ele
está rindo, mudando o telefone para que ecoa no meu ouvido.
Se ele fica confuso com minhas perguntas, ele não age assim,
respondendo facilmente: — A residência Fantino. Alguns de nós estão
jogando pôquer.
Estou com raiva em primeiro lugar, mas também não consigo esconder
a leve pontada de dor que continua estalando suas mandíbulas em volta da
minha garganta. Remy e eu não temos nada a ver com relacionamentos,
mas nos conhecemos desde sempre. Nós passamos mais tempo juntos do que
eu jamais poderia contar, temos mais memórias do que eu poderia caber em
um álbum de fotos. Sem mencionar que ele me fodeu quase até o
esquecimento na semana passada. Ele deveria ter me contado. Eu não
deveria ter descoberto com um cartão de lixo exagerado enviado pelo correio.
Que não é o Remy que tem uma tatuagem que combina com a minha
naquele cartão.
Donatello recua os degraus de pedra ao meu tom, uma mão vindo para
dar um tapa no topo do ombro de Remy antes que ele se vire e vá para
dentro, deixando nós dois sozinhos no silêncio crescente. Eu vejo Remy dar
uma longa tragada em seu cigarro, apagando-o ao longo de uma urna ao seu
lado, os olhos deixando os meus enquanto eles se fecham. Fumaça sai de seu
nariz e dou um passo para mais perto dele, a cabeça inclinada para trás
enquanto olho para ele na escada.
Ele anda o resto do caminho para fora da escada, movendo-se para ficar
bem na minha frente e na minha fúria. — Viva Delfino é minha nova noiva.
— As palavras doem mais do que eu gostaria de admitir, fazendo meus
ouvidos sangrarem como pregos em um quadro-negro. A confirmação
afundando como pedras na boca do estômago. —É um casamento arranjado.
— Se você não se importa, Cuore Mio, por que está tão brava? — Ele
atende aos meus desejos não expressos, as botas dos pés batendo nos meus
enquanto ele invade meu espaço, a mão tatuada escovando as mechas
escuras do meu cabelo ainda úmido para acariciar minha
tatuagem. Levanto minha mão para empurrar seu braço, mas acabo apenas
agarrando seu pulso, os dedos envolvendo-o em vez de empurrá-lo para
longe.
— Eu não queria que você soubesse. — Fico apenas olhando para ele,
piscando quando ele continua, — Eu não queria te contar.
Não sei o que esperava que ele dissesse, mas não foi isso. — E daí, você
teria apenas fingido que não estava acontecendo se eu não tivesse
descoberto? Qual era o seu plano aqui? — A brisa sopra o anúncio dos
degraus e ele pousa aos meus pés, uma sutil foda-se do universo. —
Enquanto você fugisse e se casasse, onde isso teria me deixado em tudo isso?
Uma foda única? Sua memória de infância mais odiada? — Outro gole grosso
seguido por palavras raivosas que não tenho o direito de dizer. — Eu não
sou importante o suficiente para você nem querer compartilhar as
novidades, então talvez eu não seja nada para você. Que idiota isso me faz,
hein?
Repito em minha mente, penso até que a respiração volte aos meus
pulmões e o fogo volte às minhas veias. — Eu não me importo. Eu nunca me
importei. — Parece cruel e errado dizer; dói mais do que eu poderia
imaginar, alojando um nó na garganta e uma dor nas costelas. Aperto meus
lábios no tique da mandíbula de Remy, sentindo seus dedos apertarem
minha pele. Eu recuo e ele me deixa, olhos me rastreando enquanto eu
lentamente ando para trás e para longe dele. — Acho que você estava
errado, sobre eu sempre ser sua, porque isso deixa bem claro que nunca serei
seu nada. — Aceno minha mão entre nós enquanto falo, tentando ser
maliciosa através da dor no meu peito e fingir que não sinto isso. Estou
falhando miseravelmente.
Não me importo com Remy Luciano. Eu não me importo com quem ele
se case. Remy Luciano sempre foi e sempre será a ruína da minha
existência. O homem que amo odiar e nada mais.
BEVERLY
Posso ouvi-lo cacarejar através do vidro, mas ele destranca a porta mais
uma vez, rindo ainda mais quando eu empurro a porta com mais
agressividade do que o necessário. Eu caio no assento, clicando no cinto no
lugar, enquanto ignoro as risadas contínuas do meu irmão.
— Você sabe que a mamãe vai comentar sobre a sua roupa, certo? Você
faz isso de propósito ou você realmente não tem ideia de como se vestir para
alguma coisa?
Eu passo uma língua irritada pelos lábios, olhando sua roupa. Ele está
vestindo jeans escuro e um simples botão xadrez aberto sobre uma camiseta
simples. — É um churrasco, que é literalmente o tipo de festa mais casual.
O que há de errado com o que estou vestindo? Não é pior do que o seu.
Ele ri como se eu tivesse feito algum tipo de piada. — Você está usando
um top de renda, saia estampada e botas. Nem faz sentido como uma roupa.
Ele me olha para a luz com um sorriso malicioso. — Isso é verdade. Ela
odeia seus shorts mais do que qualquer coisa.
Cruzo meus braços e reviro meus olhos, olhando para a casa enquanto
chegamos a ela. — Eu juro que nada além de besteira sai da sua boca.
Eu não quero estar aqui. Principalmente porque sei que Remy estará
aqui e não quero lidar com ele. Eu não sei o que deu em mim nas últimas
semanas, mas eu não vou deixar isso acontecer novamente. Evitá-lo seria o
ideal, mas não acho que seja uma opção aqui. Observo as costas de Julian
enquanto ele caminha ao redor do capô do carro, franzindo os lábios
enquanto começo a segui-lo em direção ao quintal. Os Luciano's fazem
churrasco na casa deles todos os anos no final do verão, uma grande festa de
besteira para comemorar o fim da temporada. Quase nem chega a ser um
churrasco, a única coisa que lembra um churrasco normal é a comida servida
no estilo churrasco. Eles reservam cabines fotográficas e pequenos passeios
para crianças mais novas, entre outros jogos aleatórios. É apenas mais uma
reunião ridícula de exibicionismo como todas as outras.
Tenho certeza de que a verdadeira razão para isso é Francesca se gabar
do que quer que tenha feito durante todo o verão com seu mais novo filho da
puta; é tudo o que ela faz atualmente. Tenho certeza que Capo Famiglia tem
sua própria peça lateral, mas ele é mais discreto sobre isso. Eles são
realmente o exemplo perfeito de por que os casamentos arranjados na
Família não passam de piadas tristes. É claro que Francesca não diz
diretamente que está tendo casos, mas todos nós sabemos disso. Ela
raramente está em casa e passa a maior parte do tempo em ‘viagens’, uma
mulher patética na verdade. A maioria das donas de casa é, ao que
parece. Lindas esposas-troféu com zero pensamentos em suas cabeças fora
de compras e gastando todo o dinheiro suado de seus maridos.
Ela ri, estendendo o braço com o copo para mim, assim que chega até
mim. —É para você. Peguei da mesa quando vi Julian.
Eu pego dela, jogando tudo de volta com um gole alto. — Brilhante como
sempre, Laney. Você é definitivamente minha Luciano favorita.
Ela ri, empurrando a alça de seu comprido maxi azul que caiu de volta
em seu ombro. — Remy me disse para contar a ele quando você chegasse
aqui.
Me arrepio com seu comentário. Olhos levantando dela para escanear
as poucas pessoas que eu posso ver se misturando ao redor. — Faça-me um
favor? — Eu olho para ela a tempo de pegar o fim de seu aceno. — Diga ao
seu irmão para comer merda. — Ela bate a mão na boca para conter sua
risada, suas risadinhas me fazendo sorrir com ela.
— Beverly Hunter! O que diabos você está vestindo? Isso não é uma
festa na piscina! — Meus olhos rolam para o céu com a voz da minha mãe,
a necessidade de correr na direção oposta quase esmagadora em sua
intensidade.
Dou a Delaney um olhar que a faz sorrir antes de olhar para o rosto
carrancudo de minha mãe. Suas mãos estão nos quadris, os lábios franzidos
enquanto seus olhos castanhos encaram minhas botas. — Oi, mãe, é sempre
um prazer.
Assim que estou me virando para olhar para frente, eu bato direto no
que parece ser uma maldita parede, grandes mãos envolvendo meus braços
para segurar minha queda. Meus olhos trancam na tatuagem rabiscando
um dos membros longos e eu cerro os dentes, endurecendo meu rosto antes
de ousar olhar para cima. Endireitando-me, afasto as mãos para longe,
estreitando o olhar em confronto com os tons de mel derretendo sobre a
minha pele. Há um silêncio que cai sobre nós, silenciando as pessoas ao
redor, uma bolha invisível bloqueando todos os outros ruídos, exceto o som
da minha respiração superficial. Quase posso sentir sua necessidade de
dizer algo, sentir a vibração do zumbido que ele mantém em seu peito. Vê-
lo dói de uma maneira que não entendo ou não quero, e isso me irrita.
Eu não sei quanto tempo ficamos ali olhando um para o outro, mas
Remy é quem quebra o silêncio. Olhos deslizando sobre cada centímetro de
pele exposta de uma maneira íntima demais para a empresa em que
estamos. — Acho que devemos conversar.
Pisco para ele enquanto ele abaixa minha mão, observando seus dedos
raspando levemente nas pontas dos meus dedos enquanto ele deixa minha
mão cair de volta para o meu lado. Meu coração está batendo forte na minha
garganta, gritando sua resposta, uma com a qual eu não concordo
totalmente. Sem permissão, as palavras saem de meus lábios em resposta:
— Eu particularmente não gosto de passar tempo com você.
Sua covinha fere meu coração tanto quanto induz uma vibração
suave. — Isso é um sim ou não, Bev?
Aquele fogo feio que foi apagado explode de volta à vida atrás de minhas
costelas, enrola em volta do meu coração batendo forte, enegrece meus
pulmões, então é difícil puxar minha próxima respiração para falar. Eu olho
de volta para Remy e suas covinhas, engulo de volta a palavra que quer sair
e substituo por aquela que precisa. — Não.
Laney vem correndo para o meu lado, sua mão entrelaçando nossos
dedos para me dar um aperto reconfortante. Dou a ela um pequeno sorriso,
apreciando o gesto. — Vamos para a cabine de fotos, eu vi alguns adereços
de bigode antes que ficariam muito bonitos em você.
Eu rio com sua risada, soltando sua mão para envolver meu braço em
volta de seu ombro em um abraço de lado estranho enquanto
caminhamos. — Tudo bem, mas apenas se você usar o acessório de óculos.
— Eu espreito por cima do ombro quando chegamos à cabine, os olhos
pousando em Remy imediatamente. Ele está me observando enquanto fala
com alguns dos capos mais velhos, me seguindo até que eu desapareça na
cabine e a cortina bloqueie minha visão.
Algo sobre isso doeu em meu peito e eu fecho meus olhos por um
momento, repetindo meu mantra de 'Eu não me importo' até que eu seja
capaz de me convencer de que acredito. Engraçado como realmente não me
importei até que eu realmente não pudesse.
— Oh, vamos! Qual é a pior coisa que pode acontecer? — Ele sorri para
mim enquanto caminhamos em direção à entrada do clube, acenando com a
cabeça em direção ao segurança que abre a porta para nós que ignora a fila
de espera na frente. — Se você está preocupada em se apaixonar
perdidamente por meus movimentos de dança superiores, eu entendo a
preocupação.
Zombo ao passar por ele, indo em direção à parte de trás, onde sempre
temos mesas reservadas. — Eu vi seus passos de dança muitas vezes e
honestamente? — Sorrio para ele por cima do ombro, piscando o mais
docemente que posso, — Eles são os melhores que eu já vi.
Ele franze a testa para mim com suspeita enquanto eu rio da expressão,
passando pelos painéis de vidro do chão ao teto que se alinham na metade
de trás do clube. Todo o local é decorado em tons de preto e vermelho, escuros
e misteriosos como a maioria dos homens que o frequentam. Há assentos
VIP ao longo das varandas superiores, mas sempre usamos as cabines
privadas atrás do vidro unilateral, porque é mais perto da área de dança
principal e de qualquer entretenimento ao vivo que eles oferecem. Hoje à
noite, é um DJ com um nome engraçado, explodindo mixagens das canções
pop mais populares. Não venho aqui com frequência, mas é bom de vez em
quando.
— Não gosto quando você diz coisas boas como essas. Eu nunca sei se
você está falando sério ou tirando sarro de mim. — Donatello diz, puxando
minha atenção do DJ para ele.
— Tudo bem. Agora eu sei que você está mentindo. — Ele aponta o dedo
para mim enquanto eu rio. Seus olhos deixam os meus para pousar na
garçonete enquanto ela deixa nossas bebidas, já sabendo o que normalmente
pedimos. Ele pisca para ela, fazendo-a corar quando ela se vira e eu rolo
meus olhos, pegando minha Coca-Cola simples da mesa. Posso beber nas
festas da Famiglia, mas elas são um pouco mais rígidas quando se trata de
lugares mais públicos. Eu geralmente só pego algumas das bebidas dos
outros caras de qualquer maneira.
— Quem virá depois? Além de Julian. — Seus dedos com anéis batem
levemente na mesa enquanto ele olha para a multidão, provavelmente
procurando por alguma pobre garota para sair com o coração partido mais
tarde.
Ele ri, mordendo o lábio de uma forma que tenho certeza que faz a
maioria das garotas cair de joelhos por ele. — Honestamente? — Estreito
meu olhar em seu rosto, sabendo que ele está zombando de mim antes. —
Eu nunca mentiria para você.
Estendo o braço para trás e bato levemente em sua boca, rindo de sua
piada estúpida e nojenta. — Você é nojento. E vou dizer isso a Julian mais
tarde.
Ele me puxa para mais perto de sua forma de dança pelos meus quadris
e eu dou a ele um olhar por cima do ombro em advertência. Ele apenas pisca
aquele sorriso torto novamente, os olhos brilhando nas luzes que piscam ao
redor da sala. Está muito escuro no pavilhão de dança, as luzes
propositalmente diminuídas para quase nada, tetos alinhados com luzes
estroboscópicas aleatórias que balançam ao redor da sala. A maior parte da
luz está centrada em torno do palco, a fumaça dos homens nas varandas
acima fazendo com que a sala cheire a charutos caros misturados com o
almíscar suave da colônia masculina.
Estreito meus olhos, mas o deixo me manter perto. — Tudo bem, diga
isso e seja rápido antes que eu decida dar um soco em você por ficar muito
prático.
Seus olhos escuros deixam meu rosto, se movendo como se estivessem
rastreando alguém na multidão antes de cair no meu rosto, um sorriso torto
persuadindo um sorriso malicioso dos meus lábios franzidos. — O que um
louco faz quando vê sua garota com outra pessoa?
Minhas sobrancelhas baixam com sua piada, não tenho certeza se sei
aonde ele quer chegar com isso. — O que?
Donatello apenas ri, claramente não muito preocupado com o que quer
que Remy disse, deixando cair os braços e batendo levemente no peito de
Remy com os nós dos dedos anelados. — Ti ho fatto un favore. Saresti
rimasto seduto lì e ti saresti tenuto il broncio tutta la notte. — Eu te fiz um
favor. Você teria se sentado lá e ficado de mau humor a noite toda.
Nós dois o observamos até que ele se perca nos corpos que nos cercam,
o olhar elétrico de Remy cravando-se ao longo do meu perfil enquanto eu me
recuso a olhar para ele. — Sim, tequila parece uma ótima ideia. — Começo
a avançar, mas uma palma quente me impede, os dedos cavando levemente
em meu bíceps.
— Uma dança, Bev. — Ele ronca nas minhas costas e eu fecho meus
olhos, respirando a baunilha flutuando em sua pele quente.
Minha cabeça cai para trás em seu ombro com o golpe quente de sua
língua, o corpo vibrando enquanto ele suga a pele em sua boca.
‘Me dê tudo que você tem... Me dê, me dê, me dê tudo que você tem... Isso
é tudo que vamos ser... Chorando pela história, no fogo...’
Ele esfrega meus quadris contra os dele, a palma áspera passando por
nossas mãos unidas para deslizar seus dedos tatuados ao longo da borda da
minha saia, o dedo mindinho mergulhando sob o tecido macio para provocar
na frente da minha calcinha por baixo.
‘Queimando o mundo de desejo... Baby, como você está com frio, mas
você é fogo?... E nós não temos que fazer como os outros, não, não, não... Mas
toda vez que falamos você acaba correndo para o fio... ‘
Afundo meus dedos em sua pele, mordo meu lábio quando ele mergulha
mais fundo, as pontas de seus dedos cavando sob minha calcinha para
acariciar preguiçosamente através da fenda molhada que encharca minha
calcinha. Ele cantarola profundamente em seu peito, o som aumentando a
pulsação entre minhas coxas. Fico na ponta dos pés, dois dedos apenas
mergulhando dentro da minha fenda. Eu ainda estou balançando ao som da
música e Remy usa isso em sua vantagem, o polegar roçando ao longo do
meu clitóris com cada movimento dos meus quadris.
Minha pele está quente sob seu toque, a única coisa que me mantém
dançando neste momento é a orientação de nossos dedos entrelaçados, o
empurrão de seus quadris. Eu fecho meus olhos, bloqueando os outros corpos
escuros e sem rosto perto de nós, me deixo cair em seu toque e no tamborilar
no ar.
‘Serei tudo o que você quiser... Me dá, me dá, tudo só por esta noite...
Isso é tudo que vamos ser... Chorando pela história, no fogo (no fogo)... ‘
‘Baby, seu amor não é mediano... Veneno de sangue, não posso ter...
Cobras na grama, eu consigo, oh-oh... O vermelho em seu olho, eu posso ver
isso... Dando uma mordida e depois indo embora... Seus beijos podem
enganar... ‘
Ele deixa cair o rosto perto do meu, beijos suaves e molhados colocados
ao longo da minha clavícula, arrastando ao longo do lado da minha
mandíbula. Seus lábios pressionam contra minha orelha, — Vieni per me,
Cuore Mio. — Seus lábios traçam para a minha tatuagem antes de
lentamente fazerem o seu caminho de volta, dedos grossos tatuados entre as
minhas coxas enrolando os dedos dos pés nas minhas botas. — Venha até
mim.
‘Me dê tudo que você tem (me dê tudo que você tem)... me dê, me dê, me
dê tudo que você tem... isso é tudo que nós vamos ser...
Seu polegar esfrega ao longo do meu clitóris com o golpe de seus dedos,
meus próprios dedos puxando seu rosto para mais perto da pele do meu
pescoço enquanto um gemido baixo escapa dos meus lábios, abafado pelo
barulho ao redor. Eu sinto a queimação na minha barriga, a tensão nos meus
dedos enquanto eu levanto para que ele possa atingir o ângulo perfeito.
‘Serei tudo o que você quiser... Me dê, me dê, tudo só pela noite... Isso é
tudo que vamos ser... Chorando pela história no fogo (Lá embaixo no
incêndio)...’
Não consigo ver o mel de seus olhos, mas sei que está ali. Posso
imaginar as manchas douradas circulando sua íris enquanto seus olhos
passam pelo meu rosto, agarrando-se aos meus lábios. — Não, não foi. Nada
do que fazemos é um erro.
— Você está noivo e eu te odeio por isso. — Seu polegar corre ao longo
do meu lábio inferior, pressionando levemente na carne rechonchuda antes
de embalar meu rosto em sua palma.
Ele sorri, lendo a mentira pelo que é, apesar da mordida no meu tom. —
La mia fottuta donna testarda. — Minha porra de mulher teimosa. Ele sopra
um longo suspiro de seus pulmões e bagunça o cabelo ao redor do meu
rosto. — Vá em frente e corra, Bev, porque nós dois sabemos que você vai
acabar bem aqui onde deveria estar... — Ele lambe o lábio inferior, os olhos
percorrendo minha pele de uma forma que a faz esquentar de volta. —
...comigo.
Balanço minha cabeça para ele, virando o rosto para olhar para as
pessoas dançando ao nosso redor, nos isolando no meio da pista. — Bem, eu
me importo. — Encontro seu olhar mais uma vez, ignoro a horrível agitação
no meu estômago que vem com este tópico. — Está é a última vez que estou
dizendo isso, Remy, fique bem longe de mim. — Ele cruza os braços sobre o
peito, o flash de uma luz me mostrando um vislumbre de sua carranca. —
Deixe-me odiar você... Porque não podemos funcionar.
Não ouço por causa da música, mas posso sentir, aquele zumbido
profundo que borbulha de seu peito. Eu sei que é tudo o que ele vai dizer,
então eu me afasto dele, derretendo nos corpos dançantes antes que ele
possa me puxar de volta. Não me permito pensar no que acabou de
acontecer, não considero nada grande, mesmo quando sinto o nó crescendo
na minha garganta.
Acenando para um táxi, eu pulo para dentro, batendo a porta com uma
firmeza que se instala em meus ossos. Eu me deixei escorregar de volta lá e
não me arrependo. Nem por um segundo. Mas eu sei, acabei de tornar muito
mais difícil para o meu coração idiota voltar aos trilhos e lembrar o que
precisamos.
— Vocês dois não são meus filhos. Não sei de onde vieram
porque meus filhos não me tratariam assim. — Colocando o garfo na mesa,
ela limpa a boca, franzindo o cenho para nós por cima do guardanapo. —
Precisamos pegar seu vestido, Beverly, então se apresse.
Para minha alegria, fui escolhida para fazer parte da misteriosa festa
de casamento da Viva pela própria maravilhosa Francesca Luciano. Ou seja,
não posso sair dessa, mesmo que tentasse. Seu raciocínio é que eu tenho
sido uma boa amiga do filho dela ao longo dos anos. Quase vomitei quando
descobri, joguei tudo em sua porcelana fina no brunch estúpido em que ela
compartilhou a notícia. Eu tinha planejado cair fora, pegar um avião e pular
a coisa toda. Mas agora sou forçada a participar de tudo. Cada brunch, cada
festa, cada prova. Cada Porra. Coisa.
— Conhecendo você, você esperaria até o dia anterior e você precisa que
ele encaixe. — Ela estala ao redor enquanto coloca o dinheiro na mesa,
ajustando o vestido safira de comprimento médio que ela está usando em
torno dos joelhos enquanto se levanta. — E Viva estará lá fazendo sua
própria prova hoje, será uma boa chance de conhecê-la.
— Porque você precisa cuidar da sua boca. Você é uma senhora. — Ela
diz que isso deveria significar algo e eu rolo meus olhos, tirando minha mão
do meu braço quando entramos na calçada. Julian já se foi, percebo.
— Onde é esse lugar? Estamos dirigindo ou o que está acontecendo?
— Eu odeio não saber de coisas, mas essa coisa em particular está fazendo
meu peito apertar. Uma energia ansiosa que me deixa nauseada.
Eu olho para minha mãe, mas não digo nada. Ela provavelmente
escolheu o lugar onde comemos por esse motivo, sabendo que ela me forçaria
a vir aqui hoje. Mulher conivente.
— Não. — Não sei por que ela está perguntando, mas se eu sei alguma
coisa sobre minha mãe é que ela pode ser uma mulher sorrateira. — Por
quê? Por que você se importa?
Acho que ela está pedindo para verificar meu bem-estar, mas,
honestamente, não confio nela o suficiente para saber com certeza. — Remy
realmente propôs? — Algo sobre isso me incomoda mais do que
provavelmente deveria. A ideia de ele realmente pedir a essa mulher em
casamento irrita minha alma já irritada. Cutuca meu coração machucado.
— Bem, foi o que Francesca disse. Embora não possa imaginar que seja
verdade, é um casamento arranjado, pelo amor de Deus. — Ela levanta a
sobrancelha na minha direção e eu lhe dou um pequeno sorriso. Talvez ela
realmente esteja tentando ver como estou.
Meu rosto vira para fitar o perfil da minha mãe, — O que você quer
dizer com festa? Quantas pessoas estão aqui? — Ela me cala quando
começamos a seguir a anfitriã para onde presumo que todos estejam
reunidos. — Isso é tudo? Porque eu não concordei com isso. — Meu coração
está começando a bater forte atrás das minhas costelas enquanto um pânico
baixo borbulha em meu peito. Não quero estar aqui quando Viva escolher
seu vestido. Eu não deveria ter que ser, Francesca disse ela mesma.
— Beverly, pare com isso. Era mais fácil para Francesca marcar um
encontro em vez de vários.
Ela se cala mais uma vez antes de entrarmos na sala onde todos estão
esperando.
Ela sorri para mim, olhando ao meu redor e para o outro lado do sofá,
para uma mulher mais velha de aparência particularmente mal-humorada
que está carrancuda ao redor da sala. Acho que posso estar olhando para o
meu futuro. — Eu não deveria estar. Mas Remy me mandou vir quando
descobriu que mamãe combinou a prova das damas de honra com a festa do
vestido de noiva. Acho que ele sabia que você odiaria ficar sozinha aqui.
Quão identificável.
Eu rio até perceber que ela está falando sério. — O quê? Quantos anos
ela tem? Você acha que podemos ir embora se ela estiver morta? — Ela bufa
com a minha última pergunta, observando enquanto eu estendo a mão para
empurrar levemente o braço da mulher. — Ei...
— Você já viu os vestidos que eles estão fazendo você usar? — Sento-
me nas almofadas, apoiando minhas botas na mesinha de centro em frente
a ela. Eu balanço minha cabeça com a pergunta de Delaney e ela continua,
se inclinando para sussurrar para mim, — Eles são horríveis.
Eu aceno, acho que parte de mim esperava que ela não estivesse
realmente aqui. Três mulheres que não reconheço entram na sala, rindo
entre si enquanto Francesca fica parada na frente da sala com a taça de
champanhe na mão. Ela espera que a sala se acalme enquanto outra loira
está ao seu lado. Elas parecem um par que você veria em um daqueles
programas de donas de casa de verdade, exagerados e falsos.
Eu seguro meu punho para ela, fingindo que vou bater nela, mas tudo
que ela faz é rir mais. — Tudo bem. É melhor eu ir colocar essa merda e
acabar com isso. — Caminhando para um provador aberto, coloco o vestido
no gancho e na ponta das minhas botas, tirando minha legging e a camiseta
grande para cair no banco atrás de mim. Eu fico olhando para o vestido por
um momento, franzindo os lábios enquanto o tiro do cabide e o
coloco. Balançando desajeitadamente, finalmente abro o zíper na parte de
trás e me olho no espelho.
— Oh, olhe para você, Beverly! — Meus olhos se voltam para Blanche,
um pequeno sorriso falso saindo de sua exclamação. Minha mãe deve ter
falado de mim para ela saber meu nome porque ela está ao lado dela,
também sorrindo. — Esse rosa combina tão bem com a sua pele.
Com base nas besteiras fofas que ela está nos forçando a usar, eu
esperava que seu próprio vestido fosse um vestido de baile, mas não é, é
realmente deslumbrante, se encaixando como uma luva branca brilhante e
reluzente. É um corte clássico de sereia, ajustado ao longo de seu busto e
cintura, alargando-se no joelho com uma longa cauda que se projeta atrás
dela enquanto ela caminha. Seus braços são cobertos por
uma renda transparente que termina em uma pequena ponta delicada em
suas mãos, acentuando o diamante gigante bem colocado em seu dedo anelar
esquerdo.
A visão dela fere meus pulmões, ferve meu sangue. Eu nunca tive
ciúmes de ninguém, mas essa loirinha perfeita com lindos olhos âmbar fez
minha pele ficar verde de inveja. Sempre queremos coisas que não podemos
ter e, porra, eu quero o que ela tem.
Claro que estou aqui, afinal sou a melhor amiga de Remy. E se eu for
forçada a fazer parte dessa merda de baile de merda, vou me certificar de
que ela saiba disso.
BEVERLY
Eu puxo meus ombros para trás, ficando um pouco mais reta com seu
tom de zombaria. — Sim. Então saia.
Não sei como responder, então me viro para pegar a garrafa de água
que coloquei de lado antes. — Não me chame assim também. — Eu tomo um
gole da garrafa, prolongando a ação por mais tempo do que o necessário,
então eu não tenho que continuar falando.
— Não posso chamá-la de Cuore Mio, não posso chamá-la de Bev. Como
eu deveria te chamar? — Ele está sorrindo, seus tons de mel aquecendo
minha pele de dentro para fora.
Meu rosto estala para olhar para ele diretamente, aquele tom de
barítono profundo dele fazendo cócegas ao longo da minha pele, dançando
nas pontas dos meus dedos como uma faísca. — O que? — Sai mais soproso
do que eu pretendia, mas finjo que não, ignorando a covinha rindo de mim
em sua bochecha.
— Você vence, eu vou parar de falar com você. — Ele levanta a mão, a
tatuagem de seus dedos chamando toda a minha atenção enquanto ele tira
alguns fios de cabelo do meu pescoço. — Eu ganho e você é minha, Cuore
Mio.
Meu coração está batendo forte na minha garganta com sua sugestão,
meu corpo hiperconsciente da maneira como ele está angulado ainda mais
perto, cada baforada de sua respiração soprando em meus lábios.
Eu odeio que ele possa me excitar com nada além do som de sua voz, o
beijo leve de seus dedos tatuados. Ele não pertence a mim. O pensamento
me deixa com raiva, trazendo de volta aquele ciúme horrível que senti na
prova do vestido de Viva.
Estou sem fôlego quando ele interrompe a rodada, seus olhos passando
rapidamente do relógio na parede para o meu rosto. Seu peito está subindo
e descendo no mesmo ritmo do meu e a satisfação ferve na minha pele.
Isso me irrita.
Eu jogo meus socos com um pouco mais de força, meus chutes com
melhor pontaria. Meus dedos doem através do envoltório com cada soco que
eu dou contra sua forma magra, minhas canelas queimam com cada chute
que bloqueiam. Isso me estimula, me encorajando a me esforçar mais e a me
mover mais rápido.
Nós dois estamos sem fôlego quando ele grita o fim da segunda rodada,
meus olhos observando os segundos tiquetaqueando no relógio enquanto
tento desacelerar a subida e a queda do meu peito com cada respiração
irregular que eu sugo em meus pulmões. Mais uma rodada e, neste ponto,
não há um vencedor definitivo.
Sua pele está brilhando na luz, a extensão de seu peito se movendo tão
rudemente quanto o meu. O preto de sua tinta rodando por seu abdômen
definido, seus corredores soltos pendurados em seu quadril. Ele realmente
é lindo. Um Adônis cinzelado esculpido em pedra e pintado com tinta. É
injusto alguém ter uma aparência tão boa quanto ele.
— Terceira Rodada.
— Sem empates.
— Eu ganhei, Cuore Mio. — Seu peito bate contra o meu enquanto ele
fala, meus mamilos endurecem através do tecido fino do meu sutiã com o
contato.
— Revanche.
Ele sorri para mim, sua linda boca a centímetros dos meus lábios. Ele
balança a cabeça negativamente, tirando as mãos dos meus braços,
passando os antebraços de cada lado da minha cabeça.
Seus olhos estão nos meus lábios quando ele finalmente fala, — Sem
revanche. — Sua boca pairando sobre a minha enquanto eu aperto meus
dedos contra o tapete, lábios formigando com a consciência dele.
Eu perdi.
Meu pulso está batendo forte sob a pressão suave de seus lábios, meu
pescoço arqueando para persegui-los quando ele se levanta da minha
pele. — Passei todas as noites tentando imaginar como é seu gosto.
Sua mão empurra para baixo do meu sutiã esportivo ao mesmo tempo
que ele suga a pele na junção do meu pescoço entre os dentes, o toque duro
de sua palma e boca quente puxando um gemido baixo de meus lábios
enquanto eu arqueio para ele.
— Seu prêmio era meu apelido. — Seus olhos passam dos meus seios
para o meu rosto, uma covinha piscando para mim enquanto seus dedos
mergulham no cós da minha legging, pronto para puxá-la para baixo.
— Como você poderia saber disso? — Eu mordo meu lábio enquanto seu
hálito quente sopra sobre minha boceta, fazendo-me involuntariamente
apertar meus joelhos mais perto de sua cabeça com impaciência silenciosa.
— Porque eu disse a eles para ficarem fora quando eu vi que você estava
aqui. Agora pare de falar... — Abro minha boca para responder, mas sua
língua desliza um caminho lento da parte inferior da minha fenda ao meu
clitóris, beliscando ao longo do botão apertado e efetivamente silenciando
quaisquer palavras audíveis com outro gemido. — Esse é o único som que
quero ouvir de você, Cuore Mio.
Uma das minhas pernas envolve sua nuca e eu levanto em sua boca
quente, os dedos cavando em seu cabelo enquanto ele enterra a língua mais
profundamente. Uma de suas palmas está apertando minha bunda
enquanto a outra corre ao longo da parte de trás da minha coxa, acariciando
ao longo da minha pele enquanto ele me encoraja a montar em seu rosto. Já
estou tão molhada que cada movimento dos meus quadris cria um tapa
molhado silencioso, o som ecoando ao redor do ginásio aberto e me levando
ao frenesi por conta própria.
Meu joelho aperta em seu pescoço, os dedos dos pés enrolando no tapete
do meu outro pé enquanto eu arqueio em sua boca, o calor do meu orgasmo
aquecendo meu estômago enquanto floresce ao longo dos meus
membros. Uma mão bate contra o tapete enquanto eu persigo meu orgasmo,
gritando quando seus lábios travam no meu clitóris latejante com uma forte
sucção que faz minha boceta apertar em torno do espaço que sua língua
deixou para trás.
Seus lábios cheiram como os meus, sua língua doce com isso. Isso não
faz nada além de me deixar com calor por ele novamente. Minhas costas
batem contra o tapete, ele puxa minha calcinha de cima de mim, o tecido
cortando minha carne dificilmente um pensamento antes que ele afunde as
bolas profundamente em minha boceta. Ele engole o som que tenta escapar,
a língua entrando em minha boca tão apaixonadamente quanto o latejar
entre minhas pernas.
Meu corpo é macio para ele, já quente do meu orgasmo anterior e ele o
usa a seu favor, dobrando minha perna em um ângulo amplo para que ele
possa ir mais fundo, gemendo em minha boca quando eu aperto meus
músculos em torno dele. Minhas costas rangem ao longo do tapete com cada
impulso, o som de nossa respiração difícil e meus gemidos incontidos
ricocheteando nas paredes e me levando a um frenesi de prazer.
A lenta dor em meu estômago me diz que estou perto de outro agora,
cada tapa com força da suas bolas contra a minha fenda molhada enrolando
meus dedos dos pés e arqueando minhas costas contra o tapete. Remy libera
minha boca de sua reivindicação selvagem, a língua comendo o sal da minha
pele enquanto ele morde a pele macia do meu pescoço, chupando-a entre os
dentes até que eu grite minha próxima liberação. Meus quadris perdem o
ritmo contra suas estocadas, saltando com puro êxtase até que quase
desmorono sob ele.
— Por que estou nua e você não? — A pergunta é feita através da minha
respiração difícil, a pele ainda quente.
Ele ri, pressionando um beijo no vale dos meus seios enquanto se afasta
de mim e enfia seu pau de volta em sua roupa de corrida, nem mesmo se
preocupando em se limpar. — Vou ficar pelado da próxima vez.
Eventualmente retorno seu sorriso, mas não digo as palavras que estão
sendo sussurradas em meus ouvidos pelos meus demônios interiores. Pode
haver uma próxima vez, porra, eu sei que haverá, mas em algum momento,
muito em breve, também haverá uma última vez.
BEVERLY
— Por que você está sorrindo assim? Você está se sentindo bem?
— Julian tenta colocar a palma da mão na minha testa e eu bato em seu
braço, ainda com o sorriso no rosto.
— Ok, já que você está de bom humor, acho que é hora de falarmos
sobre a tempestade de merda em que você se meteu.
Olho para Julian, a testa franzida em confusão enquanto ele descansa
a bochecha em seu punho apoiado. — O que você está falando?
— Oh. — Eu olho para longe dele e volto para o relógio, olhos evitando
seu rosto enquanto examinam todas as pessoas sentadas ao nosso redor. —
Não há nada para falar.
— Você sabe por que ele não está aqui? — Balanço minha cabeça, mas
não acho que foi realmente necessário. — Porque ele está na porra do dever
do cais. Ele está sendo punido por não fazer o que é pedido a ele. E posso
dizer que seus castigos são sempre muito piores do que qualquer um dos
nossos.
— Eu vou matá-la. — Rolo meus olhos com seu sorriso. — Você sabe
que eu faria qualquer coisa por você, até mesmo arriscar a ira da Famiglia.
Estendo a mão, empurrando sua cabeça para que ele quase caia. — Eu
sei, eu sei. Mas não fique à frente de si mesmo. — Ele sorri para mim assim
que se endireita. — Eu cuido disso quando eu chegar lá.
Rindo de novo, levo meus dedos aos lábios para assobiar quando
Donatello aparece. Ele é um dos poucos lutadores que não envolve as mãos
para lutar, preferindo sentir a pele rachada, ossos rachados e carne
machucada sob os nós dos dedos. Apesar de ser uma das pessoas mais
idiotas do planeta, ele é um animal no ringue.
Me inclino para ela e ela faz o mesmo, seu ouvido virado para que ela
possa me ouvir, — Ele está dando uma festa da vitória depois da luta, você
deveria vir conosco.
Deixe isso para Donatello organizar uma festa da vitória para uma luta
que ele ainda não venceu. Em sua defesa, é extremamente raro perder.
Julian bate no meu braço, então eu olho para ele, — Como é que você
nunca armou para mim desse jeito? Aquele desgraçado não tem problemas
para conseguir a porra de um sexo a três, mas eu sim!
Minha mão vai até o rosto de Julian para cobrir sua boca, meus olhos
ficam grudados no tapete e na forma de Donatello. Não tenho certeza se
realmente cubro sua boca, mas meu dedo definitivamente sobe em seu
nariz. Ele dá um tapa na minha mão enquanto eu o calo. — Porra, seu corte
superior é tão impressionante.
A garota ao meu lado agarra meu braço e eu me viro para sorrir para
ela com uma rodada de ‘eu sei’. Andando por aí enquanto babam por
Donatello e seus movimentos. Eu chego atrás de mim e agarro o braço de
Julian, puxando-o para que ele se incline em torno de mim. — Este é meu
irmão Julian. Ele também luta e vai sozinho para a festa...
— ...Viva fica tão linda com sua coroa, quase como uma princesa...
Eu quase bufo em voz alta com o comentário, mas aperto meus lábios
antes que escape. Claro que a vadia estúpida está usando uma coroa.
Meus dedos queimam dentro das palmas das mãos enquanto os aperto
no colo, escondidos dentro das dobras do chiffon blush que ondula do meu
vestido. Outro vestido rosa ridículo escolhido pela mão única Viva. Este
ainda tem o benefício adicional de fazer uma incrivelmente coceira.
O que eu não daria para tirar aquela coroa de sua estúpida cabeça
dourada.
— Parece que você está tentando segurar uma merda desagradável.
— Então? — Ele ri, seus olhos rastreando uma bela loira que passa por
nossa mesa. — Desde quando você se importa com essa merda? Apenas saia,
B. — Apesar de seu ato de indiferença, sua voz é baixa, provavelmente para
que nossa mãe não possa ouvi-lo do outro lado da mesa. Ela também teria
minha cabeça se eu fosse embora.
Achei que pudesse fingir que não me importava que isso estivesse
acontecendo, mas não posso.
Não corro de ninguém, mas aqui estou, escondida dentro de casa como
uma covarde.
Eu mordo meu lábio para não rir, respirando pelo nariz. Ele não está
errado. — E você parece uma bosta polida. — Me viro para olhar para ele,
meu rosto a centímetros do dele enquanto ele se inclina sobre mim, a
baunilha e a bergamota de sua pele provocando minhas narinas. Franzindo
os lábios, inclino meu queixo para olhar mais profundamente em seu
rosto. — Bonito, mas ainda assim uma merda.
Ele cantarola e o som vibra os acordes do meu coração, vibrando ao
longo da minha pele como um segundo par de mãos. Seus dedos com tinta
alcançam entre nós, as pontas enfeitando minha mandíbula enquanto ele
pressiona o polegar nos meus lábios pintados de rubi, propositalmente
espalhando-o na minha boca para que todos saibam que não passei esse
tempo sozinha.
— Mas pelo menos ainda sou bonito. — Ele abaixa o rosto em direção
ao meu, me levantando na ponta dos pés. — E você ainda é doce.
Engulo em seco, fechando meus olhos enquanto seu hálito quente sopra
em meus lábios entreabertos, seu polegar provocando a borda da minha
boca. — Você não deveria estar com Viva. — Não é uma pergunta, mas uma
afirmação e quase engasgo com o nome dela. — Esta é a sua festa de
noivado. — Meus olhos se abrem para olhar suas poças de mel. — Você vai
se casar.
E não comigo.
Levei algum tempo para perceber, mas estou me apaixonando por este
homem.
— Você. — Sua mão no meu cabelo inclina meu rosto ainda mais para
trás, seus lábios pressionando o canto dos meus em um beijo quase
imperceptível que não é suficiente. — Eu não suporto ver você com ela. Eu
odeio isso. Eu a odeio.
Estou com ciúme dela. Estou com ciúmes porque ela consegue o que
deveria ser meu.
— Por que?
Sua mão aperta meu cabelo enquanto ele morde meu lábio inferior,
falando por entre os dentes. — Você é uma pirralha de merda. — Afastando-
se de mim, ele solta meu cabelo, deixando cair o braço para me puxar para
trás pela minha mão. Ele me leva até a porta mais próxima, abrindo-a para
revelar um armário de vassouras bastante grande. — Isso vai funcionar.
— Ele me empurra primeiro, fechando a porta atrás dele e nos deixando cair
na escuridão completa.
Minha boca se abre para perguntar a ele qual é o seu plano aqui, mas
seus lábios encontram os meus antes que as palavras possam sair, as mãos
embalando minhas bochechas enquanto ele chupa minha língua em sua
boca. E assim ele tem meu estômago queimando de necessidade por ele, a
maneira como ele me segura como se eu fosse algo a ser saboreado e
devorado ao mesmo tempo fazendo meu coração pular. Eu agarro a frente
de sua camisa, as mãos desabotoando cegamente para que eu possa
pressionar minhas palmas em seu peito, sentir o calor de sua pele.
Uma das mãos de Remy deixa meu quadril para empurrar a alça no
meu ombro, puxando-a o suficiente para baixo no meu braço para que meu
mamilo pontudo possa ser sugado entre os dentes. Sua cabeça balança no
meu peito, a língua deslizando ao longo da ponta rosa até que estou
afundando minhas unhas em seus ombros e esfregando meu clitóris contra
sua barriga dura.
Ele troca de mãos, agarrando minha bunda em sua palma enquanto
rasga minha outra alça para baixo para chupar e provocar aquele mamilo
em um ponto dolorido igualmente duro. Meu cabelo está caindo ao redor do
meu rosto, as torções do meu coque se desfazem enquanto esfrega contra a
parede, o suor pontilhando ao longo da minha pele enquanto queimo sob o
toque de Remy.
Puxando para fora de mim, Remy me desliza para baixo em seu corpo,
minha saia rosa gigante ondulando entre nós para fazer cócegas sob meu
rosto. Ele usa o polegar para limpar um pouco de batom do meu queixo,
pressionando um beijo suave nos meus lábios antes de começar a ajustar
suas roupas. Há algo confortável no silêncio. Nenhum de nós sente que
precisa quebrá-lo, mas ambos tão fodidamente certos em nossas decisões que
levam a este momento. Eu empurro minha saia para baixo, coloco as alças
nos meus ombros. Estou procurando um sapato, mas Remy o vê a seus pés,
segurando-o para eu pegá-lo e sorrindo enquanto tropeço ao colocá-lo.
Essa pequena marca de desafio me faz sorrir. — Por que sou a única
que parece um naufrágio?
Minhas mãos alisam minha saia quando ele dá um passo para trás, o
coração vibrando contra minhas costelas. — Bem, minha mãe não vai.
Ele apenas ri, pegando minha mão para beijar minha palma, os lábios
demorando antes de deixá-lo cair. — Verdade.
Remy abre a porta para voltar para fora e nossos olhos se encontram
por apenas um momento, minha frequência cardíaca dispara com o flash de
uma covinha antes de me virar para olhar de volta para a festa. Há mais de
cem pessoas aqui, mas meus olhos encontram Viva imediatamente, seu
olhar âmbar passando de Remy para mim e de volta, estreitando-se quando
ela vê o vermelho brilhante fodendo você que coloquei em seu colarinho.
Julian me encontra enquanto eu caminho no meio da multidão,
observando-me mandar um beijo para a carranca de Viva. Ela pode pegar o
anel, mas eu estou com o homem.
— Oh, eu vou mudar, eu só percebi que Viva queria algum tempo com
suas amigas antes de eu entrar. — Estou mentindo, é claro. Eu não tinha
nenhuma intenção de sentar com elas.
Sua mão sobe para alisar seu coque perfeitamente estilizado antes de
ela se levantar: — Sempre gostei de você, Beverly. Fico feliz por você estar
aqui, quem sabe, com a sua ajuda talvez eles possam desenvolver algum tipo
de relacionamento real antes do casamento.
Eu quero rir, mas seguro, apenas dando a ela outro aceno. Acho que é
seguro dizer que não serei tão útil quanto ela parece pensar que
serei. Também mostra o quão pouco ela conhece o filho ou a mim. Seu
telefone começa a tocar e ela o puxa, dando-me um pequeno sorriso antes de
sair da mesa para atender sua chamada. Agora que estou sozinha, uma
risada silenciosa e sem humor sai, meus dedos esfregando meu couro
cabeludo rudemente enquanto eu resisto ao desejo de perdê-lo
completamente e sair daqui.
Sua mãe ainda não o notou, mas eu sei que no segundo que ela fizer
isso, ela vai ter um ataque por causa de sua aparência. Não consigo ouvir o
que Viva está dizendo a ele, mas com base no olhar que Remy está dando a
ela, ele não dá a mínima para isso. Francesca ainda está ao telefone, mas
puxa-o da boca para gritar para o nosso pequeno grupo: — Eu preciso ir
cuidar de algumas coisas, mas posso chegar mais tarde, se vocês ainda não
foram embora. Oh, bom, Remy, você está aqui. — Ela acena por cima do
ombro enquanto sai pela porta, o telefone de volta no ouvido. Deve ter sido
algo muito importante se ela nem percebeu como Remy parecia.
Alguém da loja vai até Viva dizendo algo sobre começar a degustação
agora que Remy está aqui e eu tomo isso como minha dica para finalmente
fazer meu caminho até lá. De pé, ajusto meu mini vestido de camiseta justa,
alisando o tecido cinza claro sobre minhas meias arrastão. Estou apenas
protelando porque sei com certeza que isso vai ser estranho e horrível.
Eu passo ao redor dele, puxando uma cadeira do outro lado da mesa das
outras três. Não quero ficar olhando para elas, mas também não quero ter
que sentar diretamente ao lado delas. Viva me ignora, olhos vagando sobre
mim como se eu não existisse enquanto ela sorri para Remy. — Você pode
se sentar comigo, podemos dividir um prato.
Apenas dou de ombros para ela, apoiando meu cotovelo na mesa para
que eu possa apoiar meu queixo no meu punho enquanto Remy se joga em
sua cadeira. Ele o puxa para mais perto de mim para que sua coxa esteja
pressionada contra a minha. Eu inclino meu rosto em sua direção. — Por
que você está tão sujo?
Ele sorri para mim, levantando a mão para olhar como se nem tivesse
percebido até eu tocar no assunto. — Eu cortei alguns freios. — Ele olha
para mim, tons de mel caindo no meu sorriso. — É fluido de freio.
— Você acabou de preparar alguém para morrer e agora você vai provar
um bolo? Que vida chata você vive.
Viva pigarreia ruidosamente, chamando nossa atenção. — Eles
trouxeram o bolo. — Sento-me, notando todas as bandejas com mini-
provadores.
Remy cantarola nossa interação, mas não diz nada, pegando o bolo e
comendo em uma mordida. Eu sabia que ele iria querer aquele porque é o
seu favorito. Ele pisca para mim enquanto mastiga e eu sorrio de volta, o
sorriso deixando meu rosto quando eu olho para outro brilho.
Remy passa por mim, pegando outro bolo de chocolate com recheio de
framboesa. Sua mão cai para a minha coxa quando ele a agarra, os dedos
tatuados se espalhando o máximo que podem. Ele o mantém lá quando se
senta, o dedo mindinho roçando ao longo da minha coxa. Se Viva percebe,
ela não diz nada.
Seus olhos mudam para Remy, que atualmente está recostado em sua
cadeira olhando para seu telefone. Ele checou mentalmente essa merda
cerca de vinte minutos depois. — Remy, você gosta de chocolate branco, não
é?
Ele olha para ela sem mover a cabeça, — Não, — olhando para baixo
no segundo em que a palavra sai de sua boca.
Inclino minha cabeça para Viva, sorrindo para ela quando ela me olha
com irritação. — Bem, o que você gosta, então? Porque de acordo com
Beverly, você não come qualquer coisa nesta lista.
Uma das amigas de Viva, Cassidy, acho que é o nome dela, senta-se em
sua cadeira para olhar para o que estou apontando, os olhos mudando para
uma Viva que parece muito irritada. — Aquele é bom, estava entre meus
favoritos e de Melissa também.
As amigas de Viva devem estar tão cansadas disso quanto eu, porque
ninguém nem comenta, apenas observa Cassidy pegar a lista e se apressar
em direção ao atendente. Remy se levanta antes que ela volte, olhando para
mim. — Eu terminei aqui. Encontre-me lá fora quando terminar.
Aceno para ele, observando suas costas enquanto ele sai. Posso sentir
os olhos em mim e encontrar um âmbar ardente quando olho para o outro
lado da mesa. — Posso ir embora também ou ainda estamos tendo tempo de
menina de qualidade?
Pisco para ela com uma expressão sem graça, observando-a recolher
tudo para colocar em sua bolsa gigante.
— Eu sei que vocês são amigos e tudo isso, mas ele está se
casando comigo, o que significa que toda a atenção dele deveria estar comigo
e não com você. Eu não me importo que tipo de relacionamento vocês dois
tenham, mas qualquer coisa romântica acaba agora. — Ela fecha o zíper da
bolsa, levantando-se de seu assento para olhar presunçosamente para mim
como se ela achasse que conseguiu algo com seu pequeno discurso.
— Eu acho engraçado que você pense que tem alguma porra a dizer
sobre o que eu faço. — Fico sentada, observando seus dedos ficarem brancos
em torno da alça de sua bolsa. Ela engole, os olhos queimando em mim.
Ela gira nos calcanhares e eu vejo enquanto ela sai pela porta sem olhar
para trás, seus capangas a seguindo. Levantando da minha própria cadeira,
eu fico olhando para a porta, o coração batendo com raiva no meu
peito. Percebo que minhas mãos tremem ligeiramente e as aperto em
punhos. Não sei se devo ficar chateada ou magoada com suas palavras,
talvez eu seja as duas. Misturada em toda aquela besteira estava uma coisa
que é dolorosamente verdadeira, não importa o quanto eu desejasse que não
fosse.
Estou usando outro vestido idiota para ir a outra festa idiota. Eu não
poderia nem te dizer para que diabos esse aqui é. Eu juro que eles estão
apenas inventando merda neste momento para usar como uma desculpa
para se fantasiar.
— Eu nasci três minutos antes de você. Eu sou sua irmã mais velha,
agora cale a boca. — Meus olhos pegam Remy quando ele sai da parte de
trás da casa em que estamos. Ele está vestido de forma mais casual do que
todos os outros, em um jeans escuro e uma camiseta preta. Isso me faz
sorrir, outro pequeno ato rebelde em relação a essa farsa de um casamento
de merda.
— Você sabe que vai ter que se acostumar com isso, certo? — Eu
arranco meus olhos de Viva para meu irmão. — Não importa o que aconteça,
ela sempre estará lá.
Pego o copo de água gelada que foi colocado na mesa na minha frente e
tomo um longo gole, jogando-o na mesa alto o suficiente para receber um
olhar do outro lado da mesa quando eu termino. — Isso não significa que eu
tenho que gostar.
Eu rio, levantando meu olhar para ver que ela está de fato olhando,
lábios apertados em uma linha. Não tivemos outra briga como na
degustação do bolo, mas a tensão nunca foi tão alta entre
nós. Principalmente porque me recusei a fazer o que ela me pediu. Remy
subiu ligeiramente para o papel de noivo, principalmente por obrigação, eu
acho, mas ele ainda está longe de ser o que ela quer.
— Claro, mas eu vou dizer oi. Você sabe, diga parabéns pelo bolo ou o
que diabos é essa festa.
— Não seja ridículo. Eu não vou lutar com ela em sua própria festa.
Ela ri e isso percorre todas as mesas, virando a cabeça das pessoas mais
próximas de nós. Assim que ela começa a falar, sei que foi intencional,
chamar a atenção para nós. — Eu me pergunto como é para você estar
sempre em segundo lugar. — As meninas ao redor dela riem por trás das
mãos levantadas, estimulando-a. — Você já perdeu a corrida, Beverly, é
hora de desistir. Você está começando a parecer patética.
Ela fala nas minhas costas, um sorriso em suas palavras. — Ele veio no
minuto em que você saiu e me fodeu.
Ela sorri para o grupo, os olhos passando por mim para ver se as
pessoas ainda estão ouvindo. — Por que eu deveria? Ele é meu noivo e me
fodeu tão bem que mal pude sair da cama esta manhã de tão exausta.
— Outra rodada de risadinhas soa ao meu redor.
Esta. Cadela.
Ele está falando com Julian que está rindo, com as mãos nos bolsos
enquanto olha o bando de garotas chorando no gazebo. Eu o vejo encolher os
ombros antes que eu seja levada para fora de vista.
Ele zomba, mudando para bloquear a porta quando percebe que meus
olhos estão se voltando para lá. — Como exatamente você acha que ela
merecia ter seu rosto jogado no cascalho?
Meu olhar cai para minhas mãos, minha expressão zombeteira limpa
enquanto ele sopra uma respiração profunda. Sei que ele está certo, mas
gostaria que não.
Meus olhos se erguem para os dele e vejo a preocupação neles. Sei que
ele está dizendo isso apenas para me ajudar, mas não preciso ser
repreendida. Estou bem ciente de que agi como uma bagunça lá fora. Mas,
para me dar algum crédito, não entrei nessa conversa dessa forma. — Eu
não me arrependo de ter batido nela.
Meus olhos se voltam para Remy na porta, seu olhar em mim quando
Andrea se vira sem uma palavra para passar por ele para fora da porta,
balançando a cabeça para mim antes que ele desapareça de vista.
Não é o que eu esperava que ele dissesse e eu bufo, girando com seu
toque hipnótico para olhar em seu rosto. — Viva disse que você transou com
ela ontem à noite.
Ele se endireitou, agora que estou longe dele, seu olhar de mel roçando
ao longo de minhas feições. — E?
E? Porra, eu sei que ele não disse, mas ainda quero ouvi-lo dizer isso. —
Você fez? — Meu coração está batendo contra minhas costelas, ciúme
raivoso acumulando em minhas entranhas com o pensamento de que ele
pode ter. Ele não responde, apenas observa minha raiva enrubescer minha
pele. — Você transou com Viva?
Posso dizer que ele tem mais a dizer, mas não quero ouvir, colocando
minhas mãos entre nós para tentar afastá-lo de mim.
Em vez disso, ele usa a mão na minha cabeça para me empurrar para
ele, seu polegar acariciando meu cabelo. — Eu a fodi com o rosto pressionado
nos travesseiros e sua bunda em minhas mãos. — Eu aperto minha
mandíbula com suas palavras, meus pulmões queimando enquanto eu
prendo minha respiração com fúria magoada e silenciosa. — Assim eu não
precisava ver seu rosto ou ouvi-la gemer.
Seus dedos cavam em meu cabelo, me levantando, então tenho que ficar
na ponta dos pés e nossos lábios estão separados por um fôlego. — Deixe-me
esclarecer uma coisa, Beverly. — Eu fecho meus olhos com suas palavras,
juntando minhas sobrancelhas enquanto sua respiração sopra ao longo dos
meus lábios. — Eu vou memorizar cada mergulho, curva e sarda. Adorar
cada centímetro, engolir cada som. Mas eu nunca vou te foder. — Eu sinto
suas mãos se moverem para cobrir minhas bochechas e eu abro meus olhos,
olhando em seus tons de mel enquanto ele se inclina sobre mim. —
Eu faço sempre e sempre vou fazer amor com você, Cuore Mio.
Digo mais para mim mesma do que para ele, mas ele cantarola em
reconhecimento de qualquer maneira, mantendo meu rosto perto do dele. —
Donatello e eu fizemos uma aposta.
Me inclino para trás apenas o suficiente para olhar em seu rosto com
mais clareza, franzindo a testa quando ele não entra em detalhes.
Sua covinha pisca para mim antes que ele me puxe de volta para ele,
colocando um beijo leve no canto dos meus lábios antes de ele falar. —
Tínhamos apostas sobre quando você atacaria Viva. — Ele ri quando eu
começo a me afastar, beijando o outro canto da minha boca. — Aquele
bastardo venceu. Achei que você fosse bater nela na primeira vez que a
conheceu.
Falo através dos beijos suaves que ele coloca em meus lábios. — Você
tem muito pouca fé em mim.
Minha respiração fica presa no peito, sabendo que ele ouviu tudo o que
Viva disse. Eu me sentiria envergonhada se ele já não estivesse apagando
cada segundo daquela conversa da minha mente com seu toque.
— Vou passar na sua casa depois disso. — Ele se afasta de mim, querido
olhar me seguindo enquanto me levanto do sofá.
Ele começa a andar comigo, girando os anéis em seu dedo polegar. Ele
me olha antes de responder, provavelmente sabendo que não vou gostar da
resposta. — A cabine.
Eu empurro seu rosto para longe de mim assim que ela diz, girando
para passar por Donatello e entrar em seu SUV. Ele entra quando estou
fechando a porta. — Você sabe que ela vai tagarelar sobre você, sim? — Ele
está sorrindo, apesar da seriedade da pergunta, aparentemente achando
tudo isso divertido.
— Lamento ter que trazer Julian assim, já que ele é como um filho para
mim, mas considerando o quanto você está apaixonado pela irmã dele, eu
sabia que esta era a única maneira de chamar sua atenção, — ele dá um
passo adiante segurando uma mão onde um soldado deixa cair uma arma
em sua palma. Ele dá outra passa de charuto antes de levantar a arma na
parte de trás da cabeça de Julian, olhos na minha. —Nós vamos fazer um
acordo. — Eu engulo, rangendo os dentes em raiva silenciosa. Um acordo
com o Capo Famiglia não passa de um contrato de morte, se eu não cumprir
minha parte, isso me custa a vida. — Você vai concordar em terminar as
coisas com Beverly e começar a investir todo o seu tempo em Viva e neste
casamento, ou Julian aqui vai morrer.
Meu coração aperta dolorosamente no meu peito, meu estômago
afundando com as palavras frias que ainda estão ecoando no ar. Este é um
acordo, mas do qual não me beneficia. — Eu aceito. — Evito olhar para o
rosto de Julian, não querendo ver a pena nele. Ele sabia que eu não
arriscaria sua vida apenas para estar com sua irmã, isso iria quebrá-la
ainda mais do que eu partindo.
Ela se vira para mim, sorrindo enquanto seus braços caem de sua
cabeça para cruzar sob seu peito. — Por que você está apenas parado aí? É
estranho.
Não sei como começar o que preciso fazer, com o coração ardendo nas
costelas. Em vez de respondê-la, ando até ela, minha palma deslizando ao
longo de sua mandíbula para embalar sua cabeça, afundando os dedos na
seda macia de seu cabelo. Suas palmas percorrem meu peito em resposta,
seus dedos deslizando pelo meu estômago para descansar sobre o meu peito,
uma palma espalmada sobre o meu coração batendo forte. Não acho que ela
perceba, mas é algo que ela sempre faz. É uma das muitas coisas que ela faz
e que amo nela.
Sei que minha melhor maneira de resolver isso é deixá-la com raiva,
deixá-la usar isso para proteger seu coração. Ela não disse isso, ela pode
nem perceber ainda, mas eu sei que ela me ama. Eu sei com a mesma certeza
que sei que ela é dona da porra da minha alma. Posso sentir na maneira
como ela passa a ponta dos dedos pela minha pele, vejo na suavidade de seus
olhos castanhos quando ela olha para mim. Ela está tão perdida quanto eu,
mas teimosa demais para admitir. E pela primeira vez, estou grato por isso,
porque ela vai precisar dessa raiva teimosa para superar o que estou prestes
a fazer.
— Sobre nós. — Eu faço uma pausa, minha boca fechando por conta
própria em uma tentativa de impedir que as palavras saiam. Eu corro meus
dedos sobre sua mandíbula e para baixo nas laterais de seu pescoço,
arrastando-os até que eu possa agarrar uma de suas mãos. Eu o trago para
minha boca, pressionando um beijo em sua palma e fecho meus olhos por
um momento, saboreando os poucos momentos em que meus lábios estão em
sua pele.
— O que você quer dizer? O que há de errado conosco?
— Absolutamente nada. Não há nada de errado conosco. Mas não posso
dizer isso.
Eu deixo sua mão cair da minha, olhando para ela enquanto ela está
entre minhas pernas. — Não podemos brincar mais. Não é justo com Viva.
Eu fico com ela, mas não tento agarrá-la enquanto ela cruza os braços,
carrancuda para mim. É disso que preciso, para que ela fique com raiva. —
Vou me casar em apenas algumas semanas, Beverly. É hora de parar de
brincar com você e conhecer minha futura esposa.
Sua cabeça está tremendo como se ela não pudesse acreditar nas
palavras que saem da minha boca. Seu rosto se contraiu como sempre
acontece quando ela está brava. — E mais cedo? Você quis dizer alguma
coisa que você disse? — Ela engole, a umidade manchando seus olhos como
um laço em volta do meu pescoço, sua dor lentamente me sufocando.
Porra, eu quero agarrá-la, dizer a ela que isso foi um erro ou que eu
estava brincando ou algo assim, qualquer coisa para tirar o olhar que ela
está me dando de cara. Em vez disso, me aprofundo: — O que você esperava
que acontecesse? Que eu cancelasse o casamento e casasse com você em vez
disso? Não posso e não vou fazer isso, Beverly. Viva vai ser minha esposa e
eu preciso começar a tratá-la assim.
— Você disse que sou a porra do seu coração. Eu sou a merda do seu
coração. — Ela aponta para o peito quando diz isso, seus dedos agarrando o
tecido de sua camisa como se seu próprio coração doesse com sua
declaração. Ela está gritando, mas as lágrimas estão escorrendo pelo seu
rosto, cada uma que escorre de seu queixo é uma rachadura no meu
coração. Porra, eu odeio isso.
Eu sei que foi a gota d'água para ela, com base em como ela endireita a
coluna, as palmas das mãos enxugando suas bochechas molhadas. Ela está
deixando sua raiva assumir, construindo aquela parede ao redor de seu
coração, assim como eu queria que ela fizesse. — Saia. — Ela aponta para a
porta quando eu não me movo imediatamente, o rosto olhando para longe de
mim enquanto eu me movo para contorná-la.
É fisicamente doloroso virar minhas costas para sua dor, meus pulmões
em chamas quando abro a porta para sair. Eu só fico lá quando ele fecha,
mentalmente implorando a mim mesmo para continuar avançando e não
voltar lá por ela. Eu forço minhas pernas a se moverem, ando sem ver até
estar de volta no meu SUV.
— Pronto.
Um casal tão lindo, eles dizem. Tão felizes juntos, eles dizem.
Eu digo que é tudo uma merda de farsa de merda. Eu posso ver o que
eles não podem, os sinais quase invisíveis que apenas alguém que conheceu
Remy como eu veria. Sinto seus olhos em mim quando não deveriam, sinto
o calor de seu toque quando ele passa por mim. Eu me recuso a acreditar
que ele está bem com isso, apenas com Viva.
Mas minha recusa não significa muito, não é? Porque eu não posso
mudar isso mais do que o sol pode se recusar a se pôr. Se Remy tivesse
apenas me deixado em paz, me deixando acreditar no meu ódio por ele, eu
não estaria quebrada agora. Eu não estaria me escondendo nos fundos da
catedral enquanto Viva verificava se todas as suas listas de verificação
estavam riscadas e se tudo estava pronto para seu grande dia. Eu não
estaria à beira de um colapso completo por comer minha última Tutti Frutti.
Eu também não saberia o que era ser completamente consumida por
um homem que me chamava de seu coração. Eu não saberia o que era ter
meu coração pular na minha garganta com apenas um olhar ou perder o
fôlego com um simples toque. Eu não saberia o que era estar olhado como se
eu fosse a coisa mais importante que já existiu. Essa dor que sinto agora
vale tudo isso e muito mais.
— Sim, eu vi. É muito bonito. — Sorrio, mas não sinto isso. Não estou
nem mentindo, os buquês são lindos. Na verdade, tudo é bonito. O
casamento inteiro, a noiva. Será o casamento tirado direto de uma revista. O
assunto me deixa desconfortável, criando um nó na garganta que não
consigo engolir. Eu me levanto e as duas olham para mim confusas. — Eu
vou sair, tomar um pouco de ar por alguns minutos.
Cassidy acena com a cabeça, um sorriso confuso nos lábios. — Ok, acho
que todas nós vamos caminhar para a área de recepção em breve, de
qualquer maneira.
Eu ouço seus passos antes de vê-lo. Sei que são dele porque o jeito que
ele anda, o jeito preguiçoso com que bate o calcanhar no chão. Eu olho para
a minha embalagem de doce para evitar ter que vê-lo, meu coração batendo
quase dolorosamente contra minhas costelas como sempre faz quando ele
está por perto.
É tudo o que ele faz agora. Não importa se estamos em alguma merda
de casamento ou com os outros caras, ele não fala comigo. Não entra no meu
espaço. Se nós de alguma forma acabarmos sozinhos juntos, ele vai
embora. É como se ele estivesse me evitando de propósito, me tratando como
uma leprosa. Mas ele gosta de provocar meu coração triste, deixando-me
com um sussurro de um toque aqui e ali ou queimando minha pele com seu
olhar quando ninguém está olhando.
Por mais que eu odeie, vivo para essas pequenas interações, adoro a
maneira como elas esmagam meus pulmões em um lembrete silencioso de
que ele se importa apesar de tudo. Eu não entendo, mas vou pegar o que
puder, mesmo que nunca seja mais do que isso.
O que sei é que minha história sempre foi manchada por um homem
em particular. Remy Oliver Luciano. Ele mancha meu passado como tinta
derramada, manchando meus dedos sempre que tentei limpá-lo.
Mais duas gotas, mas não eram tão escuras, menos agressivas no
papel. Sua lenta persistência torturante parecia menos com uma mancha e
mais com o início de uma pintura. Todas essas coisas que amo odiar
começaram a borrar nas bordas, a tinta desbotando para revelar o texto por
baixo.
Uma observação sarcástica que foi dividida por uma covinha piscante.
E um primeiro beijo roubado que tinha um gosto tão doce quanto açúcar
queimado.
Nossa história é uma que não podemos terminar. O final foi arrancado
de nós por causa da ganância e da lealdade da Famiglia que nunca vou
entender.
Olho para ela, balançando a cabeça com outro sorriso falso estampado
no meu rosto. — Acho que vou para lá em breve.
Seus saltos de sola vermelha batem no resto do caminho para fora dos
degraus, afundando levemente no cascalho enquanto ela se afasta. Eu fico
olhando para a parte de trás de sua cabeça, observando-a afofar seu cabelo,
um diamante gigante em seu dedo capturando a luz do sol. Ela está
conseguindo o que eu nem sabia que queria até que foi tirado de mim e
agora, não posso deixar de ver essas manchas do meu passado pela beleza
que sempre foram.
— Você o ama? — Minha voz soa mais forte do que eu sinto, grito com
ela alto o suficiente para ela parar. Quando ela se vira para olhar para mim,
eu me repito. — Você o ama?
Seus braços se cruzam sobre o peito, mas ela não me impede, seus olhos
correndo ao longo das lágrimas agora rastreando minhas bochechas.
— Ele segurou meu coração atrás das costelas desde que me lembro, eu
fui muito estúpida para ver até que fosse tarde demais. Sempre foi dele. Ele
é tudo para mim, Viva. Você está tirando a única pessoa que eu posso e
amarei e você pode parar com isso. Você não tem que fazer isso. Basta
cancelar o casamento.
Seus cachos loiros se erguem ao redor de seus ombros com a brisa, o sol
brilhando em sua cabeça dourada como um halo. — Este é o mundo real, não
um conto de fadas com o seu felizes para sempre. É hora de seguir em frente
e crescer, Beverly. — Sua voz é suave para combinar com sua aparência
pitoresca, mas suas palavras têm gosto de bile no fundo da minha
garganta. — Não se preocupe em vir para o jardim, você pode simplesmente
ir para casa, já que não está sentindo as festividades. Nos vemos no
casamento, Bev.
Parte de mim, a parte delirante desesperada, pensou que este dia não
chegaria. Mesmo enquanto eu assistia Remy beijar as costas da mão de Viva
no jantar de ensaio ou quando Viva o beijou antes de se separarem em
preparação para hoje. Meu coração se recusou a pensar que realmente
estaríamos aqui assistindo enquanto Cassidy ajuda Viva a ajustar a tiara
em seu cabelo e Melissa se preocupa com a cauda em seu vestido. Até este
momento, este era apenas um pesadelo distante. Um que estou vivendo
agora.
Há uma batida na porta e eu aperto meus lábios, sabendo que não posso
mais me esconder da multidão. Cassidy e Melissa riem enquanto entram na
fila atrás da florista e eu sigo o exemplo, o peito apertando a cada segundo
que passa. Remy vai estar lá fora, esperando por Viva, e eu não quero ver
isso. Não quero essa imagem enraizada em minha mente. A porta se abre e
a respiração que eu não percebi que estava segurando aperta minha
garganta apertada. Eu ouço a mudança na música, observo enquanto a
florista começa a descer o corredor.
Eu odeio a marcha que temos que fazer. Odeio que isso vá arrastar para
fora. Melissa começa e eu tenho um momento de pânico. Um breve segundo
em que penso em simplesmente sair correndo daqui. Uma dama de honra
em fuga que tinha ciúmes da noiva. A decisão é tomada por mim quando um
dos planejadores do casamento agarra levemente meu cotovelo, me
empurrando para frente.
Há uma risada, mascarada por uma tosse, e eu olho para cima, os olhos
pousando em um Donatello sorridente ao lado de Andrea, que não parece
divertido com o que quer que tenha acontecido. Um de cada vez, eles pegam
meu olhar, enviando uma garantia silenciosa enquanto eu fico cada vez mais
perto de ficar cara a cara com Remy. Só estarei na frente dele por um
segundo, mas se o ensaio da noite passada provou alguma coisa, foi que
mesmo uma fração desse segundo foi muito longa. Doloroso demais.
Eu mal o vi, mas memorizei cada detalhe. Como seu terno era
perfeitamente ajustado para caber na largura de seu peito, como o cinza
claro fazia o preto de suas tatuagens se destacar em sua pele, a forma como
seus olhos queimaram ao longo da minha pele quando eu não encontrava
seu olhar.
Ela está linda. Seu vestido é lindo. Seus longos cabelos dourados estão
presos e trançados nas costas, uma pequena tiara brilhante no topo de sua
cabeça. Ela sorri e acena para os membros da família enquanto faz sua
pequena marcha, longo trem arrastando atrás e juntando as cabeças de lírio
branco e rosa pálido que estão espalhadas pelo chão da florista. Tudo neste
casamento é uma perfeição pitoresca até a própria noiva. Não posso deixar
de me perguntar se Remy pensa a mesma coisa. Se ele está assistindo Viva
agora e pensando como ela é perfeita. Não me atrevo a olhar, não importa o
quanto eu queira, sei que tudo o que vejo em seu rosto não será o que eu
quero e preciso me manter no meu objetivo.
— Eu aceito.
Eu sei que não deveria olhar, eu SEI, mas devo ser um glutão de castigo
porque tenho que olhar. Os olhos de Remy encontram os meus por apenas
um segundo, mas parece uma vida inteira. Eu quase desejo que ele pudesse
me ler como Julian, que ele pudesse ver a lágrima que ele criou em meu
coração, que ele pudesse saber com apenas este olhar o quanto eu o amo,
porra. Eu nem mesmo disse isso. Levei tanto tempo para descobrir que ele
nem conseguiu ouvir as palavras saírem da minha boca. Algo sobre isso
parece extremamente cruel no grande esquema das coisas, porque agora eu
nunca posso dizer a ele. E ele não é Julian, então não tem ideia do que estou
tentando dizer apenas com meu olhar. Não, tudo o que ele vê é uma das
piores damas de honra do mundo lutando contra a própria respiração para
não chorar.
O único som que posso ouvir é a batida forte do meu coração em meus
ouvidos enquanto vejo sua mão deslizar sobre sua bochecha como ele fez
comigo tantas vezes, seu braço bloqueando seus rostos da multidão
enquanto ele abaixa o rosto para encontrá-la lábios à espera. Seu olhar de
mel deixa meu rosto no último momento, escondido de mim atrás da cabeça
de Viva. Minha visão começa a embaçar e eu deixo meu olhar cair para as
flores em minhas mãos, sugando meus lábios entre os dentes para esconder
o leve tremor. A sala se enche de vivas e gritos e eu viro meu rosto para o
lado para esconder a lágrima que não pude conter, usando meu ombro para
enxugá-la da minha bochecha.
Saímos em fila atrás da noiva e do noivo, todos nós saindo pelas portas
da igreja para chegar à recepção no jardim. A única coisa que estou ansiosa
é poder trocar este vestido assim que chegarmos lá. Eu olho para qualquer
lugar, menos para o casal, a caminhada de cinco minutos parecendo trinta
minutos enquanto todos riem e conversam alegremente em nossa festa de
casamento gigante.
— Não faça isso comigo. Eu odeio isso. — Seguro meu batom para ele e
ele o enfia no bolso da calça, olhando para a multidão para ver o que estou
olhando.
Ele ri, me forçando a olhar para ele segurando meus ombros. — Você
está bem, sim? Com tudo isso?
Franzo a testa para ele, por um momento fui capaz de esquecer para
quê era essa festa, mas agora posso sentir aquela queimadura lenta
tentando encher minha garganta. — Sim, estou bem.
— Não, ela não está. Ela só não vai dizer isso porque é teimosa. — De
repente, estou sendo girada para enfrentar Andrea, suas mãos substituindo
as de Donatello. — Nós vimos você chorando, Bev. Você pode se esconder de
todo mundo, mas não de nós.
Saber que fui pega pesa no meu peito e limpo o nó na garganta antes
de balançar a cabeça para Andrea. — Eu não estava chorando. — Eu faço
outra pergunta para esconder o tremor tentando começar no meu queixo. —
Onde está Julian? — Ele sai quebrado e eu mordo meus lábios, desviando o
olhar do rosto de Andrea e esperando que ele não tenha percebido.
— Foda-se, Bev. — Ele me puxa contra seu peito, me deixando esconder
meu rosto enquanto as lágrimas silenciosas que eu tenho lutado durante
toda a manhã finalmente se soltam. Eu sinto a mão de Donatello tocar o
topo da minha cabeça enquanto ele beija as costas dela, descansando-a em
um conforto silencioso, seu polegar acariciando minha nuca.
— Ele está com Remy. Ele estará aqui em breve. — É Donatello quem
responde, sua mão deixando minha cabeça enquanto ele dá um passo para
trás, me dando espaço para sair do aperto de Andrea quando eu me
recomponho. Eu apenas aceno, respirando fundo enquanto olho para o céu
para evitar olhar para qualquer um deles.
Eu não sei aonde ela foi antes de eu chegar à recepção, mas porra, eu
notei seu vestido. A maneira como seus colares balançavam com seus
movimentos, a ondulação suave de seus seios me instigando e provocando
do outro lado do gramado. A mulher absolutamente mais bonita neste
planeta que eu tive que fingir ignorar. Estou feliz ela tinha Donatello e
Andrea esta noite porque Julian tinha que fazer uma tarefa para mim, mas
porra, eles me irritaram. Principalmente Donatello, o desgraçado do
tesão. Eles conseguiram cada dança, cada risada, cada toque. Tudo que é
meu.
Ela não encontrou meu olhar uma única vez durante a recepção e,
embora eu saiba que é principalmente por causa da distração de Donatello
e Andrea, não posso deixar de me sentir amargo por isso. Isso é tudo que
tenho agora, meu único tempo com ela. Um segundo lavado em beleza verde
e dourada.
Mas é claro que Viva não teria percebido que havia algo de errado
comigo, ela não consegue ver nada além de seu próprio reflexo e suas
listas. — Eu cansei de estar aqui.
Ele responde com uma imagem que clico para ampliar. É de Bev e
Delaney no banco de trás de seu SUV, uma de cada lado de um Donatello
sorridente. Beverly está inclinada ao redor dele, estendendo a mão na
direção de Laney, ambas sorrindo de tanto rir. Meu polegar
inconscientemente esfrega em Bev, tentando sentir sua pele corada através
da foto. Isso sempre acontece quando ela bebe muito vinho, e ela fica
rindo. É uma das minhas versões favoritas dela. Meu coração dói no peito,
olhos fixos na foto por tanto tempo que nem tenho certeza de quanto tempo
fico olhando para ela. Eu salvo no meu telefone, removendo-o da tela para
responder.
Obrigado.
Ela está tentando ver minha tela, então eu puxo minha mão, fechando
o telefone e colocando-o no bolso. — Não somos esse tipo de casal.
A viagem é tranquila pelo resto do caminho até minha casa e estou fora
da porta segundos depois de pararmos, dando a volta na parte de trás do
carro para subir os degraus correndo. Deixo-a aberta, sabendo que Viva está
me seguindo, e vou direto para o meu quarto. Viva está aqui há uma
semana, tenho certeza que ela pode entrar sozinha.
Sinto falta de como ela morde o lábio quando tentava não sorrir e do
jeito como seu nariz se franze.
Sinto falta de ser capaz de tocá-la, de puxá-la para o meu rosto e apenas
respirá-la.
Sinto falta de cem milhões de coisas e mais, tudo nela foi feito com
perfeição, desde a forma como suas sardas aparecem ao sol até os sons que
ela faz quando eu faço amor com ela.
Minha água está fria, mas quase não percebo. Minha pele está quente
quando fico em pé, pegando o sabonete mais uma vez. Me lavando
novamente, eu desligo o chuveiro, saindo dele e pego uma toalha. Beverly
nem mesmo está comigo e ela ainda é a única que pode me tirar do sério. Eu
coloco meu moletom e abro a porta, usando minha toalha para secar meu
cabelo enquanto entro no quarto. Jogando no cesto de roupa suja, meus
olhos pousam em Viva.
Ela está usando algum tipo de lingerie branca sem virilha, sentada na
minha cama, enquanto brinca com seu cabelo. — Eu estive esperando por
você uma eternidade. — Tenho certeza que ela seria o sonho molhado da
maioria dos caras, mas ela com certeza não é minha.
— O que quer que você tenha pensado que aconteceria esta noite, não.
Isso deve satisfazer suas necessidades. — Eu ando até a porta do meu
quarto, segurando-a aberta enquanto mudo minha cabeça em um
movimento muito claro de 'sair'.
— Você não pode estar falando sério. É nossa noite de núpcias! — Ela
começa a sair da cama, os pés pousando no chão enquanto ela me encara.
— Muito sério.
Ela para e fica na minha frente, olhando para o meu rosto. — Qual é o
seu problema? Você já me fodeu antes. Você não gosta dessa lingerie? Eu
posso me trocar.
Suas bochechas estão ficando vermelhas, ela está com tanta raiva,
olhando para mim. Descruzo meus braços, levantando a mão para escovar
meus dedos ao longo de sua bochecha. Seus traços suavizam com o toque e
eu levanto minha outra mão, colocando seu rosto em minhas palmas
enquanto ela olha para mim. — Você sabe o que eu odeio? — Meus polegares
acariciam suas bochechas, puxando levemente seu rosto para mais perto do
meu para que eu possa falar baixo sobre seus lábios. — Odeio não poder
estar com a mulher que amo. Odeio ter que escolher partir o coração dela ou
matar o irmão dela porque você não conseguiu manter a boca fechada para
o seu pai. Odeio que você tenha feito um empréstimo de Travis Castillo para
que seu pai pudesse comprar o South Pier e fazer um acordo com a Famiglia
para que eu me casasse com você. — Seus olhos se arregalam com a minha
última frase. Tenho certeza de que ela pensou que eu não descobriria que
ela e o pai arranjaram tudo. Viva provavelmente pensou que ela estava
conseguindo um ótimo negócio sendo a futura esposa do Capo Famiglia, mas
ela foi realmente vendida por Francis para que ele pudesse obter todo o
poder que pensava que lhe daríamos por ser um parente próximo a mim. —
Eu te odeio, Viva.
Eu tiro o rosto de minhas mãos, observando enquanto ela tropeça para
trás. E eu passo meu polegar sobre seus lábios entreabertos, pressionando
um pouco mais rudemente do que o necessário. — Não se preocupe, baby,
estarei consertando as coisas de novo, muito em breve.
— Remy. — Meu pai inclina a cabeça para que eu o siga e aceno para
Gavino antes de sair. Eu o sigo em seu escritório, fechando a porta nas
minhas costas. Observo enquanto ele se senta em sua cadeira, gesticulando
com as mãos como se ele estivesse pronto para ouvir o que tenho a dizer.
Eu vou direto ao ponto. — Estou aqui porque preciso de sua permissão
para matar Francis Delfino.
Eu não deveria estar aqui, mas não pude evitar. Saber o quão perto
estou de fazer o que venho planejando, sabendo que estou muito mais perto
de ser capaz de estar com Beverly livremente, minha mente dirigiu no piloto
automático para ela.
Eu sei que ela deve estar confusa, mas ela não demonstra, seus olhos
se estreitando com suspeita. — Por que eu deveria ir a qualquer lugar com
você?
Eu vejo seus olhos piscarem entre nós três enquanto nos aproximamos
dele, confusão levantando sua sobrancelha. — Você tem hora marcada,
Francis Delfino.
Andrea olha para ele, mas pega a fita, colocando um pedaço comprido
na boca de Francis.
— Faça outra peça. — Donatello pega a fita, mas Andrea a puxa para
trás, jogando-a por cima dos bancos traseiros.
—É o bastante.
Cruzo meus braços enquanto olho para ele, gesticulando para que ele
apresse as coisas quando olhar ao redor da sala em vez de falar. — Você se
casaria com Viva e, em troca, a Famiglia teria acesso total ao cais sul.
Ele engole minhas perguntas, posso dizer que elas estão o deixando
nervoso pela maneira como seu pé inconscientemente bate no chão com cada
uma. — Só pensei que seria um bom investimento.
Estendo minha mão, apontando para seu rosto quando ele começa a
balançar a cabeça negativamente, meu tom ficando sombrio. — Minta de
novo e veja o que acontece, Delfino. — Sua cabeça para abruptamente. Os
lados de seu rosto começam a suar sob meu olhar. — Usar o dinheiro da
Famiglia para comprar aquele cais teria sido perfeitamente bom se você não
tivesse decidido virar e usar nosso dinheiro contra nós para seu próprio
ganho. Não toleramos esse tipo de desrespeito.
— Que bom pai. Vender sua filha para a organização criminosa mais
perigosa deste lado do país para que você pudesse se sentar à mesa dos
garotos grandes. — Seu rosto empalidece quando ele percebe que não estou
realmente simpatizando com ele. Meu jab deixa seus lábios sangrando,
enviando um spray contra o cimento já manchado aos nossos pés. — Você é
um mentiroso compulsivo ou simplesmente não é muito inteligente.
Viva é uma tola se ela pensa que ele realmente tinha os melhores
interesses em mente. Não, papai Delfino queria sua própria parte do poder
e achava que poderia conseguir isso com a Famiglia. E ele poderia ter, se ele
não tivesse fodido comigo.
Me agacho para ficarmos cara a cara, descansando meus antebraços
nos joelhos e enquanto ele geme na cadeira. — Houve uma grande falha em
seu plano, Francis, você sabe qual é? — Eu continuo antes que ele possa
responder. — Quando você assinou aquele contrato, você me tornou o único
beneficiário de todo e qualquer um de seus bens quando morrer. Você sabia
disso? Ou eles se esqueceram de mencionar essa parte? — A propósito, seus
olhos se transformaram em pires, estou assumindo que não. — Você vê onde
estou indo com isso?
— Você não pode me matar! E minha esposa? E Viva! Ela é sua esposa!
— Balanço minha cabeça com seus gritos de pânico, a língua passando sobre
meu lábio enquanto eu sorrio para ele. — Viva e eu não somos casados.
Aparentemente, apenas padres ordenados podem realizar um casamento
para que seja juridicamente vinculativo, não Ted do teatro local. — Eu
encolho os ombros. — Lição aprendida.
Eu rio quando ele apenas fica boquiaberto, estendendo a mão para tocar
meus dedos ao longo do lado de sua cabeça, batendo com um pouco mais de
força do que o necessário. — Agora estamos começando a entender. — Eu
me levanto, olhando para ele. — Cada ação tem uma consequência Francis.
Isso é o que acontece quando você se intromete onde não pertence.
Ataco com outro soco, desta vez em suas costelas, curvando-me com ele
para falar com o lado de seu rosto. — Os próximos são por Beverly.
Donatello sai para ficar ao meu lado, os olhos indo para o pôr do sol
também enquanto eu sopro a fumaça para o céu. — Andrea chamou alguns
dos soldados para virem cuidar de seu corpo. — Eu aceno, mais fumaça
saindo dos meus lábios. — Aonde você vai agora?
— Seu pai sofreu um acidente. Ele está morto. — Puxo minha camisa
ensanguentada sobre a minha cabeça e a jogo fora, enquanto ela fica
boquiaberta em choque silencioso. Seus olhos olham para mim como se ela
acabasse de ver o sangue. Eu lavei minhas mãos e braços antes de vir aqui,
mas minhas roupas e nós dos dedos ensanguentados e machucados não
podiam ser lavados. — Você vai voltar a morar com sua mãe.
— Você o matou, não foi? Não foi?! — Ela está gritando do sofá, as mãos
segurando as almofadas enquanto seus olhos se enchem de
lágrimas. Quando eu não respondo, ela grita comigo. — Você é um monstro
do caralho, Remy!
Ando em sua direção, levanto minha mão para enxugar as lágrimas que
caem pelo seu rosto enquanto ela treme. — Talvez. Que bom que nosso
casamento é falso, então você não está amarrada a um monstro como eu.
— Levemente acaricio sua bochecha com seu silêncio atordoado, observando
enquanto ela tenta juntar as peças de tudo o que está acontecendo. Eu largo
minha mão dela. — Um carro estará aqui em uma hora para buscá-la. Eu
sugiro que você se apresse.
Eu me afasto dela, saindo da sala enquanto ela grita nas minhas costas,
a voz tremendo enquanto ela grita, — Foda-se, Remy! Foda-se!
BEVERLY
Estou sentada no sofá, olhando para a peônia cor de vinho escura que
foi deixada na minha porta na noite anterior. Meus dedos esfregam
levemente as pétalas ligeiramente murchas, o cheiro suave delas aderindo
aos meus dedos. Eu não tenho que adivinhar quem a enviou. Eu sei.
Meus olhos encontram o relógio no fogão. Ele ainda tem sete minutos
para chegar aqui. Sete minutos antes de meu coração quebrar bem no meio.
Quase ouço a batida leve na porta, quase me convenço de que foi
invenção da minha imaginação até que soa novamente. Meu peito sobe e
desce três vezes antes de encontrar minha voz. — Está aberto.
Dedos tatuados levantam meu queixo quando eu não olho para cima,
seu polegar roçando meu lábio inferior. Seu olhar de mel queima minhas
feições e meus olhos mudam para o relógio, dois minutos restantes. Meus
olhos encontram os dele novamente. — Você quase não conseguiu.
Meus dedos cavam na flor em meu colo, meu coração roçando aquele
pedaço de esperança em meu peito. Eu quero pular de cabeça nisso, mas
preciso ter certeza antes de me permitir cair de volta em Remy. — O que
você quer dizer com era falso?
Ele puxa meu rosto para o dele, entrando no meu espaço do jeito que eu
amo, sua respiração soprando em meus lábios. — Contratamos um padre
falso, não é legalmente vinculativo. Todo o nosso relacionamento era falso,
um show para apaziguar o pai dela e a Famiglia. — Ele pressiona sua testa
na minha. — Eles me fizeram terminar com você. Você sabe que eu nunca
faria isso. Eu sei que você sabe que eu nunca a escolheria em vez de você.
— Ele diz como se precisasse que fosse verdade, como se pudesse quebrá-lo
ao me ouvir dizer qualquer outra coisa.
Qualquer outra coisa seria uma mentira. Mesmo com todas as minhas
inseguranças, eu sabia no meu coração que ele ainda era meu. Eu sabia que
ele ainda me queria. Respiro fundo, suas palavras desesperadas
serpenteando entre minhas costelas. Uma lágrima escorre pela minha
bochecha e ele se levanta da minha testa, enxugando-a com o polegar. Eu
posso ver o flash de dúvida em seus olhos, a preocupação gravada em seu
rosto. Uma demonstração de emoção que ele apenas me permitiria ver. Ele
acha que estou chorando porque não acredito nele.
— Porra, Bev, você tem que dizer alguma coisa. — Suas mãos deixam
meu rosto para agarrar as minhas mãos. Ele pressiona um beijo em uma
palma e depois na outra, colocando-os em suas próprias bochechas. — Cuore
Mio, fale comigo.
Ele passa a mão pelo meu cabelo, afastando-o do meu rosto. — Agora
você vem para casa comigo. Viva comigo. Deixe-me passar horas
compensando todo o tempo que foi roubado de nós. Deixe-me amar você,
como eu deveria estar me sentindo todo esse tempo.
Ele sorri, uma covinha marcando sua bochecha. — Eu disse que estava
indo atrás de você. Não estou perguntando.