Mine (Bloody Business 0.5) by AJ Wolf

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 251

A tradução foi efetuada pelo grupo Sunshine Books, fãs e admiradores

da autora, de modo a proporcionar ao leitores e também admiradores o


acesso à obra, incentivando à posterior aquisição. O objetivo do grupo é
selecionar livros sem previsão de publicação no Brasil, traduzindo-os e
disponibilizando-os aos admiradores, sem qualquer forma de obter lucro,
seja ele direto ou indireto.

Levamos como objetivo sério, o incentivo para seus admiradores


adquirirem as obras, dando a conhecer os autores que, de outro modo, não
poderiam, a não ser no idioma original, impossibilitando o conhecimento de
muitos autores desconhecidos no Brasil.

A fim de preservar os direitos autorais e contratuais de autores e


editoras, o grupo Sunshine poderá, sem aviso prévio e quando entender
que necessário, suspender o acesso aos livros e retirar o link de
disponibilização, daqueles que forem lançados por editoras brasileiras.

Todo aquele que tiver acesso à presente tradução fica ciente de que o
download se destina exclusivamente ao uso pessoal e privado, abstendo-se
de o divulgar nas redes sociais bem como tornar público o trabalho de
tradução do grupo, sem que exista uma prévia autorização expressa do
mesmo. O leitor e usuário, ao acessar o livro disponibilizado responderá
pelo uso incorreto e ilícito do mesmo, eximindo o grupo Sunshine de
qualquer parceria, coautoria ou coparticipação em eventual delito cometido
por aquele que, por ato ou omissão, tentar ou concretamente utilizar a
presente obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos
termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.
Aponte seu celular para o QR Code ou clique no link abaixo

Clique Aqui

(Ouça Give me de Boy In Space durante o capítulo 10... não faça


perguntas... apenas faça isso ;)
Este livro contém linguagem adulta, conteúdo sexual, algum sangue /
violência e um triângulo amoroso. Por favor, leia a seu próprio critério.
Ela arrancou poemas,

De minha carne,

Em lutas,

E Sexo.

-ATTICUS
BEVERLY

Minha história está manchada por um homem em particular.

Remy Oliver Luciano.

O futuro Capo Famiglia da Máfia Italiana e perdição da minha


existência, que saiu de seu caminho para me atormentar em todas as
oportunidades que teve. Para alguém que alegava que eu não era nada mais
do que uma pirralha mimada, ele passou muito tempo se certificando de que
eu estava suficientemente irritada com ele. Ele manchou meu passado como
tinta derramada, manchando meus dedos sempre que tentei limpá-lo.

Um sorriso de escárnio ardente. Uma observação sarcástica. E um


primeiro beijo roubado.

Três respingos gigantes de tinta que afundaram um pouco mais do que


o resto. Minhocas de goma azeda. Um apelido.

Mais duas gotas, mas não eram tão escuras, menos agressivas no
papel. Sua lenta persistência torturante parecia menos com uma mancha e
mais com o início de uma pintura. Todas aquelas coisas que eu amava odiar
começaram a borrar nas bordas, a tinta desbotando para revelar o texto por
baixo.

Uma mensagem escrita com luxúria, desgosto e amor implacável


começou a sangrar através do preto áspero, uma caligrafia rabiscada crivada
de pequenos respingos de tinta.

Essas memórias agridoces não pareciam tão podres quanto pareciam


originalmente, mas apenas o início de nossa história de amor quebrada e
confusa.

Um sorriso de escárnio ardente feito de um olhar quente de mel.

Uma observação sarcástica que foi dividida por uma covinha piscante.

E um primeiro beijo roubado que tinha um gosto tão doce quanto açúcar
queimado.

Agora, enquanto olho para a nuca de Viva, observando-a se afastar com


o coração ainda intacto, não posso deixar de ver essas manchas pela beleza
que sempre foram.

— Você o ama? — Minha voz soa mais forte do que eu sinto, grito com
ela alto o suficiente para ela parar. Quando ela se vira para olhar para mim,
eu me repito. — Você o ama?

Ela suspira, os olhos olhando ao nosso redor, em vez de para mim. —


Não importa, Beverly. Apenas deixe ir.

Engulo o nó na minha garganta tentando espremer as lágrimas dos


meus olhos e faço o meu melhor para lutar contra elas. — Não importa?
— Respiro fundo, uma risada sem humor escapando do meu peito. — Você
sabe alguma coisa sobre ele? Você ao menos se importa?

Ela abre a boca, mas eu a interrompo, minha dor se transformando em


raiva.

— Pela primeira vez na minha vida, gostaria de ser outra pessoa. Eu


queria ser você. — Eu engulo, com raiva enxugando uma lágrima solitária
que escapa. — Aquele homem que você vê como uma forma de subir na
escada social, para viver sua vida de esposa troféu perfeita, é a porra da
minha alma. Saber que não posso tê-lo quando você o faz, vê-lo estar com
você quando deveria estar comigo é fisicamente doloroso. Me deixa doente.

Seus braços se cruzam sobre o peito, mas ela não me impede, seus olhos
correndo ao longo das lágrimas agora rastreando minhas bochechas.

— Ele segurou meu coração atrás de suas costelas desde que me


lembro. Sempre foi dele, mesmo quando eu era muito teimosa para ver. Ele
é tudo para mim, Viva. Você está tirando a única pessoa que eu posso e
amarei e você pode parar com isso. Você não tem que fazer isso.

Seus cachos loiros se erguem ao redor de seus ombros com a brisa, o sol
brilhando em sua cabeça dourada como uma auréola. — Este é o mundo real,
não um conto de fadas com o seu felizes para sempre. É hora de seguir em
frente e crescer, Beverly. — Sua voz é suave para combinar com sua
aparência pitoresca, mas suas palavras têm gosto de bile no fundo da minha
garganta. — Nos vemos no casamento, Bev. Não se esqueça de usar rosa.

Ela se vira em um travesseiro de chiffon perfeitamente estilizado e


renda, seus saltos esmagando o cascalho enquanto ela se afasta de mim e do
meu coração sangrando.
BEVERLY

Onze anos de idade

— Toque-me de novo e quebro seu dedo. — Sussurro na direção de


Julian enquanto saímos do carro, curvando meu lábio com sua risada em
resposta.

— Eu nem estou tocando em você, Bev.

Ele desliza o dedo na parte de trás da minha cabeça enquanto seguimos


nossos pais em direção à casa e eu giro, puxando sua mão para mim antes
de dobrar seu dedo para trás até que ele grite. — Pare de enlouquecer e me
tocar. — Ele está sorrindo em meio à dor, seus olhos castanhos saltando de
mim para nossa mãe, sabendo que estou prestes a receber gritos. É o seu
passatempo favorito, causar problemas e observar as consequências que
geralmente envolvem a punição.
— Beverly Hunter! Solte seu irmão agora mesmo! — Minha mãe
sempre dramática quase grita comigo, segurando o peito como se estivesse
chocada além da conta com meu comportamento. Altamente duvidoso,
considerando tudo que eu faço a faz suspirar assim.

Dando mais um aperto em seu dedo, solto sua mão e começo a voltar
em direção a casa. Caminho largo em torno de minha mãe, certificando-me
de ficar fora de alcance; ela provavelmente não me bateria em público por
causa da cena que causaria, mas ela é mais sorrateira do que isso. Seu
favorito é beliscar meu pulso até que eu não possa deixar de me contorcer,
sorrindo enquanto ela me repreende entre os dentes como se nada estivesse
acontecendo. Ela é mestre em manter as aparências.

Para a sorte dela, não me importo com o que qualquer uma dessas
pessoas pensa.

— Por que estamos aqui? Quem se importa com o primeiro emprego


desse garoto. — Falo a Julian quando ele chega ao meu lado, caminhando
comigo pelas portas francesas abertas e entrando na casa.

— Esse garoto... é o futuro chefe, Bev. Literalmente, todo mundo se


importa. É por isso que há uma festa. — Ele está sorrindo para cada garota
por quem passamos, os dedos acenando quando se preocupam em devolver
o olhar.

Sinto meu lábio curvar em uma careta com a menção de - o futuro chefe
-. Deus, espero poder evitá-lo esta noite.

— Posso garantir que essas garotas MAIS VELHAS não se importam


com uma criança de onze anos como você. — Meus olhos vagam por toda a
decoração abafada de aparência antiga enquanto caminhamos pela casa. —
Onde estamos, afinal?

Ele bate no meu braço quando chegamos ao quintal, empurrando com


força suficiente para que eu tropece no degrau mais leve. — Não seja uma
estraga prazeres, Bev. — Ele sorri com a minha carranca, enfiando as mãos
nos bolsos da calça enquanto encontramos um lugar para ficar perto da beira
do quintal. — Eu não sei. Uma das casas do velho Capo. Georgio, talvez?

Solto um suspiro profundo, olhando para todas as cabeças


excessivamente vestidas e já odiando a festa antes mesmo de começar. Meus
olhos caem de volta no rosto sardento do meu irmão, um que combina
perfeitamente com o meu. Somos idênticos em todos os sentidos; cabelos
escuros, olhos castanhos e bochechas pontilhadas de sardas que escurecem
ao sol de verão. Onde diferimos está em nossas personalidades. Ele gosta da
companhia de outras pessoas, onde eu certamente não gosto. — Haverá pelo
menos comida ou devemos apenas andar por aí e fingir que estamos dando
a mínima?

— Se você não dá a mínima, então por que está aqui?

É dito em meu ouvido e eu pulo, virando-me para bater na pessoa por


trás da voz para longe de mim. Meu braço é pego antes de fazer contato, um
olhar de mel escuro zombando de mim.

Puxo meu braço para trás, mas me mantenho firme, meu próprio rosto
se contraindo ao ver Remy Luciano. Cinco anos mais velho do que eu e a
ruína da minha existência, Remy sempre encontra uma maneira de me
irritar pra caralho. Infelizmente para mim, fui forçada a ficar perto dele
desde que pude andar por causa do relacionamento de meu pai com a
Família Capo, também conhecido como pai de Remy. Aparentemente, sou a
única que acha preocupante que esse idiota seja um dia o chefe da máfia
italiana.

O cabelo quase preto de Remy brilha no brilho das luzes penduradas,


uma pequena tatuagem piscando no topo de sua camisa. Ele está sempre
encontrando uma desculpa para fazer algum tipo de tinta, tenho certeza que
ele acha que o faz parecer durão. Seus olhos de mel ainda estão estreitos no
meu rosto, a covinha marcando sua bochecha me dizendo o quanto ele ama
o olhar de nojo que estou lhe dando. — Como se eu estivesse aqui se não
precisasse estar.

Ele cantarola e eu sinto minha carranca se aprofundar. Cada coisa que


ele faz é um aborrecimento. — O que? Ainda é muito pequena para ficar em
casa sozinha? Baby Bev não consegue se cuidar?

— Não. Me. Chame. Disso. — É assobiado por entre os meus dentes,


mãos tremendo com o esforço que leva para não trazê-las para cima e dar
um tapa nele enquanto ele ri.

— Ou o que? Você vai ter um ataque? Bater em mim? Não estou


preocupado, Baby Bev. — Ele estende a mão para puxar levemente a ponta
do meu cabelo e eu bato em seu braço, fazendo-o rir.

— Um dia desses vou tirar as covinhas idiotas da sua cara idiota.


— Julian bufa com a minha réplica coxa, sugando seus lábios entre os dentes
para esconder seu sorriso quando meus olhos estreitam seu caminho.

— Uau. Você realmente tem jeito com as palavras. Sua mãe está te
ensinando em casa, Baby Bev? É por isso que você é tão estranha? — Seus
olhos encontram os de Julian por cima do meu ombro quando eu olho de
volta para ele, uma daquelas covinhas estúpidas zombando de mim. Ele
sabe muito bem que não sou educada em casa. Nós vamos para a mesma
maldita escola, todas as crianças mafiosas vão.

— Você sabe o que, Remy? — Eu espero até que seus olhos estejam de
volta no meu rosto antes de endireitar minha coluna para cuspir minhas
palavras para ele. — Vá se ferrar.

Ele balança a cabeça com a minha resposta ridícula, levantando uma


mão questionadora na direção de Julian, que atualmente está rindo por trás
da mão em vez de tentar me ajudar de alguma forma. — Me ferrar? Você
quer dizer foder? Você está tentando amaldiçoar?

Eu estendo o braço para trás e bato em Julian quando ele começa a rir,
olhando para o estúpido rosto sorridente de Remy. — Eu quero dizer o que
eu disse. Vá. Se. Ferrar. Remy. — Percebo o quão estúpido parece, mas
estou muito investida neste ponto e não estou prestes a recuar para este
idiota.

— Isso é rude. — Ele sorri para Julian, a língua passando por seus
dentes enquanto seus olhos caem em mim. — Vá você, Baby Bev.

— Julian cala a boca. — Grito por cima do ombro para meu irmão,
cruzando os braços sobre o peito para esconder os punhos. — Você não tem
coisas melhores para fazer do que me incomodar? Por que você não vai
incomodar outra pessoa, como Stephanie. Tenho certeza que ela adoraria.

— Provavelmente sim, Baby Bev. Acredite ou não, a maioria das


garotas gosta quando eu converso com elas. — Ele ignora meu murmúrio, -
Duvido, - falando sobre mim. — Além disso, elas provavelmente chorariam
se eu mexesse com elas, você é mais divertida.
Ele pisca para a minha zombaria, imitando minha postura da maneira
que ele sempre faz, me irritando ainda mais. — Eu NÃO sou divertida.

Sua risada me dá vontade de vomitar. — Sim, exatamente.


— Descruzando os braços, ele passa por mim, batendo levemente no braço
de Julian enquanto ele começa a se afastar. — Boa conversa Julian, tente
manter sua irmã fora da sobremesa desta vez.

Dou um soco no braço de Julian enquanto ele começa a rir de novo,


fazendo cara feia atrás de Remy. Ele está se referindo à última festa de
aniversário em que estivemos, onde disse a todos que comi todo o bolo que
nunca foi entregue porque foi para a casa errada. — Eu não comi aquele
bolo, Remy!

Ele mostra uma covinha por cima do ombro enquanto murmura: —


Claro. — Antes de desaparecer na multidão.

— Eu o odeio. — Ainda estou olhando para a multidão, franzindo a


testa com tanta força que estou ficando com dor de cabeça. — Por que você
nunca me defende? — Bato no braço de Julian, olhando para ele enquanto
ele esfrega o local que eu já bati várias vezes. — Você é meu gêmeo. Não
deveria incomodar você? Você não deveria ficar bravo quando eu estou brava
ou algo assim?

Ele ri, ainda esfregando o braço. — Você fica brava quando eu estou
bravo? Porque não. Não, eu não. — Eu franzo os lábios enquanto ele
continua: — E quem sou eu para entrar no meio de uma boa paixão?

— A paixão súbita? Não seja nojento, Julian. — Finjo um arrepio,


movendo meus ombros como se eu tivesse os rastejantes assustadores. — Eu
não tenho uma queda por aquele idiota.
— Eu não estou falando sobre você. — Ele sorri ao ver meu rosto,
encolhendo os ombros.

— Cale-se. — Solto um grande suspiro, puxando a saia do vestido idiota


que estou usando. — Estou com fome. Ajude-me a encontrar um pouco de
comida.

Ele segue atrás de mim enquanto fazemos o nosso caminho para a área
da festa, acenando para algumas das outras crianças aqui quando
passamos. Ao contrário de mim, Julian realmente gosta dessas
pessoas. Doente.

Minha mãe agarra meu braço enquanto tento passar e isso me assusta,
não a ver antes que ela já estivesse agarrada em mim. — Beverly. — Ela
está sorrindo, mas o leve brilho em seus olhos me diz que ela está irritada
comigo. —Francesca estava me contando como você e o filho dela se dão bem.
— Seus olhos me deixam e voltam para a esposa de Capo da Famiglia. —
Eu não sabia que vocês dois eram tão próximos.

— Não somos. — Minha mãe aperta meu braço em aviso à minha


resposta, o rosto ainda sorrindo para a outra mulher. Eu franzo a testa ao
lado de sua cabeça antes de me virar para olhar para Francesca. Ela já está
sorrindo para mim quando nossos olhos se encontram, seus dentes
perfeitamente brancos quase brilhantes das luzes penduradas acima.

Ela provavelmente passa mais tempo se preparando para o dia do que


cuidando de qualquer um de seus filhos. Eu duvido que Remy alguma vez
tenha dito algo sobre mim para ela. Acho que a vi passar um total de cinco
minutos com qualquer um dos filhos e isso quer dizer algo, considerando que
sou sempre forçada a estar perto dessas pessoas. Vantagens de seu pai ser
um amigo íntimo do The Boss1 e um de seus homens favoritos.

— Sei molto carina stasera, Beverly. — Seu rosto perfeitamente sem


rugas não combina com a suavidade de sua voz. — Você está muito bonita
esta noite, Beverly.

— Eu não tenho ideia do que você acabou de dizer. — Estremeço quando


minha mãe aperta meu braço ainda mais forte, uma risada nervosa
borbulhando dela e trazendo a atenção de Francesca de volta para ela.

— Peço desculpas, Francesca, Beverly está um pouco atrasada nos


estudos de línguas.

Julian se inclina nas minhas costas, sussurrando em meu ouvido: —


Basta dizer obrigado.

Arrancando meu braço do aperto de minha mãe, eu rapidamente dou


um passo para o lado e fora de alcance. — Obrigada, Francesca.

Seus olhos escuros voltam para mim, outro sorriso plástico no


lugar. Felizmente, sou salva de ter que continuar a conversa estranha
quando alguém começa a bater no vidro, chamando a atenção de todos
naquela direção.

Agarrando a manga da camisa de Julian, eu o puxo para longe de nossa


mãe, deixando cair sua manga uma vez que deslizamos longe o suficiente
através da multidão que está fora de vista. — Eu não suporto essa mulher.

1
O chefe.
— Mãe ou Francesca?

Eu olho de volta para o sorriso de Julian com um dos meus. — Às vezes


ambas, mas agora? Francesca.

Ele ri e eu me sento na beira de um vaso de planta gigante enquanto


fingimos ouvir qualquer discurso que esteja sendo gritado na
multidão. Julian continua falando, mas eu fico olhando para o locutor, sem
me preocupar em ouvir. Nunca encontramos comida e meu estômago está
roncando.

Ele cutuca meu braço, chamando minha atenção. — Me ouviu?

— Não.

— Você precisa aprender italiano, Bev. A maioria das crianças sabe


mais do que você.

— Então? Tenho certeza de que todos falam inglês também. — Ele


balança a cabeça e eu olho para longe dele. — Além disso, irrita nossa mãe
que eu me recuse a aprender e isso é mais gratificante do que passar horas
aprendendo uma língua com a qual não me importo.

— Você é teimosa demais para o seu próprio bem, Bev.

Eu rolo meus olhos, a mão cobrindo meu estômago enquanto ele rosna
novamente. — Vou encontrar as mesas de comida. — Empurro meu assento
improvisado, olhando para Julian. — Você está vindo?

Ele balança a cabeça, cruzando os braços. — Nah. Mas me traga algo


de volta.
Percebo no meio do caminho em minha caça por comida que as mesas
do buffet estão atrás do homem que ainda continua com seu anúncio
interminável e decido ir em direção à cozinha principal. Não sei de quem é
esta casa, mas duvido que eles se importem se eu der uma olhada em sua
despensa.

A babá dos Luciano está na cozinha quando eu finalmente a encontro,


balançando o Luciano mais novo no joelho enquanto ela olha para o
telefone. Ela mal me lança um olhar quando entro na sala, continuando sua
rolagem. Aparentemente, todo mundo que mora na casa do Luciano é
extremamente agradável. Ignorando sua carranca irritada, pego o pacote de
biscoitos que está na mesa ao lado dela e puxo alguns para fora, entregando
um a Delaney em seu colo.

— Você não se importa em compartilhar isso, não é? — Eu sorrio para


seu rosto babado, olhando para sua babá. Já a vi mais de uma dúzia de
vezes, mas não tenho ideia de qual é o nome dela. — Eu gostaria de poder
ficar aqui com você. O entretenimento é péssimo.

Ela apenas sorri, balbuciando seu biscoito.

— Posso levá-la? — A babá olha para mim e encolhe os ombros,


fazendo-a passar por alto.

— Estarei de volta em dez minutos.

Apenas aceno, entregando a Delaney outro biscoito. Assistindo a babá


sair, eu me sento, olhando ao redor da cabeça de Delaney para espiar pelas
janelas. — Talvez, se eu tiver sorte, ela se esqueça de voltar e eu não precise
voltar lá.
Ela apenas balbucia de volta e eu aceno, continuando a conversa comigo
mesma. — Eu ouço você, irmã. Esta festa é uma das mais idiotas em que já
estive. E o convidado de honra? Ai credo. O pior.

Ela ri da cara que eu faço e eu rio com ela, zombando de Remy em um


jogo. — Ele é tão nojento. Eca. — Outra risadinha. — Ele cheira a pés. Ai
credo. — Eu rio com ela da última vez, pegando outro biscoito e comendo eu
mesma quando vejo que ela ainda está com a metade mastigada na mão.

— Não, mas sério, eu não sei como você vive com ele. Eu fugiria.

— Non stai parlando di mio figlio, vero? — Você não está falando do
meu filho, está?

Minha cabeça se vira para a entrada do Capo Famiglia, retribuindo o


sorriso. Ao contrário de sua esposa, ele não irradia gentileza falsa. Ele usa
suas emoções em sua manga e, felizmente, tudo o que ele já me mostrou
foram coisas agradáveis.

— Não sei o que você disse... posso adivinhar que a resposta é sim?

Ele ri, os olhos enrugando com o som. — Vi a babá lá fora e vim ver
quem roubou Delaney dela. Eu deveria saber que seria você.

Uma rodada de palmas dispara do lado de fora e nós dois olhamos para
as janelas. — Você não deveria estar lá fora? É a festa de Remy.

Ele balança a cabeça, ainda parado no lugar e sem se mover para


sair. — Talvez eu odeie essas festas tanto quanto você, piccolina2.

2
Pequena
Eu rio, usando a ponta da minha saia para limpar a baba do rosto de
Delaney. — Eu duvido.

Ele me olha de lado, a covinha em sua bochecha peluda piscando para


mim; uma versão menos irritante de seu filho. — Talvez você e Remy sejam
melhores amigos mais do que você pensa.

Eu franzo o rosto para ele, o olhar fazendo Delaney rir novamente. —


Sem desrespeito, Capo Famiglia, mas você está incrivelmente errado.

Ele ri, movendo-se em direção à porta. Suas palavras quase se perdem


no som da festa quando ele a abre, — Eu duvido.
BEVERLY

Quatorze anos de idade

— Eu pareço uma idiota.

Julian ri de mim, seu rosto pairando atrás do meu no espelho.

— Você não...

Eu o interrompo com um olhar feroz. — Não minta para mim.

Seus dentes brilham em seu reflexo enquanto ele dá um passo para


longe das minhas costas. — Não é o melhor visual para você. — Ele ri
enquanto minha expressão fica ainda mais azeda, os olhos varrendo minha
roupa antes de encontrar os meus no espelho mais uma vez. — Você parece
um peregrino. Como um bem picante, com os tornozelos à mostra e toda
aquela pele. — Seus dedos acenam para a renda transparente cobrindo meu
peito e braços com desgosto fingido. — Você seria evitada com certeza.

Eu giro e cruzo os braços, carrancuda sobre sua roupa muito normal. —


Por que eu tenho que usar isso quando você não tem que se vestir bem? Isso
é ridículo pra caralho.

— Beverly! — Meus olhos quase rolam para a parte de trás da minha


cabeça com a voz da minha mãe, caindo para encontrá-la olhando para mim
da porta.

— Isto é. Pareço uma porra de uma idiota e isso não é justo. — Ela tem
a audácia de parecer chocada com a minha explosão, olhando ao redor da
sala como se ela não pudesse imaginar que é com ela que estou falando.

— Eu não sei onde você aprendeu essa sua boca suja, mas
pare. AGORA. — Ela ignora o meu murmúrio, — Tanto faz, — caminhando
para ajustar a camisa já perfeitamente dobrada de Julian. — E você não
parece uma idiota. — Ela diz a palavra como se fosse uma maldição,
franzindo o rosto em torno dela. — Você está muito chique e
sofisticada. Como aquelas modelos de passarela que vimos no ano passado.

— Aquelas que estavam usando o equivalente a sacos de lixo


Burberry? Porque eu realmente vou concordar com isso. — Ela franze a
testa para mim, abotoando o botão de cima da camisa de Julian enquanto
ignora sua sufocação fingida. — As outras meninas estão usando pelo menos
o mesmo tipo de lixo?

Ela se afasta de Julian, os olhos varrendo o vestido xadrez preto e


branco que estou usando com aprovação. — Elas também ficarão bonitas,
tenho certeza.
Meus olhos encontram os de Julian e posso dizer que ele está pensando
a mesma coisa que eu. Então não, eu serei a única vestida como uma idiota.

— Onde está o papai? Ele viu este vestido? Todos os seios


aparecendo? Todo o top é transparente, você pode literalmente ver meu
sutiã. — Começo a seguir minha mãe para fora da sala, quente em seus
calcanhares enquanto ela me ignora, resmungando baixinho com a minha
reclamação. — Não tem como ele aprovar isso.

— Não seja ridícula, Beverly. Você tem quatorze anos. Qualquer


bobagem que você acha que está aparecendo está bem coberto pelo seu lenço.
— Seus olhos encontram os meus brevemente por cima do ombro. — Metade
do tempo eu grito para você usar sutiã e agora você está preocupada se não
é o suficiente? — Ela balança a cabeça, outro tut3 franzindo os lábios.

Solto um suspiro irritada, segurando meu punho na direção de Julian


com sua risada. — Eu sinto que você está me insultando. — Eu vejo nosso
pai na porta da frente e passo rápido pela minha mãe. — Pai! Olha esse
vestido! Não é revelador demais para alguém da minha idade? Um mamilo
pode cair a qualquer segundo!

Ele olha além de mim e para minha mãe, esfregando os olhos para
qualquer olhar que ela lhe dê. — Beverly, por favor, não fale sobre seus
mamilos. É perturbador. — Ele deixa cair as mãos, o olhar em seu rosto
dizendo que ele não gosta muito do meu vestido, mas ele não vai dizer
isso. — Você parece bem.

3
produzir um som estalando a língua para expressar reprovação, impaciência, desprezo, etc
— ECA! — Passo por ele e abro a porta, deixando-a bater contra a
parede, mesmo enquanto minha mãe repreende meu comportamento. — Eu
odeio isso aqui.

Aperto meus lábios enquanto deslizo para a parte de trás do carro que
papai parou na frente mais cedo, cruzando meus braços enquanto Julian
desliza ao meu lado. — Se um mamilo cair, você será a garota mais popular
lá.

Eu franzo o cenho para o seu sorriso. — Estúpido.

Leva muito menos tempo do que eu teria preferido para chegar à


propriedade dos Luciano, e bato levemente minha testa contra o vidro
enquanto passamos pelos portões. Julian belisca levemente meu braço e eu
bato em sua mão, sentando-me. — Pai, estou doente. Leve-me para casa
para que eu não vomite nos pratos do jantar.

— Beverly. — Eu franzo a testa na parte de trás da cabeça de minha


mãe, ao ouvir sua voz, em seguida, dou a meu pai um olhar igualmente
irritado no espelho retrovisor até que ele olhe de volta para a estrada.

— Achei que você não se importasse com o que as pessoas pensavam?


— Julian pergunta quando meu pai para, e eu desabotoo, observando-o abrir
a porta.

— Eu não me importo. — Saio pelo meu lado, batendo a porta com um


pouco mais de força do que o necessário e espero Julian chegar ao meu
lado. — Me importo com o que eu penso. E eu acho que pareço uma idiota.

Começamos a caminhar em direção à casa, contornando os fundos de


onde já se ouve as vozes dos outros hóspedes. — Bem, por que você não muda
o que você pensa? — Eu olho para ele enquanto ele segura o portão aberto
para mim, passando. — Se você disser a si mesma que gosta, não será tão
infeliz.

— Fácil para você ter uma solução quando você não é aquele que parece
um idiota. — Ele apenas ri e eu examino a multidão. Não sou a única de
vestido, mas sou a única que parece ridícula. — Para que é essa festa de
novo?

— Você presta atenção em alguma coisa? — Ele pega uma bebida de


uma bandeja de garçons enquanto passamos, engolindo o que quer que seja
com uma careta antes de colocar o copo vazio em outra bandeja. —É um
leilão silencioso para a instituição de caridade canina de Mama Spinoza.

Agora que ele diz isso, começo a notar todos os banners pendurados ao
redor da propriedade, fotos de cachorrinhos feios com olhos redondos colados
em cada um, um pôster gigante no meio mostrando a própria Mama
Spinoza. Ela é uma mulher mais velha e vaidosa, tendo perdido o marido há
um tempo, ela gasta seu tempo e dinheiro dando a si mesma e aos
cachorros. Ela também tem uma queda óbvia pelo primeiro e único Remy
Luciano. — Por que está aqui?

Ele apenas dá de ombros, pegando dois copos desta vez, entregando um


para mim. — Não sei. Aqui, este parece melhor do que o último.

Jogando-o de volta, estremeço quando ele queima meu estômago,


deixando cair o copo em uma mesa vazia. A vantagem de ser uma criança
mafiosa é a clemência na hora de beber. Sempre há uma festa ou alguma
reunião, sempre bebendo, e nunca um adulto atencioso, contanto que você
não faça papel de bobo. — Foi melhor? Porque tinha gosto de merda.
Eu vejo sua cabeça balançar e rir, agarrando uma cadeira da mesa mais
próxima para arrastar atrás de mim. Julian faz o mesmo e seguimos para a
periferia da reunião. Andrea, filho de outro Capo que trabalha em estreita
colaboração com o Capo Famiglia, deve ter tido a mesma ideia que nós,
porque ele acena em agradecimento quando colocamos nossos assentos ao
lado dele. — O que diabos você está vestindo, Bev?

— Roupas. Você não deveria ter idade suficiente para descobrir isso
sozinho? — Ele balança a cabeça para mim, o cabelo escuro solto enrolando
em torno de suas orelhas. Além de seus braços cruzarem o peito e seus olhos
azuis bebê rolando para longe de mim, ele não responde. Três anos mais
velho do que eu e meu irmão, ele sempre emite uma vibração de 'eu sou
muito legal para você', mas na maioria das vezes é apenas uma atuação. Nós
o conhecemos por toda a vida e apesar de como ele gosta de agir duramente,
ele é realmente um grande fofo. Eu considero ele mais um irmão do que um
amigo íntimo e, mesmo que ele nunca admitisse, eu sei que os sentimentos
são mútuos.

Julian se inclina para descansar os braços sobre os joelhos para que


possa olhar além de mim para Andrea. — Onde está Remy? — Ele se tornou
um tanto obcecado com o futuro chefe desde que tirou seu Omertà4 alguns
meses atrás e dizer que acho isso um aborrecimento é um eufemismo
selvagem.

— Quem se importa. — Ambos me ignoram.

4
Código de honra da máfia que dá importância ao silêncio. O Omertà tem várias implicações, uma delas
é não cooperar com a polícia, e mesmo que inocente cumprir a pena ainda que o verdadeiro culpado não faça
parte da máfia.
— Provavelmente preso com Mama Spinoza. — Ambos riem e eu franzo
os lábios. Esperançosamente, ela o mantém a noite toda.

Depois de dez minutos por muito tempo sem ouvir nada além de
balbucios inúteis de meus companheiros, eu me levanto batendo em minhas
coxas. — Bem. Não que ouvir vocês dois tagarelando sobre o todo-poderoso
Remy não seja extremamente interessante, mas vou encontrar outra coisa
para fazer antes de vomitar.

Andrea revira os olhos com a minha reverência de despedida, e eu giro


em direção às mesas do leilão, fazendo gestos obscenos por cima do meu
ombro enquanto Julian grita sobre ‘manter meus mamilos contidos’.

Pegando uma caneta perdida, começo a escrever nomes aleatoriamente


com lances ultrajantes, silenciosamente rindo de mim mesma enquanto
escrevo o nome de Remy ao lado de um lance de quatrocentos dólares sob
um autorretrato de Mama Spinoza e seu cachorro.

Um longo braço bronzeado se estende ao meu redor, o punho fechando


em torno da caneta em minha mão. Há mais tatuagem espalhada ao longo
do membro do que eu me lembro de ter visto da última vez, uma tatuagem
de aparência fresca brilhando em seu antebraço. Eu aperto a caneta com
mais força, não a deixando ser arrancada dos meus dedos.

— Você colocou o nome errado aqui. — Remy tenta forçar a caneta em


direção ao seu nome, mas eu luto com ele.

— Não, eu não coloquei. — Ele empurra minha mão e deixa uma longa
linha irregular no papel, sem seu nome.

— Mude. — Rosna em meu ouvido e cerro os dentes.


— Não. — Empurro meu braço com força suficiente para desalojá-lo,
jogando a caneta antes que ele possa pegá-la. Ela bate na nuca de alguém,
mas eu rapidamente me viro antes que eles vejam quem a jogou. Remy está
perto demais para seu conforto, então eu empurro seu peito, fazendo-o dar
um pequeno passo para trás. — Saia de perto de mim.

Seus olhos estreitam em meu rosto antes de passar rapidamente por


minha roupa, uma sugestão de covinha marcando sua bochecha. — Por que
diabos você está pelada?

Inclino minha cabeça para trás com uma sobrancelha levantada. —


Estou usando um vestido. E eu amo isso.

— Parece que você está prestes a piscar para todo mundo aqui.

— Talvez eu vá. Com certeza vai apimentar este festival. — Cruzo


meus braços e ele faz o mesmo, nós dois estamos carrancudos quando um
dos muitos seguidores de Remy, Tray, surge ao nosso lado.

— Ei, Beverly, vestido novo?

Eu respondo sem tirar meus olhos de Remy, franzindo os lábios com a


minha crescente irritação por ele não ir embora. — Sim. Não é fofo?

Tray vai responder, mas Remy o interrompe com um rápido olhar em


sua direção. — Ela tem quatorze anos. Você não gosta disso.

— Ele tem razão. Eu não gosto disso.

Tirando meus olhos de Remy, eu olho para ele. — Isso é rude.


Ele encolhe os ombros desajeitadamente olhando para Remy antes de
falar, — Me desculpe?

— Não, ele não é. Você deve mudar.

Meus olhos voltam para Remy, tirando um pouco do cabelo que caiu do
meu coque do meu rosto. — Responda a uma pergunta e vou considerá-la.

Seus olhos marrons mel estreitam sobre mim com suspeita. — Que
pergunta?

Eu lambo meus lábios, observando seus olhos caírem para eles por uma
fração de segundo. — Você já se cansou de andar por aí com a cabeça enfiada
na bunda? Ou você está acostumado com toda a merda rolando em sua
cabeça?

Tray tosse de volta uma risada e eu levanto uma sobrancelha,


pacientemente esperando que a mandíbula de Remy pare de pulsar e ele
fala. — São duas perguntas, não uma.

— É a mesma pergunta em duas partes.

Ele cantarola, deixando cair os braços ao lado do corpo. — Não. Eu não


me canso disso.

— Hum. — Me viro, pegando uma caneta que não tinha notado antes,
então rapidamente dobro o lance de Remy pela pintura antes de jogá-la como
as outras. — Que coisa estranha de se dizer.

Vejo seus olhos vasculhar a mesa em busca de outra caneta,


provavelmente para mudar seu nome antes que Mama Spinoza veja, então
arranco a página da mesa e coloco na renda do meu seio. — Mamãe Spinoza
vai adorar ver quanto você está disposto a gastar no retrato dela, não acha?

Ele me observa afastando-se, os olhos caindo para o papel preso no meu


seio e nas costas. — Você vai se trocar?

— Não. — Ele fecha os olhos, balançando levemente a cabeça. — Eu


disse que consideraria. Já pensei nisso e acho que vou usar esse vestido em
todas as festas. Já que Tray adora muito.

Pisco para Tray, que balança a cabeça em um movimento frenético de


'não', as mãos se levantando em um protesto silencioso quando Remy olha
para ele.

— Jogue fora esse lance, Beverly.

Eu me viro, puxando-o da minha blusa com meus dedos para passar por
cima do meu ombro enquanto caminho em direção ao pódio onde Mama
Spinoza está posando. Ela provavelmente contratou o fotógrafo para si
mesma.

— Beverly! — Sua voz é como aço acima da multidão e eu sorrio por


cima do ombro, olhos vagando por todos os rostos voltando-se para ver do
que se trata toda a comoção. Minha mãe é a primeira pessoa que encontro,
olhos estreitos em mim em advertência. O pequeno sorriso de Capo Famiglia
rivaliza com seu olhar do outro lado da mesa.

— Mama Spinoza! — Ela se vira para mim e no último minuto eu largo


o papel dobrado em uma jarra de água gelada sobre a mesa perto de nós,
levantando meus braços para envolvê-la em um abraço rápido. — Remy
queria que eu dissesse a você que ele adora aquela pintura sua. — Eu olho
por cima do ombro com um sorriso, os olhos encontrando o olhar ardente que
não deixou minhas costas desde que comecei a andar por aqui. — Ele é muito
tímido para fazer isso sozinho.

Ela ri, segurando o cachorro contra o peito enquanto acena para


ele. Posso ver a respiração irritada que ele solta à distância, levantando
desajeitadamente o braço em um meio aceno que me faz reprimir um sorriso.

— Você não teve uma sessão de fotos no boudoir não faz muito tempo?

Ela se ilumina com a minha pergunta, deixando seu cachorro cair a


seus pés para que ela possa acenar com os braços enquanto minha pergunta
encoraja a resposta que eu esperava. — Você acha que ele iria querer um?

Eu aceno, incapaz de evitar um sorriso enquanto olho para Remy, ele


não sorri de volta. — Acho. Eu realmente, realmente acho.
BEVERLY

Dezesseis anos de idade

— Quantas vezes eu preciso dizer a você que não quero ouvir sobre você
agarrar os seios de Marissa? — Estendo o braço e pego um punhado de
jujubas de Julian, jogando-as na boca enquanto ele sorri com a boca cheia.

— Apenas admita, você está com ciúmes porque eu cheguei à segunda


base e você ainda nem deu o primeiro beijo. — Ele ri quando eu lanço uma
bala de geleia azul nele, me esquivando antes que acerte seu rosto.

— Não tenho ciúme de nada. Cada cara que conheço ou vi com quem eu
poderia ter uma chance é absolutamente nojento.

— Isso não pode ser verdade. — Ele ri da minha carranca, o rosto


sardento enrugando enquanto ele força sua boca a ficar fechada ou perder o
doce que ele acabou de jogar lá.
Andrea cai ao nosso lado na grama, estendendo a mão sobre mim em
direção a Julian com a palma para cima. — Bev, você ainda não foi beijada
porque todo homem são tem medo de você.

Eu zombo enquanto Julian cobre a boca, um grão de geleia perdido


voando para fora. — Eca Julian, contenha-se, por favor. — Bato na mão de
Andrea enquanto ele puxa de volta, derramando metade de seu doce na
minha. — E isso é rude pra caralho. Ninguém tem medo de mim.

— Não. Isso é rude. — Ele aponta para seu doce roubado, alcançando
meu lado desta vez para mais. — E você é aterrorizante, Bev. Tudo o que
você faz é gritar, xingar e bater nas pessoas. Qualquer homem com cérebro
vai fugir de você.

Espero até que ele esteja prestes a despejar seu doce em sua boca antes
de estalá-lo, fazendo-o atingir seu rosto e derramar jujubas em seu colo. —
Isso é o que você ganha por ser um idiota.

Ele respira fundo antes de olhar para mim, pegando um único pedaço
de doce para colocar na boca, me olhando o tempo todo. — Você está
literalmente provando meu ponto de vista, Bev.

Vasculho a bolsa de Julian, pegando outro punhado de doces e balanço


minha cabeça. — Diga o nome de uma pessoa com quem eu realmente fale,
que esteja com medo de mim.

— Cada garoto com quem você já conversou. — Andrea pula fazendo


Julian rir. Eu rolo meus olhos.

— Todo garoto? — Ele apenas acena com a minha pergunta


sarcástica. — Julian, você está com medo de mim?
Eu levanto minha sobrancelha para Andrea, sabendo que a resposta
será - Não - e provarei que ele estava errado.

— Sim, absolutamente.

Andrea ri, curvando-se para pegar algumas jujubas que quase cuspiu
com seu berro alto.

— Isso é ridículo! Eu sou sua irmã gêmea, Julian. Você não tem medo
de mim.

Ele acena com a cabeça, rolando a parte superior de sua sacola de doces
e colocando-a de lado. — Sim, sim, eu tenho. — Ele levanta a mão antes que
eu possa começar a falar, — Você se lembra do que aconteceu na oitava
série?

Balanço minha cabeça, olhando para Andrea, que apenas dá de


ombros. — Não?

Julian limpa a garganta, sendo o idiota teatral que é, e eu levanto


minha sobrancelha. — Tomas, você se lembra do Tomas? — Eu fico olhando
para ele, é claro que me lembro de Tomas. Ainda vamos para a mesma
maldita escola. Ele apenas balança a cabeça e continua, — Tomas pediu
para você ser sua namorada. Ele trouxe para você um lindo cartão de
cachorrinho com um coração rosa idiota e uma flor de papel que tínhamos
feito na aula antes. Lembra?

Solto um suspiro profundo, revirando os olhos e franzindo os lábios. Eu


já sei aonde ele quer chegar com isso e é absolutamente ridículo. — Sim, eu
lembro.
— Ótimo. Portanto, você deve se lembrar que sua resposta foi, e passo
a citar, 'a menos que você queira que eu lhe dê um soco nos dentes, vai me
deixar em paz. Mas obrigado pelas coisas', para a qual Tomas largou as suas
coisas e correu. — Andrea está rindo ao meu lado no final de sua história e
eu lanço um olhar para ele.

— Isso literalmente não faz sentido por que você está com medo de
mim. E também, essa história foi única e não pode ser usada como exemplo.
Eu estava com dor de cabeça e estava cansada de dizer às pessoas para me
deixarem em paz, ele veio em um momento ruim. — Eu alcanço e pego
algumas das jujubas que Andrea acabou de pegar de seu colo, sorrindo para
sua carranca.

— Você teve um dia dos namorados desde então, Bev? Do contrário, sua
história conta. — Julian ri da observação de Andrea e eu os ignoro.

Eu olho de lado Julian. — Cite uma razão legítima pela qual você, como
meu irmão gêmeo, está assustado.

— Eu, querida irmã, tenho medo de você por vários motivos, que são
iguais, mas também não iguais aos outros caras. — Eu pisco em sua não
resposta esperando que ele continue. — Você atira em todos que eu conheço
à distância de uma arma, suas habilidades no boxe correspondem a alguns
dos melhores lutadores que eu conheço, você xinga como um marinheiro e
está disposta a se levantar de madrugada sem outra razão a não ser ver o
sol 'ajuda você a acordar'.

Estou carrancuda para ele, mas ele apenas sorri. — O último me


assusta mais honestamente. Não faz sentido. Você verá o sol sempre que se
levantar.
— Você esqueceu um. — Andrea diz e eu franzo a testa novamente
enquanto Julian se inclina em torno de mim para olhar para ele. — Ela
também é muito má.

Eu roubo mais doces de Andrea antes que ele possa me impedir,


sorrindo quando ele segura o punho fechado contra o peito. — Essas são
razões estúpidas e não válidas. — Eu jogo o doce na minha boca, falando em
volta dele. — Cada menino na Famiglia pode fazer as mesmas coisas.

— Exatamente, Bev. Todos os garotos e eles pegaram o Omerta. Você


faz essa merda pra cacete.

Correndo minha língua sobre os dentes, eu me levanto da grama,


limpando meu short. — Tanto faz. Vocês dois podem se foder. — Julian
apenas ri, os dois me observando da grama. — Quando eu receber meu
primeiro beijo, será de um homem. Não de um desses garotos maricas que
parecem estar em toda parte por aqui.

— Quem está beijando Bev? — Vem de Donatello, um dos amigos mais


próximos de Remy, enquanto ele caminha em nossa direção, um Remy
carrancudo logo atrás dele. Ninguém responde até que Donatello se coloque
entre meu irmão e Andrea, onde eu estava sentada anteriormente.

— Ninguém porque todo mundo tem medo dela. — Andrea diz, sorrindo
quando Donatello ri.

— Não espalhe mentiras, Andrea. — Meus olhos estão em Donatello


quando digo isso, revirando-os com a piscadela que ele envia para
mim. Donatello faz parte do nosso grupo há apenas alguns anos, mas você
pensaria que ele sempre esteve conosco. Uma versão um pouco mais
sombria, mas mais sorridente de Remy, eles poderiam ser irmãos com base
apenas nas aparências. Personalidade sábia? Opostos completos. Donatello
nada mais é do que sorrisos tortos, piadas horríveis de papai e paquera.

Um braço roça o meu e eu franzo a testa para Remy, dando um passo


para longe dele quando ele para ao meu lado. Ele não percebe ou finge que
não percebe.

— Por que estamos falando sobre Beverly beijar alguém? — Os braços


pintados de Remy se cruzam sobre o peito quando ele pergunta, franzindo a
testa para os três sentados na grama.

— Não é da porra da sua conta. — Eu digo ao lado de seu rosto enquanto


ele me ignora.

— Porque ela nunca foi beijada e está com ciúmes das habilidades de
segunda base de Julian. — Andrea diz, fazendo Donatello rir ao lado dele
mais uma vez.

— Outra mentira. Eu não tenho ciúme de nada de Julian, muito menos


de que ele agarrou os seios achatados de Marissa atrás das arquibancadas.

— Não seja mesquinha, Beverly, não sou eu quem está assustando


todos os meninos. Isso é culpa sua e dos seus punhos voadores de fúria.
— Donatello explode em outra rodada de risos, apontando para Julian como
se fosse a merda mais engraçada que ele já ouviu.

Idiotas do caralho.

— Se isso ajudar a resolver este pequeno problema, ofereço meus lábios


para ser o manequim de teste de Beverly. — Donatello balança a
sobrancelha para mim e meu rosto se transforma em uma expressão de nojo,
fazendo Andrea e Julian rirem.

— Não, porra você não oferece. — Remy deixa cair os braços para os
lados e Donatello levanta as mãos em sinal de rendição simulada, ainda
rindo de sua própria besteira.

— Brincando, obviamente. — Ele pisca para mim, estendendo a mão


para meu irmão, que puxou seu doce de volta.

— Eu terminei com essa conversa. A próxima pessoa a trazer à tona


meus hábitos de beijo, ou falta deles, receberá um soco na garganta. — Fico
olhando para eles para que saibam que estou falando sério, o som de seus
doces sendo mastigados e a brisa suave através das árvores, o único
barulho. — Ótimo. E para ser bem clara, eu nunca vou beijar você. — Aponto
para Andrea. — Ou você. — Então Donatello. — E especialmente você.
— Eu balanço para olhar para Remy, combinando sua carranca com a
minha.

— Eu nunca quis beijar você. — É tudo o que ele diz e eu encolho os


ombros.

— Estou apenas deixando claro o quanto eu nunca quero te beijar.

Ele balança a cabeça para mim, virando-se para me encarar. — É


desnecessário, porque eu não era uma opção na mesa.

— Estou feliz. Você é o pior de todos eles. — Sorrio enquanto seus olhos
de mel se estreitam em mim, sua língua saindo para deslizar sobre seu lábio
inferior. — Prefiro beijar Donatello.
— Ei! Por que você está dizendo isso como se eu fosse uma opção ruim?

Nós dois o ignoramos.

— Não, você não beijaria.

Eu zombo de sua resposta. Cruzando meus braços sobre meu peito


quando ele cruza os dele. — Sim, beijaria. Eu literalmente acabei de dizer
isso. Você está com problemas de audição?

Ele dá um passo mais perto e eu aprofundo minha carranca, inclinando


minha cabeça para trás para continuar olhando em seu rosto. — Eu posso
ouvir perfeitamente bem. Estou te dizendo, você não prefere beijar
Donatello.

— Me dizendo! — Eu zombo de novo, olhando para ele por mais tempo


do que o apropriado antes de virar minha cabeça para olhar para
Donatello. — Eu mudei de ideia, Donatello. Levante-se e me beije.

Ele encolhe os ombros, enxugando as mãos enquanto começa a se


levantar.

— Sente-se, porra. — Olho de volta para Remy, levantando uma


sobrancelha ao seu comando silencioso.

— Levante-se, Donatello.

— Se você quiser manter o uso de suas pernas, sua bunda vai ficar ai
no chão. — Os olhos de Remy nunca deixam meu rosto, o desafio silencioso
em suas palavras fazendo meu sangue ferver.
Eu franzo o cenho para Donatello que está sentado desajeitadamente
meio agachado, olhando incrivelmente inseguro sobre o que deveria estar
fazendo. — Se você não se levantar direito, porra não...

Minha frase é cortada quando meu rosto é puxado para o de Remy, seus
lábios pousando nos meus antes que eu possa processar o que está
acontecendo. Seus dedos estão beliscando ao redor da minha mandíbula,
minhas bochechas apertadas quase desajeitadamente em sua mão enquanto
seus lábios encorajam os meus a me mover. Não tenho certeza se é a
baunilha saindo de sua pele quente que está mexendo com meus sentidos ou
se ele realmente tem gosto de açúcar queimado, mas me faz pressionar em
sua boca pelo menor dos momentos, meus dedos agarrando o algodão de sua
camiseta enquanto ele passa a língua ao longo da costura dos meus lábios.

Alguém grita e meus olhos se abrem, minhas mãos empurrando contra


o peito que elas estavam apenas segurando. Remy apenas sorri para mim,
covinhas estúpidas zombando de mim e minhas bochechas coradas.

Como ele se atreve, porra.

Meu braço puxa para trás antes que ele perceba, meu punho acertando
bem na mesma boca que ele acabou de me dar meu primeiro beijo,
separando-os com um único golpe. Eu mordo de volta um sorriso de
satisfação quando ele grunhe e dá um pequeno passo para trás, dedos
tatuados subindo para pressionar contra o corte que meus dedos causaram.

— Você me deu um soco. — Ele deveria estar bravo, mas ele não parece
nada perto disso. Em vez disso, ele está sorrindo para mim, a língua
limpando o sangue. É confuso e não faz nada além de me irritar mais.

— Meu primeiro beijo não era seu.


Ele acena com a cabeça, os olhos mudando para olhar para os três
patetas sentados em silêncio na grama atrás de mim. — Você me deu um
soco na cara porque eu te beijei. — Não é uma pergunta, mas uma
afirmação. Aquela que não faz nada além de continuar a me confundir.

— Sim, nós estabelecemos isso. Eu bati em você com muita força ou algo
assim? O que há de errado com você? — Olho para os outros caras agora,
levantando meus braços em questão para eles. Eles apenas dão de ombros e
mal escondem suas próprias risadas. Franzindo a testa, eu volto para Remy,
colocando minhas mãos em meus quadris porque não tenho certeza se minha
mensagem foi clara o suficiente e não tenho certeza de como parecer mais
confiante. — E eu farei de novo se você tentar mais dessa merda de macho
comigo. Uh... entendeu?

Ele apenas acena com a cabeça novamente, uma leve risada vindo de
seu peito. — Entendi. — Ele me observa por um momento, o olhar escuro
me deixando desconfortável, mas eu me recuso a me contorcer. — Você tem
ido à academia ultimamente?

Trago meus braços de volta ao meu peito, olhando o sorriso ainda em


seu rosto. — Sim. Eu vou quase todas as semanas.

— Eu percebi... — Donatello começa na grama, mas Remy o interrompe.

— Você não percebeu nada sobre ela.

Donatello nos lança um sorriso torto, os olhos mudando entre nós dois
antes de tentar falar novamente. — Como eu estava dizendo, tenho notado
o carro de Bev na academia de Garland todas as semanas.
— Você deveria ir duas vezes por semana. Você tem um golpe fraco.
— Remy fala como se Donatello nunca tivesse dito nada e eu fico
boquiaberta com ele.

— Eu tenho um golpe fraco?! — Ele acena com a cabeça e eu bufo. —


Eu poderia ter batido em você com mais força e não o fiz. Você deveria me
agradecer por não ter batido em você com mais força.

Ele balança a cabeça, todos os sinais de seu sorriso anterior


sumiram. Estranhamente, isso me deixa mais confortável. Estou
acostumada com seus meio sorrisos e carrancas raivosas, não sei como lidar
com um Remy sorridente. — Está fraco. Fui atingido com mais força pela
minha irmã de seis anos. — Ele encolhe os ombros com o meu suspiro
enfurecido. — Não fique brava, Baby Bev, eu só pensei que você deveria
saber que sua forma precisa de um pouco de trabalho.

— Seu idiota de merda. — Vou para bater nele de novo, mas ele agarra
meu braço, me puxando para perto de seu peito.

— Fraca. — Tento bater nele com a outra mão, mas paro quando ele
começa a falar novamente. — Venha para a academia no domingo. Vamos
trabalhar no seu treinamento.

— Por que eu iria querer sua ajuda? — Estou franzindo a testa, mas é
principalmente de confusão e não mais de raiva real. — Por que você quer
me ajudar?

Ele encolhe os ombros, deixando cair meu braço. — Eu não. Cal vai te
ajudar, não eu.
Ele começa a se afastar e estou quase confusa demais para dizer
qualquer coisa no início. Ele não vai conseguir que Cal, um dos melhores
boxeadores de estilo livre da área, me treine de jeito nenhum. Ele ainda está
se afastando, então grito em suas costas. — Cal? Como o Cal?

Ele olha por cima do ombro, mas não para. — Sim, Beverly. Eu disse
Cal, não disse? — Ele se afasta, mas continua falando. — Vamos, bastardos,
temos uma reunião em cinco minutos.

Andrea e Donatello pulam da grama e o seguem, ambos sorrindo para


mim ao passarem. — Posso ajudar?

Além de Donatello piscar para mim, eles não dizem nada e eu vejo como
todos eles desaparecem dentro de casa. Estendo minha mão para Julian
quando ele está ao meu lado e ele despeja um pouco de doce em minha mão
enquanto joga um pouco em sua boca.

— Bem. Isso foi estranho. — Eu aceno, concordando


silenciosamente. — Agora que você vai trabalhar com Cal, eu não tenho que
trabalhar mais com você, certo? Porque, honestamente, mana? Estou farto
de lidar com seus golpes fracos sozinho. — Eu franzo a testa enquanto ele
sorri. — Eles são muito embaraçosos, realmente.

Eu o soco no braço e ele ri, esfregando o local. — Exatamente. Coisas


de maricas. — Seus olhos se estreitam ligeiramente quando ameaço bater
nele novamente, e eu rio.

— É melhor você tomar cuidado, Julian. — Começo a andar em direção


a casa e ele segue, colocando sua sacola de doces no bolso. — Você vai ser a
primeira pessoa com quem testarei meu novo treinamento.
BEVERLY

Dezoito anos de idade

Pego o veludo preto macio do meu vestido observando Julian se


aprontar. No momento, ele está tentando ajustar a ridícula gravata-
borboleta azul-marinho que comprou para combinar com o vestido de sua
namorada em volta do pescoço. — Bev, eu te amo e você é linda... sendo
minha gêmea e tudo... mas você está emitindo algumas vibrações reais de
Morticia agora.

Eu levanto uma sobrancelha em sua direção, observando-o continuar a


lutar para garantir a gravata. — E? — Eu corro minhas mãos sobre o tecido
confortável, alisando as rugas nas minhas coxas. É apenas um vestido
simples com decote em V e alças finas que atinge o meio da coxa, mas é
classicamente bonito. Emparelhado com meu cabelo escuro alisado, posso
ver de onde ele vem, mas gosto disso.
— Oh, é isso que você estava procurando? — Ele encolhe os ombros,
virando a cabeça para o lado enquanto acena com a cabeça em aprovação
para sua gravata torta. — Não importa então. Você está matando.

— Sua gravata está torta.

Seus olhos encontram os meus no espelho, — Não quando eu faço isso.


— Ele começa a virar a cabeça para o lado e eu rio. — Você ainda se encontra
com Benito no hotel?

Eu balanço minha cabeça fazendo-o franzir a testa. — Aquele


desgraçado está te deixando de pé? — Ele se vira para mim, parecendo mais
irritado do que eu esperava. Ele decidiu bancar o herói para mim
ultimamente, mas eu deixei. Se ser meu irmão ‘grande’ malvado o faz feliz,
isso me deixa feliz.

— Não. Bem... Ele disse que seu cachorro morreu e eu não me importei
o suficiente para investigar isso.

Ele me encara, provavelmente tentando ver se consegue captar algum


sentimento que estou tentando manter. Ele não encontrará nada. Eu
realmente não me importo em não ter um encontro. Eu realmente só estava
indo ao baile porque era algo que Julian queria fazer.

— Eu vou ficar em casa com você. Foda-se todos eles e sua dança idiota.
— Ele começa a tirar a gravata-borboleta e eu rio, parando-o ao bater em
sua perna com o pé descalço.

— Obrigada, mas está tudo bem. Eu não me importo em ter um


encontro.
Ele para, olhando para sua gravata. — Você deveria ter me parado
antes de eu tirar essa merda, então.

Nossa mãe entra na sala então, acenando com as mãos para enxotar os
braços de Julian para os lados enquanto ela ajeita a gravata dele em um laço
perfeito em uma fração do tempo que ele levou para fazer uma bagunça. —
Pronto. Precisamos trabalhar em suas habilidades de gravata, todo homem
deve saber como consertar uma gravata. — Ele revira os olhos para mim por
cima do ombro e eu sorrio, observando enquanto ela continua a mexer em
sua roupa.

— Onde está sua irmã? — Sua cabeça se inclina na minha direção, um


silencioso ‘oh!’ escorregando de seus lábios enquanto ela bate palmas para
que eu me levante. Eu me assusto com seu suspiro alto, sua mão se estende
para agarrar Julian pela manga sem olhar para puxá-lo para o meu lado. —
Olhem para vocês dois! Oh. Por que você não pode estar sempre assim? Você
estaria se não estivesse sempre brigando comigo por causa de suas roupas.

Julian e eu trocamos olhares, mas não dizemos nada, deixando que ela
continue a se agitar. Ela se abaixa e começa a mexer em algum fiapo
invisível em minhas costelas, beliscando meu lado quando tento me
afastar. Em vez de discutir, eu apenas franzo a testa para o topo de sua
cabeça escura e encaracolada. Julian e eu somos a cara dela; eu sendo quase
um clone como uma cópia dela. Mesmo por trás da carranca que ela está
sempre me dando, ela realmente é linda, um tipo de beleza mais suave do
que eu jamais poderia alcançar.

— Agora eu sei que vocês dois pensam que sabem tudo... — Ela faz uma
pausa, se levantando direto para nos olhar nos olhos com os lábios
franzidos. — Mas gravidez na adolescência não é brincadeira e eu não terei
nipotes5 correndo por aqui. Se você quiser brincar, será inteligente ou eu
juro pela minha vida que vou bater em suas peles e mandar vocês direto
para o inferno.

— Estou confuso, por que você acha que estaríamos indo para o inferno?
— Julian ri, estremecendo ligeiramente quando minha mãe levanta a mão
em advertência. — Nós somos crianças anjos e eu, por exemplo, estou
magoado que você diga uma coisa dessas. Olhe para Beverly! Ela não
consegue nem falar; ela está tão ofendida.

— O que estou confusa é por que temos que ter essa conversa toda vez
que saímos de casa?

Minha mãe aponta para mim quando começa a sair da sala, esperando
que a sigamos, tenho certeza. — Você é quem mais me preocupa, minha
querida pirralha. Você passa todos os momentos de vigília me deixando
doente de preocupação com suas travessuras.

Eu zombo pelas costas dela, agarrando as botas de combate de salto


pretas que deixei cair na porta mais cedo. — Você é a pessoa mais dramática
que conheço.

Julian ri ao meu lado, sorrindo para o olhar rápido de nossa mãe. — A


gralha chama o corvo de preto.

— Qualquer que seja. — Sento-me na beirada do sofá e calço as


botas. Eu me levanto quando termino, empurrando Julian para o lado
quando ele fica propositalmente na minha frente e na porta. — Onde está o
papai?

5
Netos.
— Ele está no Luciano. — Nossa mãe é quem atende, segurando o
telefone na altura do rosto enquanto ela desliza na tela. Provavelmente
tentando descobrir como puxar sua câmera. — O que me lembra, eu vou
precisar que você dirija um dos carros lá para ele. — Ela olha para mim pelo
telefone, esperando minha resposta com um aceno de cabeça antes de
entregar seu telefone para Julian bufando. — Eu não sei como trabalhar
esse pedaço de lixo. Abra-o para que eu possa tirar uma foto antes de você
sair.

Ela está acenando impacientemente para ele enquanto ele fecha as


centenas de aplicativos que ela tinha em segundo plano, revirando os olhos
em vez de ouvir quando ele tenta mostrar o botão na tela frontal. — Isso não
estava lá ou eu teria visto. Agora vá ficar ao lado de sua irmã.

Depois de quinze minutos inteiros de ouvir gritos por não posar


corretamente, minha mãe finalmente nos deixa sair pela porta. — Eu daria
a vocês dois um toque de recolher, mas vocês são crianças podres que não
me ouviriam de qualquer maneira, então apenas não morram ou matem
ninguém. Estou falando principalmente com você, Beverly Hunter. Eu não
quero ouvir que você estava começando brigas.

Julian apenas ri entrando na garagem para entrar em seu carro


enquanto pego as chaves do SUV preto de papai. — Farei o melhor que
puder, mãe. Encontro você no baile, Julian, pedirei que papai me deixe em
casa.

Ele me dá um sinal de paz, já saindo da vaga. — Later, gators.6

6
Até mais, Jacaré.
Crianças americanas, ao se despedirem de alguém, gostam de colocar o nome de algum animal para
rimar. Preferimos deixar no inglês para não perder o sentido.
Deixo o SUV na garagem da frente, deixando a janela aberta ao
sair. Claro que minha mãe está me fazendo vir aqui, eu juro que ela sabe
que eu não suporto Remy, mas ela me manda para este lugar estúpido
sempre que pode. Subindo os degraus de pedra, ouço o cascalho rangendo
quando outro carro entra na garagem e olho por cima do ombro.

Foda-me.

Parece que Remy está saindo da garagem dos fundos, mas é claro que
ele parou agora assim que me viu na escada. Ele não pode deixar passar
uma oportunidade de me irritar pra caralho.

— Seu pai ainda está na cabana.

Eu deixo minha mão cair ao meu lado em vez de agarrar a maçaneta


da porta. Ótimo. Minha carona nem chegou e vou precisar esperar por ele
sabe-se lá quanto tempo. Eu apostaria qualquer coisa que minha mãe
planejou isso de alguma forma. Finalmente me viro, os olhos já estreitos no
homem olhando para mim da garagem.

— Ótimo, obrigada por essa informação. Sinta-se à vontade para sair


agora.
Como de costume, ele não escuta nada do que eu digo e, em vez disso,
vejo quando ele sai do carro. — Onde você está indo? Eu posso simplesmente
deixar você lá. — Ele se inclina contra a porta, os braços tatuados cruzando
o peito.

Fico olhando para ele por um segundo a mais, considerando sua


oferta. É ir com ele ou possivelmente ficar aqui a noite toda e nenhum dos
dois parece atraente. Prefiro arriscar aqui. — Difícil recusar. Vou apenas
esperar.

Ele não diz nada a princípio, mas ouço o longo suspiro que ele solta e o
vejo tirar o isqueiro do bolso de trás, acendendo um cigarro um momento
depois. — Apenas entre na porra do carro, Beverly.

Fumaça sopra por seu nariz enquanto ele fala, desaparecendo no ar da


noite enquanto eu franzo os lábios para ele. É irritante para mim como o
acho atraente. Ele tem a imagem perfeita de bad boy envolvida em uma
vida real de bad boy. Cabelo quase preto raspado curto nas laterais e mais
comprido no topo, uma leve barba clara no rosto, coberta por uma série de
tinta escura toda pintada em um corpo que é duro como pedra e marcado
pelo trabalho; um trabalho em que ele faz excepcionalmente bem. Qualquer
outro homem e eu estaríamos realmente interessados. — Eu não gosto que
me digam o que fazer, Remy. Então por que você não beija minha bunda.

Ele se levanta do carro, mais fumaça soprada no céu enquanto ele olha
para mim. O tom dourado suave brilha na luz da varanda, fazendo com que
pareçam mais suaves do que o normal. Um truque de luz que se desvanece
quando ele dá um passo à frente. Ele joga o cigarro no cascalho, esmagando-
o com a bota. — Entre no carro por conta própria ou você pode beijar a minha
enquanto eu a jogo na parte de trás.
Depois de um impasse silencioso, desisto, observando enquanto ele
pega a ponta do cigarro e a enfia no bolso. Jogo as chaves do SUV na janela
aberta ao passar. Literalmente, não há nenhum outro lugar onde poderia
ser mais seguro do que aqui, então deixo-o aberto. Andando pela frente do
carro de Remy, meus olhos brevemente encontram os dele enquanto nós dois
abrimos as portas para entrar.

Eu puxo a saia curta de veludo mais para baixo em minhas coxas, uma
vez que me acomodo no assento de couro, franzindo a testa para Remy
enquanto seus olhos percorrem minha roupa, começando nos meus pés e
lentamente indo até o meu olhar estreito. — Posso ajudar?

Ele muda a marcha do carro, avançando e dirigindo por muito tempo


com os olhos em mim antes de olhar para a estrada. — Onde diabos você
está indo?

— Formatura. No Addison.

Ele cantarola, os olhos encontrando os meus por apenas um


momento. — Quem é o seu par?

Cruzo meus braços, a pele formigando sob seu olhar de uma forma que
me deixa desconfortável. — Não que seja da sua conta... — Eu levanto
minha sobrancelha para seu perfil antes de continuar. — Mas não tenho um.

Olho pela janela em vez do seu rosto, sabendo que seus olhos estão em
mim sem olhar. — E você ainda quer ir?

Eu considero não responder a ele, mas eventualmente o faço,


descansando a parte de trás da minha cabeça contra o encosto de cabeça. —
Não, realmente não. — Não tenho certeza porque digo isso a ele, mas não é
como se ele realmente soubesse. Eu rolo minha cabeça para encará-lo
quando ele não responde imediatamente como eu pensei que faria.

Ele já está olhando para mim. — Você quer vir comigo em vez disso?

Uma pequena risada bufante escapa do meu peito. — Ofensa total,


Remy, mas eu particularmente não gosto de passar tempo com você.

Sua covinha pisca para mim em resposta. — Isso é um sim ou não, Bev?

Eu suspiro, olhando pelo para-brisa dianteiro em vez de olhar para ele


quando eu respondo. — Foda-se, sim. — Ele ri, o som é quente e grave
enquanto preenche o pequeno espaço entre nós. Não é a primeira vez que
nós dois saímos juntos, uma entre muitas, na verdade, mas dizer que somos
tudo menos o equivalente a amigos seria uma mentira direta. É fácil
conviver com ele por causa do tempo que o conheço, fácil de ler por causa
disso, mas não somos próximos. — Onde estamos indo?

— Fazer uma tatuagem. — Eu posso ouvir o sorriso em sua voz quando


ele diz isso e finjo que não. Ele espera ter me pego desprevenida, sem dúvida.

— Com base na maneira como você disse, estou supondo que você acha
que não vou conseguir uma. — Eu olho de volta para ele, seu rosto brilhando
intermitentemente com as luzes que passam. — Mais uma vez, você estaria
errado.

— Não, você definitivamente vai conseguir uma. E eu estou escolhendo.


— Ele deve ver o 'inferno não' prestes a sair da minha boca porque ele fala
antes que eu possa. — A última vez que passamos um tempo de qualidade
juntos, você me fez comprar doces no valor de duzentos dólares, porque você
não sabia que custavam por grama. —Eu quase bufo com a maneira como
ele disse 'qualidade', mas me mantenho. Seus olhos encontram os meus em
um semáforo. — Então você vomitou tudo de volta depois de insistir que eu
fosse um idiota no estacionamento para vingar-se deles por terem roubado
você. Então, estou escolhendo sua tatuagem e você não vai negociar com isso.

Eu estalo meus lábios, revirando os olhos quando ele levanta uma


sobrancelha. — Tudo bem. Mas você está pagando por isso.

Ele apenas ri, o som puxando os cantos dos meus lábios com os dele. —
Eu sempre pago.

-capítulo divisor-

— Não que você pudesse escolher algo tão horrível quanto seu rosto
para colocar em mim, mas eu ficaria chateada se você os deixasse tatuar
algo estúpido. — Ele está folheando um livro de tatuagens, me ignorando
enquanto ando pela pequena sala. — O que você vai escolher?

Ele nem mesmo me olha, fechando o livro com um tapa e levantando


dois dedos. Alguém aparece mágicamente para ajudá-lo como sempre.

— Aaahh Luciano, voltando para mais? — A voz vem de um homem


vestindo o que imagino que um lenhador usaria, com um cavanhaque grosso,
medidores e uma manga de tatuagens que se estende até o lado esquerdo da
cabeça. Seus olhos me encontram antes que Remy possa responder. —
Quem é esta? Uma amiga? — Ele pisca para Remy com a pergunta e eu torço
meu nariz.

Remy diz — Sim, — ao mesmo tempo eu digo — Não, — e o homem ri.

— Tudo bem, o que estamos fazendo então?


— Ela está fazendo sua primeira tatuagem. — Eles já estão começando
a caminhar de volta para uma sala privada, então eu os sigo.

Remy mantém a porta aberta enquanto eu entro e o homem bate no


assento. — Eu amo ser o primeiro de uma menina. — Deve ser assustador,
mas a maneira como ele diz faz com que a piada pareça engraçada.

— Remy também. — Meus olhos encontram seus castanhos mel,


levantando uma sobrancelha com seu sorriso. Embora eu tenha superado
meu primeiro beijo roubado, gosto de tocar no assunto. Principalmente
porque dar um soco na cara dele foi o momento mais satisfatório que já
compartilhamos na minha opinião.

Eu começo a sentar, mas a voz de Remy me impede. — Deite-se de


bruços, Bev.

Respirando fundo, eu começo a fazer o que ele disse, ajeitando meu


vestido enquanto me movo para que nada brilhe em ninguém.

— Segure firme, eu preciso pegar algo na outra sala. — Meus olhos


observam o técnico de tatuagem sair da sala antes de voltar para Remy.

— O que estou recebendo e onde será? — Ele se levanta da parede em


que estava encostado, caminhando em direção à mesa. — Por favor, não diga
minha bunda.

Suas covinhas piscando para mim e eu franzo a testa enquanto ele se


agacha ao meu lado para que estejamos no mesmo nível. Sem uma palavra,
seus dedos tatuados apenas roçam minha bochecha, empurrando
suavemente meu cabelo sobre minha orelha e para fora do meu pescoço para
que fique pendurado na lateral do banco. Meus dedos apertam o tecido do
banco enquanto meu pulso involuntariamente acelera com o toque. Seu
polegar roça a pele logo atrás da minha orelha, — Aqui.

Eu pisco para ele, lábios entreabertos enquanto sua respiração atinge


minhas bochechas. — O que?

Seus olhos encontram os meus, uma covinha piscando para mim em sua
bochecha esquerda. — Sua tatuagem vai ser atrás da orelha. — Ele se
levanta, a perda repentina dele fazendo o espaço que ele ocupava parecer
estranhamente frio.

— Oh, certo. — Eu lambo meus lábios, olhando ao redor da sala para


evitar seu rosto e o olhar que ele está me dando. — O que é isso de novo?

Ele não responde, mas a porta se abre um momento depois de qualquer


maneira, salvando-me de ficar mais sozinha em meu constrangimento.

— Ok, estamos prontos para começar. — Ele se senta no banco, um


estêncil de algo que não consigo ver já em sua mão. Remy já deve ter dito a
ele o que eu estava recebendo sem que eu percebesse. Ele limpa o espaço
atrás da minha orelha no mesmo lugar que Remy disse, o zumbido de sua
arma soando perto da minha cabeça antes de ele olhar para mim, — Pronta?

Meus olhos encontram os de Remy. — Sempre.

Quarenta minutos depois e estou com dor de cabeça de tanto franzir a


testa. Neste ponto, não tenho certeza do que dói mais. — Tudo bem, vá em
frente e olhe. — O técnico vira sua cadeira para trás, pegando um espelho
de mão para mim enquanto eu fico de pé e ando em direção ao espelho de
corpo inteiro na parede oposta a nós. Remy saiu logo após o início da minha
sessão, para fazer sua própria tatuagem.
Movendo meu cabelo de lado mais uma vez, eu me olho no
espelho. Atrás da minha orelha está uma pequena tatuagem de pena
delicada, não tenho certeza do que estava esperando, mas estou realmente
feliz com ela. Depois de mais alguns segundos, devolvo o espelho. —
Obrigada, é muito bonita.

Ele balança a cabeça, satisfeito por eu ter gostado e faz um gesto para
que eu me sente novamente. Ele rapidamente cobre a tatuagem com um
pedaço de plástico e abre a porta para eu sair. — Estou feliz por ter
conseguido convencê-lo a desistir da tatuagem do pênis.

Eu paro, chicoteando minha cabeça para olhar para ele. — O que?!

Ele ri, balançando a cabeça para mim. — Não, estou brincando, ele
escolheu a pena.

Remy está esperando por mim no saguão da frente quando chegamos


lá, e ele acena para o homem atrás de mim antes de sinalizar para que eu o
siga para fora da porta. Uma vez no carro, ele me pega desprevenida,
estendendo a mão para gentilmente agarrar meu rosto, inclinando-o para o
lado para que ele possa ver a tatuagem. Seu polegar traça levemente sobre
a cobertura de plástico antes de ele soltar a mão e ligar o carro.

Limpando minha garganta com o aperto repentino em meu peito, eu me


inclino contra a minha porta enquanto vejo Remy sair do estacionamento. —
O que você fez?

Quase não acho que ele vai responder, seus olhos correndo ao longo da
minha pele antes de abrir a boca. — O mesmo que você. — Ele está sorrindo
para qualquer olhar que cruze meu rosto, os dentes brilhando nas luzes da
rua que passam.
— Com licença?

Sua língua corre ao longo de seu lábio inferior, covinhas à mostra mais
uma vez. — Você me ouviu, Baby Bev. Você e eu temos tatuagens
combinando. — Ele ri do meu olhar de nojo, parando no semáforo. Sua mão
se estende, puxando levemente a ponta do meu cabelo da mesma forma que
fazia quando éramos mais jovens. — Eu sabia que nada iria incomodá-la
mais, e pretendo agradar, baby.

Bato em sua mão, deslocando-me ainda mais longe no meu assento. —


Eu deveria estar mais brava, mas espero esse tipo de merda de você. — Ele
apenas ri baixinho, claramente satisfeito consigo mesmo. — Onde você fez
isso? — Ele levanta o pulso, uma pena minúscula para combinar com a
minha, preenchendo uma lacuna que estava entre duas de suas outras
obras. Eu balanço minha cabeça enquanto ele sorri.

Apoiando minha cabeça contra a janela, dirigimos em um silêncio


confortável. Percebo que esqueci de mandar uma mensagem para Julian
dizendo que não iria ao baile, mas não poderia, mesmo se quisesse, porque
acidentalmente deixei todas as minhas coisas no SUV. Tenho certeza de que
ele provavelmente já percebeu que eu não vou.

Vejo minha respiração embaçar a janela e me inclino mais perto para


embaçá-la ainda mais, escrevendo 'Vc é péssimo' na condensação. — Remy.
— Eu vejo seus olhos irem do meu rosto para a janela, sorrindo ao revirar
os olhos. — O que estamos fazendo agora?

Ele não diz nada, mas sai da estrada principal, parando em direção ao
que parece ser um parque. — É a sua noite de formatura, não é?
Ele para e eu franzo a testa quando ele começa a sair. — Sim? — Eu o
vejo andar pela frente de seu carro, franzindo a testa pela janela enquanto
olha para mim. Ele apenas bate no vidro e faz sinal para eu sair antes que
ele comece a se afastar.

Observo ele recuar por um momento antes de sair, os olhos examinando


o terreno escuro enquanto eu saio. Em qualquer situação normal, posso ter
medo de estar aqui, mas não há muito nesta cidade que arriscaria a ira de
Remy Luciano. Não faz com que não pareça assustador.

Eu caminho rápido para o lado de Remy, olhando para ele quando eu


alcanço. — Você quase me deixou sozinha e é assustador como a merda.

Ele retorna minha carranca, seu sorriso suavizando-o. — Não há nada


aqui e tenho certeza de que se houvesse, você poderia lidar com isso.

Eu ignoro o sorriso que quer sair com seu pequeno elogio. — Tanto faz.
O que esse lugar tem a ver com o baile?

Quase assim que digo isso, ouço o zumbido baixo de uma música à
distância. Eu olho para Remy, mas ele não está prestando atenção, pisando
em um caminho de cascalho que eu não teria visto sozinha. São apenas mais
alguns minutos antes de chegarmos a um anfiteatro ao ar livre, uma banda
ao vivo tocando enquanto centenas de pessoas dançam, cantam e vagam.

— Como você sabia que isso estava aqui?

Remy pula da borda de uma pequena parede, virando-se com os braços


para que eu faça o mesmo. — Andrea está aqui. Pule, Beverly.
Usando uma mão para manter meu vestido abaixado, eu alcanço e
agarro uma de suas mãos enquanto ele agarra minha cintura com a outra. —
Não me deixe mostrar a ninguém.

Sua mão deixa a minha, agarrando o outro lado da minha cintura. —


Se eles olharem, arranco seus olhos fora. — Não deveria me fazer rir, mas
faz, e ele facilmente me levanta, me colocando na grama na frente dele.

Eu só sinto falta de seu sorriso quando eu olho para ele porque ele já
está se afastando de mim para andar no meio da multidão. Agarro sua mão
antes que ele fique muito à minha frente, fazendo-o olhar por cima do
ombro. — Eu não quero me perder.

Ele não diz nada, apenas me puxa para frente por nossos dedos
entrelaçados. Seus lábios roçam ao longo da concha da minha orelha, logo
acima da minha nova tatuagem de penas. — Eu nunca perderia você.
BEVERLY

Vinte anos de idade - Presente

— Por que diabos você está carregando isso? — Pego a silhueta do


campo de tiro de Julian, mas ele a segura de lado e fora de alcance.

— Não se atreva a tirar isso de mim, Bev. Esta é a primeira vez em


mais de três anos que euzinho aqui tenho o tiro recorde e merdas assim
falam Beverly. — Ele enrola a silhueta, enfiando-a no bolso de trás. — Vou
mostrar a cada pessoa que vai olhar porque estamos falando de um negócio
que só acontece uma vez na vida.

Eu rolo meus olhos, pegando uma gravata do meu pulso para prender
meu cabelo em um coque bagunçado. — Você é absolutamente ridículo. Não
tenho nenhum recorde.
— Mas você está admitindo que fala merda? — Ele ri da expressão no
meu rosto. — Sério, qual é o seu problema hoje? Você nem se levantou antes
do amanhecer e para você, isso é estranho como a merda.

Ele não está errado, mas eu não digo isso. — Como você saberia? Você
não se levantou antes das dez.

— Eu estou errado? — Ele bate no meu braço quando eu não respondo


imediatamente, me arrastando de lado.

Eu o empurro de volta. — Não. Você não está. Agora deixe como está,
não é nem um grande negócio.

Ele para, agarrando meu braço quando tento continuar andando. —


Beverly. — Ele espera até que eu esteja olhando para ele, cara a cara, quase
como se estivesse olhando no espelho.

Meus olhos observam as pequenas diferenças, para evitar olhar


diretamente em seus olhos castanhos. O cabelo recém penteado, a pequena
cicatriz rosa em sua bochecha direita de uma luta que deu errado e a
tatuagem de escorpião em seu pescoço. Não procuro os não visíveis, os que
estão lentamente queimando as arestas suaves e o comportamento lúdico e
substituindo-os pelo aço de um homem feito. Eu assisti isso acontecer a
minha vida toda, mas ver o envenenamento lento acontecendo com minha
outra metade é um pouco mais difícil de aceitar. E ironicamente não era nem
por que eu estava chateada hoje, mas agora apenas combustível para meu
fogo azul.

— Você me diria se algo acontecesse. — Não é uma pergunta, ele já sabe


que eu faria. Ele está tentando localizar a origem do meu humor azedo. Ele
sempre foi capaz de ver o que eu não digo a ele, me lê como um livro
aberto. Se eu tivesse o mesmo presente para ele, mas ele mantém sua
história trancada a sete chaves, às vezes. Seus olhos se estreitam por um
momento antes de ele assentir, soltando meu braço. — Você está tendo
problemas com meninos.

Eu não respondo, porque é desnecessário, começando a andar


novamente enquanto ele segue.

— Não vou perguntar se você precisa que eu bata em alguém porque


tenho certeza de que você pode fazer isso sozinha. — Seu braço envolve meus
ombros, puxando-me desajeitadamente para o seu lado. — Você já tentou
dar um cascudo nele? Um bom cascudo faz maravilhas.

Ele tenta esfregar os nós dos dedos na minha cabeça e eu o empurro,


sorrindo da maneira exata que sei que ele está tentando fazer. — Não, eu
não tentei um cascudo e não acho que esse nível de domínio seja necessário.

Ele encolhe os ombros, sorrindo enquanto eu saio de seu alcance. — Eu


também dou um giro médio.

Reviro os olhos: — Você será o primeiro para quem ligo se precisar


desses serviços.

Saindo do caminho de terra e entrando no estacionamento, meus olhos


vão para um SUV familiar, Remy encostado no lado do passageiro com um
cigarro pendurado nos lábios. Se ele nos nota imediatamente, ele não
mostra, olhando para o telefone enquanto subimos.

Agora que tenho minha própria casa, não sou forçada a ficar na casa do
Luciano com tanta frequência e tento ficar de fora do negócio da
Família. Provavelmente já faz mais de um mês desde que realmente vi
Remy e é estranho vê-lo agora. Ainda vejo Donatello na academia de vez em
quando e Andrea vem para sair com Julian. Embora sempre tenhamos sido
forçados a ficar juntos, eu me acostumei a vê-lo e mesmo que ele geralmente
me deixe louca, eu gostava da nossa dinâmica. Ele é o único em nosso
pequeno grupo improvisado que não tem sido uma constante ultimamente e
eu não percebi até agora o quanto isso me incomodava.

Seus olhos pousam no meu irmão primeiro, enfiando o telefone no bolso


apenas para puxar o fogo. Ele o entrega para Julian, falando com o cigarro
pendurado em seus lábios. — Haverá uma entrega em cerca de uma hora.
Eu preciso que você supervisione. Você precisará sair daqui. — Seu olhar
quente finalmente pousa em mim, mais pesado do que eu me lembrava e
desaparece tão rápido quanto veio. — Vou trazer Beverly para casa.

Franzo a testa, observando meu irmão acenar sem dizer uma palavra e
começar a correr em direção ao carro em que viemos aqui. — Oh, oi, Beverly,
muito tempo sem te ver. Você se importa se eu te der uma carona para casa?
Preciso do seu irmão para fazer algumas coisas para mim. — Balanço minha
cabeça para Remy quando ele olha na minha direção. — É assim que uma
pessoa normal teria aquela conversa.

Ele tira o cigarro dos lábios, esmagando-o na lateral do SUV enquanto


a fumaça sai de seu nariz. — Você está mais chateada por eu não ter dito oi
ou por não ter visitado? — Ele lambe os lábios com a pergunta, uma pequena
covinha marcando sua bochecha esquerda.

— Eu... — Eu realmente não sei. Cruzo meus braços e encolho os


ombros em vez de dar a ele qualquer tipo de resposta real. — Estou chateada
por ter que ver você. — Seu sorriso se alarga com a minha mentira.
Ele dá um passo perto de mim, alcançando atrás dele para abrir a
porta. — Oi, Bev. — Franzo a testa para ele, o barítono profundo
estimulando meu coração a bater em um ritmo desconhecido. — Agora entre
no carro.

Ele sorri com a minha zombaria em resposta, rindo quando eu o


empurro para o lado e entro no assento. Fecho a porta antes que ele possa
fechá-la, dando-lhe um sorriso rude através da janela. E aqui eu quase
pensei que sentia falta desse idiota irritante.

Não olho quando ele entra, ignorando o olhar que sinto na minha pele
enquanto fico olhando pela janela. — Beverly. — Eu cantarolo em vez de
olhar, pega de surpresa pela palma da mão em minha nuca, dedos levemente
cavando em meu cabelo para me fazer olhar em sua direção. Ele está
apoiado no console central, o rosto muito mais perto do que o necessário. Ele
sempre fez isso. Sempre no meu espaço e sem medo de me tocar sem
permissão. É uma das poucas coisas que acho que mais perdi. Não que eu
diria isso a ele. — Diga-me o que aconteceu com Erin.

Meu estômago afunda com a menção do meu ex-namorado muito


recente e eu franzo a testa para os marrons mel presos no meu olhar. — Você
tem um péssimo senso de espaço pessoal. — Estou desviando porque não
quero falar sobre isso. Sem mencionar o fato de que Remy não deveria saber
nada sobre meu relacionamento. Só o fato de que ele faz isso significa que
ele está me vigiando, algo que ele não tem o direito de fazer. Sinto que estou
ficando com raiva e uso essa faísca a meu favor. Eu tiro seu antebraço do
console, efetivamente tirando sua mão do meu cabelo e me sento. — Como
você sabe alguma coisa sobre Erin, Remy?
Ele se recosta na cadeira, não parecendo nem um pouco preocupado por
eu estar com raiva. — Porque Erin estava no ringue ontem à noite e foi para
casa com alguém que não era você.

Eu franzo a testa, olhando para baixo para inspecionar o esmalte cor


de vinho nas minhas unhas. — Oh. — Não estou particularmente surpresa
que Erin já esteja voltando ao ritmo das coisas, mas ainda é irritante. Já se
passaram dois dias desde que ele me largou. Na verdade, não estou chateada
por não estar com ele, porque, para ser honesta, ele era meio coxo; mas mais
por causa do motivo pelo qual ele me deixou. — Ele me largou. — Meus olhos
ainda estão em meus dedos, escolhendo as bordas em vez de olhar para o
homem que posso sentir olhando para o lado da minha cabeça. — Ele disse
que eu sou um robô de rotina egoísta sem um pingo de paixão ou
espontaneidade. Ele também disse que o assusta estar com alguém que é a
versão feminina de um cara. — Essa foi a mais ridícula, considerando que
sou uma porra de uma gêmea.

— Quel pezzo di merda sarà una versione femminile quando gli taglio
il cazzo e glielo do mangiare. — Esse pedaço de merda vai ser uma versão
feminina quando eu cortar fora seu pau e dar a ele.

Meus olhos voam para o rosto carrancudo de Remy, mas ele não está
olhando para mim, ele está digitando algo em seu telefone. — Não sei o que
você está dizendo. Sou péssima em italiano, lembra? — Inclino minha
cabeça contra o encosto de cabeça, observando-o enquanto ele coloca o
telefone de volta no porta-copos.

Seus olhos encontram os meus, — Você não é uma coisa ruim, Beverly.
— Seus dedos levantam meu queixo quando meus olhos caem de volta para
o meu colo, forçando meu olhar. — Erin é um homem fraco e patético que te
deixou porque você o fez se sentir o pedaço inferior de merda que ele é. Ele
está intimidado pelo fato de que você, como mulher, poderia chutar a bunda
dele e ter mais motivação e impulso do que ele. Possivelmente possua em
sua mente débil. Erin é o tipo de cara que provavelmente se diverte
menosprezando as mulheres e quando ele não pode fazer você se submeter
ao jogo dele fingir estatura, ele tenta te machucar. A inteligência dele é
equivalente a bosta de gato, Beverly, eu não me preocuparia muito com o
que ele pensa sobre você.

Ele deixa cair a mão e se recosta, movendo-se para ligar o carro. — Eu


não me importo com o que ele pensa pessoalmente, não estou chateada por
ele ter me largado. Eu só... — Ajusto meu assento enquanto começamos a
dirigir. — Isso só me fez pensar em como eu realmente não sou tão excitante.
Não sou espontânea. Eu sigo minhas rotinas. Estou sempre fazendo algo,
mas não é o que as pessoas normais consideram divertido como festas e
jantares. De certa forma, Erin estava certo.

— Beverly. — Ele espera até que eu olhe para ele, brevemente


encontrando meus olhos. — Não há absolutamente nada de errado com você,
você é a mulher mais perfeita que já conheci. Aquele idiota não sabe de nada
porque você é espontânea. Quantas vezes você foi e fez merda comigo sem
ter a menor ideia do que era reservado para você? Quantas vezes você
invadiu festas apenas para ser aquela que iluminou toda a maldita casa?
Você tem uma boca esperta, mas uma mente brilhante para apoiá-la. Você
é descaradamente você em todos os aspectos da sua vida e eu invejo isso em
você. Você não segue as regras que foram estabelecidas para você, você faz
as suas próprias e luta contra qualquer um que se atreva a ficar no seu
caminho. Você é teimosa como uma mula e defende o que você acredita que
está certo, as consequências que se danem. Eu respeito você pra caralho.
Pisco ao ver seu perfil quando ele volta para a estrada, o coração
batendo forte contra as minhas costelas. Eu não sei como processar esse lado
de Remy, mas suas palavras gentis afundaram em meus poros, enrolando
como fumaça em volta do meu coração batendo. — Que tipo de punição?

Seus olhos piscam na minha direção enquanto ele balança a cabeça,


covinhas à mostra. Ele agarra minha cabeça novamente, se inclinando para
beijar o topo do meu cabelo antes de me soltar, me afastando um pouco mais
forte do que o necessário.

— Conte-me mais sobre como você me inveja. Eu gostei mais dessa


parte. — Ele ri e meu peito aquece com o som.

— Você é uma pirralha de merda, mas vou te dar uma folga hoje. — Eu
franzo meus lábios com seu sorriso, fazendo-o se aprofundar em um sorriso
verdadeiro. — Eu invejo você, minha doce e humilde mulher, porque você
faz exatamente o que quer fazer o tempo todo. Eu não tenho esse luxo.

Me ajusto de forma que um pé com a bota esteja apoiado no painel e ele


franze a testa. — Você está sempre fazendo o que quer, Remy.

— Não na mesma medida que você pode. Eu ainda tenho regras a


seguir. Eu ainda tenho a Famiglia para responder. Se eu quebrar as regras,
não levo um tapa no pulso, eu ganho um caixão. Quando eu aceito o papel
como Capo Famiglia, essas mesmas regras se aplicam, mesmo que um pouco
mais transparentes. — Ele se estica e bate meu pé, esfregando a sujeira do
painel enquanto eu reviro os olhos. — Mesmo que eu não concorde com o que
tenho que fazer, eu tenho que fazer. Você não vai contra a Famiglia.

— Parece uma coisa grandiosa para ficar preso pelo resto da vida.
— Ele apenas sorri com o meu sarcasmo.
— Isto é.

Ele para em um estacionamento movimentado, parando ao lado de


outro veículo escurecido. Remy abaixa sua janela e vejo um homem sair do
outro carro, carregando uma sacola com algo para nós. Sem dizer uma
palavra, ele deixa cair a bolsa na mão de Remy, em seguida, vai embora. Eu
observo suas costas, assustada quando Remy deixa cair algo no meu colo.

Olhando para baixo, pego um punhado de minhocas de goma azeda,


levantando uma sobrancelha em sua direção. — Você acabou de mandar
seus lacaios para uma corrida de doces para mim?

— Basta dizer obrigado, Beverly.

Eu sorrio para o seu perfil enquanto saímos do estacionamento,


rasgando uma minhoca de goma ao meio com meus dentes. — Você não vai
realmente matar Erin, vai?

Ele apenas ri.


BEVERLY

Solto o fôlego lentamente, semicerrando os olhos para o quadro na


parede. Movendo minha mão ligeiramente para frente e para trás, eu aponto
o dardo na minha mão antes de arremessá-lo para frente em direção ao
alvo. Julian solta uma gargalhada enquanto afunda na parede, errando a
prancha por cerca de um metro. Eu franzo meus lábios.

— É isso! Este é oficialmente meu jogo favorito de todos os tempos.


— Eu franzo a testa para Julian, empurrando-o para que ele se balance no
banquinho, ele mal consegue ficar de pé, ainda rindo.

— Tanto faz. Este é um jogo estúpido de qualquer maneira. — Pego um


banquinho em que Andrea está prestes a se sentar, puxando-o para baixo
da minha bunda enquanto ele se apoia na mesa.

Ele me encara, o dedo apontado para o meu sorriso. — Você só acha que
é estúpida porque você é péssima nisso. — Ele diz isso enquanto puxa outro
banquinho para si, chegando mais perto da mesa antes de se sentar e pegar
seu copo.

Estamos na sala de jogos de algum clube de calças chiques da alta


sociedade, evitando outra instituição de caridade de algum tipo. A Famiglia
adora jogar dinheiro em merdas idiotas como essa; isso mantém todos os
chapéus políticos idiotas felizes e distraídos do dinheiro real que está sendo
ganho bem debaixo de seus narizes. Ou pelo menos os que não estão
ativamente nos bolsos da Famiglia.

— Bev não é péssima! Ela só precisa de prática. — Delaney repreende


Andrea, exibindo um sorriso com covinhas no meu caminho por cima da
mesa. — Então ela vai bater em todos vocês como sempre faz.

— Eu já te disse o quão inteligente você é Laney? — Pego um pequeno


punhado de Tutti Fruttis no bolso do capuz cortado, deslizando-o sobre a
mesa para ela. Andrea e Julian estendem as mãos para alguns, mas eu os
ignoro. Como se eu estivesse compartilhando com eles depois que zombaram
da minha desgraça.

— O tempo todo, na verdade. — Ela coloca um doce na boca, pegando


os outros da mesa e colocando-os em seu colo quando Julian tenta pegar
um. Ele franze a testa de brincadeira para ela enquanto ela apenas sorri
para ele, uma pequena risada vindo dela, interrompendo seu ato e o fazendo
sorrir.

— Bom. — Meus olhos encontram o caminho de Remy enquanto ele


entra na sala gigante, então imediatamente caem sobre a mulher
praticamente montando em sua bunda. Ele está por aí muito mais desde que
Erin terminou comigo, seja de propósito ou por coincidência, eu não poderia
dizer. Eu definitivamente não me importei, gosto quando nosso grupo está
completo. — Quem é essa porra?

Andrea bate na minha perna com a mão, franzindo a testa para mim,
— Não xingue assim na frente de Laney. Ela tem uma mente em
crescimento que não precisa ser manchada por você e sua boca.

Eu o bato de volta em vez de responder enquanto vejo Delaney entregar


a Julian um pedaço de doce, sorrindo quando ela começa a rir de seu pequeno
show; beijando o invólucro como se fosse precioso e segurando-o contra o
peito.

— Essa é Bianca. Ela tem uma queda por Remy e me disse que ela me
compraria coisas se eu 'falasse bem dela'. — Ela faz aspas no ar quando
repete Bianca, zombando com nojo quando termina. — Eu não gosto dela.

— Isso faz de vocês dois, com base na expressão que Beverly tem no
rosto. — Julian diz, sorrindo em torno de seu doce. — Talvez você devesse ir
dizer oi, Bev. Você sempre poderia usar outro amigo.

Andrea bufa para Julian, balançando a cabeça. — Por que você a


encoraja assim? — Ele olha para mim, mas já estou pensando que a sugestão
de Julian foi ótima, levantando do meu banquinho enquanto ele tenta falar
comigo. — Beverly, não comece nada. Apenas seja feliz com os amigos que
você tem aqui. Delaney está aqui!

Ele grita a última parte quando eu recuo como se eu já não soubesse e


ouço Laney gritar antes de eu estar fora do alcance da voz, — Eu gosto
quando Bev está mal-humorada, — seguido pelo gemido dramático de
Andrea.
Não sei por que ele acha que vou começar alguma coisa. Eu raramente
começo as coisas, apenas talvez as intensifique. Examino Bianca enquanto
caminho, ignorando a horrível agitação no meu estômago causada pela visão
de sua mão caindo no braço de Remy. Ela está usando um lindo vestido floral
e sapatilhas, cabelo cor de cobre enrolado em um topete apertado e enfeitado
com um alfinete florido para combinar com seu vestido. Que fofo, assim como
seu rostinho lindo. Um que eu adoraria dar um soco.

Espere, não. Não, eu não faria. Eu não me importo com Remy.

Eu não me importo com quem ele passa seu tempo. Eu penso enquanto
ela ri, dando um tapa de brincadeira nele e eu sinto a picada das minhas
unhas na palma da minha mão. Meu coração não está tão convencido.

Certo, eu só quero me apresentar.

Deslizo até o bar ao lado de Remy, de costas para sua frente enquanto
me espremo entre ele e Bianca. Talvez um pouco desnecessário,
considerando o quão perto isso nos coloca, mas eu ignoro sua carranca
confusa, sorrindo para ela em vez disso. — Acho que não nos conhecemos.
Sou Beverly. — Estendo minha mão para ela, — Eu sou a melhor amiga de
Remy. — Eu o ouço rir, mas não olho, seu hálito quente roçando a parte de
trás da minha cabeça.

Os olhos de Bianca mudam para olhar por cima do meu ombro para
Remy, o que quer que ela veja fazendo-a franzir a testa. Ela agarra minha
mão apenas com os dedos, fingindo um sorriso enquanto me dá o aperto de
mão de pulso mais fraco e mole que eu já vi na minha vida. — Prazer em
conhecê-la, eu sou Bianca.
— Oh eu sei. — Sua carranca retorna e eu finjo que não sinto a mão de
Remy pressionando contra a pele das minhas costas; palma quente entre a
borda do meu moletom com capuz cortado e o topo do meu short jeans. Um
aviso silencioso, tenho certeza. — Delaney me contou.

É tudo o que digo, mas o leve arregalar de seus olhos significa que ela
entende o que estou dizendo. Sorrio para ela, feliz com o pouco de mal-estar
que despertei. Decidindo terminar as coisas antes que saiam do controle, eu
alcanço e pego a bebida de Remy. Bebo o uísque e suavemente ponho o copo
de volta no balcão, lambo meus lábios, com os olhos em Bianca. — De
qualquer forma. Foi um prazer conhecê-la.

Começo a me mover, mas Remy me para, a mão segurando a parte de


trás do meu short e me puxando de volta para seu peito. Eu olho para frente,
meu rosto provavelmente parecendo tão chocado quanto o de Bianca. — Por
que você não fica mais um pouco, melhor amiga? — Sinto seus lábios se
moverem contra o meu cabelo enquanto ele fala, meus olhos se estreitam
quando tento me mover novamente sem sucesso.

Alcanço minhas costas, agarrando seu pulso para tentar puxar sua mão
de mim. — Melhor não. — Puxo seu braço, mas ele não se move. — Além
disso, não acho que Bianca goste muito de mim. Isso está realmente
acabando com meu humor.

Ela nem tenta me corrigir e quase me dá vontade de gostar dela. Em


vez de tentar me afastar novamente, giro para ficar de frente para Remy,
seu braço em volta de mim, a mão ainda segurando meu jeans. Eu tenho que
inclinar meu rosto para olhar para ele e ele me puxa ainda mais perto,
causando um suave ‘ufa’ quando eu colido nele.

— Bianca estava indo embora, de qualquer maneira.


Ele não olha para ela quando diz isso, seus olhos permanecem fixos no
meu rosto. Meus braços estão espremidos entre nós e tento me afastar dele,
mas ele usa o braço nas minhas costas para me impedir de me mover.

— Eu tive um dia de merda, Cuore Mio.

Quero perguntar a ele o que significa o nome, mas também não quero
dar a ele a satisfação de reconhecê-lo. Então eu apenas finjo que não
percebo, em vez disso, minha respiração acelera levemente enquanto seu
calor envolve em torno de mim, seu cheiro familiar de baunilha e bergamota
aderindo à minha pele quente. —É uma merda para você.

Ele ri de mim, sua mão livre subindo para empurrar meu cabelo por
cima do meu ombro, a palma embalando o lado da minha cabeça enquanto
seu polegar roça ao longo da minha tatuagem de penas; um hábito que nem
tenho certeza se ele sabe que tem. — Quer abandonar essa caridade de
merda e fazer algo divertido?

Lambo meus lábios e seu olhar de mel cai para eles, fazendo meu pulso
falhar. — Eu particularmente não gosto de ficar com você.

É a mesma coisa que digo toda vez que ele pergunta e suas bochechas
formam covinhas. Eu sei o que ele vai perguntar e tenho certeza que ele sabe
o que vou responder. — Isso é um sim ou não, Bev?

Finjo um revirar de olhos que realmente não sinto, franzindo os lábios


em vez de sorrir como eles querem fazer. — Tudo bem. Mas é melhor
realmente ser divertido e não a sua versão diluída disso.

Ele desenrola os dedos do meu short, as almofadas arranhando


deliberadamente ao longo das minhas costas e ao longo do meu lado
enquanto ele se endireita e se afasta de mim. — Diga uma vez que
decepcionei você com minha versão de diversão.

Meus braços caem e coloco minhas mãos no bolso do meu moletom


enquanto me afasto dele, indo na direção da mesa em que Julian e o resto
ainda estão. Meus olhos caem sobre o lugar que Bianca estava, eu tinha
esquecido dela até agora, mas ela claramente saiu. — Literalmente toda vez
que você me obrigou a fazer alguma coisa.

Ele começa a me seguir, sorrindo com o meu comentário espertinho. Me


viro, pegando todos os doces do meu bolso para colocar na mesa na frente de
Delaney assim que chegar lá. — Estou saindo, Laney, compartilhe isso com
os meninos. Ou não, eu realmente não me importo.

Ela sorri para os outros dois. — Eu vou compartilhar porque Julian


tentaria pegar um pouco de qualquer maneira. — Ele finge estar ferido com
sua declaração, e ela ri.

Remy anda ao meu redor, beijando o topo da cabeça de Laney, — Estou


saindo, piccolina. Andrea vai se certificar de que você chegue em casa antes
de dormir. — Seus olhos encontram os de Andrea enquanto ele se levanta, e
dá um aceno de cabeça em resposta. Seus pais estão aqui, mas eu sei que
Remy se sente mais confortável quando um de nós está com Delaney.

— É fim de semana, Remy! Por que eu ainda tenho que ir para a cama?
— Ela franze os lábios com a carranca leve dele, mas não diz mais
nada. Discutir com Remy é como falar com uma parede de tijolos; Delaney
é mais inteligente do que eu e nem sempre se incomoda.
— Onde é que vocês vão? — Julian pergunta, sentado com as mãos
cruzadas atrás da cabeça, sorriso ridículo em seu rosto quando seus olhos
encontram os meus.

— Não faço ideia, mas te vejo em casa. — Na verdade, não dividimos


uma casa, mas ele aluga o loft embaixo da minha no mesmo prédio, então é
basicamente a mesma coisa. Ele mexe as sobrancelhas e eu pego um pedaço
de doce da mesa e jogo em seu rosto; ele finge tentar pegá-lo com a boca,
deixando-o acertá-lo na bochecha.

Começo a andar em direção à porta e paro, acidentalmente encontrando


Remy, que aparentemente estava me seguindo para fora. Franzo a testa
para ele quando ele não se move, estendendo a mão em torno dele para pegar
alguns dos doces verdes da mesa. — Eu realmente quero os verdes. — Laney
sorri para mim, empurrando duas peças que estavam fora do alcance da
minha mão. — Obrigada, Laney. Ok, tchau de verdade.

Há um pequeno coro de tchau e um grunhido de Andrea quando


finalmente caminhamos para a porta. Na esperança de evitar ter que andar
pelo evento principal, tento em direção ao campo de golfe, mas Remy agarra
meu antebraço. — Sua mãe está acenando para você.

Eu não olho, inclinando levemente meu rosto como se eu ainda pudesse


evitar ir até lá se ela achar que estava errada com minha identidade. — E
daí? Finja que você não a vê. Ela está literalmente sendo intrometida, ela
realmente não quer falar comigo.

Remy não me deixa, entretanto, ele desliza sua mão até a minha, me
puxando naquela direção. Franzo a testa ao lado de seu rosto, apertando sua
mão o mais forte que posso enquanto ele ri. — Você já está estragando toda
essa coisa divertida.
— Eu vou compensar você. — Ignoro a maneira como ele diz isso e forço
um sorriso quando chegamos onde minha mãe está sentada. Ela nem está
olhando para mim, seu rosto sorridente está olhando para Remy.

— Você está muito bonito hoje, Remy. — Seus olhos caem para os meus
e eu sinto o canto do meu olho marcar com o tut que ela me dá. — Beverly!
Este é um evento de caridade, você deveria estar mais vestida.

Eu zombo, jogando minha mão livre na minha cintura gesticulando


para a roupa de Remy. — Ele está literalmente vestindo uma camisa
simples e jeans.

— Língua! — Ela rapidamente franze a testa para mim, antes de se


dirigir a Remy mais uma vez. — Vocês dois estão indo embora?

— Estamos. Tchau, mãe! — Eu digo antes que Remy possa responder,


tentando puxá-lo para longe dela. Ele não se move.

— Tchau, Sra. Esposito, foi lindo vê-la novamente. Você vai ter que
dizer a Geo, oi por mim, eu não o tenho visto muito nestes dias. — Rolo meus
olhos com a expressão de prazer no rosto de minha mãe, balançando minha
cabeça enquanto Remy acaricia sua mão antes de finalmente começar a
andar.

— Eu vou, querido... Você poderia aprender algumas maneiras com este


jovem, Beverly.

Eu não olho para ela, puxando Remy enquanto ele me deixa. — Você só
tinha que encorajá-la, não é?
Remy ri das minhas costas, levemente me puxando em uma direção
diferente da qual eu estava indo. — Você e sua mãe são muito parecidas,
Bev.

— Sim, ok.

— Uma sala de fuga? — Tento manter a emoção fora da minha voz,


olhando para as luzes de néon brilhantes na lateral do prédio, os olhos
contornando os exemplos ilustrados pintados na lateral do tijolo.

Remy fecha a porta, passando por onde estou atrás do carro e em


direção ao prédio. — Eu só tenho que pegar algo e então podemos ir embora.

Franzo a testa em suas costas, andando rápido para alcançá-lo


enquanto ele abre a porta para eu entrar. — Espere, não vamos ficar?

Seus olhos encontram meu rosto enquanto ele me segue, — Você


realmente quer arrumar uma sala? — Franzo a testa em sua covinha,
eriçada um pouco com seu tom.

Sua atenção é atraída para o homem no balcão antes que eu possa


responder e cruzo os braços sobre o peito, observando enquanto ele bate os
nós dos dedos ao longo do balcão em algum tipo de sinal que eu nem finjo
entender. Meus olhos vagam para as paredes enquanto eles começam a falar
em italiano, desligando-os. Há seis salas diferentes, uma em particular
chamando minha atenção mais do que as outras.

— Remy! — Me viro para encará-los, percebendo tarde demais que


gritei um pouco alto demais quando vejo todos os três rostos me
encarando. Sorrio sem jeito para os homens atrás do balcão antes de
encontrar o sorriso malicioso de Remy e limpar minha garganta. — Remy.
— Ele diz algo para os homens e um desaparece, o outro entregando algo a
Remy antes que ele venha até mim. — Você disse que queria arrumar uma
sala? — Pergunto quando ele vem para ficar na minha frente, olhando para
a parede atrás de mim.

— Não, eu não disse, mas estou assumindo que você quer? — Ignoro
suas covinhas.

Batendo minhas mãos nas laterais do corpo, eu encolho os ombros. —


Bem, se você vai continuar trazendo isso à tona, podemos muito bem
conseguir uma sala.

Ele balança a cabeça, mas não diz nada, voltando para o balcão
enquanto eu o sigo. — Nós vamos ocupar uma sala, aparentemente. — O
homem atrás do balcão sorri, puxando um livro com as descrições dos
quartos. Remy olha para mim. — Qual qu..

— Aquela! — Bato meu dedo na que eu quero, sorrindo para o homem


ligeiramente assustado. — A sala de tortura. Com o cara pendurado na
parede e as luzes assustadoras.

Ele olha para Remy, dizendo — Ok. Por aqui, — em seu aceno.
Nós o seguimos pelo corredor e eu vejo quando ele abre uma porta. Ele
começa a dizer algo, provavelmente as regras e tudo, mas Remy o
interrompe. — Nós vamos descobrir isso. Dammi la chiave e spegni le
telecamere. — Dê-me a chave e desligue as câmeras.

Eu deslizo para dentro da sala, não me importando com o que eles estão
fazendo enquanto olho ao redor da sala. Está quase tudo escuro, as luzes
esmaecidas com lâmpadas vermelhas e azuis penduradas por toda
parte. Luzes brilhantes de néon brilham em algumas das paredes,
adicionando um brilho suave ao ambiente. Há um boneco acorrentado à
parede como nas fotos, mensagens estranhas e números espalhados pela
sala. Nunca fiz um desses antes, mas é sempre algo que quis fazer.

Meus olhos se voltam para Remy com o som da porta fechando, o clique
suave tirando a luz do corredor e fazendo a sala parecer estranha e
excitante. Ele quebra o silêncio. —É melhor você nos tirar daqui, Cuore Mio.

Ignorando o apelido, sorrio para ele do outro lado da sala. — Mole-mole.

Vinte minutos depois e estou lamentando minha escolha de entrar


nesta sala. — Você já tentou aquela combinação de números umas sessenta
vezes. Não vai funcionar magicamente desta vez.

Ele olha para mim de onde está agachado perto de um armário


trancado, com a sobrancelha levantada. — Quantas pistas você descobriu?

Rolo meus olhos, cruzando os braços sobre o peito. — Não fui eu que
quis fazer isso.

Ele ri e o canto do meu lábio se contorce com o som, mas eu forço meu
rosto a ficar carrancudo. Eu vejo quando ele se levanta, vindo para ficar na
minha frente. Seu rosto está quase todo sombreado, a luz vermelha suave
da lâmpada acima de nossas cabeças fazendo seu sorriso parecer um pouco
sinistro. Quero ficar irritada com o quanto gosto disso.

— Que tal encerrarmos e irmos fazer outra coisa?

— Não. Precisamos terminar isso para que eu possa dizer a Julian que
dominei a sala de fuga. — Meus braços caem enquanto ele se aproxima
ainda mais e eu tenho que inclinar meu rosto para olhar para ele. — Eu
nunca vou sobreviver se ele souber que eu desisti. Ele já acha que é incrível
com dardos.

Ele ri: — Você continua jogando esse 'nós' por aí quando estou
claramente fazendo todo o trabalho aqui. — Reviro os olhos, mas não
respondo, sentindo seus dedos deslizarem em um leve toque ao longo da
minha cintura enquanto ele chega atrás de mim para pegar uma serra falsa
da bancada em que estou encostada. Ele o levanta para olhar. — Estou
convencido de que isso deve ser uma pista para alguma coisa. É a única
arma que não foi usada. — Eu bufo e seus olhos caem para o meu rosto. —
Tem certeza que não posso te convencer a desistir? — Ele olha a serra como
se fosse usá-la em mim e eu rio.

— Não. — Ele joga de volta no banco, as palmas das mãos caindo para
descansar contra a superfície de cada lado do meu quadril. — Então se
apresse e descubra para que possamos sair. — Ignoro a respiração que
atinge meu rosto com sua risada, alcançando acima da minha cabeça para
acender a lâmpada para que ela balance para frente e para trás fazendo o
brilho vermelho balançar ao redor da sala. — O tempo está passando, senhor
Luciano.
Ele sorri para mim, a língua saindo para roçar ao longo de seu lábio
inferior enquanto ele levanta a mão do banco, o rosto caindo de forma que
sua respiração penetra em meus lábios. Seus dedos tatuados seguram meu
queixo, a palma da mão espalmada sobre minha garganta, inclinando meu
rosto para ele. — Por que você é tão teimosa?

Meus lábios se abrem com a sua proximidade, o coração batendo forte,


não tem o direito de estar batendo forte.

— Que tipo de convencimento você tem em mente? — Estou sempre


extraindo meus limites com ele, mas neste momento parece quase muito
perigoso fazer uma pergunta, a luz oscilante apenas me deixando ver o rosto
de Remy a cada poucos segundos.

Mas eu não preciso ver seu rosto para saber como ele está olhando para
mim. Posso sentir na leve pressão de seus dedos, na suave baforada de cada
respiração.

Além de ser uma constante dor na minha bunda, Remy Luciano é um


dos homens mais atraentes que já vi. Não sou estúpida o suficiente para
negar o quanto estou atraída por ele, não importa o quanto ele me faça
querer socar seu lindo rosto na maioria das vezes. Ele é irritante e familiar
de uma forma que me confunde pra caralho. Sei tudo o que há para saber
sobre ele, sei que poderia confiar a ele algo tão pequeno quanto um segredo
para algo tão importante quanto minha vida. No entanto, ele é a única
pessoa que nunca fez nada além de ir além para me deixar louca.

Tão mal quanto eu adoraria que Remy me fodesse sobre a bancada de


trabalho na qual estou encostada, eu gostaria de tocar em seu pescoço. Não
acho exagero presumir que os sentimentos são mútuos.
Ele ri e eu praticamente sinto a vibração em meus lábios. — Você está
brincando com fogo, Cuore Mio.

De novo com a porra do apelido.

— O que isso significa? — Em vez de responder à minha pergunta


tranquila, ele inclina minha cabeça ainda mais para trás, meu cabelo
fazendo cócegas na pele das minhas costas.

— Se eu te beijar, você vai me dar um soco? — Ele deliberadamente


ignora minha pergunta, seu nariz deslizando pelo lado da minha
garganta. Meus olhos piscam fechados com a pressão fantasma de seus
lábios, dedos enrolando na madeira ao meu lado enquanto seu hálito quente
traça um caminho ao longo da minha pele.

Eu engulo e sei que ele sente sob seus lábios. — Pode ser.

Ele cantarola, o som me dizendo que ele não acredita em mim, os dentes
afundando levemente na minha jugular antes que meu rosto seja puxado de
volta para olhar em seus olhos escuros me desafiando a detê-lo. — Você
ainda me odeia?

A maneira como ele pergunta deixa meu coração em um frenesi, quase


me rouba o fôlego.

Ele precisa que eu diga sim.

Mesmo que isso me confunda, não tenho certeza se estou pronta para
impedir que este belo desastre de trem aconteça. Apesar da tensão normal
entre nós, parece uma encruzilhada, uma interseção com apenas dois
caminhos a percorrer. Caminhe voluntariamente pelo caminho da
destruição deste homem ou termine as coisas agora e nunca olhe para trás.

Ele fica quieto enquanto eu penso, o olhar escuro nunca deixando o


meu, seu polegar roçando ao longo da minha tatuagem. — Sim. — A
pequena mentira branca desliza pelos meus lábios, a única palavra
apagando qualquer indecisão que estava retardando seus movimentos.

— Bom. — Mal consegue passar pela pressão de seus lábios, mas eu


não me importo, as mãos agarrando a frente de sua camisa enquanto ele
rouba meu fôlego pelos meus lábios.
BEVERLY

Este não é o mesmo beijo roubado que compartilhamos antes. Este é


um ataque brutal de ódio e luxúria acumulados. As espessas bobinas de
tensão em torno de nós vibrando com cada piada sarcástica, cada bufar
raivoso, cada toque prolongado e olhar ardente. Eu não quero querer este
homem. Não quero gostar da maneira como seus dedos apertam minha pele
quando mordo seu lábio inferior. Não quero que seu cheiro de bergamota e
baunilha pareça familiar enquanto sua língua passa pela minha. Eu quero
ignorar que seu zumbido baixo praticamente enrola meus dedos dos pés em
meus sapatos. Eu quero ignorar que meu estômago se contorce quando ele
mostra suas covinhas ou quando ele entra no meu espaço.

Quero fingir que todas essas coisas não existem, mas não posso. E
agora, não tenho certeza se me importo tanto assim. Não quando Remy se
abaixa para agarrar minhas coxas, me jogando na bancada de trabalho e
pisando entre minhas pernas separadas, uma de suas grandes mãos ásperas
empurrando minhas costelas para o polegar ao longo da parte inferior do
meu seio nu.
— Você nunca usa a porra de um sutiã. — É rosnado contra meus
lábios, mordendo-os quando eles se separam para sua língua.

— E? — Belisco seu queixo com a pergunta, os olhos se estreitando em


sua declaração.

— E... — Ele se afasta do meu rosto apenas o suficiente para me


derreter em seu olhar de mel. É cascalho profundo, me aquecendo de dentro
para fora. — Isso me deixa louco pra caralho.

Sorrindo para ele, coloco meu moletom sob o pescoço, coloco sobre a
cabeça e jogo para o lado, enquanto seus olhos permanecem fixos nos meus,
meus polegares roçando meus mamilos endurecidos em seu caminho. Eu
não posso deixar de observar sua língua enquanto ela corre ao longo de seu
lábio, arqueando minha sobrancelha quando meu olhar encontra o dele mais
uma vez e vejo que seus olhos não deixaram meu rosto. Não passou
despercebido o quão confortável isso é com ele, o quão facilmente fui capaz
de me expor. Eu seria uma grande mentirosa se dissesse que não pensei
sobre isso acontecer. Me inclino para trás, deixando cair meus cotovelos
sobre a mesa para que meus seios arquem para ele, desafiando-o a
interromper nosso olhar e parecer que eu sei que ele quer. Ele está apenas
resistindo em me irritar, tenho certeza.

Está funcionando.

— Eu não achei que você fosse tão puritano, Remy. — Uma covinha
pisca com meu comentário, mas ele não responde, suas palmas agarrando
minha cintura para me puxar contra seus quadris, pressionando-me contra
sua ereção através de nosso jeans. A maneira como ele gira meus quadris
em suas palmas, moendo-nos juntos, me excita muito mais do que deveria,
me deixa ensopada antes de qualquer coisa acontecer. Eu envolvo minhas
pernas em torno dele para mantê-lo perto, ganhando uma risada sombria.

Ele passa a palma da mão sobre a minha barriga, espalhando os dedos


entre meus seios, polegar e dedo mindinho provocando meus mamilos
enquanto ele me pressiona de volta na superfície de madeira. Eu quebro o
contato visual quando minha cabeça encontra a mesa e minha pele se
contorce de surpresa quando a língua quente de Remy passa pelo meu
umbigo. — Quer ouvir um segredo, Cuore Mio?

Minhas costas involuntariamente arqueiam em sua boca, perseguindo


seus lábios enquanto eles roçam minhas costelas com beijos molhados. —
Obviamente. — Eu sinto seu sorriso contra minha pele e tento me sentar,
encontrando seu olhar por apenas um momento antes que minhas costas
sejam pressionadas de volta para baixo.

— Fique abaixada, Bev, ou não vou contar. — Qualquer discussão que


eu tivesse morre na minha língua quando ele morde sob meu seio esquerdo,
o nariz pressionando contra o peso dele. Sua língua suaviza a picada, o
hálito quente contra o meu mamilo enquanto ele deliberadamente o perde
com o golpe de sua língua. Ele ignora meu pequeno murmúrio de frustração,
repetindo a ação do outro lado do meu ponto dolorido. — Eu odeio pra
caralho, Joey Delgelio.

— Por que? — Sua admissão me faz rir, o som se transformando em um


gemido baixo quando ele aperta o mamilo do meu seio anteriormente
solitário entre os dedos. A parte plana de sua língua pressiona rudemente
o mamilo que ele está negligenciando e minhas mãos sobem para agarrar os
lados de sua cabeça por conta própria, dentes mordendo meu lábio para
manter o som que tenta sair contido.
— Porque aquele rato bastardo foi o seu primeiro. — Ele diz isso antes
de trocar os mamilos, sugando a ponta rosada e dura em sua boca um pouco
mais agressivamente do que antes.

Eu arqueio para ele quando ele tenta se afastar, segurando sua cabeça
no lugar. Eu cantarolo de satisfação quando ele obedece, sinto-o sorrindo
contra a minha pele mais uma vez. — O que, você acha que deveria ter
conseguido todas as minhas primeiras vezes?

Sua mão desliza para a parte de trás do meu cabelo, me levantando da


madeira enquanto ele puxa do meu seio com um pop molhado, seus lábios
brilhando quando seu rosto encontra o meu. — Eu sei que deveria. — Minha
cabeça é levemente puxada para trás pela mão em meu cabelo, meu pescoço
arqueado para trás para ele.

Meus dedos agarram sua camisa enquanto seus lábios encontram a


coluna da minha garganta. — Isso é muito ousado da sua parte.

Ele ri e o cascalho profundo lambe minha espinha. — Não é ousado


quando é verdade. — Seus dentes afundam na junção do meu pescoço e
ombro, sugando a pele em sua boca. Minhas pernas o puxam para mais
perto, as mãos deslizando por baixo de sua camisa para correr sobre as
saliências duras e saliências que se escondem por baixo. Uma de suas mãos
deixa minha pele para agarrar sua camisa sobre suas costas, separando-se
de mim apenas o suficiente para puxar o tecido sobre sua cabeça e deixá-lo
cair a seus pés. Minha cabeça cai para olhar em seu rosto, um braço nas
minhas costas puxando minha carne arrepiada para que fique nivelada com
seu calor. — Você sempre foi minha.

Meu peito sobe e desce com a minha respiração acelerada enquanto ele
sorri para mim, a verdade em suas palavras abrindo caminho entre minhas
costelas para apertar meu coração. — Eu não sou nada de ninguém. — Para
meu aborrecimento, tem gosto de mentira. — Muito menos sua.

Ele sorri para mim, a mão caindo na parte inferior das minhas costas,
os dedos mergulhando na abertura do meu jeans. Seus lábios caem para a
nossa tatuagem combinando, seu sorriso pressionando um beijo antes de
roçar ao longo da minha orelha. — Eu sei como é o seu rosto mentiroso, Bev.

Eu bufo, pressionando de volta para fazer uma carranca em seu rosto


com covinhas. — Você vai me foder agora, Remy? Ou apenas compartilhar
segredos?

Minha tentativa de ganhar a vantagem sai pela culatra quando seu


olhar fica escuro, as covinhas marcando suas bochechas desaparecendo
quando ele dá um passo para trás e puxa meus quadris, então eu caio para
trás sobre a mesa mais uma vez. Meu jeans é puxado na próxima respiração
quando me sento nos cotovelos, observando enquanto ele tira meus sapatos
antes de cair de joelhos entre as minhas coxas. Seus dedos cavam na carne
da minha bunda enquanto ele me puxa para a borda da madeira, os olhos
encontrando os meus enquanto uma mão sai para trilhar seus dedos pela
minha panturrilha, prendendo-a em seu ombro.

— Eu não estarei transando com você. — Minha boca se abre para


questioná-lo, as palavras se transformando em uma distorção confusa
enquanto sua língua pressiona ao longo da mancha já molhada da minha
calcinha preta. Seus dentes beliscam levemente meu clitóris através do
tecido, fazendo com que a perna por cima do ombro aperte em suas
costas. Seus olhos encontram os meus enquanto ele corre o polegar ao longo
da costura da minha fenda através do tecido encharcado, mergulhando
levemente entre os lábios da minha fenda tanto quanto a minha calcinha
permite.
Todas as perguntas que eu tinha antes são perdidas enquanto eu o vejo
chupar meu clitóris de volta em sua boca, minha mão vindo para frente para
agarrar sua cabeça contra mim. Ele sorri contra mim enquanto eu levanto
meus quadris em sua boca, a língua me provando através do tecido no arco
da minha sobrancelha. Nunca tive vergonha de pedir o que quero e estar
com Remy não vai mudar isso. — Tire-as.

A respiração fica presa no meu peito quando ele suga um dos meus
lábios em sua boca, com tecido e tudo, um olhar de desvio passando por suas
pupilas dilatadas. Sua língua pressiona minha calcinha ainda mais na
minha fenda, a mão na minha bunda me puxando para mais perto de seu
rosto com a ação. Meus dedos do pé enrolam com a exalação quente de ar
que ele sopra sobre minha carne supersensível. — Não. Você virá com elas.

Mordo meu lábio inferior, empurro meus seios um pouco mais para
cima sob o olhar quente que está me comendo. — Eu duvido.

Seus olhos saltam da minha pele exposta para encontrar os meus, uma
covinha piscando em seu lugar entre as minhas pernas. O brilho em seus
olhos retransmite sua mensagem silenciosa; desafio aceito. Francamente,
eu nem me importo, contanto que eu consiga o que quero. Então, eu apenas
retorno seu olhar com um sorriso igualmente desafiador, girando meus
quadris para que o calor entre minhas coxas pressionam contra seus
lábios. Ele segura minha cintura com suas mãos tatuadas, prendendo meus
quadris em movimento.

Em vez de colocar a boca onde eu quero, ele se levanta lentamente,


deixando minha perna cair de seu ombro. Ele combina minha carranca com
um sorriso malicioso, o polegar pressionando minha fenda e efetivamente
calando qualquer réplica que estava prestes a ser dita. Ele pressiona seu
beijo no meu em uma pressão suave de lábios, roçando-os ao longo dos meus
em um leve toque que está tão em desacordo com a pressão circular áspera
de seus dedos ao longo do meu clitóris que eu não sei como reagir
corretamente.

Eu alargo minhas pernas para ele, me curvando para que meus saltos
descansem ao longo da superfície de madeira abaixo de mim, balançando na
cintura enquanto ele trabalha minha umidade através da minha calcinha,
molhando seus dedos sem nunca precisar mergulhar debaixo do tecido. Sua
outra mão está embalando minha cabeça, dedos acariciando ao longo da
minha bochecha, empurrando o cabelo levemente do meu rosto enquanto ele
continua seu ataque de beijos ternos e delicados golpes de sua língua. Ele é
implacável com os dedos, alternando entre passagens ásperas de seus dedos
ao longo da minha fenda até a ponta do pé, apertando minha protuberância
latejante.

Estou ofegante sob seu toque, minha pele quente, uma linha de suor
escorrendo entre minhas omoplatas enquanto ele quase casualmente suga
minha língua em sua boca, salpicando seus beijos suaves ao longo dos meus
lábios enquanto engole meus sons. Meus quadris estão mudando por conta
própria, tentando afundar um de seus dedos grossos mais profundamente,
tentando moer meu clitóris contra sua palma dura. Eu sei que ele está
brincando comigo, propositalmente mudando o impulso de seus dedos, no
segundo em que ele me sente obtendo meu próprio ritmo, me mantendo
distraída com sua doce língua e sugando meus gemidos de frustração.

Depois da terceira vez consecutiva, eu afasto meus lábios dos dele,


estreitando o olhar enquanto seus olhos caem para o meu peito arfante. —
Remy... — Ele me ignora, a cabeça caindo para chupar um mamilo entre os
dentes enquanto ele circula meu clitóris dolorido, seus dedos apenas roçando
o feixe de nervos. — Remy, você provou a porra do seu ponto.
Ele não diz nada mais uma vez, ganhando um gemido baixo de
aborrecimento de mim. Tudo o que ele faz é trocar os seios, a língua correndo
ao longo do topo do meu mamilo. Meus quadris empurram em sua mão e
seus olhos encontram os meus quando ele finalmente me dá o que eu quero
e esfrega sua palma contra meu clitóris. Eu praticamente grito com o toque,
deixando minha cabeça cair para trás enquanto trabalho meus quadris
contra ele, tomando tudo que posso antes que sua mente perversa decida me
deixar pendurada novamente. Meu cabelo faz cócegas ao longo dos meus
braços enquanto eu me inclino para trás, o banco rangendo levemente com
cada movimento de meus quadris.

A boca de Remy deixa meu peito, mas eu mal percebo, já que estou a
segundos de distância do orgasmo crescendo em meu estômago. — Cabeça
erguida, Cuore Mio. Eu quero ver seu rosto quando você desmoronar por
mim.

Eu nem mesmo me preocupo em discutir, trazendo meu rosto para


frente para travar em seu olhar escuro. Ele aumenta a pressão, os dedos
trabalhando em círculos rápidos e apertados enquanto minhas pernas caem
de cada lado de mim. Sua língua lambe os gemidos que saem dos meus
lábios enquanto eu arqueio para a minha liberação, minha mão deixando a
mesa para puxá-lo para mim mais completamente pela nuca. Remy
pressiona sua testa na minha enquanto eu desacelero do meu orgasmo, sua
mão deixando minha fenda ainda latejante para que ele possa segurar
minhas bochechas com as duas mãos.

— Sei fottutamente bella. — É sussurrado em meus lábios, mas não


preciso perguntar o que significa, porque ele se repete. — Você é linda pra
caralho.
Engulo a emoção injustificada fervendo em meu peito, pressionando
para frente para que meus lábios encontrem os dele para evitar ter que lidar
com eles. Somos inimigos, uma foda casual não muda isso. Não posso deixar
um orgasmo e palavras doces confundirem meu cérebro fazendo-o pensar
que isso poderia ser mais. Eu nem quero que seja... certo?

— Eu quero você dentro de mim, agora. — É murmurado contra seus


lábios, e ele engole as palavras, mal as deixando escapar. Eu chego entre
nós, deixando minhas unhas rasparem levemente ao longo dos músculos que
revestem seu peito e abdômen enquanto arrasto meus dedos até a
protuberância em seu jeans. Suas mãos caem do meu rosto para acariciar
minha bunda e coxas enquanto eu puxo o botão de seu jeans, agarrando
minhas pernas para envolver sua cintura, uma vez que estou segurando seu
comprimento em minha mão. Eu corro meu polegar sobre a cabeça de seu
pau, espalhando o pré-gozo com meus dedos antes de dar a ele algumas
bombeadas vagarosas que o fazem rosnar contra minha boca.

Ele está me agarrando da mesa antes mesmo de eu perceber o que está


acontecendo, meu peito pressionando contra o dele enquanto suas palmas
agarram a parte de trás das minhas coxas, minha mão ainda enrolada em
seu pau balançando enquanto ele me carrega em direção à cadeira de metal
de tortura aparafusada no chão perto no meio da sala. Ele se senta comigo
pairando sobre seu colo, joelhos escarranchados em sua cintura e minha mão
livre segurando seu ombro. Sem hesitar, encontro seu olhar, ajustando-me
para afundar em sua ereção antes que qualquer palavra possa ser dita. Eu
ainda estou pingando do meu orgasmo anterior, minha pele ainda zumbindo
por seu toque, não quero nada além de seu pau agora.

O gemido baixo que escapa de seu peito faz meu coração bater
irregularmente contra minhas costelas, aperta meu estômago; o som único
é provavelmente a coisa mais excitante que eu já ouvi. Ele agarra meus
quadris, pressionando-me mais profundamente nele enquanto ele muda
seus quadris, empurrando-se ainda mais fundo enquanto ganha um gemido
de meus lábios. Meus dedos ficam presos na borda do assento de metal, o
aço frio e duro contra meus joelhos enquanto construo nosso ritmo. Seus
dedos tatuados traçam suavemente sobre a minha pele enquanto eu me
movo, pressionando no mergulho dos meus quadris, batendo ao longo dos
vales suaves das minhas costelas, deslizando o inchaço dos meus seios em
um leve toque de dedo que me deixa selvagem. Ele não está me apalpando
cegamente como uma foda casual, ele está adorando minha pele,
memorizando a cada toque. E foda-se se isso não faz meu coração disparar -
ele não tem o direito de bater.

Pressiono minhas mãos contra seu peito, cavo meus dedos em sua pele
enquanto faço minha própria exploração. Ele agarra minhas mãos dele,
juntando-as em uma mão cheia de tatuagens para dar um beijo na ponta dos
meus dedos antes de segurá-los para que meus braços fiquem de cada lado
da minha cabeça. Sua palma livre agarra e aperta meus seios que estão
saltando na frente de seu rosto, um zumbido apreciativo saindo dele antes
de encontrar meu olhar abatido. — Mantenha-os abertos. — Ele dá um leve
aperto em meus pulsos, passando a palma da mão pela parte externa do meu
braço para agarrar meu outro seio quando eu não protesto.

Eu prendo meu cabelo em minhas mãos, a cabeça rolando para trás


enquanto os lábios de Remy pressionam contra o vale entre meus seios,
mãos quentes pressionando os montes suaves contra suas bochechas
enquanto ele deixa um rastro de beijos molhados ao longo da minha pele.

— Mais rápido. — É grunhido entre a mordida suave de seus dentes,


mamilos levemente beliscados com o comando silencioso.
Normalmente, eu teria uma réplica em meus lábios para qualquer uma
de suas demandas, ou querer lutar com ele, mas já posso sentir o calor de
outro orgasmo girando e não quero nada mais do que atingir esse pico. Então
eu aperto meu cabelo com mais força, puxando levemente minhas próprias
raízes e cavo meus dedos do pé no metal do assento, mudando meus quadris
com um rolar que escava o pau de Remy mais profundamente e esfrega meu
clitóris contra sua barriga dura.

— Porra. — O suave sussurro dos lábios de Remy agita meu estômago,


suas mãos caindo para ajudar a me mover ainda mais rápido. Eu deixo meu
olhar cair em seu rosto, observando-o assistir seu pau desaparecer entre
minhas coxas com cada impulso. Seus marrons mel colidem com os meus por
apenas um segundo antes de ele lamber o lábio e puxar meu rosto para o
dele com uma intensidade que rouba a respiração dos meus
pulmões. Minhas mãos caem do meu cabelo apenas para serem substituídas
pelas dele enquanto agarro seu rosto em minhas palmas, encontrando seus
beijos desesperados enquanto nós dois mudamos para um frenesi estúpido
no auge de nossa liberação.

Minha boca se separa da dele com o meu orgasmo, meu gemido


escorregando entre nossos lábios. Remy morde meu lábio inferior através
dos meus sons, uma mão no meu quadril me forçando a continuar me
movendo, mesmo enquanto me sinto transformando em geleia de prazer sob
seu toque. Seus dentes deixam minha boca, lábios mudando para morder ao
longo da coluna da minha garganta enquanto ele dá algumas estocadas
selvagens, quadris batendo esporadicamente enquanto ele borrifa minhas
entranhas com sua própria liberação.

Meus braços se movem para envolver seus ombros grandes, meu rosto
pressionando em seu pescoço enquanto eu trabalho para recuperar o
fôlego. As mãos de Remy estão correndo ao longo das minhas costas, palmas
levemente raspando para cima e para baixo na minha espinha enquanto ele
faz o mesmo. É confortável de uma maneira que não deveria ser e mesmo
que eu não possa me convencer a me afastar dele ainda, eu abro minha boca
em vez disso. — Você ainda tem que nos tirar desta sala.

A risada que ressoa no meu peito me faz sorrir. — Eu tenho a chave.


Podemos sair quando quisermos.

Eu empurro de volta, inclinando-me contra os braços que apoiam


minhas costas para franzir a testa no rosto de Remy. Ele engole quaisquer
palavras que iriam sair com uma mão no meu cabelo e a pressão rápida de
seus lábios prolongados. Não importa o que eu diria de qualquer
maneira. Contar a Julian como não consegui dominar a sala de fuga não é o
verdadeiro problema aqui, não é? Meu verdadeiro problema é o homem que
supostamente devo odiar, trabalhando lentamente em meu terceiro orgasmo
em uma cadeira de tortura no meio de uma sala de fuga da qual não consegui
escapar.
BEVERLY

— Não. — Movendo-me mais para baixo na minha banheira, digo em


voz alta por cima do ombro em direção à porta fechada do banheiro. Ouvi
Julian entrar no condomínio há alguns minutos e sei que ele está prestes a
vir me incomodar agora. — O que você quiser, não. Não vou fazer nada hoje.

Eu rolo meus olhos enquanto ele rudemente balança a maçaneta para


me irritar, posso praticamente ver seu sorriso atrás da porta. — Você nunca
quer fazer nada comigo.

Eu bufo, balançando os dedos dos pés acima da água enquanto olho


para o novo esmalte cor de vinho que pintei na noite anterior. — Passamos
quase todos os dias juntos. Vejo você todos os dias Julian.

— Verdade. — Eu o ouço encostar na porta, — Mas o que eu devo fazer


hoje se você não quiser sair?
— Vá sair com Andrea ou Donatello. — Afundo na água enquanto ele
resmunga, ignorando o que quer que esteja dizendo. Limpando a água do
meu rosto assim que eu volto, eu falo sobre ele. — Eu não sei nem me
importo, Julian. Eu te amo, mas não tenho planos a não ser ficar em casa
hoje. Sozinha.

— Seja chata então. Você sabe que eu encontrei uma nova lanchonete
que teria explodido sua mente? Eu não estou te dizendo mais, agora você
nunca saberá. Espero que isso mantenha você acordada à noite. — Ele bate
os nós dos dedos na porta no final como se estivesse solidificando sua
declaração e eu rio. — Oh, eu trouxe sua correspondência, a propósito. Está
no balcão.

Correndo minhas mãos sobre a superfície da água, aceno para mim


mesma antes de perceber que ele não pode me ver. — Ok, obrigada. — Eu o
ouço sair da porta e gritar em direção a ela, o som de seus pés se movendo
mais longe no corredor. — Traga-me um hambúrguer para o jantar!

Ele não me responde a princípio, mas eu ouço sua resposta gritar logo
depois que a porta da frente se abre, — Tudo bem! Mas você não está
recebendo o molho especial e acredite em mim, é incrível. Você realmente
vai perder!

Eu rio e escuto o clique da trava antes de me acomodar de volta na


banheira. Tenho estado tão ocupada ultimamente ajudando Cal com alguns
de seus alunos mais novos na academia que não tenho um minuto para
mim. Eu também não tenho visto muito Remy desde a sala de fuga. Aqui e
ali entre a academia e estar com Julian, mas sem tempo sozinha, sem tempo
nem para tentar discutir o que aconteceu. Ele me trouxe para casa logo após
meu terceiro orgasmo, apenas para me deixar em uma poça embaraçosa de
aborrecimento com tesão do lado de fora da minha porta com alguns beijos
bem colocados. Ele está praticamente me matando desde então e eu não
deveria me importar, mas eu me importo. Não sei o que eu esperava, mas
realmente querer que ele estivesse por perto não é isso. Não tenho certeza
se é o fato de que ele não sente o mesmo ou que eu me sinto assim que me
irrita mais.

Sentando para frente, puxo o tampão da banheira, observando a água


rodopiar pelo ralo por um momento antes de me levantar lentamente para
pegar a toalha que estava sobre o balcão. Secando meu rosto, eu saio da
banheira e seco o resto do meu corpo, enrolando meu cabelo molhado na
toalha quando termino. Vestindo rapidamente as leggings e a blusa cortada
folgada que trouxe comigo antes, saio do banheiro e começo a examinar a
correspondência que Julian mencionou.

Pegando um pirulito no pote de doces na cozinha, eu pego a


correspondência do balcão e sento no sofá. A maior parte é lixo inútil, então
jogo isso de lado, apenas um envelope chama minha atenção. Ao rasgá-lo,
noto seu peso e o papel creme com bordas douradas. O interior é pintado com
flores rosa e brancas brilhantes para um toque adicional e provavelmente
caro. Parece bastante exagerado para mim, mas o que eu sei. Retirando o
cartão de dentro, distraidamente corro meu dedo sobre os monogramas
folheados a ouro de V&R antes de virá-lo.

Mr. e Sra Luciano tem o prazer de anunciar o casamento de seu filho,


Remy Oliver Luciano e logo para ser amada filha-de-lei, Viva Rebecca
Delfino, o décimo segundo de Novembro no 620 Loft & Garden....

Eu não termino de ler, mas volto para reler o nome de Remy. E


acabou. E acabou. Meu coração está batendo forte em meus ouvidos
enquanto eu encaro as palavras até que elas ficam embaçadas em minha
visão. Virando o cartão, olho para os monogramas de ouro novamente,
apenas agora vendo o R e quem ele representa. Desde quando Remy vai se
casar? Desde quando Remy está noivo? Eu aperto meu pirulito entre os
dentes, me levantando para jogar o palito no lixo, enquanto arranco a toalha
do meu cabelo, o anúncio do casamento agarrado em meus dedos.

Remy Luciano está noivo.

Remy, o maldito Luciano, está noivo.

Quanto mais penso nisso, mais furiosa fico. Uma pontada no coração
que não entendo muito me fazendo sentir mal do estômago. Pego meu
telefone de onde ele está na beira do sofá, discando o número de Julian.

— Ei, mana. Você decidiu sair do seu buraco?

Ignorando sua pergunta, eu abro minha boca, com a intenção de


perguntar a ele se ele sabia sobre essa porra de noivado falso, mas paro,
ouvindo um barítono familiar ao fundo. O cascalho arranha meu coração
zangado. — Você está com Remy agora?

— Sim. Por quê? Quer que eu diga olá por você ou algo assim? — Ele
está rindo, mudando o telefone para que ecoa no meu ouvido.

— Onde você está?

Se ele fica confuso com minhas perguntas, ele não age assim,
respondendo facilmente: — A residência Fantino. Alguns de nós estão
jogando pôquer.

— Ótimo. Estarei aí em breve. — Desligo durante seu grito ridículo,


pisando forte até a porta para pegar as botas de combate que eu coloquei de
lado na noite passada. Arrancando as chaves do seu gancho, eu bato a porta
atrás de mim, descendo correndo os degraus para a garagem em vez de pegar
o elevador. Só quando estou colocando as chaves na ignição e virando-a é
que percebo que ainda estou segurando o anúncio de casamento idiota. Eu
fico olhando para ele por um momento, piscando para as intrincadas letras
cursivas antes de jogá-lo no banco do passageiro.

Estou com raiva em primeiro lugar, mas também não consigo esconder
a leve pontada de dor que continua estalando suas mandíbulas em volta da
minha garganta. Remy e eu não temos nada a ver com relacionamentos,
mas nos conhecemos desde sempre. Nós passamos mais tempo juntos do que
eu jamais poderia contar, temos mais memórias do que eu poderia caber em
um álbum de fotos. Sem mencionar que ele me fodeu quase até o
esquecimento na semana passada. Ele deveria ter me contado. Eu não
deveria ter descoberto com um cartão de lixo exagerado enviado pelo correio.

Saindo do estacionamento, viro na direção da residência Fantino. Não


vou demorar mais de quinze minutos para chegar lá, ainda moro no meu
antigo bairro. O bairro é a versão diluída do que é esta parte da cidade. É
tudo propriedade da Máfia, basicamente uma cidade dentro da cidade que
só abriga pessoal e família mafiosos.

Meus dedos tamborilam no volante enquanto dirijo. A náusea na minha


barriga piorando a cada minuto que passa no relógio do painel. Por que
estou vindo aqui? Por que me importo o suficiente para deixar o
condomínio? Ignoro as verdadeiras razões agitadas em meu peito e finjo que
é apenas porque quero ouvir isso dele. Quero que ele me olhe no rosto e diga
que está noivo e vai se casar. Eu mereço pelo menos isso, não é?

Puxando os portões de ferro com monograma da propriedade Fantino,


solto o fôlego que não percebi que estava prendendo. Estacionando perto dos
outros veículos já aqui, desligo o carro e olho para o cartão no banco do
passageiro. Não sei quanto tempo fico ali sentada, apenas olhando para a
estúpida folha de ouro, mas quando finalmente abro a porta, decido agarrá-
la e trazê-la comigo. Batendo minha porta fechada, eu sigo em direção à
porta da frente, pés calçados esmagando ao longo do caminho de cascalho.

— Se eu perder mais uma mão para o fodido Marco, vou pendurar o


bastardo traidor em seu próprio lustre.

Ouço Donatello antes de vê-lo, contornando a extremidade de um SUV


ao mesmo tempo em que a risada profunda e estrondosa de Remy me atinge
no peito. Eu franzo o cenho para o par parado perto dos degraus, olhos
estreitando ainda mais no, — Ei, Bev, — de Donatello, que tem os tons de
mel de Remy contrastando com o meu olhar.

Meu aborrecimento toma conta e antes que eu realmente saiba qual é


o meu plano, o cartão com monograma está deixando meus dedos para
acertar Remy direto em seu peito. Ele deixa a fumaça do cigarro passar pelos
lábios, os olhos fixos nos meus em vez de baixar para ver o cartão a seus
pés. Ele já sabe o que é. Eu sei que ele sabe.

— Você vai se casar? — Sou eu quem quebra o silêncio, minhas mãos


em punhos ao meu lado para parar o leve tremor que rasteja em meus
dedos. Não posso nem fingir que não quero desesperadamente que ele diga
que é algum tipo de mal-entendido.

Outro Remy Luciano.

Que não é o Remy que tem uma tatuagem que combina com a minha
naquele cartão.
Donatello recua os degraus de pedra ao meu tom, uma mão vindo para
dar um tapa no topo do ombro de Remy antes que ele se vire e vá para
dentro, deixando nós dois sozinhos no silêncio crescente. Eu vejo Remy dar
uma longa tragada em seu cigarro, apagando-o ao longo de uma urna ao seu
lado, os olhos deixando os meus enquanto eles se fecham. Fumaça sai de seu
nariz e dou um passo para mais perto dele, a cabeça inclinada para trás
enquanto olho para ele na escada.

Espero até que seus olhos encontrem os meus novamente antes de


ousar soltar a respiração que estava prendendo. — Quem é a sortuda,
Remy? — Observo o tique-taque de sua mandíbula, a contração inconsciente
de seus dedos tatuados. — Você a leva para uma sala de fuga também? — Eu
mordo, as palavras picam minha própria boca. Não sei por que parece tão
vil dizer. Por que eu me importo tanto em perguntar.

Ele anda o resto do caminho para fora da escada, movendo-se para ficar
bem na minha frente e na minha fúria. — Viva Delfino é minha nova noiva.
— As palavras doem mais do que eu gostaria de admitir, fazendo meus
ouvidos sangrarem como pregos em um quadro-negro. A confirmação
afundando como pedras na boca do estômago. —É um casamento arranjado.

Não é tão surpreendente quanto deveria ser. A Famiglia sempre faz o


que é melhor para a Famiglia, e eu imagino que eles estão conseguindo um
maldito negócio ao se casar com o futuro Capo Famiglia. Sempre achei o
conceito bárbaro e cruel, mas agora que está quase me afetando
diretamente... Eu nunca odiei nada mais neste
momento. Independentemente disso, se esta é a escolha de Remy ou não, ele
tinha que saber sobre isso. Seu pai não teria simplesmente jogado isso nele,
não como eu descobri.
Os dedos de Remy sobem para roçar em meus lábios e eu os afasto,
encontrando a curvatura de sua sobrancelha com uma carranca
desagradável. — Você quer que eu acredite que você não sabia que isso
estava acontecendo? Que você está tão surpreso quanto eu? — Eu bufo,
engolindo o aperto na minha garganta. Eu não me importo. Eu não me
importo. Eu não me importo. — Eu não me importo com quem diabos você
vai se casar, mas você deveria ter me contado. — O longo suspiro que ele
solta roça meu rosto e eu pisco para afastar a vontade repentina de pisar
nele, de tê-lo no meu espaço como sempre.

— Se você não se importa, Cuore Mio, por que está tão brava? — Ele
atende aos meus desejos não expressos, as botas dos pés batendo nos meus
enquanto ele invade meu espaço, a mão tatuada escovando as mechas
escuras do meu cabelo ainda úmido para acariciar minha
tatuagem. Levanto minha mão para empurrar seu braço, mas acabo apenas
agarrando seu pulso, os dedos envolvendo-o em vez de empurrá-lo para
longe.

Eu aperto o pulso sob minha mão, mas Remy ignora, o polegar


acariciando a tatuagem atrás da minha orelha. Não me preocupei em
perguntar a ele o que o apelido significa desde que ele me ignorou da última
vez e, embora eu queira saber, tenho a sensação de que ele ainda não vai
responder. Eu poderia ter perguntado a Julian, mas por algum motivo
parece importante ouvir do próprio Remy. Eu me sinto inclinada contra ele
e rapidamente arranco sua mão de mim, jogando seu braço de lado e
liberando seu pulso como se tivesse queimado minha palma.

Eu olho para o ligeiro estreitamento de seu olhar escuro por ter me


jogado de lado assim. — Mantenha suas mãos longe de mim, Remy.
— Engulo minhas palavras, meus pulmões queimando a cada respiração
superficial. — O que sua noiva pensaria se visse você me tocando? — Seus
olhos dourados mudam entre os meus, mas ele permanece em silêncio, me
deixando atacá-lo. Seu silêncio emparelhado com os gritos do meu coração
me estimula a perguntar mais uma vez: — Por que você não me contou?
— Embora seja mais silencioso do que antes, um pouco mais difícil de sair.

Eu não me importo. Eu não me importo. Eu não me importo.

— Eu não queria que você soubesse. — Fico apenas olhando para ele,
piscando quando ele continua, — Eu não queria te contar.

Não sei o que esperava que ele dissesse, mas não foi isso. — E daí, você
teria apenas fingido que não estava acontecendo se eu não tivesse
descoberto? Qual era o seu plano aqui? — A brisa sopra o anúncio dos
degraus e ele pousa aos meus pés, uma sutil foda-se do universo. —
Enquanto você fugisse e se casasse, onde isso teria me deixado em tudo isso?
Uma foda única? Sua memória de infância mais odiada? — Outro gole grosso
seguido por palavras raivosas que não tenho o direito de dizer. — Eu não
sou importante o suficiente para você nem querer compartilhar as
novidades, então talvez eu não seja nada para você. Que idiota isso me faz,
hein?

Remy agarra os lados do meu rosto, as palmas das mãos quentes em


minhas bochechas enquanto ele puxa meu corpo contra o dele, no segundo
em que as palavras deixam minha boca. Eu agarro seus pulsos em minhas
mãos para puxá-lo, mas ele não me deixa, nem mesmo se mexendo com meu
puxão forte. — Não comece comigo, Beverly. — Ele balança levemente
minha cabeça como se estivesse tentando fazer com que as palavras
afundem em meu cérebro e eu aperto minhas mãos em seus braços. — Você
é a mulher mais irritante que já conheci na minha vida, sabia disso?
— Tento sacudir meu rosto de seu aperto, mas ele se mantém firme. — Eu
não queria que você soubesse porque eu sabia que você agiria assim. Eu não
queria te dizer porque sabia que te machucaria se você fosse teimosa demais
para admitir ou não. Eu não. Não quero esse casamento. Não quero essa
mulher.

Ele me dá outra sacudida, como se estivesse certificando-se de que eu o


ouvi, olhos castanhos mel franzindo a testa para mim. Meu coração está
batendo em meus ouvidos, meu estômago aperta enquanto suas palavras
afundam em minha pele. Eles são de alguma forma reconfortantes e
magoados ao mesmo tempo, cavando um corte em meu coração que eu não
sabia que tinha. Sal na carne ferida. Ele estava me evitando
intencionalmente, mas ele me quer. Contradizente e confuso. Mas não
importa mais, porque ele vai se casar. O que quer que esteja acontecendo
entre nós ou estava acontecendo, simplesmente não pode.

Eu não me importo. Eu não me importo. Eu não me importo.

Repito em minha mente, penso até que a respiração volte aos meus
pulmões e o fogo volte às minhas veias. — Eu não me importo. Eu nunca me
importei. — Parece cruel e errado dizer; dói mais do que eu poderia
imaginar, alojando um nó na garganta e uma dor nas costelas. Aperto meus
lábios no tique da mandíbula de Remy, sentindo seus dedos apertarem
minha pele. Eu recuo e ele me deixa, olhos me rastreando enquanto eu
lentamente ando para trás e para longe dele. — Acho que você estava
errado, sobre eu sempre ser sua, porque isso deixa bem claro que nunca serei
seu nada. — Aceno minha mão entre nós enquanto falo, tentando ser
maliciosa através da dor no meu peito e fingir que não sinto isso. Estou
falhando miseravelmente.

Ele cantarola com aborrecimento, o som pausando minha descida por


uma fração de segundo enquanto tenta correr ao longo da minha espinha,
mas eu o ignoro, virando-me para evitar ter que ver o rosto de Remy por
mais um momento. Ele não segue atrás de mim ou diz outra palavra, e
mesmo que eu não esperasse que ele fizesse, algo sobre isso ainda me
incomoda. Abrindo a porta do meu carro, eu entro, ligando o carro e saindo
da propriedade o mais rápido possível, sem parecer uma mulher louca. Eu
pego meu reflexo no espelho e limpo a lágrima solitária que eu não percebi
que estava lá do meu rosto com as costas da minha mão, batendo no volante
com a palma da minha mão.

O que diabos há de errado comigo?

Não me importo com Remy Luciano. Eu não me importo com quem ele
se case. Remy Luciano sempre foi e sempre será a ruína da minha
existência. O homem que amo odiar e nada mais.
BEVERLY

Há muitas, muitas coisas que prefiro fazer do que passar a noite no


churrasco anual da Famiglia. Beber lama de esgoto ou enfiar garfos em
meus ouvidos, por exemplo. No entanto, aqui estou eu, sentada na calçada
fora do meu condomínio esperando meu irmão vir me pegar e me levar para
a maldita coisa. Estou cutucando a borda do meu esmalte preto quando
Julian para no meio-fio, buzinando desagradavelmente como se eu não o
visse bem na minha frente. Levantando, ouço o clique da fechadura quando
minha mão agarra a maçaneta da porta e olho pela janela, franzindo os
lábios com sua risada silenciosa.

— Abra a porra da porta, Julian. — Ele destranca apenas para travar


no segundo que eu puxo a maçaneta. Puta que pariu. — Eu vou quebrar sua
janela. Eu juro que vou, Julian.

Posso ouvi-lo cacarejar através do vidro, mas ele destranca a porta mais
uma vez, rindo ainda mais quando eu empurro a porta com mais
agressividade do que o necessário. Eu caio no assento, clicando no cinto no
lugar, enquanto ignoro as risadas contínuas do meu irmão.

— Você sabe que a mamãe vai comentar sobre a sua roupa, certo? Você
faz isso de propósito ou você realmente não tem ideia de como se vestir para
alguma coisa?

Eu passo uma língua irritada pelos lábios, olhando sua roupa. Ele está
vestindo jeans escuro e um simples botão xadrez aberto sobre uma camiseta
simples. — É um churrasco, que é literalmente o tipo de festa mais casual.
O que há de errado com o que estou vestindo? Não é pior do que o seu.

Ele ri como se eu tivesse feito algum tipo de piada. — Você está usando
um top de renda, saia estampada e botas. Nem faz sentido como uma roupa.

Eu bufo, olhando para baixo para dar um nó duplo na renda segurando


minha blusa. A última coisa que preciso é que isso se desfaça, minha mãe
perderia a cabeça. Bem, isso pode realmente me levar para casa mais cedo...
Eu tiro o nó extra que acabei de fazer e olho pela janela. Minha roupa não é
tão horrível quanto Julian parece pensar que é. — É uma blusa, uma calça
e um sapato, Julian. Isso é uma roupa. Como não faz sentido? — Olho para
minha saia verde escura, aliso minha mão sobre a estampa de chita preta. —
É ousado e bonito. O que eu deveria ter vestido? Mamãe teria perdido se eu
tivesse usado outro par de shorts.

Ele me olha para a luz com um sorriso malicioso. — Isso é verdade. Ela
odeia seus shorts mais do que qualquer coisa.

— Ela odeia tudo que eu faço.


— Você sabe por que isso está certo? — Julian espera até que eu vire
minha cabeça em sua direção antes de continuar, — Porque vocês duas são
basicamente a mesma pessoa. — Ele ri do olhar que eu dou a ele, falando
sobre meu escárnio. — Vocês são extremamente dramáticas e teimosas,
ambas sentem a necessidade de vocalizar todos os inconvenientes, e ambas
são meio mesquinhas.

Cruzo meus braços e reviro meus olhos, olhando para a casa enquanto
chegamos a ela. — Eu juro que nada além de besteira sai da sua boca.

Ele apenas ri, me empurrando no assento. — Acho que absorvi toda a


personalidade divertida do útero.

Solto meu cinto de segurança enquanto ele estaciona, abrindo a porta


assim que o motor desliga, — Todos os estúpidos também. —Sorrio com sua
risada alta, fechando a porta em tudo o que ele diz depois.

Eu não quero estar aqui. Principalmente porque sei que Remy estará
aqui e não quero lidar com ele. Eu não sei o que deu em mim nas últimas
semanas, mas eu não vou deixar isso acontecer novamente. Evitá-lo seria o
ideal, mas não acho que seja uma opção aqui. Observo as costas de Julian
enquanto ele caminha ao redor do capô do carro, franzindo os lábios
enquanto começo a segui-lo em direção ao quintal. Os Luciano's fazem
churrasco na casa deles todos os anos no final do verão, uma grande festa de
besteira para comemorar o fim da temporada. Quase nem chega a ser um
churrasco, a única coisa que lembra um churrasco normal é a comida servida
no estilo churrasco. Eles reservam cabines fotográficas e pequenos passeios
para crianças mais novas, entre outros jogos aleatórios. É apenas mais uma
reunião ridícula de exibicionismo como todas as outras.
Tenho certeza de que a verdadeira razão para isso é Francesca se gabar
do que quer que tenha feito durante todo o verão com seu mais novo filho da
puta; é tudo o que ela faz atualmente. Tenho certeza que Capo Famiglia tem
sua própria peça lateral, mas ele é mais discreto sobre isso. Eles são
realmente o exemplo perfeito de por que os casamentos arranjados na
Família não passam de piadas tristes. É claro que Francesca não diz
diretamente que está tendo casos, mas todos nós sabemos disso. Ela
raramente está em casa e passa a maior parte do tempo em ‘viagens’, uma
mulher patética na verdade. A maioria das donas de casa é, ao que
parece. Lindas esposas-troféu com zero pensamentos em suas cabeças fora
de compras e gastando todo o dinheiro suado de seus maridos.

Prefiro colocar uma bala na minha própria cabeça do que me tornar


uma delas.

Delaney desce pulando os degraus da frente, uma taça do que parece


ser vinho na mão, tirando-me dos meus pensamentos. — Eu normalmente
não tenho problemas em tolerar o mau comportamento, mas acho que você
ainda é um pouco jovem para o álcool, Laney.

Ela ri, estendendo o braço com o copo para mim, assim que chega até
mim. —É para você. Peguei da mesa quando vi Julian.

Eu pego dela, jogando tudo de volta com um gole alto. — Brilhante como
sempre, Laney. Você é definitivamente minha Luciano favorita.

Ela ri, empurrando a alça de seu comprido maxi azul que caiu de volta
em seu ombro. — Remy me disse para contar a ele quando você chegasse
aqui.
Me arrepio com seu comentário. Olhos levantando dela para escanear
as poucas pessoas que eu posso ver se misturando ao redor. — Faça-me um
favor? — Eu olho para ela a tempo de pegar o fim de seu aceno. — Diga ao
seu irmão para comer merda. — Ela bate a mão na boca para conter sua
risada, suas risadinhas me fazendo sorrir com ela.

— Beverly Hunter! O que diabos você está vestindo? Isso não é uma
festa na piscina! — Meus olhos rolam para o céu com a voz da minha mãe,
a necessidade de correr na direção oposta quase esmagadora em sua
intensidade.

Dou a Delaney um olhar que a faz sorrir antes de olhar para o rosto
carrancudo de minha mãe. Suas mãos estão nos quadris, os lábios franzidos
enquanto seus olhos castanhos encaram minhas botas. — Oi, mãe, é sempre
um prazer.

Ela aponta para mim em advertência, resmungando para mim


enquanto dá um passo à frente para puxar as amarras da minha blusa para
tentar apertá-las para que menos decote fique aparecendo. Levemente dou
um tapa em suas mãos, reajustando meus seios enquanto ela franze a testa
com desgosto. —É melhor você dar um nó duplo nisso. A maneira como você
corre por aí vai se desfazer e Deus sabe que não posso lidar com mais uma
de suas travessuras.

— Esse é o tipo de plano. — Murmuro baixinho enquanto cruzo os


braços sob o peito, sorrindo com a risadinha silenciosa de Laney.

— Você é uma criança mimada. Se você não se endireitar, nunca vai


conseguir um marido e me dar netos. — Reviro meus olhos mais uma vez,
balançando a cabeça enquanto ando ao redor dela e continuo em direção ao
quintal. — Você sabe que Remy vai se casar em alguns meses e eu aposto
que ele terá alguns nipotes para eu bajular, já que você se recusa a agir
direito.

Seu comentário cava direto em minhas costelas, abrindo o corte em que


estive aplicando band-aids a semana toda. Eu sei que ela não disse isso
intencionalmente para me machucar, ela não teria nenhuma razão para
pensar que eu me importaria com Remy e seu casamento iminente. Engulo
a batida repentina do meu coração, olhos piscando para ver a leve
preocupação no rosto de Delaney. Ela é uma garota inteligente, mas duvido
que ela saiba sobre a minha situação recente e de Remy; o visual dela
provavelmente é pelo bem de Remy.

— Sim, bem, desculpe desapontá-la, mãe. — Largando meu copo vazio


na bandeja de um garçom que passa, eu vagueio sem pensar, desligando o
que quer que minha mãe esteja dizendo a Laney. Provavelmente algo
ridículo sobre como não agir como eu. Eu olho por cima do meu ombro, os
olhos de Laney encontrando os meus brevemente enquanto ela sorri e
balança a cabeça junto com o discurso de minha mãe.

Assim que estou me virando para olhar para frente, eu bato direto no
que parece ser uma maldita parede, grandes mãos envolvendo meus braços
para segurar minha queda. Meus olhos trancam na tatuagem rabiscando
um dos membros longos e eu cerro os dentes, endurecendo meu rosto antes
de ousar olhar para cima. Endireitando-me, afasto as mãos para longe,
estreitando o olhar em confronto com os tons de mel derretendo sobre a
minha pele. Há um silêncio que cai sobre nós, silenciando as pessoas ao
redor, uma bolha invisível bloqueando todos os outros ruídos, exceto o som
da minha respiração superficial. Quase posso sentir sua necessidade de
dizer algo, sentir a vibração do zumbido que ele mantém em seu peito. Vê-
lo dói de uma maneira que não entendo ou não quero, e isso me irrita.
Eu não sei quanto tempo ficamos ali olhando um para o outro, mas
Remy é quem quebra o silêncio. Olhos deslizando sobre cada centímetro de
pele exposta de uma maneira íntima demais para a empresa em que
estamos. — Acho que devemos conversar.

Eu bufo, cruzando os braços sobre o peito para esconder o


endurecimento dos meus mamilos com o tom de sua voz. — Eu acho que você
deveria calar a boca.

— Beverly! Boas maneiras!— Os lábios de Remy se torceram em um


sorriso para o suspiro mortificado de minha mãe, tons de mel mudando para
olhar para ela por cima do meu ombro.

Limpando minha garganta um pouco alto demais, eu corro minha


língua sobre meus dentes e coloco um sorriso falso em meu rosto quando
nossos olhos se encontram novamente. — Por favor, cale a boca.
— Ignorando outra rodada de foles dramatizados que soam atrás de mim,
coloco a mão no peito de Remy, dedos involuntariamente afundando no calor
dele, absorvendo tudo que podem conseguir antes de eu empurrá-lo para o
lado. — Agora, gentilmente, saia da minha frente.

Ele ri contra a minha mão, o som descendo pelo meu braço e


serpenteando em volta da minha garganta. Minha raiva aparentemente é
divertida para ele, o que não faz nada além de me irritar mais. Durante a
última conversa que tivemos, fui muito clara que não queria nada com
ele. Passando por ele, minha mão deixa seu peito apenas para ser pega em
sua palma áspera. Eu paro no leve puxão que ele dá no meu braço, olhando
furiosamente enquanto ele se recusa a me deixar ir. Meus olhos rastreiam o
toque de sua língua enquanto molha seus lábios, o peito subindo e descendo
em um ritmo acelerado enquanto eu o vejo levar minha palma à boca,
colocando um beijo suave lá enquanto me tranca sob seu olhar.
— Quer sair daqui? — Seus lábios roçam minha palma com a pergunta,
pequenos choques de relâmpago quente apertando meu intestino com as
palavras suaves.

Pisco para ele enquanto ele abaixa minha mão, observando seus dedos
raspando levemente nas pontas dos meus dedos enquanto ele deixa minha
mão cair de volta para o meu lado. Meu coração está batendo forte na minha
garganta, gritando sua resposta, uma com a qual eu não concordo
totalmente. Sem permissão, as palavras saem de meus lábios em resposta:
— Eu particularmente não gosto de passar tempo com você.

Sua covinha fere meu coração tanto quanto induz uma vibração
suave. — Isso é um sim ou não, Bev?

Alguém grita algo ao fundo, chamando minha atenção da atração


magnética de Remy. Meus olhos mudam para o pequeno sorriso triste de
Laney logo atrás dele, então para minha mãe, observando a inclinação
confusa de sua sobrancelha. Ela ficaria confusa, porque Remy agora é um
homem noivo. Um que não deveria estar me tocando ou me pedindo para
sair com ele. Aquele que não é meu para sair em aventuras.

Aquele fogo feio que foi apagado explode de volta à vida atrás de minhas
costelas, enrola em volta do meu coração batendo forte, enegrece meus
pulmões, então é difícil puxar minha próxima respiração para falar. Eu olho
de volta para Remy e suas covinhas, engulo de volta a palavra que quer sair
e substituo por aquela que precisa. — Não.

Ele se vira mais completamente para me encarar, os olhos mudando


entre os meus como se ele estivesse tentando avaliar o quão séria estou. Eu
sei que essa não era a resposta que ele esperava. Eu nunca disse não. —
Cuore Mio, venha comigo.
Eu estou balançando minha cabeça que não, não sou capaz de dizer uma
segunda vez. Meus olhos pousam na carranca aprofundada de minha mãe
voltada para as costas de Remy, uma que eu presumo que esteja lá por causa
do apelido, e é o empurrão que eu preciso para me manter firme. O que quer
que signifique, não é algo que ele deveria estar me chamando ou não teria
provocado esse tipo de reação. Remy dá um passo mais perto de mim,
trazendo minha atenção de volta para ele, e eu recuo para manter o espaço
entre nós. Não posso deixá-lo colocar as mãos em mim.

— Eu disse não, Remy. — Estendo a mão e pego uma bebida de uma


bandeja que passa, batendo-a de volta com meus olhos fixos no homem na
minha frente. Seja o que for, infelizmente não é forte o suficiente. — Leve
Viva aonde quer que você vá. — Giro, segurando meu copo na minha mão
enquanto me afasto dele, me recusando a olhar para trás, mesmo quando
sinto sua irritação arranhando minhas costas com o meu desafio.

Laney vem correndo para o meu lado, sua mão entrelaçando nossos
dedos para me dar um aperto reconfortante. Dou a ela um pequeno sorriso,
apreciando o gesto. — Vamos para a cabine de fotos, eu vi alguns adereços
de bigode antes que ficariam muito bonitos em você.

Eu rio com sua risada, soltando sua mão para envolver meu braço em
volta de seu ombro em um abraço de lado estranho enquanto
caminhamos. — Tudo bem, mas apenas se você usar o acessório de óculos.
— Eu espreito por cima do ombro quando chegamos à cabine, os olhos
pousando em Remy imediatamente. Ele está me observando enquanto fala
com alguns dos capos mais velhos, me seguindo até que eu desapareça na
cabine e a cortina bloqueie minha visão.

Algo sobre isso doeu em meu peito e eu fecho meus olhos por um
momento, repetindo meu mantra de 'Eu não me importo' até que eu seja
capaz de me convencer de que acredito. Engraçado como realmente não me
importei até que eu realmente não pudesse.

Eu não me importo. Eu não me importo. Eu não me importo.

Eu não me importo e é tão simples quanto isso.


BEVERLY

— Bem, olá, bomba de cereja! — A exclamação é seguida por um assobio


desagradável quando saio do táxi que peguei para chegar ao Touro
Furioso. É uma boate de propriedade da Famiglia localizada perto do cais e
uma das minhas casas noturnas favoritas por causa do telhado
aberto. Julian deveria vir comigo, mas ele arranjou um trabalho e não tenho
certeza se Andrea virá mais tarde, então, por enquanto, é apenas Donatello
e quem quer que ele tenha escolhido para passar a noite aqui.

Rolo meus olhos para a saudação de Donatello levantando uma


sobrancelha para ele. Presumo que ele esteja se referindo à minha roupa
para a noite. Um top de chiffon preto de duas peças com alças finas e
minissaia decorada com um babado preto macio na parte inferior e
pontilhada com pequenos desenhos de cereja. É um pouco mais macio do que
o que eu costumo usar, mas eu o tornei um pouco áspero com meu batom
vermelho escuro e minhas botas habituais.
Estendo meu telefone para Donatello, observando enquanto ele o enfia
no bolso para mim; nossa rotina normal ao sair, já que odeio carregar
bolsa. Eu noto a falta de mulheres bajulando ele e inclino minha cabeça em
sua direção. — Sem encontro esta noite? Isso parece surpreendente.

Ele me dá um sorriso torto que grita problema, estendendo a mão para


agarrar a banda do meu top nas minhas costelas. Eu bato em sua mão com
uma carranca. — Você é meu par esta noite, obviamente.

— Ai credo. — Balanço minha cabeça enquanto ele ri, beliscando seu


lado quando ele tenta envolver um braço em volta do meu ombro. —
Absolutamente não. Nada disso.

— Oh, vamos! Qual é a pior coisa que pode acontecer? — Ele sorri para
mim enquanto caminhamos em direção à entrada do clube, acenando com a
cabeça em direção ao segurança que abre a porta para nós que ignora a fila
de espera na frente. — Se você está preocupada em se apaixonar
perdidamente por meus movimentos de dança superiores, eu entendo a
preocupação.

Zombo ao passar por ele, indo em direção à parte de trás, onde sempre
temos mesas reservadas. — Eu vi seus passos de dança muitas vezes e
honestamente? — Sorrio para ele por cima do ombro, piscando o mais
docemente que posso, — Eles são os melhores que eu já vi.

Ele franze a testa para mim com suspeita enquanto eu rio da expressão,
passando pelos painéis de vidro do chão ao teto que se alinham na metade
de trás do clube. Todo o local é decorado em tons de preto e vermelho, escuros
e misteriosos como a maioria dos homens que o frequentam. Há assentos
VIP ao longo das varandas superiores, mas sempre usamos as cabines
privadas atrás do vidro unilateral, porque é mais perto da área de dança
principal e de qualquer entretenimento ao vivo que eles oferecem. Hoje à
noite, é um DJ com um nome engraçado, explodindo mixagens das canções
pop mais populares. Não venho aqui com frequência, mas é bom de vez em
quando.

— Não gosto quando você diz coisas boas como essas. Eu nunca sei se
você está falando sério ou tirando sarro de mim. — Donatello diz, puxando
minha atenção do DJ para ele.

— Eu nunca tiraria sarro de você, Donatello. — Seus olhos se estreitam


de brincadeira enquanto ele se senta em nossa mesa, dois dedos anelados
levantando para sinalizar para uma garçonete.

— Tudo bem. Agora eu sei que você está mentindo. — Ele aponta o dedo
para mim enquanto eu rio. Seus olhos deixam os meus para pousar na
garçonete enquanto ela deixa nossas bebidas, já sabendo o que normalmente
pedimos. Ele pisca para ela, fazendo-a corar quando ela se vira e eu rolo
meus olhos, pegando minha Coca-Cola simples da mesa. Posso beber nas
festas da Famiglia, mas elas são um pouco mais rígidas quando se trata de
lugares mais públicos. Eu geralmente só pego algumas das bebidas dos
outros caras de qualquer maneira.

— Quem virá depois? Além de Julian. — Seus dedos com anéis batem
levemente na mesa enquanto ele olha para a multidão, provavelmente
procurando por alguma pobre garota para sair com o coração partido mais
tarde.

— Você está perguntando se Remy estará aqui? Porque você já sabe


sobre os outros dois. — Ele sorri para o meu olhar quando seu rosto se vira
na minha direção. — Eu não sei onde ele está.
— Não sei se acredito em você ou não.

Ele ri, mordendo o lábio de uma forma que tenho certeza que faz a
maioria das garotas cair de joelhos por ele. — Honestamente? — Estreito
meu olhar em seu rosto, sabendo que ele está zombando de mim antes. —
Eu nunca mentiria para você.

Rolo meus olhos enquanto ele ri de sua própria besteira, tomando um


gole do meu copo. — Qualquer que seja. — Ponho o copo de volta na mesa,
levantando da cadeira, olhos em Donatello. — Vamos dançar ou não?

Ele pula de seu assento, um sorriso torto no lugar enquanto ele me


muda para frente com uma mão nas minhas costas. — Eu sabia que você
realmente queria dançar comigo.

— Certo. Você me pegou. — Começo a balançar antes mesmo de


chegarmos ao andar principal, virando-me para encarar Donatello enquanto
danço para trás na multidão. Ele ri enquanto eu jogo sinais de paz sobre
meus olhos. —É hora de provar que você sabe os movimentos, garoto Donny.

Seus olhos mudam para olhar em direção à varanda, um sorriso


malicioso marcando sua bochecha com o que quer que ele veja. — Em
primeiro lugar... — Seus olhos caem para os meus, estreitando-se com um
desafio brincalhão, encontrando-me passo a passo enquanto eu passo pela
multidão. — Esse é um apelido nojento, encontre outra coisa. E em segundo
lugar, o que a máfia e a boceta têm em comum?

Franzo meus lábios em pensamento, continuando a dançar. — Eu não


sei. O quê?
Ele me gira para longe dele, pressionando minhas costas enquanto
dançamos. Seu sorriso roça ao longo do meu ouvido antes de falar, — Um
deslize da língua e você está na merda.

Estendo o braço para trás e bato levemente em sua boca, rindo de sua
piada estúpida e nojenta. — Você é nojento. E vou dizer isso a Julian mais
tarde.

Ele me puxa para mais perto de sua forma de dança pelos meus quadris
e eu dou a ele um olhar por cima do ombro em advertência. Ele apenas pisca
aquele sorriso torto novamente, os olhos brilhando nas luzes que piscam ao
redor da sala. Está muito escuro no pavilhão de dança, as luzes
propositalmente diminuídas para quase nada, tetos alinhados com luzes
estroboscópicas aleatórias que balançam ao redor da sala. A maior parte da
luz está centrada em torno do palco, a fumaça dos homens nas varandas
acima fazendo com que a sala cheire a charutos caros misturados com o
almíscar suave da colônia masculina.

Agarro a mão de Donatello, segurando-a no lugar enquanto ela tenta


deslizar para cima do meu lado. — Vou quebrar seus dedos se você subir um
pouco mais.

Ele agarra minha mão, girando-me para encará-lo enquanto


simultaneamente me puxa para cima usando a outra mão nas minhas
costas, — Mais uma piada.

Estreito meus olhos, mas o deixo me manter perto. — Tudo bem, diga
isso e seja rápido antes que eu decida dar um soco em você por ficar muito
prático.
Seus olhos escuros deixam meu rosto, se movendo como se estivessem
rastreando alguém na multidão antes de cair no meu rosto, um sorriso torto
persuadindo um sorriso malicioso dos meus lábios franzidos. — O que um
louco faz quando vê sua garota com outra pessoa?

Minhas sobrancelhas baixam com sua piada, não tenho certeza se sei
aonde ele quer chegar com isso. — O que?

— Estamos prestes a descobrir. — Ele se afasta de mim quando diz isso,


as mãos se levantando em sinal de rendição enquanto ele olha por cima do
meu ombro, o sorriso esticando suas bochechas.

— O que você... — Minhas palavras são cortadas quando uma voz


começa a falar sobre mim, um braço tatuado passando por mim para agarrar
a frente da camisa de Donatello.

— Fottuto bastardo. Spezzerò la tua fottuta faccia. — Seu desgraçado


de merda. Vou quebrar a porra da sua cara.

Donatello apenas ri, claramente não muito preocupado com o que quer
que Remy disse, deixando cair os braços e batendo levemente no peito de
Remy com os nós dos dedos anelados. — Ti ho fatto un favore. Saresti
rimasto seduto lì e ti saresti tenuto il broncio tutta la notte. — Eu te fiz um
favor. Você teria se sentado lá e ficado de mau humor a noite toda.

— O que diabos está acontecendo? — Eu olho para Donatello nas costas


de Remy, observando enquanto Remy solta sua camisa. Cruzo meus braços
sobre meu peito. — Além disso, você é um mentiroso de merda.

Donatello sorri para mim e encolhe os ombros, dando a Remy outra


batida suave em seu ombro antes que ele comece a se afastar de nós. — Eu
vou tomar tequila e depois perguntar àquela ruivinha fofa do canto se ela
quer dar uns amassos. Divirtam-se.

Nós dois o observamos até que ele se perca nos corpos que nos cercam,
o olhar elétrico de Remy cravando-se ao longo do meu perfil enquanto eu me
recuso a olhar para ele. — Sim, tequila parece uma ótima ideia. — Começo
a avançar, mas uma palma quente me impede, os dedos cavando levemente
em meu bíceps.

— Dance comigo. — Ele se move para frente com um comando baixo,


seu calor queimando ao longo das minhas costas.

Engulo enquanto seus lábios roçam ao longo da minha tatuagem, pele


arrepiada ao toque leve. — Por que eu iria querer fazer alguma coisa com
você? — Cuspo as palavras tentando mascarar a maneira como minha
respiração acelerou com a sua proximidade.

— Uma dança, Bev. — Ele ronca nas minhas costas e eu fecho meus
olhos, respirando a baunilha flutuando em sua pele quente.

Eu deveria empurrá-lo para longe de mim e apenas ir para casa, dizer


a ele para se foder. Mas, por mais que eu saiba que é isso que devo fazer,
não quero fazer isso. Com meus olhos fechados e a batida da música
vibrando no ar, quase posso fingir que somos apenas nós dois. Em minha
pequena bolha de escuridão, posso fingir que não há casamento ou
obrigações da Família. Posso me inclinar para o homem nas minhas costas
e imaginar que é apenas mais uma escapada estúpida para a qual Remy me
arrastou. Abro os olhos, saboreando o tempo que leva para eles se ajustarem
ao espaço escuro, ouvindo a música enquanto paro de lutar contra minha
vontade de balançar com ela.
‘Por que você tenta lutar nas sombras... Perfurando o amor com uma
flecha...’

Remy ouve minha resposta silenciosa, me puxando para mais perto


enquanto ele se move comigo, a respiração soprando ao longo da minha
nuca. O toque suave de seus lábios é apenas uma parte de sua lenta
sedução. A luz toca ao longo de minhas costelas, o traço de seu nariz ao longo
da concha da minha orelha e o calor de seu corpo duro queimando ao longo
de minhas costas, tudo trabalhando para apagar cada barreira que estive
empilhando entre nós.

‘E poderíamos ser melhores do que nunca... Mas tudo o que dizemos se


rasga na superfície...’

Um dos meus braços se ergue acima da minha cabeça, os dedos correndo


pelo cabelo curto em sua nuca, minha outra mão entrelaçando nossos dedos
sobre a minha barriga exposta.

‘Sorvendo o uísque... Sorvendo o uísque... Sorvendo o uísque...’

Minha cabeça cai para trás em seu ombro com o golpe quente de sua
língua, o corpo vibrando enquanto ele suga a pele em sua boca.

‘Me dê tudo que você tem... Me dê, me dê, me dê tudo que você tem... Isso
é tudo que vamos ser... Chorando pela história, no fogo...’

Inclino minha cabeça para ele, deixando-o continuar seus beijos


torturantes sobre minha pele. Eu deveria me importar que estejamos em um
lugar público, mas neste momento, não estamos. Somos apenas nós e a
música enquanto a escuridão esconde suas mãos errantes e o toque de sua
língua.
‘Serei tudo o que você quiser... Me dê, me dê tudo só por esta noite...

Isso é tudo que vamos ser... Chorando a história no fogo...’

Ele esfrega meus quadris contra os dele, a palma áspera passando por
nossas mãos unidas para deslizar seus dedos tatuados ao longo da borda da
minha saia, o dedo mindinho mergulhando sob o tecido macio para provocar
na frente da minha calcinha por baixo.

‘Queimando o mundo de desejo... Baby, como você está com frio, mas
você é fogo?... E nós não temos que fazer como os outros, não, não, não... Mas
toda vez que falamos você acaba correndo para o fio... ‘

Afundo meus dedos em sua pele, mordo meu lábio quando ele mergulha
mais fundo, as pontas de seus dedos cavando sob minha calcinha para
acariciar preguiçosamente através da fenda molhada que encharca minha
calcinha. Ele cantarola profundamente em seu peito, o som aumentando a
pulsação entre minhas coxas. Fico na ponta dos pés, dois dedos apenas
mergulhando dentro da minha fenda. Eu ainda estou balançando ao som da
música e Remy usa isso em sua vantagem, o polegar roçando ao longo do
meu clitóris com cada movimento dos meus quadris.

‘Sorvendo o uísque... Sorvendo o uísque... Sorvendo o uísque...’

Ele suga o lóbulo da minha orelha em sua boca, os dentes raspando


levemente minha carne enquanto seus dedos afundam mais
profundamente. Seus quadris guiam meus movimentos de lado a lado,
enquanto o suave impulso de seus dedos atraiu um suspiro suave de meus
pulmões.
‘Me dê tudo que você tem... Me dê, me dê, me dê tudo que você tem... Isso
é tudo que vamos ser... Chorando a história no fogo...’

Minha pele está quente sob seu toque, a única coisa que me mantém
dançando neste momento é a orientação de nossos dedos entrelaçados, o
empurrão de seus quadris. Eu fecho meus olhos, bloqueando os outros corpos
escuros e sem rosto perto de nós, me deixo cair em seu toque e no tamborilar
no ar.

‘Serei tudo o que você quiser... Me dá, me dá, tudo só por esta noite...

Isso é tudo que vamos ser... Chorando pela história, no fogo (no fogo)... ‘

Seu toque me ilumina de dentro para fora, queima minha pele e me


deixa em chamas com nada além de uma necessidade pura e não
filtrada. Meu pé esquerdo deixa o chão, usando sua própria bota para se
levantar mais alto, abre um pouco mais para seus dedos e eles deslizam pela
minha fenda em um ritmo que de alguma forma está perfeitamente
sintonizado com a música flutuando ao nosso redor.

‘Baby, seu amor não é mediano... Veneno de sangue, não posso ter...
Cobras na grama, eu consigo, oh-oh... O vermelho em seu olho, eu posso ver
isso... Dando uma mordida e depois indo embora... Seus beijos podem
enganar... ‘

Ele deixa cair o rosto perto do meu, beijos suaves e molhados colocados
ao longo da minha clavícula, arrastando ao longo do lado da minha
mandíbula. Seus lábios pressionam contra minha orelha, — Vieni per me,
Cuore Mio. — Seus lábios traçam para a minha tatuagem antes de
lentamente fazerem o seu caminho de volta, dedos grossos tatuados entre as
minhas coxas enrolando os dedos dos pés nas minhas botas. — Venha até
mim.

‘Me dê tudo que você tem (me dê tudo que você tem)... me dê, me dê, me
dê tudo que você tem... isso é tudo que nós vamos ser...

Chorando pela história no fogo (no fogo)...’

Seu polegar esfrega ao longo do meu clitóris com o golpe de seus dedos,
meus próprios dedos puxando seu rosto para mais perto da pele do meu
pescoço enquanto um gemido baixo escapa dos meus lábios, abafado pelo
barulho ao redor. Eu sinto a queimação na minha barriga, a tensão nos meus
dedos enquanto eu levanto para que ele possa atingir o ângulo perfeito.

‘Serei tudo o que você quiser... Me dê, me dê, tudo só pela noite... Isso é
tudo que vamos ser... Chorando pela história no fogo (Lá embaixo no
incêndio)...’

Eu desmorono com o movimento suave de seus quadris, sua mão


soltando nossos dedos para bater palmas na minha boca segundos antes dos
sons escaparem, lábios pressionando ao longo da coluna da minha garganta
enquanto ele inclina minha cabeça ainda mais para trás, continuando nossa
dança enquanto a música chega ao fim. Sua palma cai dos meus lábios, a
mão deslizando lentamente da minha saia, os dedos deixando um rastro
úmido ao longo das minhas costelas enquanto ele me mantém perto. Meu
coração está batendo contra sua palma, estremecimentos fortes que batem
minha cabeça para fora das nuvens, me fazendo cair de volta ao chão com
um baque de esmagar ossos.
Uma nova música está começando, mas eu não quero mais dançar. Me
viro nos braços de Remy, pisco quando seus dedos sobem para traçar ao
longo da minha bochecha. — Isso foi um erro.

Não consigo ver o mel de seus olhos, mas sei que está ali. Posso
imaginar as manchas douradas circulando sua íris enquanto seus olhos
passam pelo meu rosto, agarrando-se aos meus lábios. — Não, não foi. Nada
do que fazemos é um erro.

— Você está noivo e eu te odeio por isso. — Seu polegar corre ao longo
do meu lábio inferior, pressionando levemente na carne rechonchuda antes
de embalar meu rosto em sua palma.

— Você me odeia, mas não teve problemas em me deixar te tirar do


sério no meio da pista de dança. — Suas palavras se eriçam na minha
pele. Não por causa da maneira simples como é dito, mas por causa da
verdade por trás delas.

Me deixo perder em nós e é hora de puxar de volta, puxar minha cabeça


das estrelas e fazer o que eu deveria ter feito antes que meu coração
ganancioso e tolo deixasse isso acontecer. Me afasto dele, observando sua
mão cair para o lado e agir como se o movimento não batesse em minhas
costelas. — Considere isso um presente de despedida, porque essa será a
última vez que você chegará perto de ficar entre minhas pernas.

Ele sorri, lendo a mentira pelo que é, apesar da mordida no meu tom. —
La mia fottuta donna testarda. — Minha porra de mulher teimosa. Ele sopra
um longo suspiro de seus pulmões e bagunça o cabelo ao redor do meu
rosto. — Vá em frente e corra, Bev, porque nós dois sabemos que você vai
acabar bem aqui onde deveria estar... — Ele lambe o lábio inferior, os olhos
percorrendo minha pele de uma forma que a faz esquentar de volta. —
...comigo.

Eu odeio o quão confiante ele parece, o quão certo ele é. Provavelmente


porque de certa forma, eu sei que ele está certo. Há apenas um obstáculo em
sua declaração aparentemente sua perfeita noiva. — E o que Viva pensaria
disso, eu me pergunto? — Meu humor piora apenas com a menção do nome
dela. Nunca odiei tanto uma pessoa sem rosto em minha vida.

Ele encolhe os ombros, os ombros grandes movendo-se preguiçosamente


como se ele realmente não desse a mínima. — Eu realmente não me importo.

Balanço minha cabeça para ele, virando o rosto para olhar para as
pessoas dançando ao nosso redor, nos isolando no meio da pista. — Bem, eu
me importo. — Encontro seu olhar mais uma vez, ignoro a horrível agitação
no meu estômago que vem com este tópico. — Está é a última vez que estou
dizendo isso, Remy, fique bem longe de mim. — Ele cruza os braços sobre o
peito, o flash de uma luz me mostrando um vislumbre de sua carranca. —
Deixe-me odiar você... Porque não podemos funcionar.

Não ouço por causa da música, mas posso sentir, aquele zumbido
profundo que borbulha de seu peito. Eu sei que é tudo o que ele vai dizer,
então eu me afasto dele, derretendo nos corpos dançantes antes que ele
possa me puxar de volta. Não me permito pensar no que acabou de
acontecer, não considero nada grande, mesmo quando sinto o nó crescendo
na minha garganta.

Donatello está de volta ao nosso estande, uma garota deitada em seu


colo. Seus olhos encontram os meus por cima do ombro enquanto ela beija
seu pescoço e ele sem palavras puxa meu telefone do bolso, o olhar no meu
rosto provavelmente deixando bem claro que eu quero ir embora. Ele a muda
de posição para que possa passar para mim, acenando com a cabeça para a
minha boca: — Obrigada. — Eu serpenteio através das pessoas e saio pela
porta, não ousando escanear a multidão em busca do par de olhos que eu
podia sentir queimando em minha pele o tempo todo.

Acenando para um táxi, eu pulo para dentro, batendo a porta com uma
firmeza que se instala em meus ossos. Eu me deixei escorregar de volta lá e
não me arrependo. Nem por um segundo. Mas eu sei, acabei de tornar muito
mais difícil para o meu coração idiota voltar aos trilhos e lembrar o que
precisamos.

Eu odeio Remy Luciano e é simples assim.


BEVERLY

— Você come como um animal, Beverly. — Eu dou outra mordida no


meu hambúrguer, sorrindo para minha mãe com minha boca cheia, fazendo
Julian rir ao meu lado.

Engolindo a mordida e pegando a última batata frita do meu prato,


aponto para ela. — Você me criou.

Seus lábios franzem, o garfo apontando para mim enquanto enfio


minha batata frita na boca. — Eu sei que você não está insinuando que eu
te ensinei a cavar sua comida como um porquinho, mocinha.

Encolho os ombros enquanto Julian pula do meu lado, — Bem, papai


não fez. — Seu comentário nos fez rir sobre nossos pratos quase vazios,
fazendo mamãe bufar do outro lado da mesa.

— Vocês dois não são meus filhos. Não sei de onde vieram
porque meus filhos não me tratariam assim. — Colocando o garfo na mesa,
ela limpa a boca, franzindo o cenho para nós por cima do guardanapo. —
Precisamos pegar seu vestido, Beverly, então se apresse.

Julian e eu trocamos olhares, ambos empurrando a mesa para ficar de


pé ao mesmo tempo. Eu vejo mamãe vasculhar sua bolsa gigante em busca
de dinheiro. — Nós somos feito. Mas não vejo por que precisamos fazer isso
agora, posso pegar essa coisa estúpida a qualquer momento. O casamento é
daqui a dois meses.

Para minha alegria, fui escolhida para fazer parte da misteriosa festa
de casamento da Viva pela própria maravilhosa Francesca Luciano. Ou seja,
não posso sair dessa, mesmo que tentasse. Seu raciocínio é que eu tenho
sido uma boa amiga do filho dela ao longo dos anos. Quase vomitei quando
descobri, joguei tudo em sua porcelana fina no brunch estúpido em que ela
compartilhou a notícia. Eu tinha planejado cair fora, pegar um avião e pular
a coisa toda. Mas agora sou forçada a participar de tudo. Cada brunch, cada
festa, cada prova. Cada Porra. Coisa.

— Conhecendo você, você esperaria até o dia anterior e você precisa que
ele encaixe. — Ela estala ao redor enquanto coloca o dinheiro na mesa,
ajustando o vestido safira de comprimento médio que ela está usando em
torno dos joelhos enquanto se levanta. — E Viva estará lá fazendo sua
própria prova hoje, será uma boa chance de conhecê-la.

Sinto a careta se espalhando em meu rosto e nem tento impedi-la. Eu


não quero conhecer Viva. Não quero bater papo ou fingir que estou feliz por
ela. Não quero me preocupar com seu vestido ou elogiar seu cabelo. Eu nem
mesmo a conheço de verdade agora e quero que ela vá embora, de
preferência ancorada no fundo da baía com um saco de tijolos.
— Você quer que eu vá? — É Julian quem pergunta, sua mão
esfregando o topo de seu cabelo curto enquanto ele olha para mamãe. Tenho
certeza de que ele sabe o quanto eu não quero fazer isso. Não contei a ele,
mas nunca precisei. Também estou começando a achar que sou a única que
não entendeu nada sobre Remy todos esses anos, considerando que ninguém
nunca se importou com nosso comportamento.

— Não. Mamãe provavelmente não deixaria você de qualquer maneira.


— Ele acena com a cabeça, estendendo a mão para bagunçar
desagradavelmente meu cabelo e sorrindo quando eu dou um tapa em sua
mão. — Estou indo embora, mãe.

Ela pendura a bolsa no ombro, abrindo os braços para Julian, que já


está se abaixando para abraçá-la. Eu franzo a testa para eles, ela nunca me
abraça assim. Então, novamente, geralmente estou fugindo sem dizer
adeus.

Julian aponta para mim enquanto caminha em direção à calçada,


passando pelas outras mesas ao ar livre, — Eu vou hoje à noite e você vai
me fazer pipoca.

Mamãe e eu o seguimos, mais para trás, então estamos gritando por


causa das outras pessoas ao nosso redor. — Não me diga o que fazer. Faça
sua própria merda de pipoca. — Agarro meu braço, um leve silvo deixando
meus lábios enquanto eu franzo a testa para mamãe. — Por que você está
me batendo?

— Porque você precisa cuidar da sua boca. Você é uma senhora. — Ela
diz que isso deveria significar algo e eu rolo meus olhos, tirando minha mão
do meu braço quando entramos na calçada. Julian já se foi, percebo.
— Onde é esse lugar? Estamos dirigindo ou o que está acontecendo?
— Eu odeio não saber de coisas, mas essa coisa em particular está fazendo
meu peito apertar. Uma energia ansiosa que me deixa nauseada.

— Nós vamos caminhar, são apenas alguns quarteirões abaixo.

Eu olho para minha mãe, mas não digo nada. Ela provavelmente
escolheu o lugar onde comemos por esse motivo, sabendo que ela me forçaria
a vir aqui hoje. Mulher conivente.

— Você e Remy saíram muito ultimamente? — Eu olho para ela com a


pergunta, cautelosa com a maneira aparentemente desinteressada que foi
feita. Ela está batendo levemente os lábios com o dedo, ajustando o batom
em um pequeno espelho compacto enquanto caminha.

— Não. — Não sei por que ela está perguntando, mas se eu sei alguma
coisa sobre minha mãe é que ela pode ser uma mulher sorrateira. — Por
quê? Por que você se importa?

— Vocês dois ficaram muito próximos ao longo dos anos. Eu só pensei


que você teria algo a dizer sobre a recente proposta dele.

Acho que ela está pedindo para verificar meu bem-estar, mas,
honestamente, não confio nela o suficiente para saber com certeza. — Remy
realmente propôs? — Algo sobre isso me incomoda mais do que
provavelmente deveria. A ideia de ele realmente pedir a essa mulher em
casamento irrita minha alma já irritada. Cutuca meu coração machucado.

— Bem, foi o que Francesca disse. Embora não possa imaginar que seja
verdade, é um casamento arranjado, pelo amor de Deus. — Ela levanta a
sobrancelha na minha direção e eu lhe dou um pequeno sorriso. Talvez ela
realmente esteja tentando ver como estou.

Muito em breve, estou olhando para o exterior de um edifício de tijolos


de aparência prestigiosa e chique, janelas com vestidos de noiva exibidos em
manequins e fotos de pessoas famosas em seus vestidos. Sinceramente, não
sou tudo isso surpresa que este seria o lugar onde a futura noiva de Remy
gostaria de obter seu vestido, a maioria das noivas troféu querem nada além
do melhor dos melhores. O pensamento me faz odiá-la ainda mais.

Mamãe abre a porta e eu a sigo, meu estômago esmagando enquanto


caminhamos até a recepção. — Estamos aqui com a festa Luciano - Delfino.

Meu rosto vira para fitar o perfil da minha mãe, — O que você quer
dizer com festa? Quantas pessoas estão aqui? — Ela me cala quando
começamos a seguir a anfitriã para onde presumo que todos estejam
reunidos. — Isso é tudo? Porque eu não concordei com isso. — Meu coração
está começando a bater forte atrás das minhas costelas enquanto um pânico
baixo borbulha em meu peito. Não quero estar aqui quando Viva escolher
seu vestido. Eu não deveria ter que ser, Francesca disse ela mesma.

— Beverly, pare com isso. Era mais fácil para Francesca marcar um
encontro em vez de vários.

Ela se cala mais uma vez antes de entrarmos na sala onde todos estão
esperando.

Eu dou um grande suspiro de alívio quando olho para o sofá,


encontrando Delaney acenando sorrindo para mim. Graças a Deus não
estarei sozinha aqui. Eu passo por minha mãe, ignorando todas as outras
mulheres ao redor da sala para se sentar ao lado de Laney. — Estou tão feliz
por você estar aqui.

Ela sorri para mim, olhando ao meu redor e para o outro lado do sofá,
para uma mulher mais velha de aparência particularmente mal-humorada
que está carrancuda ao redor da sala. Acho que posso estar olhando para o
meu futuro. — Eu não deveria estar. Mas Remy me mandou vir quando
descobriu que mamãe combinou a prova das damas de honra com a festa do
vestido de noiva. Acho que ele sabia que você odiaria ficar sozinha aqui.

Eu não digo nada, mas o pensamento de Remy mandando Laney aqui


apenas porque ele sabia o quanto eu odiaria isso agita meu intestino. Ele
não deveria nem mesmo se importar sobre como eu me sentiria sobre
isso. Mas devo dizer que aprecio ela estar aqui.

Delaney aponta para a mulher mais velha trazendo minha mente


errante de volta para ela, — Você pode sacudi-la? Certifique-se de que ela
ainda está respirando? — Olho para a mulher mais velha, cujos olhos agora
percebo que estão fechados e estiveram o tempo todo. Ela apenas franze a
testa em seu sono, aparentemente.

Quão identificável.

Eu rio até perceber que ela está falando sério. — O quê? Quantos anos
ela tem? Você acha que podemos ir embora se ela estiver morta? — Ela bufa
com a minha última pergunta, observando enquanto eu estendo a mão para
empurrar levemente o braço da mulher. — Ei...

— O que?! — Ela grita, o som saltando ao redor da sala e fazendo Laney


e eu pularmos do outro lado do sofá.
— Bem. Ela não está morta.

— Beverly! — Levanto minhas mãos na direção da minha mãe tentando


não rir junto com as risadas de Laney.

— Você já viu os vestidos que eles estão fazendo você usar? — Sento-
me nas almofadas, apoiando minhas botas na mesinha de centro em frente
a ela. Eu balanço minha cabeça com a pergunta de Delaney e ela continua,
se inclinando para sussurrar para mim, — Eles são horríveis.

Eu rio, olhando ao redor da sala pela primeira vez. Eu reconheço todos


os Lucianos, mas nenhum dos Delfinos. Ou pelo menos é quem eu presumo
que essas outras pessoas sejam. Tenho quase certeza de que a noiva não
está aqui. — Viva está aqui ou o quê?

Meus olhos encontram Laney novamente. — Sim, mas ela está


ajustando o vestido agora. Aparentemente, ela veio mais cedo com as amigas
para escolher o vestido.

Eu aceno, acho que parte de mim esperava que ela não estivesse
realmente aqui. Três mulheres que não reconheço entram na sala, rindo
entre si enquanto Francesca fica parada na frente da sala com a taça de
champanhe na mão. Ela espera que a sala se acalme enquanto outra loira
está ao seu lado. Elas parecem um par que você veria em um daqueles
programas de donas de casa de verdade, exagerados e falsos.

A loira abre a boca com o aceno de Francesca, — Há alguns rostos aqui


que não reconheço, então acho que vou começar me apresentando. — Ela
solta uma risadinha, algumas das outras mulheres ao seu redor rindo, —
Meu nome é Blanche e eu sou a mãe de Viva. Obrigado a todos por virem
hoje para ajudar minha filha a encontrar seu vestido de noiva do sonho.
— Meus olhos rolam para a parte de trás da minha cabeça enquanto dou
uma olhada rápida em Laney. — Ela está ajustando o vestido agora, então
Francesca e eu pensamos que seria um bom momento para colocar vocês em
seus próprios vestidos. — Ela acena para uma vendedora enquanto ela rola
em uma prateleira cheia de vestidos, as mãos batendo palmas levemente. —
Perfeito! Oh, estou tão animada!

Tirando os pés da mesa, fico ao lado de Laney, olhando para a mulher


mais velha que voltou para seu cochilo furioso. Cruzando os braços, fico
atrás das outras três mulheres que entraram antes do pequeno discurso de
Blanche, franzindo a testa. Presumo que sejam as outras damas de honra e
amigas de Viva. E com base em como elas parecem animadas conversando,
acho que seria do meu interesse evitar conhecê-las o máximo possível. Ou
nunca. Qualquer um com quem eu possa fugir.

Uma puxa um vestido do cabide, segurando-o contra o peito e eu olho


para Laney com uma careta, ela não estava brincando quando disse que
eram horríveis. Eles se parecem com vestidos Barbie; rosa claro e sem alças
com uma saia fofa gigante que para no meio da coxa quase como um tutu de
bailarina. Há até pequenas jóias cintilantes que revestem o tule da saia e o
corpete justo.

Elas deslizam para o lado em direção ao provador e eu relutantemente


começo a mexer na penugem rosa. Puxando meu tamanho da prateleira, eu
o seguro com o braço estendido, carrancudo para a monstruosidade
deslumbrante. Eu viro minha cabeça com a risada de Laney. — O que?

— Só de imaginar você tendo que vestir isso me faz rir.

Eu seguro meu punho para ela, fingindo que vou bater nela, mas tudo
que ela faz é rir mais. — Tudo bem. É melhor eu ir colocar essa merda e
acabar com isso. — Caminhando para um provador aberto, coloco o vestido
no gancho e na ponta das minhas botas, tirando minha legging e a camiseta
grande para cair no banco atrás de mim. Eu fico olhando para o vestido por
um momento, franzindo os lábios enquanto o tiro do cabide e o
coloco. Balançando desajeitadamente, finalmente abro o zíper na parte de
trás e me olho no espelho.

Pareço uma idiota completa.

Eu corro minhas mãos sobre a saia tentando empurrar e reprimir a


penugem, mas ela simplesmente volta a subir. Resmungando, eu saio,
estreitando meus olhos para Laney, que cobre seu sorriso com a mão.

— Oh, olhe para você, Beverly! — Meus olhos se voltam para Blanche,
um pequeno sorriso falso saindo de sua exclamação. Minha mãe deve ter
falado de mim para ela saber meu nome porque ela está ao lado dela,
também sorrindo. — Esse rosa combina tão bem com a sua pele.

Eu apenas aceno, estalando meus lábios. — Sim. Isso é o que eu estava


pensando. — Ouço a risada baixa de Laney enquanto os olhos da minha mãe
se estreitam em mim em advertência. Blanche apenas fica parada, alheia ao
meu sarcasmo, sorrindo para mim do lado da minha mãe.

— Aqui vem ela! — Uma das amigas de Viva praticamente grita,


movimentando-se com seu tutu barbie como uma galinha com a cabeça
decepada. Parece bastante desnecessário.

Cruzando os braços, eu observo do fundo da sala enquanto Viva entra


na sala, os dentes trincados por finalmente ter um rosto para o nome. Ela é
muito mais bonita do que o sapo que eu tenho imaginado, bonita mesmo. Eu
odeio isso. Seu longo cabelo loiro dourado cai na parte de trás de seu vestido,
olhos âmbar brilhantes piscando alegremente para as mulheres bajulando
ao seu redor como groupies. Lábios rosados revelando dentes brancos
perfeitamente retos quando ela sorri docemente para seu próprio reflexo.

Com base nas besteiras fofas que ela está nos forçando a usar, eu
esperava que seu próprio vestido fosse um vestido de baile, mas não é, é
realmente deslumbrante, se encaixando como uma luva branca brilhante e
reluzente. É um corte clássico de sereia, ajustado ao longo de seu busto e
cintura, alargando-se no joelho com uma longa cauda que se projeta atrás
dela enquanto ela caminha. Seus braços são cobertos por
uma renda transparente que termina em uma pequena ponta delicada em
suas mãos, acentuando o diamante gigante bem colocado em seu dedo anelar
esquerdo.

A visão dela fere meus pulmões, ferve meu sangue. Eu nunca tive
ciúmes de ninguém, mas essa loirinha perfeita com lindos olhos âmbar fez
minha pele ficar verde de inveja. Sempre queremos coisas que não podemos
ter e, porra, eu quero o que ela tem.

Seus olhos encontram os meus no espelho e seu sorriso vacila apenas


um pouquinho, o âmbar rico escurecendo conforme eles se estreitam por
uma fração de segundo. Acho que é seguro presumir que ela sabe quem sou
e por que estou aqui. Eu retribuo o olhar com um sorriso e uma piscadela,
curvando os lábios no segundo que sua atenção pousa em outra pessoa.

Claro que estou aqui, afinal sou a melhor amiga de Remy. E se eu for
forçada a fazer parte dessa merda de baile de merda, vou me certificar de
que ela saiba disso.
BEVERLY

Já comecei a suar quando ouço a porta se abrir, jogando mais alguns


socos no saco de pancadas antes de falar por cima do ombro: — Demorou
bastante. O que você estava fazendo? — Eu levanto minha perna no silêncio
com um chute na canela na bolsa, ainda de costas para a porta. Sei que
Julian está na sala, posso ouvir seus passos batendo suavemente no chão
atrás de mim. — Nem mesmo importa. Eu vou chutar o seu traseiro de
qualquer maneira.

Me viro com um sorriso, a respiração presa na minha garganta quando


não encontro meu irmão atrás de mim, mas o homem que tenho evitado como
uma praga nas últimas duas semanas.

— Declaração ousada, Cuore Mio. Não tenho certeza se você pode.

Franzo a testa para Remy, cruzando os braços sobre o peito em uma


tentativa de cobrir o sutiã esportivo confortável que estou usando. Seus
olhos caem para a pele exposta, vagarosamente arrastando seu olhar de
volta para o meu rosto, não me importando que eu o observei fazer
isso. Uma covinha pisca para mim em sua bochecha esquerda, e finjo que
não sinto o calor nas minhas entranhas.

Fui forçada a participar do planejamento do casamento, mas felizmente


só tive que estar na presença de Viva uma vez. Desnecessário dizer que tudo
isso azedou profundamente minha atitude. Eu odeio fazer parte disso. Eu
odeio que isso esteja acontecendo.

— Não me chame assim, porra. — Ainda não tenho ideia do que


significa, mas duvido muito que seja algo que quero que ele me ligue
informando sobre o nosso relacionamento atual. Ou falta dele. — Este é um
ginásio privado.

Ele levanta a sobrancelha para mim, os braços tatuados cruzando o


peito para imitar minha postura enquanto ele sorri para mim. — Você está
tentando me expulsar?

Eu puxo meus ombros para trás, ficando um pouco mais reta com seu
tom de zombaria. — Sim. Então saia.

Ele ri e eu cerro os dentes, trazendo minhas mãos para consertar meu


rabo de cavalo para me distrair do arrepio que está querendo subir pela
minha espinha com seu estrondo profundo.

— Este é o meu ginásio, Bev. Você não pode me expulsar.

Claro que este é o seu ginásio. Ele é dono de tudo, porra.

Não sei como responder, então me viro para pegar a garrafa de água
que coloquei de lado antes. — Não me chame assim também. — Eu tomo um
gole da garrafa, prolongando a ação por mais tempo do que o necessário,
então eu não tenho que continuar falando.

Ele se aproxima e eu o olho de lado, deixando cair a garrafa vazia no


chão sem olhar.

— Não posso chamá-la de Cuore Mio, não posso chamá-la de Bev. Como
eu deveria te chamar? — Ele está sorrindo, seus tons de mel aquecendo
minha pele de dentro para fora.

— Nada. — Prendo minha respiração quando ele se move ainda mais


perto, o calor de sua pele alcançando para acariciar a minha. — Não fale
comigo.

Ele cantarola e meus dedos do pé praticamente enrolam no meu tênis


com o som. Eu não sei por que parece que se passaram anos em vez de
semanas desde que ouvi isso, enquanto meu coração disparava no meu peito
com as vibrações profundas. — Lute comigo.

Meu rosto estala para olhar para ele diretamente, aquele tom de
barítono profundo dele fazendo cócegas ao longo da minha pele, dançando
nas pontas dos meus dedos como uma faísca. — O que? — Sai mais soproso
do que eu pretendia, mas finjo que não, ignorando a covinha rindo de mim
em sua bochecha.

— Você vence, eu vou parar de falar com você. — Ele levanta a mão, a
tatuagem de seus dedos chamando toda a minha atenção enquanto ele tira
alguns fios de cabelo do meu pescoço. — Eu ganho e você é minha, Cuore
Mio.
Meu coração está batendo forte na minha garganta com sua sugestão,
meu corpo hiperconsciente da maneira como ele está angulado ainda mais
perto, cada baforada de sua respiração soprando em meus lábios.

Eu odeio querer tanto este homem.

Eu odeio que ele possa me excitar com nada além do som de sua voz, o
beijo leve de seus dedos tatuados. Ele não pertence a mim. O pensamento
me deixa com raiva, trazendo de volta aquele ciúme horrível que senti na
prova do vestido de Viva.

Ele não é meu.

E ele nunca será.

Porque ele está noivo de outra pessoa.

Meu coração aperta e eu engulo em seco, meu humor arrepia como um


balde de gelo despejado sobre minha cabeça. Como poderia esquecer o
principal motivo pelo qual não posso estar com este homem? Ele não foi feito
para ser meu.

Eu preciso vencê-lo e forçá-lo a me deixar em paz. Então, vou seguir em


frente com qualquer paixão doentia que pareça ter. — Tudo bem.

Ele sorri para mim, covinhas florescendo em suas bochechas com a


minha resposta. — Três rodadas. Dez minutos a mais para você?

Eu bufo para ele, passando por sua estrutura sólida em direção ao


ringue. — Não. Mas será para você. — Subo no ringue, sacudindo meus
braços e ombros enquanto o vejo se aproximar na minha periferia.
Ele cantarola em resposta e eu estalo meu pescoço, fechando os olhos
enquanto tento banir mentalmente o turbilhão em meu estômago. O ouço
entrar no ringue e abrir meus olhos para a visão de seu peito nu a
centímetros do meu rosto, a tinta escura de suas tatuagens pintando cada
centímetro de seu corpo rígido. A baunilha macia em sua pele lambendo
meus lábios, desafiando-me a fechar o espaço entre ele e minha boca, para
provar o sabor cítrico de sua pele.

Eu recuo abruptamente, franzindo a testa para seu sorriso. Eu não


espero que ele comece a partida, chutando minha perna em direção ao seu
rosto. Ele facilmente me bloqueia, uma covinha mostrando sua diversão. Ele
lança seu próprio jab, me acertando fortemente no meu lado com os nós dos
dedos envoltos. Dói, mas eu me movo através dele, me afastando de seu
próximo soco e conectando dois meus próprios em sua costela e
abdômen. Jogamos vários para a frente e para trás, ambos quicando entre o
ataque e a defesa.

Estou sem fôlego quando ele interrompe a rodada, seus olhos passando
rapidamente do relógio na parede para o meu rosto. Seu peito está subindo
e descendo no mesmo ritmo do meu e a satisfação ferve na minha pele.

Gosto de não ser um adversário fácil.

Meu corpo lateja levemente onde ele conseguiu me bater algumas


vezes, a pele sensível quando eu mudo no lugar. Também gosto que ele leve
a sério comigo, que me trate como uma igual.

— Segunda rodada, Cuore Mio. — Ele me provoca, uma sobrancelha


levantada em desafio.

Eu mostro uma carranca de volta.


Ele se move para mim primeiro desta vez, se movendo mais rápido do
que eu esperava. Seu antebraço bate contra o meu enquanto eu bloqueio o
golpe que teria atingido minha cabeça, o joelho subindo para bloquear sua
tentativa de chute. Ele está se movendo um pouco mais rápido nesta rodada,
fazendo meus olhos se estreitarem sobre ele.

E aqui eu pensei que ele não estava pegando leve comigo.

Isso me irrita.

Eu jogo meus socos com um pouco mais de força, meus chutes com
melhor pontaria. Meus dedos doem através do envoltório com cada soco que
eu dou contra sua forma magra, minhas canelas queimam com cada chute
que bloqueiam. Isso me estimula, me encorajando a me esforçar mais e a me
mover mais rápido.

Nós dois estamos sem fôlego quando ele grita o fim da segunda rodada,
meus olhos observando os segundos tiquetaqueando no relógio enquanto
tento desacelerar a subida e a queda do meu peito com cada respiração
irregular que eu sugo em meus pulmões. Mais uma rodada e, neste ponto,
não há um vencedor definitivo.

Eu não posso perder.

Meus olhos se voltam para o homem na minha frente, minha pele já


quente queimando sob seu olhar de mel.

Sua pele está brilhando na luz, a extensão de seu peito se movendo tão
rudemente quanto o meu. O preto de sua tinta rodando por seu abdômen
definido, seus corredores soltos pendurados em seu quadril. Ele realmente
é lindo. Um Adônis cinzelado esculpido em pedra e pintado com tinta. É
injusto alguém ter uma aparência tão boa quanto ele.

É injusto que eu não consiga ver isso com mais frequência.

É injusto que eu não possa.

— Terceira Rodada.

Sua voz é baixa, um cascalho leve raspando de sua garganta. Meus


olhos encontram os dele e eu percebo que ele está fazendo sua própria
aparência, seus lábios ligeiramente entreabertos enquanto ele baixa seu
olhar para trás sobre o meu corpo enquanto eu observo, sorrindo com a
forma como minha pele enrubesce em resposta à sua atenção.

— E se for um empate? — Pergunto, movendo-me para o lado em um


círculo enquanto ele dá um passo à frente, circulando comigo.

— Sem empates.

Engulo em sua resposta, o ronronar de suas palavras aquecendo minha


barriga. Empurrando o ar pelo nariz enquanto o observo, acompanho cada
movimento que ele faz enquanto tento organizar meus pensamentos. Eu
posso vencer, só preciso derrubá-lo e fazê-lo bater.

Eu me esquivo de seu primeiro ataque, agarrando seu braço e o


puxando para perto de mim. Ele goza facilmente, deixando-me puxá-lo rente
à minha pele quente, o calor dele quase me fazendo esquecer por que eu o
queria tão perto para começar. Piscando, eu rapidamente prendo sua perna
com a minha, puxando suas pernas debaixo dele para jogá-lo no tapete.

Ou é isso que deveria ter acontecido.


Em vez disso, estou no ar, minhas costas batendo contra o tapete quase
forte o suficiente para tirar o fôlego dos meus pulmões, meu corpo preso pelo
de Remy, muito maior. Suas pernas estão entrelaçadas com as minhas, seus
braços prendendo os meus ao meu lado. Estou tão surpresa com o
movimento que apenas fico boquiaberta com ele por alguns segundos, seu
hálito quente frio no meu rosto aquecido.

— Eu ganhei, Cuore Mio. — Seu peito bate contra o meu enquanto ele
fala, meus mamilos endurecem através do tecido fino do meu sutiã com o
contato.

— Revanche.

Ele sorri para mim, sua linda boca a centímetros dos meus lábios. Ele
balança a cabeça negativamente, tirando as mãos dos meus braços,
passando os antebraços de cada lado da minha cabeça.

Ainda estamos respirando com dificuldade e com cada centímetro de


sua pele molhada rente à minha, é difícil organizar meus pensamentos.

Seus olhos estão nos meus lábios quando ele finalmente fala, — Sem
revanche. — Sua boca pairando sobre a minha enquanto eu aperto meus
dedos contra o tapete, lábios formigando com a consciência dele.

Eu perdi.

Mas isso... isso não parece perder.

Seus dedos roçam minha bochecha, seu polegar entrando em nossas


bocas para pressionar contra meu lábio inferior, puxando a carne gorda sob
seu olhar. — Passei todas as noites nas últimas duas semanas sonhando
com esses lábios.

Seu polegar puxa da minha boca, arrastando-se para pressionar sob


meu queixo, inclinando meu rosto para trás para que ele possa correr seus
lábios com um sussurro de toque ao longo do meu ponto de pulsação. —
Passei todas as noites pensando no cheiro da sua pele.

Meu pulso está batendo forte sob a pressão suave de seus lábios, meu
pescoço arqueando para persegui-los quando ele se levanta da minha
pele. — Passei todas as noites tentando imaginar como é seu gosto.

Apesar de estar coberta de suor, minha pele está arrepiada, formigando


e afiada no homem acima de mim. Uma de suas mãos ásperas está
deslizando ao longo do meu lado, pressionando entre nossos corpos para
atropelar minhas costelas.

— Mas você sabe o que realmente me manteve acordado? — Eu não


poderia responder mesmo se quisesse, meu cérebro desconectou da minha
boca enquanto eu me deixava afundar nas confissões sussurradas de Remy
e nos dedos errantes. — Lembrando dessa porra de som.

Sua mão empurra para baixo do meu sutiã esportivo ao mesmo tempo
que ele suga a pele na junção do meu pescoço entre os dentes, o toque duro
de sua palma e boca quente puxando um gemido baixo de meus lábios
enquanto eu arqueio para ele.

— Porra. — É um gemido na minha pele, um sussurro quase dolorido


quando ele me puxa para uma posição sentada pelo tecido do meu sutiã, seus
joelhos escarranchando minha cintura. — Eu ganhei, Cuore Mio, e estou
levando meu prêmio. — É sacudido por cima da minha cabeça e dos meus
braços, jogado através do anel para pendurar na parede de corda.

— Seu prêmio era meu apelido. — Seus olhos passam dos meus seios
para o meu rosto, uma covinha piscando para mim enquanto seus dedos
mergulham no cós da minha legging, pronto para puxá-la para baixo.

Ele abana a cabeça, sorrindo quando levanto os quadris para ajudá-lo


a me desnudar. — Você, Cuore Mio, é meu prêmio. — Ele rasteja de volta
sobre mim, o olhar de mel gotejando ao longo da minha pele enquanto come
cada centímetro de carne exposta para cima com seus olhos. — Você, Cuore
Mio, é o único tesouro que eu sempre quero mais. — Sua língua começa um
caminho lento desde o umbigo, respira quente sobre meu mamilo enquanto
ele o suga em sua boca, uma palma agarra minha outra para beliscar entre
seus dedos antes de sugar aquela entre seus dentes. — Você, Cuore Mio...
— Suas palavras seguem seu rastro enquanto ele morde a pele entre meus
seios, os dentes raspam para sugar ao longo do meu pescoço para pressionar
seus lábios até minha orelha, — ...é a porra do meu coração.

— É isso que significa? — Você é a porra do meu coração. Uma onda de


eletricidade desliza sob minha pele, minha barriga vibrando com pequenas
borboletas. Minha mente está correndo para tentar localizar quantas vezes
eu ouvi o nome sair de seus lábios, há quanto tempo ele está professando
silenciosamente seus sentimentos na minha mente alheia. — O apelido?

Meu coração está vibrando contra minhas costelas enquanto ele


pressiona em mim, mergulhando seus dedos tatuados na minha calcinha
para esfregar ao longo da minha fenda molhada. Minha perna se dobra no
joelho para curvar em torno de suas costas, quadris bombeando para tentar
afundar seus dedos grossos mais profundamente, mas ele luta contra mim,
circundando-os em volta dos meus lábios.
Ele sorri contra a minha pele, lentamente trazendo seu rosto para
pairar sobre o meu. — É um termo carinhoso, não um apelido, Cuore Mio.
— Ele finalmente bombeia seus dedos em minha boceta, sua palma
pressionando contra meu clitóris com um tapa molhado. Eu gemo quando
seus dedos se curvam dentro de mim, observando suas pupilas dilatarem
com o som. — Mi sborrerai sulle labbra e poi sul mio cazzo. — Sua voz
profunda dança ao longo da minha pele, acariciando os bicos dos meus
mamilos enquanto ele se inclina e chupa meu lábio inferior em sua boca.

Eu gemo com a perda de seus dedos, levantando quadris para persegui-


los enquanto ele agarra minha cintura, me empurrando para cima do tapete
para que minhas pernas fiquem dobradas em cada lado de sua cabeça. —
Você gozará em meus lábios e depois em meu pau. — Minha boceta aperta
com o olhar em seu rosto, olhos rastreando sua língua enquanto ela desliza
sobre seu lábio.

— E se alguém entrar? — Meus olhos deixam os dele por apenas um


momento, olhando para a porta. Um pensamento que provavelmente
deveria ter tido antes, mas nem mesmo o principal problema com tudo isso.

— Eles não vão. — Franzo a testa em sua confiança, os lábios se


separando em um pequeno suspiro quando ele empurra minha calcinha para
o lado com o polegar, roçando ao longo dos meus lábios lisos.

— Como você poderia saber disso? — Eu mordo meu lábio enquanto seu
hálito quente sopra sobre minha boceta, fazendo-me involuntariamente
apertar meus joelhos mais perto de sua cabeça com impaciência silenciosa.

— Porque eu disse a eles para ficarem fora quando eu vi que você estava
aqui. Agora pare de falar... — Abro minha boca para responder, mas sua
língua desliza um caminho lento da parte inferior da minha fenda ao meu
clitóris, beliscando ao longo do botão apertado e efetivamente silenciando
quaisquer palavras audíveis com outro gemido. — Esse é o único som que
quero ouvir de você, Cuore Mio.

Uma das minhas pernas envolve sua nuca e eu levanto em sua boca
quente, os dedos cavando em seu cabelo enquanto ele enterra a língua mais
profundamente. Uma de suas palmas está apertando minha bunda
enquanto a outra corre ao longo da parte de trás da minha coxa, acariciando
ao longo da minha pele enquanto ele me encoraja a montar em seu rosto. Já
estou tão molhada que cada movimento dos meus quadris cria um tapa
molhado silencioso, o som ecoando ao redor do ginásio aberto e me levando
ao frenesi por conta própria.

Remy levanta minha bunda do tapete, o peso em seus cotovelos


enquanto seus olhos de mel me queimam por fora, observando enquanto eu
pego meus mamilos em minhas mãos, beliscando eles entre meus dedos para
ele. Ele cantarola contra minha boceta, as vibrações leves torturam meu
clitóris dolorido. Isso puxa outro gemido do meu peito e eu jogo minha cabeça
para trás contra o tapete, esfregando meus quadris contra sua língua.

Meu joelho aperta em seu pescoço, os dedos dos pés enrolando no tapete
do meu outro pé enquanto eu arqueio em sua boca, o calor do meu orgasmo
aquecendo meu estômago enquanto floresce ao longo dos meus
membros. Uma mão bate contra o tapete enquanto eu persigo meu orgasmo,
gritando quando seus lábios travam no meu clitóris latejante com uma forte
sucção que faz minha boceta apertar em torno do espaço que sua língua
deixou para trás.

Ele não me dá a chance de me acalmar, deixando cair meus quadris e


escalando meus membros ainda trêmulos como um predador. Olhos quentes
queimando minha carne, ele puxa seu pau duro, seus lábios brilhando com
a minha própria umidade enquanto ele espalha o pré-sêmen que vaza da
ponta ao longo do comprimento dele. Eu abro minhas pernas ainda mais
para ele, sentando-me com um cotovelo no tapete para puxar seu rosto em
direção ao meu em um beijo quente e úmido.

Seus lábios cheiram como os meus, sua língua doce com isso. Isso não
faz nada além de me deixar com calor por ele novamente. Minhas costas
batem contra o tapete, ele puxa minha calcinha de cima de mim, o tecido
cortando minha carne dificilmente um pensamento antes que ele afunde as
bolas profundamente em minha boceta. Ele engole o som que tenta escapar,
a língua entrando em minha boca tão apaixonadamente quanto o latejar
entre minhas pernas.

Meu corpo é macio para ele, já quente do meu orgasmo anterior e ele o
usa a seu favor, dobrando minha perna em um ângulo amplo para que ele
possa ir mais fundo, gemendo em minha boca quando eu aperto meus
músculos em torno dele. Minhas costas rangem ao longo do tapete com cada
impulso, o som de nossa respiração difícil e meus gemidos incontidos
ricocheteando nas paredes e me levando a um frenesi de prazer.

Nunca tenho mais do que um orgasmo. Nunca.

Mas de alguma forma este homem pode persuadi-los a sair de mim


como um encantador de serpentes, tocar a melodia certa para me fazer gritar
embaixo dele.

A lenta dor em meu estômago me diz que estou perto de outro agora,
cada tapa com força da suas bolas contra a minha fenda molhada enrolando
meus dedos dos pés e arqueando minhas costas contra o tapete. Remy libera
minha boca de sua reivindicação selvagem, a língua comendo o sal da minha
pele enquanto ele morde a pele macia do meu pescoço, chupando-a entre os
dentes até que eu grite minha próxima liberação. Meus quadris perdem o
ritmo contra suas estocadas, saltando com puro êxtase até que quase
desmorono sob ele.

Seus dedos cavam em minhas costelas enquanto ele encontra sua


própria liberação, a mandíbula apertando e flexionando enquanto ele
observa meus seios saltarem com suas estocadas finais. Uma covinha pisca
para mim quando seus olhos encontram os meus.

— Por que estou nua e você não? — A pergunta é feita através da minha
respiração difícil, a pele ainda quente.

Ele ri, pressionando um beijo no vale dos meus seios enquanto se afasta
de mim e enfia seu pau de volta em sua roupa de corrida, nem mesmo se
preocupando em se limpar. — Vou ficar pelado da próxima vez.

Eu o observo enquanto ele me observa, um olhar de pura satisfação


masculina circundando seu comportamento ao frio usual enquanto eu ainda
estou deitada nua para ele. Ele torna mais fácil se perder nele e esquecer o
mundo real. Uma qualidade que é aterrorizante e estimulante ao mesmo
tempo.

Remy estava certo da última vez que conversamos. Apesar do quão


duro eu tentei ficar longe, ele sempre encontra uma maneira de me levar
exatamente onde eu realmente quero estar, com ele.

Eventualmente retorno seu sorriso, mas não digo as palavras que estão
sendo sussurradas em meus ouvidos pelos meus demônios interiores. Pode
haver uma próxima vez, porra, eu sei que haverá, mas em algum momento,
muito em breve, também haverá uma última vez.
BEVERLY

— Por que você está sorrindo assim? Você está se sentindo bem?
— Julian tenta colocar a palma da mão na minha testa e eu bato em seu
braço, ainda com o sorriso no rosto.

Estamos em um torneio de luta subterrânea chamado Bloody


Pig. Existem apenas duas regras que eles aplicam estritamente; sem armas
externas e sem batidas. Na verdade, estamos aqui para ver Donatello, já que
ele é o evento principal da noite.

— Não me toque. E sim, estou bem, estou apenas animada. — Sorrio


para o grande homem careca parado na frente da entrada, estendendo meus
braços para ele me dar um tapinha antes mesmo de perguntar. Meu sorriso
puxa um pequeno para fora do canto de seus lábios quando ele me deixa
passar e eu paro do lado de fora da porta, esperando por Julian antes de
entrar.
— A quantidade de alegria que você sente ao ver homens adultos
batendo uns nos outros até quase a morte é honestamente um pouco
assustadora.

Dou de ombros para ele enquanto nos esprememos pela multidão,


empurrando levemente uma garota que se move muito devagar para fora do
meu caminho, para que eu possa subir em uma das arquibancadas de ferro
ao longo das bordas dos tapetes de luta. O torneio é realizado dentro de um
auditório autônomo gigante que fazia parte de uma velha escola que foi
demolida anos antes. Na verdade, está muito bem conservado, considerando
quantos anos tem, o piso ainda é brilhante e as luzes são lindas e brilhantes
no tapete. Eles até vendem lanches fora das cozinhas embutidas, mas se
você não chegar cedo o suficiente, você não terá nada porque eles esgotam
muito rápido.

Eu me levanto no assento de metal, procurando um lugar mais perto


dos tapetes enquanto Julian chega ao meu lado, batendo na minha perna
para chamar minha atenção. — Sente-se, Bev, você pode ver muito bem
daqui. Estamos na segunda fila.

Eu aceno, — Você está certo. — Sentando-se ao lado dele com um


sorriso largo, batendo palmas nas minhas coxas.

— Você é estranha pra caralho.

Encolho os ombros com seu comentário, olhando para o cronômetro


gigante que eles têm na parede que faz a contagem regressiva até a próxima
partida. Ainda temos uns bons vinte minutos até a luta de Donatello.

— Ok, já que você está de bom humor, acho que é hora de falarmos
sobre a tempestade de merda em que você se meteu.
Olho para Julian, a testa franzida em confusão enquanto ele descansa
a bochecha em seu punho apoiado. — O que você está falando?

Ele me encara como se eu devesse saber, revirando os olhos quando


deixei perfeitamente claro que não. — Remy. Estou falando sobre você e
Remy e o fato de que Remy vai se casar.

— Oh. — Eu olho para longe dele e volto para o relógio, olhos evitando
seu rosto enquanto examinam todas as pessoas sentadas ao nosso redor. —
Não há nada para falar.

Ele ri, mas não é genuíno. Um alto — Ha! — para me denunciar. —


Você está fodendo com um homem noivo. Um homem de quem você tem
confundido seu amor com ódio por tanto tempo que quase começou a me
convencer. — Abro a boca, mas ele aponta para mim com a mão livre para
me fazer ficar quieta. — E ainda por cima, Remy está se recusando a fazer
o que é pedido a ele, o que a porra do Capo Famigila pediu que ele fizesse,
continuando a brincar com você e ignorar sua noiva.

Apenas engulo, sentindo que ele ainda não acabou.

— Você sabe por que ele não está aqui? — Balanço minha cabeça, mas
não acho que foi realmente necessário. — Porque ele está na porra do dever
do cais. Ele está sendo punido por não fazer o que é pedido a ele. E posso
dizer que seus castigos são sempre muito piores do que qualquer um dos
nossos.

Olho para as minhas unhas para evitar o olhar pesado de Julian. Eu


não deveria perguntar, mas pergunto de qualquer maneira. — O que é dever
no cais?
Quando ele não responde imediatamente, eu olho de volta para ele. —
Você não precisa saber. — Suspiro, apoiando meu cotovelo no meu joelho
para imitar sua postura, a bochecha apoiada na palma da minha mão. —
Meu ponto, Beverly, é que se você vai foder com Remy, você precisa estar
tão envolvida nessa merda quanto ele. Ou vá totalmente e lide com as
consequências juntos ou corte-o para sempre. Porque agora, mana? Ele está
colocando todo o esforço apenas para você jogar duro para conseguir. Você
tem feito isso desde que éramos crianças, dê a ele uma porra de uma folga,
certo?

Chupo meus lábios entre os dentes, suspiro com suas palavras


repentinas de sabedoria. Ele provavelmente está esperando por este
momento, ele sabe que é a única pessoa que pode me tirar da minha
cabeça. Não quero interromper Remy, tentei e não funcionou. Talvez porque
eu secretamente não quisesse também. Não preciso dizer isso a Julian, sei
que ele já sabe como sempre.

— E quanto ao casamento dele? Eu apenas finjo que não está


acontecendo? Cair no papel de amante assim que eles se casarem? — Posso
sentir minha garganta apertar enquanto vocalizo o que estive pensando, na
verdade, digo as palavras que têm atormentado meus pensamentos. Isso é o
que eu seria se continuasse com isso, a porra de uma amante.

Ele suspira, sentando-se para esticar os braços atrás da cabeça antes


de deixá-los cair de volta. — Não sei, Bev. — Ele encolhe os ombros, olhos
castanhos mudando entre os meus. — Eu não sei. Descubra quando você
chegar lá. — Ele sorri para mim, um brilho malicioso em seus olhos, — Você
sempre pode matar Viva. Livre-se dela depois que eles se casarem e tome
seu lugar.
Balanço minha cabeça, sentando-me com um pequeno sorriso. Ele está
brincando para aliviar o clima, porque sabe que odeio esse tipo de
conversa. — Não vou matar a Viva. Ela também não pediu isso, está apenas
se beneficiando.

— Eu vou matá-la. — Rolo meus olhos com seu sorriso. — Você sabe
que eu faria qualquer coisa por você, até mesmo arriscar a ira da Famiglia.

Estendo a mão, empurrando sua cabeça para que ele quase caia. — Eu
sei, eu sei. Mas não fique à frente de si mesmo. — Ele sorri para mim assim
que se endireita. — Eu cuido disso quando eu chegar lá.

Ele me dá um leve soco no queixo, sorrindo para o meu olhar. — NÓS


vamos lidar com isso. Mas agora, vamos assistir Donny boy bater em algum
pobre otário até virar polpa.

Eu rio com o uso do apelido, os olhos indo para o tapete enquanto a


multidão começa a ficar mais animada. — Você usa esse nome também? —
Me levanto para ter uma visão melhor, observando o competidor de
Donatello mergulhar sob as cordas ao redor da praça de luta.

— Oh, foda-se, ele absolutamente odeia isso.

Eu rio, bato minha cabeça e balanço minhas sobrancelhas para ele, —


Grandes mentes pensam da mesma forma.

Ele fica ao meu lado e repete meu gesto: — Os brilhantes também se


parecem.

Rindo de novo, levo meus dedos aos lábios para assobiar quando
Donatello aparece. Ele é um dos poucos lutadores que não envolve as mãos
para lutar, preferindo sentir a pele rachada, ossos rachados e carne
machucada sob os nós dos dedos. Apesar de ser uma das pessoas mais
idiotas do planeta, ele é um animal no ringue.

Implacável e indomável. Uma fera absoluta de assistir e eu adoro isso.

Uma linda morena com pãezinhos espaciais me cutuca com o cotovelo


enquanto Donatello levanta o punho para a multidão animada, encorajando
nossos gritos e vaias, e eu sorrio enquanto ela se abana, balbuciando, — Tão
gostoso.

Me inclino para ela e ela faz o mesmo, seu ouvido virado para que ela
possa me ouvir, — Ele está dando uma festa da vitória depois da luta, você
deveria vir conosco.

Deixe isso para Donatello organizar uma festa da vitória para uma luta
que ele ainda não venceu. Em sua defesa, é extremamente raro perder.

Seus olhos se arregalam para mim, olhos azuis cristalinos caindo no


tapete e voltando. — Você O CONHECE? Como realmente falar com ele?

Eu aceno, sorrindo com o espanto em sua expressão. — Sim, nós somos


seus amigos de infância. — Minha mão muda entre Julian e eu. — Confie
em mim, ele vai adorar ter você lá. — eu olho ao redor dela, vendo outra
garota ouvindo ansiosamente nossa conversa. — Sua amiga também pode
vir.

Ela morde o lábio, as mãos puxando levemente seu tanque cortado


enquanto ela balança a cabeça. — Sim, ok. Nós definitivamente iremos.
— Ela sorri para mim mais uma vez antes de se inclinar para sussurrar e
gritar para a garota ao lado dela. Ela deve estar tão animada quanto as duas
dão um gritinho.

Julian bate no meu braço, então eu olho para ele, — Como é que você
nunca armou para mim desse jeito? Aquele desgraçado não tem problemas
para conseguir a porra de um sexo a três, mas eu sim!

Eu sorrio para ele, os olhos baixando bem a tempo de ver Donatello


bater nos nós dos dedos para começar a luta. — Eu não sou seu ala e a ideia
de armar para você me enoja. — Minhas mãos batem palmas
involuntariamente enquanto vejo Donatello dar um soco brutal que joga seu
oponente de joelhos nos primeiros trinta segundos do sino. Parece que não
vai ser uma luta muito longa, afinal.

— Enjoo você? Cresça e me consiga um encontro também.

Minha mão vai até o rosto de Julian para cobrir sua boca, meus olhos
ficam grudados no tapete e na forma de Donatello. Não tenho certeza se
realmente cubro sua boca, mas meu dedo definitivamente sobe em seu
nariz. Ele dá um tapa na minha mão enquanto eu o calo. — Porra, seu corte
superior é tão impressionante.

— Você é a garota mais estranha que eu conheço.

— Isso não pode ser verdade... — Eu pulo no lugar com as mãos em


concha em minha boca enquanto grito para o tapete, — Acabe com ele!
— Soco o ar enquanto Donatello segura seu oponente em um
estrangulamento, batendo palmas com uma das mãos na minha coxa para
que eu possa assobiar com a outra enquanto ele deixa cair o corpo inerte no
tatame em vitória. Meus olhos encontram os de Julian enquanto eu sorrio
animadamente. — Você viu como ele o prendeu naquele aperto? Aposto que
aquele otário está com algumas costelas quebradas.

Ele balança a cabeça, erguendo as sobrancelhas como se pensasse que


sou louca. — Eu vi.

A garota ao meu lado agarra meu braço e eu me viro para sorrir para
ela com uma rodada de ‘eu sei’. Andando por aí enquanto babam por
Donatello e seus movimentos. Eu chego atrás de mim e agarro o braço de
Julian, puxando-o para que ele se incline em torno de mim. — Este é meu
irmão Julian. Ele também luta e vai sozinho para a festa...

Elas parecem entender o que estou dizendo e aperto o braço de Julian,


falando pelo canto da boca para que apenas ele possa ouvir: — Não diga que
nunca fiz nada por você.
BEVERLY

Eu mal posso ouvir o som fraco do quarteto de cordas sobre os


murmúrios e risos baixos vindos dos convidados ao redor, mas coloco todo o
meu esforço para ouvi-lo em vez das conversas ociosas que estão sendo
mantidas.

— ...Viva fica tão linda com sua coroa, quase como uma princesa...

Eu quase bufo em voz alta com o comentário, mas aperto meus lábios
antes que escape. Claro que a vadia estúpida está usando uma coroa.

Meus dedos queimam dentro das palmas das mãos enquanto os aperto
no colo, escondidos dentro das dobras do chiffon blush que ondula do meu
vestido. Outro vestido rosa ridículo escolhido pela mão única Viva. Este
ainda tem o benefício adicional de fazer uma incrivelmente coceira.

O que eu não daria para tirar aquela coroa de sua estúpida cabeça
dourada.
— Parece que você está tentando segurar uma merda desagradável.

Carrancuda, eu lanço um olhar para meu irmão, curvando meu lábio


em seu rosto sorridente. — Cale-se.

Seus olhos castanhos escuros percorrem minhas feições, piscando entre


o meu par antes que ele se mova de volta para sentar-se relaxadamente. —
Eu não vejo porque você tem que estar aqui. Apenas vá embora, ninguém
vai perceber.

Suspirando, sacudo minhas mãos, alisando o tecido que elas


amassaram. — Eu tenho que estar aqui. Francesca me escolheu para fazer
parte da festa nupcial, ela perderia se eu não fosse.

— Então? — Ele ri, seus olhos rastreando uma bela loira que passa por
nossa mesa. — Desde quando você se importa com essa merda? Apenas saia,
B. — Apesar de seu ato de indiferença, sua voz é baixa, provavelmente para
que nossa mãe não possa ouvi-lo do outro lado da mesa. Ela também teria
minha cabeça se eu fosse embora.

Começo a balançar a cabeça, abrindo a boca para responder, mas uma


risadinha aguda interrompe minhas palavras, torcendo minha boca e
cerrando os dentes em vez disso. O som está perto demais para meu conforto
e meu coração bate na garganta em advertência. Eu não quero vê-los juntos.

Eu deveria ter apenas ouvido Julian e saído daqui.

Empurrando para fora da minha cadeira, peço licença para sair da


mesa, ignorando as adagas sendo cravadas em minhas costas pelo olhar
escuro de minha mãe enquanto eu giro para longe, a saia ondulada quase
derrubando minha cadeira na minha pressa.
— Não ligue para ela, ela realmente precisava usar o banheiro. Disse
algo sobre explodir o lugar. — Ouço o suspiro de nojo de minha mãe e a
risada de Julian, mas ignoro os dois, muito focada em sair para me
preocupar com sua desculpa esfarrapada.

Me movo rapidamente no meio da multidão, mantendo minha cabeça


baixa para evitar fazer contato visual com qualquer um dos outros
convidados enquanto eu mexo entre eles, determinada a entrar antes de ver
o casal.

Achei que pudesse fingir que não me importava que isso estivesse
acontecendo, mas não posso.

Estou respirando com dificuldade quando entro e encontro uma


passarela vazia, parando no final dela para olhar para o terreno baldio dos
fundos. O maldito vestido que fui forçada a usar é mais pesado do que estou
acostumada, o chiffon raspando ao longo da pele do meu peito a cada
respiração. Meu pulso está batendo contra minhas costelas em sintonia com
meus pulmões, e quase rio do ridículo disso.

Não corro de ninguém, mas aqui estou, escondida dentro de casa como
uma covarde.

Dedos beliscando o chiffon grosso da minha saia entre meus dedos, eu


olho para fora, forçando minha respiração ao mesmo tempo que tento reunir
meus pensamentos dispersos. Não posso me esconder aqui para sempre,
mas se esperar o suficiente, poderei perder a maior parte de sua mistura.

— Não me leve a mal, Cuore Mio, mas esse vestido é horrível.

Engolindo em seco, endireito minhas costas. — Você é horrível.


Eu deveria saber que ele me encontraria, ele tem um talento especial
para fazer isso quando eu quero desesperadamente ficar longe dele. Pensei
muito sobre o que Julian disse na semana passada e foda-se se ele não
estava certo. Se Remy deixar Viva sozinha na frente de todas essas pessoas
não é o maior sinal de que ele não está nem um pouco interessado em seu
casamento, então não sei o que é. Não deveria me fazer sorrir para mim
mesma, mas faço.

Eu gosto que ele escolheu me seguir.

Eu gosto que todo mundo o veja fazer isso.

Ele ri, o som girando em minhas entranhas e beliscando meu


coração. Eu pisco para fora da janela, fingindo que não posso sentir o calor
de seu peito lambendo minha espinha enquanto ele se aproxima. Suas
pontas dos dedos percorrem a parte de trás dos meus braços e arrepios
sobem em seu caminho, um arrepio ameaçando afrouxar minha
determinação enquanto eu continuo a olhar para frente e fingir não
reconhecer o homem às minhas costas.

A ponta de seu nariz traça levemente do meu ombro nu até a minha


orelha, o hálito quente soprando ao longo da concha. — Você parece um
pêssego ingurgitado.

Eu mordo meu lábio para não rir, respirando pelo nariz. Ele não está
errado. — E você parece uma bosta polida. — Me viro para olhar para ele,
meu rosto a centímetros do dele enquanto ele se inclina sobre mim, a
baunilha e a bergamota de sua pele provocando minhas narinas. Franzindo
os lábios, inclino meu queixo para olhar mais profundamente em seu
rosto. — Bonito, mas ainda assim uma merda.
Ele cantarola e o som vibra os acordes do meu coração, vibrando ao
longo da minha pele como um segundo par de mãos. Seus dedos com tinta
alcançam entre nós, as pontas enfeitando minha mandíbula enquanto ele
pressiona o polegar nos meus lábios pintados de rubi, propositalmente
espalhando-o na minha boca para que todos saibam que não passei esse
tempo sozinha.

— Mas pelo menos ainda sou bonito. — Ele abaixa o rosto em direção
ao meu, me levantando na ponta dos pés. — E você ainda é doce.

Engulo em seco, fechando meus olhos enquanto seu hálito quente sopra
em meus lábios entreabertos, seu polegar provocando a borda da minha
boca. — Você não deveria estar com Viva. — Não é uma pergunta, mas uma
afirmação e quase engasgo com o nome dela. — Esta é a sua festa de
noivado. — Meus olhos se abrem para olhar suas poças de mel. — Você vai
se casar.

E não comigo.

Levei algum tempo para perceber, mas estou me apaixonando por este
homem.

Ou talvez sempre tenha sido, caindo em direção à minha própria


destruição desde o primeiro lampejo de suas covinhas. É lindamente cruel
o que temos. Uma linha do tempo já marcada com um final que não
escolhemos, uma história de amor destinada ao fracasso. Eu sei que só
recebo um determinado número de momentos roubados, breves toques e
beijos quentes de agora em diante, então vou marcá-los no meu coração com
um ferro quente, nunca me esquecendo de como era quando ele era meu.
— Cuore Mio. — Ele estremece sob a ponta dos meus dedos enquanto
pressiono minhas mãos em seu peito, cavando em sua pele através do tecido
fino de sua camisa. — Foda-se Viva. Foda-se essa festa.

Seus dedos beliscam na parte de trás do meu cabelo preso, agarrando


as mechas ao redor de sua mão. Seus lábios estão tão próximos que
praticamente já posso prová-los. Eu amo quando ele me segura tão perto,
como se ele não pudesse me levar perto o suficiente.

— Do que você estava fugindo, Bev?

— Você. — Sua mão no meu cabelo inclina meu rosto ainda mais para
trás, seus lábios pressionando o canto dos meus em um beijo quase
imperceptível que não é suficiente. — Eu não suporto ver você com ela. Eu
odeio isso. Eu a odeio.

Estou com ciúme dela. Estou com ciúmes porque ela consegue o que
deveria ser meu.

— Bem, estou feliz que você veio. — Outro beijo suave.

— Por que?

— Porque eu gosto de ver você. — Seus dentes arranham meu queixo,


abrindo caminho sobre minha mandíbula. — Porque... — Ele se afasta
apenas o suficiente para sorrir para mim, uma covinha marcando sua
bochecha esquerda. —... faz muito tempo desde que eu te dei um orgasmo.

Levanto uma sobrancelha para ele, engolindo ruidosamente sob seu


olhar. Eu não deveria encorajá-lo, não aqui em sua própria festa de noivado,
mas sou boa em fazer coisas que não deveria. — Verdade. Você deve entrar
nisso... e ser rápido antes que alguém perceba que você está faltando.

Sua mão aperta meu cabelo enquanto ele morde meu lábio inferior,
falando por entre os dentes. — Você é uma pirralha de merda. — Afastando-
se de mim, ele solta meu cabelo, deixando cair o braço para me puxar para
trás pela minha mão. Ele me leva até a porta mais próxima, abrindo-a para
revelar um armário de vassouras bastante grande. — Isso vai funcionar.
— Ele me empurra primeiro, fechando a porta atrás dele e nos deixando cair
na escuridão completa.

Minha boca se abre para perguntar a ele qual é o seu plano aqui, mas
seus lábios encontram os meus antes que as palavras possam sair, as mãos
embalando minhas bochechas enquanto ele chupa minha língua em sua
boca. E assim ele tem meu estômago queimando de necessidade por ele, a
maneira como ele me segura como se eu fosse algo a ser saboreado e
devorado ao mesmo tempo fazendo meu coração pular. Eu agarro a frente
de sua camisa, as mãos desabotoando cegamente para que eu possa
pressionar minhas palmas em seu peito, sentir o calor de sua pele.

Suas mãos caem para a minha cintura, me levantando para que eu


possa envolver minhas pernas em torno dele, a saia ondulando em minhas
coxas e sob meus seios enquanto ele pressiona minhas costas contra a
parede. Vários esfregões e outras porcarias caem no processo, mas nós os
ignoramos. Minha cabeça cai para trás contra a parede enquanto ele esfrega
sua ereção vestida em mim, minha mão segurando sua nuca enquanto ele
morde ao longo da minha garganta. Uma de suas mãos tatuada corre ao
longo da minha coxa, minha respiração presa uma vez que seus dedos
grossos encontram o ponto úmido encharcando minha calcinha.
— Isso vai ter que ir embora. — Ele murmura contra a minha pele, os
dedos enganchando no tecido antes que ele as arranque de meus
quadris. Empurro sua camisa mais aberta, correndo meus dedos sobre as
bordas duras de seu abdômen enquanto ele deixa cair a braguilha de sua
calça.

— Pare de rasgar minha calcinha. Você ainda precisa substituir o


último par. — Seus lábios encontram os meus mais uma vez, rindo entre
beijos.

— Apenas pare de usá-las e não seria um problema.

Meu sorriso se transforma em gemido quando ele de repente me puxa


para seu pau, mãos grandes segurando meus quadris enquanto eu travo
meus tornozelos atrás de suas costas. Sou pressionada com mais força na
parede com cada impulso de seus quadris, a cabeça batendo levemente
contra a parede com o movimento.

Tudo sobre isso é rápido e quente, nós dois consumindo um ao outro em


um frenesi enquanto trabalhamos para gozar. Desta vez é menos
prolongado do que os outros, mas não menos apaixonado. Há uma emoção
por trás disso, o pensamento de ficar aqui por muito tempo e ser pega,
tornando isso ainda mais emocionante.

Uma das mãos de Remy deixa meu quadril para empurrar a alça no
meu ombro, puxando-a o suficiente para baixo no meu braço para que meu
mamilo pontudo possa ser sugado entre os dentes. Sua cabeça balança no
meu peito, a língua deslizando ao longo da ponta rosa até que estou
afundando minhas unhas em seus ombros e esfregando meu clitóris contra
sua barriga dura.
Ele troca de mãos, agarrando minha bunda em sua palma enquanto
rasga minha outra alça para baixo para chupar e provocar aquele mamilo
em um ponto dolorido igualmente duro. Meu cabelo está caindo ao redor do
meu rosto, as torções do meu coque se desfazem enquanto esfrega contra a
parede, o suor pontilhando ao longo da minha pele enquanto queimo sob o
toque de Remy.

Eu sei que estou perto, o aperto em meu estômago me incitando a mover


meus quadris mais rápido. Remy deve sentir isso também porque ele me
empurra mais para cima na parede, batendo em mim com golpes mais fortes
e mais profundos que me fazem gemer minha liberação apenas duas vezes.
Sua boca encontra a minha quando ele goza, seus quadris empurrando
contra mim em golpes fora do ritmo enquanto ele geme contra meus lábios.

Ele me segura enquanto recuperamos o fôlego, com a testa pressionada


contra a minha, enquanto ele corre suas palmas para cima e para baixo das
minhas coxas. Meus olhos se ajustaram ao escuro e quando ele puxa para
trás eles seguem o caminho da tatuagem em seu pescoço, fazendo uma pausa
no colarinho de sua camisa. Inclinado para frente, pressiono um beijo para
o lado do pescoço dele, lambendo o sal de sua pele enquanto caminho até a
borda de sua camisa. Uma vez lá, pressiono deliberadamente um beijo no
tecido branco de amido, manchando o que sobrou do meu batom no colarinho
e ganhando um divertido zumbido que vibra sob meus lábios.

Puxando para fora de mim, Remy me desliza para baixo em seu corpo,
minha saia rosa gigante ondulando entre nós para fazer cócegas sob meu
rosto. Ele usa o polegar para limpar um pouco de batom do meu queixo,
pressionando um beijo suave nos meus lábios antes de começar a ajustar
suas roupas. Há algo confortável no silêncio. Nenhum de nós sente que
precisa quebrá-lo, mas ambos tão fodidamente certos em nossas decisões que
levam a este momento. Eu empurro minha saia para baixo, coloco as alças
nos meus ombros. Estou procurando um sapato, mas Remy o vê a seus pés,
segurando-o para eu pegá-lo e sorrindo enquanto tropeço ao colocá-lo.

Ele espera até abrir a porta, me observando passar antes de me


seguir. Eu me viro para olhar para ele, as mãos tentando prender cegamente
meu cabelo no lugar. Eu bufo, deixando cair meus braços quando percebo
que é uma causa perdida. Meus olhos examinam Remy, tudo está
perfeitamente arrumado, nem um fio de cabelo fora do lugar, além do
vermelho brilhante do meu batom.

Essa pequena marca de desafio me faz sorrir. — Por que sou a única
que parece um naufrágio?

Ele ri da minha pergunta, enganchando o dedo na frente do meu vestido


e me puxando para ele para beliscar meus lábios. — Parece que você foi
completamente fodida e eu gosto disso.

Minhas mãos alisam minha saia quando ele dá um passo para trás, o
coração vibrando contra minhas costelas. — Bem, minha mãe não vai.

Ele apenas ri, pegando minha mão para beijar minha palma, os lábios
demorando antes de deixá-lo cair. — Verdade.

Remy abre a porta para voltar para fora e nossos olhos se encontram
por apenas um momento, minha frequência cardíaca dispara com o flash de
uma covinha antes de me virar para olhar de volta para a festa. Há mais de
cem pessoas aqui, mas meus olhos encontram Viva imediatamente, seu
olhar âmbar passando de Remy para mim e de volta, estreitando-se quando
ela vê o vermelho brilhante fodendo você que coloquei em seu colarinho.
Julian me encontra enquanto eu caminho no meio da multidão,
observando-me mandar um beijo para a carranca de Viva. Ela pode pegar o
anel, mas eu estou com o homem.

— Você é uma espécie de idiota, mana. — Ele está sorrindo ao dizer


isso, o gesto sangrando nas palavras. Conhecendo-o, ele adora.

Eu encolho os ombros, olhando para Julian. — O que você disse? Que


eu precisava parar de jogar duro para conseguir? — Meus olhos desviam
para Remy, observando-o passar por Viva sem um único olhar em sua
direção. — Bem, parei de jogar.
BEVERLY

Normalmente, se alguém me pedisse para acompanhá-los a uma


degustação de bolo, eu colocava minhas calças grossas e entrava no carro
sem fazer perguntas. Porém, isso não é normal. Estou sentada na mesa
mais distante de Viva e suas capangas, o queixo apoiado no punho enquanto
espero o show de merda começar. Para minha decepção, Delaney teve uma
aula de equitação e eu enfrento as idiotas reais sozinha.

Elas já deixaram perfeitamente claro desde a prova do vestido que não


sou bem-vinda em seu pequeno grupo e não posso dizer que estou muito
triste com isso. Quer dizer, eu entendo. Normalmente a noiva poderia
escolher todas as suas damas de honra e ela ficou comigo. Não faço as unhas
a cada duas semanas, não sigo as tendências da moda mais recentes, nem
me preocupo com estilistas. Não corremos nos mesmos grupos sociais. Sem
mencionar o fato de que estou fodendo com Remy. Ok, esse pode realmente
ser o principal problema aqui.
Tenho quase certeza de que Remy deveria estar vindo aqui, se eu quiser
acreditar na abelha-rainha e em sua desagradável agenda diária. Talvez eu
não saiba nada sobre casamentos ou planejá-los, mas parece absurdamente
desnecessário ter uma porra de um panfleto impresso para cada coisa. O
quão confusas as pessoas ficam quando você lhes diz que está fazendo uma
degustação de bolo que você precisa disso? Eu também não consigo entender
por que estou aqui para isso, o teste de bolo geralmente não é apenas o casal
de noivos ou eu realmente não sei nada sobre casamentos? Honestamente,
nunca pensei sobre meu futuro casamento ou me importei em ter um, nunca
foi uma prioridade para mim. Espero que Remy não venha. Não quero ter
que passar as próximas horas vendo ele jogar bem com Viva. Eu não me
importo que eles estejam noivos, eu não me importo que ela seja sua
esposa. Ela acabará por pegá-lo, mas por enquanto, ele ainda é meu.

Francesca se aproxima da mesa em que estou, puxando uma


cadeira. Suponho que ela esteja supervisionando todos esses eventos porque
os Lucianos estão pagando por tudo, mas na verdade não sei. — Você não
vai pegar nada do bolo quando eles trouxerem se você ficar aqui atrás. — Ela
está sorrindo, mas não parece tão amigável.

— Oh, eu vou mudar, eu só percebi que Viva queria algum tempo com
suas amigas antes de eu entrar. — Estou mentindo, é claro. Eu não tinha
nenhuma intenção de sentar com elas.

Ela acena com a cabeça, estendendo a mão para dar um tapinha na


minha mão. Forço um sorriso com o gesto. — Viva é uma garota doce, tenho
certeza de que vocês duas se darão muito bem quando se conhecerem. Você
poderia ajudá-la a conhecer Remy melhor.

Meu sorriso falso quase vacila, mas eu rapidamente o corrijo,


respirando fundo para manter o agressivo ‘foda-se’ que quer gritar do meu
peito. — Sim. Sim, tenho certeza que posso fazer isso. — Eu aceno quando
digo isso, tentando ao máximo soar sincera.

Minha resposta parece acalmá-la, porque ela dá mais um tapinha suave


na minha mão antes de se sentar novamente em sua cadeira. — Remy deve
chegar a qualquer minuto. — Seus olhos olham para fora da janela como se
ela esperasse que ele entrasse naquele momento. — Tenho certeza que ele
também vai gostar de ter você aqui, você sabe como ele é com esse tipo de
coisa. — Ela sorri na minha direção e eu finjo uma pequena risada. — Ele
pode até estar nervoso, você estar aqui vai ajudar com isso.

Dou um sorriso de boca fechada para o lado de seu rosto, assentindo


novamente, realmente fazendo o que acho que ela espera de mim. — Isso
soa como eu. Eu adoro ajudar as pessoas. Muito.

Sua mão sobe para alisar seu coque perfeitamente estilizado antes de
ela se levantar: — Sempre gostei de você, Beverly. Fico feliz por você estar
aqui, quem sabe, com a sua ajuda talvez eles possam desenvolver algum tipo
de relacionamento real antes do casamento.

Eu quero rir, mas seguro, apenas dando a ela outro aceno. Acho que é
seguro dizer que não serei tão útil quanto ela parece pensar que
serei. Também mostra o quão pouco ela conhece o filho ou a mim. Seu
telefone começa a tocar e ela o puxa, dando-me um pequeno sorriso antes de
sair da mesa para atender sua chamada. Agora que estou sozinha, uma
risada silenciosa e sem humor sai, meus dedos esfregando meu couro
cabeludo rudemente enquanto eu resisto ao desejo de perdê-lo
completamente e sair daqui.

Eu ainda estou esfregando minha cabeça quando Remy entra, seus


olhos varrendo a loja até que pousam em mim. Não tenho ideia do que ele
está fazendo, mas seus braços e mãos estão manchados de preto escuro, o
mesmo com sua camiseta. Há até pontos pretos espalhados por seu
jeans. Ele começa a caminhar em direção à minha mesa, mas para quando
Viva grita seu nome na frente. Tirando minhas mãos do meu cabelo, me
inclino para trás em minha cadeira e torço meu nariz, expressando minha
impressão dela. Remy sorri para mim, mas se vira com um suspiro que
posso ver à distância, caminhando até ela.

Sua mãe ainda não o notou, mas eu sei que no segundo que ela fizer
isso, ela vai ter um ataque por causa de sua aparência. Não consigo ouvir o
que Viva está dizendo a ele, mas com base no olhar que Remy está dando a
ela, ele não dá a mínima para isso. Francesca ainda está ao telefone, mas
puxa-o da boca para gritar para o nosso pequeno grupo: — Eu preciso ir
cuidar de algumas coisas, mas posso chegar mais tarde, se vocês ainda não
foram embora. Oh, bom, Remy, você está aqui. — Ela acena por cima do
ombro enquanto sai pela porta, o telefone de volta no ouvido. Deve ter sido
algo muito importante se ela nem percebeu como Remy parecia.

Alguém da loja vai até Viva dizendo algo sobre começar a degustação
agora que Remy está aqui e eu tomo isso como minha dica para finalmente
fazer meu caminho até lá. De pé, ajusto meu mini vestido de camiseta justa,
alisando o tecido cinza claro sobre minhas meias arrastão. Estou apenas
protelando porque sei com certeza que isso vai ser estranho e horrível.

Remy me vê caminhando em direção à mesa, tons de mel descendo até


minhas meias arrastão e costas, covinhas piscando para mim em sua
bochecha. Meu pulso acelera com o olhar. Tirando os olhos dele, sacudo as
ondas do meu cabelo enquanto caminho, consertando o que sei que é uma
bagunça antes de realmente estar na frente de Viva. Eu não
necessariamente me importo se ela me ver parecendo menos do que abaixo
da média, mas eu não preciso adicionar qualquer combustível a ela e suas
capangas insultam fogo. Paro na beira da mesa para um momento enquanto
eu descubro onde sentar, ignorando o calor do braço de Remy roçando o meu.

Eu passo ao redor dele, puxando uma cadeira do outro lado da mesa das
outras três. Não quero ficar olhando para elas, mas também não quero ter
que sentar diretamente ao lado delas. Viva me ignora, olhos vagando sobre
mim como se eu não existisse enquanto ela sorri para Remy. — Você pode
se sentar comigo, podemos dividir um prato.

Eu bufo, sugando meus lábios entre os dentes enquanto olho para


Remy. Tenho certeza de que é algo que ele adoraria fazer. Seus olhos olham
para ela e as outras garotas antes de balançar a cabeça, — Não, —
estendendo a mão para agarrar a cadeira à minha direita enquanto Viva
olha boquiaberta para ele. Ela deve assumir que, de alguma forma, isso é
minha culpa, porque seu olhar me atinge em seguida.

Apenas dou de ombros para ela, apoiando meu cotovelo na mesa para
que eu possa apoiar meu queixo no meu punho enquanto Remy se joga em
sua cadeira. Ele o puxa para mais perto de mim para que sua coxa esteja
pressionada contra a minha. Eu inclino meu rosto em sua direção. — Por
que você está tão sujo?

Ele sorri para mim, levantando a mão para olhar como se nem tivesse
percebido até eu tocar no assunto. — Eu cortei alguns freios. — Ele olha
para mim, tons de mel caindo no meu sorriso. — É fluido de freio.

— Você acabou de preparar alguém para morrer e agora você vai provar
um bolo? Que vida chata você vive.
Viva pigarreia ruidosamente, chamando nossa atenção. — Eles
trouxeram o bolo. — Sento-me, notando todas as bandejas com mini-
provadores.

— Podemos pegá-los ou você tem algum tipo de lista ou panfleto do qual


estamos saindo? — Ela franze os lábios com a minha pergunta, as meninas
ao seu lado olhando para mim como se fosse uma pergunta estúpida.

— Você pode simplesmente pegá-lo. Por que haveria um panfleto?

Eu rolo meus olhos, pegando um pequeno bolo de chocolate alemão e


colocando-o em um prato para Remy. Deslizo para ele antes de pegar um
morango parecendo um, para mim. — Porque você teve um panfleto para
literalmente tudo o mais até agora. Não acho que minha pergunta tenha
sido tão ridícula.

Remy cantarola nossa interação, mas não diz nada, pegando o bolo e
comendo em uma mordida. Eu sabia que ele iria querer aquele porque é o
seu favorito. Ele pisca para mim enquanto mastiga e eu sorrio de volta, o
sorriso deixando meu rosto quando eu olho para outro brilho.

— Como devemos escolher isso? Há cerca de cinquenta combinações


diferentes aqui. — Todos as quatro à minha frente reviram os olhos e
compartilham olhares para a minha pergunta como se eu já soubesse. Deus,
eu as odeio.

— Você coloca seus três favoritos na lista e nós os restringimos. — Viva


me entrega uma lista e eu simplesmente pisco para ela, puxando-a para
mais perto com a ponta dos dedos.
— Então havia uma lista e você agiu como se a minha pergunta fosse
tão estúpida. — Ela não diz nada, mas eu franzo os lábios para ela até que
ela desvia o olhar, pegando seu próprio bolo.

Remy passa por mim, pegando outro bolo de chocolate com recheio de
framboesa. Sua mão cai para a minha coxa quando ele a agarra, os dedos
tatuados se espalhando o máximo que podem. Ele o mantém lá quando se
senta, o dedo mindinho roçando ao longo da minha coxa. Se Viva percebe,
ela não diz nada.

Demora cerca de uma hora antes que os sabores se reduzam a apenas


seis, e Viva dá um tapa na lista no meio da mesa, cruzando os braços sobre
o peito enquanto franze a testa para mim. Estamos tendo a mesma
discussão nos últimos quinze minutos. — Porque, Beverly? Por que você se
importa, não é o seu casamento, é meu.

Resistindo ao impulso de estender a mão por cima da mesa e dar um


tapa nela, eu corro minha língua sobre meus dentes. Se ela prestasse
atenção em qualquer coisa além de si mesma, saberia por quê. — Como eu
já disse quatro vezes, Remy não gosta de chocolate branco, porra.

Seus olhos mudam para Remy, que atualmente está recostado em sua
cadeira olhando para seu telefone. Ele checou mentalmente essa merda
cerca de vinte minutos depois. — Remy, você gosta de chocolate branco, não
é?

Ele olha para ela sem mover a cabeça, — Não, — olhando para baixo
no segundo em que a palavra sai de sua boca.
Inclino minha cabeça para Viva, sorrindo para ela quando ela me olha
com irritação. — Bem, o que você gosta, então? Porque de acordo com
Beverly, você não come qualquer coisa nesta lista.

Ele suspira, enfiando o telefone no bolso de trás antes de responder a


ela. — Escolha o que quiser Viva, eu não vou nem comê-lo.

Zombo de sua resposta, batendo levemente em seu estômago com as


costas da minha mão enquanto olho para Viva. — Ele vai comer o maldito
bolo. Basta escolher algo com chocolate que não seja branco. — Ele pega
minha mão antes que eu possa puxá-la de volta, beijando a palma na frente
das outras. Quanto mais ficamos aqui, menos ele se preocupa com
demonstrações públicas de afeto, ao que parece. Eu puxo dele, apontando
para um dos sabores da lista. — Que tal este?

Uma das amigas de Viva, Cassidy, acho que é o nome dela, senta-se em
sua cadeira para olhar para o que estou apontando, os olhos mudando para
uma Viva que parece muito irritada. — Aquele é bom, estava entre meus
favoritos e de Melissa também.

Melissa balança a cabeça e eu me recosto na cadeira enquanto Viva dá


de ombros, acenando com as mãos dramaticamente. — Muito bem. — Ela
pega sua caneta, circulando o sabor antes de empurrar a lista para
Cassidy. — Vá devolver. Acho que vamos deixar Beverly escolher o meu
sabor de bolo de casamento.

As amigas de Viva devem estar tão cansadas disso quanto eu, porque
ninguém nem comenta, apenas observa Cassidy pegar a lista e se apressar
em direção ao atendente. Remy se levanta antes que ela volte, olhando para
mim. — Eu terminei aqui. Encontre-me lá fora quando terminar.
Aceno para ele, observando suas costas enquanto ele sai. Posso sentir
os olhos em mim e encontrar um âmbar ardente quando olho para o outro
lado da mesa. — Posso ir embora também ou ainda estamos tendo tempo de
menina de qualidade?

Seus lábios se apertam para mim, os olhos se estreitando ainda mais. —


Você pode ir embora, mas acho que precisamos acertar algumas coisas entre
nós.

Solto um suspiro profundo, inclinando-me para trás para cruzar os


braços sobre o peito. Tenho a sensação de que tudo o que ela está prestes a
dizer vai exigir muita energia para não dar um tapa nela. — Me esclareça.

Ela pega as canetas na frente dela, colocando-as em uma pilha


organizada ao lado antes de falar. — Eu não escolhi ter você na minha festa
de casamento e, francamente, não quero você nela. — Ela recolhe todos os
papéis extras em seguida, empilhando-os. — Infelizmente, não posso me
livrar de você, então aceitei que simplesmente terei de lidar com você, mas
o que eu não tenho que lidar, Beverly, é ver você ansiar por meu noivo.

Pisco para ela com uma expressão sem graça, observando-a recolher
tudo para colocar em sua bolsa gigante.

— Eu sei que vocês são amigos e tudo isso, mas ele está se
casando comigo, o que significa que toda a atenção dele deveria estar comigo
e não com você. Eu não me importo que tipo de relacionamento vocês dois
tenham, mas qualquer coisa romântica acaba agora. — Ela fecha o zíper da
bolsa, levantando-se de seu assento para olhar presunçosamente para mim
como se ela achasse que conseguiu algo com seu pequeno discurso.
— Eu acho engraçado que você pense que tem alguma porra a dizer
sobre o que eu faço. — Fico sentada, observando seus dedos ficarem brancos
em torno da alça de sua bolsa. Ela engole, os olhos queimando em mim.

— Apenas uma de nós poderia se encaixar no papel de esposa do Capo


Famiglia e eu acho que nós duas sabemos quem é. — Seus olhos percorrem
minha roupa, curvando os lábios. — Eu sou tudo que você gostaria que fosse,
Beverly. Elegante. Carismática. Digna. Mas o mais importante, o futuro de
Remy. Nada vai mudar o fato de que eu serei aquela para quem ele voltará
todos os dias, que serei a escolhida para ter seus filhos. Faça um favor a si
mesma e termine as coisas agora, antes que se machuque, porque nada do
que você fizer irá impedir este casamento.

Ela gira nos calcanhares e eu vejo enquanto ela sai pela porta sem olhar
para trás, seus capangas a seguindo. Levantando da minha própria cadeira,
eu fico olhando para a porta, o coração batendo com raiva no meu
peito. Percebo que minhas mãos tremem ligeiramente e as aperto em
punhos. Não sei se devo ficar chateada ou magoada com suas palavras,
talvez eu seja as duas. Misturada em toda aquela besteira estava uma coisa
que é dolorosamente verdadeira, não importa o quanto eu desejasse que não
fosse.

Ela é seu futuro.


BEVERLY

Estou usando outro vestido idiota para ir a outra festa idiota. Eu não
poderia nem te dizer para que diabos esse aqui é. Eu juro que eles estão
apenas inventando merda neste momento para usar como uma desculpa
para se fantasiar.

— Oof. A Sra. Charlotte veio vestida para impressionar hoje. — Julian


cutuca meu braço com o cotovelo, balançando as sobrancelhas enquanto
verifica nossa antiga professora do primário.

— Sim, ela está ótima. Como se ela devesse se aposentar em breve.

Ele ri, chutando o assento da minha cadeira debaixo de mim quando


vou me sentar, para sorte dele eu me seguro antes de cair ou teria que dar
um soco nele. — Nada de errado com alguma ação de puma, Bev, você não
ouviu a frase respeite os mais velhos? — Ele pisca para outra mulher
passando, fazendo-a corar em sua luva de renda. — Terei todo o gosto em
respeitar a merda de todos esses bons anciãos.
— Bem, respeite meus desejos e cale a boca sobre a porra de velhinhas.

— Beverly! — Minha mãe me cala do outro lado da mesa enquanto se


senta, mas eu a ignoro, revirando os olhos na direção de Julian.

— Você não é minha irmã mais velha, querida.

— Eu nasci três minutos antes de você. Eu sou sua irmã mais velha,
agora cale a boca. — Meus olhos pegam Remy quando ele sai da parte de
trás da casa em que estamos. Ele está vestido de forma mais casual do que
todos os outros, em um jeans escuro e uma camiseta preta. Isso me faz
sorrir, outro pequeno ato rebelde em relação a essa farsa de um casamento
de merda.

Seus olhos estão examinando a multidão e não posso deixar de pensar


que ele está procurando por mim, o pensamento aquecendo meu
estômago. Pouco antes de seu olhar de mel me encontrar, sua atenção é
atraída pela mão de Viva em seu braço. O pequeno toque tira o sorriso do
meu rosto.

Eu não suporto quando ela o toca.

Não suporto quando ela fala com ele.

Não suporto que ela faça nada que o envolva.

— Você sabe que vai ter que se acostumar com isso, certo? — Eu
arranco meus olhos de Viva para meu irmão. — Não importa o que aconteça,
ela sempre estará lá.

Pego o copo de água gelada que foi colocado na mesa na minha frente e
tomo um longo gole, jogando-o na mesa alto o suficiente para receber um
olhar do outro lado da mesa quando eu termino. — Isso não significa que eu
tenho que gostar.

— Verdade. — Julian cruza os braços sobre o peito, olhando para onde


eu estava antes. — Viva está olhando para você. Devo dar a ela o pássaro?

Eu rio, levantando meu olhar para ver que ela está de fato olhando,
lábios apertados em uma linha. Não tivemos outra briga como na
degustação do bolo, mas a tensão nunca foi tão alta entre
nós. Principalmente porque me recusei a fazer o que ela me pediu. Remy
subiu ligeiramente para o papel de noivo, principalmente por obrigação, eu
acho, mas ele ainda está longe de ser o que ela quer.

— Claro, mas eu vou dizer oi. Você sabe, diga parabéns pelo bolo ou o
que diabos é essa festa.

Eu me empurro para fora da minha cadeira, ignorando minha mãe


perguntando para onde estou indo enquanto Julian pula para fora de sua
cadeira atrás de mim. — Espere eu estou indo. Você tem aquele olhar,
aquele que você tem antes de bater na minha bunda no ringue.

— Não seja ridículo. Eu não vou lutar com ela em sua própria festa.

Ele apenas ri.

Viva deixou o local em que estava originalmente, mas a encontramos


perto do gazebo com alguns de seus amigos, Cassidy sendo a única que eu
reconheço. Sei sem olhar que minha mãe está me olhando carrancuda do
outro lado do gramado, me desafiando a causar problemas.

— Viva, que bom ver você de novo.


Ela sussurra algo por trás de sua mão para suas groupies antes de
lançar um sorriso falso em minha direção. Posso sentir o ódio em seu olhar
âmbar, mas ainda assim retribuo o sorriso. — Seria ainda melhor se eu
nunca tivesse que ver você, Beverly. — Julian suga um pouco de ar entre os
dentes enquanto ela continua, sabendo que minha já fraca paciência com ela
está sendo testada. — Você é indesejada, Beverly. O que quer que você tenha
a dizer, não quero ouvir.

Respiro fundo, acalmando a dor em meus pulmões. Guardo qualquer


resposta arrogante que quisesse escapar por trás dos meus dentes, tentando
manter a paz. — Só estou tentando ser legal com você, Viva. Não temos que
lutar sempre que nos vemos.

Ela ri e isso percorre todas as mesas, virando a cabeça das pessoas mais
próximas de nós. Assim que ela começa a falar, sei que foi intencional,
chamar a atenção para nós. — Eu me pergunto como é para você estar
sempre em segundo lugar. — As meninas ao redor dela riem por trás das
mãos levantadas, estimulando-a. — Você já perdeu a corrida, Beverly, é
hora de desistir. Você está começando a parecer patética.

Meus punhos cerraram-se no tecido macio do meu vestido longo, as


unhas arranhando o tecido para afundar em minhas palmas. — Espero que
sua festa seja tudo o que você quer, Viva.

Eu me viro, Julian girando comigo resmungando, quase desapontado,


— Bem, isso foi anticlimático.

— Ele estava comigo ontem à noite. — Eu paro no lugar, a apenas um


passo de onde eu estava antes.
Julian para comigo, um quieto, — Bem, talvez não. — Sussurra através
de seu sorriso crescente.

Ela fala nas minhas costas, um sorriso em suas palavras. — Ele veio no
minuto em que você saiu e me fodeu.

Eu fecho meus olhos, as mãos tremendo de raiva que estou tentando


manter sob controle. Virando-me lentamente nos calcanhares, mal posso ver
seu rosto através da minha fúria. — Você está mentindo. — Eu sei que ela
está. Cem mil por cento confiante, mas isso não impede suas palavras de
cavar na pequena quantidade de inseguranças que eu tenho.

Ela sorri para o grupo, os olhos passando por mim para ver se as
pessoas ainda estão ouvindo. — Por que eu deveria? Ele é meu noivo e me
fodeu tão bem que mal pude sair da cama esta manhã de tão exausta.
— Outra rodada de risadinhas soa ao meu redor.

Esta. Cadela.

Estou em cima dela antes mesmo de perceber o que estou fazendo,


estendendo a mão para dar um tapa nela com tanta força que ela tropeça
para trás, deixando cair a bebida em sua mão. Ela engasga, agarrando seu
rosto antes de tentar me acertar de volta. Um tapa patético e fraco que eu
facilmente bato para longe, dando-lhe outro tapa com a mão aberta que
manda seu rosto direto para o caminho de cascalho.

Uma de suas asseclas está gritando, mas eu ignoro, estendendo a mão


para agarrar a parte de trás de seu cabelo. — Levante-se para que eu possa
terminar de chutar o seu traseiro, Viva.
De repente, estou sendo levantada do chão, com o estômago apertado
em um aperto de cobra enquanto chuto minhas pernas em uma tentativa
ridícula de me soltar.

— Isso é o suficiente, Bev. Vai para dentro. — O peito de Andrea ronca


contra minhas costas enquanto ele fala, seus braços apertando ainda mais
quando eu me recuso a parar de me contorcer. — Por que diabos você não a
impediu?

Ele está falando com Julian que está rindo, com as mãos nos bolsos
enquanto olha o bando de garotas chorando no gazebo. Eu o vejo encolher os
ombros antes que eu seja levada para fora de vista.

— Me solta ou eu vou bater em você também! — Andrea ignora minha


ameaça e continua andando comigo pendurada em seus braços, facilmente
me carregando apesar de meus membros lutando. Me deixando cair no
primeiro quarto disponível, ele franze a testa para mim enquanto eu
empurro o cabelo do meu rosto e faço uma carranca de volta para ele. — Ela
merecia isso, e você sabe disso.

Ele zomba, mudando para bloquear a porta quando percebe que meus
olhos estão se voltando para lá. — Como exatamente você acha que ela
merecia ter seu rosto jogado no cascalho?

Eu não respondo imediatamente, apertando meus lábios em vez


disso. — Demorou muito para chegar.

Ele balança a cabeça, os olhos rolando em direção ao teto antes de cair


de volta em mim. — Beverly, me escute. — Ele faz uma pausa, olhando para
mim até que ele esteja convencido de que minha atenção é completamente
dele, levantando uma sobrancelha quando eu pisco para ele com falso
interesse. — Remy vai se casar com Viva e não há nada que você possa fazer
sobre isso. Quanto mais cedo você aceitar isso, mais cedo poderá seguir em
frente.

Meu olhar cai para minhas mãos, minha expressão zombeteira limpa
enquanto ele sopra uma respiração profunda. Sei que ele está certo, mas
gostaria que não.

— Você realmente acha que dar um tapa em Viva está ajudando a


situação? Ela disse isso para provocar você e funcionou. Ela não parecia a
idiota por aí, Bev. Você parecia.

Meus olhos se erguem para os dele e vejo a preocupação neles. Sei que
ele está dizendo isso apenas para me ajudar, mas não preciso ser
repreendida. Estou bem ciente de que agi como uma bagunça lá fora. Mas,
para me dar algum crédito, não entrei nessa conversa dessa forma. — Eu
não me arrependo de ter batido nela.

Ele ri, mas me recuso a sorrir de volta, observando-o esfregar as mãos


no rosto. — Você não seria você, se o fizesse.

— Eu preciso falar com Beverly.

Meus olhos se voltam para Remy na porta, seu olhar em mim quando
Andrea se vira sem uma palavra para passar por ele para fora da porta,
balançando a cabeça para mim antes que ele desapareça de vista.

Remy dá um passo adiante na sala, o clique da porta fechando o único


som enquanto continuamos nosso olhar fixo. Eu não posso dizer se ele está
bravo ou não, seu rosto vazio de emoção. Eu o rastreio enquanto ele se
aproxima de mim, os olhos se separando de seu rosto enquanto ele faz um
círculo lento para ficar atrás de mim. Eu sinto seus dedos trilharem ao longo
do topo do meu ombro exposto, o toque leve queimando meu pescoço
enquanto ele empurra meu cabelo para fora de seu caminho.

Seu peito está quente contra minhas costas, a respiração deslizando ao


longo da minha pele antes de seus lábios rasparem levemente a tatuagem
de penas atrás da minha orelha. — Você arruinou minha festa.

Não é o que eu esperava que ele dissesse e eu bufo, girando com seu
toque hipnótico para olhar em seu rosto. — Viva disse que você transou com
ela ontem à noite.

Ele se endireitou, agora que estou longe dele, seu olhar de mel roçando
ao longo de minhas feições. — E?

E? Porra, eu sei que ele não disse, mas ainda quero ouvi-lo dizer isso. —
Você fez? — Meu coração está batendo contra minhas costelas, ciúme
raivoso acumulando em minhas entranhas com o pensamento de que ele
pode ter. Ele não responde, apenas observa minha raiva enrubescer minha
pele. — Você transou com Viva?

Sua língua corre ao longo de seu lábio inferior, um pequeno passo


trazendo-o de volta na minha frente, o peito quase roçando o meu. — Não
ontem à noite.

É a resposta que eu esperava, mas ainda queima meu estômago como


ácido. Eu sinto meu rosto se contorcer em uma expressão de fúria quando
sua mão se agarra para agarrar minha nuca, efetivamente parando minha
tentativa de fugir. Meus olhos estreitam em seu rosto enquanto ele me força
a olhar para ele.
— Mas, eu fodi Viva.

Posso dizer que ele tem mais a dizer, mas não quero ouvir, colocando
minhas mãos entre nós para tentar afastá-lo de mim.

Ele não se move.

Em vez disso, ele usa a mão na minha cabeça para me empurrar para
ele, seu polegar acariciando meu cabelo. — Eu a fodi com o rosto pressionado
nos travesseiros e sua bunda em minhas mãos. — Eu aperto minha
mandíbula com suas palavras, meus pulmões queimando enquanto eu
prendo minha respiração com fúria magoada e silenciosa. — Assim eu não
precisava ver seu rosto ou ouvi-la gemer.

— Você é doente. — É um sussurro sombrio, cascalho arranhando


minha garganta apertada de raiva.

— Eu a comi como o pedaço de bunda que ela é.

— É da sua futura esposa que você está falando. — Eu engulo em seco,


piscando em seu rosto, observando qualquer reação que ele vai me dar além
de sua máscara de indiferença.

— Isso é tudo que eu sou para você também? Um pedaço de bunda.

Seus dedos cavam em meu cabelo, me levantando, então tenho que ficar
na ponta dos pés e nossos lábios estão separados por um fôlego. — Deixe-me
esclarecer uma coisa, Beverly. — Eu fecho meus olhos com suas palavras,
juntando minhas sobrancelhas enquanto sua respiração sopra ao longo dos
meus lábios. — Eu vou memorizar cada mergulho, curva e sarda. Adorar
cada centímetro, engolir cada som. Mas eu nunca vou te foder. — Eu sinto
suas mãos se moverem para cobrir minhas bochechas e eu abro meus olhos,
olhando em seus tons de mel enquanto ele se inclina sobre mim. —
Eu faço sempre e sempre vou fazer amor com você, Cuore Mio.

Seus polegares roçam minhas bochechas, pegando uma lágrima


perdida que escapou. Sua admissão se estabelece entre minhas costelas,
girando em torno do meu coração para acalmar minhas dúvidas. — Se eu
fosse ela, também me odiaria.

Digo mais para mim mesma do que para ele, mas ele cantarola em
reconhecimento de qualquer maneira, mantendo meu rosto perto do dele. —
Donatello e eu fizemos uma aposta.

Me inclino para trás apenas o suficiente para olhar em seu rosto com
mais clareza, franzindo a testa quando ele não entra em detalhes.

Sua covinha pisca para mim antes que ele me puxe de volta para ele,
colocando um beijo leve no canto dos meus lábios antes de ele falar. —
Tínhamos apostas sobre quando você atacaria Viva. — Ele ri quando eu
começo a me afastar, beijando o outro canto da minha boca. — Aquele
bastardo venceu. Achei que você fosse bater nela na primeira vez que a
conheceu.

Falo através dos beijos suaves que ele coloca em meus lábios. — Você
tem muito pouca fé em mim.

Ele resmunga contra meus lábios, molhando-os com sua língua


enquanto me muda para trás. — Você é minha fé.

Minhas costas batem contra a parede, seus lábios deslizando de volta


sobre os meus enquanto ele me levanta, juntando o tecido da minha saia nas
minhas pernas enquanto eu os enrolo em sua cintura. — Seus convidados
foram embora?

É perguntado enquanto ele trilha beijos molhados na minha


mandíbula, cutucando meu queixo com o nariz para beijar ao longo da
coluna da minha garganta. — Não.

Um pequeno suspiro escapa dos meus lábios quando ele se esfrega em


mim, mordendo a pele do meu ombro. — Você não deveria estar lá, então?

Sua boca deixa um rastro quente de respiração enquanto ele


lentamente volta para o meu rosto, — Quem dá a mínima. — Uma mão
desliza entre nós, o polegar tatuado puxando meu lábio inferior para baixo
enquanto ele fala. — Quero que eles saibam onde estão minhas prioridades,
quem é realmente a segunda melhor.

Minha respiração fica presa no peito, sabendo que ele ouviu tudo o que
Viva disse. Eu me sentiria envergonhada se ele já não estivesse apagando
cada segundo daquela conversa da minha mente com seu toque.

— Você vai se meter em problemas. — Eu digo isso enquanto ajudo a


tirar sua camisa, inclinando-me para frente para correr minha língua ao
longo do redemoinho de uma de suas tatuagens quando ela cai no chão.

Sua resposta é me puxar da parede e me carregar em direção à poltrona


na sala, me deixando cair nas almofadas enquanto ele se inclina sobre
mim. Seus lábios encontram os meus no próximo batimento cardíaco,
minhas pernas envolvem de volta em torno dele, as mãos embalando sua
cabeça enquanto ele rouba todos os pensamentos negativos da minha cabeça
com seus beijos.
Ele deixa cair um antebraço na minha cabeça, segurando-se para que
ele possa passar a palma da mão na minha lateral sob o meu vestido. Seu
polegar apenas roça meu mamilo quando há uma batida na porta. Eu pulo,
mas Remy ignora, tentando continuar sua exploração, mesmo quando
começo a me sentar, as mãos empurrando seu peito.

Eu separo meus lábios dos dele enquanto a batida continua. — Você


trancou a porta?

Ele morde um caminho no meu pescoço, um — Não, — murmurado,


saindo ao mesmo tempo em que Donatello abre a porta.

Donatello pega a camisa de Remy, jogando-a nele um segundo depois


que ele se vira para olhar em sua direção. — Você tem uma reunião.

Remy solta um suspiro profundo, olhos caindo para os meus lábios


antes de colocar mais dois beijos rápidos, puxando sua camisa sobre a
cabeça. Ele sai de cima de mim e eu ajusto minha saia, observando enquanto
ele se ajusta em seu jeans. Eu olho ao redor para ver Donatello saindo da
sala e Remy pega minhas bochechas em suas palmas, me beijando mais uma
vez.

— Vou passar na sua casa depois disso. — Ele se afasta de mim, querido
olhar me seguindo enquanto me levanto do sofá.

— OK. — Tenho a sensação de que esta reunião é mais importante do


que ele está tentando fingir, mas deixo passar. Se me preocupasse, eu
saberia.

— Vá para casa, Cuore Mio. — Ele agarra minha mão, pressionando


um beijo em minha palma, as pontas dos dedos com tatuagem arrastando
ao longo das costas enquanto ele a deixa cair, caminhando para trás em
direção à porta. — Esta festa acabou agora.

Franzo a testa em confusão, — Você disse que ainda estava


acontecendo.

Ele agarra a borda da porta aberta, olhando para alguém no corredor,


provavelmente Donatello. — Vá para casa. — É a última coisa que ele diz
antes de desaparecer de vista, deixando-me ali com uma sensação de mal-
estar que não entendo girando em volta do meu coração.
REMY

Meus olhos encontram os de Donatello quando saio da sala, deixando


Beverly sozinha e sem dúvida confusa. — Onde é o encontro?

Ele começa a andar comigo, girando os anéis em seu dedo polegar. Ele
me olha antes de responder, provavelmente sabendo que não vou gostar da
resposta. — A cabine.

Eu cantarolo enquanto saímos, o queixo tiquetaqueando enquanto


caminhamos pela festa em direção aos nossos carros. Eu sabia que isso ia
acontecer, só esperava poder adiar essa conversa por mais tempo. Já fui
punido inúmeras vezes por não seguir ordens, por continuar a negligenciar
minhas obrigações para com a Viva e o contrato da Famiglia que temos com
seu pai, Francis Delfino.

Saber que isso estava acontecendo não me impediu de absorver cada


momento de Beverly que eu pudesse conseguir. Isso me fez querer mais. Não
sou ingênuo o suficiente para pensar que conseguiria convencer aquela
mulher teimosa a ficar por aqui depois do casamento, acho que sempre meio
que soube que isso ia acontecer, que a escolha seria feita por nós e ainda
fingi que não. Era mais fácil agir como se não estivesse acontecendo do que
aceitar o fato de que Beverly não é meu jogo final.

— Remy! — Meus dentes rangem ao som do meu nome saindo da boca


de Viva. Ela é a última coisa que eu quero ver agora. Continuo andando,
mesmo quando Donatello me lança um olhar de soslaio, esperando que ela
simplesmente presuma que não posso ouvi-la e me deixe sair.

Eu quase chego ao SUV quando sua mão agarra meu braço, me


forçando a parar e olhar para ela. Ela tem uma marca vermelha
desagradável que ainda não desapareceu em sua bochecha por causa dos
tapas de Beverly e não posso deixar de me sentir satisfeito com isso. Ela
merecia coisa pior por falar assim com ela. Eu gostaria que Cuore Mio
tivesse quebrado a porra do pescoço dela. — O que?

Seus olhos mudam entre mim e Donatello, a mão ainda no meu


braço. Eu quero tirar isso de mim, mas fiquei parado. Já estou metido na
merda, não preciso que ela chore com o papai por mais nada. — Você
simplesmente vai embora? Depois do que aquela vadia fez comigo?

Eu agarro sua mandíbula na palma da minha mão antes de perceber o


que estou fazendo, os dedos beliscando suas bochechas enquanto me viro
para encará-la mais completamente. Foda-se o que pensei sobre ela
chorar. Se alguém olhasse em nossa direção, pareceria que estávamos
apenas compartilhando um momento íntimo, não que eu estivesse prestes a
quebrar a porra do rosto dela. — Eu só vou dizer isso uma vez, Viva, então
é melhor você ouvir, porra. — Seus olhos estão arregalados quando ela olha
para mim, os lábios ligeiramente separados pela pressão que tenho em suas
bochechas. — Minta para Beverly sobre nós de novo e vou enterrar um dos
seus malditos camaradas para cada palavra que sair da sua boca. Posso ser
forçado a ficar com uma pirralha troféu egoísta como você, mas não tenho
que tornar isso agradável. Você vai começar a tratar Beverly com o respeito
que ela merece. Até mais um maldito incidente e eu juro pela minha vida.

Ela engole em minha palma, o lábio começando a tremer. Eu me


sentiria mal se não quisesse dizer cada palavra que disse. Ela não é tão doce
e inocente quanto parece. Eu aperto meus dedos quando ela não responde,
fazendo-a piscar desconfortavelmente. — Certo, tudo bem.

Eu empurro seu rosto para longe de mim assim que ela diz, girando
para passar por Donatello e entrar em seu SUV. Ele entra quando estou
fechando a porta. — Você sabe que ela vai tagarelar sobre você, sim? — Ele
está sorrindo, apesar da seriedade da pergunta, aparentemente achando
tudo isso divertido.

— Eu não me importo. O que eles podem fazer comigo? Eles precisam


de mim para este contrato. — Eu puxo meu telefone do bolso e o jogo no
console central, rudemente passando minhas mãos sobre meu rosto
enquanto Donatello sai do estacionamento.

— Eu não sei, talvez façam da sua vida um inferno.

Soltando minhas mãos, aperto meu lábio inferior entre os dedos,


olhando pela janela. — Eles já estão fazendo isso. Estar com aquela mulher
e não a porra do meu coração é a pior punição que eles poderiam aplicar.
O veículo do meu pai já está na cabana quando chegamos lá, junto com
o consiglieri e o Capo Bastone. Eu compartilho um olhar com Donatello
antes de sair, deixando meu telefone no carro. O cascalho estala sob meus
pés enquanto caminhamos em direção ao deck da frente, meu peito
começando a apertar com uma leve ansiedade. Só porque sou filho do chefe
e futuro da Famiglia não significa que recebo qualquer favoritismo. Meu
pai é mais rígido comigo por causa disso. Aprendi que há uma lição em tudo
o que ele faz.

A porta se abre por dentro antes que possamos alcançar a maçaneta e


eu entro na sala antes de Donatello, os olhos caindo nas costas do homem
que eles amarraram a uma cadeira no meio da sala, o coração acelerando
porque eu sei exatamente quem é. Eu encontro meu pai me observando
quando eu olho para cima, procurando uma reação que eu não dou a ele. Foi
ele quem me ensinou como usá-los contra o seu adversário ao fazer
negócios. Eu conheço todos os seus truques para conseguir o que quer e sei
que ele está fazendo isso para me fazer obedecer ao contrato.

Eu levanto meu queixo em seu silêncio, deixando minhas mãos ao lado


do corpo em vez de cruzá-las como eu quero. — Você solicitou uma reunião,
Capo Famiglia?

Ele acena com a cabeça, gesticulando com os dedos para um de seus


soldados pegar um charuto para ele. Ele não fala até que acenda e uma
baforada saia de sua boca. — Você é um menino inteligente, Remy, você sabe
por que está aqui, mas para todos os outros na sala, vou embelezar um
pouco. — Minha mandíbula lateja enquanto espero que ele continue,
observando mais fumaça saindo dele. — Meu filho decidiu que não gosta de
sua futura esposa e foi várias vezes contra mim e contra o contrato da
Famiglia no que diz respeito a ela. Agora eu entendo que os casamentos
arranjados não são as coisas mais divertidas, mas ele tem uma obrigação
para com a Famiglia. Como o futuro da Máfia para fazer tudo o que for
possível para nos ajudar a ter sucesso. A perda desse contrato nos faria
perder bilhões de dólares e isso simplesmente não me agrada. — Mais
fumaça e silêncio. — Então, no final do contrato.

Ele acena com a mão e o homem no meio da sala se vira para me


encarar, as pernas de madeira de sua cadeira raspando ruidosamente na
sala. Julian levanta a sobrancelha para mim, a mandíbula trabalhando em
torno da mordaça em sua boca enquanto ele silenciosamente me diz para
tirá-lo dessa bagunça. Respiro fundo pelo nariz, os olhos encontrando meu
pai mais uma vez. Tenho quase certeza de que eles não vão matá-lo, se eu
deixar claro, farei o que eles pedem.

— Lamento ter que trazer Julian assim, já que ele é como um filho para
mim, mas considerando o quanto você está apaixonado pela irmã dele, eu
sabia que esta era a única maneira de chamar sua atenção, — ele dá um
passo adiante segurando uma mão onde um soldado deixa cair uma arma
em sua palma. Ele dá outra passa de charuto antes de levantar a arma na
parte de trás da cabeça de Julian, olhos na minha. —Nós vamos fazer um
acordo. — Eu engulo, rangendo os dentes em raiva silenciosa. Um acordo
com o Capo Famiglia não passa de um contrato de morte, se eu não cumprir
minha parte, isso me custa a vida. — Você vai concordar em terminar as
coisas com Beverly e começar a investir todo o seu tempo em Viva e neste
casamento, ou Julian aqui vai morrer.
Meu coração aperta dolorosamente no meu peito, meu estômago
afundando com as palavras frias que ainda estão ecoando no ar. Este é um
acordo, mas do qual não me beneficia. — Eu aceito. — Evito olhar para o
rosto de Julian, não querendo ver a pena nele. Ele sabia que eu não
arriscaria sua vida apenas para estar com sua irmã, isso iria quebrá-la
ainda mais do que eu partindo.

— Bom. — Meu pai entrega a arma, sorrindo enquanto faz um gesto


para que Julian seja desamarrado. — Agora que deixamos um pouco fora do
caminho, estou permitindo vinte e quatro horas para encerrar as coisas ou
vou assumir que você está quebrando o acordo.

Minhas mãos estão tremendo de raiva silenciosa, mas eu engulo de


volta, dando a meu pai um único aceno de cabeça. — Entendido.

Estou parado do lado de fora do apartamento de Bev há muito mais


tempo do que deveria, lutando para conseguir o aço de que preciso para
entrar lá e fazer o que tenho que fazer. Eu não tenho escolha, porra, eu sei
disso, mas porra, eu não quero fazer isso. Esnobando fora o cigarro, aperto
o código das portas, subo as escadas até o andar dela para prolongar o
inevitável. Minha mão para na porta, a palma descansando na superfície
por mais um minuto antes de eu realmente bater.
— Está aberto! — Ela grita pela porta e eu fecho meus olhos com sua
voz, rangendo os dentes com a dor que já lateja em meu peito. Porra, eu não
quero fazer isso.

Abro a porta, os olhos fixos em Bev enquanto ela puxa o cabelo em um


coque, os dedos correndo pelas ondas escuras enquanto ela o segura no topo
da cabeça. Meus olhos caem para sua tatuagem e eu respiro
superficialmente. Ela está usando uma camiseta solta que quase a engole,
shorts curtos de dormir mal aparecendo sob a bainha. Eu a vi assim mais de
um milhão de vezes e nunca me cansaria disso, nunca ficaria impressionado
com o quão fodidamente perfeita ela é.

Ela se vira para mim, sorrindo enquanto seus braços caem de sua
cabeça para cruzar sob seu peito. — Por que você está apenas parado aí? É
estranho.

Não sei como começar o que preciso fazer, com o coração ardendo nas
costelas. Em vez de respondê-la, ando até ela, minha palma deslizando ao
longo de sua mandíbula para embalar sua cabeça, afundando os dedos na
seda macia de seu cabelo. Suas palmas percorrem meu peito em resposta,
seus dedos deslizando pelo meu estômago para descansar sobre o meu peito,
uma palma espalmada sobre o meu coração batendo forte. Não acho que ela
perceba, mas é algo que ela sempre faz. É uma das muitas coisas que ela faz
e que amo nela.

A maneira como seus lábios se abrem quando eu a puxo para perto.

A maneira como ela sabe todas as minhas coisas favoritas, apesar de


fingir que não sabe.

A maneira como ela desafia tudo com uma coluna de aço.


Três de um infinito e mais coisas sobre ela que me deixam
louco. Soltando minhas mãos, eu a levanto com meus braços em volta de
suas costas, sua pequena risada puxando o canto da minha boca. Eu sento
no sofá e a trago comigo, colocando-a de forma que ela fique entre minhas
pernas enquanto eu olho para ela, minhas mãos voltando para seu
rosto. Meus polegares roçam ao longo das sardas em suas bochechas,
garganta tentando fechar enquanto eu forço as palavras do meu peito pela
primeira vez desde que entrei. — Precisamos conversar.

Suas sobrancelhas baixam em confusão e eu quero esfregar a


preocupação para longe com meus dedos.

— O que você quer dizer? Sobre o quê? A festa?

Sei que minha melhor maneira de resolver isso é deixá-la com raiva,
deixá-la usar isso para proteger seu coração. Ela não disse isso, ela pode
nem perceber ainda, mas eu sei que ela me ama. Eu sei com a mesma certeza
que sei que ela é dona da porra da minha alma. Posso sentir na maneira
como ela passa a ponta dos dedos pela minha pele, vejo na suavidade de seus
olhos castanhos quando ela olha para mim. Ela está tão perdida quanto eu,
mas teimosa demais para admitir. E pela primeira vez, estou grato por isso,
porque ela vai precisar dessa raiva teimosa para superar o que estou prestes
a fazer.

— Sobre nós. — Eu faço uma pausa, minha boca fechando por conta
própria em uma tentativa de impedir que as palavras saiam. Eu corro meus
dedos sobre sua mandíbula e para baixo nas laterais de seu pescoço,
arrastando-os até que eu possa agarrar uma de suas mãos. Eu o trago para
minha boca, pressionando um beijo em sua palma e fecho meus olhos por
um momento, saboreando os poucos momentos em que meus lábios estão em
sua pele.
— O que você quer dizer? O que há de errado conosco?
— Absolutamente nada. Não há nada de errado conosco. Mas não posso
dizer isso.

Eu deixo sua mão cair da minha, olhando para ela enquanto ela está
entre minhas pernas. — Não podemos brincar mais. Não é justo com Viva.

Ela zomba, um pequeno sorriso em seus lábios como se ela pensasse


que estou brincando. Eu queria estar. — Você não está falando sério agora?
— Meu silêncio responde por mim e ela dá um passo para trás, a perda de
seu toque como uma faca em meu peito.

Eu fico com ela, mas não tento agarrá-la enquanto ela cruza os braços,
carrancuda para mim. É disso que preciso, para que ela fique com raiva. —
Vou me casar em apenas algumas semanas, Beverly. É hora de parar de
brincar com você e conhecer minha futura esposa.

Sua cabeça está tremendo como se ela não pudesse acreditar nas
palavras que saem da minha boca. Seu rosto se contraiu como sempre
acontece quando ela está brava. — E mais cedo? Você quis dizer alguma
coisa que você disse? — Ela engole, a umidade manchando seus olhos como
um laço em volta do meu pescoço, sua dor lentamente me sufocando.

Porra, eu quero agarrá-la, dizer a ela que isso foi um erro ou que eu
estava brincando ou algo assim, qualquer coisa para tirar o olhar que ela
está me dando de cara. Em vez disso, me aprofundo: — O que você esperava
que acontecesse? Que eu cancelasse o casamento e casasse com você em vez
disso? Não posso e não vou fazer isso, Beverly. Viva vai ser minha esposa e
eu preciso começar a tratá-la assim.
— Você disse que sou a porra do seu coração. Eu sou a merda do seu
coração. — Ela aponta para o peito quando diz isso, seus dedos agarrando o
tecido de sua camisa como se seu próprio coração doesse com sua
declaração. Ela está gritando, mas as lágrimas estão escorrendo pelo seu
rosto, cada uma que escorre de seu queixo é uma rachadura no meu
coração. Porra, eu odeio isso.

Eu engulo, mãos em punhos ao meu lado para me impedir de estender


a mão para ela. Eu sei que estou esmagando ela e me odeio por isso. — Você
me odeia, lembra? Encontre outra pessoa para odiar foder. — Minha
mandíbula aperta no segundo em que sai, o peito queimando com as
palavras que estou forçando.

Ela se aproxima de mim, balançando a cabeça negativamente enquanto


a raiva dela queima o verde de seus olhos. — Você sabe o que eu odeio,
Remy? Eu odeio quando você beija minha palma porque significa que você
está indo embora. Eu odeio que o seu cheiro não fique nas minhas roupas
depois que nos abraçamos. Eu odeio como me perco em você porque isso me
faz nunca querer voltar à realidade. — Sua palma bate no meu peito,
lágrimas de raiva molhando seu rosto. — Mas você sabe que odeia
mais? Que eu te odiei por tanto tempo.

Eu trabalho minha mandíbula, querendo nada além de tirar essas


lágrimas, abraçá-la até que ela permanentemente cheire como eu. — Talvez
se você tivesse descoberto isso antes, isso não estaria acontecendo. — É uma
mentira e odeio ter dito isso.

Eu sei que foi a gota d'água para ela, com base em como ela endireita a
coluna, as palmas das mãos enxugando suas bochechas molhadas. Ela está
deixando sua raiva assumir, construindo aquela parede ao redor de seu
coração, assim como eu queria que ela fizesse. — Saia. — Ela aponta para a
porta quando eu não me movo imediatamente, o rosto olhando para longe de
mim enquanto eu me movo para contorná-la.

É fisicamente doloroso virar minhas costas para sua dor, meus pulmões
em chamas quando abro a porta para sair. Eu só fico lá quando ele fecha,
mentalmente implorando a mim mesmo para continuar avançando e não
voltar lá por ela. Eu forço minhas pernas a se moverem, ando sem ver até
estar de volta no meu SUV.

Fiz o que tinha que fazer, mas não aceito. Eu me recuso.

Beverly é a porra do meu coração e eu não vou deixá-la ir por causa de


algum estúpido contrato de merda. Pego meu telefone no console
pressionando um número na minha discagem rápida.

— Pronto.

— Eu tenho um trabalho para você e Wolf.


BEVERLY

Uma semana até o grande dia e todos mal podem esperar.

Um casal tão lindo, eles dizem. Tão felizes juntos, eles dizem.

Eu digo que é tudo uma merda de farsa de merda. Eu posso ver o que
eles não podem, os sinais quase invisíveis que apenas alguém que conheceu
Remy como eu veria. Sinto seus olhos em mim quando não deveriam, sinto
o calor de seu toque quando ele passa por mim. Eu me recuso a acreditar
que ele está bem com isso, apenas com Viva.

Mas minha recusa não significa muito, não é? Porque eu não posso
mudar isso mais do que o sol pode se recusar a se pôr. Se Remy tivesse
apenas me deixado em paz, me deixando acreditar no meu ódio por ele, eu
não estaria quebrada agora. Eu não estaria me escondendo nos fundos da
catedral enquanto Viva verificava se todas as suas listas de verificação
estavam riscadas e se tudo estava pronto para seu grande dia. Eu não
estaria à beira de um colapso completo por comer minha última Tutti Frutti.
Eu também não saberia o que era ser completamente consumida por
um homem que me chamava de seu coração. Eu não saberia o que era ter
meu coração pular na minha garganta com apenas um olhar ou perder o
fôlego com um simples toque. Eu não saberia o que era estar olhado como se
eu fosse a coisa mais importante que já existiu. Essa dor que sinto agora
vale tudo isso e muito mais.

Esmago minha embalagem de doce na palma da mão apenas para alisá-


la de volta, olhando para o lixo na palma da mão em vez de prestar atenção
nos outros. Viva está mais agradável desde que Remy se tornou o noivo do
ano para ela. Ela até saiu de seu caminho para me convidar para almoços
fora do planejamento do casamento, não que eu jamais aceitaria. Eu não
quero sua bondade ou sua falsa piedade. Ela conseguiu o que queria e eu
gostaria de ser deixada de fora completamente.

Cassidy e Melissa vêm e se sentam ao meu lado, conversando sobre


arranjos florais e eu suspiro, sabendo que minha curta pausa com eles
acabou.

— Beverly, você conseguiu ver seu buquê? — É Melissa quem pergunta


e eu olho para ela, com um breve aceno de cabeça.

— Sim, eu vi. É muito bonito. — Sorrio, mas não sinto isso. Não estou
nem mentindo, os buquês são lindos. Na verdade, tudo é bonito. O
casamento inteiro, a noiva. Será o casamento tirado direto de uma revista. O
assunto me deixa desconfortável, criando um nó na garganta que não
consigo engolir. Eu me levanto e as duas olham para mim confusas. — Eu
vou sair, tomar um pouco de ar por alguns minutos.
Cassidy acena com a cabeça, um sorriso confuso nos lábios. — Ok, acho
que todas nós vamos caminhar para a área de recepção em breve, de
qualquer maneira.

— Ótimo. Vou esperar lá fora. — Eu passo por elas no banco,


esmagando minha embalagem de doce na palma da mão enquanto faço meu
caminho para fora. Está claro e ensolarado, uma brisa fresca arrepiando
minha pele quando me sento nos degraus de baixo.

Eu ouço seus passos antes de vê-lo. Sei que são dele porque o jeito que
ele anda, o jeito preguiçoso com que bate o calcanhar no chão. Eu olho para
a minha embalagem de doce para evitar ter que vê-lo, meu coração batendo
quase dolorosamente contra minhas costelas como sempre faz quando ele
está por perto.

Eu sinto o toque leve de seus dedos ao longo da minha nuca e fecho


meus olhos, chupo meus lábios entre os dentes para tentar lutar contra a
dor que o toque macio criou. Eu os abro quando o ouço dar o último degrau,
observando suas costas enquanto ele continua andando sem dizer uma
palavra.

É tudo o que ele faz agora. Não importa se estamos em alguma merda
de casamento ou com os outros caras, ele não fala comigo. Não entra no meu
espaço. Se nós de alguma forma acabarmos sozinhos juntos, ele vai
embora. É como se ele estivesse me evitando de propósito, me tratando como
uma leprosa. Mas ele gosta de provocar meu coração triste, deixando-me
com um sussurro de um toque aqui e ali ou queimando minha pele com seu
olhar quando ninguém está olhando.

Por mais que eu odeie, vivo para essas pequenas interações, adoro a
maneira como elas esmagam meus pulmões em um lembrete silencioso de
que ele se importa apesar de tudo. Eu não entendo, mas vou pegar o que
puder, mesmo que nunca seja mais do que isso.

Não sei quando aconteceu. Quando tudo que eu amava odiar se


transformou em algo que eu odiava amar. Talvez tenha sido depois do nosso
primeiro beijo roubado ou talvez, como Julian disse, eu estive confundindo
meu ódio com amor esse tempo todo.

O que sei é que minha história sempre foi manchada por um homem
em particular. Remy Oliver Luciano. Ele mancha meu passado como tinta
derramada, manchando meus dedos sempre que tentei limpá-lo.

Um sorriso de escárnio ardente.

Uma observação sarcástica.

E um primeiro beijo roubado.

Três respingos gigantes de tinta que afundaram um pouco mais do que


o resto. Minhocas de goma azeda. Um apelido.

Mais duas gotas, mas não eram tão escuras, menos agressivas no
papel. Sua lenta persistência torturante parecia menos com uma mancha e
mais com o início de uma pintura. Todas essas coisas que amo odiar
começaram a borrar nas bordas, a tinta desbotando para revelar o texto por
baixo.

Uma mensagem escrita com luxúria, desgosto e amor implacável


começou a sangrar através do preto áspero, uma caligrafia rabiscada crivada
de pequenos respingos de tinta.
Essas memórias agridoces não parecem tão podres quanto pareciam
originalmente, mas apenas o início de nossa história de amor quebrada e
confusa.

Um sorriso de escárnio ardente feito de um olhar quente de mel.

Uma observação sarcástica que foi dividida por uma covinha piscante.

E um primeiro beijo roubado que tinha um gosto tão doce quanto açúcar
queimado.

Nossa história é uma que não podemos terminar. O final foi arrancado
de nós por causa da ganância e da lealdade da Famiglia que nunca vou
entender.

Viva desce os degraus, parando ao meu lado. — Eu vou para o jardim


agora se você quiser andar comigo.

Olho para ela, balançando a cabeça com outro sorriso falso estampado
no meu rosto. — Acho que vou para lá em breve.

Ela alisa a mão sobre a saia, mantendo-a abaixada quando outra


pequena rajada de vento sopra. — OK.

Seus saltos de sola vermelha batem no resto do caminho para fora dos
degraus, afundando levemente no cascalho enquanto ela se afasta. Eu fico
olhando para a parte de trás de sua cabeça, observando-a afofar seu cabelo,
um diamante gigante em seu dedo capturando a luz do sol. Ela está
conseguindo o que eu nem sabia que queria até que foi tirado de mim e
agora, não posso deixar de ver essas manchas do meu passado pela beleza
que sempre foram.
— Você o ama? — Minha voz soa mais forte do que eu sinto, grito com
ela alto o suficiente para ela parar. Quando ela se vira para olhar para mim,
eu me repito. — Você o ama?

Ela suspira, os olhos olhando ao nosso redor, em vez de para mim. —


Não importa, Beverly. Apenas deixe ir.

Eu engulo, o nó na minha garganta tentando espremer as lágrimas dos


meus olhos e faço o meu melhor para lutar contra elas. — Não importa?
— Eu respiro fundo, uma risada sem humor escapando do meu peito. —
Você sabe alguma coisa sobre ele? Você ao menos se importa?

Ela abre a boca, mas eu a interrompo, minha dor se transformando em


raiva.

— Pela primeira vez na minha vida, gostaria de ser outra pessoa. Eu


queria ser você. — Normalmente, eu nunca admitiria tal coisa,
especialmente para ela, mas esta não é uma situação normal. Isso sou eu
falando para o próprio diabo, implorando para que ela não roube de mim o
que deveria ser meu. Eu engulo, com raiva enxugando uma lágrima solitária
que escapou. — Aquele homem que você vê como uma forma de subir na
escada social, para viver sua vida de esposa troféu perfeita, é a porra da
minha alma. Sabendo que não posso tê-lo quando o fizer, vê-lo estar com
você quando deveria estar comigo é fisicamente doloroso. Me deixa doente.

Seus braços se cruzam sobre o peito, mas ela não me impede, seus olhos
correndo ao longo das lágrimas agora rastreando minhas bochechas.

— Ele segurou meu coração atrás das costelas desde que me lembro, eu
fui muito estúpida para ver até que fosse tarde demais. Sempre foi dele. Ele
é tudo para mim, Viva. Você está tirando a única pessoa que eu posso e
amarei e você pode parar com isso. Você não tem que fazer isso. Basta
cancelar o casamento.

Seus cachos loiros se erguem ao redor de seus ombros com a brisa, o sol
brilhando em sua cabeça dourada como um halo. — Este é o mundo real, não
um conto de fadas com o seu felizes para sempre. É hora de seguir em frente
e crescer, Beverly. — Sua voz é suave para combinar com sua aparência
pitoresca, mas suas palavras têm gosto de bile no fundo da minha
garganta. — Não se preocupe em vir para o jardim, você pode simplesmente
ir para casa, já que não está sentindo as festividades. Nos vemos no
casamento, Bev.

Ela se vira em um travesseiro de chiffon perfeitamente estilizado e


renda, seus saltos esmagando o cascalho enquanto ela se afasta de mim e do
meu coração sangrando.
BEVERLY

Acordei esta manhã com um objetivo em mente, não seja aquela


garota. Não seja a garota que chora no casamento. Não seja a garota que
aparece em um vestido branco. Não seja a garota que permite que o ciúme e
a mágoa governem suas ações. Não aja como Beverly. No momento em que
coloquei meu tutu rosa, risco pelo menos um deles da minha lista.

Parte de mim, a parte delirante desesperada, pensou que este dia não
chegaria. Mesmo enquanto eu assistia Remy beijar as costas da mão de Viva
no jantar de ensaio ou quando Viva o beijou antes de se separarem em
preparação para hoje. Meu coração se recusou a pensar que realmente
estaríamos aqui assistindo enquanto Cassidy ajuda Viva a ajustar a tiara
em seu cabelo e Melissa se preocupa com a cauda em seu vestido. Até este
momento, este era apenas um pesadelo distante. Um que estou vivendo
agora.

Há uma batida na porta e eu aperto meus lábios, sabendo que não posso
mais me esconder da multidão. Cassidy e Melissa riem enquanto entram na
fila atrás da florista e eu sigo o exemplo, o peito apertando a cada segundo
que passa. Remy vai estar lá fora, esperando por Viva, e eu não quero ver
isso. Não quero essa imagem enraizada em minha mente. A porta se abre e
a respiração que eu não percebi que estava segurando aperta minha
garganta apertada. Eu ouço a mudança na música, observo enquanto a
florista começa a descer o corredor.

Eu odeio a marcha que temos que fazer. Odeio que isso vá arrastar para
fora. Melissa começa e eu tenho um momento de pânico. Um breve segundo
em que penso em simplesmente sair correndo daqui. Uma dama de honra
em fuga que tinha ciúmes da noiva. A decisão é tomada por mim quando um
dos planejadores do casamento agarra levemente meu cotovelo, me
empurrando para frente.

Mudo no piloto automático, com o coração na garganta e vejo os lírios


das meninas das flores caírem no chão. Eu não posso vê-la, mas posso ver as
flores e coloco toda a minha atenção nelas enquanto tento me manter junta.

Não seja a garota que chora no casamento.

Há uma risada, mascarada por uma tosse, e eu olho para cima, os olhos
pousando em um Donatello sorridente ao lado de Andrea, que não parece
divertido com o que quer que tenha acontecido. Um de cada vez, eles pegam
meu olhar, enviando uma garantia silenciosa enquanto eu fico cada vez mais
perto de ficar cara a cara com Remy. Só estarei na frente dele por um
segundo, mas se o ensaio da noite passada provou alguma coisa, foi que
mesmo uma fração desse segundo foi muito longa. Doloroso demais.

Minhas mãos apertam quase dolorosamente em torno do meu buquê


enquanto Melissa deixa o local na minha frente para ficar do lado esquerdo
do altar. Eu não estava prestando atenção o suficiente para perceber que
estávamos tão perto e meus olhos pousaram diretamente em Remy. Meu
queixo balança quase imediatamente, mas eu mordo meu lábio para
esconder, o coração gritando em meus ouvidos enquanto eu rapidamente
olho para longe, virando-me para tomar meu lugar no final da fila.

Eu mal o vi, mas memorizei cada detalhe. Como seu terno era
perfeitamente ajustado para caber na largura de seu peito, como o cinza
claro fazia o preto de suas tatuagens se destacar em sua pele, a forma como
seus olhos queimaram ao longo da minha pele quando eu não encontrava
seu olhar.

Os quartetos de cordas começam o início da Canon em Ré de Pachelbel


e eu olho para o início do corredor. Usando isso como uma distração, embora
seja quase tão doloroso.

— ... Tão lindo... Impressionante... O vestido dela é absolutamente


lindo...

Ela está linda. Seu vestido é lindo. Seus longos cabelos dourados estão
presos e trançados nas costas, uma pequena tiara brilhante no topo de sua
cabeça. Ela sorri e acena para os membros da família enquanto faz sua
pequena marcha, longo trem arrastando atrás e juntando as cabeças de lírio
branco e rosa pálido que estão espalhadas pelo chão da florista. Tudo neste
casamento é uma perfeição pitoresca até a própria noiva. Não posso deixar
de me perguntar se Remy pensa a mesma coisa. Se ele está assistindo Viva
agora e pensando como ela é perfeita. Não me atrevo a olhar, não importa o
quanto eu queira, sei que tudo o que vejo em seu rosto não será o que eu
quero e preciso me manter no meu objetivo.

Não seja a garota que chora no casamento.


Viva pausa para entregar seu buquê para Cassidy e eu mudo meu olhar
para as flores, em vez de observá-la em frente a Remy. Meu peito aperta
conforme a música fica mais baixa, a garganta trabalhando para dissolver o
caroço crescente. Eu desligo o sacerdote enquanto ele fala, bloqueando
mentalmente o som. É fácil de fazer até que o barítono de Remy retumba
duas pequenas palavras de seu peito, o cascalho parecendo pedras na boca
do meu estômago.

— Eu aceito.

Eu mordo o interior da minha bochecha, os olhos nunca deixando o


buquê, as mãos segurando minhas próprias flores.

— Pode agora beijar a noiva.

Eu sei que não deveria olhar, eu SEI, mas devo ser um glutão de castigo
porque tenho que olhar. Os olhos de Remy encontram os meus por apenas
um segundo, mas parece uma vida inteira. Eu quase desejo que ele pudesse
me ler como Julian, que ele pudesse ver a lágrima que ele criou em meu
coração, que ele pudesse saber com apenas este olhar o quanto eu o amo,
porra. Eu nem mesmo disse isso. Levei tanto tempo para descobrir que ele
nem conseguiu ouvir as palavras saírem da minha boca. Algo sobre isso
parece extremamente cruel no grande esquema das coisas, porque agora eu
nunca posso dizer a ele. E ele não é Julian, então não tem ideia do que estou
tentando dizer apenas com meu olhar. Não, tudo o que ele vê é uma das
piores damas de honra do mundo lutando contra a própria respiração para
não chorar.

O único som que posso ouvir é a batida forte do meu coração em meus
ouvidos enquanto vejo sua mão deslizar sobre sua bochecha como ele fez
comigo tantas vezes, seu braço bloqueando seus rostos da multidão
enquanto ele abaixa o rosto para encontrá-la lábios à espera. Seu olhar de
mel deixa meu rosto no último momento, escondido de mim atrás da cabeça
de Viva. Minha visão começa a embaçar e eu deixo meu olhar cair para as
flores em minhas mãos, sugando meus lábios entre os dentes para esconder
o leve tremor. A sala se enche de vivas e gritos e eu viro meu rosto para o
lado para esconder a lágrima que não pude conter, usando meu ombro para
enxugá-la da minha bochecha.

Melissa se vira para olhar para mim, sorrindo e batendo palmas


enquanto os recém-casados começam a descer o corredor, os dedos
entrelaçados enquanto sorriem e acenam para a multidão. Seu sorriso
diminui um pouco quando ela vê meu rosto. — Você está bem?

Eu me afasto, assopro minha língua pelos lábios e aceno minha mão


enquanto sua pergunta faz com que outra lágrima caia. — Oh, sim.
— Limpo meu rosto com a palma da mão, forçando uma risada para fora do
meu peito. — Casamentos realmente me afetam, sabe?

Ela balança a cabeça, mas não parece convencida, sorrindo enquanto


dá um tapinha de leve no meu braço. — Sim. Eu sei o que você quer dizer.

Saímos em fila atrás da noiva e do noivo, todos nós saindo pelas portas
da igreja para chegar à recepção no jardim. A única coisa que estou ansiosa
é poder trocar este vestido assim que chegarmos lá. Eu olho para qualquer
lugar, menos para o casal, a caminhada de cinco minutos parecendo trinta
minutos enquanto todos riem e conversam alegremente em nossa festa de
casamento gigante.

Eu paro no segundo que vejo o caminho em direção à suíte que estamos


usando para mudar, meu ritmo aumentando para uma corrida leve assim
que estou fora de vista. Eu irrompe na sala, rasgando meu vestido atual
para deixá-lo em uma poça de penugem no chão o mais rápido que
posso. Não quero estar aqui quando as outras meninas chegarem. Não quero
ver Viva trocar de vestido ou ser forçada a ajudá-la a arrumar o cabelo. Eu
puxo meu vestido preto do cabide, entrando no tecido apertado e deslizando-
o para cima. Surpreendentemente, nós tivemos controle sobre o que
poderíamos vestir para a recepção e eu tirei o máximo proveito disso.

Meu vestido é um vestido longo, dividido na coxa na minha perna


esquerda com mangas compridas e um V profundo na frente que para na
parte inferior do meu esterno. É totalmente inapropriado para o evento e o
mais longe possível do esquema de cores rosa e branco. Pego os longos
colares em camadas que coloquei em volta do pescoço do cabide e os coloco
um por um, deixando-os cair sobre os lados dos meus seios expostos e
clavícula. Eu ouço as garotas do lado de fora e rapidamente tiro o coque do
meu cabelo, deixando meu cabelo cair em ondas profundas sobre meus
ombros. Pegando meu batom vinho escuro, corro para fora da porta dos
fundos, respirando fundo quando saio sem que elas me vejam. Eu passo meu
batom antes de começar o caminho que me levará até a recepção.

Só preciso estar aqui até a primeira dança, então posso ir embora. Eu


só preciso me controlar por mais algumas horas. Entrando na festa já
movimentada, eu paro um garçom segurando uma bandeja de vinho com
minha mão em seu braço. — Só um minuto, por favor. — Ele faz uma pausa,
me observando colocar meu batom em sua bandeja, em seguida, pegar uma
taça de vinho em cada mão. Eu jogo um de volta e depois o outro colocando
os dois copos de volta na bandeja. Ele começa a avançar novamente, — Não,
ainda não. — Pego outro e jogo de volta também. Dando ao homem um
sorriso atrevido enquanto ele olha boquiaberto para mim. Eu coloco aquele
copo agora vazio na mesa e pego meu batom. — Agora você pode ir.
— Você sabe que não é assim que você deve beber vinho, certo? — Eu
pulo quando Donatello fala no meu ouvido, batendo levemente em seu rosto
enquanto ele ri.

— Não faça isso comigo. Eu odeio isso. — Seguro meu batom para ele e
ele o enfia no bolso da calça, olhando para a multidão para ver o que estou
olhando.

— Estamos dando a alguém um olhar ruim ou ...?

— Este é apenas o meu rosto.

Ele ri, me forçando a olhar para ele segurando meus ombros. — Você
está bem, sim? Com tudo isso?

Franzo a testa para ele, por um momento fui capaz de esquecer para
quê era essa festa, mas agora posso sentir aquela queimadura lenta
tentando encher minha garganta. — Sim, estou bem.

— Não, ela não está. Ela só não vai dizer isso porque é teimosa. — De
repente, estou sendo girada para enfrentar Andrea, suas mãos substituindo
as de Donatello. — Nós vimos você chorando, Bev. Você pode se esconder de
todo mundo, mas não de nós.

Saber que fui pega pesa no meu peito e limpo o nó na garganta antes
de balançar a cabeça para Andrea. — Eu não estava chorando. — Eu faço
outra pergunta para esconder o tremor tentando começar no meu queixo. —
Onde está Julian? — Ele sai quebrado e eu mordo meus lábios, desviando o
olhar do rosto de Andrea e esperando que ele não tenha percebido.
— Foda-se, Bev. — Ele me puxa contra seu peito, me deixando esconder
meu rosto enquanto as lágrimas silenciosas que eu tenho lutado durante
toda a manhã finalmente se soltam. Eu sinto a mão de Donatello tocar o
topo da minha cabeça enquanto ele beija as costas dela, descansando-a em
um conforto silencioso, seu polegar acariciando minha nuca.

— Ele está com Remy. Ele estará aqui em breve. — É Donatello quem
responde, sua mão deixando minha cabeça enquanto ele dá um passo para
trás, me dando espaço para sair do aperto de Andrea quando eu me
recomponho. Eu apenas aceno, respirando fundo enquanto olho para o céu
para evitar olhar para qualquer um deles.

Quando eu olho para baixo, Donatello dá um passo na minha frente,


usando os polegares para limpar o preto do meu rímel sob meus olhos. —
Está tudo bem não estar bem, Bev.

Eu passo meus próprios dedos sob meus olhos, certificando-me de que


ele não perdeu nada. Quando termino, olho para trás, para a festa, os
aplausos repentinos anunciando a chegada do casal feliz. Eu olho para
Donatello e ele balança a cabeça, já pensando o que eu estou pensando. —
Vamos ficar bêbados.
REMY

Eu deslizo para dentro do carro esperando por nós, correndo todo o


caminho até o outro lado enquanto Viva leva seu doce tempo para entrar.
Quantas vezes você possivelmente precisa acenar tchau? — Apresse-se,
Viva.

Ela fecha a porta, seu sorriso desaparece no segundo que as janelas


escuras nos bloqueiam de vista. — O que está passando pela sua bunda
agora? Você esteve bem a noite toda.

Eu puxo minha gravata, afrouxando-a o suficiente para que eu possa


arrancá-la e jogar no assento entre nós. Não, não estive bem a noite
toda. Minha atenção estava em Beverly a noite toda, porra. Ela é tudo que
eu pude ver, tudo em que eu conseguia pensar. Eu vi as lágrimas tentando
lutar contra seus lindos olhos quando ela pensou que eu estava beijando
Viva e levou tudo que eu fodidamente sou para não terminar ali. Não beijei
a Viva, mas ela não saberia disso, a única pessoa que conseguiu ver isso pelo
meu braço é o padre, e considerando que o contratei, duvido que ele se
importe.

Eu não sei aonde ela foi antes de eu chegar à recepção, mas porra, eu
notei seu vestido. A maneira como seus colares balançavam com seus
movimentos, a ondulação suave de seus seios me instigando e provocando
do outro lado do gramado. A mulher absolutamente mais bonita neste
planeta que eu tive que fingir ignorar. Estou feliz ela tinha Donatello e
Andrea esta noite porque Julian tinha que fazer uma tarefa para mim, mas
porra, eles me irritaram. Principalmente Donatello, o desgraçado do
tesão. Eles conseguiram cada dança, cada risada, cada toque. Tudo que é
meu.

Ela não encontrou meu olhar uma única vez durante a recepção e,
embora eu saiba que é principalmente por causa da distração de Donatello
e Andrea, não posso deixar de me sentir amargo por isso. Isso é tudo que
tenho agora, meu único tempo com ela. Um segundo lavado em beleza verde
e dourada.

Mas é claro que Viva não teria percebido que havia algo de errado
comigo, ela não consegue ver nada além de seu próprio reflexo e suas
listas. — Eu cansei de estar aqui.

Ela se remexe no banco, ajustando o vestido enquanto resmunga para


si mesma do lado de fora da janela. — Exatamente o que toda mulher quer
ouvir em sua noite de núpcias.

Ignorando-a, desabotoo o topo da minha camisa social, recostando-me


no assento. Eu só quero ir para casa e dormir pra esquecer esse pesadelo de
um dia inteiro. Puxando meu telefone do bolso, eu mando uma mensagem
para Andrea.

Certifique-se de que minhas meninas voltem para casa.

Ele responde com uma imagem que clico para ampliar. É de Bev e
Delaney no banco de trás de seu SUV, uma de cada lado de um Donatello
sorridente. Beverly está inclinada ao redor dele, estendendo a mão na
direção de Laney, ambas sorrindo de tanto rir. Meu polegar
inconscientemente esfrega em Bev, tentando sentir sua pele corada através
da foto. Isso sempre acontece quando ela bebe muito vinho, e ela fica
rindo. É uma das minhas versões favoritas dela. Meu coração dói no peito,
olhos fixos na foto por tanto tempo que nem tenho certeza de quanto tempo
fico olhando para ela. Eu salvo no meu telefone, removendo-o da tela para
responder.

Obrigado.

Eu fico olhando para a versão pequena da imagem por mais um


momento, a mão de Viva agarrando a mão que segura meu telefone
chamando minha atenção. — O que você está olhando?

Ela está tentando ver minha tela, então eu puxo minha mão, fechando
o telefone e colocando-o no bolso. — Não somos esse tipo de casal.

A viagem é tranquila pelo resto do caminho até minha casa e estou fora
da porta segundos depois de pararmos, dando a volta na parte de trás do
carro para subir os degraus correndo. Deixo-a aberta, sabendo que Viva está
me seguindo, e vou direto para o meu quarto. Viva está aqui há uma
semana, tenho certeza que ela pode entrar sozinha.

Eu tiro a roupa no meu banheiro adjacente, ligo o chuveiro e pego um


par de moletom para jogar no balcão enquanto aquece. Eu passo sob o spray,
passando minha mão sobre meu rosto como se de alguma forma fosse lavar
os eventos da noite. Eu inclino meus antebraços na parede de azulejos
depois de ensaboar, observando a espuma escorrer pelo ralo. Fechando os
olhos, penso na foto que Andrea enviou. Porra, o que eu não daria para
receber o sorriso de Bev. Faz tanto tempo desde que eu vi, foi a razão para
isso.

Porra, eu sinto falta dela.


Sinto falta da maneira gutural como ela ri, da maneira rouca como ela
fala.

Sinto falta de como ela morde o lábio quando tentava não sorrir e do
jeito como seu nariz se franze.

Sinto falta de ser capaz de tocá-la, de puxá-la para o meu rosto e apenas
respirá-la.

Sinto falta de cem milhões de coisas e mais, tudo nela foi feito com
perfeição, desde a forma como suas sardas aparecem ao sol até os sons que
ela faz quando eu faço amor com ela.

Porra, os sons. Eles me assombram, me mantêm acordado imaginando-


os. Só de pensar neles agora está me deixando duro como uma rocha. Minha
cabeça esfrega contra a parede enquanto eu a sacudo, uma mão se movendo
para fora do azulejo para agarrar minha ereção em meu punho. Eu aperto
minha mão uma vez. Em dobro. Imagens de Bev dançando na minha
visão. Eu aumento minha velocidade, o pulso rolando para cima e para
baixo em meu comprimento com golpes certeiros. Esta noite em seu vestido,
dançando sozinha na beira do chão, os braços levantados acima da cabeça
enquanto ela fecha os olhos, seus seios perfeitamente formados balançando
com ela. Minha mão aperta com mais força. Lembro-me do arco de seu
pescoço quando ela olhou para trás, para Andrea, imaginando meus lábios
percorrendo seu comprimento, que minha língua pode sentir o gosto do suor
em sua pele.

Minha palma se achata na parede do chuveiro enquanto eu empurro


minha cabeça do azulejo, agarrando e bombeando ao longo do meu pau
enquanto os pensamentos de Cuore Mio preenchem minha mente. Eu
imagino minha mão deslizando ao longo de sua coxa, dedos beliscando a
carne macia de sua perna enquanto mergulho sob a fenda de seu
vestido. Imagino a leve parte de seus lábios enquanto eu corro meus dedos
sobre sua boceta, o gemido baixo que escapa quando eu os bombeio para
dentro dela, o calor úmido quente apertando em torno de meus dedos. Minha
mandíbula aperta, quadris trabalhando com minha mão no meu pau
enquanto eu me livro.

Imagino suas mãos correndo ao longo da minha pele, a leve mordida de


suas unhas cavando em meus ombros enquanto ela balança abaixo de mim,
coxas abertas enquanto eu a fodo com meus dedos. Meus dedos empurram o
azulejo enquanto me inclino em minha mão, a imagem de Beverly
desmoronando para mim, o pensamento de seus sons ecoando em minha
cabeça enquanto eu derramo minha liberação em toda a minha mão.

Minha água está fria, mas quase não percebo. Minha pele está quente
quando fico em pé, pegando o sabonete mais uma vez. Me lavando
novamente, eu desligo o chuveiro, saindo dele e pego uma toalha. Beverly
nem mesmo está comigo e ela ainda é a única que pode me tirar do sério. Eu
coloco meu moletom e abro a porta, usando minha toalha para secar meu
cabelo enquanto entro no quarto. Jogando no cesto de roupa suja, meus
olhos pousam em Viva.

Ela está usando algum tipo de lingerie branca sem virilha, sentada na
minha cama, enquanto brinca com seu cabelo. — Eu estive esperando por
você uma eternidade. — Tenho certeza que ela seria o sonho molhado da
maioria dos caras, mas ela com certeza não é minha.

Eu murmuro, os olhos deixando-a enquanto caminho até minha mesa


lateral e pego a caixa que eu tinha por esse motivo. Jogo para Viva, que o
pega no último minuto, fechando as coxas enquanto o segura contra as
pernas e as mãos.
— O que é isso? Um vibrador? — Seus olhos se erguem para os meus,
uma carranca marcando suas feições.

— O que quer que você tenha pensado que aconteceria esta noite, não.
Isso deve satisfazer suas necessidades. — Eu ando até a porta do meu
quarto, segurando-a aberta enquanto mudo minha cabeça em um
movimento muito claro de 'sair'.

— Você não pode estar falando sério. É nossa noite de núpcias! — Ela
começa a sair da cama, os pés pousando no chão enquanto ela me encara.

— Muito sério.

Ela para e fica na minha frente, olhando para o meu rosto. — Qual é o
seu problema? Você já me fodeu antes. Você não gosta dessa lingerie? Eu
posso me trocar.

Solto um suspiro alto, trabalhando minha mandíbula antes de


responder. — Viva, você é uma mulher linda, não há nada de errado com
sua lingerie. — Ela se anima com as minhas palavras, diminuindo a
carranca. — Não é nada pessoal, você simplesmente não faz isso por mim.
— Ela fica boquiaberta e eu viro minha cabeça mais uma vez, dando-lhe um
leve empurrão em seu ombro quando ela tenta parar na porta. Ela se vira
para olhar para mim e eu fecho a porta na cara dela.

Tiro meu telefone do balcão do banheiro antes de desligar todas as luzes


e cair na minha cama para deitar de costas. Eu puxo a imagem que Andrea
me enviou mais uma vez, piscando para minha tela no escuro. Prometendo
silenciosamente a Bev na minha tela, logo Cuore Mio. Logo as coisas estarão
bem novamente.
REMY

— Eu como a mesma coisa no café da manhã todos os dias, Gretchen,


não entendo por que é tão difícil para você se lembrar disso.

Paro fora da cozinha esfregando meus dedos entre os olhos antes de


entrar na sala. Viva está sempre reclamando.

— Eu não tenho problemas para lembrar, garotinha, eu simplesmente


não me importo. Eu cozinho a comida aqui e você come o que eu faço.
— Gretchen joga a toalha de mão no ombro, olhando feio para Viva e o prato
à sua frente. Ao me ver, ela acena para o Viva, — La bambina viziata.
Sbarazzarsi di lei. — A criança e mimada. Livre-se dela.

— Eu posso entender você, Gretchen.

Gretchen olha por cima do ombro para Viva, levantando uma


sobrancelha. — E? — Ela balança a cabeça para mim enquanto sai da
cozinha, jogando a toalha de volta no balcão ao passar.
Eu olho para Viva, cruzando os braços sobre o peito. — Você pode
simplesmente não foder por uma manhã?

Ela bate as mãos na mesa e eu cerro os dentes. Estou tão perto de


colocar tudo o que preciso em ordem e acabando com ela. Ela se empurra da
cadeira, pisando forte na minha frente. — Eu odeio isso aqui. Odeio não
poder ter o que quero para as refeições. Odeio que você me faça dirigir a
lugares diferentes. Odeio estar tão longe dos meus amigos. Odeio que você
não compartilhe um quarto comigo. Odeio que você não me toque. Odeio que,
apesar de ser meu marido, você nem mesmo me chame de sua esposa.

Suas bochechas estão ficando vermelhas, ela está com tanta raiva,
olhando para mim. Descruzo meus braços, levantando a mão para escovar
meus dedos ao longo de sua bochecha. Seus traços suavizam com o toque e
eu levanto minha outra mão, colocando seu rosto em minhas palmas
enquanto ela olha para mim. — Você sabe o que eu odeio? — Meus polegares
acariciam suas bochechas, puxando levemente seu rosto para mais perto do
meu para que eu possa falar baixo sobre seus lábios. — Odeio não poder
estar com a mulher que amo. Odeio ter que escolher partir o coração dela ou
matar o irmão dela porque você não conseguiu manter a boca fechada para
o seu pai. Odeio que você tenha feito um empréstimo de Travis Castillo para
que seu pai pudesse comprar o South Pier e fazer um acordo com a Famiglia
para que eu me casasse com você. — Seus olhos se arregalam com a minha
última frase. Tenho certeza de que ela pensou que eu não descobriria que
ela e o pai arranjaram tudo. Viva provavelmente pensou que ela estava
conseguindo um ótimo negócio sendo a futura esposa do Capo Famiglia, mas
ela foi realmente vendida por Francis para que ele pudesse obter todo o
poder que pensava que lhe daríamos por ser um parente próximo a mim. —
Eu te odeio, Viva.
Eu tiro o rosto de minhas mãos, observando enquanto ela tropeça para
trás. E eu passo meu polegar sobre seus lábios entreabertos, pressionando
um pouco mais rudemente do que o necessário. — Não se preocupe, baby,
estarei consertando as coisas de novo, muito em breve.

Ela dá um tapa na minha mão e eu sorrio para ela, deixando-a passar


por mim para sair da sala. Preciso falar com meu pai sobre meu plano, já
que ele precisa ser quem vai aprová-lo, mas sei que ele o fará. O que Bev
está sempre dizendo? A Famiglia sempre faz o que é melhor para a Famiglia.

— Como ela está? — Eu assopro a fumaça pelo nariz enquanto vejo


Donatello revisando as reformas do armazém com meu irmão adotivo,
Gavino. Eu poderia ter feito isso, mas ele e eu não somos tão próximos e
tenho a impressão de que ele não adora receber suas ordens de mim. É mais
fácil simplesmente ter outra pessoa lidando com ele. Ele não está muito por
perto porque vive no estado agora, mas de vez em quando ele faz isso para
os negócios da Famiglia. Ele tem planos de voltar em algum momento, mas
não sei dizer quando.

— Você pergunta todos os dias e eu dou a mesma resposta todas as


vezes. — Andrea passa as mãos pelo cabelo antes de amarrar uma faixa em
torno dele para que fique em um coque em sua cabeça. — Ela está bem. Será
que ela poderia estar mais feliz? Com certeza. Mas ela não passa os dias em
casa chorando.

Eu aceno, lambendo meus lábios antes de dar outra tragada no meu


cigarro. Estou sempre fumando agora. Um hábito ocasional que disparou
com o meu estresse ultimamente. Assopro a fumaça dos meus pulmões,
olhando para Andrea. — Bom.

— Quando é o seu encontro com Capo Famiglia?

Expulso minha fumaça, puxando meu telefone para verificar a hora. —


Ele deve chegar aqui em breve. Temos uma nova remessa que ele queria
verificar antes de ir para os distribuidores.

Quase na hora, seu SUV para na porta aberta e eu sorrio enquanto


Andrea murmura, — Bom tempo,— baixinho. Meu pai sai, os olhos
examinando o espaço circundante enquanto abotoa o paletó. Ele está sempre
de terno quando trabalha, algo que também será esperado de mim quando
eu cumprir sua função. Uma velha tradição que pretendo manter.

Gavino vem para ficar ao meu lado, oferecendo um sorriso de boca


fechada quando olho em sua direção. — Desculpe, eu perdi o casamento.
— Eu duvido que ele realmente perdeu, mas eu não dou a mínima.

Encolho os ombros. — Sinto muito, havia um.

— Remy. — Meu pai inclina a cabeça para que eu o siga e aceno para
Gavino antes de sair. Eu o sigo em seu escritório, fechando a porta nas
minhas costas. Observo enquanto ele se senta em sua cadeira, gesticulando
com as mãos como se ele estivesse pronto para ouvir o que tenho a dizer.
Eu vou direto ao ponto. — Estou aqui porque preciso de sua permissão
para matar Francis Delfino.

Meu pai sorri, cruzando as mãos enquanto se recosta na cadeira. — Eu


estava me perguntando quando você encontraria uma solução para o seu
pequeno problema. — Minha mandíbula funciona em ele se referindo a
perder Beverly como um ‘pequeno problema’, mas eu mantenho minha boca
fechada. — Concedido.

Meu lábio estala em um sorriso. Um maldito passo mais perto de trazer


Cuore Mio de volta. Já se passou quase um mês inteiro desde o
casamento. Eu não quero esperar mais. — Obrigado. — Eu dou a ele um
aceno de respeito antes de me virar e sair da sala.

Eu não deveria estar aqui, mas não pude evitar. Saber o quão perto
estou de fazer o que venho planejando, sabendo que estou muito mais perto
de ser capaz de estar com Beverly livremente, minha mente dirigiu no piloto
automático para ela.

Saio do meu SUV e digito o código da porta, subindo as escadas para


evitar que o casal saia do elevador. Eu paro do lado de fora de sua porta, a
mão parando um pouco antes de meus dedos tocá-la. A última vez que estive
aqui está arraigada em minhas memórias, mas não por nada de
bom. Cantarolando para mim mesmo, bato ouvindo seus passos enquanto
ela se aproxima da porta. Meu coração acelera a cada passo.

Ela abre a porta, o rosto revelando sua surpresa por apenas um


segundo antes de disfarçar com fria indiferença. Eu não posso evitar,
estendo a mão para ela, meus dedos correndo sobre a pele macia de seus
lábios. Ela não diz nada, os olhos piscando fechados com o contato. Sua mão
sobe para agarrar meu pulso quando eu começo a puxar para trás, mantendo
meus dedos contra ela. — Por quê você está aqui? — Seus olhos se abrem
com a pergunta, cada palavra beijando meus dedos.

Eu me aproximo dela e levanto minha outra mão para afastar alguns


fios de cabelo de seu rosto. — Três dias. Preciso cuidar de algumas coisas e
depois irei buscá-la.

Eu sei que ela deve estar confusa, mas ela não demonstra, seus olhos
se estreitando com suspeita. — Por que eu deveria ir a qualquer lugar com
você?

Sua pergunta me faz sorrir, minha mulher teimosa do caralho. Meu


coração bate forte quando eu pego sua mão do meu pulso e a levo aos lábios
para beijar sua palma. — Três dias.
REMY

Donatello, Andrea e eu estamos esperando do lado de fora do escritório


de Francis Delfino, esperando que ele saia do trabalho. De acordo com o
relógio do painel, ele deve desligar a qualquer minuto.

— Ali está ele. — Andrea acena com a cabeça em direção à entrada do


prédio e fazemos contato visual por apenas um momento antes de nós três
sairmos do SUV.

Eu vejo seus olhos piscarem entre nós três enquanto nos aproximamos
dele, confusão levantando sua sobrancelha. — Você tem hora marcada,
Francis Delfino.

Ele começa a dizer algo, mas Donatello acerta um gancho de esquerda


em seu queixo, nocauteando-o. Observamos enquanto ele desaba no chão,
Donatello piscando para uma senhora que passa na calçada enquanto
observa a cena com preocupação enquanto Andrea se abaixa e o agarra,
jogando-o por cima do ombro como um saco de batatas.
Andando na frente de Andrea, eu abro a parte de trás para ele,
observando como ele não tão cuidadosamente o joga, sua cabeça batendo
contra o encosto dos assentos. Ele agarra alguns laços de zíper, prendendo
as mãos atrás das costas antes de olhar para mim, — Devo cobrir sua boca
no caso de ele acordar antes de chegarmos lá?

Donatello fala antes de mim, pegando o rolo de fita adesiva que já


estava atrás. — Foda-se, sim. Prenda-o com fita adesiva, coloque alguns
pedaços para que realmente grude. Rasgá-lo é uma das melhores partes.

Andrea olha para ele, mas pega a fita, colocando um pedaço comprido
na boca de Francis.

— Faça outra peça. — Donatello pega a fita, mas Andrea a puxa para
trás, jogando-a por cima dos bancos traseiros.

—É o bastante.

Donatello grita para ele e eu balanço minha cabeça para os dois,


estendendo a mão para fechar o porta-malas. — Vamos.

Nós levamos para um dos armazém fora do local armazéns. Donatello


para mais forte do que o necessário quando chegamos lá, sorrindo para mim
quando ouvimos o corpo de Francis bater contra o encosto dos
assentos. Saindo, Andrea abre a porta de trás, um Francis atordoado e
confuso caindo no chão de terra por estar encostado na janela. Eu aceno para
Andrea e ele se abaixa, rasgando a fita adesiva de sua boca antes de puxá-
la pelo braço para que ele fique de frente para mim. Nós dois ignoramos o
resmungo de Donatello, — Eu queria fazer isso.

— O que está acontecendo? Qual é o significado disso...


Suas palavras são cortadas quando eu dou a ele um bom gancho de
direita que divide seus lábios, eu flexiono minha mão, deleitando-me com a
picada de um bom golpe. — Oh, bom, estou feliz que você esteja acordado.
— Seu corpo balança ligeiramente com o golpe, mas Andrea mantém sua
forma cambaleante. — Nunca nos conhecemos durante todo esse negócio de
casamento, acho que é hora de batermos um papo.

Eu me viro em direção ao armazém, Andrea puxando Francis junto com


ele. Donatello abre a porta para nós e entramos em fila. Fico de lado e vejo
Andrea obrigar Francis a se sentar na cadeira aparafusada ao chão da sala,
ajustando as amarras para que ele não fique de pé. Meus olhos encontram
os de Donatello por um momento, um sorriso malicioso saindo quando ele
me joga meu soco inglês antes de se encostar na mesa atrás dele.

Ando para ficar na frente de Francis deslizando o latão em meus dedos


enquanto ele observa. Seus olhos estão mudando nervosamente ao redor da
sala, o peito subindo rapidamente e caindo. Eu poderia acabar com isso
rapidamente, apenas atirar nele e acabar com isso, mas eu quero
prolongar. Faça-o caminhar sozinho para sua própria morte. — Lembre-me,
Francis, qual foi o acordo que você fez com a Famiglia?

Cruzo meus braços enquanto olho para ele, gesticulando para que ele
apresse as coisas quando olhar ao redor da sala em vez de falar. — Você se
casaria com Viva e, em troca, a Famiglia teria acesso total ao cais sul.

Eu aceno, passando minha língua sobre meus dentes. — Você deve


ganhar um bom dinheiro no seu trabalho para poder comprar o cais como
fez. — Ele encolhe os ombros de forma evasiva, os olhos me deixando para
olhar com cautela para Andrea quando ele grunhe. — Por que o South Pier?
Estou apenas curioso para saber por que um homem simples como você
sentiria a necessidade de investir em algo tão grande. Você é associado da
Famiglia há anos, por que de repente sentiu a necessidade de mergulhar tão
profundamente?

Ele engole minhas perguntas, posso dizer que elas estão o deixando
nervoso pela maneira como seu pé inconscientemente bate no chão com cada
uma. — Só pensei que seria um bom investimento.

Eu aceno, olhando por cima do ombro para Donatello e para Andrea. —


Parece justo. — Franzo a testa, batendo na lateral da minha cabeça com os
socos ingleses. — Por acaso você não conhecia Travis Castillo, não é? — Seus
olhos se arregalam e eu sorrio. — Porque se você tivesse, e o conhecesse bem,
você saberia que ele é um membro da Famiglia há décadas. E um pequeno
Lobo me disse que você pediu dinheiro emprestado para comprar o Pier. O
que não é grande coisa, a Famiglia está sempre disposta a ajudar, mas você
tentou nos enganar, não foi?

Estendo minha mão, apontando para seu rosto quando ele começa a
balançar a cabeça negativamente, meu tom ficando sombrio. — Minta de
novo e veja o que acontece, Delfino. — Sua cabeça para abruptamente. Os
lados de seu rosto começam a suar sob meu olhar. — Usar o dinheiro da
Famiglia para comprar aquele cais teria sido perfeitamente bom se você não
tivesse decidido virar e usar nosso dinheiro contra nós para seu próprio
ganho. Não toleramos esse tipo de desrespeito.

Ele começa a balançar a cabeça negativamente de novo, a boca se


abrindo para dizer algo, mas eu bato a mentira prestes a sair de sua língua
com meu soco inglês, socando-o profundamente na bochecha para que sua
cabeça voe para o lado e um estalo desagradável soe por todo o armazém. —
Nós conversamos sobre mentir.
Ele choraminga para si mesmo, os olhos se fechando em torno da
dor. Espero até que ele olhe para mim novamente antes de continuar
nossa conversa unilateral .

— Tenho que admitir, comprar o South Pier, sabendo que é um dos


únicos portos em que podemos colocar munição, foi muito inteligente da sua
parte. Você teve uma boa ideia, mas a execução errada. — Sorrio para
Francis, esfregando meu queixo com a ponta do soco inglês. — O engraçado
sobre trabalhar com a Famiglia, Francis, é que a Famiglia geralmente
encontrará uma maneira de foder com você, então mesmo se você não tivesse
comprado aquele cais para seu próprio ganho, estaríamos aqui de qualquer
maneira. — Eu me movo fazendo-o estremecer e Donatello ri do pequeno
gemido que sai do peito de Francis. — E já que estamos sendo honestos aqui,
também estou muito chateado com você por me fazer quebrar o coração da
minha garota.

Ele balança a cabeça para mim, a boca estalando enquanto tenta


encontrar as palavras em meio ao pânico crescente. — Eu só queria o que
era melhor para minha filha. Você não pode me culpar por isso!

— Que bom pai. Vender sua filha para a organização criminosa mais
perigosa deste lado do país para que você pudesse se sentar à mesa dos
garotos grandes. — Seu rosto empalidece quando ele percebe que não estou
realmente simpatizando com ele. Meu jab deixa seus lábios sangrando,
enviando um spray contra o cimento já manchado aos nossos pés. — Você é
um mentiroso compulsivo ou simplesmente não é muito inteligente.

Viva é uma tola se ela pensa que ele realmente tinha os melhores
interesses em mente. Não, papai Delfino queria sua própria parte do poder
e achava que poderia conseguir isso com a Famiglia. E ele poderia ter, se ele
não tivesse fodido comigo.
Me agacho para ficarmos cara a cara, descansando meus antebraços
nos joelhos e enquanto ele geme na cadeira. — Houve uma grande falha em
seu plano, Francis, você sabe qual é? — Eu continuo antes que ele possa
responder. — Quando você assinou aquele contrato, você me tornou o único
beneficiário de todo e qualquer um de seus bens quando morrer. Você sabia
disso? Ou eles se esqueceram de mencionar essa parte? — A propósito, seus
olhos se transformaram em pires, estou assumindo que não. — Você vê onde
estou indo com isso?

— Você não pode me matar! E minha esposa? E Viva! Ela é sua esposa!
— Balanço minha cabeça com seus gritos de pânico, a língua passando sobre
meu lábio enquanto eu sorrio para ele. — Viva e eu não somos casados.
Aparentemente, apenas padres ordenados podem realizar um casamento
para que seja juridicamente vinculativo, não Ted do teatro local. — Eu
encolho os ombros. — Lição aprendida.

Eu rio quando ele apenas fica boquiaberto, estendendo a mão para tocar
meus dedos ao longo do lado de sua cabeça, batendo com um pouco mais de
força do que o necessário. — Agora estamos começando a entender. — Eu
me levanto, olhando para ele. — Cada ação tem uma consequência Francis.
Isso é o que acontece quando você se intromete onde não pertence.

Ataco com outro soco, desta vez em suas costelas, curvando-me com ele
para falar com o lado de seu rosto. — Os próximos são por Beverly.

Eu solto minha raiva, colocando todo o meu peso em cada golpe. Há


uma rachadura aqui, um estalo ali, sangue manchando minhas mãos e
braços, espalhado pela minha camisa. Coloquei cada grama de ódio em meus
punhos. Um golpe para cada dia em que fui forçado a ficar longe do Cuore
Mio, um golpe para cada maldita lágrima que fui forçado a causar. Eu não
paro até que minha respiração esteja irregular e meus dedos estejam
partidos e machucados. Até que o homem à minha frente não seja mais
reconhecível como qualquer tipo de pessoa, mas como uma coisa. Minhas
mãos tremem enquanto fico ali parado, observando a respiração lenta de
Francis, ouvindo o som aguado dela.

Estendo minha mão e Donatello se adianta, deixando cair uma arma


nela. Eu o levanto, empurrando a cabeça de Francis para trás para que ele
olhe no meu rosto, um de seus olhos está inchado e fechado, o outro
esmagado dentro do crânio. Eu me inclino para frente para poder falar em
seu ouvido. — E isso é para a Famiglia.

Eu me inclino para trás e puxo o gatilho, passando a arma para Andrea


enquanto saio da sala. Tiro um cigarro do bolso e o acendo, os olhos se
erguendo para ver os rosas e amarelos do pôr do sol. Segurando o cigarro
entre os lábios, puxo o soco inglês dos dedos, estremecendo um pouco
enquanto atropela a carne crua que tanto causou. Eu ainda tenho mais uma
coisa para cuidar antes de ter Cuore Mio de volta.

Donatello sai para ficar ao meu lado, os olhos indo para o pôr do sol
também enquanto eu sopro a fumaça para o céu. — Andrea chamou alguns
dos soldados para virem cuidar de seu corpo. — Eu aceno, mais fumaça
saindo dos meus lábios. — Aonde você vai agora?

Eu olho para ele, tirando o cigarro da minha boca e apagando-o na


parede do armazém. — Cuidar de Viva.
Ao entrar pela porta da frente, fico atento a Viva, sabendo que ela
costuma passar as noites assistindo à TV. Eu tiro meu soco inglês do bolso,
colocando-o na mesa de console antes de caminhar em direção à sala de
estar. Uma vez fora do saguão, eu vejo a parte de trás de sua cabeça dourada
encostada no sofá e faço meu caminho até ela. Inclinando-me para trás,
estendo a mão para segurar sua garganta, o polegar acariciando ao longo de
sua mandíbula quando ela pula. Seu rosto se inclina para trás sob a minha
palma, os olhos encontrando os meus e ela relaxa depois de perceber que sou
eu. Pressiono meus lábios em seu ouvido quando ela olha de volta para a TV,
— Saia.

Eu me afasto dela e ela se contorce no sofá, sentando-se de joelhos para


franzir a testa para mim em confusão. — O que?

— Seu pai sofreu um acidente. Ele está morto. — Puxo minha camisa
ensanguentada sobre a minha cabeça e a jogo fora, enquanto ela fica
boquiaberta em choque silencioso. Seus olhos olham para mim como se ela
acabasse de ver o sangue. Eu lavei minhas mãos e braços antes de vir aqui,
mas minhas roupas e nós dos dedos ensanguentados e machucados não
podiam ser lavados. — Você vai voltar a morar com sua mãe.

— Você o matou, não foi? Não foi?! — Ela está gritando do sofá, as mãos
segurando as almofadas enquanto seus olhos se enchem de
lágrimas. Quando eu não respondo, ela grita comigo. — Você é um monstro
do caralho, Remy!

Ando em sua direção, levanto minha mão para enxugar as lágrimas que
caem pelo seu rosto enquanto ela treme. — Talvez. Que bom que nosso
casamento é falso, então você não está amarrada a um monstro como eu.
— Levemente acaricio sua bochecha com seu silêncio atordoado, observando
enquanto ela tenta juntar as peças de tudo o que está acontecendo. Eu largo
minha mão dela. — Um carro estará aqui em uma hora para buscá-la. Eu
sugiro que você se apresse.

Eu me afasto dela, saindo da sala enquanto ela grita nas minhas costas,
a voz tremendo enquanto ela grita, — Foda-se, Remy! Foda-se!
BEVERLY

Estou sentada no sofá, olhando para a peônia cor de vinho escura que
foi deixada na minha porta na noite anterior. Meus dedos esfregam
levemente as pétalas ligeiramente murchas, o cheiro suave delas aderindo
aos meus dedos. Eu não tenho que adivinhar quem a enviou. Eu sei.

Três dias, ele disse.

Meu coraçãozinho tolo bate contra minhas costelas com o pensamento


dele, não importa quanta dor nós sentimos ao longo do último mês e meio,
ainda se apega a uma lasca de esperança de que ele ainda seja meu.

Bem, já se passaram três dias e ele ainda não está aqui.

Meus olhos encontram o relógio no fogão. Ele ainda tem sete minutos
para chegar aqui. Sete minutos antes de meu coração quebrar bem no meio.
Quase ouço a batida leve na porta, quase me convenço de que foi
invenção da minha imaginação até que soa novamente. Meu peito sobe e
desce três vezes antes de encontrar minha voz. — Está aberto.

Eu não olho quando ele entra, os olhos encontrando a flor em minha


mão, mas eu o sinto em cada fibra do meu ser. Eu sinto seus dedos antes
mesmo de tocarem minha pele, sinto seus lábios antes de pousarem em
nossa tatuagem correspondente. Eu engulo enquanto perco seu toque,
observando seus pés enquanto eles aparecem e ele se ajoelha diante de mim.

Dedos tatuados levantam meu queixo quando eu não olho para cima,
seu polegar roçando meu lábio inferior. Seu olhar de mel queima minhas
feições e meus olhos mudam para o relógio, dois minutos restantes. Meus
olhos encontram os dele novamente. — Você quase não conseguiu.

Ele ri e o som me acalma como um bálsamo, trabalhando para acalmar


o nervosismo em meu estômago. — Eu sempre irei atrás de você. — Ele se
arrasta para frente, empurrando meus joelhos de cada lado de sua cintura
enquanto segura meu rosto com as palmas das mãos. — Eu sinto muito,
Cuore Mio. Eu sinto muito, porra. — O uso do nome causa espasmos no meu
coração no peito. — Não sou casado com a Viva, foi tudo falso. Nunca quis
aquela mulher, não quis aquele casamento. Sempre quis você. Sempre foi
você. Sempre será você.

Meus dedos cavam na flor em meu colo, meu coração roçando aquele
pedaço de esperança em meu peito. Eu quero pular de cabeça nisso, mas
preciso ter certeza antes de me permitir cair de volta em Remy. — O que
você quer dizer com era falso?

Ele puxa meu rosto para o dele, entrando no meu espaço do jeito que eu
amo, sua respiração soprando em meus lábios. — Contratamos um padre
falso, não é legalmente vinculativo. Todo o nosso relacionamento era falso,
um show para apaziguar o pai dela e a Famiglia. — Ele pressiona sua testa
na minha. — Eles me fizeram terminar com você. Você sabe que eu nunca
faria isso. Eu sei que você sabe que eu nunca a escolheria em vez de você.
— Ele diz como se precisasse que fosse verdade, como se pudesse quebrá-lo
ao me ouvir dizer qualquer outra coisa.

Qualquer outra coisa seria uma mentira. Mesmo com todas as minhas
inseguranças, eu sabia no meu coração que ele ainda era meu. Eu sabia que
ele ainda me queria. Respiro fundo, suas palavras desesperadas
serpenteando entre minhas costelas. Uma lágrima escorre pela minha
bochecha e ele se levanta da minha testa, enxugando-a com o polegar. Eu
posso ver o flash de dúvida em seus olhos, a preocupação gravada em seu
rosto. Uma demonstração de emoção que ele apenas me permitiria ver. Ele
acha que estou chorando porque não acredito nele.

— Porra, Bev, você tem que dizer alguma coisa. — Suas mãos deixam
meu rosto para agarrar as minhas mãos. Ele pressiona um beijo em uma
palma e depois na outra, colocando-os em suas próprias bochechas. — Cuore
Mio, fale comigo.

Eu me inclino para frente, as mãos se movendo para envolver seu


pescoço, minhas pernas envolvendo sua cintura enquanto enterro meu rosto
em seu pescoço. Seus braços me seguram enquanto o cheiro familiar dele me
envolve. — Eu amo você. — Seus braços apertam minhas costas e eu
pressiono um beijo em sua mandíbula, fungando em torno das lágrimas que
querem cair. — Não sei quando aconteceu. Não sei como. Mas nunca tive
mais certeza de nada na minha vida quando digo isso. — Eu aperto seu
pescoço com mais força, as lágrimas em minhas bochechas deixando sua pele
úmida. — Eu te amo, Remy.
Ele se afasta o suficiente para beijar o lado da minha cabeça, a palma
da mão segurando meu rosto em sua pele como se ele me quisesse o mais
perto possível. — Você teve meu coração desde que eu roubei seu primeiro
beijo. — Ele me deixa puxar para trás, então estou olhando em seu rosto, os
dedos afundando em meu cabelo. — Eu te amei e sempre vou te amar, Cuore
Mio.

Puxo seus lábios nos meus, franzindo as sobrancelhas enquanto o


seguro para mim. Por mais que esteja aliviada, estou nervosa. Eu não posso
perdê-lo novamente. Isso iria me quebrar absolutamente e esse pensamento
me assusta muito. Me separo de seus lábios, os olhos encontrando os dele. —
E agora?

Ele passa a mão pelo meu cabelo, afastando-o do meu rosto. — Agora
você vem para casa comigo. Viva comigo. Deixe-me passar horas
compensando todo o tempo que foi roubado de nós. Deixe-me amar você,
como eu deveria estar me sentindo todo esse tempo.

Uma pequena risada desliza do meu peito. — Você está me pedindo


para morar com você?

Ele sorri, uma covinha marcando sua bochecha. — Eu disse que estava
indo atrás de você. Não estou perguntando.

Meus dedos correm ao longo da tatuagem de sua garganta, passando


por seus lábios. Eu me inclino para frente e pressiono um beijo suave. —
Posso pegar um cachorro?

Ele ri e eu descanso minha cabeça em seu ombro, deixando o som


envolver minha alma. — Absolutamente não.

Você também pode gostar