Conceitos de Posicionamento Por Satélites
Conceitos de Posicionamento Por Satélites
Conceitos de Posicionamento Por Satélites
CONCEITOS DE POSICIONAMENTO
POR SATÉLITES
Florianópolis-SC
2018
Curso Técnico em Agrimensura:
Av. Mauro Ramos, 950, Centro, Florianópolis - Santa Catarina
CEP: 88020-300
Telefone: (48) 3321-6061
http://agrimensura.florianopolis.ifsc.edu.br
Reitoria:
Rua 14 de Julho, 150, Coqueiros, Florianópolis - Santa Catarina
CEP: 88075-010
Telefone: (48) 3877-9000 / Fax: (48) 3877-9060
www.ifsc.edu.br
K641c
Klein, Ivandro
Conceitos de posicionamento por satélites: topografia e
agrimensura para cursos técnicos [recurso eletrônico] / Ivandro
Klein, Matheus Pereira Guzatto – Florianópolis: IFSC, 2018.
1 Livro digital.
38 p.: il.
Inclui referências.
ISBN 97885XXXXXXXX
CDD 526.98
Sistema de Bibliotecas Integradas do IFSC
Biblioteca Dr. Hercílio Luz – Câmpus Florianópolis
Catalogado por: Edinei Antonio Moreno CRB 14/1065
SUMÁRIO
1
referentes ao “geóide” ou a superfície de referência adotada para o sistema
de altitudes. Detalhes sobre o assunto podem ser encontrados em publicações
na área de Geodésia.
1.1. NAVSTAR-GPS
O NAVSTAR-GPS, ou apenas GPS (Global Positioning System), é o sistema
GNSS dos Estados Unidos da América. Quanto à estrutura do GPS (e dos sistemas
GNSS em geral), este se divide em três segmentos: 1) espacial: relativo aos satélites em
órbita; 2) controle: relativo às estações terrestres de monitoramento, que realizam a
manutenção e garantem o funcionamento do sistema; e 3) usuários ou receptores.
Sobre o segmento espacial, os satélites GPS são constantemente substituídos
(modernizados), sendo que o status atual da constelação GPS pode ser consultado no
seguinte endereço eletrônico: https://www.navcen.uscg.gov/?Do=constellationStatus.
Atualmente, os satélites mais modernos pertencem ao bloco II-F do fabricante
Boeing. Satélites do bloco II-F são os primeiros satélites GPS com a técnica SA
(Selective Availability) não implementada. A técnica SA insere erros propositais nos
sinais GPS e atualmente está inativa. Entretanto, a técnica SA pode ser ativada, por
exemplo, em períodos de conflito militar, para limitar o uso do GPS aos inimigos.
A próxima geração de satélites GPS corresponde ao bloco IIIA, do fabricante
Lockheed Martin, com previsão inicial de lançamento do primeiro satélite em 2018.
2
GPS automotivos e smartphones em geral também processam o sinal modulado,
com diversas funcionalidades e o mesmo nível de precisão posicional de um receptor de
navegação. Entretanto, não possuem a mesma robustez e autonomia para trabalhos de
campo ou gerenciamento de dados, como resistência a impactos e duração da bateria.
Receptores simples-frequência processam o sinal L1 original ou modulado
(código), fornecendo precisão posicional de nível decimétrico ou centimétrico.
Atualmente, devido ao desenvolvimento tecnológico, os receptores simples-frequência
de finalidade profissional estão em desuso, com o catálogo muito reduzido. Alguns
smartphones como os modelos Samsung Galaxy S7 em diante já processam o sinal L1
original ou modulado, podendo ser classificados nesta categoria de receptores GNSS.
Receptores multi-frequência processam dois ou mais sinais originais ou
modulados, fornecendo precisão de nível centimétrico ou até mesmo milimétrico.
Alguns smartphones como o modelo Xiaomi Mi-8 já possuem chip de dupla-frequência
(L1/L5) integrados, sendo o modelo de chip BCM47755 do fabricante Broadcom.
Receptores RTK (Real Time Kinematic), além de processar os sinais dos
satélites, também enviam e/ou recebem dados de outro(s) receptore(s), possibilitando o
posicionamento com precisão de nível centimétrico em tempo-real.
Atualmente, em websites específicos, é possível adquirir chip RTK com custo
inferior a 100 dólares. Além disso, fabricantes como a Eos Positioning System fornecem
receptores RTK multi-frequência compatíveis com aplicativos de smartphones por meio
de conexão via bluetooth.
1.2. GLONASS
O GLONASS (Global’naya Navigatsionnaya Sputnikkovaya Sistema) é o
sistema GNSS da Rússia (ex-União Soviética). O GLONASS é atualmente o único
sistema GNSS alternativo ao GPS com cobertura global e disponibilidade contínua.
O segmento de usuários do GLONASS é equivalente ao do GPS. Um fato
interessante é que o segmento de controle do GLONASS, ao contrário do GPS, possui
diversas estações de monitoramento localizadas no Brasil.
Sobre o segmento espacial, o status atual da constelação GLONASS pode ser
obtido no seguinte endereço eletrônico: http://glonass-iac.ru/en/GLONASS/.
Atualmente, a maior parte dos receptores GNSS disponíveis no mercado utiliza
os sistemas GPS e GLONASS de forma integrada, fornecendo melhor cobertura e
precisão, devido a maior quantidade de satélites disponíveis em relação ao
3
posicionamento somente GPS ou somente GLONASS. Desde 2011, os smartphones em
geral também possuem sistema integrado de posicionamento GPS e GLONASS.
1.3. Galileo
O Galileo é um sistema GNSS que está sendo desenvolvido pela União Europeia
e pela Agência Espacial Europeia. Um diferencial do Galileo é a oferta de diversos
serviços comerciais (não gratuitos) aos usuários civis interessados, como navegação
comercial ou com seguro de vida, busca e resgate e serviços voltados a órgãos públicos.
O sistema completo irá contar com trinta satélites (incluindo seis reservas),
sendo que o status atual da constelação Galileo pode ser obtido no seguinte endereço
eletrônico: http://www.gsc-europa.eu/system-status/Constellation-Information.
1.4. BeiDou
O BeiDou Navigation Satellite ou Compass (“bússola”) é o sistema GNSS que
está sendo desenvolvido pela China. O sistema é nomeado em referência a constelação
Ursa Maior, que é conhecida como Běidǒu no idioma chinês.
O BeiDou consiste de duas constelações de satélites, uma composta por satélites
geoestacionários e em órbita inclinada geossíncrona, formando um RNSS (Regional
Navigation Satellite System – sistema regional de navegação por satélites) ao redor da
China; e outra constelação composta por satélites em órbita média inclinada para
cobertura global, similar aos demais sistemas GNSS.
O status atual da constelação BeiDou (regional e global) pode ser obtido no
seguinte endereço eletrônico: http://mgex.igs.org/IGS_MGEX_Status_BDS.php.
1.5. IRNSS/NAVIC
O IRNSS (Indian Regional Navigation Satellite System) ou NAVIC (NAVigation
with Indian Constellation) é o RNSS da Índia. O desenvolvimento do sistema por parte
da Índia se deve ao fato do acesso ao GPS, GLONASS e/ou BeiDou não estar garantido
em tempos de conflitos políticos.
O IRNSS consiste em três satélites em órbita geoestacionária e quatro satélites
em órbita geossíncrona inclinada, com os sete satélites possuindo visibilidade
permanente na Índia, garantindo assim o posicionamento em qualquer horário do dia.
O status atual da constelação IRNSS pode ser obtido no seguinte endereço
eletrônico: http://mgex.igs.org/IGS_MGEX_Status_BDS.php.
4
1.6. KPS
O KPS (Korean Positioning System) foi anunciado em 2018 pela Coréia do Sul,
sendo que a produção dos satélites deve começar em 2024 e o sistema deve estar
plenamente operacional em 2034. O KPS será um RNSS formado por três satélites
geoestacionários e quatro satélites em órbita inclinada geossíncrona, em um raio de
cerca de 1.000 km ao redor de Seul. O KPS será desenvolvido devido ao fato dos sinais
GPS estarem sofrendo interferências propositais na região pela Coréia do Norte.
1.7. QZSS
O QZSS (Quasi-Zenith Satellite System) é um sistema de aumento para o GPS,
desenvolvido pelo Japão. O QZSS é formado por três satélites em órbitas geossíncronas
inclinadas e um satélite geoestacionário. As órbitas geossíncronas inclinadas foram
projetadas para que pelo menos um satélite esteja visível sobre o Japão, a uma
inclinação de no mínimo 60º em relação ao horizonte.
O objetivo principal do QZSS é aumentar a disponibilidade do GPS em diversos
cânions urbanos do Japão, onde apenas os satélites com ângulo de elevação muito alto
(“quase zenital”) podem ter o sinal rastreado. O status atual do QZSS pode ser obtido
no seguinte endereço eletrônico: http://mgex.igs.org/IGS_MGEX_Status_QZSS.php
1.8.1. SBAS
Um SBAS (Satellite-Based Augmentation System – sistema aumentado baseado
em satélites) é um sistema que fornece suporte para uma região do globo terrestre por
meio da transmissão de mensagens por satélites, geralmente, geoestacionários.
Estações terrestres de controle realizam o rastreio dos sinais dos satélites GNSS
e determinam correções destes sinais. Estes dados são enviados por antenas terrestres
para satélites geoestacionários, que por sua vez, transmitem aos usuários finais,
permitindo melhorar a qualidade do posicionamento “quase” em tempo-real.
Atualmente, existem diversos serviços SBAS mantidos por órgãos públicos, em
geral gratuitos, como por exemplo, Wide Area Augmentation System (WAAS),
5
European Geostationary Navigation Overlay Service (EGNOS), Multi-functional
Satellite Augmentation System (MSAS), Quasi-Zenith Satellite System (QZSS), GPS
Aided Geo Augmented Navigation system (GAGAN), GLONASS System for Differential
Correction and Monitoring (SDCM), Satellite Navigation Augmentation System
(SNAS), Wide Area GPS Enhancement (WAGE); além de diversos SBAS comerciais a
nível global mantidos por grupos privados, como os serviços StarFire navigation
system, Starfix, Omnsitar e Terrastar, dentre outros.
Os SBAS são utilizados tanto para navegação área quanto terrestre e fornecem
posicionamento em tempo-real com precisão ao nível sub-métrico. É importante
ressaltar que, em função da área de cobertura, o IRNSS e sistemas SBAS como o
japonês QZSS, o norte-americano WAAS e o europeu EGNOS são serviços
indisponíveis no Brasil, embora os receptores GNSS importados para o mercado
nacional possuem disponibilidade gratuita para estes tipos de sinais.
1.8.2. GBAS
O GBAS (Ground-Based Augmentation System – sistema aumentado baseado
em solo) consiste em um sistema de aumento por meio de antenas terrestres de rádio.
Um sistema GBAS é composto por um ou mais receptores GNSS que rastreiam
os sinais dos satélites em determinada região e determinam correções com base nestes
dados. Estas correções são enviadas para antenas de rádio terrestres para serem
transmitidas aos usuários finais, fornecendo maior precisão do que sistemas SBAS.
Geralmente, um sistema GBAS apoia receptores GNSS dentro de um raio de até
45 km, transmitindo os dados na banda de frequência VHF (Very High Frequency).
Uma das principais aplicações do GBAS consiste no pouso e decolagem de aeronaves
em condições climáticas críticas, devido a maior precisão em relação ao SBAS.
No Brasil, o aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, possui um
sistema GBAS em fase de testes, sendo que um mapa global de estações GBAS em
aeroportos pode ser visualizado em: http://flygls.net/.
1.9. A-GPS
Atualmente, estão disponíveis gratuitamente os sistemas A-GPS (Assisted GPS –
GPS assistido) para diversos smartphones. No A-GPS, informações sobre as posições
dos satélites são enviadas via internet ao smartphone por antenas terrestres de
6
operadoras telefônicas, reduzindo para poucos segundos o tempo necessário para
receber estas informações e iniciar o posicionamento em tempo-real.
Em locais onde não há cobertura telefônica e disponibilidade do A-GPS, o
tempo de inicialização do posicionamento pode exceder 30 segundos, pois as
informações a respeito das posições dos satélites são obtidas diretamente a partir do
sinal dos satélites, o que, em geral, requer maior tempo de transferência de dados.
1.10. IPS
Recentemente, a limitação do GNSS e RNSS em ambientes internos, devido à
obstrução e reflexão dos sinais dos satélites pelas edificações, conduziu aos sistemas de
posicionamento de interiores (IPS – Indoor Positioning System).
Um IPS é um sistema de localização interno de uma edificação que pode
fornecer precisão ao nível centimétrico em relação aos pontos de localização conhecida
no ambiente, como pontos de Wifi e/ou dispositivos com bluetooth.
Desta forma, o IPS pode ser utilizado de modo integrado aos sistemas GNSS, em
sistemas híbridos de posicionamento (HPS – Hybrid Positioning System).
Encerrando esta seção, cabe mencionar ainda o termo “Geodésia industrial”
(industrial geodesy), que abrange métodos e técnicas de medição para inspeção,
posicionamento e alinhamento de grandes estruturas, como no caso das indústrias naval
e offshore, aeroespacial, siderúrgica, equipamentos de geração de energia e até mesmo
aceleradores de partículas.
A Geodésia industrial pode fazer uso da tecnologia “indoor GPS” (iGPS), que
assim como no caso do GNSS, faz uso de emissores e receptores de sinais para o
posicionamento de alta precisão, porém, em ambientes internos. No Brasil, o
Laboratório de Geodésia Industrial (LGI) no campus Joinville da UFSC realiza
pesquisas no tema. Mais detalhes podem ser obtidos no endereço eletrônico do LGI:
http://lgi.ufsc.br/.
7
2. OBSERVÁVEIS GNSS
Sistemas GNSS são sistemas de rádio navegação, isto é, utilizam ondas de rádio
(ondas eletromagnéticas). Uma onda eletromagnética é uma onda que se propaga na
velocidade da luz (c = 299.792.458 metros por segundo no vácuo), obedecendo a
seguinte relação matemática:
8
2.1. Pseudodistância do código
A pseudodistância é a distância entre o satélite e o receptor obtida por meio de
um código modulado sobre a onda portadora.
Os sinais modulados sobre os sinais GNSS, denominados PRN (Pseudo-Random
Noise – ruído pseudoaleatório) são códigos binários (valores em uma sequência de -1 e
+1), que se repetem em um intervalo regular de tempo, sendo por isto denominados de
“pseudoaleatórios”. Como os satélites de um sistema GNSS transmitem sinais nas
mesmas frequências (por exemplo: L1, L2 e L5), cada satélite pode ser identificado por
meio do seu PRN próprio, sendo esta técnica denominada de CDMA (Code Division
Multiple Access – múltiplo acesso pela divisão do código).
O valor da pseudodistância é dado pela multiplicação do tempo de propagação
do sinal pela velocidade da luz no vácuo considerando um modelo teórico aproximado,
isto é, desconsiderando diversos erros envolvidos. Desta forma, a distância obtida pelo
código é chamada pela literatura de pseudodistância (pseudorange), ou seja, “falsa
distância”.
A pseudodistância entre o satélite e o receptor em um dado instante é dada por:
onde é a diferença de tempo entre uma transmissão particular do código emitida pelo
satélite e a réplica desta transmissão particular do código gerada no receptor; é a
velocidade da luz e é o erro da pseudodistância.
Atualmente, os satélites GPS transmitem o código aberto C/A na L1, o código
restrito P na L1 e na L2, o código aberto L2C na L2 (para satélites a partir do bloco IIR-
M), o código restrito M na L1 e na L2 (para satélites a partir do bloco IIR-M), e os
códigos abertos I5 e Q5 na L5 (para satélites a partir do bloco II-F).
O código P é criptografado pela técnica AS (Anti-Spoofing), sendo ainda
denominado de código Y. O acesso aos códigos restritos P e M sem degradação da
precisão é possível somente para os usuários autorizados, isto é, receptores militares.
Desta forma, para usuários civis, a pseudodistância advinda do código C/A
possui uma precisão entre 20 e 30 cm, enquanto a pseudodistância advinda do código P
possui uma precisão entre 70 e 80 cm, devido ao acesso restrito (criptografado) do
mesmo. Ressalta-se que a precisão da pseudodistância do código depende ainda da
tecnologia do receptor utilizado.
9
A próxima geração de satélites GPS (bloco IIIA) irá transmitir o novo código
aberto L1C no sinal L1, sendo que este código mais moderno deve apresentar maior
precisão em relação ao código C/A usualmente utilizado nos receptores de navegação,
GPS automotivos e smartphones em geral.
Sobre os demais sistemas GNSS, satélites GLONASS transmitem os códigos
abertos L1OF ou L1OC em G1, L2OF ou L2OC em G2, L3OC em L3, e os códigos
restritos L1SF ou L1SC em G1, e L2SF ou L2SC em G2, dependendo da geração do
satélite. Satélites Galileo transmitem diversos códigos nas quatro portadoras, em função
dos diversos serviços ofertados. Satélites Beidou transmitem o código aberto I em B1,
B2 e B3 e o código restrito Q em B1, B2 e B3.
Portanto, se for utilizado um receptor GNSS que rastreia dois ou mais sistemas
GNSS, pode-se obter pseudodistâncias entre o receptor e os satélites por meio de
diversos, até mesmo dezenas de códigos diferentes.
( )
10
2.2.1. Solução das ambiguidades
Quando o receptor é inicializado, a primeira observável da fase da onda
portadora é a parte fracional de um ciclo de onda. A partir desta primeira observação, o
receptor realiza a contagem de ciclos de onda do satélite até ao receptor de modo
cumulativo, isto é, em relação ao número de ciclos inteiros (desconhecidos) da primeira
época de medição.
O processo de solução do número de ciclos inteiros da primeira época de
medição, para cada satélite, é denominado de solução da ambiguidade. Quando a
ambiguidade é solucionada corretamente, ou seja, o número de ciclos inteiros (N) da
primeira época é determinado para todos os satélites, o posicionamento resultante é de
alta precisão, sendo denominada de “solução fixa”. Caso contrário, a solução obtida é
dita “flutuante”, por resultar em um valor fracionário para este número de ciclos inicial.
Diversos fatores afetam a solução das ambiguidades, como a quantidade e
distribuição espacial dos satélites; o número de sinais (frequências) rastreados pelo
receptor; as condições climáticas (especialmente na alta atmosfera, denominada
ionosfera); a quantidade de superfícies que podem obstruir e/ou refletir os sinais dos
satélites (como prédios, morros, muros, vegetação e etc.); o tempo total de rastreio dos
sinais dos satélites pelo receptor; a quantidade de receptores envolvidos e a distância
entre estes, dentre outros.
A solução das ambiguidades é de natureza complexa, e quando houver perda do
sinal de um satélite, uma nova ambiguidade (N) deve ser solucionada. Desta forma, é
importante conhecer o nível de confiança (NC) da solução fixa obtida, como por
exemplo, NC = 99,9%. Este valor deve ser configurado ou ao menos fornecido pelo
receptor ou software de processamento de dados utilizado.
Os métodos mais empregados para a solução das ambiguidades são o método
geométrico (vários minutos ou horas de rastreio dos sinais dos satélites em um mesmo
ponto); o método da linha-base conhecida (inicializar o posicionamento em pontos cujas
posições já são conhecidas); o método da troca de antenas entre dois receptores
(atualmente em desuso); e técnicas On The Fly (OTF) empregadas em receptores RTK,
que permitem a solução das ambiguidades em poucos segundos.
Quando a solução fixa é obtida, a precisão resultante do posicionamento é de
nível centimétrico ou até mesmo milimétrico. No caso da solução flutuante, a precisão
depende do tempo de rastreio, sendo possível atingir precisão ao nível centimétrico ou
até mesmo milimétrico para sessões de rastreio longas (por exemplo, de algumas horas).
11
Ressalta-se que é preferível uma solução flutuante, em geral de pior precisão,
porém, fornecendo resultados mais realistas, do que uma solução fixa errada, de alta
precisão, mas que pode fornecer posições com erros de decímetros ou até mesmo
metros. A solução fixa errada pode ocorrer uma vez que precisão e exatidão posicional
não são necessariamente sinônimos, conforme será visto no Capítulo 4.
12
2.4. Combinações entre as observáveis GNSS originais
Além das observáveis originais, isto é, fase da onda portadora e pseudodistância
do código, novas observáveis GNSS, obtidas a partir de combinações das observáveis
originais, podem ser utilizadas no posicionamento.
A Tabela 2.1 apresenta alguns exemplos de combinações entre as fases das
portadoras originais do GPS. Considere “σ” como o desvio-padrão (medida de precisão
ou nível de ruído) da respectiva observável na sexta coluna.
Tabela 2.1 – Algumas combinações entre as fases das portadoras originais L1 e L2 do GPS
Observável Símbolo Coeficiente L1 Coeficiente L2 λ (cm) ± σ (mm) Comentários
Sinal L1 original, ruído
L1 L1 1 0 19 3
baixo
Sinal L2 original, ruído
L2 L2 0 1 24,4 3,9
baixo
“Livre da ionosfera”,
Ion-free L0 2,54572778 –1,98368398 19 9
ciclos reais, ruído alto
Maior ruído, solução
Wide lane LW 1 -1 86,2 19,4
fácil da ambiguidade
Narrow Menor ruído, difícil
LN 1 1 10,7 2,1
lane solução da ambiguidade
Baixo erro ionosférico,
54 L54 5 -4 10,1 10,3
ruído alto, ciclos inteiros
Analisando a Tabela 2.1, nota-se que o sinal L1 possui maior precisão, isto é,
menor desvio-padrão do que o sinal L2. A observável L0 é aplicada para reduzir erros
da ionosfera em receptores multi-frequência, conforme será visto no Capítulo 4.
A observável LW é aplicada no posicionamento relativo entre dois receptores
distantes centenas de km, devido ao maior comprimento de onda e facilidade de
resolução das ambiguidades; enquanto a observável LN é aplicada somente em casos
específicos de boas condições para solução das ambiguidades, fornecendo maior
precisão final.
Por fim, a observável L54 é aplicada quando a solução das ambiguidades de L0 é
problemática, reduzindo parcialmente os erros da ionosfera, porém, resultando em um
sinal com ciclos inteiros (ao contrário do sinal L0, onde os ciclos resultantes são
números reais em função dos coeficientes fracionários em L1 e L2).
Os softwares de processamento de dados GNSS, em geral, aplicam ou podem
aplicar todas estas combinações, dentre outras, adotando a que apresentar melhor
resultado final.
13
Outra observável resultante da combinação de observáveis GNSS originais é a
pseudodistância filtrada pela fase, obtida pela combinação entre a pseudodistância do
código e a fase da onda portadora.
A pseudodistância filtrada pela fase para um receptor de simples-frequência
(sinal L1), em ciclos de onda, é dada por:
( ) ( ) [ ( ) ( ) ( )]
( )
√
( )
14
3. ÓRBITAS DOS SATÉLITES
Satélites de sistemas GNSS e RNSS encontram-se em órbitas geoestacionárias,
como alguns satélites BeiDou, IRNSS, QZSS e dos SBAS; em órbitas geossíncronas
inclinadas, como alguns satélites BeiDou, IRNSS e QZSS; ou em órbitas médias
inclinadas, como nos sistemas GPS, GLONASS, Galileo e demais satélites BeiDou.
Uma órbita é geoestacionária (GEO) quando é circular; sobre o equador da Terra
e a sua rotação acompanha a rotação da Terra. Desta forma, para um observador na
superfície terrestre, o satélite em órbita geoestacionária permanece sempre na mesma
posição. Devido à disponibilidade permanente de sinal sobre determinada área, a órbita
geoestacionária é muito utilizada em telecomunicações, sistemas RNSS e SBAS.
Uma órbita geossíncrona inclinada (IGSO) também acompanha a rotação da
Terra, mas ao contrário da órbita geoestacionária, não é uma órbita circular no plano
equatorial, mas sim uma órbita elíptica e inclinada, fornecendo melhor cobertura nas
regiões de altas latitudes. A órbita IGSO é propicia aos sistemas RNSS, pois também
fornece visibilidade permanente em uma região situada em latitudes intermediárias.
No caso dos satélites GNSS em órbita média inclinada (MEO), a órbita é elíptica
e inclinada em relação ao plano equatorial, com período orbital de cerca de 12 horas. O
fato de a órbita possuir inclinação em relação ao plano equatorial e um período orbital
menor do que a rotação da Terra possibilita a cobertura global da constelação de
satélites, sendo o tipo de órbita mais adequado para os sistemas GNSS em geral.
A Tabela 3.1 apresenta um resumo das órbitas dos satélites dos sistemas GNSS.
Tabela 3.1 – Quadro resumo das órbitas dos satélites dos sistemas GNSS.
GPS GLONASS Galileo BeiDou
Altitude orbital
20.180 19.130 23.222 21.528 (MEO), 35.786 (IGSO, GEO)
média (em km)
Período orbital 11h 58m 11h 15m 14h 5m 12h 50m (MEO), 23h 56m (IGSO, GEO)
Inclinação da órbita 55º 56º 64,8° 55,5° (MEO), 55° (IGSO), < 2° (GEO)
N° de planos
6 3 3 3 (MEO), 3 (IGSO) e 1 (GEO)
orbitais
Quantidade de 30 (6
24 24 27 (MEO), 3 (IGSO), 5 (GEO)
satélites previstos reservas)
15
3.1. Diluição da precisão
DOP (Dilution Of Precision – diluição da precisão) é um termo para especificar
o efeito multiplicativo da geometria da constelação dos satélites visíveis na precisão das
medidas de um receptor. Assume-se que a precisão do posicionamento (σPOS) é igual ao
produto entre a precisão da medida de distância satélite-receptor (σDIST) e o DOP, obtido
em função da geometria da constelação de satélites visíveis para este receptor, ou seja:
16
Quando se busca um posicionamento de alta precisão, pode-se definir ainda uma
máscara DOP, como por exemplo, não realizar posicionamento com valor de PDOP
superior a 5 ou valor de HDOP superior a 3. A Tabela 3.2 apresenta uma classificação
para os valores de DOP no contexto atual de disponibilidade de satélites.
3–5 Moderado Não ideal, se possível, buscar um horário melhor para o rastreio.
5 – 10 Ruim Atualmente, só ocorre em situações críticas de rastreio.
> 10 Muito pobre Deve-se evitar esta situação no posicionamento de alta precisão.
17
GNSS em determinado instante é obtida por meio das efemérides, produzidas e
atualizadas pelos segmentos de controle e outros órgãos relacionados ao GNSS.
As efemérides ditas transmitidas, ou mensagens de navegação, são predições das
órbitas dos satélites que são transmitidas aos satélites para serem enviadas aos usuários
por meio dos sinais GNSS. No caso do GPS, o referencial das efemérides transmitidas
atualmente é o WGS-84 G1762, no caso do GLONASS, é o PZ-90.11, no caso do
Galileo, é o GTRF14v01, no caso do Beidou, é o CGS 2012, e no caso do QZSS, é o
JSG2010. Atualmente, as diferenças entre os referenciais dos sistemas GNSS são de
alguns milímetros, no máximo poucos centímetros.
Além disso, cada sistema GNSS possui o seu formato de efemérides
transmitidas. No caso do GPS, são fornecidos os elementos keplerianos, que descrevem
a órbita teórica do satélite segundo as Leis de Kepler, e os elementos perturbadores da
órbita, em função de agentes perturbadores da órbita teórica, como a atração luni-solar e
a distribuição heterogênea de massas na Terra, dentre outros. As efemérides
transmitidas do GPS possibilitam o cálculo das coordenadas dos satélites até duas horas
antes ou depois da época origem, sendo atualizadas a cada duas horas.
É importante salientar que além dos elementos orbitais, as efemérides
transmitidas fornecem correções para o erro do relógio dos satélites e também
parâmetros de um Modelo Global da ionosfera (Modelo de Klobuchar).
No caso do GLONASS, as efemérides transmitidas contêm a posição
(coordenadas dos satélites em PZ-90.11), velocidade, aceleração e alguns elementos
keplerianos da órbita dos satélites. Os formatos das efemérides transmitidas do Galileo
e do BeiDou são praticamente idênticos ao do GPS.
Para os usuários que necessitam de alta precisão no posicionamento, pode-se
acessar via internet as efemérides precisas produzidas por diversos centros de análise de
dados GNSS, como o IGS (International GNSS Service – serviço GNSS internacional).
As efemérides precisas do IGS são gratuitas e classificadas em preditas, ultra-
rápidas, rápidas e finais. Mais detalhes sobre cada tipo de efeméride precisa do IGS
podem ser obtidos no seguinte endereço eletrônico: http://www.igs.org/products.
Nas efemérides precisas do IGS, a cada 15 minutos são fornecidas as
coordenadas (posições) dos satélites em um referencial global compatível ao nível do
milímetro com os referenciais dos sistemas GNSS; enquanto as correções dos relógios
dos satélites são fornecidas a cada 15 minutos, 5 minutos ou 30 segundos, dependendo
do tipo de efeméride precisa.
18
Em função da dinâmica orbital e da varredura do satélite na superfície terrestre,
satélites em órbita média inclinada possibilitam efemérides de maior precisão, seguidos
pelos satélites em órbita inclinada geossíncrona. Os satélites geoestacionários, devido a
dinâmica orbital praticamente “estacionária” para observadores na superfície terrestre,
não favorece a determinação da órbita com alta precisão, especialmente na componente
este-oeste, uma vez que o satélite acompanha o movimento de rotação da Terra.
Ressalta-se que para a determinação da posição do satélite em um determinado
instante, é realizado um processo de interpolação no software de processamento de
dados, uma vez que os dados de efemérides são atualizados, por exemplo, a cada duas
horas ou a cada 15 minutos. O erro de interpolação é compatível com a qualidade da
efeméride utilizada, sendo maior nos horários relativos ao inicio e final do arquivo
quando se utiliza interpoladores polinomiais de alto grau (fenômeno Runge).
19
As efemérides precisas de órgãos como o IGS, ao contrário das efemérides
transmitidas, não são fornecidas no formato RINEX, mas em um formato denominado
SP3 – Standard Product 3 (extensão .sp3), contendo, em geral, a identificação,
coordenadas e erro do relógio de cada satélite dos diferentes sistemas GNSS.
Ressalta-se que os dados de observação, contendo as distâncias satélite-receptor
em todos os sistemas GNSS (pseudodistâncias dos códigos e fases das portadoras),
podem resultar em arquivos de grande extensão, especialmente para sessões de rastreio
longas. Desta forma, foi desenvolvido o formato Hatanaka por Yuki Hatanaka. O
formato Hatanaka é uma compactação do arquivo de dados brutos GNSS, com extensão
.d ao invés de .o do arquivo RINEX original.
Um software gratuito para a conversão de arquivos no formato RINEX (extensão
.o) para o formato Hatanaka (extensão .d) e vice-versa pode ser obtido no seguinte
endereço eletrônico: http://terras.gsi.go.jp/ja/crx2rnx.html.
Ressalta-se que a partir de 2018, o IBGE irá fornecer os dados de observação de
suas estações GNSS ativas no formato Hatanaka, uma vez que cada arquivo
disponibilizado pelo IBGE contém 24h de dados com taxa de coleta de 15 segundos,
resultando em 5.760 épocas de rastreio ao todo.
Assumindo que em média são rastreados vinte satélites, com pelo menos quatro
distâncias satélite-receptor (pseudodistância e fase da portadora em duas frequências), o
número de distâncias satélite-receptor seria de 115.200, o que justifica a compressão do
arquivo, especialmente para mais constelações e sinais disponíveis futuramente.
Ressalta-se ainda que os arquivos de efemérides não possuem este volume de
dados, uma vez que os dados são fornecidos em intervalos regulares para serem
utilizados em processos de interpolação. Portanto, arquivos de efemérides não requerem
compressão de dados, não sendo compactados no formato Hatanaka.
20
4. ERROS ENVOLVIDOS NO POSICIONAMENTO GNSS
As observáveis GNSS, ou seja, as medidas de distância entre satélite e receptor,
estão sujeitas aos mais diversos tipos de erros. As fontes de erros podem ser o próprio
satélite, o próprio receptor, a estação GNSS (ponto topográfico), e, principalmente, a
propagação do sinal GNSS na atmosfera terrestre.
O tratamento adequado dos diversos erros envolvidos no posicionamento GNSS
é de extrema importância na obtenção de resultados de alta precisão. Em trabalhos de
baixa precisão, muitos desses erros podem ser negligenciados. Desta forma, as
observáveis GNSS como a pseudodistância do código e a fase da onda portadora estão
sujeitas a três classes de erros: sistemáticos, grosseiros e aleatórios.
Erros sistemáticos em geral possuem alguma causa conhecida, como por
exemplo, alguma lei da Física, podendo ser tratados no processamento de dados ou na
própria realização do rastreio GNSS, por meio de técnicas adequadas. Ressalta-se que a
maioria dos tipos de erros GNSS podem ser classificados como sistemáticos.
Erros grosseiros são falhas humanas e/ou instrumentais, não possíveis de serem
corrigidas, e, portanto, devem ser evitados. São exemplos de erros grosseiros no
posicionamento GNSS a falha na correta leitura da altura da antena do receptor por
parte do profissional ou alguma possível anomalia no sinal GNSS. Quando possível,
erros grosseiros devem ser identificados e removidos no processamento de dados.
Por fim, os erros aleatórios são inevitáveis, em função da precisão da medição,
condições de observação, acuidade do profissional e limitações das técnicas e
equipamentos utilizados. O ruído da observável GNSS é um exemplo de erro aleatório.
A precisão nominal do equipamento, informada no manual do fabricante, é uma
estimativa do erro aleatório “esperado” no posicionamento, considerando diversos
fatores. Por exemplo, para um par de receptores Topcon Hiper V, a precisão nominal do
posicionamento relativo estático é ± (3 mm + 0,5 ppm × D) em planimetria e ± (5 mm +
0,5 ppm × D) em altimetria, sendo “D” a distância entre o par de receptores envolvidos.
O termo “ppm” corresponde a partes por milhão, logo: 1 ppm = 1 mm por km.
Ressalta-se que os erros podem afetar tanto a precisão quanto a acurácia
(exatidão) do posicionamento. A precisão corresponde ao desvio-padrão, isto é, uma
medida da dispersão interna dos dados, enquanto a acurácia (exatidão) corresponde à
diferença entre o valor obtido e o valor “real”, isto é, isento de erros.
Em geral, o processamento dos dados fornece apenas uma estimativa da precisão
(desvio-padrão), sendo a acurácia ou exatidão desconhecida. Na ausência de erros
21
sistemáticos e/ou grosseiros significativos, o desvio-padrão pode ser interpretado tanto
como uma medida de precisão quanto de exatidão.
Desta forma, é importante o conhecimento dos diversos tipos de erros e como
estes podem ser devidamente tratados. A seguir serão apresentados os principais tipos
de erros envolvidos no posicionamento GNSS.
22
Tabela 4.1 – Valores para o erro resultante na linha-base ( em mm), em função do comprimento
da linha-base ( em km, linhas à esquerda) e do erro orbital ( em m, colunas acima),
considerando km.
0,01 0,02 0,05 0,1 0,5 1 2 5
1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,3
5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,3 0,5 1,3
10 0,0 0,0 0,0 0,1 0,3 0,5 1,0 2,5
20 0,0 0,0 0,1 0,1 0,5 1,0 2,0 5,0
50 0,0 0,1 0,1 0,3 1,3 2,5 5,0 12,5
100 0,1 0,1 0,3 0,5 2,5 5,0 10,0 25,0
150 0,1 0,2 0,4 0,8 3,8 7,5 15,0 37,5
200 0,1 0,2 0,5 1,0 5,0 10,0 20,0 50,0
300 0,2 0,3 0,8 1,5 7,5 15,0 30,0 75,0
400 0,2 0,4 1,0 2,0 10,0 20,0 40,0 100,0
500 0,3 0,5 1,3 2,5 12,5 25,0 50,0 125,0
23
4.3. Efeitos de Relatividade e rotação da Terra
Os satélites GNSS se encontram a cerca de 20.000 km (MEO) ou 36.000 km
(GEO e IGSO) de altitude. Logo, estão sujeitos a um campo gravitacional muito mais
fraco do que o campo gravitacional na superfície terrestre. Além disso, satélites MEO
percorrem cerca de 3,9 km/s enquanto satélites GEO ou IGSO percorrem cerca de 3,07
km/s. Logo, os satélites possuem velocidade tangencial maior do que os corpos situados
na superfície terrestre, cuja velocidade tangencial é cerca de 465 m/s no Equador.
Como o tempo passa mais devagar para corpos sujeitos a menor campo
gravitacional, porém, passa mais rápido para corpos sujeitos a maior velocidade,
correções relativísticas, isto é, considerando a Teoria da Relatividade de Einstein,
devem ser aplicadas no posicionamento GNSS.
Estas correções são feitas diretamente no relógio dos satélites, pois, no caso do
GPS, por exemplo, antes do lançamento ao espaço, a frequência nominal dos relógios
dos satélites é reduzida em 0,00455 Hz. Caso contrário, não seria possível realizar
posicionamento de alta precisão utilizando sistemas GNSS.
Efeitos relativísticos residuais podem ser corrigidos no processamento dos
dados, por meio de softwares adequados, ou minimizados utilizando dois receptores.
Além disso, o cálculo da posição do satélite deve ser feito para o instante de
transmissão do sinal em um sistema de coordenadas fixo a Terra, isto é, um referencial
terrestre, como por exemplo, o WGS-84 G1762 (GPS) ou o PZ-90.11 (GLONASS).
Dessa forma, deve-se efetuar a correção do movimento de rotação da Terra, pois,
durante a propagação do sinal, isto é, do instante de transmissão do sinal pelo satélite ao
instante de recepção do sinal pelo receptor, o sistema de referência terrestre rotaciona
em relação ao satélite, alterando assim as suas coordenadas.
Portanto, a posição do satélite, obtida nas efemérides para o instante de recepção
do sinal, deve ser rotacionada sobre o eixo de rotação da Terra em um ângulo α,
definido como o produto do tempo de propagação do sinal (t) pela velocidade angular
de rotação da Terra (ω).
Como o tempo de propagação do sinal é da ordem de t = 0,067 s para um satélite
a uma altitude de cerca de 20.000 km, e a velocidade angular de rotação da Terra é da
ordem de ω = 7,22 ∙ 10-5 rad/s (cerca de 15”/s), a correção para a posição do satélite, do
instante de recepção ao instante de transmissão do sinal, é da ordem de 100 metros. Esta
correção é aplicada automaticamente pelos softwares GNSS em geral.
24
4.4. Erro devido à ionosfera
Com relação à propagação de ondas, a ionosfera é a camada da atmosfera
situada entre cerca de 50 a 1.000 km de altitude, sendo formada por partículas
ionizadas. A ionosfera é uma das maiores fontes potenciais de erros no GNSS.
O erro devido à ionosfera depende da frequência do sinal GNSS (quanto maior a
frequência, menor é o erro) e do nível de ionização, isto é, do conteúdo total de elétrons
livres (TEC – Total Electron Content) ao longo da direção entre o satélite e o receptor.
Uma unidade de TEC corresponde a 1016 elétrons livres por metro quadrado.
O TEC varia com o passar do tempo e com a localização geográfica, sendo
influenciado por diversos fatores, como por exemplo: ciclo solar, época do ano, hora do
dia, latitude geográfica ou geomagnética, atividade geomagnética, dentre outros.
Sobre as variações de longo período, o Sol apresenta ciclos regulares com cerca
de onze anos de duração cada, onde cada ciclo apresenta um pico de atividade solar.
Atualmente, estamos no ciclo solar 24, iniciado em Janeiro de 2008 e que deverá se
encerrar no final de 2018. O próximo pico de atividade solar está previsto para 2025.
Sobre as variações sazonais, nos equinócios (meses de Março e Setembro) os
valores do TEC em geral são maiores; enquanto nos solstícios (meses de Junho e
Dezembro) os valores do TEC em geral são menores.
Sobre as variações diurnas no Brasil, em termos gerais, os valores máximos de
TEC ocorrem entre às 14h e 16h e os valores mínimos ocorrem entre às 4h e 6h no
horário local.
Em função da frequência do sinal e do valor de TEC, o erro de primeira ordem
da ionosfera na distância satélite-receptor pode ser estimado por:
25
No Brasil, o INPE disponibiliza o seguinte mapa regional para consulta:
http://www2.inpe.br/climaespacial/portal/tec-map-inicio/. A NASA fornece um mapa
global onde é realizada a conversão de TEC para erro esperado na distância satélite-
receptor ( ). Como regra geral, 1 TEC = +16 cm de erro (positivo) na
pseudodistância e -16 cm de erro (negativo) na fase da portadora do sinal L1. A consulta
do mapa global com valores de erro no sinal L1 do GPS pode ser realizada no seguinte
endereço eletrônico: http://www.gdgps.net/products/tec-maps.html.
Como o erro devido à ionosfera depende da frequência do sinal GNSS, é
possível eliminar o erro de primeira ordem com receptor GNSS multi-frequência, por
meio da observável denominada ion-free, designada por L0 ou L3. Este é o principal
motivo para os satélites GNSS transmitirem sinais em pelo menos duas frequências. O
erro de primeira ordem da ionosfera pode atingir dezenas de metros, enquanto erros
ionosféricos remanescentes, em geral, atingem no máximo alguns cm.
As combinações lineares ion-free (L0) mais utilizadas para a pseudodistância e
para a fase da onda portadora são dadas respectivamente por:
( ) ( )
26
diversos fatores, dependendo das condições, a distância entre os dois receptores pode
ser muito maior do que 20 km.
Pode-se ainda minimizar o erro devido à ionosfera corrigindo os dados GNSS
por meio de algum modelo da ionosfera. Os coeficientes do Modelo de Klobuchar são
transmitidos nas mensagens de navegação (efemérides transmitidas), o que permite
corrigir em torno de 50% a 60% do erro total devido à ionosfera.
Com a modernização dos sistemas GNSS, com a inclusão da terceira portadora
L5 no GPS e a integração de diferentes sistemas, espera-se melhoras na solução das
ambiguidades e do erro devido à ionosfera no posicionamento GNSS.
27
Além disso, explosões e ventos solares podem afetar o campo geomagnético da
Terra, resultando em anomalias ionosféricas com duração e intensidade variáveis e que
podem degradar significativamente a qualidade do posicionamento GNSS. A aurora
polar é um exemplo de fenômeno que pode resultar deste tipo de evento.
Mapas globais com atualização a cada cinco minutos sobre a ocorrência de
cintilações ionosféricas podem ser obtidos no seguinte endereço eletrônico:
https://www.trimble.com/Positioning-Services/Ionosphere-Scintillation-map.aspx. Para
profissionais nas regiões entre os trópicos ou de altas latitudes, o monitoramento da
ionosfera é fundamental para não comprometer os resultados do rastreio GNSS.
Atualmente, existem receptores como o modelo PolaRx5S do fabricante
Septentrio, que estima índices da ionosfera e valores de TEC em tempo-real, podendo
ser utilizado em métodos de posicionamento em rede para mitigar estes efeitos.
28
A componente úmida (vapor d’água) depende da umidade do ar, sendo que o
erro usualmente corresponde a alguns centímetros ou decímetros no zênite. Entretanto, a
variação em função do tempo, cerca de 20% em poucas horas, é muito maior do que no
caso da componente seca, o que torna difícil a predição deste atraso com alta exatidão.
O atraso troposférico (erro total) é aproximado como a soma dos efeitos das
componentes hidrostática e úmida, sendo que a componente seca corresponde a cerca de
90% do erro total. Em outras palavras, o tempo chuvoso pouco interfere na qualidade do
posicionamento GNSS. Em termos gerais, quanto maior a temperatura e/ou a latitude,
menor é o erro; quanto maior a pressão atmosférica e/ou a altitude, maior é o erro.
Usualmente, a modelagem do erro das duas componentes é dada pelo produto
entre o atraso zenital (vertical) e uma função de mapeamento, a qual relaciona o atraso
vertical no zênite (erro mínimo) com o atraso para outros ângulos de elevação (E),
conforme a expressão a seguir:
[ ( ) ( )]
29
em perdas de ciclo. Desta forma, após o sinal do satélite ser rastreado novamente pelo
receptor, uma nova ambiguidade desta nova primeira época deve ser solucionada.
Perdas de ciclo em geral são causadas pelo bloqueio do sinal GNSS por
obstruções como edificações, morros, árvores, pontes, túneis e ainda por outros fatores,
como variações abruptas na ionosfera, aceleração do receptor, modo de economia da
bateria (especialmente em smartphones) e/ou interferência de outras fontes de rádio.
A perda de ciclo afeta a solução da ambiguidade da fase da onda portadora,
porém, não é tão crítica para o posicionamento utilizando a pseudodistância advinda do
código, desde que o receptor permaneça rastreando o sinal dos demais satélites.
( ) ( )
( ⁄ ) ( ⁄ )
( ⁄ )
( ) ( )
( ⁄ )
30
valores das fases da onda portadora em L1 e L2, e são as frequências das
portadoras L1 e L2.
O software gratuito TEQC fornece os valores de MCL1 e MCL2 para receptores
multi-frequência. Desenvolvimentos tecnológicos em receptores e softwares de
processamento de dados GNSS possibilitam reduzir o efeito do multicaminho por meio
de algoritmos adequados.
Para evitar ou reduzir o multicaminho, deve ser evitada a presença de superfícies
refletoras nas proximidades do receptor GNSS, embora muitas vezes isso não seja
possível, como por exemplo, no caso de levantamentos em áreas urbanas.
Nestas situações, uma alternativa é utilizar antenas GNSS apropriadas, como por
exemplo, antenas com tecnologia choke-ring ou pinwheel para o receptor em repouso
(modo estático); ou então múltiplas antenas para o receptor em movimento (modo
cinemático), o que aumenta os custos e, em geral, não é viável do ponto de vista prático.
Uma maneira mais prática de reduzir o efeito do multicaminho é por meio da
máscara de elevação, semelhante ao caso do erro troposférico e ionosférico. Outra
forma de reduzir o multicaminho é definir uma máscara para a razão sinal-ruído (SNR).
Por exemplo, sinais GNSS com SNR inferior a 30 dB são descartados no
posicionamento, o que permite reduzir também o efeito de anomalias ionosféricas.
Pesquisas no Programa de Pós-graduação em Ciências Geodésicas na UFPR
investigam o uso de um material de espuma (isolante eletromagnético) como atenuador
de multicaminho, sendo um dispositivo mais leve (prático) e muito mais barato do que
uma antena choke-ring; podendo fornecer desempenho semelhante.
De forma geral, a recomendação é não realizar o posicionamento GNSS quando
se deseja alta precisão (cm ou mm) em locais sujeitos a multicaminho acentuado.
31
ser estimado em cada época do posicionamento, uma vez que um milésimo de erro no
relógio do receptor, por exemplo, corresponde a cerca de 300 km de erro na distância
satélite-receptor, considerando que o sinal GNSS se propaga na velocidade da luz.
Este é o principal motivo pelo qual os sistemas GNSS são projetados para que,
em estágio plenamente operacional, pelo menos quatro satélites estejam visíveis para
qualquer localização em qualquer instante: três satélites são suficientes para determinar
a posição tridimensional do receptor, mas um quarto satélite é necessário para corrigir
as distâncias em função do erro do relógio deste receptor.
Como cada sistema GNSS possui o seu próprio sistema de tempo, idealmente,
cada sistema GNSS deve ter ao menos quatro satélites rastreados para realizar o
posicionamento, mesmo de modo integrado.
Alguns receptores permitem realizar o posicionamento integrado mesmo com
três ou menos satélites de um sistema GNSS, como alguns modelos do fabricante
Spectra Precision, por meio da tecnologia Z-Blade GNSS-centric. Ressalva-se que,
atualmente, o rastreio de três ou menos satélites GPS ou GLONASS só ocorre em
situações críticas. Em geral, mais satélites estarão disponíveis em ambos os sistemas.
No posicionamento relativo entre dois receptores, o erro do relógio de cada
receptor é cancelado, considerando que este afeta igualmente as medidas de distância
entre o receptor e os satélites em um mesmo instante.
32
Ressalta-se que o centro de fase da antena do satélite (ponto de referência para a
emissão dos sinais), também difere do centro de massa do satélite (ponto de referência
para as suas coordenadas), sendo que a posição do centro de fase da antena em relação
ao centro de massa do satélite é necessária para a determinação das órbitas com alta
precisão. Desta forma, o IGS também fornece estes valores e as suas variações.
Uma maneira de minimizar os efeitos da variação do CFE no posicionamento
relativo consiste na utilização de receptores com antenas de mesmo fabricante e modelo,
orientadas ainda na mesma direção, como por exemplo, o norte magnético ou o norte
verdadeiro. Este é o motivo pelo qual algumas antenas possuem uma marca (“seta”)
sobre a sua superfície, indicando que esta marca deve ser orientada ao norte desejado.
Desta forma, espera-se que os deslocamentos dos centros de fase sejam
aproximadamente iguais nas antenas dos receptores envolvidos, sendo então
minimizados no posicionamento relativo. Quanto menor a distância entre os receptores,
maior a proximidade entre os ângulos de elevação dos satélites para ambos os
receptores, isto é, maior será a redução deste tipo de erro.
33
No posicionamento por ponto preciso (PPP), quando se deseja alta precisão (cm
ou mm), este efeito deve ser corrigido no software de processamento de dados utilizado.
Ressalta-se que correções da fase wind-up não se aplicam em posicionamentos
utilizando a pseudodistância ao invés da fase da onda portadora, uma vez que a rotação
relativa não altera a distância entre as antenas, apenas o valor da fase observada.
34
placas); e ainda o efeito de marés terrestres, cargas oceânicas e movimento do polo
sobre a superfície terrestre do local onde se encontra a estação GNSS.
No caso do posicionamento relativo, ao se utilizar um receptor-base em um
ponto de posição considerada conhecida, os erros nos valores de suas coordenadas serão
diretamente propagados para as coordenadas do receptor localizado no ponto de
interesse. Desta forma, é muito importante o profissional estar atento sobre a qualidade
posicional de um ponto considerado como base no método relativo. A qualidade
posicional envolve tanto os efeitos de precisão quanto possíveis efeitos de tendência.
Sobre a tectônica de placas, esta resulta em deslocamentos da superfície
terrestre, e, consequentemente, em variações das coordenadas de um mesmo ponto com
o passar do tempo. Como exemplo, pode-se citar que a componente norte da estação
IFSC da RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo) em Florianópolis/SC
está atualmente defasada em mais de 20 cm em relação ao valor oficial homologado
pelo IBGE, em função da diferença de tempo de mais de 18 anos em relação à Maio de
2000, ou seja, a época de referência do SIRGAS2000, atual sistema geodésico do Brasil.
O efeito da tectônica de placas é mais acentuado em regiões situadas na borda
das placas, como no caso dos países andinos na América do Sul. Este efeito pode ser
corrigido pelo uso de modelos de velocidades ou no posicionamento entre dois
receptores situados sobre uma mesma região da placa. Entretanto, eventos extremos
como terremotos podem causar deslocamentos de metros em apenas alguns minutos.
O efeito das marés sólidas ou terrestres, devido à atração lunissolar e rotação da
Terra, pode provocar um deslocamento da superfície terrestre de até 40 cm no Equador
em um intervalo de tempo de apenas seis horas. Este efeito pode ser corrigido por meio
de modelos no software de processamento de dados utilizado ou minimizado no
posicionamento entre dois receptores, especialmente para linhas-base curtas.
A carga dos oceanos ou até mesmo de rios de grande porte como o Rio
Amazonas sobre a superfície terrestre pode exercer variações de ordem centimétrica,
especialmente na componente vertical. Assim como no caso das marés sólidas, quando
se busca alta precisão e alta exatidão, este efeito pode ser corrigido por meio de modelos
adequados ou minimizado no posicionamento entre dois receptores.
Existem ainda erros de magnitude menor, como o movimento do polo e a carga
da atmosfera sobre a superfície terrestre, que podem resultar em uma variação de até 25
mm na componente horizontal e vertical da estação GNSS, respectivamente. Ambos os
efeitos podem ser corrigidos por meio de modelos (embora os softwares comerciais em
35
geral negligenciem estes efeitos), ou então minimizados no posicionamento entre dois
receptores.
36
A Tabela 4.2 apresenta um resumo dos principais tipos de erros envolvidos no
posicionamento GNSS.
Tabela 4.2 – Quadro-resumo das principais fontes e tipos de erros no posicionamento GNSS.
Fonte Erro Magnitude Principais Tratamentos
Orbital cm – m Efemérides precisas, uso de dois receptores
Satélite Relógio do
cm – m Efemérides precisas, uso de dois receptores
satélite
Ionosférico 10 – 100 m Ion-free, modelos, uso de dois receptores, máscaras
Centro de
Parâmetros de calibração da antena, uso de receptores
Receptor fase da mm – cm
de mesmo modelo e orientação
antena
Tecnologia do receptor, uso da pseudodistância
Ruído mm – dm
filtrada pela fase ou da fase da onda portadora
Tectônica cm(s) por Modelos de velocidades, uso de dois receptores
de placas ano situados sobre a mesma região da placa tectônica
Estação
Maré
mm – dm Modelos, uso de dois receptores
terrestre
37
5. REFERÊNCIAS
BEIDOU. Beidou Navigation Satellite System Signal In Space Interface Control Document. Disponível em:
<http://www.beidou.gov.cn/xt/gfxz/201712/P020171218337008148266.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018.
DE OLIVEIRA, P. S.; MOREL, L.; FUND, F.; LEGROS, R.; MONICO, J. F. G.; DURAND, S.; DURAND, F. Modeling
tropospheric wet delays with dense and sparse network configurations for PPP-RTK. GPS solutions, v. 21, n. 1, p. 237-250, 2017.
GALILEO. Open Service Signal In Space Interface Control Document. Disponível em:
<https://www.gsc-europa.eu/system/files/galileo_documents/Galileo-OS-SIS-ICD.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018.
GONG, X.; GU, S.; LOU, Y.; ZHENG, F.; GE, M.; LIU, J. An efficient solution of real-time data processing for multi-GNSS
network. Journal of Geodesy, v. 92, n. 7, p. 797-809, 2018.
GPS. Global Positioning System Standard Positioning Service Performance Standard. Disponível em:
<https://www.gps.gov/technical/ps/2008-SPS-performance-standard.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018.
GPS. Global Positioning System Wide Area Augmentation System (WAAS) Performance Standard. Disponível em:
<https://www.gps.gov/technical/ps/2008-WAAS-performance-standard.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018.
IRNSS. Signal in Space ICD for Standard Positioning Service. Version 1.1. Disponível em:
<https://www.isro.gov.in/sites/default/files/irnss_sps_icd_version1.1-2017.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2018.
LIMA, C. M. D. A. Posicionamento por ponto preciso com solução de ambiguidades inteiras no contexto de rede GPS. Tese
de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Cartográficas. UNESP, Presidente Prudente, 2015.
LI, X.; LI, X.; YUAN, Y.; ZHANG, K.; ZHANG, X.; WICKERT, J. Multi-GNSS phase delay estimation and PPP ambiguity
resolution: GPS, BDS, GLONASS, Galileo. Journal of Geodesy, v. 92, n. 6, 579-608. 2018.
HOFMANN-WELLENHOF, B.; LICHTENEGGER, H.; WASLE, E. GNSS – Global Navigation Satellite Systems: GPS,
GLONASS, Galileo, and more. New York: Springer-Verlag, 2008. 516p. ISBN: 9783211730126.
KAZMIERSKI, K.; SOŚNICA, K.; HADAS, T. Quality assessment of multi-GNSS orbits and clocks for real-time precise point
positioning. GPS Solutions, v. 22, n. 1, p. 11, 2018.
KHODABANDEH, A.; TEUNISSEN, P. J. G. On the impact of GNSS ambiguity resolution: geometry, ionosphere, time and biases.
Journal of Geodesy, v. 92, n. 6, p. 637-658, 2018.
LEICK, A.; RAPOPORT, L.; TATARNIKOV, D. GPS satellite surveying. 4th Edition. New Jersey: John Wiley & Sons, 2015.
840p. ISBN: 9781118675571.
MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo GNSS: descrição, fundamentos e aplicações. 2º Edição. São Paulo: Fundação Editora da
UNESP, 2008. 480p. ISBN: 9788571397880.
PEREIRA, V. A. S.; CAMARGO, P. O. Brazilian active GNSS networks as systems for monitoring the ionosphere. GPS Solutions,
v. 21, n. 3, p. 1013-1025, 2017.
QZSS. Quasi-Zenith Satellite System Interface Specification Satellite Positioning, Navigation and Timing Service. Disponível
em: <http://qzss.go.jp/en/technical/download/pdf/ps-is-qzss/is-qzss-pnt-002.pdf?t=1534815174777>. Acesso em: 08 ago 2018.
SEEBER, G. Satellite geodesy: foundations, methods, and applications. 2nd Edition. Hannover: Walter de Gruyter, 2003. 589p.
ISBN 3110175495.
SU, M.; ZHENG, J.; YANG, Y.; WU, Q. A new multipath mitigation method based on adaptive thresholding wavelet denoising and
double reference shift strategy. GPS Solutions, v. 22, n. 2, p. 40. 2018.
TEUNISSEN, P. J. G. The least-squares ambiguity decorrelation adjustment: a method for fast GPS integer ambiguity estimation.
Journal of geodesy, v. 70, n. 1-2, p. 65-82, 1995.
TEUNISSEN, P. J. G.; KLEUSBERG, A. GPS for Geodesy. 2nd Edition. Berlin: Springer-Verlag, 1998. 650p. ISSBN:
9783642720130.
VANI, B. C. Investigações sobre modelagem, mitigação e predição de cintilação ionosférica na região brasileira. Tese de
Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Ciências Cartográficas. UNESP. Presidente Prudente, 2018.
ZHANG, X.; TAO, X.; ZHU, F.; SHI, X.; WANG, F. Quality assessment of GNSS observations from an Android N smartphone
and positioning performance analysis using time-differenced filtering approach. GPS Solutions, v. 22, n. 3, p. 70. 2018.
ZUMBERGE, J. F.; HEFLIN, M. B.; JEFFERSON, D. C.; WATKINS, M. M.; WEBB, F. H. Precise Point Processing for the
Efficient and Robust Analysis of GPS Data from Large Networks. Journal of Geophysical Research, v. 102, n. B3, p. 5005–5017.
1997.
38