O Aparelho Psíquico
O Aparelho Psíquico
O Aparelho Psíquico
Objetivos
Módulo 1 Módulo 2
Módulo 3 Módulo 4
meeting_room Introdução
Aparelho psíquico é o nome dado à organização proposta por Freud para
compreender a dinâmica mental. Descrever o aparelho psíquico foi uma
forma de tornar compreensível o funcionamento psíquico, dividindo-o e
atribuindo uma função específica a cada parte constitutiva.
1 - O aparelho psíquico
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar o aparelho psíquico a partir da primeira tópica
freudiana e a relação entre inconsciente, pré-consciente e consciente.
Consciente expand_more
Pré-consciente expand_more
Inconsciente expand_more
O inconsciente
A ideia de inconsciente surge associada ao conceito de recalque, ambos
derivados do tratamento da histeria. Freud começou a tratar as pacientes
histéricas juntamente com Josef Breuer, utilizando o método catártico, com o
auxílio da hipnose.
O que nos interessa entender aqui, entretanto, não é o método e
sim a operação psíquica sobre a qual ele incidia.
Exemplo
Para exemplificar brevemente o tratamento exposto, vamos abordar o caso de
Anna O., paciente de Breuer, cuja história causou grande interesse em Freud e
deu margem a vários desdobramentos teóricos. Anna O. era uma mulher de 21
anos que adoeceu enquanto cuidava de seu pai enfermo. Sua doença começou
como uma tosse intensa, evoluindo para vários outros sintomas.
Esse é apenas um exemplo dentro de uma questão muito mais complexa, não só
o caso de Anna O., mas também essa relação entre trauma e sintoma.
Por que Anna O. não podia recordar essa cena sem o auxílio da hipnose? Por que
todos os relatos das primeiras pacientes histéricas seguem essa mesma lógica?
Lembrando que essa prática de Freud foi a base para seus primeiros conceitos,
vamos entender, a partir do exemplo, o que é o inconsciente.
Você não lembra de uma colega de infância, mas, ao se deparar com o cheiro do
perfume que ela usava, pode vir a lembrar-se dessa amiga, sem muitas
dificuldades.
Atenção!
Nota-se que a primeira tópica teve como um dos seus eixos a natureza das
representações mentais que causavam angústia e sofriam recalque. Outra
característica foi a abordagem do ponto de vista econômico, que veremos a
seguir.
Princípio do prazer e princípio da realidade
Para abordar esses dois princípios, é necessário associá-los à oposição entre
processo primário e processo secundário. Eles correspondem às duas formas
de circulação de energia no psiquismo:
Apesar de o bebê, nos primeiros meses, não distinguir o seio de si mesmo, ele
está em contato com uma via real de satisfação. Vemos aí a ação do processo
psíquico secundário, que envolve uma ligação — catexia — do ego com um
objeto externo real.
Atenção!
O ego, nesse contexto, não é o ego da segunda tópica, que veremos mais
adiante; aqui o ego surge como um fator de ligação dos processos psíquicos,
associado ao sistema pré-consciente/consciente.
O desenvolvimento do princípio da
realidade é o que permite a inserção
no meio social. Por exemplo: um bebê
de três meses urina na fralda como
descarga de tensão imediata. Seria
impossível esperar dele algo diferente,
uma vez que não existe
desenvolvimento cognitivo, perceptivo
ou psicomotor para outra ação. No
entanto, de uma criança de 5 anos,
pode-se esperar que segure a
descarga imediata de urina e aguarde
sua vez para ir ao banheiro (dentro de
um limite aceitável, é claro), assim
como compreenda que é necessário
adquirir esse comportamento.
O desenvolvimento do princípio da
video_library realidade
O prof. doutor Luciano de Souza Dias aborda o processo de saída do ego do
circuito da energia livre, no qual impera absoluto o princípio do prazer, para que a
vida aconteça, além de falar sobre o equilíbrio entre princípio do prazer e
princípio da realidade, associado à saúde psíquica.
Questão 1
Questão 2
“Em seguida, coloquei-a em hipnose e perguntei mais uma vez: Por que a
senhora não consegue comer mais? A resposta veio prontamente e consistiu,
mais uma vez, numa série de razões dispostas em ordem cronológica a partir
de seu acervo de lembranças: Estou pensando em como, quando eu era
criança, muitas vezes acontecia que, por malcriação, recusava-me a comer
carne ao jantar. Minha mãe era muito severa a esse respeito e, sob a ameaça
de um castigo exemplar, eu era obrigada, duas horas depois, a comer a carne,
que era deixada no mesmo prato. A essa altura a carne já estava muito fria e
a gordura, muito dura (ela demonstrou sua repulsa) …. ainda posso ver o
garfo na minha frente… um de seus dentes era meio torto. Sempre que me
sento à mesa vejo os pratos diante de mim, com a carne e a gordura frias.”
(FREUD, S. Estudos sobre a histeria (1893-1895). Rio de Janeiro: Imago,
1989, p. 42).
As formações do inconsciente:
sonhos, atos falhos e chistes
As formações do inconsciente são efeitos dos processos psíquicos
inconscientes. Trata-se de uma elaboração psíquica e simbólica que tem relação
com o conteúdo recalcado.
Os sonhos
Em sua obra A interpretação de
sonhos, publicada em 1899, Freud
(1989a, p. 99) escreveu que “O sonho
é a estrada real que conduz ao
inconsciente”. O trabalho com os
sonhos o levou a uma compreensão
profunda do psiquismo, que foi
fundamental para a criação da
Psicanálise.
Ainda assim, apesar do trabalho da censura, Freud afirma que os sonhos são
sempre realização de desejo, especificamente de desejos que estão na
contramão das imposições sociais, como os costumes, a educação, a religião,
os tabus e as normas. Aquilo que lembramos do sonho passa pelo trabalho da
censura, assim, essa realização de desejo pode não ser percebida por aquele
que sonha.
Quando falamos do pesadelo, essa relação entre o que pode ser percebido e o
que se sonha fica mais evidente. O que ocorre nos pesadelos é uma falha no
processo de trabalho do sono. Um conteúdo inconsciente não teria sido
suficientemente deformado ao ponto de poder habitar a consciência. Segundo
Absáber (2005):
Atenção!
É importante ressaltar que, para Freud, esses desejos inconscientes se ligam a
restos diurnos. São fatos, afetos, acontecimentos experimentados durante o dia
ou no dia anterior. O desejo inconsciente atravessa a barreira da censura no
momento do sonho e se articula a esses elementos, que no sonho ganham um
sentido diferente daquele vivenciado quando estamos acordados. Por isso,
muitas vezes, os sonhos são absurdos, não “fazem sentido” para nossa
consciência: diversos elementos se fundem e o sonho não obedece à lógica da
consciência.
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Figuração expand_more
O ato falho
Quando Freud substitui a técnica da hipnose pela associação livre, a fala do
paciente toma um valor ainda mais imprescindível na clínica. A partir daí, Freud
percebe que o inconsciente insiste e surge também na fala, emergindo no
consciente pelo equívoco.
Entende-se, portanto, que falar uma palavra no lugar daquela que seria
intencional conscientemente permite uma forma de acesso aos conteúdos que
são repelidos pela consciência. Para Freud, o ato falho evidencia que há mais de
uma intenção em jogo. “A interferência ou confronto de duas intenções
diferentes permite que uma dada expressão ou frase seja enunciada, a despeito
da intenção consciente do falante” (AYRES, 2017, p. 28).
Podemos citar como exemplo de ato falho chamar uma pessoa pelo nome de
outra ou trocar palavras de sentidos diferentes: “hoje o dia está muito quente”,
quando a intenção consciente era dizer “hoje o dia está muito frio”. A palavra
quente, que emerge na narrativa, abre sentido para outro conteúdo, que seria
inconsciente.
Dessa forma, Freud afirma esse
fenômeno — do ato falho — como uma
formação do inconsciente. Tal como o
sintoma, há no ato falho uma
formação de compromisso entre a
intenção consciente da pessoa e o
conteúdo recalcado.
Os chistes
Em 1905, Freud escreve O chiste e a sua relação com o inconsciente. Nesse texto,
Freud analisa elementos, características e motivações por trás das piadas
cotidianas das quais a maioria de nós acha graça. Ele tenta compreender qual
seria o real motivo delas serem contadas.
O chiste também é visto na Psicanálise como uma forma de laço social, é uma
narrativa feita ao outro. A piada provoca o riso do grupo para o qual é contada,
gerando uma satisfação em quem conta. Outro tipo comum de piada é aquele
direcionado a uma figura de poder, um credo, um povo etc.
Atenção!
Aquilo que não se pode falar abertamente devido às restrições da cultura, é
revelado pelo humor, configurando uma suspensão temporária da censura. Isto
é, por meio do chiste, do humor, também é possível observar a expressão do
inconsciente, não de forma explícita, já que o recalque incide sobre esse
conteúdo, mas de forma simbólica.
Questão 1
Questão 2
O id
O id é considerado o polo pulsional da personalidade, cujos conteúdos são
inconscientes. Do ponto de vista econômico, é o reservatório da libido (energia
psíquica de ordem sexual) e, do ponto de vista dinâmico, entra em conflito com o
superego, que tem a função do juízo moral.
Atenção!
O id não é sinônimo de inconsciente — o inconsciente se torna mais amplo na
segunda tópica —, mas seu funcionamento e conteúdo são de ordem
inconsciente.
Segundo Freud, o id seria nossa parte mais instintiva, que sustenta desejos,
ímpetos e vontades, sem conhecer freios morais. O id funciona de acordo com o
princípio do prazer e faz uma exigência constante de satisfação. O id é
organizado segundo a lógica inconsciente, na qual não existe tempo cronológico,
noção de espaço ou de certo e errado.
O ego
O ego da segunda tópica ganha uma versão ampliada, o que torna o conceito
mais complexo. Veja a seguir:
O ego é uma parte diferenciada do id, a partir de seu contato com a realidade
externa.
É importante ressaltar que o ego não tem função de bloquear o desejo. Em vez
disso, o que está em questão é garantir que as necessidades do id sejam
satisfeitas, mas de formas que sejam seguras, eficazes e adequadas. Do ponto
de vista econômico, o ego impede temporariamente a descarga de energia do id
até a hora e lugar adequado. Esse embate entre princípio do prazer e princípio da
realidade é constante e importante para lidar com situações da vida.
Exemplo
Pedro e João são dois colegas adolescentes que descem para o pátio comum
do condomínio onde moram. Pedro está comendo um hamburguer, João pede
um pedaço e Pedro diz não. A ação do princípio da realidade fará com que João
aguarde até poder comprar seu próprio hamburguer para, então, saciar esse
desejo. Esse comportamento, diferente de arrancar sanduíche da mão do colega,
propicia a vida em sociedade.
Recalque expand_more
Projeção expand_more
Teste de Rorschach.
Racionalização expand_more
Regressão expand_more
O superego
O superego é um elemento estrutural do aparelho psíquico, responsável pela
imposição de normas, padrões e sanções. É uma instância que incorpora uma lei
e proíbe sua transgressão, tendo como função fazer juízo moral. O superego é a
última das três instâncias a se desenvolver e, de acordo com Freud, é o herdeiro
do complexo de Édipo. Isso indica o papel central da vivência edipiana na
organização do psiquismo.
O complexo de Édipo
Freud atribui ao complexo de Édipo
funções fundamentais na construção
subjetiva. O complexo de Édipo é
apresentado sob a forma de uma
história que consiste, de maneira
simplificada, no fato de a criança do
sexo masculino experimentar, por
ocasião da fase fálica, desejos
sexuais com relação à mãe, sendo o
pai percebido como um rival. Isso
transcorre até que a criança seja
obrigada a renunciar a suas
expectativas amorosas, em
decorrência do medo da castração.
Atenção!
É fundamental observar que, nesse contexto, Freud se refere ao órgão genital
masculino pelo termo falo. Ao escolher um termo diferente de pênis, que seria a
nomenclatura vigente, Freud sublinha o caráter simbólico dessa operação. Não
se trata exatamente do genital, mas do que ele simboliza, seja em sua presença,
seja em sua ausência.
Para a criança que se encontra na fase fálica, aquilo que é presente, maior e
explícito representa mais prazer. As crianças criam fantasias chamadas de
“teorias sexuais infantis” antes de aceitar, de fato, essa diferença. Por exemplo: o
“falo” da menina é pequeno e ainda pode crescer ou ela o perdeu por causa de
alguma ação que resultou em punição.
Resumindo
Sendo assim, o falo funciona como símbolo do narcisismo, e a fantasia de
castração significa uma ameaça à onipotência infantil. O falo, em sua presença,
confere importância e valor e, em sua ausência, leva ao sentimento de
inferioridade. Inaugura-se a divisão entre fálico e castrado, estando tal divisão
definida em termos de ausência ou presença desse símbolo valorizado que é o
falo.
Saiba mais
É importante ressaltar que o complexo de Édipo é uma teoria muito mais
extensa do que aqui apresentada. Os sentimentos infantis são ambivalentes, o
menino tem o pai como rival, mas também o ama. Destaca-se ainda que o
desfecho do Édipo não acarretará, necessariamente, uma orientação
heterossexual e, além disso, essa experiência se dá de forma diferente para a
menina. Ela entra no Édipo ao se perceber castrada, ao contrário do menino que
sai do Édipo por medo da castração.
Questão 1
Questão 2
A metáfora usada por Freud diz respeito à relação entre o id e o ego, em que o
ego propicia a satisfação exigida pelo id por meio do processo secundário e
do princípio da realidade. O ego não suprime os impulsos do id, mas os torna
possíveis.
4 - A compreensão do funcionamento psíquico
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a contribuição do texto O mal-estar na
civilização para a compreensão do funcionamento psíquico.
O mal-estar na civilização
O texto O mal-estar na civilização foi publicado em 1930 e o seu conteúdo é
considerado bastante atual para refletir sobre a relação entre o homem e a
sociedade.
O sentimento oceânico
Freud inicia o texto comentando a troca de correspondência com um amigo,
sobre religião. O amigo em questão era Romain Rolland, professor de História da
Arte. Rolland comenta o texto de Freud O futuro de uma ilusão (1927), em que o
autor trata a religião como ilusão. Rolland discorda sobre a fonte propulsora da
religião. Para ele, as igrejas e sistemas de religião se apoderam de um
sentimento que caracteriza a religiosidade: um sentimento de “eternidade”, de
algo ilimitado, sem barreiras, que denominou “oceânico”. Seria um fato
puramente subjetivo, não um artigo de fé e não traria qualquer garantia de
sobrevida pessoal.
Essas funções são cumpridas, porém, de modo precário, já que a civilização não
é capaz de proteger o homem dos perigos e sofrimentos que a natureza e seu
corpo lhe impingem; muito menos é eficaz na tarefa de regular os
relacionamentos para serem sempre fruto de satisfação. No entanto, conforme
Freud descreveu em Totem e tabu, não fosse essa tentativa, mesmo que falha, de
regulamentação, os relacionamentos ficariam a cargo da vontade arbitrária do
indivíduo, situação em que o homem fisicamente mais forte decidiria o destino
dos demais, de acordo com seus próprios impulsos pulsionais e interesses.
Exemplo
Freud cita as estradas de ferro, o telefone, a Ciência, certa proteção do homem
diante das forças da natureza como produtos da cultura que facilitam e
prolongam a vida humana. Ainda assim, no texto, Freud ressalta o mal-estar
gerado pela civilização.
A busca da felicidade
Segundo Freud, “a vida, tal como nos coube, é muito difícil para nós, traz
demasiadas dores, decepções, tarefas insolúveis. Para suportá-la, não podemos
dispensar paliativos” (FREUD, 1989h, p. 37). Freud indica, então, uma série de
técnicas que os homens utilizam para evitar o sofrimento e obter prazer, isto é,
ser feliz da forma que é possível.
Atenção!
É importante ressaltar que, nesse contexto, Freud usa o termo felicidade
associado ao princípio do prazer, que tem como objetivo evitar o desprazer e
alcançar o prazer.
Uma das saídas seria se isolar voluntariamente, como o eremita, com o objetivo
de evitar os sofrimentos provenientes das relações humanas e evitar as
adversidades do mundo externo. Freud assinala que essa opção pode alcançar a
felicidade pela via da quietude, mas, ao dar as costas para o mundo externo, o
indivíduo pode substitui-lo por um mundo criado conforme seus próprios
desejos e tal afastamento da realidade externa pode dar lugar à experiência da
loucura. Em geral, essa alternativa não é eficaz para encontrar a felicidade.
Freud termina essa parte do texto afirmando que em nenhum desses caminhos
podemos alcançar tudo o que desejamos e faz uma observação importante do
ponto de vista econômico: “Assim como o negociante cauteloso evita imobilizar
todo o seu capital numa só coisa, também a sabedoria aconselhará talvez a não
esperar toda satisfação de uma única tendência” (FREUD, 1989h, p. 47).
Dica
Atenção!
Freud ressalta que a pulsão não satisfeita gera agressividade, um impulso
natural e constitutivo do humano, que também precisa ser barrado pelas
exigências sociais. Assim, o preço do progresso cultural seria a perda da
felicidade também pela supressão da agressividade e pelo acréscimo do
sentimento de culpa.
Acerca do superego cultural, Freud afirma que toma como base a personalidade
que grandes líderes deixaram para aquela cultura. Não podemos deixar de
lembrar que Freud se baseia na cultura ocidental moderna para sua análise, pois
foi nela que viveu e construiu sua teoria. Nesse contexto, ele cita Jesus Cristo
como o mais impressionante exemplo. Para Freud, o cristianismo “institui
severas exigências ideais, cujo não cumprimento é punido mediante ‘angústia de
consciência’” (FREUD, 1989h, p. 57).
É importante ressaltar que a intenção de Freud não é propor o fim das normas
culturais e morais, ou simplesmente criticá-las. Freud considera o progresso da
civilização como necessário e precioso. A ideia é analisar as restrições impostas
ao humano e suas consequências.
Ao estudar as neuroses, Freud se deparou com o recalque tal como uma defesa
do ego que visa resguardar a pessoa do sofrimento e de ideias inconciliáveis
com a moral civilizada. Logo, o sintoma, para a Psicanálise, seria uma
consequência da civilização ocidental. Nada mais natural que o interesse de
Freud no tema.
Nesse trabalho, Freud foca bastante a luta entre natureza e cultura, o embate
entre id e superego, no entanto, precisamos lembrar que o ego tem como uma de
suas funções encontrar satisfações substitutas, aceitas socialmente e a partir
de objetos reais (não alucinados).
Questão 1
“O sofrer nos ameaça a partir de três lados: do próprio corpo que, fadado ao
declínio e a dissolução, não pode sequer dispensar a dor e o medo como
sinal de advertência; do mundo externo, que pode se abater sobre nós com
forças poderosíssimas, inexoráveis, destruidoras; e, por fim, das relações com
os outros seres humanos” (FREUD, S. O mal-estar na civilização (1930). Rio
de Janeiro: Imago, 1989h).
Questão 2
Em O mal-estar na civilização, Freud analisa as consequências da inserção na
cultura. A vida em sociedade exige restrição da satisfação pulsional, o que
tem consequências para a natureza humana. Freud fala sobre o superego
cultural, que seria construído de forma correlata ao superego individual, tendo
como ideal o modelo que grandes líderes deixaram para a cultura. Esse
embate entre os impulsos primitivos humanos e a cultura pode ser descrito
pelos conceitos relacionados ao funcionamento do aparelho psíquico.
Considerações finais
Como vimos, o aparelho psíquico é fruto de uma teoria que busca compreender
o conflito psíquico na base da neurose. Tanto a primeira tópica como a segunda
tópica são teorias que trazem uma ideia central na Psicanálise: o embate entre
princípio do prazer e princípio da realidade.
Explore +
Para aprofundar este estudo, recomendamos os seguintes textos de Freud:
Referências
ABSÁBER, T. O sonhar restaurado: formas de sonhar em Bion, Winnicott e Freud.
São Paulo: Ed. 34, 2005.
AYRES, S. Atos falhos: interpretação e significação. Natureza humana, São
Paulo, v. 19, n. 1, p. 24-37, jul. 2017.
FREUD, S. A interpretação dos sonhos (I) (1900). Rio de Janeiro: Imago, 1989a.
(Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, v. 4).
FREUD, S. O futuro de uma ilusão (1927). In: Freud, S. O futuro de uma ilusão, O
mal-estar na civilização e outros trabalhos (1927-1931). Rio de Janeiro: Imago,
1989f. (Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, v.
21)
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