Registo Predial
Registo Predial
Registo Predial
Havendo anomalias: o conservador deve recusar o registo nos casos previstos no artigo
69º do CRP; deve lançar o registo como provisório em caso de dúvidas nas situações
contempladas no artigo 70º do CRP;
Princípio da Instância (artigo 41º do CRP): significa que o registo predial é da
iniciativa dos interessados, através de um pedido dirigido ao conservador; o
conservador não lança registo oficiosamente. O pedido de registo deve ser apresentado
no modelo oficial aprovado e deve ser entregue com os documentos que titulam o
facto a registar (art. 43º/1 do Código do Registo Predial).
3. Efeito constitutivo: Em regra, o registo predial não tem efeito constitutivo. Isso
significa que o registo, por si só, não cria ou transforma um direito real, mas apenas
confere publicidade e eficácia em relação a terceiros. O direito real já existe
independentemente do registo. Não obstante, todas as regras têm exceção e o registo
predial não é foge à regra. A hipoteca é o único caso de efeito constitutivo do registo.
Significa, porquanto, que nos termos do artigo 687º do CC e 4º/2 do CRP: o registo,
na ótica do Sr. Prof. José Alberto Vieira, constitui uma parte (a final) do processo de
constituição do direito real hipoteca, e não uma mera condição de oponibilidade (como
defende, contrariamente, Oliveira Ascensão). A hipoteca sem Registo é válida,
simplesmente não tem eficácia em relação a terceiro - por força do princípio do
aproveitamento do negócio.
4. Efeito atributivo ou aquisição tabular: tem como função titular o terceiro adquirente do
direito real, funcionando, em contrapartida, como consequência à omissão do registo
da aquisição deste. Consubstancia-se como uma proteção registal contra o titular do
direito real na ordem substantiva, ou seja, como exceção à prevalência da ordem
substantiva sob a ordem registal.
A proteção registal contra o titular do direito real na ordem substantiva denomina-se
aquisição tabular ou, sob o prisma dos efeitos jurídicos, efeito atributivo do registo
predial. Essa proteção tem como fundamento a fé pública registal. Isto levante o
problema de saber quem pode configurar um terceiro para efeitos da proteção tabular,
problema que tem trazido alguma controvérsia.
Existem 4 preceitos onde se pode radicar uma aquisição tabular ou efeito atributivo do
registo predial. Esses preceitos são os artigos 5º, 17º/2 e 122º do CRPredial e o art.
291º do CC.
Ex: A, com registo a seu favor, vendeu a propriedade do prédio X a B, que não registou. A vende depois o
mesmo direito a C, que regista a sua aquisição. C desconhecia sem culpa a prévia aquisição de B. Ocorrendo
todos os requisitos mencionados, C adquire a propriedade do prédio X em detrimento de B, cujo direito é
sacrificado.
O terceiro só fica protegido pelo registo predial quando celebrou o negócio jurídico a
título oneroso. Assim se o terceiro regista uma doação não pode ser protegido pelo art. 5º/1.
Carvalho Fernandes opôs-se a este entendimento, defendendo que as aquisições a
título gratuito não prejudicaram a posição do terceiro de boa-fé que registasse a sua aquisição
antes do registo do verdadeiro titular. Mas tem contra si o argumento sistemático, que é muito
ponderoso. Em todas as hipóteses que se enunciam os requisitos da aquisição tabular do
terceiro, nos artigos 17º/2, 122º e 291º do CC, a lei é expressa em exigir que a aquisição
tabular seja a título oneroso. Por que razão haveria de ser diferente no art. 5º?
Concluído e fazendo um resumo de tudo o que foi dito os requisitos da proteção tabular são:
o Pré-existência de um registo desconforma à realidade substantiva (registo
incompleto);
o Ato de disposição praticado com base na situação registal desconforme;
o Boa-fé do terceiro;
o Caráter oneroso do negócio jurídico de disposição;
o Que o terceiro registe a sua aquisição antes do registo do facto aquisitivo do titular real
na ordem substantiva.
Temos dois tipos de incompatibilidades:
Incompatibilidade absoluta - casos em que os direitos reais em confronto não podem
existir entre si.
Incompatibilidade relativa - são os casos em que os direitos reais em confronto podem
existir entre si. Podemos encontrar os direitos reais menores e direitos reiais maiores,
direitos reais de garantia e direitos pessoas de gozo.
*NOTA*: Na maior parte dos casos em que o título é falso vamos poder aplicar dois regimes
ao mesmo tempo que é o do 17º/2 e do 291º. Significa que perante uma mesma situação
jurídica o sujeito pode recorrer a estes dois regimes legais. O art. 291º/2 fala-nos num prazo
de 3 anos mas o artigo 17º/2 não nos fala em nenhum prazo. A boa doutrina (JAV e oliveira
ascensão) refere que este prazo de 3 anos também se aplica ao artigo 17º/2 e se assim não
fosse o sujeito ficaria completamente desprotegido. O prazo dos três anos também se aplica ao
17º/2 e o MC não concorda porque o legislador não previo este prazo no art. 17º e por isso
não deve haver aqui qualquer aplicação analógica. Esta posição não parece ser de defender
porque não existe uma boa explicação da parte de MC para justificar.
Ex: A, proprietário do prédio X, vende o usufruto do prédio a B, que não regista, e faz posteriormente o mesmo a
favor de C, que regista. Ainda que C tenha a seu favor os requisitos do art. 5º/1 do CRP, ele nada pode fazer se B
demonstrar a usucapião.