Recurso Inominado

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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 20ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL DE


DEFESA DO CONSUMIDOR DA COMARCA DE SALVADOR - BA.

PROCESSO NÚMERO 0053018-78.2024.8.05.0001

JONAS DE JESUS DANTAS, já qualificado nos autos em epígrafe, vem,


devidamente representado pelo seu advogado, muito respeitosamente
perante Vossa Excelência interpor o presente RECURSO INOMINADO
contra a decisão que JULGOU IMPROCEDENTE O PEDIDO
CONSTANTE NA INICIAL, em ação que move em face da ré, também
já devidamente qualificada, BANCO BRADESCARD S.A cujas razões
seguem anexas. Desde já, vem requerer, seja o recurso recebido e
remetido às turmas recursais.

I – DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

Ab initio, importa de logo informar que é a requerente pessoa de


origem humilde, sem condições de arcar com eventuais custas
processuais sem prejuízo do seu sustento ou de sua família, razão pela
qual roga de logo pela concessão do benefício da gratuidade
judiciária nos moldes do artigo 99 do Código de Processo Civil, bem
como da Lei de Gratuidade Judiciária (Lei nº 1060/50).

Nesses termos, Pede deferimento.

Salvador, data do protocolo.

MATHEUS DOS SANTOS BATISTA

OAB/BA 70173

Assinado eletronicamente por: MATHEUS DOS SANTOS BATISTA;


Código de validação do documento: 9e4f53d2 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
RAZÕES DA RECORRENTE EGRÉGIA TURMA JULGADORA

DOS FUNDAMENTOS:

A presente lide versa quanto a indicação do nome da parte


autora em “prejuízos/vencido” lançado pelo Réu, de informações
passadas, que não podem mais ser alvo de negativação, para que
possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos
fornecedores de maneira nitidamente ilícitas.

Nesse sentido, após transcurso de todo procedimento previsto, a


sentença ora exposta e guerreada, o ILMO. Julgador de base,
entendeu pela improcedência da ação, o que não merece prosperar,
pelos fatos e argumentos a seguir expostos.

Observa-se do dispositivo:

“[...]Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES os


pedidos formulados na petição inicial. Declaro
extinto o processo, com julgamento do mérito, na
forma do art. 487, I, do CPC. Sem custas e sem
honorários, nessa fase processual, de acordo com o
artigo 55, da Lei 9.099/95.

Em caso de requerimento da concessão do


benefício da assistência judiciária gratuita para fins
recursais, fica desde já, independentemente de
intimação, a parte requerente ciente da
necessidade de juntada de comprovantes de
hipossuficiência econômica, tais como, carteira de
trabalho, declaração de imposto de renda e
assemelhados, para análise deste Juízo, SOB PENA
DE PRECLUSÃO. “

Assim, conforme pode ser observado nos andamentos processuais


e audiências realizadas com as devidas provas produzidas, não há
qualquer evidência em desfavor do recorrente, nenhuma
documentação sequer que corrobore com a tese da acionada.

Assinado eletronicamente por: MATHEUS DOS SANTOS BATISTA;


Código de validação do documento: 9e4f53d2 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Ainda, que como demonstrado, fato é que o nome do autor da
ação, ora recorrente, está nos registros do Banco Central do Brasil
(BACEN) e este é o maior objeto da presente ação!

Atrelado a isto, a falta de notificação é considerada um


agravante, uma vez que a requerente jamais foi notificada do
apontamento, sendo cerceado o direito à informação, bem como a
correção de eventual erro, inconsistência ou excesso.

É crucial observar que o registro no SISBACEN tem implicações


significativas, uma vez que o sistema é reconhecido por ter um caráter
restritivo de crédito pelo próprio STJ, sendo esse aspecto especialmente
relevante, pois as informações registradas no SCR são utilizadas pelas
instituições financeiras como base para suas decisões durante a
celebração de contratos com consumidores em geral e afetam
substancialmente a capacidade do recorrente de realizar transações
financeiras e contratar serviços bancários, reforçando a relevância do
pleito da parte recorrente na presente ação.

A Ré quedou-se inerte no que se refere a comprovação de


qualquer alegação contra a parte autora!

Ainda, segundo o art. 5º, XXXIII CRFB 88, todos têm direito a
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Dessa forma, resta patente as afirmações constantes na Exordial,


pois, a parte autora jamais teve qualquer tipo de transparecia ou
informações do ocorrido pelo Réu, é direito do consumidor, portanto da
parte autora, ter acesso às informações existentes em cadastros, fichas,
registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele.

Em função disso, em 1990, quando elaborado o Código de


Defesa e Proteção do Consumidor (CDC), uma das preocupações foi
com o controle dos arquivos de consumo e os direitos da personalidade
dispostos também no código civil de 2002.

Diante disto, a Empresa Ré não comprovou a existência de


qualquer débito entre as partes e o consequente inadimplemento da
parte Autora pela qual a instituição financeira utilizou da sua
legitimidade para realizar a inclusão e deve ser condenada a realizar
exclusão da inscrição do nome da devedora no referido sistema.

Assinado eletronicamente por: MATHEUS DOS SANTOS BATISTA;


Código de validação do documento: 9e4f53d2 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Assim, Excelências, não houve a devida observância ao caráter
tríplice dos danos morais, quais sejam indenizatório, punitivo e
pedagógico, a fim de que se desestimule das mesmas práticas
reiteradas da Ré.

A parte autora é pessoa honesta, sendo vítima de tal situação,


não apenas se vê instantaneamente destituída do seu direito ao
crédito, como também fica marcada pela revolta e intranquilidade
pessoal, mormente aqueles que passam a vida enaltecendo sua
integridade moral e financeira.

Pende destacar ainda, com todo respeito a Decisão do Juiz A


quo, tal sentença deve ser REFORMADA nesse quesito, haja vista que,
conforme demonstração abaixo, motivo não havia PARA NO PRESENTE
CASO, ESTA TURMA MANTER TAMANHA ILICITUDE DA RECORRIDA SEM
UMA CONDENAÇÃO JUSTA EM DANOS MORAIS.

Neste ponto em específico, chama atenção a essa Nobre Turma


Recursal que, com todo respeito data máxima vênia, o Magistrado
DEIXOU DE APLICAR UMA COMPENSAÇÃO COERENTE com a situação
das partes envolvidas, a gravidade do dano e o tríplice escopo da
Reparação, qual seja: indenização, punição e pedagógico, uma vez
que tal condenação não serve de exemplo para a desestimular as
reiteradas práticas ilícitas dessa Recorrida.

Ora Nobre Julgadores, a ideia de conferir o caráter de pena à


indenização do dano moral pode ser justificada pela necessidade de
proteção da dignidade da pessoa e dos direitos da personalidade,
sobretudo em situações especiais, nas quais não haja outro instrumento
que atenda adequadamente a essa finalidade, respondendo,
outrossim, a um imperativo ético que deve permear todo o
ordenamento jurídico.

Perceba-se que o “paradigma reparatório”, calcado na teoria de


que a função da responsabilidade civil é, exclusivamente, a de reparar
o dano, tem-se mostrado ineficaz em diversas situações conflituosas, nas
quais ou a reparação do dano é impossível, ou não constitui resposta
jurídica satisfatória, como se dá, por exemplo, quando o ofensor obtém
benefício econômico com o ato ilícito praticado, mesmo depois de
pagas as indenizações pertinentes, de natureza reparatória e/ou
compensatória; ou quando o ofensor se mostra indiferente à sanção
reparatória, vista, então, como um preço que ele se propõe a pagar
para cometer o ilícito ou persistir na sua prática.

Assinado eletronicamente por: MATHEUS DOS SANTOS BATISTA;


Código de validação do documento: 9e4f53d2 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Consagrados os critérios que norteiam o arbitramento da
indenização por danos morais, não pode se afastar o caso dos
presentes autos destes parâmetros. A doutrina é clara ao relatar como
deve proceder ao determinar o quantum indenizatório. Nunca é demais
nos atermos aos ensinamentos de Sergio Cavalieri Filho, principalmente
no que concerne o tema em debate. Neste sentido:

“Creio que na fixação do quantum debeatur da


indenização, mormente tratando-se de lucro
cessante e dano moral, deve o juiz ter em mente o
princípio de que o dano não pode ser fonte de
lucro. A indenização, não há dúvida, deve ser
suficiente para reparar o dano, o mais
completamente possível, e nada mais. Qualquer
quantia a maior importará enriquecimento sem
causa, ensejador de novo dano.” (2009, p. 93).

Mas a mais, conforme jurisprudência pacífica dos tribunais


brasileiros, a inclusão indevida do nome do autor na lista de restrição de
crédito dos bancos, como o SCR, configura ato ilícito passível de
reparação por danos morais.

Tal conduta gera abalo moral, angústia e constrangimento ao


autor, além de prejudicar sua capacidade de obter crédito e realizar
transações financeiras.

Destaca-se ainda a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


(STJ), que reconhece o direito à indenização por danos morais nos
casos de inscrição indevida em cadastros de inadimplentes, como o
SCR.

Assim, considerando a gravidade do dano sofrido pela parte


autora e a necessidade de coibir práticas abusivas por parte das
instituições financeiras, requer-se a procedência do pedido de
indenização por danos morais.

Ante o exposto, requer seja dado provimento ao presente


Recurso Inominado por esta Turma Recursal “ad quem”, com a reforma
da r. sentença CONDENADO A RÉ EM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL,
assim como a condenação destas a pagar honorários de sucumbência,
por questão de direto e de justiça.

Assinado eletronicamente por: MATHEUS DOS SANTOS BATISTA;


Código de validação do documento: 9e4f53d2 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
CONCLUSÃO

Diante do exposto e por tudo o mais que dos autos consta, e


conhecedora do saber jurídico e do senso de justiça que norteiam estes
Doutos Julgadores, requer o Recorrente DÊ PROVIMENTO AO PRESENTE
RECURSO, para que, desta forma, seja JULGADO PROCEDENTE TODOS
OS PEDIDOS CONSTANTES NA INICIAL, no intuito de determinando que a
requerida promova a exclusão do apontamento discutido nestes autos,
condenando ainda a Recorrida indenizar a recorrente pelos danos
morais causados na honra subjetiva da parte Recorrente, face ao
descaso com o qual tratou este caso, bem como pelas dificuldades e
constrangimentos relativos ao ocorrido, no importe de R$ 20.000,00 (-),
julgando assim, o presente RECURSO TOTALMENTE PROCEDENTE.

Pede deferimento.
Salvador, data do protocolo.
ASSINADO ELETRONICAMENTE

MATHEUS DOS SANTOS BATISTA

OAB/BA 70173

Assinado eletronicamente por: MATHEUS DOS SANTOS BATISTA;


Código de validação do documento: 9e4f53d2 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.

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