Comportamentos Desafiadores e Agressivos

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COMPORTAMENTOS

DESAFIADORES E
AGRESSIVOS

Organizado por Laila Braga – CRP03/10329


KIT DE FERRAMENTAS PARA COMPORTAMENTOS DESAFIADORES E
AGRESSIVOS

“Johnny está sempre fugindo e isso exige constante supervisão. Susie grita e tapa os
ouvidos sempre que um avião sobrevoa o local; ela sempre consegue ouvi-los antes de
qualquer outra pessoa. Ela também grita em outras situações e é difícil fazê-la parar.
Tommy se recusa a usar sapatos, arremessando-os em qualquer um que tente fazê-lo
colocá-los. Maria não gosta de andar de ônibus e todo dia morde sua mãe enquanto é
levada até o ponto de ônibus. José só vai comer três alimentos e eles nunca podem se
tocar em seu prato; se isso acontece é um “Deus nos acuda”. Sally bate em sua própria
cabeça sempre que alguém lhe diz ‘não’”.
Às vezes, as dificuldades decorrentes do autismo podem levar a comportamentos
que são bastante difíceis de entender e tratar. A maioria dos indivíduos com autismo, em
algum momento da vida, apresentará algum tipo de comportamento desafiador. Muitas
vezes, esses comportamentos podem ser resultado das condições subjacentes associadas
ao autismo.

OBJETIVO DESTE KIT DE FERRAMENTAS


Os comportamentos desafiadores representam algumas das características mais
preocupantes e estressantes do autismo. Muitas vezes, esses comportamentos podem
causar danos ou prejuízos, estresse em familiares e funcionários, isolamento e desgaste
do cuidador. Os pais podem se sentir culpados ou responsáveis, mas é importante saber
que você não deve se culpar por comportamentos que você considera difíceis. Às vezes,
os passos extraordinários que os pais dão para seus filhos com necessidades especiais
podem não ser suficientes, podendo haver a necessidade de apoios e recursos adicionais.
É importante não considerar o seu filho ou esses comportamentos como “ruins”, mas
aprender como entender e responder melhor a essas situações desafiadoras para que
qualquer pessoa possa controlá-los facilmente. Este kit apresenta estratégias e recursos
que vão lhe ajudar e encaminhar aos profissionais da sua comunidade. Para os fins deste
kit de ferramentas, classificamos os comportamentos desafiadores como
comportamentos que:
 São prejudiciais (ao indivíduo ou a outras pessoas);
 São destrutivos;
 Impedem o acesso à aprendizagem e à participação plena em todos os
aspectos da vida da comunidade;
 Fazem com que outros rotulem ou isolem o indivíduo por ser estranho ou
diferente;
Os comportamentos desafiadores podem ocorrer durante todo o ciclo de vida de
um indivíduo com autismo. Os principais sintomas e correlatos do autismo podem ser
ajustados ao longo do tempo e, por isso, muitos indivíduos vivenciam o autismo em
vários estágios de vida, podendo resultar em novos comportamentos. Muitas vezes, o
comportamento de um indivíduo pode variar consideravelmente, inclusive de uma hora
para outra, em resposta a questões internas (como dor de estômago) ou externas
(pessoas, lugares, sons, níveis de atividade etc.). Além disso, muitos indivíduos com
autismo enfrentam outros problemas associados e condições simultâneas (comórbidas).
Conforme o tempo passa, as famílias e os cuidadores se adaptam para atenderem
as necessidades e demandas de seus entes queridos. Às vezes, suas respostas e
expectativas podem levá-los a um lugar que se torna difícil para todos.
Esses sentimentos, muitas vezes aumentam os níveis de estresse e podem até
limitar o acesso a seus próprios amigos e à comunidade.
Às vezes, à medida que as crianças crescem e se tornam mais fortes, os
comportamentos desafiadores podem atingir níveis de crise. Muitas famílias que já
enfrentaram as batalhas decorrentes do autismo podem passar por situações de crises
quando seu filho avança a infância ou chega à adolescência. Isso pode ocorrer em
virtude dos desafios, que aumentam à medida que a criança se torna maior e mais forte,
ou por causa de novos fatores que acompanham o crescimento ou a puberdade. Para
tratar problemas mais significativos que possam criar risco à criança ou a outras
pessoas, posteriormente, você encontrará neste kit uma seção para ajudar a administrar
uma crise.
“Quando James completou 18 anos, ele tinha 1,88 m, pesava 95 kg e era forte. Ele
estava aprendendo que a agressão era uma maneira eficaz de evitar tarefas que ele não
gostava, porque funcionava; eu estava com medo dele. Toda manhã, quando pedia
para James arrumar a cama, ele geralmente começava fazendo corretamente, mas
muitas vezes cometia erros. Quando eu falava que ele tinha cometido um erro, ele
começava a se morder e a me bater para que eu me afastasse e saísse da sala. Mas isso
fez com que James escapasse da tarefa de fazer a sua cama e mostrou a ele – e a mim –
que a sua agressão funcionou! Com uma pequena ajuda de um consultor
comportamental, decidi que sempre que James começasse a ficar chateado ao fazer sua
cama, eu lhe induziria a dizer: “Mãe, me ajuda?”. Entendi que esse comportamento
tinha o mesmo propósito que a sua agressividade e autolesão. "Quando James pedia
ajuda, eu o ajudava, o que nos deixava muito menos frustrado”. – AG, mãe.
O princípio norteador utilizado no desenvolvimento deste kit é que cada
indivíduo com autismo, bem como sua família devem se sentir seguros e apoiados, e
viver uma vida saudável repleta de propósito, dignidade, escolhas e felicidade.
Com isso em mente, você notará que todo este kit destaca abordagens positivas e
sugestões. O quadro geral e os princípios de intervenção inclusos são relevantes em
qualquer fase da vida; por isso, incluímos informações básicas, com links para mais
informações e recursos sobre diversos temas.
Neste kit de ferramentas, o termo autismo incluirá todos os distúrbios do
espectro do autismo, que resultam em diferenças sociais, de comunicação e
comportamentais inerentes a essa população. Embora reconheçamos que o espectro do
autismo englobe homens e mulheres, para fins de simplificação, usamos o pronome
“ele” para representar ambos os sexos.

POR QUE O AUTISMO ESTÁ ASSOCIADO A COMPORTAMENTOS


AGRESSIVOS E DESAFIADORES?

O autismo em si não causa comportamentos desafiadores. No entanto, é provável


que alguns dos processos biológicos subjacentes que resultam no autismo também
resultem em comportamentos que estejam fora do controle de uma pessoa – algo
parecido com os tremores associados ao mal de Parkinson, que são provocados por
impulsos que a pessoa não pode controlar. Além disso, algumas respostas
comportamentais são meros reflexos – como aqueles movimentos de pernas quando o
médico toca o martelo no joelho do seu filho.
“Alguns desses comportamentos que a maioria dos profissionais e muitas famílias não
consideram desafiadores – como fazer barulhos estranhos, repetir frases, fechar e abrir
as portas de forma repetitiva –, podem não ser perigosos ou destrutivos. Mas, com
certeza, podem ser irritantes e aumentar os níveis de estresse de todos. E quando se
pede repetidas vezes para que o indivíduo pare de agir daquela maneira e ainda assim
ele continua, uma coisinha de nada pode se tornar uma avalanche, podendo criar uma
tensão que faz com que todos se comportem de maneiras que se tornam problemáticas.
Aprender a pensar e a lidar com esses comportamentos irritantes certamente mudou a
forma como agíamos enquanto família e melhorou a nossa qualidade de vida.” – NM,
mãe.
Além disso, as principais características do autismo são áreas em que as
dificuldades podem levar a sentimento de frustração, confusão, ansiedade ou falta de
controle, resultando em respostas comportamentais. Já que, muitas vezes, o
comportamento é uma forma de comunicação, muitos indivíduos com autismo – bem
como aqueles sem autismo – expõem seus desejos, necessidades ou problemas por meio
de comportamentos, em vez de palavras. Isso não significa que sempre se comunicam
de forma consciente. Por exemplo, fugir de um cachorro que está latindo pode ser a luta
biológica da criança ou a resposta de fuga diante de situações assustadoras ou até
mesmo de algo que você não considere assustador. Da mesma forma, relaxar e se
deslocar para um lugar tranquilo pode ser a forma de uma criança dizer “aqui tem muita
gente e barulho para que eu possa suportar”. Essa pode ser uma resposta automática no
momento, não uma escolha que ele esteja fazendo.
Os comportamentos desafiadores têm mais probabilidade de aparecerem quando
a pessoa está se sentindo infeliz ou doente. Questões médicas, problemas de saúde
mental ou respostas sensoriais que não podemos ver, podem trazer dor ou desconforto a
uma pessoa com autismo de maneira que não possamos entender, principalmente
quando esta for incapaz de expor essa situação.
“De uma hora para outra, quando Mark tinha cerca de oito anos de idade, vimos a
necessidade dar ordens a ele. A mudança veio durante a noite. Se abríssemos um
armário, ele fechava. Colocar e tirar louças da máquina de lavar louças era
impossível; ele não suportava porta aberta. Era enlouquecedor para nós e uma
evidente compulsão para ele. Ele se tornou ansioso e agia como se não disséssemos
nada. Felizmente, o nosso médico fez alguns testes e identificou que ele tinha
anticorpos elevados para estreptococos e, provavelmente, a compulsão era devido a um
tipo de transtorno obsessivo-compulsivo chamado PANDAS. Não era fácil tratar os
fatores biológicos e levou muito tempo para resolver, mas a forma como respondíamos
ao seu comportamento mudou completamente quando percebemos que ele não estava
fazendo isso para nos deixar loucos, e que ele não tinha o controle de seus atos mais do
que nós. Trabalhamos muito na construção de sua tolerância em relação à
flexibilidade, pouco a pouco e por meio de estímulos positivos. De vez em quando, ele
voltava para sua natureza flexível, mas tivemos que adaptar nosso comportamento para
ajudá-lo de forma que funcionasse para todos nós”. – SP, pai.
Muitos comportamentos também são respostas a experiências anteriores. Um
bebê que recebe um sorriso quando resmunga geralmente aprende a resmungar com
mais frequência. O mesmo ocorre com os comportamentos desafiadores. Se uma criança
aprendeu que gritando ela fica fora de uma tarefa difícil, então provavelmente ela gritará
no futuro para escapar. A forma como respondemos às suas ações pode ter um efeito
significativo sobre o que ele fará na próxima vez que estiver em uma situação
semelhante.
Por causa das diferenças de aprendizagem que o autismo pode trazer, as pessoas
com autismo podem precisar de abordagens especializadas em aprenderem o
comportamento apropriado. Por exemplo, o olhar repreensivo que faz com que o seu
filho de dois anos de idade pare de fazer algo pode não significar nada para um de 30
anos de idade com autismo que não aprendeu a reconhecer as emoções e expressões
faciais.
Sem algumas das competências e habilidades que a maioria de nós desenvolve
durante a infância e fase adulta, as pessoas com autismo muitas vezes estão usando
apenas as ferramentas que sabem usar. Portanto, esse comportamento pode ser
melhorado quando os ajudamos a aumentarem as ferramentas que estão disponíveis a
eles para que se comuniquem, reconheçam as suas próprias respostas biológicas e
comportamentais, e sejam mais bem capacitados para se acalmarem e se controlarem.

PESQUISA SOBRE AGRESSÃO NO AUTISMO


Um estudo recente sobre agressão no autismo apontou algumas tendências interessantes em
termos de fatores de risco, que podem fornecer algumas percepções sobre os
comportamentos desafiadores de modo geral:
 Há um índice de agressividade muito maior para com os cuidadores de pessoas com
autismo do que para com cuidadores da população em geral e de outros com
deficiência intelectual.
 Ao contrário dos fatores de risco em uma população normal, a agressão foi
igualmente comum em meninas e meninos com autismo. Vários outros fatores de
risco usuais – baixo QI, baixa capacidade de linguagem, pais com pouca
escolaridade – não foram associados ao maior risco de autismo.
 A pesquisa também mostrou que, assim como na população normal, a idade foi um
fator de risco, com níveis de agressão mais elevados ocorrendo pessoas mais
jovens, o que pode sugerir que o aprendizado e o crescimento podem ajudar a
melhorar comportamentos.
 As crianças com autismo no risco de agressão mais elevado exibiram as seguintes
características:
1. Mais comportamentos repetitivos, especialmente comportamentos de
autoflagelação ou ritualísticos, ou resistência extrema a mudanças;
2. Maior comprometimento social autista.

Esses resultados mostram que os principais sintomas do autismo estão associados com o
risco de agressão. Talvez condições subjacentes, tais como a falta de compreensão social
ou o desconforto associado com a quebra de uma rotina poderiam favorecer um
O QUE SE DEVE SABER SOBRE COMPORTAMENTO?
Antes de analisar o comportamento desafiador de forma isolada, é preciso pensar
sobre o comportamento humano em geral. Alguns comportamentos são biologicamente
compulsivos – comemos quando estamos com fome – ou reflexivos – cobrimos nossos
ouvidos quando um barulho é muito alto.
Mas na maioria das vezes, o comportamento ocorre porque tem uma função e/ou
produz um resultado. Comer tem a função de saciar a fome; cobrir nossos ouvidos
suaviza o impacto do ruído alto. O comportamento também representa uma forma de
comunicação. Ver uma pessoa cobrir seus ouvidos, mesmo quando não percebemos um
ruído que seja ofensivo, pode significar que ela é particularmente sensível ao som.
É importante lembrar que qualquer indivíduo está dando o seu melhor em cada
situação, dadas as suas habilidades, formação, estado físico e emocional, e experiências
passadas. Podemos classificar certos comportamentos como um desafio porque nós,
enquanto indivíduos ou sociedade, temos dificuldades em aceitar essas pessoas. Será
importante para você se tornar um observador atento, trabalhando para entender o
propósito dos comportamentos. Parar e refletir por que uma pessoa pode se comportar
de certa maneira é o primeiro passo importante para entender e aprender como ajudar.
Também é essencial reduzir a sua própria frustração. Na verdade, muitas vezes é preciso
pensar nas ações de um indivíduo como uma resposta, em vez pensar neles como um
comportamento pré-determinado ou intencional.
No entanto, há uma diferença entre entender os comportamentos que nós ou a
sociedade não consideram apropriados e aceitar esses comportamentos. Por exemplo, é
preciso ter como objetivo determinar por que uma criança precisa chutar e, então,
desenvolver suas habilidades para a comunicação – por exemplo, “preciso de uma
pausa” – em vez de permitir o chute como uma forma de comunicação. Da mesma
maneira, é essencial trabalhar para entender e tratar problemas biológicos que podem
causar comportamentos desafiadores.
“O professor do Sam se mudou para outra cidade, então ele entrou em seu segundo
ano do ensino médio com uma instrutora íntima, mas menos qualificada. Não demorou
muito e, todas as manhãs ele ia ao escritório da enfermeira e passava o primeiro
período em sua cama. É evidente que a nova professora ficou preocupada e os
funcionários da escola acreditavam que isso se refletia no comportamento do Sam,
aumentando também a ansiedade dele. Talvez essa fosse uma maneira de evitar as
tarefas, visto que havia um monte de exigências de linguagem nas aulas de habilidades
sociais do primeiro período. Até que, em uma manhã, ele acabou vomitando, mas assim
que chegou em casa, estava claro que Sam não estava doente. Logo, os outros
funcionários notaram que ele iria virar a cabeça para o lado e os seus olhos iria rolar
durante o período imediatamente após o almoço. Notamos também uma tendência de
deitar no sofá em casa depois do jantar. Foi quando consultamos o gastroenterologista
e ele foi diagnosticado com refluxo. Todos esses comportamentos estranhos e as idas
ao escritório da enfermeira diminuíram após o tratamento”. – ED, mãe.
Ao pensar sobre o seu ente querido que apresenta comportamentos difíceis, é
importante considerar também seus aspectos positivos e pontos fortes. Mostre respeito
por seus pensamentos, sentimentos e pela probabilidade de que ele entende muito mais
– ou talvez muito menos – do que você possa imaginar. Tome cuidado para não falar
sobre ele na sua presença, pois é provável que ele entenda mais do que pareça. Fale com
ele e forneça informações, mesmo se você não tiver certeza de que ele entende o que
você está dizendo. É importante desenvolver a confiança de seu filho e moldar sua
motivação e propósito em comportamentos mais aceitáveis.

FUNÇÃO DO COMPORTAMENTO
Sempre que o comportamento ocorrer, é importante considerar o propósito ou a
função de tal comportamento. Embora alguns comportamentos sejam provocados
biologicamente, muitos são aprendidos ao longo do tempo e por meio de experiências, e
moldados pelo que acontece antes e depois que um comportamento ocorre. Outros
comportamentos podem ter começado como um resultado biológico – como o ato de
coçar –, mas podem se transformar em algo que apresente uma função diferente – como
o ato de coçar para chamar a atenção de um professor.
“Educadores especiais – e pais – precisam olhar para o que uma criança pode fazer
em vez de olharem para o que não podem fazer. É preciso dar mais ênfase em construir
e expandir as habilidades positivas de uma criança. Muitas vezes, as pessoas se
prendem a um rótulo como a dislexia, TDAH ou ao autismo, e não conseguem ver além
do rótulo. As crianças que recebem um rótulo muitas vezes têm habilidades irregulares.
Elas podem ser talentosas em uma área e ter uma deficiência real em outra. É
importante trabalhar em áreas nas quais a criança seja fraca, mas dar ênfase nas
fraquezas não deve chegar ao ponto em que a construção da área de apoio seja
negligenciada”. – Temple Grandin, Ph.D.
Como exemplo, podemos citar o ato de pedir algo para comer e receber um
biscoito. A função do pedido é obter o biscoito. Para uma criança com habilidades
linguísticas limitadas, as estratégias envolvidas na obtenção de um biscoito podem ser
muito diferentes. Mas, se o resultado final for o mesmo, não importa o que o indivíduo
precisou fazer para ser alimentado, essa foi a forma que ele aprendeu para "conseguir
um biscoito". Ao longo do tempo, um indivíduo com desafios de comunicação
significativos é propenso a desenvolver alguns criativos e interessantes métodos de
comunicação – alguns dos quais podem ser considerados desafiadores.

A FUNÇÃO DOS COMPORTAMENTOS DESAFIADORES


Os comportamentos desafiadores, tais como agressão, interrupção ou
autoflagelação são muitas vezes uma séria preocupação dos cuidadores de pessoas que
tenham autismo e outros problemas de desenvolvimento. Muitos desses
comportamentos desafiadores são aprendidos e mantidos por aquilo que acontece
imediatamente antes e depois do comportamento problemático. Por serem
comportamentos aprendidos, os comportamentos problemáticos podem ser modificados
por meio da administração ou alteração de situações do ambiente, especialmente
eventos antes e depois do problema. Na maioria dos casos, o comportamento desafiador
é visto como uma forma de pedir ou comunicar um resultado preferido – por exemplo, o
acesso a brinquedos, alimentos, interação social ou interrupção de uma atividade
desagradável. Portanto, o objetivo é substituir um “pedido” por uma comunicação mais
adaptativa (apropriada e eficaz).
A seguir, algumas perguntas que você pode fazer sobre o porquê de uma pessoa
se comportar de determinada maneira:
 Esse comportamento começou de repente? Se sim, então pode ser que
meu filho esteja doente ou que outra mudança tenha causado isso?
 Há alguma questão médica subjacente ou condição que o esteja tornando
reativo? Cansado? Estressado?
 O que meu filho está querendo com esse tipo de comportamento? Ele
está tentando fugir de algo?
 O que ele está tentando me dizer? O que posso aprender com isso?
 Isso acontece em determinados lugares, com pessoas específicas ou
quando ele está com fome ou cansado? Há algo que podemos ajustar nos
arredores que possa melhorar a situação?

 O que acontece antes do comportamento? Há algo que aumenta a


probabilidade de o comportamento ocorrer?
 O que acontece depois que o comportamento ocorre? O que contribui
para que este comportamento continue ocorrendo? O que faz com que o
comportamento funcione como uma ferramenta para essa pessoa?
 O que eu geralmente faço para impedir que meu filho tenha esse
comportamento? Eu – ou outra pessoa – estamos dando mais atenção a
ele ou fazendo algo que possa tornar o comportamento eficaz para que
ele consiga o que quer?
Se você tiver uma ideia de quando ou por que um comportamento está
acontecendo, você poderá perceber que há soluções simples que ajudam a melhorar a
situação e diminuir a probabilidade de um comportamento indesejado ocorrer. Também
é essencial lembrar que os comportamentos mudam e que as pessoas se adaptam.
O mesmo comportamento que tem uma função específica em uma situação pode
ter um propósito diferente em outro ambiente. Em outras palavras, uma mordida pode
ser uma demonstração de frustração quando uma criança quer algo que consegue pedir.
Também pode ocorrer quando ela está com medo e precisa fugir ou ainda pode ser uma
resposta automática ao estresse intenso. E, apesar de ser o mesmo comportamento –
morder –, as razões para que ele ocorra (a função) podem ser muito diferentes.
O comportamento geralmente tem várias funções:
 Obter um objeto ou resultado desejado
 Escapar de uma tarefa ou situação
 Chamar a atenção, seja positiva (aplaudir) ou negativa (gritar)
 Tentar se acalmar, se controlar ou se sentir bem (estímulos sensoriais)
 Bloquear ou ficar longe de algo doloroso ou incômodo (fuga sensorial)
 Resposta a alguma dor ou desconforto. Tentar obter controle sobre um
ambiente ou situação (autodefesa).
Pode-se fazer melhorias alterando situações e ambiente, ou as coisas que vêm
antes e depois do comportamento problemático. E, sabendo que o comportamento é
muitas vezes uma forma de comunicação, ensinar formas de comunicação mais
adaptativas e apropriadas muitas vezes pode transformar comportamentos problemáticos
em pedidos, respostas e protestos mais adequados.
“Antes eu conseguia me expressar com a minha fala, era a única maneira que eu
conhecia para fugir de situações e pessoas. Não gostava de bater, morder e correr.
Não queria machucar ninguém, mas eu simplesmente não suportava mais ficar lá e não
poderia explicar meus pensamentos ou sentimentos de nenhuma outra forma. Tantas
coisas me incomodavam; era como sentir uma dor intensa. Agora que eu tinha anos de
prática – primeiro com a sinalização e depois com o meu dispositivo de comunicação –
eu posso usar a minha fala e outras formas de comunicação para pedir uma pausa ou
por um espaço tranquilo, em vez de usar a agressão. As coisas estão muito melhor para
mim agora”. – DR, uma jovem com autismo.
Antes de desenvolver intervenções formais, é importante considerar o vasto
leque de possíveis fatores contribuintes, incluindo os biológicos. Determinar
adequadamente a função é, então, essencial para a criação de um plano que pode
efetivamente tratar o comportamento.
Por exemplo, se uma criança está batendo em sua mãe, a fim de fugir da
obrigação de arrumar sua cama, colocar a criança em "exclusão temporária" seria, na
verdade, dar à criança o que ele queria (evitar a tarefa) e, portanto, apoiar (reforçar) o
comportamento. Nesse caso, ela estaria inclinada a bater novamente para escapar. Em
vez disso, se for determinado que a criança bate porque a tarefa é muito difícil, tornar a
tarefa mais fácil pode permitir que ela permaneça envolvida e elimine a necessidade de
bater. Talvez você queria começar ajudando a criança a fazer a cama, mas não se
esqueça que ela deve terminar o trabalho corretamente, colocando o último travesseiro.
Ao considerar o comportamento, é importante olhar para o indivíduo como um
todo, e considerar comportamentos produtivos, bem como comportamentos desafiadores
ou mal adaptativos. Também é importante reconhecer que o que se pode considerar
comportamento negativo pode ter elementos positivos; o indivíduo pode estar
defendendo suas necessidades ou desejos. É essencial construir habilidades adequadas
de autodefesa e autodeterminação.
As pessoas com autismo muitas vezes relatam que acham o mundo confuso e
produtor de ansiedade. Muitos dos apoios de sucesso para aumentar o comportamento
adequado envolvem a criação de mais previsibilidade e segurança, mas também a
construção de habilidades de autocontrole, comunicação e autodeterminação. Junte-se
ao seu filho onde ele está agora, comemore as coisas que ele faz bem, tome pequenos
passos positivos para desenvolver as habilidades e a confiança que vão torná-lo mais
adaptado à sua família e ao mundo ao seu redor.
Lembre-se de duas coisas vitais:
Ao aplicar os princípios de comportamento, você vai ensinar ao indivíduo uma
forma mais adequada de se obter o que quer – ou seja, atenção, acesso a materiais de
lazer ou evitar fazer uma tarefa etc.
 Consistência é vital: embora a intervenção de comportamento
baseado em função seja muito eficaz, para que seja mais bem sucedida, deve ser
implementada de forma consistente em todos as ocorrências pela maioria das
pessoas que interagem com o indivíduo.
 Dar prosseguimento é vital: mais importante ainda, a intervenção
de comportamento deve continuar mesmo se o comportamento desafiador
começar a diminuir ou se a medicação ou dieta funcionar. Esperar um efeito
duradouro sem manter o agente de mudança – ou seja, o tratamento do
comportamento, medicação ou dieta – só vai gerar frustração e fracasso. Com
consistência e adesão às diretrizes comportamentais, você verá uma mudança
gradativa no comportamento desafiador do indivíduo.

POR QUE É IMPORTANTE FAZER ALGO RELAÇÃO AOS


COMPORTAMENTOS DESAFIADORES?
Identificar o problema e ajustar a situação pode ser simples o suficiente para
mudar comportamentos desafiadores; mas nem sempre isso dá certo. Em casos assim,
comportamentos desafiadores persistentes podem ser um sinal de que um indivíduo
precisa de ajuda. Pode ser por meio de uma avaliação médica ou de um tratamento
especial, caso algo esteja afetando sua saúde. Ou pode exigir algumas alterações nos
apoios, habilidades e ferramentas que permitirão que ele se sinta confortável, seguro,
ouvido e confiante.
O comportamento desafiador pode refletir a única maneira de um indivíduo para
lidar com uma dificuldade em um determinado momento. Sem a intervenção adequada,
esses comportamentos tendem a persistirem e podem piorar, criando um ciclo cada vez
mais desafiador para você e seu ente querido. Promover e ensinar um comportamento
adaptativo o mais brevemente possível, é essencial para o crescimento de longo prazo.
“Antes de Lindsay começar a falar, só conseguíamos imaginar o que estava causando
tanta dor. É realmente horrível não poder fazer nada para ajudar o seu próprio filho. E
quando ela estava agressiva ou feria a si mesma, não havia nenhuma maneira de me
sentar e gastar tempo para descobrir o que estava causando isso. Eu tinha que intervir
imediatamente, me afastar dela ou imobilizar os seus braços. Depois que aprendemos a
ver seus comportamentos como sua forma de comunicação, começamos a entender o
propósito por trás deles. Aí sim, pudemos realmente focar no fortalecimento de suas
poucas habilidades de comunicação. Finalmente, seus comportamentos problemáticos
se tornaram cada vez menos frequentes conforme eram substituídos pela linguagem”. –
BK, pai.
Sua capacidade de aprender as ferramentas para lidar e remodelar
comportamentos desafiadores o mais cedo possível é importante para a qualidade de
vida de seu ente querido e de sua família. Muitos pais fazem ajustes sutis para se
adaptarem ao comportamento de seu filho, mas, com o tempo, eles podem derivar
padrões que se tornam um “novo normal”. Isso pode fazer com que eles não saiam mais
às compras com o filho por causa de sua agressividade na comunidade. Também podem
deixar de levá-lo a visitas com a família ou amigos, porque o filho interrompe demais,
fazendo com que os pais percam os seus apoios e relacionamentos. Eles podem aceitar
que o filho acorde muito cedo, até que 6 da manhã se torna 5h, depois 4h e, então, todo
mundo está exausto e sem disposição. Com o tempo, os ajustes sutis – às vezes
chamados compulsão comportamental – podem se tornar difíceis de mudar e podem se
multiplicar e limitar o acesso da criança e de sua família a muitas coisas importantes na
vida.

Os comportamentos desafiadores podem ter um impacto significativo sobre o


indivíduo em muitos aspectos. Podem:
 Interromper o aprendizado acadêmico e, como resultado, limitar o
crescimento e o desenvolvimento de longo prazo;
 Limitar experiências e excluir uma pessoa de muitas oportunidades de
crescimento ao longo da vida, incluindo brincar, frequentar salas de aula
tradicionais, opções de lazer e, eventualmente, opções de trabalho,
condições de vida bem como a capacidade de estar integrado na
comunidade;
 Causar estafa física, dor, lesões, especialmente quando há envolvimento
de agressão e autoflagelo;
 Comprometer o estado psicológico de um indivíduo, resultando em
depressão, estresse, ansiedade e reduzir a autoconfiança e a autoestima;
 Prejudicar relações sociais, bem como longas interações de longo prazo
com irmãos, pais e outros membros da família;
 Afetar as finanças como resultado da empregabilidade e de despesas
médicas e com supervisão;
 Reduzir a independência e a escolha.

Os comportamentos desafiadores podem ter um impacto significativo sobre a


família em muitos aspectos. Os efeitos incluem:
 Estresse e preocupação;
 Isolamento social em decorrência do constrangimento ou estigma que
acompanha o comportamento mal adaptativo;
 Ansiedade e/ou depressão nos pais e irmãos;
 Menos tempo e atenção para outras responsabilidades, outros interesses
ou filhos;
 Perigo físico;
 Medo de ferir a si mesmo, outros membros da família ou o próprio
indivíduo;
 Menos apoio de outros cuidadores, parentes ou amigos, devido a
complexidades adicionais;
 Questões financeiras que resultem dos custos de cuidados e apoios
constantes, danos à propriedade, contas médicas ou a necessidade que
um pai pare de trabalhar;
 Esgotamento de pessoal mais rápido e aumento do volume de negócios;
 Comportamentos problemáticos que podem sobrecarregar a capacidade
da família de lidar ou intervir.

É importante tratar os comportamentos desafiadores e quanto mais cedo melhor.


Uma criança de 10 quilos com um comportamento reativo é um desafio, mas esse
mesmo comportamento em um adolescente que pese 80 é uma ameaça. Se o seu filho
apresenta comportamentos desafiadores que você não consegue mudar, é importante
procurar ajuda profissional.
QUAIS SÃO OS COMPORTAMENTOS DESAFIADORES COMUMENTE
APRESENTADOS POR INDIVÍDUOS COM AUTISMO?
Às vezes, saber mais sobre um comportamento em si ou aprender a linguagem
para descrever a um profissional os comportamentos que você vê pode ajudar os outros
a reconhecerem a gravidade do problema, a encontrarem os membros de equipe certos
ou maneiras para entender suas preocupações. A intensidade, frequência e gravidade
dos comportamentos podem variar consideravelmente entre os indivíduos e ambientes, e
podem mudar ao longo do tempo. Para muitas famílias, a lista abaixo pode parecer
extensa demais e muito além das preocupações que você tem para com o seu filho.
Alguns desses comportamentos ocorrem apenas raramente e muitos não irão descrever o
que você vê em seu filho. No entanto, qualquer um deles pode exigir que você
desenvolva novas habilidades ou perspectivas e podem ser tratados com a ajuda de
profissionais, quando ocorrerem.
INTERRUPÇÃO ocorre quando um indivíduo exibe comportamentos inapropriados
que interferem na função e no fluxo do que está ao seu redor. Como exemplo, podemos
citar a interrupção de uma aula, o processo de um ambiente de trabalho ou a capacidade
de um pai de fazer uma refeição. Os comportamentos podem incluir bater, chutar ou
atirar objetos, derrubar coisas, rasgar coisas, gritar, chorar ou xingar.
EVASÃO refere-se a fugir e não voltar para o lugar de onde uma pessoa saiu. No
autismo, a evasão é muitas vezes usada para descrever comportamentos nos quais uma
pessoa deixa um lugar seguro, um cuidador ou uma situação supervisionada, trancando-
se, perambulando ou fugindo.
INCONTINÊNCIA é, em geral, a incapacidade de controlar a eliminação de fezes ou
urina em um banheiro ou fralda. Às vezes, há uma questão física que pode exigir
tratamento ou treinamento e, possivelmente, ensino adicional. Para algumas pessoas,
esse pode ser um sinal de que há dificuldade em reconhecer sinais do corpo antes que
seja tarde demais. Às vezes, um indivíduo aprende a usar o "fazer xixi nas calças" ou
"urinar no chão", como um meio de ganhar a atenção ou escapar de uma tarefa ou
situação indesejável.
DESCUMPRIMENTO é usado para descrever quando um indivíduo não cumpre ou se
recusa a seguir as instruções, normas ou desejos de outra pessoa. O descumprimento
pode ser passivo, como não seguir uma direção, ou ativo, como choramingar/chorar,
tornar-se agressivo com outrem ou contra si mesmo. Vale lembrar que o
descumprimento pode ser proposital, mas às vezes também pode resultar da falta de
compreensão, falta de motivação, fadiga ou má organização, ou questões de
planejamento motor.
OBSESSÕES, COMPULSÕES E RITUAIS são muitas vezes impulsos fortes e
irresistíveis que podem resultar na dificuldade de uma pessoa em cooperar, lidar com
uma mudança ou ser flexível e se ajustar. A compulsão que envolve as obsessões e
rituais muitas vezes pode levar a novos comportamentos desafiadores se for
interrompida ou proibida.
 Uma obsessão ocorre quando os pensamentos ou sentimentos de uma
pessoa são dominados por uma determinada ideia, imagem ou desejo.
Por exemplo, uma pessoa que só quer falar de elevadores;
 Uma compulsão é o impulso para fazer algo em particular ou de uma
forma particular. Por exemplo, a necessidade de arrumar todos os garfos
na mesa de jantar;
 O termo ritual é usado para descrever um comportamento repetitivo que
a pessoa parece usar de forma sistemática, para se acalmar ou evitar a
ansiedade. Por exemplo, organizar todos os travesseiros de uma
determinada maneira antes de se deitar para dormir.

AGRESSÃO FÍSICA é um ato de força que pode causar danos a outra pessoa e pode
incluir bater, morder, agarrar, puxar os cabelos, dar tapa, chutar, beliscar, arranhar,
puxar, empurrar, dar cabeçadas ou jogar coisas.
DESTRUIÇÃO de bens inclui o comportamento em que os pertences ou bens são
danificados, arruinados ou destruídos e pode incluir quebrar, jogar, riscar, rasgar,
desfigurar pertences – seus ou de outras pessoas –, dentre outros.
AUTOFLAGELAÇÃO é a tentativa ou ato de causar dano ao corpo da própria pessoa.
A autoflagelação pode estar presente em vários comportamentos, incluindo bater a
cabeça, dar tapas na cabeça, agredir o próprio corpo, bater ou dar tapa em alguém,
pressionar o globo ocular, morder a si mesmo, apertar feridas e puxar o cabelo. A
automutilação, como cortar a pele, queimar ou quebrar um osso de alguém, é menos
comum no autismo, a menos que outras condições psiquiátricas ocorram.
INADEQUAÇÃO SEXUAL pode assumir várias formas no autismo, podendo ser
descrita como uma falta de inibição sexual ou um comportamento de "atuação". A falta
de controle de impulsos e a má compreensão social podem resultar em ações de
impulsos sexuais que as pessoas normalmente guardam para si, tais como avanços
sexuais (oferecimento), toque sexual, promiscuidade, expor a genitália de alguém,
masturbar-se em público, gemidos sexuais, telefonemas obscenos ou voyeurismo
(observar a intimidade de outras pessoas). Dependendo da gravidade e das
circunstâncias, a inadequação sexual pode gerar ou ser considerada uma agressão
sexual.
COMPORTAMENTO AMEAÇADOR inclui ações físicas que não envolvem lesão
ou contato real com outra pessoa – segurar uma faca, por exemplo –, bem como
ameaças explícitas ou por escrito a pessoas ou bens.
FÚRIA OU CRISES DE RAIVA descreve uma explosão emocional que pode
envolver choro, gritos, berros e comportamento teimoso ou desafiador. A pessoa pode
perder o controle do seu estado físico e podem ter dificuldade em se acalmar, mesmo
que o resultado desejado tenha sido alcançado.
AGRESSÃO VERBAL geralmente envolve o uso de ameaças, táticas de intimidação,
linguagem negativa, ultimatos e outras formas destrutivas de comunicação.

COMPORTAMENTOS DESAFIADORES MENOS COMUNS:


ESCAVAÇÃO FECAL ocorre quando um indivíduo coloca os dedos em seu reto
(ânus). As manchas fecais e o manuseio de fezes ocorrem quando as fezes se espalham
sobre algum objeto ou sobre o próprio indivíduo. Cada um desses comportamentos pode
estar ligado a causas médicas, como problemas do trato digestivo ou de pele, ou podem
ser comportamentos aprendidos que servem a um propósito, como chamar a atenção ou
escapar de situações desagradáveis.
RECUSA ALIMENTAR ocorre quando uma pessoa se recusa a comer qualquer coisa.
PICAMALÁCIA é um transtorno alimentar que é caracterizado pela ingestão de itens
que não são alimentos. Alguns indivíduos com autismo e outras deficiências de
desenvolvimento comem itens como sujeira, barro, giz ou lascas de tinta. A picamalácia
também pode ocorrer quando um corpo anseia certos nutrientes ou minerais que faltam
na dieta/no corpo, como às vezes ocorre em mulheres durante a gravidez.
RUMINAÇÃO descreve a prática de – voluntária ou involuntariamente – cuspir
alimentos parcialmente digeridos e remastigá-lo e, então, engolir novamente ou então
cuspi-lo. A ruminação muitas vezes parece ser desencadeada por refluxo ou outros
problemas gastrointestinais.
VÔMITO PROPOSITAL OU INDUZIDO significa vomitar de propósito. Os fatores
contribuintes como refluxo, reflexos faríngeos e distúrbios alimentares (bulimia) devem
ser considerados.
É importante repetir que, embora todos esses comportamentos sejam
desafiadores, eles não devem ser considerados como puramente comportamentais ou
propositais. Como discutido anteriormente, na verdade eles são respostas aprendidas ao
longo do tempo. Às vezes há uma raiz biológica ou um desencadeador que pode exigir
investigação ou tratamento para que se possa ajudar o indivíduo a chegar a um lugar
mais confortável, onde ele seja capaz de aprender habilidades adaptativas. Mesmo que o
tratamento não seja imediatamente eficaz, às vezes, só o fato de conhecer uma causa
médica ou neurológica de um comportamento pode mudar a forma como você pensa
sobre isso como responde.

Recursos:
 Asperger’s Syndrome: Meltdowns; IAN Community,
http://www.iancommunity.org/cs/about_asds/aspergers_syndrome_meltdowns
 Autism Solutions, How To Create a Healthy And Meaningful Life For Your
Child, Ricki Robinson, MD, MPH http://www.drrickirobinson.com/
 Targeting the Big Three: Challenging Behaviors, Mealtime Behaviors, and
Toileting de Helen Yoo, Ph.D, New York State Institute for Basic Research Autism
Speaks Family Services Community Grant recipiente
http://www.autismspeaks.org/sites/default/files/challenging_behaviors_caregiver_manu
al.pdf
 The Autism Revolution, Martha Herbert http://www.marthaherbert.org/

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