Comportamentos Desafiadores e Agressivos
Comportamentos Desafiadores e Agressivos
Comportamentos Desafiadores e Agressivos
DESAFIADORES E
AGRESSIVOS
“Johnny está sempre fugindo e isso exige constante supervisão. Susie grita e tapa os
ouvidos sempre que um avião sobrevoa o local; ela sempre consegue ouvi-los antes de
qualquer outra pessoa. Ela também grita em outras situações e é difícil fazê-la parar.
Tommy se recusa a usar sapatos, arremessando-os em qualquer um que tente fazê-lo
colocá-los. Maria não gosta de andar de ônibus e todo dia morde sua mãe enquanto é
levada até o ponto de ônibus. José só vai comer três alimentos e eles nunca podem se
tocar em seu prato; se isso acontece é um “Deus nos acuda”. Sally bate em sua própria
cabeça sempre que alguém lhe diz ‘não’”.
Às vezes, as dificuldades decorrentes do autismo podem levar a comportamentos
que são bastante difíceis de entender e tratar. A maioria dos indivíduos com autismo, em
algum momento da vida, apresentará algum tipo de comportamento desafiador. Muitas
vezes, esses comportamentos podem ser resultado das condições subjacentes associadas
ao autismo.
Esses resultados mostram que os principais sintomas do autismo estão associados com o
risco de agressão. Talvez condições subjacentes, tais como a falta de compreensão social
ou o desconforto associado com a quebra de uma rotina poderiam favorecer um
O QUE SE DEVE SABER SOBRE COMPORTAMENTO?
Antes de analisar o comportamento desafiador de forma isolada, é preciso pensar
sobre o comportamento humano em geral. Alguns comportamentos são biologicamente
compulsivos – comemos quando estamos com fome – ou reflexivos – cobrimos nossos
ouvidos quando um barulho é muito alto.
Mas na maioria das vezes, o comportamento ocorre porque tem uma função e/ou
produz um resultado. Comer tem a função de saciar a fome; cobrir nossos ouvidos
suaviza o impacto do ruído alto. O comportamento também representa uma forma de
comunicação. Ver uma pessoa cobrir seus ouvidos, mesmo quando não percebemos um
ruído que seja ofensivo, pode significar que ela é particularmente sensível ao som.
É importante lembrar que qualquer indivíduo está dando o seu melhor em cada
situação, dadas as suas habilidades, formação, estado físico e emocional, e experiências
passadas. Podemos classificar certos comportamentos como um desafio porque nós,
enquanto indivíduos ou sociedade, temos dificuldades em aceitar essas pessoas. Será
importante para você se tornar um observador atento, trabalhando para entender o
propósito dos comportamentos. Parar e refletir por que uma pessoa pode se comportar
de certa maneira é o primeiro passo importante para entender e aprender como ajudar.
Também é essencial reduzir a sua própria frustração. Na verdade, muitas vezes é preciso
pensar nas ações de um indivíduo como uma resposta, em vez pensar neles como um
comportamento pré-determinado ou intencional.
No entanto, há uma diferença entre entender os comportamentos que nós ou a
sociedade não consideram apropriados e aceitar esses comportamentos. Por exemplo, é
preciso ter como objetivo determinar por que uma criança precisa chutar e, então,
desenvolver suas habilidades para a comunicação – por exemplo, “preciso de uma
pausa” – em vez de permitir o chute como uma forma de comunicação. Da mesma
maneira, é essencial trabalhar para entender e tratar problemas biológicos que podem
causar comportamentos desafiadores.
“O professor do Sam se mudou para outra cidade, então ele entrou em seu segundo
ano do ensino médio com uma instrutora íntima, mas menos qualificada. Não demorou
muito e, todas as manhãs ele ia ao escritório da enfermeira e passava o primeiro
período em sua cama. É evidente que a nova professora ficou preocupada e os
funcionários da escola acreditavam que isso se refletia no comportamento do Sam,
aumentando também a ansiedade dele. Talvez essa fosse uma maneira de evitar as
tarefas, visto que havia um monte de exigências de linguagem nas aulas de habilidades
sociais do primeiro período. Até que, em uma manhã, ele acabou vomitando, mas assim
que chegou em casa, estava claro que Sam não estava doente. Logo, os outros
funcionários notaram que ele iria virar a cabeça para o lado e os seus olhos iria rolar
durante o período imediatamente após o almoço. Notamos também uma tendência de
deitar no sofá em casa depois do jantar. Foi quando consultamos o gastroenterologista
e ele foi diagnosticado com refluxo. Todos esses comportamentos estranhos e as idas
ao escritório da enfermeira diminuíram após o tratamento”. – ED, mãe.
Ao pensar sobre o seu ente querido que apresenta comportamentos difíceis, é
importante considerar também seus aspectos positivos e pontos fortes. Mostre respeito
por seus pensamentos, sentimentos e pela probabilidade de que ele entende muito mais
– ou talvez muito menos – do que você possa imaginar. Tome cuidado para não falar
sobre ele na sua presença, pois é provável que ele entenda mais do que pareça. Fale com
ele e forneça informações, mesmo se você não tiver certeza de que ele entende o que
você está dizendo. É importante desenvolver a confiança de seu filho e moldar sua
motivação e propósito em comportamentos mais aceitáveis.
FUNÇÃO DO COMPORTAMENTO
Sempre que o comportamento ocorrer, é importante considerar o propósito ou a
função de tal comportamento. Embora alguns comportamentos sejam provocados
biologicamente, muitos são aprendidos ao longo do tempo e por meio de experiências, e
moldados pelo que acontece antes e depois que um comportamento ocorre. Outros
comportamentos podem ter começado como um resultado biológico – como o ato de
coçar –, mas podem se transformar em algo que apresente uma função diferente – como
o ato de coçar para chamar a atenção de um professor.
“Educadores especiais – e pais – precisam olhar para o que uma criança pode fazer
em vez de olharem para o que não podem fazer. É preciso dar mais ênfase em construir
e expandir as habilidades positivas de uma criança. Muitas vezes, as pessoas se
prendem a um rótulo como a dislexia, TDAH ou ao autismo, e não conseguem ver além
do rótulo. As crianças que recebem um rótulo muitas vezes têm habilidades irregulares.
Elas podem ser talentosas em uma área e ter uma deficiência real em outra. É
importante trabalhar em áreas nas quais a criança seja fraca, mas dar ênfase nas
fraquezas não deve chegar ao ponto em que a construção da área de apoio seja
negligenciada”. – Temple Grandin, Ph.D.
Como exemplo, podemos citar o ato de pedir algo para comer e receber um
biscoito. A função do pedido é obter o biscoito. Para uma criança com habilidades
linguísticas limitadas, as estratégias envolvidas na obtenção de um biscoito podem ser
muito diferentes. Mas, se o resultado final for o mesmo, não importa o que o indivíduo
precisou fazer para ser alimentado, essa foi a forma que ele aprendeu para "conseguir
um biscoito". Ao longo do tempo, um indivíduo com desafios de comunicação
significativos é propenso a desenvolver alguns criativos e interessantes métodos de
comunicação – alguns dos quais podem ser considerados desafiadores.
AGRESSÃO FÍSICA é um ato de força que pode causar danos a outra pessoa e pode
incluir bater, morder, agarrar, puxar os cabelos, dar tapa, chutar, beliscar, arranhar,
puxar, empurrar, dar cabeçadas ou jogar coisas.
DESTRUIÇÃO de bens inclui o comportamento em que os pertences ou bens são
danificados, arruinados ou destruídos e pode incluir quebrar, jogar, riscar, rasgar,
desfigurar pertences – seus ou de outras pessoas –, dentre outros.
AUTOFLAGELAÇÃO é a tentativa ou ato de causar dano ao corpo da própria pessoa.
A autoflagelação pode estar presente em vários comportamentos, incluindo bater a
cabeça, dar tapas na cabeça, agredir o próprio corpo, bater ou dar tapa em alguém,
pressionar o globo ocular, morder a si mesmo, apertar feridas e puxar o cabelo. A
automutilação, como cortar a pele, queimar ou quebrar um osso de alguém, é menos
comum no autismo, a menos que outras condições psiquiátricas ocorram.
INADEQUAÇÃO SEXUAL pode assumir várias formas no autismo, podendo ser
descrita como uma falta de inibição sexual ou um comportamento de "atuação". A falta
de controle de impulsos e a má compreensão social podem resultar em ações de
impulsos sexuais que as pessoas normalmente guardam para si, tais como avanços
sexuais (oferecimento), toque sexual, promiscuidade, expor a genitália de alguém,
masturbar-se em público, gemidos sexuais, telefonemas obscenos ou voyeurismo
(observar a intimidade de outras pessoas). Dependendo da gravidade e das
circunstâncias, a inadequação sexual pode gerar ou ser considerada uma agressão
sexual.
COMPORTAMENTO AMEAÇADOR inclui ações físicas que não envolvem lesão
ou contato real com outra pessoa – segurar uma faca, por exemplo –, bem como
ameaças explícitas ou por escrito a pessoas ou bens.
FÚRIA OU CRISES DE RAIVA descreve uma explosão emocional que pode
envolver choro, gritos, berros e comportamento teimoso ou desafiador. A pessoa pode
perder o controle do seu estado físico e podem ter dificuldade em se acalmar, mesmo
que o resultado desejado tenha sido alcançado.
AGRESSÃO VERBAL geralmente envolve o uso de ameaças, táticas de intimidação,
linguagem negativa, ultimatos e outras formas destrutivas de comunicação.
Recursos:
Asperger’s Syndrome: Meltdowns; IAN Community,
http://www.iancommunity.org/cs/about_asds/aspergers_syndrome_meltdowns
Autism Solutions, How To Create a Healthy And Meaningful Life For Your
Child, Ricki Robinson, MD, MPH http://www.drrickirobinson.com/
Targeting the Big Three: Challenging Behaviors, Mealtime Behaviors, and
Toileting de Helen Yoo, Ph.D, New York State Institute for Basic Research Autism
Speaks Family Services Community Grant recipiente
http://www.autismspeaks.org/sites/default/files/challenging_behaviors_caregiver_manu
al.pdf
The Autism Revolution, Martha Herbert http://www.marthaherbert.org/