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Nobres julgadores
I- PRELIMINARMENTE
O julgamento proferido pela comissão julgadora da Jari fundamentou sua decisão alegando que os
argumentos apresentados pelo condutor não são hábeis a afastar a penalidade em questão e tratou os
institutos da decadência e da prescrição como se fossem a mesma coisa, em total desconformidade
com a legislação vigente, uma vez que o instituto da decadência também é aplicado nos casos em que a
infração ocorreu antes da vigência da mencionada Lei nº 14.071/2020, mas que os processos de
suspensão/cassação se iniciaram após a vigência do texto normativo em questão, conforme se observa:
A decisão em comento não explica o motivo de não configuração da decadência e não atende o
estabelecido no parecer nº 00405/2021 da AGU e Ministério da Infraestrutura que, entre outros
assuntos, leciona:
Já o prazo decadencial de 180 (cento e oitenta) ou 360 (trezentos e sessenta) dias
para que seja expedida notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator
quanto à imposição de penalidade, nos termos do art. 282, caput e § 6º, é
necessário distinguir três situações: a) a primeira, quando o cometimento da
infração ocorreu após a vigência da Lei 14.071/20, ocasião em que se aplica
normalmente as novas disposições legais; b) a segunda, quando o cometimento
da infração foi anterior à lei e o processo administrativo não esteja concluído
antes da vigência da alteração normativa, situação na qual a contagem do prazo
será realizada desde a vigência da alteração normativa e não desde a data do
cometimento da infração, sob pena de ofensa aos princípios da não surpresa e da
segurança jurídica, e por fim; c) a terceira, quando o cometimento da infração foi
anterior à lei, mas o processo esteja concluído antes da vigência da alteração
normativa, situação na qual não será aplicado o prazo decadencial, em respeito
ao ato jurídico perfeito.
O órgão que julgou o recurso interposto na instância anterior ignorou o inciso II, do parágrafo 6º
do artigo 282 do CTB que leciona a respeito do prazo decadencial para expedição da notificação de
penalidade no processo de suspensão do direito de dirigir.
No caso em tela, ficou nítido que o órgão de trânsito não observou o prazo decadencial para
expedição da notificação de penalidade do processo de suspensão, conforme determina o inciso II, do
parágrafo 6º do artigo 282 do CTB e conforme foi demonstrado no recurso interposto.
Isso de fato não ocorreu, pois, conforme elucidado, a decisão que se pede reforma integral,
abordou assunto distinto do que foi alegado na defesa apresentada. Caso assim permaneça, a referida
decisão deve ser declarada nula de pleno direito.
Ainda podemos extrair o mesmo espírito normativo da lei estadual Nº 10.177/1998, que assim
prevê:
Artigo 4.º - A Administração Pública atuará em obediência aos princípios da
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, razoabilidade, finalidade,
interesse público e motivação dos atos administrativos.
Veja nobres julgadores, não restam dúvidas com relação a inegociável motivação e fundamentação
para validade das decisões administrativas, que no presente caso, não ocorreram, pois a comissão
julgadora de defesa prévia não apreciou o mérito do recurso interposto.
Ocorre que após mais de 3 anos do final do processo de infração que gerou o presente processo
de suspensão, em 29/01/2024, o requerente recebeu a notificação de decisão do processo
administrativo de suspensão informando que a defesa prévia apresentada havia sido indeferida,
conforme demonstrado acima.
Como podemos observar, mesmo levando em conta o início da vigência da Lei nº 14.299/2021, a
expedição da notificação de penalidade não atendeu o prazo imposto pela legislação vigente, uma vez
que entre a vigência da Lei nº 14.299/2021 e a data de expedição da notificação de penalidade se
passaram 827 (oitocentos e vinte e sete) dias, ferindo o princípio da estrita legalidade da administração
pública, que não pode escolher deixar de cumprir a lei, e todo ato em desconformidade com a norma
regulamentar deverá ser considerado nulo.
A esse respeito o Supremo Tribunal Federal manifestou-se na Súmula 473 acerca dos vícios nos
atos administrativos identificados pela administração pública:
A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Sendo assim, considerando que o processo administrativo de infração que deu causa ao processo
de suspensão foi encerrado em 2020; a Lei 14.229/2021 que criou o instituto da decadência passou a ter
vigência em 21 de outubro de 2021; notificação de imposição de penalidade do processo de suspensão
foi expedida em 29 de janeiro de 2024; restou caracterizada a decadência na forma do art. 282, §6º, II e
§7º da Lei 9.503/97, eis que decorrido prazo superior a 360 dias (827 oitocentos e vinte e sete) entre o
início da vigência da Lei nº 14.229/2021 e a notificação de imposição de penalidade de suspensão do
direito de dirigir do Autor.
Diante de todo o exposto, com base nas disposições legais requer se dignem Vossas Senhorias em
deferir todos os requerimentos pleiteados e, ao final, julgar procedente o presente recurso em todos os
seus termos e fundamentos jurídicos, por medida de justiça e determinar conforme os pedidos abaixo.
Isto posto, com relação ao Processo Administrativo de suspensão do direito de dirigir 310/2023,
Portaria eletrônica Nº 10703608623, ensejado pela infração de trânsito AIT nº 3C7478998, requer:
A) Reconhecimento da figura da decadência haja vista que o processo administrativo que deu
causa ao processo de suspensão ocorreu no ano de 2020, a Lei nº 14.229/2021 entrou em vigência no
dia 21 de outubro de 2021, tendo a expedição da notificação ocorrido apenas em 29 de janeiro 2024, em
total desrespeito ao artigo 282, parágrafo 6º, inciso II do CTB;
C) Caso haja o indeferimento do pedido acima, requer a fundamentação e motivação nos termos
dos artigos 4 e 114 do Constituição Estadual.
Termos em que
P. deferimento.
_________________________
Dr. Mateus Cezaretto
OAB/SP 460.407
OUTORGADOS: EDUARDO ALMEIDA CEZARETTO, brasileiro, advogado, inscrito nos quadros da OAB/SP sob o nº 391916, e-
mail: eduardocezaretto@direitodotransito.com, com escritório profissional sediado na Rua Ernesto Mauerberg, nº 44, piso
superior, Centro, Nova Odessa/SP, CEP 13380-033; e MATEUS CEZARETTO, brasileiro, advogado, inscrito nos quadros da
OAB/SP sob o nº 460407, e-mail: mateuscezaretto@hotmail.com, com escritório profissional sediado na Rua Ernesto
Mauerberg, nº 44, piso superior, Centro, Nova Odessa/SP, CEP 13380-033.
PODERES: Pelo presente instrumento de mandato, o outorgante nomeia e constitui o outorgado seu bastante procurador e
advogado para o foro em geral, com cláusula ad-judicia em qualquer juízo, instância ou Tribunal, podendo propor contra
quem de direito as ações competentes e defendê-lo nas contrárias, seguindo umas e outras até o final da decisão, usando
os recursos legais e acompanhando-os , conferindo-lhes, ainda, poderes especiais para confessar, desistir, transigir,
firmar compromissos ou acordos, receber e dar quitação, agindo em conjunto ou separadamente, podendo ainda
substabelecer esta a outrem, com ou sem reserva de iguais poderes, dando tudo por bom, firme e valioso, para a atuar
administrativamente no processo de suspensão do direito de dirigir nº 310/2023, portaria eletrônica
nº1070360823, podendo para tanto, usar os poderes impressos que ficam assim, expressamente ratificados.
_______________________________
Outorgante
Assinaturas
Eduardo Orestes da Silva Filho
Assinou
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Data e hora: 12 Julho 2023, 19:24:49 Assinatura de Eduardo Orestes da Silva Filho
E-mail: eduardo.orestes7@gmail.com
Telefone: + 5515998479085
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Foto do rosto (selfie) anexa.
Foto do documento anexa.
Foto do rosto (selfie) de Eduardo Orestes da Silva Filho:
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CONFIDENTIAL
12/07/2023, 19:24:49
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