ICP Estudo - Tema 5

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T5 – O PODER NA POLÍTICA

1.Os instrumentos das ideologias:

Grupos políticos, Grupos de pressão e Partidos políticos -p.248

Os instrumentos legais das ideologias podem ser distinguidos em:

Grupos de interesse, que fazem parte da sociedade política e nascem no seio dela, que
não pretendem alterar o ordenamento jurídico existente, mas através dele defender ou
realizar algum interesse, mas legalmente tutelado.

Grupos de pressão, que são organizações que pretendem influenciar ou coagir o poder,
independentemente de não quererem tomar conta do mesmo, apenas pretendem
modificar o quadro jurídico para fazer face aos seus objetivos.

E os Partidos políticos, que são grupos voluntários, cujo objetivo é assumir as funções
do Governo, seja sozinho ou através de alguma coligação. Estes grupos podem ser
organizados e permanentes ou não, com um objetivo ideológico comum.

Os partidos podem ter inúmeras classificações, segundo a ideologia que sustentam, pela
posição que tomam perante o governo legalmente instituído, pela sua estrutura interna,
pelo que se baseiam, etc. p.248 Partidos: de quadros, de massa, catch all party.

Maurice Duverger distingue partidos de massas, organismos estruturados cujo interesse


é recrutar o maior número possível de adesões, dos partidos de enquadramento ou de
elite, que se preocupam em manter uma elite de quadros políticos, defende doutrinas
ideológicas sem se preocuparem com o aliciamento imediato e constante dos cidadãos.
A acrescentar a esta classificação clássica, Otto Kirchheimer refere ainda o tipo de
partido catch-all-parties, de ideologia reduzida mais voltado para o pragmatismo das
questões e das soluções. Na proposta de Sigmund ewmann, podemos distinguir partidos
de representação individual, dos partidos de integração democrática, e dos partidos de
integração total. Uniões políticas, Associações políticas, Outras instituições. p.249
2. A Forma do governo (Forma do Poder):

Sistemas de governo e regime político - 250

Sistemas de governo:

Os sistemas de governo referem-se à maneira como o poder político é dividido e


exercido, organizando as funções dos poderes executivo e legislativo. Exemplos
Presidencialismo nos EUA, Semi-Presidencialismo, em Portugal, e Parlamentar, no
Reino Unido.
Os Sistemas de governo dizem respeito à titularidade e estruturação do poder político,
quem é considerado titular dele e quais os órgãos estabelecidos para o seu exercício.
Depende de vários fatores e pode variar ao longo do tempo, e segundo a distinção de
Marcello Caetano relativamente ao conceito de forma política, podem dividir-se em
sistemas estáticos, que mantém a sua estrutura rígida, e sistemas dinâmicos, que são
maleáveis e ajustam-se às necessidades e circunstâncias.

Sistema estático: tem características fixas e previsíveis, as regras e estruturas desse


sistema permanecem relativamente constantes ao longo do tempo. Os seus poderes
encontram-se bem definidos e existe uma distribuição estável de autoridade entre os
órgãos de soberania. Sistema dinâmico: é flexível e adaptável, podendo ajustar-se às
mudanças e evoluir com o tempo, respondendo a diferentes contextos e necessidades.
Pode ser influenciado por fatores como mudanças constitucionais, práticas políticas e
eventos históricos. Por exemplo sistemas de governo que se adaptam a mudanças na
relação entre o presidente e o parlamento, de que Portugal é exemplo.

Podemos então distinguir os seguintes sistemas de governo.


O Presidencialismo: o Presidente é o Chefe de Estado e o Chefe executivo, do governo,
eleito pelo povo, respeitando um mandato com tempo determinado. Neste sistema não
há primeiro-ministro e o parlamento não pode demitir o chefe de estado, nem este
dissolver o parlamento. Por exemplo os EUA. O Semipresidencialismo: o primeiro-
ministro é o chefe executivo, do governo. Os poderes entre o chefe de estado, Presidente
e o Primeiro-Ministro são divididos, podendo o primeiro dissolver o parlamento e
demitir o Primeiro-Ministro. Por exemplo Portugal. O Parlamentarismo: o primeiro-
ministro é o chefe executivo, do governo, e chefe da maioria parlamentar. O chefe de
estado, Rei, é neste caso, representante simbólico, e o Chefe de Governo, é o
responsável pelas decisões políticas. O rei pode demitir o parlamento a pedido do
primeiro-ministro, e também pode demitir o primeiro-ministro, apesar de, por tradição
constitucional nunca o fazer. Exemplo o reino Unido.

Regime Político são as conceções fundamentais das relações entre o indivíduo e a


sociedade política, com os princípios e valores que orientam o exercício desse poder.
Determina quem detém o poder, como as decisões são tomadas e como os cidadãos
participam da vida política. Exemplos: Democracia, Ditadura, República,
Monarquia.

Existem diversos tipos de regimes políticos, sendo os mais comuns: a Democracia, onde
o poder é exercido pelo povo, direta ou indiretamente, através de representantes eleitos.
A Ditadura, em que o poder é concentrado nas mãos de um indivíduo ou grupo
pequeno, sem a participação do povo. A República, em que o chefe de Estado é eleito
ou nomeado de acordo com a Constituição. A Monarquia, em que o chefe de Estado é
hereditário, como o rei.

Sistemas de governo vs. Regime político

Sistemas de governo e regimes políticos apesar de distintos estão interligados. Os


sistemas de governo têm a ver com a estrutura organizacional do poder político,
enquanto os regimes políticos têm a ver com os princípios e valores que orientam o
exercício desse poder. O sistema de governo define como as decisões são tomadas,
quem as executa e como os cidadãos participam do processo político, enquanto o regime
político, define os princípios e valores que norteiam as ações do governo e as relações
entre ente e os cidadãos. O sistema de governo é influenciado por diversos fatores,
cultura social e política, história, nível de desenvolvimento socioeconômico e as
características da população.

Um mesmo regime político pode ser implementado por diferentes sistemas de governo,
pois estes são mecanismos pelos quais os regimes políticos se concretizam na prática.
Por exemplo, a democracia pode ser implementada tanto pelo sistema presidencialista
quanto pelo parlamentarista, como o caso dos EUA, que têm um Sistema de governo
presidencialista e um regime político democrático e o Reino Unido, um Sistema de
governo parlamentarista e um regime político democrático.

Outros casos de sistemas de governo e regime político, diferentes, podemos identificar a


China, que um Sistema de governo de partido único, regime político autoritário, e a
Arábia saudita tem um Sistema de governo de monarquia absoluta e um regime político
autoritário.

Sistemas estáticos – Armando Marques Guedes - 252, 253

A classificação do Prof. Marques Guedes, jurista, apresenta um sistema de classificação


estático, distinguindo sistemas políticos de formas de governo. O primeiro está dividido
em Sistemas Políticos Absolutos e Constitucionais, os segundos divididos em Formas
de poder em função da Fonte do Poder e da Atribuição do Poder e das Regras Políticas.

Os sistemas políticos Absolutos, classificam-se em Monocracia (que podem ser Formas


históricas, Monarquia absoluta ou Ditaduras pessoais) e Governo Constitucional ou de
Assembleia (Sovietismo).

Os sistemas políticos Constitucionais, estão classificados como de exercício


independente (Monarquia Representativa, Presidencialismo, e Governo de Chanceler),
de exercício correlacionado (Parlamentarismo, Sistema de Gabinete e Sistema
Parlamentar de Assembleia) e de exercício misto (Fiscalização Judicial da
Constitucionalidade).

As formas de poder podem ser classificadas quanto à fonte do poder e que se dividem
em três: quando a origem do mesmo vem de Deus, a Teocracia, quando o poder é um
direito do governante, a Autocracia, e quando o poder é um direito do povo, a
Democracia.
A classificação quanto à atribuição do poder está dividida em quatro: quando existe a
atribuição do poder a uma chefe estamos perante a Monocracia, quando o poder é
atribuído a um escol, a Aristocracia, quando o poder é atribuído ao povo, a Democracia,
ou ainda na combinação das anteriores, as chamadas formas mistas.

Quanto às regras do poder, estas podem estar divididas em Poder Político Autónomo
que diz respeito ao Despotismo e à Tirania. E Poder Político submetido a Regras
Heterónomas, como é o caso do estado de direito e o estado de constitucionalidade.

Sistemas estáticos – Marcello Caetano – 248, 255

De acordo com Marcello Caetano, no estudo das formas do poder, é importante analisar
as suas estruturas e organizações que dizem respeito a cada época e sociedade em si.
Assim podemos fazer a distinção entre Sistema de Governo, que diz respeito à sua
titularidade, quem é comanda o mesmo, e a sua estrutura, quais os órgãos que fazem
parte do mesmo, ou seja a sua forma prática e organizacional; e Regime Político, no que
concerne à ideologia em si, as suas relações entre o estado e sociedade, fornecendo
deste modo a base ideológica e normativa que rege o sistema.

Relativamente aos sistemas de governo, estes dividem-se em dois grandes grupos de


classificação: os sistemas estáticos e os sistemas dinâmicos. Marcello Caetano,
apresenta, no que diz respeito à classificação estática, uma classificação bipartida entre
sistemas de governo autocráticos e democráticos.

Nos sistemas autocráticos o poder político é exercido em nome próprio, podendo este
ser distinguido em Monocracia, exercido por uma só pessoa, ou Aristocracia ou
Oligocracia, exercido por um grupo social que pode ser um partido, classe, casta ou
corporação. Nos sistemas democráticos, o poder político pertence a toda a sociedade,
podendo ser distinguido em Direto, Semi-Direto, e Representativo Convencional,
Parlamentar e Pessoal. Estes conceitos complementam-se em si e são fundamentais para
compreender a natureza do estado e a forma como ele exerce o seu poder.
É importante ter em conta a complementaridade que os sistemas de governo mantêm
com os regimes políticos.

Sistemas dinâmicos -Platão - 256

Platão é o mais importante precursor do idealismo cujo regime ideal dizia respeito ao
domínio dos sábios ou do Rei-Filósofo no topo de uma sociedade sem propriedade
privada, regida pelo princípio comunista, sem famílias e baseada numa educação
socializada geral e rígida.
Platão, na sua obra a “República” apresenta um sistema dinâmico de classificação das
formas de poder que apresenta em cinco formas de governo, e em que cada uma tende a
degenerar noutra com o tempo. Desenvolveu a ideia «de uma sucessão ordenada entre
os diferentes tipos de regimes, segundo um eterno retorno” (DUVERGER, Maurice, op.
cit p.130).

A Sofiocracia, ou o governo ideal dos sábios ou do Rei-Filósofo, cuja decadência


educativa leva à Timocracia, governo pelos militares, cuja acumulação de riquezas em
detrimento do bem comum degenera na Plutocracia ou Oligarquia, governo dos
guerreiros enriquecidos que desprezam os pobres. A revolta dos pobres e o
amolecimento dos ricos conduz à Democracia, governo do povo, onde todos os cidadãos
têm direito à participação política. A multidão domina e toma conta do poder, mas a
desordem faz surgir um chefe, degenerando na Tirania quando este se torna ganancioso
e corrupto. A degeneração da Tirania em Sofiocracia, por morte do tirano ou deposição
do mesmo, encerra o ciclo, ilustrando como o mesmo se repete ao longo do tempo.

Na visão de Platão os filósofos são os detentores do verdadeiro conhecimento e devem


ser os guias da sociedade, orientando os governantes e educando o povo para que
tomem decisões racionais e justas.

2.1 A forma do Estado

O poder político é exclusivo do Estado, e das sociedades maiores. Só há poder político a


partir dos Estados, mas poder político não significa o mesmo que soberania, porque há
poder político não soberano. Esta definição é importante para entender as diferentes
formas de organização política dos Estados a nível internacional, bem como as
implicações jurídicas e políticas das limitações da soberania.

O Estado Soberano é aquele que detém o poder supremo sobre seu território e sua
população, não reconhecendo nenhum superior em sua ordem interna, podendo
estabelecer livremente relações com outros Estados na ordem internacional.

O Estado Soberanos tem uma população residente de forma duradoura em seu território,
tem um governo independente exerce o poder político dentro do território e pode
celebrar tratados e acordos internacionais e relações diplomáticas com outros Estados,
bem como declarar guerra.

O Estado Semi-Soberano, tem um grau de soberania limitado, ou seja, autonomia


política e jurídica limitada uma vez que estabelecem acordos ou tratados internacionais
que condicionam e restringem essa soberania, em áreas como a defesa, a política
externa, a moeda ou a legislação. No entanto ainda têm alguma independência em
relação a outros Estados e organizações internacionais. Nos estados semi-soberanos
encontramos algumas distinções: os Estados exíguos ou micro-Estados, uma vez que
têm uma população reduzida não têm condições materiais para ter soberania
principalmente no que diz respeito à guerra e consequentemente à perda de direito
relacionados com esta situação; os Estados neutralizados, que por decisão própria ou
imposição internacional, abdicam do direito de fazer guerra, embora possam defender o
interior do seu território; os Estados confederados, ou estados-membros de uma
Confederação são igualmente semi-soberanos pois pertencem a uma associação
internacional em que os membros delegam uma parte da sua soberania; os Estados
vassalos, que desapareceram com a queda do império turco ou otomano, no decurso da
Primeira Grande Guerra Mundial, portanto uma figura que nos conduz imediatamente à
feudalidade europeia; os Estados protegidos, subordinados a um Estado protetor,
normalmente consequência de um tratado internacional, pelo qual o Estado mais fraco
cede ao mais forte as suas competências e soberania, a nível internacional, em troca de
proteção. P.268

4.Tipologia dos estados modernos

Diferenças entre estados Unitários ou Compostos- Federados – p. 271

No que respeita à classificação dos Estados quanto à organização do poder político a


nível interno (quer sejam soberanos quer sejam semi-soberanos), poderemos considerar
duas vertentes: Os Estados unitários e os Estados federais ou compostos.

No caso do Estado Unitário e regiões autónomas, o que caracteriza a sua competência


política é a origem e a natureza do seu poder, em que o mesmo é um poder delegado
pelo poder central do Estado Unitário. No caso do Estado federal ou Estado composto,
não existe apenas um poder político, mas vários organizados em duas vertentes
constitucionais: a Federação, com um Estado central e uma constituição comum a todos
os estados-membros e que inclui todas as competências externas da soberania (o
soberano direito de fazer a guerra, o soberano direito de celebrar tratados e o soberano
direito de representação internacional).

Há que distinguir a Federação ou Estado composto com a Confederação de Estados.


Esta última trata-se de uma associação de Estados, constituída através de um ou vários
tratados internacionais, detentores da soberania política, ainda que com o estatuto de
semi-soberanos, podendo os Estados-membros aumentar, diminuir, alterar ou mesmo
extinguir o poder e a organização confederal.

Unitário ou regionalizado, Federado, Confederado - 270

Estado Unitário:

O Estado Unitário caracteriza-se pela unicidade, sem subdivisão noutros territórios.


Existe apenas uma unidade central de governo, exercendo todo o poder sobre o
território. O Estado unitário é soberano pois é governado como uma entidade única,
cujo governo central é a autoridade suprema do país, o qual pode criar ou abolir divisões
administrativas ou regiões autónomas, que exercem apenas os poderes que o governo
central autoriza. Nem todos os estados unitários são autoritários, apesar de terem
governos centralizados. Exemplos de estados unitários França, Reino Unido.

Normalmente o Estado unitário diz respeito a regimes autoritários ou em Estados


pequenos, com pouca população ou em Estados culturalmente uniformes sem grandes
divergências linguísticas, históricas ou culturais, como nos Estados-nação. Há 3
categorias de Estados unitários: o Estado unitário Simples, em que o poder político é
único e se concentra na totalidade das competências políticas e jurídicas, podendo
existir situações de descentralização administrativa para as autarquias locais; o Estado
unitário com regiões autónomas, em que uma parte do território, por razões
normalmente de natureza geográfica está descentralizada, com órgãos de poder regional
autónomos; e o Estados unitários regionalizados, nos quais todo o território é composto
por regiões autónomas, com competência política e administrativa delegada e garantida
pelo poder central.
Estado Federado:

O Estado Federado é um estado composto, soberano que faz parte de uma federação e
que partilha a soberania com os outros estados que fazem parte dessa federação,
composto, portanto por várias unidades territoriais autónomas, chamadas de Estados-
membros, em que cada um possui governo próprio, leis e instituições, mas que
coexistem sob um governo central federal.

Assim, o poder é dividido entre este e o governo central, que é quem detém o poder
sobre as questões de âmbito nacional como a defesa, a moeda e as relações exteriores,
enquanto os Estados-membros têm autonomia sobre questões de natureza regional como
a educação, a saúde e a segurança pública.

A estrutura e os princípios de um Estado Federado são definidos pela Constituição, que


estabelece os poderes e responsabilidades, bem como garante os direitos e deveres dos
seus cidadãos. O Estado Federado tem autonomia para exercer seus direitos
internacionais, mas está sujeito às regras e limitações estabelecidas pela constituição da
federação. O poder político dos estados federados, é anterior ao da federação da qual
fazem parte, pelo que esse poder político não pode ser retirado pela federação, uma vez
que nele assenta a base para a elaboração das suas próprias leis, estruturação dos seus
organismos públicos em geral como tribunais, polícia, etc. Por exemplo os EUA, Brasil,
Alemanha.

O Estado Federado tem em si diversos benefícios, como por exemplo uma maior
autonomia regional e também a proteção das minorias, mas também alguns desafios, no
que diz respeito às desigualdades regionais e respetiva dificuldade se coordenação dos
estados.

Estado Confederado:

Confederação é a união de estados soberanos, que mantêm sua autonomia, em que os


estados-membros têm plenos poderes, inclusive de separação. A sua capacidade jurídica
internacional é, no entanto, limitada pelo fato de pertencer à confederação, uma vez que
o estado confederado cede uma parte dos seus direitos internacionais à confederação.
Como delegam parte das suas competências internacionais, diminuem-nas em termos
formais, e consequentemente diminui a sua soberania internacional.
Exemplos, a Confederação dos EUA durante a Guerra Civil Americana que evoluiu
para Estado Federado de hoje.

Estado Federado vs Estado Confederado e Estado Unitário.

Enquanto o Estado federado partilha a soberania com outros estados na federação, ou


seja, transfere soberania e promove autoridade central, o Estado confederado mantém
parte de sua soberania, e promove a cooperação voluntária apesar de sujeito a restrições
impostas pela confederação em si.

A Nação - 229

Uma nação é a alma, um princípio espiritual, e tal como o indivíduo, é o resultado de


um longo passado de esforços, sacrifícios e dedicação. Diz respeito a uma comunidade
de pessoas que partilham as mesmas características, e cujos membros se identificam
como fazendo parte de um grupo coeso e distinto, onde partilham uma cultura própria
manifestada nos mais variados aspetos da vida social, como a língua, os costumes, as
tradições, a arte. etc. A sua história comum está na origem da sua identidade e valores,
assim como nas aspirações em relativamente à sua autonomia política ou a preservação
da sua cultura. Como membros de uma nação, indivíduos que se identificam com a
mesma encontramos a título de exemplo o povo Curdo, ou o povo basco.

O conceito de nação tem uma orientação subjetiva, ao estar relacionada com a vontade e
sentimentos íntimos dos indivíduos, e está associada aos sentimentos dos sacrifícios,
passados, presentes ou futuros, que alimentam essa vida baseada na ideia de uma
identidade partilhada. A conceção objetiva de nação assenta na identificação a partir da
distinção da sua natureza racial ou étnica.

Atualmente, devido a fenómenos como a globalização e o surgimento de novas


instituições a nível internacional, o conceito Nação tem perdido importância em
detrimento da comunidade internacional, falando-se cada vez mais do conceito de
cidadania em vez de nacionalidade. Esta perda de importância também se reflete por
exemplo na Europa com a crescente estrutura de integração, mas também a nível de
estruturas inferiores como é caso as regiões autónomas e os estados federados.

O Estado
O Estado, é uma entidade política soberana, organizada, com território definido,
população permanente, governo autónomo e capacidade de estabelecer relações com
outros Estados. O estado opera através das instituições políticas e é regido por uma
constituição. Os seus elementos são deste modo: o Povo, o Território, e o Poder
político.

Povo, é o conjunto diverso, constituído pelos que têm a cidadania desse estado, não se
confunde nem com a população do Estado, que corresponde ao conjunto dos habitantes
do mesmo, nem com a nação. Trata-se de um conjunto diverso, constituído pelos que
têm a cidadania desse estado. É o elemento humano do estado. O Território é o
elemento físico e geográfico, parte da crosta terrestre apropriada por um povo. Inclui o
território aquático, o território aéreo e o território terrestre. O primeiro inclui o mar
territorial, os rios e os lagos. Abrange a sua superfície, a sua profundidade, o solo e
subsolo subjacentes e os bens e riquezas neles contidos. Território terrestre idem. O
território aéreo mede-se a partir das verticais dos limites maiores do território aquático e
terrestre, até ao limite da atmosfera. O Poder político diz respeito à questão da
Soberania, ou poder conjunto de meios capazes de coagir a um determinado
comportamento, necessário na respetiva organização interna, quer pelas necessidades
coletivas, gerais e abstratas, os fins do estado.

Concluindo, o estado possui um território delimitado por fronteiras terrestres, marítimas


ou aéreas, e uma população permanente que reside no seu território, além de um
governo autónomo que exerce dentro desse território. O Estado possui soberania, o
poder supremo sobre seu território e sua população, não se submetendo à autoridade de
nenhum outro Estado.

Nação vs. Estado

O Estado nasceu com determinadas especificidades e tem vindo adaptar-se às


exigências de cada época e também se ajustará ao futuro, tal como a existência de
grandes esferas de influência, realidade com que as grandes potências se têm de
confrontar e conformar atualmente. O estado tem sabido moldar-se de forma eficaz a
essas realidades, à evolução e ao progresso a que se vai adaptando gradualmente.

O conceito de Nação não está ligado necessariamente ao Estado, vejamos como


exemplo da nação curda, os bascos ou os palestinos, que existem sem um Estado
soberano. Deste modo, podemos dizer que as Nações podem existir sem um Estado.
Também existem Estados com várias nações, multiétnicos e multiculturais, onde estas
coexistem dentro de um mesmo território; nestes o Estado deve garantir os seus direitos
e liberdades, promovendo a tolerância e o respeito à diversidade; é o caso da África do
Sul, a antiga Jugoslávia, a Bélgica ou a Espanha. Uma Nação também pode estar
repartida por vários Estados de que é exemplo a nação árabe que se encontra em vários
países. Existe ainda o caso da Nação sem Estado, como a nação judaica, polaca, curda,
ou os ciganos da orla mediterrânica. E finalmente o Estado sem Nação, onde existe uma
entidade jurídica e política, sujeito ao direito internacional, mas sem uma cultura
própria, como acontece com os novos países de África.

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