Tarifação Da Energia Elétrica R 1 0 0

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Tarifação de energia
elétrica
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P U B L I C A Ç Ã O :

Hwww.vertengenharia.com.br

R I C A R D O P . T A M I E T T I
C O P Y R I G H T © 2 0 0 7

Engeweb Ricardo Prado Tamietti


ISBN 85-905410-1-2

Engenharia sem fronteiras COBRAPI ii


E S T A P U B L I C A Ç Ã O T É C N I C A É D E P R O P R I E D A D E A U T O R A L D E R I C A R D O P R A D O
T A M I E T T I , S E N D O V E T A D A A D I S T R I B U I Ç Ã O , R E P R O D U Ç Ã O T O T A L O U P A R C I A L
D E S E U C O N T E Ú D O S O B Q U A I S Q U E R F O R M A S O U Q U A I S Q U E R M E I O S
(ELETRÔNICO, MECÂNICO, GRAVAÇÃO, FOTOCÓPIA, DISTRIBUIÇÃO NA WEB OU
O U T R O S ) S E M P R É V I A A U T O R I Z A Ç Ã O , P O R E S C R I T O , D O P R O P R I E T Á R I O D O
D I R E I T O A U T O R A L .

R E S E R V A D O S T O D O S O S D I R E I T O S .

T O D A S A S D E M A I S M A R C A S E D E N O M I N A Ç Õ E S C O M E R C I A I S S Ã O D E
P R O P R I E D A D E S D E S E U S R E S P E C T I V O S T I T U L A R E S .

EDITORAÇÃO ELETRÔNICA:

REVISÃO:
R I C A R D O P. T A M I E T T I

Catalogação na Fonte
TAMIETTI, Ricardo P.
Tarifação da energia elétrica / Ricardo Prado Tamietti. Belo
Horizonte, MG : Engeweb, 2009

Inclui bibliografia
1. Engenharia. 2. Energia elétrica. 3. Tarifação. I. Título.

E S T A P U B L I C A Ç Ã O T É C N I C A É M A N T I D A R E V I S A D A E A T U A L I Z A D A P A R A
D O W N L O A D N O S I T E W W W . E N G E W E B . E N G . B R .

iii
SOBRE O AUTOR

Ricardo Prado Tamietti


Graduado sem Engenharia Elétrica pela UFMG em 1994, onde também concluiu os cursos de
pós-graduação em Engenharia de Telecomunicações e em Sistemas de Energia Elétrica com
ênfase em Qualidade de Energia. Sócio-diretor da VERT Engenharia. Engenheiro e consultor da
COBRAPI desde 1994, com grande experiência na elaboração, coordenação e gerenciamento de
projetos de instalações elétricas industriais e sistemas prediais, tendo atuado nas áreas de
educação corporativa, desenvolvimento de engenharia, sistema de gestão da qualidade,
engenharia de projetos, planejamento e controle, gerenciamento de contratos, de projetos e de
equipes técnicas de eletricidade. Auditor especializado em sistema de gestão da qualidade para
empresas de engenharia, segundo prescrições da ABNT NBR ISO 9001. Membro da Comissão
de Estudos CE-064.01 da ABNT/CB-03 - Comitê de Eletricidade da ABNT. Autor de livros,
softwares e artigos técnicos na área de instalações elétricas. Na área acadêmica, atua como
Coordenador técnico e docente de cursos de pós-graduação lato sensu direcionados ao ensino
da engenharia de projetos industriais em diversas universidades do país.

Mantém na internet a loja virtual www.engeweb.eng.br, uma editora multimídia especializada na


produção e distribuição de conteúdos autorais e informativos – tanto de criação própria quanto de
autores parceiros – sob a forma de cursos e e-books (livros digitais) para a área de engenharia.

Contato: tamietti@cobrapi.com.br

ii
“A menor mudança deixa-me inteiramente
livre para modificar minha determinação,
desobrigando-me da promessa”.
Sêneca (Lucius Annaeus Seneca)

Agradecimentos:

À COBRAPI, pelo ambiente técnico.

Soluções educacionais para engenharia.


www.cobrapi.com.br/edu

iii
A COBRAPI é uma empresa de engenharia com uma longa trajetória, marcada
por desafios, conquistas e busca constante da evolução. Acreditamos em uma
administração voltada para as pessoas, capaz de nos diferenciar e elevar a um
patamar de excelência na execução de cada serviço. Investimos
continuamente no desenvolvimento, conhecimento e tecnologia para manter-
nos atualizados e aptos a oferecer os melhores projetos ao mercado. Assim,
atender com eficiência cada projeto é fazer da engenharia uma fonte de
resultados para nós e para os nossos clientes.

Há 46 anos contribuindo para a história da engenharia nacional


A COBRAPI iniciou sua trajetória em 1963, como subsidiária da estatal
Companhia Siderúrgica Nacional-CSN. Os objetivos implícitos na criação era
ser a empresa de engenharia capaz de absorver tecnologia e suportar o
crescimento futuro da siderurgia brasileira.
Os objetivos foram alcançados e a empresa adquiriu experiência e qualificação,
ampliando suas áreas de atuação para os mais diversos setores industriais. Foi
integrada à Siderbrás (Siderurgia Brasileira), holding estatal do setor
siderúrgico brasileiro formada pelas empresas CSN, USIMINAS, COSIPA,
AÇOMINAS, USIBA, COFAVI, PIRATINI e COBRAPI.
Em 1989 a Siderbrás foi extinta e suas empresas foram colocadas no programa
de privatização do Governo Federal. A COBRAPI foi adquirida por seus
empregados, que mantêm o controle acionário até os dias atuais.
Após as necessárias adaptações, impostas pelo mercado onde atua, a
COBRAPI segue forte e, como sempre, treinando, formando, desenvolvendo
profissionais e destacando-se por meio de soluções inovadoras. A
determinação mostrada ao longo do caminho percorrido assegura passos
firmes rumo ao futuro.

Atendendo com qualidade e tecnologia por todo o país


Com atuação significativa nas áreas de siderurgia, metalurgia, bens de capital,
celulose, mineração, petróleo, entre outras, a Cobrapi está presente nos
estados de Minas Gerais (Belo Horizonte e Ipatinga), Rio de Janeiro (Rio de
Janeiro), São Paulo (Cubatão) e Espírito Santo (Vitória), consolidando sua
melhor competência em serviços de engenharia, fornecimento de pacotes,
gerenciamento de implantação de empreendimentos, consultoria e apoio
técnico, desenvolvimento de processos e tecnologia e assistência técnica
exterior.

Matriz
Rua Padre Eustáquio, 2818
Pe. Eustáquio – 30720-100 – Belo Horizonte – MG
Telefax: (31) 3349-1400

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iv
Áreas de negócio

Engenharia
Estudo de viabilidade; Projetos conceptual, básico e
detalhado; Suprimento; Meio ambiente.

Consultoria e Apoio Técnico


Engenharia, manutenção, operação e logística

Fornecimento de pacotes
Turn Key e Turn Key Misto:
Processos, Projetos, Suprimento, Construção,
Montagem, Teste e Posta em Marcha e Operação
Assistida.

Gerenciamento
Supervisão e fiscalização de implantação de
empreendimentos.

COBRAPI Educação
Soluções Educacionais para a Engenharia:
- Programas Abertos
- Programas Customizados
- Especialização Lato Sensu

v
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SUMÁRIO

1 TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA ............................................................................................................. 9


1.1 PRINCIPAIS DEFINIÇÕES ......................................................................................................................................... 9
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES DE ENERGIA .............................................................................................. 11
1.2.1 Consumidores do Grupo A ................................................................................................................... 11
1.2.2 Consumidores do Grupo B ................................................................................................................... 12
1.3 TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ..................................................................................................................... 12
1.3.1 Tarifação convencional ......................................................................................................................... 15
1.3.2 Tarifação horo-sazonal ......................................................................................................................... 16
1.3.3 Tarifação monômia ............................................................................................................................... 21
1.4 DEMANDA, CONSUMO E FATOR DE POTÊNCIA ...................................................................................................... 21
1.5 A LEGISLAÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA .............................................................................................................. 24
1.5.1 O faturamento de energia e demanda ativa ......................................................................................... 27
1.5.2 O faturamento de energia e demanda reativas excedentes ................................................................. 33
1.5.3 Reduzindo a fatura de energia elétrica ................................................................................................. 42
1.6 FATOR DE CARGA ................................................................................................................................................ 53
1.6.1 Tarifação convencional ......................................................................................................................... 56
1.6.2 Tarifação Horo-sazonal Azul ................................................................................................................ 56
1.6.3 Tarifação Horo-sazonal Verde .............................................................................................................. 57
APÊNDICE A – BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 59

vi
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INTRODUÇÃO

Várias medidas de eficientização e energia. A conta de energia é uma síntese


otimização energética não são implantadas dos parâmetros de consumo, refletindo a
pelos consumidores responsáveis devido aos forma como a mesma é utilizada. Uma
elevados custos envolvidos quando análise histórica, como no mínimo 12 meses,
comparados aos possíveis decréscimos nas apresenta um quadro rico de informações e
faturas de energia elétrica. Estas apresentam torna-se a base de comparação para futuras
a quantia total que deve ser paga pela mudanças, visando mensurar potenciais de
prestação do serviço público de energia economia. Nesse sentido, o estudo e o
elétrica, referente a um período especificado, acompanhamento das contas de energia
discriminando as parcelas correspondentes. elétrica tornam-se ferramentas importantes
para a execução de um gerenciamento
Assim, compreender a estrutura tarifária
energético em instalações.
e como são calculados os valores expressos
nas notas fiscais de energia elétrica é um Além disso, o resultado da análise
parâmetro importante para a correta tomada permite que o instrumento contratual entre a
de decisão em projetos envolvendo concessionária e o consumidor torne-se
conservação de energia. adequado às necessidades deste, podendo
implicar em redução de despesas com
A análise dos elementos que compõem
eletricidade.
esta estrutura, seja convencional ou horo-
sazonal, é indispensável para uma tomada
de decisão quanto ao uso eficiente da

vii
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Capítulo
Tarifação da energia
elétrica 1

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 8


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

1 Tarifação da energia elétrica

Sumário do capítulo
1.1 PRINCIPAIS DEFINIÇÕES
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES DE ENERGIA
1.2.1 Consumidores do grupo A
1.2.2 Consumidores do grupo B
1.3 TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
1.3.1 Tarifação convencional
1.3.2 Tarifação Horo-sazonal
1.3.3 Tarifação monômia
1.4 DEMANDA, CONSUMO E FATOR DE POTÊNCIA
1.5 A LEGISLAÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA
1.5.1 O faturamento de energia e demanda ativa
1.5.2 O faturamento de energia e demanda reativas excedentes
1.5.3 Reduzindo a fatura de energia elétrica
1.6 FATOR DE CARGA
1.6.1 Tarifação convencional
1.6.2 Tarifação Horo-sazonal Azul
1.6.3 Tarifação Horo-sazonal verde
1.7 SISTEMAS DE MEDIÇÃO DA CONCESSIONÁRIA

Esta publicação apresenta noções consumidor responsável por unidade


básicas sobre as formas de tarifação da consumidora do Grupo “A” ajustam as
energia elétrica e a legislação do fator de características técnicas e as condições
potência, estando calcado no instrumento comerciais do fornecimento de energia
legal mais recente que versa sobre o tema, a elétrica.
Resolução 456 da Agência Nacional de
Demanda: média das potências
Energia Elétrica - ANEEL, publicada no
elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao
Diário Oficial em 29 de novembro de 2000 e
sistema elétrico pela parcela da carga
disponibilizado no apêndice A.
instalada em operação na unidade
consumidora, durante um intervalo de tempo
1.1 Principais definições especificado (kW ou kVAr).
Demanda contratada: demanda de
Para melhor compreensão dos potência ativa a ser obrigatória e
assuntos a serem tratados ao longo deste continuamente disponibilizada pela
capítulo, é importante o conhecimento de concessionária, no ponto de entrega,
alguns conceitos e definições: conforme valor e período de vigência fixados
no contrato de fornecimento e que deverá ser
Carga instalada: soma das potências
integralmente paga, seja ou não utilizada
nominais dos equipamentos elétricos
durante o período de faturamento, expressa
instalados na unidade consumidora, em
em quilowatts (kW).
condições de entrar em funcionamento,
expressa em quilowatts (kW). Demanda de ultrapassagem: parcela da
demanda medida que excede o valor da
Contrato de fornecimento: instrumento
demanda contratada, expressa em quilowatts
contratual em que a concessionária e o
(kW).

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 9


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Demanda faturável: valor da demanda Fatura de energia elétrica: nota fiscal


de potência ativa, identificada de acordo com que apresenta a quantia total que deve ser
os critérios estabelecidos e considerada para paga pela prestação do serviço público de
fins de faturamento, com aplicação da energia elétrica, referente a um período
respectiva tarifa, expressa em quilowatts especificado, discriminando as parcelas
(kW). correspondentes.
Demanda medida: maior demanda de Modulação: corresponde a redução
potência ativa, verificada por medição, percentual do valor de demanda no horário
integralizada no intervalo de 15 (quinze) de ponta em relação ao horário fora de
minutos durante o período de faturamento, ponta.
expressa em quilowatts (kW).
Potência disponibilizada: potência que
Estrutura tarifária: conjunto de tarifas o sistema elétrico da concessionária deve
aplicáveis às componentes de consumo de dispor para atender às instalações elétricas
energia elétrica e/ou demanda de potência da unidade consumidora, segundo os
ativas de acordo com a modalidade de critérios estabelecidos na Resolução 456/00
fornecimento. da Aneel e configurada nos seguintes
parâmetros:
Horário de Ponta (P): corresponde ao a) unidade consumidora do Grupo “A”:
intervalo de 3 horas consecutivas, definido a demanda contratada, expressa em
por cada concessionária local, compreendido quilowatts (kW);
entre as 17 e 22 horas, de segunda à sexta-
b) unidade consumidora do Grupo “B”:
feira.
a potência em kVA, resultante da
Horário Fora de Ponta (F): corresponde multiplicação da capacidade nominal ou
às horas complementares às relativas ao regulada, de condução de corrente elétrica
horário de ponta, acrescido do total das do equipamento de proteção geral da
horas dos sábados e domingos. unidade consumidora pela tensão nominal,
observado no caso de fornecimento trifásico,
Período Seco (S): período de 7 (sete)
o fator específico referente ao número de
meses consecutivos, compreendendo os
fases.
fornecimentos abrangidos pelas leituras de
maio a novembro. Potência instalada: soma das potências
nominais de equipamentos elétricos de
Período Úmido (U): período de 5 (cinco)
mesma espécie instalados na unidade
meses consecutivos, compreendendo os
consumidora e em condições de entrar em
fornecimentos abrangidos pelas leituras de
funcionamento.
dezembro de um ano a abril do ano seguinte.
Segmentos Horo-Sazonais: são as
Fator de carga: razão entre a demanda
combinações dos intervalos de ponta e fora
média e a demanda máxima da unidade
de ponta com os períodos seco e úmido,
consumidora, ocorridas no mesmo intervalo
conforme abaixo:
de tempo especificado.
a) horário de ponta em período seco -
Fator de demanda: razão entre a
PS;
demanda máxima num intervalo de tempo
especificado e a carga instalada na unidade b) horário de ponta em período úmido
consumidora. - PU;
Fator de potência: razão entre a c) horário fora de ponta em período
energia elétrica ativa e a raiz quadrada da seco - FPS;
soma dos quadrados das energias elétricas
d) horário fora de ponta em período
ativa e reativa, consumidas num mesmo
úmido - FPU.
período especificado.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 10


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Tarifa: preço da unidade de energia elétrico, aplicável ao faturamento de


elétrica e/ou da demanda de potência ativas. unidades consumidoras do Grupo “B”, de
acordo com os limites fixados por tipo de
Tarifa monômia: tarifa de fornecimento
ligação.
de energia elétrica constituída por preços
aplicáveis unicamente ao consumo de
energia elétrica ativa. Definições conforme Resolução 456/00 da Aneel, Art.
Tarifa binômia: conjunto de tarifas de 2º).
fornecimento constituído por preços
aplicáveis ao consumo de energia elétrica 1.2 Classificação dos consumidores
ativa e à demanda faturável. de energia
Tarifa de ultrapassagem: tarifa aplicável
sobre a diferença positiva entre a demanda Os consumidores de energia são
medida e a contratada, quando exceder os classificados (conforme resolução 456/00 da
limites estabelecidos. Aneel, inciso XXII do art. 2º) pelo nível de
Tarifas de Ultrapassagem: são as tensão em que são atendidos e podem ser
tarifas aplicadas à parcela da demanda divididos em três categorias:
medida que superar o valor da demanda
contratada, no caso de Tarifas Horo- a) Consumidores do Grupo A - Tarifação
Sazonais, respeitados os respectivos limites Convencional;
de tolerância. b) Consumidores do Grupo A - Tarifação
Tolerância de ultrapassagem de Horo-Sazonal;
demanda: é uma tolerância dada aos c) Consumidores do Grupo B.
consumidores das tarifas horo-sazonais para
fins de faturamento de ultrapassagem de A energia elétrica pode ser cobrada de
demanda. Esta tolerância é de: diversas maneiras, dependendo do
a) 5% para os consumidores atendidos enquadramento tarifário de cada consumidor.
em tensão igual ou superior a 69 A apresentação das características de cada
kV; uma das modalidades tarifárias
(convencional e horo-sazonal) será
b) 10% para os consumidores introduzida na seção 6.3.
atendidos em tensão inferior a 69
kV (a grande maioria), e demanda
contratada superior a 100 kW;
1.2.1 Consumidores do Grupo A
c) 20% para os consumidores
atendidos em tensão inferior a 69
kV, e demanda contratada de 50 a Corresponde ao grupamento composto
100 kW. de unidades consumidoras com tensão de
fornecimento igual ou superior a 2,3 kV, ou,
Valor líquido da fatura: valor em moeda
ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 kV
corrente resultante da aplicação das
a partir de sistema subterrâneo de
respectivas tarifas de fornecimento, sem
distribuição.
incidência de imposto, sobre as componentes
de consumo de energia elétrica ativa, de O grupo A, subdividido nos subgrupos
demanda de potência ativa, de uso do apresentados na tabela 1.1, é caracterizado
sistema, de consumo de energia elétrica e pela estruturação tarifária binômia (os
demanda de potência reativas excedentes. consumidores são cobrados tanto pela
demanda quanto pela energia ativa que
Valor mínimo faturável: valor referente
consomem), além da tarifação imposta por
ao custo de disponibilidade do sistema
baixo fator de potência (inferior a 0,92,

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 11


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indutivo ou capacitivo) para o consumo de Tabela 1.2 Subgrupos dos consumidores do grupo B.
energia elétrica e demanda de potências
reativas excedentes. Subgrupos Tensão de fornecimento
B1 Residencial e residencial de baixa
Os grandes consumidores e a maioria
renda
das pequenas e médias empresas brasileiras B2 Rural, cooperativa de eletrificação
(industriais ou comerciais) são classificados rural, serviço público de irrigação
no Grupo A, podendo ser enquadrados na B3 Demais classes
tarifação convencional ou na tarifação horo- B4 Iluminação pública
sazonal (azul ou verde).

Como exemplo, podemos citar as


Tabela 1.1 Subgrupos dos consumidores do grupo A. residências, iluminação pública,
consumidores rurais, e todos os demais
Subgrupos Tensão de fornecimento usuários alimentados em baixa tensão
A1 ≥ 230 kV (abaixo de 600 V), divididos em três tipos de
A2 88 kV a 138 kV tarifação: residencial, comercial e rural.
A3 69 kV
A3a 30 kV a 44 kV Os consumidores atendidos por redes
A4 2,3 kV a 25 kV elétricas subterrâneas são classificados no
AS Subterrâneo1
Nota:
Grupo A, Sub-grupo AS, mesmo que
atendidos em baixa tensão.
1- Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendida a partir
de sistema subterrâneo de distribuição e faturada neste É necessária, para consumidores do
Grupo em caráter opcional.
Grupo B, a assinatura de um “Contrato de
É necessária, para consumidores do Adesão”, destinado a regular as relações
Grupo A, a assinatura de um “Contrato de entre a concessionária e a unidade
Fornecimento”, destinado a regular as consumidora.
relações entre a concessionária e a unidade
consumidora.

1.2.2 Consumidores do Grupo B

Corresponde ao grupamento composto


de unidades consumidoras com fornecimento
em tensão inferior a 2,3 kV ou, ainda,
atendidas em tensão superior a 2,3 kV e
faturadas neste Grupo nos termos definidos
nos arts. 79 a 81 da resolução 456/00 da
Aneel. O grupo B, subdividido nos subgrupos Figura 1.1 Consumidores dos Grupos A e B.
apresentados na tabela 1.2, é caracterizado
pela estruturação tarifária monômia (isto é,
os consumidores são cobrados apenas pela 1.3 Tarifação de energia elétrica
energia ativa que consomem), além da
tarifação imposta por baixo fator de potência Tarifação de Energia Elétrica é o
(consumo de energia reativa excedente), sistema organizado de tabelas de preços (da
quando aplicável. unidade de energia elétrica e/ou da demanda
de potência ativa) correspondentes às
diversas classes de serviço oferecidas às
unidades consumidoras, aprovadas e
reguladas pela Aneel - Agência Nacional de

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 12


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Energia Elétrica, em cujo site podem ser períodos indicava um perfil de


obtidas as tabelas de tarifas atualizadas. comportamento vinculado exclusivamente
aos hábitos de consumo e às características
A compreensão da forma como é
próprias do mercado de uma determinada
cobrada a energia elétrica e como são
região. E, diga-se de passagem, não havia
calculados os valores apresentados nas
nenhum interesse ou intenção na mudança
contas de energia elétrica é fundamental
destes hábitos, visto que a legislação vigente
para a tomada de decisão em relação a
não acrescentava nada a este respeito.
projetos de eficiência energética.
A conta de energia reflete o modo como
100
a energia elétrica é utilizada e sua análise

Capacidade de Consumo (%)


por um período de tempo adequado permite Curva de Carga
Dia Útil
estabelecer relações importantes entre
hábitos e consumo.
50
Dadas as alternativas de
enquadramento tarifário disponíveis para
alguns consumidores, o conhecimento da
formação da conta e dos hábitos de consumo 10
permite escolher a forma de tarifação mais 0 6 12 18 24 horas
adequada e que resulta em menor despesa
com a energia elétrica. Figura 1.2 Comportamento médio do mercado de
eletricidade ao longo de um dia útil.
As tarifas de eletricidade em vigor
possuem estruturas com dois componentes
básicos na definição do seu preço: A figura 1.2 mostra o comportamento
médio do mercado de eletricidade (consumo
a) componente relativo à demanda de
energético), ao longo de um dia típico de
potência ativa (quilowatt ou kW);
operação (dia útil). Observa-se, claramente,
b) componente relativo ao consumo de que no horário das 17 às 22 horas existe
energia ativa (quilowatt-hora ou kWh). uma intensificação do uso da eletricidade se
comparado com os demais períodos do dia.
É importante observar que, até 1981, Esse comportamento resulta das influências
existia apenas um sistema de tarifação, e características individuais das várias
denominado Convencional. Este sistema, classes de consumo que normalmente
bastante simplificado, não permitia que o compõem o mercado: industrial, comercial,
consumidor percebesse os reflexos residencial, iluminação pública, rural e outras.
decorrentes da melhor forma de utilizar
(consumir) a eletricidade, uma vez que não O horário de maior uso é denominado
havia diferenciação de preços segunda sua "horário de ponta" do sistema elétrico. É o
utilização durante as horas do dia e períodos período onde a tarifa de energia é mais cara,
do ano. sendo compreendido somente por 3 horas
consecutivas de segunda a sexta-feira, entre
Desta forma, esta única estrutura de 17:00 h e 22:00 h, estabelecido por cada
tarifação levava o consumidor a ser concessionária local (em geral, entre 17:30 h
indiferente no que diz respeito à utilização da e 20:30 h). Neste período, as redes de
energia elétrica durante a madrugada ou no distribuição assumem maior carga, atingindo
final da tarde, assim como consumir durante seu valor máximo (pico de consumo)
o mês de junho ou dezembro, no inverno ou aproximadamente às 19 horas, variando um
no verão. pouco este horário de região para região do
Esta indiferença com relação ao país.
consumo de energia ao longo desses

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 13


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No horário de ponta, um novo A curva A representa a disponibilidade


consumidor a ser atendido pelo sistema média de água nos reservatórios das usinas
custará mais à concessionária nesse período hidrelétricas, constituindo o potencial
de maior solicitação do que em qualquer predominante de geração de eletricidade
outro horário do dia, devido ao maior (disponibilização energética). Por outro lado,
carregamento das redes de distribuição neste a curva B representa o comportamento de
horário. De fato, existirá a necessidade de consumo médio do mercado de energia
ampliação do sistema (aumento de custo elétrica a nível nacional, assumindo um valor
para a concessionária) para atender aos máximo justamente no período em que a
consumidores no horário de ponta. disponibilidade de água fluente nos
mananciais é mínima.
O horário Fora de Ponta é o período
onde a tarifa de energia é mais barata, sendo Em outras palavras, pode-se dizer que
o horário complementar ao horário de Ponta, no período de maior consumo existe o menor
de segunda a sexta-feira, e o dia inteiro nos potencial de geração de eletricidade. Este
sábados, domingos e feriados. fato permite identificar, em função da
disponibilidade hídrica, uma época do ano
denominada "período seco", compreendido
Fora de ponta Ponta Fora de ponta entre maio e novembro de cada ano, e outra
denominada “período úmido", de dezembro
de um ano até abril do ano seguinte.
0:00h 17:30h 20:30h 24:00h
O período úmido é aquele onde, devido
à estação de chuvas, os reservatórios de
Figura 1.3 Horário de ponta e fora de ponta. nossas usinas hidrelétricas estão mais altos.
Como o potencial hidráulico das usinas
Em geral, o custo da tarifa de energia cresce, existe um incentivo (tarifas mais
no horário de Ponta é três vezes maior do baixas) para que o consumo de energia seja
que no horário Fora de Ponta, motivando as maior neste período.
empresas a utilizarem menos energia neste O período seco é aquele onde, devido à
horário como forma de reduzir suas contas falta de chuvas, os reservatórios de nossas
mensais pagas às concessionárias. usinas hidrelétricas estão mais baixos. Como
Da mesma forma que o comportamento o potencial hidráulico das usinas diminui,
do consumo de energia varia ao longo de um existe um acréscimo nas tarifas para que o
dia, o comportamento do mercado de consumo de energia seja menor neste
eletricidade ao longo do ano também período.
apresenta características próprias, as quais A capacidade de acumulação nos
podem ser visualizadas na figura 1.4. reservatórios das usinas, que estocam a
água afluente durante o ano, torna possível o
atendimento ao mercado no período seco.
Consequentemente, o fornecimento de
Período úmido Período seco Período energia no período seco tende, também, a
úmido ser mais oneroso, pois leva à necessidade de
A
se construir grandes reservatórios, e
eventualmente, operar usinas térmicas ou
B
investimentos em outras formas alternativas
de geração de energia (como a eólica, por
exemplo).
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Devido a estes fatos típicos do
Figura 1.4 Disponibilidade média dos reservatórios comportamento da carga ao longo do dia e
(curva A) x consumo ao longo do ano (curva B). ao longo do ano (em função da

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 14


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disponibilidade de água), foi concebida a a) energia elétrica ativa contratada, se


Estrutura Tarifária Horo-Sazonal (THS), com houver; ou
suas Tarifas Azul e Verde, caracterizadas
b) energia elétrica ativa medida no
pela aplicação de tarifas e preços
período de faturamento.
diferenciados de acordo com o horário do dia
(ponta e fora de ponta) e períodos do ano III - consumo de energia elétrica e
(seco e úmido). demanda de potência reativas excedentes:
quando o fator de potência da unidade
A Tarifa Azul caracteriza-se pela
consumidora, indutivo ou capacitivo, for
aplicação de preços diferenciados de
inferior a 0,92.
demanda e consumo de energia elétrica para
os horários de ponta e fora de ponta e para
os períodos seco e úmido. A Tarifa Verde 1.3.1 Tarifação convencional
caracteriza-se pela aplicação de um preço
único de demanda, independente de horário A estrutura tarifária convencional,
e período e preços diferenciados de conforme definido pela Aneel, é a “estrutura
consumo, de acordo com as horas do dia e caracterizada pela aplicação de tarifas de
períodos do ano. consumo de energia elétrica e/ou demanda
O faturamento de unidade consumidora de potência independentemente das horas
do Grupo “B” será realizado com base no de utilização do dia e dos períodos do ano”.
consumo de energia elétrica ativa, e, quando Os consumidores do Grupo A, sub-
aplicável, no consumo de energia elétrica grupos A3a, A4 ou AS (ou seja, fornecimento
reativa excedente. inferior a 69 kV) , podem ser enquadrados na
Por outro lado, o faturamento de tarifa Convencional quando a demanda
unidade consumidora do Grupo “A”, contratada for inferior a 300 kW, desde que
observados, no fornecimento com tarifas não tenham ocorrido, nos 11 meses
horo-sazonais, os respectivos segmentos, anteriores, 3 (três) registros consecutivos ou
será realizado com base nos valores 6 (seis) registros alternados de demanda
identificados por meio dos critérios definidos superior a 300 kW. Quando este for o caso, é
pela Aneel e descritos a seguir: obrigatório o enquadramento na Tarifação
Horo-Sazonal (THS).
O enquadramento na tarifa
I - demanda de potência ativa: um único Convencional exige um contrato específico
valor, correspondente ao MAIOR dentre os a com a concessionária no qual se pactua um
seguir definidos: único valor da demanda pretendida pelo
a) a demanda contratada, exclusive no consumidor (demanda contratada),
caso de unidade consumidora rural ou independente da hora do dia (ponta ou fora
sazonal faturada na estrutura tarifária de ponta) ou período do ano (seco ou
convencional; úmido).
b) a demanda medida; ou Na tarifação convencional, o
consumidor paga à concessionária até três
c) 10% (dez por cento) da maior parcelas: consumo, demanda e ajuste de
demanda medida, em qualquer dos 11 (onze) fator de potência. O faturamento do consumo
ciclos completos de faturamento anteriores, é feito pelo critério mais simples, semelhante
quando se tratar de unidade consumidora ao de nossas casas, sem a divisão do dia em
rural ou sazonal faturada na estrutura tarifária horário de ponta e fora de ponta. Acumula-se
convencional. o total de kWh consumidos e aplica-se uma
II - consumo de energia elétrica ativa: tarifa de consumo para chegar-se à parcela
um único valor, correspondente ao MAIOR de faturamento de consumo.
dentre os a seguir definidos:

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 15


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A parcela de faturamento de demanda


é obtida pela aplicação de uma tarifa de Tarifa
Convencional
demanda à demanda faturada, tal qual é (binômia)
aplicado à tarifação horo-sazonal.
Note bem a importância do controle de
demanda: um pico de demanda na tarifação Demanda única Consumo único
convencional pode significar acréscimos na (R$/kW) (R$/kWh)
conta de energia por até 12 meses.
Para cálculo da parcela de ajuste de Figura 1.5 Tarifação convencional.
fator de potência, o dia é dividido em duas
partes: horário capacitivo e o restante. Se o
fator de potência do consumidor estiver 1.3.2 Tarifação horo-sazonal
dentro dos limites pré-estabelecidos, esta
parcela não é cobrada. O limite estabelecido Esta modalidade de tarifação, conforme
pela Aneel é de 0,92 indutivo. definido pela Aneel, é estruturada para
Como exemplo, podemos citar as “aplicação de tarifas diferenciadas de
pequenas indústrias ou instalações consumo de energia elétrica de acordo com
comerciais que não estejam enquadradas na as horas de utilização do dia e os períodos
Tarifação Horo-Sazonal (THS), normalmente do ano, bem como de tarifas diferenciadas de
com demanda abaixo de 300 kW. demanda de potência de acordo com as
horas de utilização do dia”.
A tabela 1.3 apresenta um exemplo de
tarifas de energia elétrica para tarifação Na tarifação horo-sazonal, os dias são
Convencional. divididos em períodos fora de ponta e de
ponta, para faturamento de demanda, e em
Tabela 1.3 Tarifas de energia elétrica para modalidade
horário capacitivo e o restante, para
de tarifação Convencional referente à concessionária faturamento de fator de potência. Além disto,
CEMIG (Fonte: resolução ANEEL N° 87/2000 – Quadro o ano é dividido em um período úmido e
A). outro seco.

Tarifa Convencional Assim, para o faturamento do consumo,


acumula-se o total de kWh consumidos em
Subgrupo
Demanda Consumo cada período: fora de ponta seca (FS) ou fora
(R$/kW) (R$/MWh)
de ponta úmida (FU), e ponta seca (PS) ou
A2 (88 a 138 kV) 16,33 41,11
A3 (69 kV) 17,60 44,30
ponta úmida (PU).
A3a (30 kV a 44 kV) 6,10 89,43
A4 (2,3 kV a 25 kV) 6,33 92,73
Para cada um destes períodos, aplica-
AS (subterrâneo) 9,35 97,04 se uma tarifa de consumo diferenciada, e o
B1 – RESIDENCIAL 180,23 total é a parcela de faturamento de consumo.
B1 – RESIDENCIAL DE BAIXA
RENDA:
Evidentemente, as tarifas de consumo nos
Consumo mensal até 30 kWh 63,09 períodos secos são mais caras que nos
Consumo mensal de 31 a 100 kWh 108,14 períodos úmidos, e no horário de ponta é
Consumo mensal de 101 a 180 kWh 162,20 mais cara que no horário fora de ponta.
B2 – RURAL 105,48
B2 – COOPERATIVA DE 74,52 Os custos por kWh são mais baixos nas
ELETRIFICAÇÃO RURAL
B2 – SERVIÇO DE IRRIGAÇÃO 96,97 tarifas horo-sazonais, mas as multas por
B3 – DEMAIS CLASSES 168,26 ultrapassagem são mais pesadas. Assim,
B4 – ILUMINAÇÃO PÚBLICA: para a escolha do melhor enquadramento
B4a – Rede de distribuição 86,70
B4b – Bulbo da lâmpada 95,15
tarifário (quando facultado ao cliente) é
B4c – Nível de IP acima do padrão 140,97 necessária uma avaliação específica.

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Nos consumidores enquadrados na de fornecimento inferior a 69 kV sempre que


Tarifação Horo-Sazonal (THS), as a demanda contratada for inferior a 300 kW.
concessionárias utilizam medidores
Esta modalidade tarifária exige um
eletrônicos com saídas para o usuário
contrato especifico com a concessionária, no
(consumidor). Esta “saída para o usuário” é
qual se pactua tanto o valor da demanda
uma saída serial de dados que segue uma
pretendida pelo consumidor no horário de
norma ABNT onde são disponibilizadas as
ponta (demanda contratada na ponta) quanto
informações de consumo de energia ativa e
o valor pretendido nas horas fora de ponta
reativa para o intervalo de 15 minutos
(demanda contratada fora de ponta).
corrente (tempo de medição utilizado para
faturamento) separado por posto horário É importante salientar que o
(ponta e fora de ponta indutivo e fora de consumidor poderá optar pelo retorno à
ponta capacitivo). estrutura tarifária convencional, desde que
seja verificado, nos últimos 11 (onze) ciclos
Nos demais consumidores, os sistemas de faturamento, a ocorrência de 9 (nove)
de medição das concessionárias não registros, consecutivos ou alternados, de
possuem qualquer interface para o demandas medidas inferiores a 300 kW.
consumidor. Esta é uma das razões, dentre
A Tarifa Azul será aplicada
outras, que faz com que a grande maioria
considerando-se a seguinte estrutura
dos casos de controle de demanda seja de
tarifária:
consumidores enquadrados na THS. Nestes
casos, as informações de consumo ativo e
reativo (assim como posto tarifário e I - demanda de potência (kW):
sincronismo do intervalo de integração) são
fornecidas por medidores ou registradores a) um preço para horário de ponta (P);
das próprias concessionárias de energia, ou b) um preço para horário fora de ponta
seja, um medidor de energia denominado (F).
medidor THS, específico para a modalidade
tarifária horo-sazonal, cujas medições II - consumo de energia (kWh):
(dados) ficam registrados na chamada a) um preço para horário de ponta em
“memória de massa” do medidor. período úmido (PU);
b) um preço para horário fora de ponta
1.3.2.1 Tarifação horo-sazonal azul em período úmido (FU);
c) um preço para horário de ponta em
O enquadramento dos consumidores período seco (PS); e
do Grupo A na tarifação horo-sazonal azul é
obrigatório para os consumidores dos d) um preço para horário fora de ponta
subgrupos A1, A2 ou A3, ou seja, para os em período seco (FS).
consumidores atendidos em tensão igual ou
superior a 69 kV. O enquadramento também
é compulsório com tensão de fornecimento Na tarifação horo-sazonal azul, a
inferior a 69 kV quando a demanda resolução 456 permite, embora não seja
contratada for igual ou superior a 300 kW. explícita, que o faturamento da parcela de
Opcionalmente, o enquadramento na demanda seja igualmente composto por
tarifação horo-sazonal azul pode ser feito parcelas relativas a cada período: fora de
para as unidades consumidoras com tensão ponta seca ou fora de ponta úmida, e ponta
seca ou ponta úmida.

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Tarifa Horo-sazonal
AZUL
(binômia)

Consumo Demanda
(R$/kWh) (R$/kW)

Ponta Fora de Ponta Ponta Fora de Ponta


(P) (F) (P) (F)

Seco Úmido Seco Úmido

Figura 1.6 Tarifação Horo-Sazonal Azul.

Para cada período, o cálculo será o atendida em tensão de fornecimento inferior a 69 kV,
seguinte: caindo para 5% para unidade consumidora atendida
em tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV.

Caso 1 - Demanda registrada inferior à


Para o cálculo da parcela de ajuste de
demanda contratada. Aplica-se a tarifa de
fator de potência, o dia é dividido em duas
demanda correspondente à demanda
partes: horário capacitivo e o restante. Se o
contratada.
fator de potência do consumidor estiver fora
Caso 2 - Demanda registrada superior dos limites estipulados pela legislação,
à demanda contratada, mas dentro da haverá penalização por baixo fator de
tolerância de ultrapassagem (ver nota potência. Se o fator de potência do
abaixo). Aplica-se a tarifa de demanda consumidor estiver dentro dos limites pré-
correspondente à demanda registrada. estabelecidos, esta parcela não é cobrada.
Caso 3 - Demanda registrada superior As tabelas 1.4 a 1.6 apresentam
à demanda contratada e acima da tolerância. exemplos de tarifas de energia elétrica para a
Aplica-se a tarifa de demanda tarifação horo-sazonal azul.
correspondente à demanda contratada, e
soma-se a isso a aplicação da tarifa de Tabela 1.4 Tarifas de energia elétrica para modalidade
ultrapassagem correspondente à diferença de tarifação Horo-sazonal azul – segmento horário -
entre a demanda registrada e a demanda referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
contratada. Ou seja: paga-se tarifa normal ANEEL N° 87/2000 – Quadro B).
pelo contratado, e a tarifa de ultrapassagem
sobre todo o excedente. É importante Tarifa horo-sazonal Azul
salientar que a tarifa de ultrapassagem é Demanda
superior (normalmente 3 a 4 vezes) ao valor Segmento horário
(R$/kW)

da tarifa normal de fornecimento. Subgrupo


Ponta
Fora de
ponta

Nota: A tolerância de ultrapassagem de A1 (230 kV ou mais) 9,58 2,00


demanda é uma tolerância dada aos consumidores das A2 (88 a 138 kV) 10,30 2,37
A3 (69 kV) 13,82 3,78
tarifas horo-sazonais para fins de faturamento de
A3a (30 kV a 44 kV) 16,14 5,40
ultrapassagem de demanda (ou seja, quando a
A4 (2,3 kV a 25 kV) 16,74 5,8
demanda medida superar a demanda contratada). Esta AS (subterrâneo) 17,52 8,57
tolerância é de 10% para unidade consumidora

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 18


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Tabela 1.5 Tarifas de energia elétrica para modalidade Opcionalmente, o enquadramento na


de tarifação Horo-sazonal azul – segmento sazonal - tarifação horo-sazonal verde pode ser feito
referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
ANEEL N° 87/2000 – Quadro C).
para as unidades consumidoras com tensão
de fornecimento inferior a 69 kV sempre que
Tarifa horo-sazonal Azul a demanda contratada for inferior a 300 kW.
Consumo O enquadramento nesta modalidade
Segmento sazonal (R$/MWh) tarifária exige um contrato especifico com a
Subgrupo Ponta
concessionária no qual se pactua a demanda
Seca Úmida
pretendida pelo consumidor (demanda
A1 (230 kV ou mais) 54,53 47,69
A2 (88 a 138 kV) 57,77 53,89 contratada), independente da hora do dia
A3 (69 kV) 65,47 58,03 (ponta ou fora de ponta).
A3a (30 kV a 44 kV) 105,86 97,98
A4 (2,3 kV a 25 kV) 109,76 101,59 A Tarifa Verde será aplicada
AS (subterrâneo) 114,88 106,32 considerando a seguinte estrutura tarifária:
Fora de Ponta
Seca Úmida
A1 (230 kV ou mais) 38,59 32,79
A2 (88 a 138 kV) 41,41 37,96
I - demanda de potência (kW): um
A3 (69 kV) 45,11 38,93 preço único.
A3a (30 kV a 44 kV) 50,35 44,51
A4 (2,3 kV a 25 kV) 52,19 46,12 II - consumo de energia (kWh):
AS (subterrâneo) 54,62 48,28
a) um preço para horário de ponta em
período úmido (PU);

Tabela 1.6 Tarifas de energia elétrica para modalidade b) um preço para horário fora de ponta
de tarifação Horo-sazonal azul – tarifas de em período úmido (FU);
ultrapassagem - referente à concessionária CEMIG
(Fonte: resolução ANEEL N° 87/2000 – Quadro D). c) um preço para horário de ponta em
período seco (PS); e
Tarifa de ultrapassagem - Horo-sazonal Azul d) um preço para horário fora de ponta
Demanda em período seco (FS)
(R$/kW)
Segmento horo-sazonal Fora de
Embora não seja explícita, a Resolução
subgrupo
Ponta
ponta 456 permite que sejam contratados dois
Seca ou Seca ou valores diferentes de demanda, um para o
úmida úmida período seco e outro para o período úmido.
A1 (230 kV ou mais) 35,51 7,47
A2 (88 a 138 kV) 38,14 8,71 Não existe contrato diferenciado de
A3 (69 kV) 51,21 14,00 demanda no horário de ponta, como na tarifa
A3a (30 kV a 44 kV) 54,30 18,09
A4 (2,3 kV a 25 kV) 50,21 16,74 azul. Assim, o faturamento da parcela de
AS (subterrâneo) 52,54 25,66 demanda será composto por uma parcela
apenas, relativa ao período seco ou ao
período úmido, usando o mesmo critério do
THS-azul, quanto a eventuais ultrapassagens
1.3.2.2 Tarifação horo-sazonal verde
de demanda contratada.
O enquadramento dos consumidores Para o cálculo da parcela de ajuste de
do Grupo A na tarifação horo-sazonal verde é fator de potência, o dia é dividido em três
obrigatório para tensão de fornecimento partes: horário capacitivo, horário de ponta, e
inferior a 69 kV (subgrupos A3a, A4 e AS) o restante. Se o fator potência do
quando a demanda contratada for igual ou consumidor, registrado ao longo do mês,
superior a 300 kW, em alternativa a tarifação estiver fora dos limites estipulados pela
horo-sazonal azul. legislação, haverá penalização por baixo
fator de potência. Se o fator de fator de

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 19


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potência do consumidor estiver dentro dos Tabela 1.8 Tarifas de energia elétrica para modalidade
limites pré-estabelecidos, esta parcela não é de tarifação Horo-sazonal Verde – segmento sazonal -
referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
cobrada. ANEEL N° 87/2000 – Quadro F).
Assim como na tarifação horo-sazonal
azul, o consumidor poderá optar pelo retorno Tarifa horo-sazonal Verde
à estrutura tarifária convencional, desde que Consumo
seja verificado, nos últimos 11 (onze) ciclos Segmento horo-sazonal (R$/MWh)
de faturamento, a ocorrência de 9 (nove) Subgrupo Ponta
Seca Úmida
registros, consecutivos ou alternados, de
A3a (30 kV a 44 kV) 479,10 471,26
demandas medidas inferiores a 300 kW. A4 (2,3 kV a 25 kV) 496,69 488,54
AS (subterrâneo) 519,79 511,27
As tabelas 1.7 a 1.9 apresentam
Fora de Ponta
exemplos de tarifas de energia elétrica para a Seca Úmida
tarifação horo-sazonal verde. A3a (30 kV a 44 kV) 50,35 44,51
A4 (2,3 kV a 25 kV) 52,19 46,12
AS (subterrâneo) 54,62 48,28
Tabela 1.7 Tarifas de energia elétrica para modalidade
de tarifação Horo-sazonal Verde – segmento horário -
referente à concessionária CEMIG (Fonte: resolução
ANEEL N° 87/2000 – Quadro E). Tabela 1.9 Tarifas de energia elétrica para modalidade
de tarifação Horo-sazonal Verde – tarifas de
ultrapassagem - referente à concessionária CEMIG
Tarifa horo-sazonal Verde
(Fonte: resolução ANEEL N° 87/2000 – Quadro G).

Subgrupo
Demanda Tarifa de ultrapassagem - Horo-sazonal Verde
(R$/kW)
Demanda
Segmento horo-sazonal (R$/kW)
A3a (30 kV a 44 kV) 5,40
subgrupo Período Seco ou
A4 (2,3 kV a 25 kV) 5,58
AS (subterrâneo) 8,57 úmido
A3a (30 kV a 44 kV) 18,09
A4 (2,3 kV a 25 kV) 16,74
AS (subterrâneo) 25,66

Tarifa Horo-sazonal
VERDE
(binômia)

Consumo Demanda única


(R$/kWh) (R$/kW)

Ponta Fora de Ponta


(P) (F)

Seco Úmido Seco Úmido

Figura 1.7 Tarifação Horo-Sazonal Verde.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 20


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Tabela 1.10 Quadro comparativo entre as condições de enquadramento das tarifações convencional e horo-sazonal.
Condições para tarifação
Condições para Tarifação Horo-sazonal (THS)
Convencional
Tarifa Compulsória Opcional

Unidades consumidoras com


Unidades consumidoras
Unidades consumidoras com tensão tensão de fornecimento igual ou
do Grupo A com tensão
de fornecimento inferior a 69 kV superior a 69 kV (subgrupos A1, A2
de fornecimento inferior
(subgrupos A3a, A4 e AS) quando a Azul ou A3), independente da demanda
a 69 kV sempre que a
demanda contratada for inferior a 300 contratada ou inferior a 69 kV,
demanda contratada for
kW, desde que não tenham ocorrido, quando a demanda contratada for
inferior a 300 kW.
nos 11 meses anteriores, 3 (três) igual ou superior a 300 kW.
registros consecutivos ou 6 (seis)
registros alternados de demanda Unidades consumidoras com
Unidades consumidoras
superior a 300 kW. Quando este for o tensão de fornecimento inferior a
com tensão de
caso, é obrigatório o enquadramento 69 kV (subgrupos A3a, A4 e AS)
fornecimento inferior a
na Tarifação Horo-Sazonal (THS). Verde quando a demanda contratada for
69 kV sempre que a
igual ou superior a 300 kW, em
demanda contratada for
alternativa a tarifação horo-sazonal
inferior a 300 kW.
azul.

1.3.3 Tarifação monômia Para o cálculo da parcela de ajuste de


fator de potência, o dia é dividido em duas
Na tarifação monômia, o consumidor partes: horário capacitivo e o restante. Se o
paga à concessionária até duas parcelas: fator de potência do consumidor estiver fora
consumo e ajuste de fator de potência. Não dos limites estipulados pela legislação,
há cobrança da Concessionária quanto a haverá penalização por baixo fator de
Demanda. Não existe a divisão do dia em potência. Se o fator de potência do
horário de ponta e fora de ponta. Acumula-se consumidor estiver dentro dos limites pré-
o total de kWh consumidos, e aplica-se uma estabelecidos, esta parcela não é cobrada.
tarifa de consumo para chegar-se à parcela
de faturamento de consumo.
1.4 Demanda, consumo e fator de
No entanto, o custo da Tarifa de potência
Consumo neste Sistema é bastante
acentuado em relação aos demais. O custo
do Consumo é o mesmo praticado para os Demanda é a média das potências
Consumidores do Grupo B, ou seja, dos ativas instantâneas solicitadas à
Consumidores que não possuem concessionária de energia pela unidade
transformadores particulares, dependendo consumidora e integradas num determinado
apenas da sua classificação como comercial, intervalo de tempo (período de integração), e,
industrial, etc. portanto, só existe quando findo este
intervalo (figura 1.8). Em outras palavras, é o
A possibilidade de enquadramento consumo de energia da sua instalação (kWh)
neste Sistema Tarifário está condicionada a dividido pelo tempo no qual se verificou tal
transformadores particulares com potência consumo. É importante salientar que não
de até 112,5 kVA inclusive. Para existe demanda instantânea, o que existe é a
consumidores com transformadores potência instantânea sendo integrada.
superiores a esta potência existem pré-
requisitos a serem analisados. Para faturamento de energia pelas
concessionárias nacionais, se utilizam
intervalos de integração de 15 minutos (em

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 21


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outros países este período varia de 5 a 30


minutos). Assim, a sua demanda de energia
(medida em kW ou MW), é igual ao valor do
consumo registrado a cada intervalo de 15
minutos (medido em kWh ou MWh) dividido
por 1/4 (15 minutos são iguais a 1/4 de hora).

C (kWh)
D(kW ) = (1.1)
1 4h Figura 6.9 Cálculo do consumo “C” (kWh).

Em um mês, ocorrem quase 3000


Tomando-se como exemplo a curva da
intervalos de quinze minutos (30 dias x 24
figura 6.9, pode-se calcular o consumo “C”
horas / 15 minutos = 2880 intervalos), os
(energia) através do cálculo da área indicada,
quais servirão de base para o cálculo de
ou seja:
parte da conta de energia elétrica. A
concessionária cobra pela maior demanda
registrada no mês (ou seja, no período de
faturamento), conhecida como demanda
C = (3 × 100 ) + (3 × 200 ) + (3 × 100 ) + (6 × 200 )
máxima, ainda que tenha sido verificada C = 2400kW . min
apenas uma única vez, sendo no mínimo
igual à contratada.
Na prática, a unidade de medida do
consumo (energia) é o kWh, devendo-se,
portanto, dividir o resultado obtido por 60 (60
minutos = 1h):

2400kW . min
C= = 40kWh
60 min

Figura 1.8 Cálculo da demanda “D” (kW).


Observe que a demanda (potência
média), conforme definida pela expressão
(6.1), é igual ao consumo (energia) dividido
Além da demanda há ainda a fatura do pelo intervalo de integração (15 minutos = ¼
consumo, que nada mais é do que a energia hora):
consumida no mês, medida em kWh. Em
outras palavras, é a energia elétrica
despendida para realizar trabalho num C (kWh) 40
D(kW ) = = = 160kW
determinado período de tempo considerado 1 4h 14
(potência x tempo). Fazendo uma analogia
com a mecânica de movimento é como se o
consumo fosse o espaço percorrido e a A figura 1.10 exemplifica um gráfico
demanda fosse a velocidade média em 15 típico de demanda diária, destacando-se o
minutos. horário de ponta no intervalo entre as 18:00h
Matematicamente, a energia (consumo) e 21:00h. Observa-se que o valor da máxima
é a integral de tempo da potência demanda medida é igual a 7.100 kW e
instantânea. Graficamente, representa a área ocorreu às 9:00h. Os gráficos de demanda
sob a curva potência x tempo (figura 1.9). diária são apresentados através das

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 22


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medições realizadas a cada intervalo de 15 Normalmente, os gráficos


minutos. O gráfico da figura 1.11 ilustra em disponibilizados pelos softwares dos
escala maior o intervalo de medição das 5 controladores de demanda apresentam
(cinco) primeiras horas, onde nota-se também os valores contratuais de demanda e
claramente a representação dos quatro o limite de tolerância de ultrapassagem, além
intervalos de 15 minutos de cada hora das medições da demanda máxima fora de
medida. A figura 6.12 indica o mesmo gráfico ponta e em ponta diárias, semanais, mensais
da figura 6.10, porém representado através ou anuais.
de linha ao invés de barras.
Para o faturamento de energia, o fator
de potência (que, como já visto, é o índice de
eficiência da instalação que mede a
Curva de demanda ativa [kW]
capacidade de converter a potência total
8000
ponta fornecida à instalação – kVA – em potência
7000

6000
que possa realizar trabalho - kW) é registrado
de hora em hora.
Demanda [kW]

5000

4000
Desta maneira, como no caso da
3000

2000
demanda, os mecanismos de tarifação
1000 levarão em conta o pior valor de fator de
0 potência registrado ao longo do mês, dentre
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Tempo [horas] os mais de 700 valores registrados (30 dias x


24h = 720 medições).
Figura 1.10 Exemplo de um gráfico típico de demanda
diária (gráfico de barras). É importante lembrar que, como já
apresentado, cada um dos valores do fator
Curva de demanda ativa [kW] de potência medidos são identificados como
4800 indutivos ou capacitivos (figura 1.13).
4700
4600 Como será visto mais adiante, a multa
Demanda [kW]

4500
4400 aplicada pela concessionária depende não
4300
4200
apenas do valor do fator de potência, mas
4100 também se o mesmo é capacitivo ou indutivo
4000
3900
em um determinado horário do dia.
0 1 2 3 4

Tempo [horas]

Figura 1.11 Exemplo de um gráfico típico de demanda


diária (detalhe da fig. 6.10 para o intervalo 0 – 5h).

Curva de demanda ativa [kW]


Cap Ind
8000
1,00
7000 ponta
6000
0,92 0,92
Valor
Demanda [kW]

5000 medido
4000
3000 0,85
2000 0,85
1000
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Tempo [horas]
0 0

Figura 1.12 Exemplo de um gráfico típico de demanda Figura 1.13 Representação gráfica do fator de potência
diária (gráfico de linha). indutivo e capacitivo.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 23


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períodos em que ele é mais


solicitado;
Posto capacitivo Ponta
d) Redução do consumo de energia
reativa capacitiva nos períodos de
carga leve que provocam elevação de
1,0 tensão no sistema de suprimento,
havendo necessidade de investimento
na aplicação de equipamentos
corretivos e realização de
Figura 1.14 Gráfico típico de fator de potência diário.
procedimentos operacionais nem
sempre de fácil execução;

A figura 1.14 representa um gráfico e) Criação de condições para que os


típico de fator de potência diário, onde os custos de expansão do sistema
valores de fator de potência indutivo estão elétrico nacional sejam distribuídos
representados acima do eixo de simetria (Fp para a sociedade de forma mais justa.
= 1) e os valores de fator de potência
De acordo com a legislação atual, tanto
capacitivo abaixo. O horário de ponta está
a energia reativa indutiva como a energia
destacado (18 às 20h), bem como o horário
reativa capacitiva serão medidas e faturadas.
capacitivo (posto capacitivo).
De fato, todo excesso de energia reativa é
prejudicial ao sistema elétrico, seja o reativo
1.5 A legislação do fator de potência indutivo, consumido pela unidade
consumidora, seja o reativo capacitivo,
A Resolução Nº 456 da Aneel (Agência fornecido à rede pelos capacitores dessa
Nacional de Energia Elétrica), de Novembro unidade. Assim, o tradicional ajuste por baixo
de 2000, estabelece as regras e condições fator de potência deixa de existir, sendo
para medição e faturamento da energia substituído pelo faturamento do excedente de
reativa excedente. O Apêndice A energia reativa indutiva consumida pela
disponibiliza na íntegra o texto desta instalação e do excedente de energia reativa
resolução. capacitiva fornecida à rede da concessionária
pela unidade consumidora.
O fator de potência de referência
estabelecido como limite para cobrança de O controle da potência reativa deve ser
energia reativa excedente por parte da tal que o fator de potência da unidade
concessionária é de 0,92, independente do consumidora seja no mínimo 0,92 (média
sistema tarifário. horária), permanecendo sempre dentro da
faixa que se estende do fator de potência
Estes princípios são fundamentados 0,92 indutivo até 0,92 capacitivo (figura 6.15).
nos seguintes pontos: Isto significa que, para cada kWh de energia
a) Necessidade de liberação da ativa consumida, a concessionária permite a
capacidade do sistema elétrico utilização de 0,425 kVAr de energia reativa
nacional; indutiva ou capacitiva, sem acréscimo no
faturamento.
b) Promoção do uso racional de energia;
c) Redução do consumo de energia
reativa indutiva, que provoca
sobrecarga no sistema das empresas
fornecedoras e concessionárias de
energia elétrica, principalmente nos

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 24


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É importante introduzir os conceitos de


Cap Ind posto capacitivo e posto indutivo, conforme
apresentado nas figuras 1.16 e 1.17.
1,00
0,92 0,92
Valor
medido Capacitivo Indutivo
0,85
0,85
23:30h 6:30h 23:30h

0 0 Figura 1.16 Posto capacitivo e posto indutivo.

Figura 1.15 Representação gráfica da faixa do fator de


potência regulamentada pela Aneel, isenta de
tributação (multa).

Horário
Reativa Capacitiva Reativa Indutiva

Em linhas gerais, para consumidores

Hora do dia

23:30
01:00
02:00
03:00
04:00
05:00
06:30
07:00
08:00
09:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:30
do grupo A, a medição do fator de potência é
compulsória e, para evitar multas, deverá ser
mantido acima de 0,92 indutivo (durante os Figura 6.17 Intervalos de avaliação do consumo de
horários fora de ponta indutivo e de ponta), e energia reativa excedente.
acima de 0,92 capacitivo no horário
capacitivo. Para unidades consumidoras do
Grupo B, a medição do fator de potência é Posto Capacitivo é um período de 6
facultativa, sendo admitida a medição horas consecutivas de segunda a domingo,
transitória, desde que por um período mínimo compreendidas, a critério da concessionária,
de 7 (sete) dias consecutivos. entre 23:30h e 06:30, onde ocorre a medição
da energia reativa capacitiva.
A determinação do fator de potência
poderá ser feita através de duas formas
distintas: Cap Ind
a) Avaliação horária 1,00
0,92 0,92
Valor
O fator de potência será calculado medido
através dos valores de energia ativa e reativa 0,85
0,85
medidos a cada intervalo de 1 hora, durante
o ciclo de faturamento.
b) Avaliação mensal 0 0

Neste caso, o fator de potência será Figura 1.18 Representação gráfica da faixa do fator de
calculado através de valores de energia ativa potência (período capacitivo) regulamentada pela
Aneel, isenta de tributação.
e reativa medidos durante o ciclo de
faturamento.
Segundo a legislação vigente da Aneel, Neste período, as instalações devem
todos os consumidores pertencentes ao manter seu fator de potência acima de 0,92
sistema tarifário horo-sazonal serão Capacitivo (para evitar multas), lembrando
faturados, tomando como base a avaliação que o excesso de capacitores na rede
horária do fator de potência. Para os elétrica poderá levar o fator de potência
consumidores pertencentes ao sistema abaixo de 0,92 capacitivo, acarretando o
tarifário convencional, a avaliação do fator de pagamento de multas por excedentes
potência em geral deverá ser feita pelo reativos nas contas de energia. Neste
sistema de avaliação mensal. período, somente o fator de potência

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 25


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capacitivo é passivo de cobrança de e evitando assim, o pagamento de multas por


excedentes, o que significa dizer que se o baixo fator de potência. Assim, é importante
fator de potência estiver baixo, porém observar que, nas instalações com correção
indutivo, os excedentes não são cobrados. de fator de potência através de capacitores,
os mesmos devem ser desligados conforme
Por outro lado, Posto Indutivo é o
se desativam as cargas indutivas, de forma a
período de 18 horas complementares ao
manter uma compensação equilibrada entre
Posto Capacitivo de segunda a domingo, ou
reativo indutivo e capacitivo.
seja, das 06:30 às 23:30, onde ocorre a
medição da energia reativa indutiva. Os mesmos critérios de faturamento
aplicados ao excedente de reativo indutivo
Neste período, as instalações devem
serão aplicados ao excedente do reativo
manter seu fator de potência acima de 0,92
capacitivo. O cálculo das sobretaxas (multas)
Indutivo (para evitar multas), lembrando que
por baixo fator de potência serão tratados
a falta de capacitores na rede elétrica poderá
com maiores detalhes na seção 1.5.2.
levar o fator de potência abaixo de 0,92
indutivo, também acarretando o pagamento A curva da figura 1.20 e a tabela 1.11
de multas por excedentes reativos nas exemplificam os intervalos de avaliação do
contas de energia. Neste período, somente o consumo de energia reativa excedente para
fator de potência indutivo é passivo de uma instalação elétrica com postos
cobrança de excedentes, o que significa dizer capacitivo e indutivo definidos pela
que se o fator de potência estiver baixo, concessionária para os períodos de 0:00 às
porém capacitivo, os excedentes não são 6:00h e de 6:00 às 24:00h, respectivamente.
cobrados. Observando-se a figura 1.20, nota-se que no
intervalo das 4 às 6 horas não será
contabilizado o excedente de energia reativa
indutiva, nem no intervalo das 11 às 13 horas
Cap Ind e das 20 às 24 horas o excedente de energia
reativa capacitiva.
1,00
0,92 0,92
Valor
medido

0,85
kVAr indutivo
0,85

0 0
horas
Figura 1.19 Representação gráfica da faixa do fator de 0
4 6 11 13 20 24
potência (período indutivo) regulamentada pela Aneel,
isenta de tributação.

Resumidamente, para evitar a cobrança capacitivo


de multa na conta de energia, pode-se dizer
que: no período indutivo, devem ser ligados
os capacitores; no período capacitivo, os Figura 1.20 Exemplo de intervalos de avaliação do
consumo de energia reativa excedente em uma
capacitores podem ser desligados. instalação elétrica.
Desta maneira, o fator de potência deve
ser monitorado constantemente nos Postos
Capacitivo e Indutivo, atuando
automaticamente (através de controladores)
sobre bancos de capacitores, de forma a
manter o fator de potência sempre adequado

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 26


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Tabela 1.11 Avaliação da curva de energia reativa da Denomina-se por “importe” o total da
figura 1.20. fatura do consumidor exclusive os tributos,
Período Avaliação
sendo calculada, de maneira genérica, por:
Período de 0 às 4 h Excedente de energia reativa
capacitiva: valores pagos I = [(D × TD ) + (C × TC )]ph / ps + Aj (1.1a)
para FP < 0,92 capacitivo.
Período de 4 às 6 h Excedente de energia reativa
indutiva: valores não pagos Onde,
Período de 6 às 11 h Excedente de energia reativa
indutiva: valores pagos para I = importe (R$);
FP < 0,92 indutivo
Período de 11 às 13 h Excedente de energia reativa D = demanda medida ou contratada, o maior
capacitiva: valores não valor entre ambos (kW);
pagos, independentemente
do valor de FP capacitivo. TD = tarifa de demanda (R$/kW);
Período de 13 às 20 h Excedente de energia reativa
indutiva: valores pagos para
C= consumo medido (kWh);
FP < 0,92 indutivo. TC = tarifa de consumo (R$/kWh);
Período de 20 às 24 h Excedente de energia reativa
capacitiva: valores não ph = posto horário (ponta/fora de ponta);
pagos, independentemente
do valor de FP capacitivo. ps = posto sazonal (seco/úmido);
Aj = ajustes por violação de parâmetros.
De forma simplista, as faturas de
energia elétrica são compostas da soma de
dois grupos de faturamento (além dos A tarifa de consumo deve cobrir todas
encargos e tributos – ICMS, PIS/COFINS): as despesas de geração, mediante uma tarifa
de energia mais os encargos incidentes
a) parcelas referente ao consumo e sobre a parcela “consumo”. A tarifa de
demandas ativas (incluindo a sobretaxa por demanda deve cobrir todas as despesas de
ultrapassagem de demanda contratada) – ver transporte (transmissão e distribuição),
seção 1.5.1; mediante uma tarifa “fio” acrescida dos
b) parcelas referente ao consumo e encargos incidentes sobre a parcela
demandas reativas excedentes, quando “demanda”.
pertinente (não há sobretaxa de Dependendo do tipo de tarifação, a
ultrapassagem para a demanda reativa) – ver expressão de cálculo do importe sobre
seção 1.5.2. variações, as quais serão apresentas em
detalhes a seguir.
Tabela 1.12 Composição da conta de energia elétrica.
Faturamento da energia Faturamento da energia
ativa reativa excedente 1.5.1 O faturamento de energia e
Parcela de Consumo de Parcela de Consumo de demanda ativa
energia ativa (Pc) energia reativa excedente
(FER)
Parcela de Demanda de Parcela de Demanda de
energia ativa (Pd) energia reativa excedente 1.5.1.1 A tarifação convencional
(FDR)
Parcela de Parcela de ultrapassagem A conta de energia elétrica desses
Ultrapassagem de para o consumo de energia consumidores é composta da soma de
Demanda (Pu) reativa (FER de parcelas referentes ao consumo, demanda e
ultrapassagem).
ultrapassagem.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 27


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a) Parcela de consumo (PC) c) Parcela de ultrapassagem (PU)

A parcela de consumo é calculada A parcela de ultrapassagem é cobrada


multiplicando-se o consumo medido pela apenas quando a demanda medida
Tarifa de Consumo: ultrapassa em mais de 10% a Demanda
Contratada. É calculada multiplicando-se a
Pc = CA × TCA (1.2) Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da
demanda medida (DA) que supera a
Onde: Demanda Contratada (DF):

Pc = valor do faturamento total (em R$) Pu = (DA − DF ) × TDAu (1.4)


correspondente ao consumo de energia
ativa, no período de faturamento; Onde:
CA = consumo de energia ativa medida
durante o período de faturamento, em kWh; Pu = valor do faturamento total
correspondente a demanda de energia ativa
TCA = tarifa de energia ativa aplicável ao excedente à quantidade permitida, no
fornecimento, em R$/kWh; período de faturamento, em R$;
b) Parcela de demanda (Pd) DA = demanda ativa medida durante o
período de faturamento, em kW;
A parcela de demanda é calculada DF = demanda de energia ativa faturável
multiplicando-se a Tarifa de Demanda pela (contratada) no período de faturamento, em
Demanda Contratada ou pela demanda kW;
medida (a maior delas), caso esta não
ultrapasse em 10% a Demanda Contratada: TDAu = tarifa de ultrapassagem de demanda
de potência ativa aplicável ao fornecimento,
Pd = DF × TDA (1.3) em R$/kW.

Onde: Na tarifação Convencional, a Tarifa de


Ultrapassagem corresponde a três vezes a
Pd = valor do faturamento total (em R$) Tarifa de Demanda.
correspondente à demanda de potência
ativa, no período de faturamento; d) Fatura total
DF = demanda faturável, correspondente a
demanda contratada ou a demanda medida O cálculo do custo da fatura de energia
(a maior delas), caso esta não ultrapasse em elétrica para um consumidor enquadrado na
10% a demanda contratada; tarifação convencional é dado por:
TDA = tarifa de demanda de potência ativa Fatura = Pc + Pd + Pu (1.5)
aplicável ao fornecimento, em R$/kW.
Desta forma, caso a demanda
registrada seja inferior à demanda 1.5.1.2 A tarifação horo-sazonal verde
contratada, aplica-se a tarifa de demanda
correspondente à demanda contratada. Caso A conta de energia elétrica desses
contrário, para a demanda registrada consumidores é composta da soma de
superior à demanda contratada, mas dentro parcelas referentes ao consumo (na ponta e
da tolerância de ultrapassagem, aplica-se a fora dela), demanda e ultrapassagem.
tarifa de demanda correspondente à
demanda registrada.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 28


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a) Parcela de consumo TDA = tarifa de demanda de potência ativa


aplicável ao fornecimento, em R$/kW;
A parcela de consumo, cuja tarifa na
Desta forma, caso a demanda
ponta e fora de ponta é diferenciada por
registrada seja inferior à demanda
período do ano, sendo mais caras no período
contratada, aplica-se a tarifa de demanda
seco (maio à novembro), é calculada através
correspondente à demanda contratada. Caso
da expressão abaixo, observando-se, nas
contrário, para a demanda registrada
tarifas, o período do ano:
superior à demanda contratada, mas dentro
da tolerância de ultrapassagem, aplica-se a
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) (1.6)
tarifa de demanda correspondente à
demanda registrada.
Onde:
c) Parcela de ultrapassagem
Pc = valor do faturamento total (em R$)
correspondente ao consumo de energia A parcela de ultrapassagem é cobrada
ativa, no período de faturamento; apenas quando a demanda medida
ultrapassa em mais de 10% a Demanda
CAP = consumo de energia ativa medido Contratada. É calculada multiplicando-se a
durante o período de ponta, em kWh; Tarifa de Ultrapassagem pelo valor da
TCAP = tarifa de energia ativa aplicável ao demanda medida (DA) que supera a
consumo no período de ponta, em R$/kWh; Demanda Contratada (DF):
CAFP = consumo de energia ativa medido
Pu = (DA − DF ) × TDAu (1.8)
durante o período fora de ponta, em kWh;
TCAFP = tarifa de energia ativa aplicável ao
consumo no período fora de ponta, em Onde:
R$/kWh;
Pu = valor do faturamento total
b) Parcela de demanda correspondente a demanda de energia ativa
excedente à quantidade contratada, no
A parcela de demanda, cuja tarifa é período de faturamento, em R$;
única, independente da hora do dia ou DA = demanda ativa medida durante o
período do ano, é calculada multiplicando-se período de faturamento, em kW;
a Tarifa de Demanda pela Demanda
DF = Demanda de energia ativa faturável
Contratada ou pela demanda medida (a
maior delas), caso esta não ultrapasse em (contratada) no período de faturamento, em
mais de 10% a Demanda Contratada: kW;
TDAu = tarifa de ultrapassagem de demanda
Pd = (DF × TDA) (1.7) de potência ativa aplicável ao fornecimento,
em R$/kW.
Onde: d) Fatura total
Pd = valor do faturamento total (em R$) O cálculo do custo da fatura de energia
correspondente a demanda de energia ativa, elétrica para um consumidor enquadrado na
no período de faturamento; tarifação horo-sazonal verde é dado por:
DF = demanda faturável, correspondente a
demanda contratada ou a demanda medida Fatura = Pc + Pd + Pu (1.9)
(a maior delas), caso esta não ultrapasse em
10% a demanda contratada;

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 29


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1.5.1.3 A tarifação horo-sazonal azul ponta, de acordo com as tolerâncias de


ultrapassagem):
A conta de energia elétrica desses
consumidores é composta da soma de Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP ) (1.11)
parcelas referentes ao consumo, demanda e
ultrapassagem. Em todas as parcelas
observa-se a diferenciação entre horas de Onde:
ponta e horas fora de ponta.
Pd = valor do faturamento total (em R$)
a) Parcela de consumo correspondente a demanda de energia ativa,
no período de faturamento;
A parcela de consumo, cuja tarifa na DFP = Demanda de energia ativa faturável
ponta e fora de ponta é diferenciada por (contratada) no período de ponta, em kW, ou
período do ano, sendo mais caras no período a demanda medida na ponta, de acordo com
seco (maio à novembro), é calculada através as tolerâncias de ultrapassagem (utilizar o
da expressão abaixo, observando-se, nas maior dos valores);
tarifas, o período do ano:
TDAP = tarifa de demanda de potência ativa
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) (1.10) aplicável ao fornecimento no período de
ponta, em R$/kW;
DFFP = Demanda de energia ativa faturável
Onde:
(contratada) no período de fora de ponta, em
Pc = valor do faturamento total (em R$)
kW, ou a demanda medida fora de ponta, de
correspondente ao consumo de energia acordo com as tolerâncias de ultrapassagem
ativa, no período de faturamento; (utilizar o maior dos valores);

CAP = consumo de energia ativa medido TDAFP = tarifa de demanda de potência ativa
durante o período de ponta, em kWh; aplicável ao fornecimento no período fora de
ponta, em R$/kWh;
TCAP = tarifa de energia ativa aplicável ao
consumo no período de ponta (diferenciada Aqui também, caso a demanda
por período do ano – seco/úmido), em registrada seja inferior à demanda
R$/kWh; contratada, deve-se aplicar a tarifa de
demanda correspondente à demanda
CAFP = consumo de energia ativa medido contratada. Caso contrário, para a demanda
durante o período fora de ponta, em kWh; registrada superior à demanda contratada,
TCAFP = tarifa de energia ativa aplicável ao mas dentro da tolerância de ultrapassagem,
consumo no período fora de ponta aplica-se a tarifa de demanda
(diferenciada por período do ano – correspondente à demanda registrada.
seco/úmido), em R$/kWh;
c) Parcela de ultrapassagem
b) Parcela de demanda
A parcela de ultrapassagem é cobrada
A parcela de demanda, cuja tarifa não é apenas quando a demanda medida
diferenciada por período do ano, é calculada ultrapassa a Demanda Contratada acima dos
somando-se o produto da Tarifa de Demanda limites de tolerância. Esses limites são de 5%
na ponta pela Demanda Contratada na ponta para os subgrupos A1, A2 e A3 e de 10%
(ou pela demanda medida na ponta, de para os demais subgrupos.
acordo com as tolerâncias de ultrapassagem) O cálculo da parcela de ultrapassagem
e ao produto da Tarifa de Demanda fora da é obtido multiplicando-se a Tarifa de
ponta pela Demanda Contratada fora de Ultrapassagem pelo valor da demanda
ponta (ou pela demanda medida fora de medida que supera a Demanda Contratada:

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 30


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Pu = [(DAP − DFP ) × TDAuP ] + A parcela de consumo é calculada


(1.12)
+ [(DAFP − DFFP ) × TDAuFP ] multiplicando-se o consumo medido pela
Tarifa de Consumo:

Onde: Pc = CA × TCA (1.14)

Pu = valor do faturamento total


correspondente a demanda de energia ativa Onde:
excedente à quantidade contratada, no
Pc = valor do faturamento total (em R$)
período de faturamento, em R$;
correspondente ao consumo de energia
DAP = demanda ativa medida durante o ativa, no período de faturamento;
período de ponta, em kW;
CA = consumo de energia ativa medida
DFP = Demanda de energia ativa faturável durante o período de faturamento, em kWh;
(contratada) no período de ponta, em kW;
TCA = tarifa de energia ativa aplicável ao
TDAuP = tarifa de ultrapassagem de demanda fornecimento, em R$/kWh;
de potência ativa aplicável ao fornecimento
no período de ponta, em R$/kW.
EXEMPLO 1.1 Desenvolva o estudo do cálculo das
DAFP = demanda ativa medida durante o faturas para cada uma das estruturas tarifárias de uma
período fora de ponta, em kW; unidade consumidora com as seguintes características:
DFFP = Demanda de energia ativa faturável
ƒ Tarifas conforme tabela 1.13 (para tarifação
(contratada) no período de fora de ponta, em monômia, considerar R$ 0,16706 kWh);
kW;
ƒ Carga instalada com demandas individuais e
TDAuFP = tarifa de ultrapassagem de horários de operação diários idênticos e iguais a
demanda de potência ativa aplicável ao Tabela 1.14;
fornecimento no período fora de ponta, em ƒ Funcionamento apenas nos dias úteis (segunda a
R$/kW. sexta-feira);
ƒ Mês de maio, portanto, período seco;
d) Fatura total
ƒ Horário de ponta: 19:00 às 22:00 h;

O cálculo do custo da fatura de energia ƒ Não há reativos excedentes na instalação nem


elétrica para um consumidor enquadrado na ultrapassagem de demanda contratada.
tarifação horo-sazonal azul é dado por:
Tabela 1.13 Tarifas de energia elétrica subgrupo
Fatura = Pc + Pd + Pu (1.13) A4/B3.
Demanda
Consumo
ultrapas. Demanda (R$/kW)
(R$/kWh)
(R$/kW)
Sistema
1.5.1.4 A tarifação monômia tarifário P FP
P FP P FP
Seca Úmida Seca Úmida

A conta de energia elétrica desses Azul


Verde
50,21
16,74
16,74
16,74
16,74
5,58
5,58
5,58
0,1098
0,4967
0,1016
0,4885
0,0522
0,0522
0,0461
0,0461
consumidores é composta apenas da parcela Conv.
Monômio
6,33
0,00
6,33
0,00
6,33
0,00
6,33
0,00
0,0929
0,1670
0,0929
0,1670
0,0929
0,1670
0,0929
0,1670
referentes ao consumo. Notas:

1) Tarifas para o Sistema MONÔMIO consideradas a da classe comercial;

a) Parcela de consumo 2) Tabela com tarifas da CEMIG do grupo A4 para AZUL, VERDE e CONVENCIONAL e do Grupo
B3 Comercial para Monômio;
3) P = Ponta e FP = Fora de Ponta.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 31


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Tabela 1.14 Curva de carga diária da instalação.


Dia: 06
Mês: Abril Período de funcionamento diário da carga (horas)
Ano: 2005

Tempo (h)
Demanda (kW)
Tipo da carga

19 20 21 22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 23 24

PONTA

Ilum. Escrit. 10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Ilum. Fábrica 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Estufa 40 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Prensa 1 20 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Prensa 2 20 1 1 1 1 1 5
Forno 1 30 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Forno 2 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 1 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 2 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Bomba 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
205

185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165
Total de kW

85

85

85

85
0

0
2.215

Total de
185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165

85

85

85

85
0

0
kWh

Solução: Fatura = Pc + Pd = R$5.699,53

Da tabela 1.14 podemos tirar os seguintes dados: b) Sistema Horo-sazonal Azul

ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW


ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW De (1.10):

ƒ Consumo total na ponta = 255 kWh Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )


ƒ Consumo total fora de ponta = 1.960 kWh Pc = (5.610 × 0,10976 ) + (43.120 × 0,05219 ) = R$2.866,19
ƒ Consumo total da unidade = 2.215 kWh
De (1.11):
Considerando que a unidade consumidora não opera
aos sábados e domingos, será considerado para um Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP )
mês o total de 22 dias úteis. Desta forma:
Pd = (85 × 16,74 ) + (185 × 5,58) = R$2.455,20
ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW Logo, a fatura total será, de (1.13):

ƒ Consumo total na ponta = 5.610 kWh Fatura = Pc + Pd = R$5.321,39


ƒ Consumo total fora de ponta = 43.120 kWh
c) Sistema horo-sazonal verde
ƒ Consumo total da unidade = 48.730 kWh
De (1.6):
a) Sistema Convencional Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )

Pc = (5.610 × 0,496) + (43.120 × 0,05219) = R$5.032,99


De (1.2):
Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,09293 = R$4.528,43 De (1.7):
Pd = (DF × TDA )
De (1.3):
Pd = (185 × 5,58 ) = R$1.032,03
Pd = DF × TDA = 185 × 6,33 = R$1.171,05

Logo, a fatura total será, de (1.9):


Logo, a fatura total será, de (1.5):

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 32


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Fatura = Pc + Pd = R$6.065,19 potência) proveniente das instalações dos


consumidores.
d) Sistema Monômio
As contas de energia elétrica podem
De (1.14): incluir multas por fator de potência, que não
Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,16706 = R$8.140,83 são facilmente identificadas pelo consumidor
industrial, comercial ou institucional. Verifique
Logo, a fatura total será: cuidadosamente se existe algum lançamento
Fatura = Pc = R$8.140,83 do tipo "demanda reativa excedente" ou
"energia reativa excedente", geralmente
Resumindo, teríamos o seguinte quadro comparativo denotadas por siglas como UFDR e UFER.
de custos:
As multas de fator de potência podem
ƒ Sistema Azul = R$ 5.321,39 ser originadas por 3 causas básicas:
ƒ Sistema Convencional = R$ 5.699,53 a) Falta de capacitores entre 6h e
ƒ Sistema Verde = R$ 6.065,29 30min e 23h e 30min (horário "indutivo");
ƒ Sistema Monômio = R$ 8.140,83 b) Excesso de capacitores entre 23h e
30min e 6h e 30min (horário "capacitivo");
1.5.2 O faturamento de energia e c) Uma combinação das anteriores.
demanda reativas excedentes Para eliminar as multas basta corrigir o
fator de potência para que fique dentro dos
A resolução 456 estabelece que o fator limites estabelecidos em função dos horários
de potência de referência "fr", indutivo ou "indutivo" e "capacitivo".
capacitivo, terá como limite mínimo permitido,
para as instalações elétricas das unidades O valor da multa é significativa, como
consumidoras, o valor de fr = 0,92. veremos, e será tanto maior quanto mais
baixo for o fator de potência da instalação.
Tabela 1.15 Definição do limite mínimo permitido do A multa é decorrente de duas parcelas.
fator de potência em outros países. A primeira parcela refere-se ao Faturamento
de Demanda de Reativo Excedente (FDR).
País Limite mínimo permitido para o Fp
A segunda parcela refere-se ao
Espanha 0,92 Faturamento de Energia de Reativo
Coréia 0,93
Excedente (FER). Estas parcelas são
França 0,93
Portugal 0,93 calculadas pelas expressões apresentadas
Bélgica 0,95 nos itens 1.5.1.1 e 1.5.1.2, dependentes do
Argentina 0,95 tipo de avaliação (horária ou mensal).
Alemanha 0,96
Suiça 0,96 Em todas as modalidades tarifárias,
sobre a soma das parcelas incide o ICMS,
com alíquotas variando entre 20 e 25%,
A cobrança do reativo excedente dependendo do Estado. As tarifas são
(devido ao baixo fator de potência), ou, em diferenciadas por concessionária e os
outras palavras, a multa, é um adicional reajustes tarifários anualmente homologados
praticado pela concessionária aos pela Aneel. Os valores das tarifas podem ser
consumidores, justificada pelo fato de que obtidos através da Internet, no endereço
esta necessita manter o seu sistema elétrico http://www.aneel.gov.br/defaultinf.htm.
com um dimensionamento maior do que o
realmente necessário e investir em É importante salientar mais uma vez
equipamentos corretivos, apenas para suprir que não existe cobrança de ultrapassagem
o excesso de energia reativa (baixo fator de para a demanda reativa.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 33


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1.5.2.1 Avaliação horária do fator de DF(p) = demanda de potência ativa faturável


potência em cada posto horário "p" no período de
faturamento, em kW (deve ser o maior valor
Para unidade consumidora faturada na entre a demanda contratada, a demanda
estrutura tarifária horo-sazonal ou na medida e aquela correspondente a 85% da
estrutura tarifária convencional com medição maior demanda dos últimos 11 meses);
apropriada, o faturamento correspondente ao
TDA(p) = tarifa de demanda de potência ativa
consumo de energia elétrica e à demanda de
aplicável ao fornecimento em cada posto
potência reativas excedentes, será calculado
horário "p", em R$/kW;
de acordo com as expressões (1.15) e (1.16).
MAX = função que identifica o valor máximo
A avaliação horária do fator de potência é
da fórmula, dentro dos parênteses
calculada através dos valores da energia
correspondentes, em cada posto horário "p";
ativa e reativa medidos a cada intervalo de 1
(uma) hora, durante o ciclo de faturamento. t = indica intervalo de 1 (uma) hora, no
período de faturamento;
p = indica posto horário, ponta ou fora de
n
⎡ ⎛ fr ⎞⎤
FER ( p ) = ∑ ⎢CAt × ⎜⎜ − 1⎟⎟⎥ × TCA( p ) (1.15) ponta, para as tarifas horo-sazonais ou
t =1 ⎣ ⎝ ft ⎠⎦ período de faturamento para a tarifa
convencional;
n = número de intervalos de integralização
⎡ ⎛ fr ⎞ ⎤ "t", por posto horário "p", no período de
FDR ( p ) = ⎢ MAX tn=1 ⎜⎜ DAt × ⎟⎟ − DF ( p ) ⎥ × TDA( p ) (1.16) faturamento.
⎣ ⎝ ft ⎠ ⎦
fr = fator de potência de referência igual a
onde: 0,92;
ft = fator de potência da unidade
consumidora, calculado em cada intervalo "t"
FER(p) = valor do faturamento (em R$), por de 1 (uma) hora, durante o período de
posto horário "p", correspondente ao faturamento.
consumo de energia reativa excedente à
quantidade permitida pelo fator de potência Na prática, o fator de potência é obtido por
de referência "fr", no período de faturamento; medição das energias ativa e reativa
consumidas e é definido como o cosseno do
CAt= consumo de energia ativa medida em ângulo cuja tangente é o quociente da
cada intervalo de 1 (uma) hora "t", durante o energia reativa indutiva ou capacitiva (kVArh)
período de faturamento, em kWh; pela energia ativa (kWh), ambas verificadas
TCA(p) = tarifa de energia ativa (consumo), por posto horário em unidades faturadas na
aplicável ao fornecimento em cada posto estrutura horo-sazonal, ou durante o período
horário "p", em R$/kWh; de faturamento para as unidades faturadas
na tarifa convencional com medição
FDR(p) = valor do faturamento (em R$), por apropriada, ou seja:
posto horário "p", correspondente à demanda
de potência reativa excedente à quantidade
⎡ ⎛ Erh ⎞⎤
permitida pelo fator de potência de referência ft = cos ⎢arctg ⎜ ⎟⎥ (1.17)
"fr" no período de faturamento; ⎣ ⎝ Eah ⎠⎦

DAt = demanda de potência ativa medida no Onde,


intervalo de integralização de 1 (uma) hora
"t", durante o período de faturamento, em Erh = energia reativa indutiva ou capacitiva
kW; medida a cada intervalo de 1 hora, em
kVArh;

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 34


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Eah = energia ativa medida a cada intervalo Isto posto, conclui-se que a correção do
de 1 hora, em kWh; Fp deve levar em conta o "tipo" de medição
que a concessionária efetua na instalação
elétrica, sob pena da correção não surtir o
Alguns aspectos importantes devem ser efeito esperado e ao final do mês aparecer
observados: cobrança de reativo excedente na fatura de
energia elétrica da instalação elétrica
1. O sistema de medição da concessionária corrigida (mau corrigida).
não vai medir o Fp, o que ele fará é
dimensioná-lo em função da energia ativa Nas expressões (1.15) e (1.16), serão
consumida (kWh) e da energia reativa considerados:
consumida (kVArh ou kQh) pela a) durante o período de 6 horas
instalação elétrica e que serão medidas; consecutivas, compreendido, a critério da
2. O sistema de medição da concessionária concessionária, entre 23 h e 30 min e 06 h e
integraliza a cada período "T" o valor da 30 min (posto capacitivo), apenas os fatores
energia ativa e reativa consumida pela de potência "ft" inferiores a 0,92 capacitivo,
instalação elétrica, portanto, a cada verificados em cada intervalo de 1 (uma)
período "T" o Fp terá um valor próprio já hora "t"; O período de 6 (seis) horas deverá
que a porção da carga instalada da ser informado pela concessionária aos
instalação elétrica em operação pode respectivos consumidores com antecedência
variar para cada "T"; mínima de 1 (um) ciclo completo de
faturamento (figura 6.18).
3. Os valores de Fp para cada período "T"
podem ser significativamente diferentes. b) durante o período diário
Imagine o que ocorre com o Fp nas complementar ao definido na alínea anterior
empresas que fecham no intervalo do (posto indutivo), apenas os fatores de
meio-dia, nas que não tem turno de potência "ft" inferiores a 0,92 indutivo,
revezamento e que operam até às 18 verificados em cada intervalo de 1 (uma)
horas, nas que não operam nos sábados, hora "t" (figura 6.19).
domingos e feriados, etc;
Importante:
4. Desta forma, a correção está diretamente
vinculada ao período "T" e, Os consumidores do Grupo A, tarifa verde, pagam o
evidentemente, aos módulos das consumo de energia reativa na ponta e fora de ponta
energias ativa e reativa envolvida em (FER) e a demanda reativa (FDR); por outro lado, os
cada período "T"; consumidores enquadrados na tarifa azul pagam tanto
o consumo de energia reativa (FER) quanto da
5. Observe também, que a potência reativa demanda reativa (FDR), para as horas de ponta e fora
fornecida pelo banco de capacitores (Qc) de ponta.
não pode ser maior que a potência
reativa requerida pela carga (Q), sob Havendo montantes de energia elétrica
pena de, do ponto de vista da medição, estabelecidos em contrato, o faturamento
ela "enxergar" a carga como capacitiva, correspondente ao consumo de energia
já que o excedente da potência reativa reativa, verificada por medição apropriada,
gerada pelos bancos de capacitores (Q - que exceder às quantidades permitidas pelo
Qc) retornará para o sistema elétrico da fator de potência de referência "fr", será
concessionária. Se esta potência reativa calculado de acordo com a expressão:
de retorno for significativa, embora
inverta o sinal do Fp de negativo (carga
indutiva) para positivo (carga capacitiva) ⎡⎛ n CAt × fr ⎞ ⎤
FER ( p ) = ⎢⎜⎜ ∑ ⎟⎟ − CF ( p ) ⎥ × TCA( p ) (1.18)
ele também poderá ser menor ou igual a ⎣⎝ t =1 ft ⎠ ⎦
0,92, logo, a multa também será cobrada.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 35


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onde: tarifas de energia elétrica conforme tabela 1.16 e cuja


avaliação de carga num período de 24 horas está
expressa na tabela 1.17.

FER(p) = valor do faturamento, por posto


horário "p", correspondente ao consumo de Tabela 1.16 Tarifas de energia elétrica.
energia reativa excedente à quantidade
permitida pelo fator de potência de referência Tarifa horo-sazonal Azul

"fr", no período de faturamento;


Demanda Consumo
CAt = consumo de energia ativa medida em (R$/kW) (R$/MWh)
Subgrupo
cada intervalo de 1 (uma) hora "t", durante o Ponta Fora de Ponta
Fora de
período de faturamento; Ponta
Ponta Seca Úmida Seca Úmida
A4 16,74 5,58 109,76 101,59 52,19 46,12
fr = fator de potência de referência igual a
0,92;
Dados:
ft = fator de potência da unidade
consumidora, calculado em cada intervalo "t" ƒ Período de ponta: entre 17 e 20 h;
de 1 (uma) hora, durante o período de ƒ Grupo tarifário: A4, THS-Azul;
faturamento;
ƒ Período: seco;
CF(p) = consumo de energia elétrica ativa ƒ Demanda contratada na ponta: 210 kW (intervalo
faturável em cada posto horário "p" no de integração de 15 min);
período de faturamento;
ƒ Demanda contratada fora da ponta: 3.500 kW
TCA(p) = tarifa de energia ativa, aplicável ao (intervalo de integração de 15 min);
fornecimento em cada posto horário "p". ƒ As leituras consideradas na tabela 6.17 são
constantes para os 22 dias do mês durante os
Importante: quais a indústria trabalha;
ƒ Considerar que houve um erro no controle da
Para fins de faturamento de energia e demanda de manutenção operacional da indústria na conexão e
potência reativas excedentes FER(p), FDR(p), serão desconexão do banco de capacitores, o que
considerados somente os valores ou parcelas positivas permitiu ter excesso de energia reativa indutiva no
das mesmas. Nos faturamentos relativos a demanda de período de ponta e fora de ponta por alguns
potência reativa excedente FDR(p), não serão aplicadas momentos, bem como ter excesso de energia
as tarifas de ultrapassagem. reativa capacitiva em períodos da 0 às 6 horas.

EXEMPLO 1.2 Determinar o faturamento de energia


reativa excedente para uma instalação industrial com
potência instalada de 5.000 kVA em 13,8 kV com

Tabela 1.17 Medidas de carga diária para a instalação do exemplo 1.2.


Valores medidos Valores calculados
Demanda Consumo
Energia reativa Faturamento excedente
(DAt) (CAt)
Fator de Tipo Demanda Consumo1
Período Valores ativos Indutiva capacitiva potência (Capacitivo/ 0,92 ⎛ 0,92 ⎞
(ft) Indutivo) FDRh = DAt × FERh = CAt × ⎜⎜ − 1⎟⎟
ft ⎝ ft ⎠

kW kWh kVArh [kW] R$


0-1 160 130 --- 420 0,30 C 491 14,0
1-2 120 120 --- 420 0,27 C 409 15,1
2-3 130 130 --- 420 0,30 C 399 14,0
3-4 150 150 --- 40 0,97 C 142 0,0
4-5 130 130 --- 42 0,95 C 126 0,0
5-6 150 150 --- 43 0,96 C 144 0,0
6-7 950 950 1.050 --- 0,67 I 1304 18,5

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 36


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Valores medidos Valores calculados


Demanda Consumo
Energia reativa Faturamento excedente
(DAt) (CAt)
Fator de Tipo Demanda Consumo1
Período Valores ativos Indutiva capacitiva potência (Capacitivo/ 0,92 ⎛ 0,92 ⎞
(ft) Indutivo) FDRh = DAt × FERh = CAt × ⎜⎜ − 1⎟⎟
ft ⎝ ft ⎠

kW kWh kVArh [kW] R$


7-8 1.600 1.600 910 --- 0,87 I 1692 4,8
8-9 2.300 2.300 915 --- 0,93 I 2275 0,0
9-10 2.300 2.300 830 --- 0,94 I 2251 0,0
10-11 2.500 2.500 850 --- 0,95 I 2421 0,0
11-12 2.500 2.500 1.430 --- 0,87 I 2644 7,5
12-13 800 800 --- 1.500 0,47 C 1566 0,0
13-14 700 700 --- 1.500 0,42 C 1533 0,0
14-15 3.100 3.100 1.000 --- 0,95 I 3002 0,0
15-16 3.250 3.250 1.100 --- 0,95 I 3147 0,0
16-17 3.400 3.400 1.150 --- 0,95 I 3293 0,0
17-18 200 200 120 --- 0,86 I 214 1,5
18-19 200 200 70 --- 0,94 I 196 0,0
19-20 200 180 90 --- 0,89 I 207 0,7
20-21 2.450 2.450 980 --- 0,93 I 2424 0,0
21-22 2.500 2.500 1.050 --- 0,92 I 2500 0,0
22-23 2.150 2.150 850 --- 0,93 I 2127 0,0
23-24 2.100 2.100 810 --- 0,93 I 2077 0,0
Acréscimo na fatura de consumo considerando somente os valores positivos: 76,10
Nota:
1. Não deverão ser considerados na soma final do faturamento de consumo de energia reativa excedente os valores
negativos, sendo os mesmos considerados nulos. Observar que não há pagamento de energia reativa excedente
para fator de potência capacitivo no horário indutivo.

Solução: Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.

a) Demonstração da metodologia de cálculo da


demanda (kW) e consumo (R$) para alguns pontos do 3- período: das 4 às 5 horas
ciclo de carga:
0,92
FDRh = 130 × = 126kW
0,95
1- período: da 0 à 1 hora ⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢130 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = − R$0,20
FDRh = 160 ×
0,92
= 491kW ⎣ ⎝ 0,95 ⎠⎦
0,30
FERh = R$0,00
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢130 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$14,00 Os valores negativos não são considerados na soma
⎣ ⎝ 0,30 ⎠⎦ final do faturamento de consumo de energia reativa
excedente, sendo, portanto, nulos.
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
2- período: da 1 às 2 horas
4- período: das 11 às 12 horas
0,92
FDRh = 120 × = 409 kW
0,27 0,92
FDRh = 2.500 × = 2.644kW
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤ 0,87
FERh = ⎢120 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$15,01
⎣ ⎝ 0,27 ⎠⎦ ⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢2.500 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$7,50
⎣ ⎝ 0,87 ⎠⎦

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 37


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5- período: das 13 às 14 horas Na ponta:

FDRh = 700 ×
0,92
= 1.533kW ⎡ ⎛ fr ⎞ ⎤
0,42 FDRP = ⎢ MAX tn=1 ⎜⎜ DAt × ⎟⎟ − DFP ⎥ × TDAP
⎣ ⎝ ft ⎠ ⎦
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢700 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$43,50 ⎡⎛ ⎤
⎝ 0,42 ⎠⎦ 0,92 ⎞
⎣ FDRP = ⎢⎜ 200 × ⎟ − 210 ⎥ × 16,74
FERh = R$0,00 ⎣⎝ 0,86 ⎠ ⎦

Como o fator de potência é capacitivo no horário FDRFP = R$66,18


indutivo, não há pagamento de energia reativa
excedente. Nesta situação, o sistema elétrico será c) Cálculo da fatura total
beneficiado pelo excesso de energia capacitiva injetada
na rede pela instalação industrial. Fatura = FDRP + FDRFP + ∑ FERP + ∑ FERFP
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
Fatura = 66,18 + 0,00 + (22 × R$2,20 ) + (22 × R$73,90 )

6- período: das 17 às 18 horas Fatura = R $1.740,38

0,92
FDRh = 200 × = 214 kW 1.5.2.2 Avaliação mensal do fator de
0,86

potência
⎛ 0,92 ⎞⎤
FERh = ⎢200 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,10976 = R$1,53
⎣ ⎝ 0,86 ⎠⎦ Para unidade consumidora faturada na
Obs: utilizar a tarifa de consumo P/seca. estrutura tarifária convencional, o
faturamento correspondente ao consumo de
7- período: das 21 às 22 horas energia elétrica e à demanda de potência
reativas excedentes, será calculado de
0,92 acordo com as expressões (1.19) e (1.20).
FDRh = 2.500 × = 2.500kW
0,92 Enquanto não forem instalados
⎡ ⎛ 0,92 ⎞⎤ equipamentos de medição que permitam a
FERh = ⎢2.500 × ⎜ − 1⎟⎥ × R$0,05219 = R$0,00
⎣ ⎝ 0,92 ⎠⎦ aplicação das expressões (1.15) e (1.16), de
acordo com a conveniência da
Obs: utilizar a tarifa de consumo FP/seca.
concessionária, a concessionária poderá
realizar o faturamento de energia e demanda
b) Acréscimo na fatura mensal de potência reativas excedentes utilizando as
expressões (1.19) e (1.20).
A aplicação da expressão (1.16) necessita da obtenção
dos valores máximos da expressão DAt × 0,92 obtidos Na avaliação mensal, o fator de
ft potência será calculado através de valores
da tabela (1.17), no período fora de ponta e de ponta médios de energia ativa e reativa medidos
correspondem, respectivamente, aos intervalos das 16 durante o ciclo de faturamento. Nesse caso,
às 17 h (3.293 kW) e das 17 às 18 h (214 kW). Desta
forma, o acréscimo na fatura (multa), nessas
serão medidas a energia ativa e reativa
condições, aplicando-se as tarifas da tabela 1.15, vale: indutiva durante o período de 30 dias.

Fora de ponta:
⎛ fr ⎞ (1.19)
FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA
⎡ ⎛ fr ⎞ ⎤ ⎝ f m ⎠
FDRFP = ⎢ MAX tn=1 ⎜⎜ DAt × ⎟⎟ − DFFP ⎥ × TDAFP
⎣ ⎝ ft ⎠ ⎦
Por outro lado, a parcela de consumo é
⎡⎛ 0,92 ⎞ ⎤ calculada multiplicando-se o consumo
FDRFP = ⎢⎜ 3.400 × ⎟ − 3.500⎥ × 5,58
⎣⎝ 0,95 ⎠ ⎦ medido pela Tarifa de Consumo:

FDRFP = − R$1.157,00 = R$0,00 ⎛ fr ⎞


FDR = ⎜⎜ DM × − DF ⎟⎟ × TDA (1.20)
⎝ fm ⎠

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 38


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onde: Onde:

FER = valor do faturamento total (em R$) FER = valor do faturamento total
correspondente ao consumo de energia correspondente ao consumo de energia
reativa excedente à quantidade permitida reativa excedente à quantidade permitida
pelo fator de potência de referência, no pelo fator de potência de referência, no
período de faturamento; período de faturamento, em R$;
CA = consumo de energia ativa registrada no CA = consumo de energia ativa registrada no
mês, em kWh; mês, em kWh;
CR = consumo de energia reativa registrada fr = fator de potência de referência igual a
no mês, em kVArh; 0,92;
fr = fator de potência de referência igual a fm = fator de potência indutivo médio das
0,92; instalações elétricas da unidade
consumidora, calculado para o período de
fm = fator de potência indutivo médio das
faturamento;
instalações elétricas da unidade
consumidora, calculado para o período de CF = consumo de energia elétrica ativa
faturamento: faturável no mês, em kWh;

fm =
CA (1.21) TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao
(CA 2
+ CR 2
) fornecimento, em R$/kWh.

TCA = tarifa de energia ativa, aplicável ao


fornecimento, em R$/kWh; Importante:
FDR = valor do faturamento total (em R$)
correspondente à demanda de potência Para fins de faturamento de energia e demanda de
reativa excedente à quantidade permitida potência reativas excedentes FER e FDR, serão
considerados somente os valores ou parcelas positivas
pelo fator de potência de referência, no das mesmas. Nos faturamentos relativos a demanda de
período de faturamento; potência reativa excedente FDR, não serão aplicadas
as tarifas de ultrapassagem.
DM = demanda de potência ativa máxima
registrada no mês, em kW; EXEMPLO 1.3 Suponha uma instalação elétrica
DF = demanda de potência ativa faturável no (consumidor monômio, tarifa convencional, subgrupo
B1, medição mensal) que tenha apresentado ao fim do
mês, em kW; período de um ciclo de faturamento os seguintes
TDA = tarifa de demanda de potência ativa valores medidos:
aplicável ao fornecimento, em R$/kW.
CA = 10.086 kWh
Havendo montantes de energia elétrica kQh = 14.924 kQh
estabelecidos em contrato, o faturamento
TCA = 0,15206 R$/kWh
correspondente ao consumo de energia
reativa, verificada por medição apropriada, Calcular o valor da fatura a ser paga para a
que exceder às quantidades permitidas pelo concessionária.
fator de potência de referência "fr", será
Solução:
calculado de acordo com a expressão (1.22):

a) O fator de potência desta instalação será (de 1.65 e


⎛ fr ⎞ (1.22)
FER = ⎜⎜ CA × − CF ⎟⎟ × TCA 1.68):
⎝ fm ⎠

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 39


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

2 × kQh − kWh EXEMPLO 1.4 Suponha uma instalação elétrica,


kVArh = enquadrada na tarifação convencional, que tenha
3
apresentado ao fim do período de um ciclo de
2 ×14.924 − 10.086
kVArh = = 11.409,6 faturamento (medição mensal) os seguintes valores
3 medidos:

1 DM = 89 kW
FP = 2
= 0,6665
⎛ 11.409,6 ⎞
⎜ ⎟ +1 DF = 96 kW
⎝ 10.086 ⎠
CA = 10.086 kWh
KQh = 14.924 kQh
Fp = 66,65 %, portanto abaixo de 92 %. TDA = 5,73000 R$/kW
TCA = 0,08379 R$/kWh
b) O custo da Fatura de energia elétrica será, de (1.14):

Fatura = Parcela de Consumo (PC) Calcular o valor da fatura a ser paga para a
PC = CA x TCA concessionária.

PC = 10.086 kWh x 0,15206 R$ / kWh


Fatura = R$ 1.533,68 Solução:

c) O valor da multa, dado o valor abaixo de 92 % do a) O fator de potência desta instalação será (de 1.65 e
fator de potência, pela expressão 1.16, será: 1.68):

⎛ fr ⎞
FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA
⎝ f ⎠ 2 × kQh − kWh
m
kVArh =
3
⎛ 0,92 ⎞
FER = 10.086 × ⎜ − 1⎟ × 0,15206 2 × 14.924 − 10.086
⎝ 0,6665 ⎠ kVArh = = 11.409,6
3
FER = R$ 588,10 1
FP = 2
= 0,6665
Logo, a multa será: ⎛ 11.409,6 ⎞
⎜ ⎟ +1
Multa = FER ⎝ 10.086 ⎠

Multa = R$ 588,10. Lembre-se que neste Sistema


tarifário não há cobrança de demanda, logo, não Fp = 66,65 %, portanto abaixo de 92 %.
poderá ocorrer a cobrança de FDR.

b) Considerando-se que não houve ultrapassagem da


d) Assim, esta unidade consumidora pagará à demanda prevista (Pu = 0), o custo da Fatura de
concessionária: energia elétrica será (conforme seção 1.5.1.1):

Consumo = R$ 1.533,68
Reativo Excedente (multa) = R$ 588,10 De (1.2) e (1.3):
ou seja, um total de R$ 2.121,78. Observe que a multa
Pc = CA × TCA = 10.086 × 0,08379 = R$845,10
por baixo fator de potência representará 27,72 % do
valor total da Fatura de energia elétrica da instalação, Pd = DF × TDA = 96 × 5,7300 = R $550 ,10
onde a unidade consumidora pagará à concessionária
algo que pode ser evitado e que ainda poderá lhe De (6.5):
acarretar vários problemas na instalação elétrica.
Fatura = Pc + Pd + Pu
Fatura = 845,10 + 550,10 + 0 = R$1.395,20

c) Pelas expressões (1.19) e (1.20), o valor da multa,


dado o valor abaixo de 92 % do fator de potência, será:

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 40


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

⎛ fr ⎞ ou seja, um total de R$ 1.901,08. Observe que a multa


FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA
⎝ fm ⎠ por baixo fator de potência representará 26,61 % do
valor total da Fatura de energia elétrica da instalação,
⎛ 0,92 ⎞ onde a unidade consumidora pagará à concessionária
FER = 10.086 × ⎜ − 1⎟ × 0,08379 = R$321,43 algo que pode ser evitado e que ainda poderá lhe
⎝ 0,6665 ⎠ acarretar, como visto, vários problemas na instalação
⎛ elétrica.
fr ⎞
FDR = ⎜⎜ DM × − DF ⎟⎟ × TDA
⎝ fm ⎠

⎛ 0,92 ⎞ EXEMPLO 1.5 Determinar o valor final da fatura para


FDR = ⎜ 89 × − 96 ⎟ × 5,7300 = R$153,85 uma instalação industrial em 13,8 kV, tarifação
⎝ 0,6665 ⎠ convencional (medição mensal), subgrupo A4, com
tarifas de energia elétrica conforme tabela 6.18 e cuja
conta de energia está representada na tabela 6.19.
Logo, a multa será :
Multa = FDR + FER = R$ 505,59
Tabela 1.18 Tarifas de energia elétrica.

d) Assim, esta unidade consumidora pagará a Tarifa Convencional


concessionária: Demanda Consumo
Subgrupo
(R$/kW) (R$/kWh)
A4 6,33 0,09273
Demanda e Consumo = R$ 1.395,19
Reativo Excedente (multa) = R$ 505,89

Tabela 1.19 Conta de energia elétrica.

Conta de Energia Elétrica COET - Companhia Energética Trovão


Fornecimento em Alta Tensão

Nome/Razão Social Classe Cód. Local Nº da Conta


Eletrika Instalações Elétricas LTDA IND 0006 04 00 0525598

Perdas Data Leitura Data Conta de Vencimento


Apres.
2,8% 15/10/01 25/10/01 Outubro/2001 31/11/01

Ult. Leitura kW Leit. Atual kWh Leit. Atual kVArh


178 230 190
FMM Leit. Ant. kWh Leit. Ant. kVArh
720 120 65
Dem. Regist. Diferença Diferença
200 110 125
Dem. Contrat. FMM FMM
190 720 720
85% Dmax Consumo kWh Consumo kVArh
196 79.200 90.000
Dem. Incluída Cons. Incluído Fator de Potência
0,66

Total a pagar até o vencimento: R$ 12.002,13


Nº de dias em atraso x Acréscimo p/ dia de Atraso =
Total do acréscimo =

Solução: CA = (230 - 120) x 720 = 79.200 kWh

b) Consumo de energia reativa


a) Consumo de energia ativa:
CR = (leitura atual - leitura anterior) x FMM
CA = (leitura atual - leitura anterior) x FMM
CR = (190 - 65) x 720 = 90.000 kVArh
FMM = fator de multiplicação do medidor

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 41


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

c) Consultando a conta de energia (tabela 6.19), g) Assim, esta unidade consumidora pagará a
obtemos: concessionária:

DF = 190 kW (demanda contratada e que no caso Consumo = R$ 8.610,22


presente é igual à declarada na conta de energia);
Reativo Excedente (multa) = R$ 3.391,91
DM = 200 kW (demanda registrada/medida que
corresponde à demanda faturável). ou seja, um total de R$ 12.002,13. Observe que a
multa por baixo fator de potência representará 28 % do
d) O fator de potência desta instalação será: valor total da Fatura de energia elétrica da instalação,
onde a unidade consumidora pagará à concessionária
De (6.21), temos: algo que pode ser evitado e que ainda poderá lhe
CA 79.200 acarretar, como visto, vários problemas na instalação
fm = = = 0,66
(CA 2
+ CR 2
) (79.200 2
+ 90.000 2 ) elétrica.

Portanto, abaixo de 0,92.


1.5.3 Reduzindo a fatura de energia
elétrica
e) Considerando-se que não houve ultrapassagem da
demanda prevista (Pu = 0), o custo da Fatura de
energia elétrica será (conforme seção 1.5.1.1): A redução na fatura de energia elétrica
é possível através de algumas oportunidades
de redução de gastos, a saber:
De (6.2) e (6.3):
a) Ajustes de fator de potência, em
Pc = CA × TCA = 79.200 × 0,09273 = R$7.344,22 atendimento as condições
contratuais estabelecidas com a
Pd = DF × TDA = 200 × 6,33 = R $1.266 ,00 concessionária e a legislação
Nota: observe que a parcela de demanda (Pd) sempre pertinente;
é calculada considerando-se o maior valor entre a
demanda contratada e a medida! b) Otimização dos contratos de
demanda, eliminando as
De (1.5):
ultrapassagens de demanda;
Fatura = Pc + Pd + Pu
c) Enquadramento tarifário.
Fatura = 7.344,22 + 1.266,00 + 0 = R$8.610,22
1.5.3.1 Correção do fator de potência
f) Pelas expressões (1.19) e (1.20), o valor da multa,
dado o valor abaixo de 92 % do fator de potência, será: Em geral, a correção do fator de
potência é uma das medidas mais baratas de
⎛ fr ⎞
FER = CA × ⎜⎜ − 1⎟⎟ × TCA redução de despesa com energia elétrica,
⎝ fm ⎠ principalmente se nas faturas emitidas pela
⎛ 0,92 ⎞ concessionária estão ocorrendo faturamento
FER = 79.200 × ⎜ − 1⎟ × 0,09273 = R$2.893,18 de energia e demanda reativas excedentes.
⎝ 0,66 ⎠
O cálculo do tempo de retorno do
⎛ fr ⎞
FDR = ⎜⎜ DM × − DF ⎟⎟ × TDA investimento pode ser calculado por:
⎝ fm ⎠

⎛ ⎞
FDR = ⎜ 200 ×
0,92
− 200 ⎟ × 6,33 = R$498,73
Investimento = economia ×
(1 + i )n − 1 (1.23)
⎝ ⎠
i × (1 + i )
0,66 n

Nota: observe que a parcela de demanda faturável (DF)


do FDR sempre é obtida considerando-se o maior valor Onde,
entre a demanda contratada e a medida!
Logo, a multa será: i = taxa de atratividade do investimento.
No caso, deve ser estabelecido a de
Multa = FDR + FER = R$ 3.391,91
mercado.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 42


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EXEMPLO 1.6 Calcule o tempo de retorno do 1.5.3.2 Demanda contratual


investimento na aquisição e instalação de um banco
capacitivo para melhoria do fator de potência de uma Um ponto importante a ser observado
instalação.
diz respeito à otimização dos contratos de
Dados: demanda, os quais devem ser estudados
com bastante critério, de modo a se evitar
ƒ Investimento: R$ 2.500,00; valores muito aquém ou muito além do ciclo
de carga da instalação.
ƒ Economia resultante na conta mensal de
energia: R$ 400,00/mês (multa por reativo Para valores contratados de demanda
excedente); insuficientes, haverá multa na fatura de
energia pelas ultrapassagens. Por outro lado,
ƒ Aplicação financeira com i = 4%. se os valores do contrato forem excessivos,
haverá pagamento por algo que não se
utiliza.
Solução: Com o propósito de permitir o ajuste da
demanda a ser contratada, a concessionária
De (1.23), temos:
deverá oferecer ao consumidor um período
de testes, com duração mínima de 3 (três)
(1 + i )n − 1 ciclos consecutivos e completos de
Investimento = economia × faturamento, durante o qual será faturável a
i × (1 + i )
n
demanda medida, observados os respectivos
(1 + 0,04)n − 1 segmentos horo-sazonais, quando for o caso.
2.500 = 400 ×
0,04 × (1 + 0,04) A resolução 456 da Aneel permite
n

revisão anual do contrato junto à


6,25 =
(1 + 0,04)n − 1 concessionária, a qual deverá renegociar o
0,04 × (1 + 0,04)
n
contrato de fornecimento, a qualquer tempo,
sempre que solicitado por consumidor que,
0,25 × (1,04) = (1,04) − 1
n n
ao implementar medidas de conservação,
incremento à eficiência e ao uso racional da
(1,04)n = 1
energia elétrica, comprováveis pela
0,75
concessionária, resultem em redução da
n ⋅ log(1,04) = log(1 0,75) demanda de potência e/ou de consumo de
n = 7,3 meses energia elétrica ativa, desde que satisfeitos
os compromissos relativos aos investimentos
da concessionária.
R$ 400,00/mês
É importante salientar que, como pode
ser observado no exemplo 6.7, a metodologia
descrita para obtenção da demanda
contratual envolve certa “adivinhação”, pois,
1 2 3 4 n=7,3 afinal, está sendo suposto que o ciclo de
carga operacional para o próximo ano será
R$ 2.500,00
igual ao anterior.
Em geral, o consumo de energia
elétrica depende de vários fatores, uns
Figura 1.21 Fluxo de caixa com tempo de retorno do previsíveis e outros imprevisíveis e que não
investimento.
se repetem. Desta forma, não há nenhuma
garantia que, apesar de uma boa técnica, o
valor recomendado para a demanda
contratada seja efetivamente aquele que

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 43


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

resultará no menor gasto com energia Curva de demanda ativa mensal [kW]

elétrica. Uma maneira mais científica de 300

abordar a questão é através de métodos

Demanda [kW]
estatísticos de projeção, porém isso foge ao 250

escopo deste livro. 200

150
EXEMPLO 1.7 Determinar a demanda a ser contratada jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
junto à concessionária para a instalação enquadrada Mês (1998-1999)

na tarifação Convencional, sub-grupo A4, de tal forma


que nos 12 meses seguintes se pague o mínimo Figura 1.23 Curva de demanda ativa mensal [kW] com
possível na parcela da conta referente à demanda. traçado contínuo no tempo.
Considere o histórico de demanda indicado na tabela
6.20.
Estes gráficos mostram um padrão estável tanto
nos valores quanto na sazonalidade da demanda, com
Tabela 1.20 Demanda medida mensal informada na
os valores máximos e mínimos de demanda ocorrendo
conta de energia.
na mesma época do ano. A maior demanda é
Ano Mês Demanda (kW)
registrada na conta do mês de abril/99 e a menor
demanda é registrada na conta de julho/99.
1998 Janeiro 186,9
Fevereiro 214,7 No gráfico da figura 1.23 está indicada uma linha
Março 262,5 horizontal representativa da máxima demanda (Dmáx.)
Abril 264,9
Maio 265,5 medida (267,6 kW em abril/99). Admitindo que as
Junho 219,1 demandas mensais futuras sigam o mesmo padrão do
Julho 207,5 passado e sabendo-se que a tolerância de
Agosto 215,4 ultrapassagem da demanda é de 10% (tarifação
Setembro 248,8
convencional), a demanda contratada não deve ser
Outubro 234,1
Novembro 246,3 superior a:
Dezembro 256,6
1999 Janeiro 204,7 Dmáx
Fevereiro 232,9
Demanda contratada ≤
1,1
Março 261,6
Abril 267,6
Maio 239,4 Desta forma, neste exemplo, a demanda contratada
Junho 200,3
não deve ser superior a 267,6 / 1,1 = 243,3 kW.
Julho 184,8
Agosto 209,0 É possível que a demanda contratada mais
Setembro 239,2
Outubro 211,8
adequada seja inferior a 243,3 kW. Para analisar essa
Novembro 255,8 possibilidade, observe os cálculos apresentados nas
Dezembro 262,7 tabelas 1.21 e 1.22, conforme expressões
apresentadas na seção 1.5.1.1
Solução:
Tabela 1.21 Estudo de viabilidade de demanda
contratada para 243,3 kW.
A tabela 1.20 representa o “histórico de
demanda” da instalação. Quanto mais longo o histórico Demanda Pagamento (R$)
Teste
Ano Mês medida
melhor, pois será perceptível com maior nitidez a lógico
DM (kW) PD PU Total
evolução da demanda, conforme pode ser observado
1999 Jan 204,7 0 1.540,09 0,00 1.540,09
nos gráficos das figuras 1.22 e 1.23.
Fev 232,9 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Mar 261,6 1 1.655,93 0,00 1.655,93
Abr 267,6 1 1.693,91 0,00 1.693,91
Curva de demanda ativa mensal [kW] Mai 239,4 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Jun 200,3 0 1.540,09 0,00 1.540,09
300
Jul 184,8 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Ago 209,0 0 1.540,09 0,00 1.540,09
Demanda [kW]

250
1998
Set 239,2 0 1.540,09 0,00 1.540,09
1999 Out 211,8 0 1.540,09 0,00 1.540,09
200 Nov 255,8 1 1.619,21 0,00 1.619,21
Dez 262,7 1 1.662,89 0,00 1.662,89
150 Total ano 1999: 18.952,65
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Demanda Contratada DF: 243,3 kW
Mês Tarifa de Demanda TDA: R$ 6,33/kW
Tarifa de Demanda de ultrapassagem TDAu: R$ 18,99/kW
Figura 1.22 Curva de demanda ativa mensal [kW].

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 44


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

Na coluna “teste lógico” da tabela 1.21, se a Abr: Pd = DF × TDA = 240,0 × 6,33 = R$ 1.519,20
demanda verificada (medida) for menor que a
contratada, o teste resulta em “0”. Se a demanda for Nov: Pd = DF × TDA = 255,8 × 6,33 = R$ 1.619,21
maior que a contratada, porém menor que a margem
de ultrapassagem (10%), resulta em “1”. Por outro lado,
se a demanda verificada for maior que o limite de No mês de abril, a demanda medida foi maior
tolerância de ultrapassagem, o teste resulta em “2”. que 10% da demanda contratada, ocorrendo, portanto,
multa por ultrapassagem. De (6.4),
A seguir, uma demonstração da metodologia de
cálculo da parcela de demanda (kW) para alguns
Abr: Pu = (DM − DF ) × TDAu
meses do ciclo de carga:
De (1.3),
Pu = (267 ,6 − 240 ) × 18,99 = R$ 524,12

Jan: Pd = DF × TDA = 243,3 × 6,33 = R$ 1.540,09


Observe que, em decorrência da ultrapassagem
Abr: Pd = DF × TDA = 267,6 × 6,33 = R$ 1.693,91 no mês de abril, o gasto anual subiria para R$
19.134,96. Isso significa que o primeiro valor escolhido
Set: Pd = DF × TDA = 243,3 × 6,33 = R$ 1.540,09 (243,3 kW) é mais vantajoso para o consumidor, cujo
custo da demanda é igual a R$ 18.952,65.

Importante: lembre-se que o valor da demanda DF a


ser utilizada é o maior dos valores entre a demanda 1.5.3.3 Enquadramento tarifário
contratada e a demanda medida, caso esta não
ultrapasse em 10% a demanda contratada. Para efetuar-se um estudo de
Vamos agora reduzir um pouco a demanda readequação tarifária adequado (análise das
contratada para 240 kW e refazer os cálculos da tabela vantagens e desvantagens das modalidades
1.21. Os novos valores estão apresentados na tabela tarifárias para uma determinada condição),
1.22.
se não tivermos possibilidade de lançarmos
mão de medidas efetuadas diretamente na
Tabela 1.22 Estudo de viabilidade de demanda unidade consumidora que nos permitam
contratada para 240 kW.
produzir as curvas diárias de carga da
Demanda Pagamento (R$) unidade consumidora, será necessário,
Teste
Ano Mês medida
lógico através da coleta de dados e informações,
DM (kW) PD PU Total
levantar os valores e a rotina semanal de uso
1999 Jan 204,7 0 1.519,20 0,00 1.519,20
Fev 232,9 0 1.519,20 0,00 1.519,20 das cargas que compõe a unidade
Mar 261,6 1 1.655,93 0,00 1.655,93 consumidora (ciclo de carga), para então
Abr 267,6 2 1.519,20 524,12 2.043,32
Mai 239,4 0 1.519,20 0,00 1.519,20 estabelecer-se os critérios que poderão
Jun 200,3 0 1.519,20 0,00 1.519,20 permitir com segurança a comparação de
Jul 184,8 0 1.519,20 0,00 1.519,20
Ago 209,0 0 1.519,20 0,00 1.519,20 custos tarifários nas diversas modalidades de
Set 239,2 0 1.519,20 0,00 1.519,20 sistemas tarifários.
Out 211,8 0 1.519,20 0,00 1.519,20
Nov
Dez
255,8
262,7
1
1
1.619,21
1.662,89
0,00
0,00
1.619,21
1.662,89
É importante salientar que deve ser
Total ano 1999: 19.134,96 levado em conta no estudo de
Demanda Contratada DF: 240,0 kW
Tarifa de Demanda TDA: R$ 6,33/kW
enquadramento tarifário não apenas um mês
Tarifa de Demanda de ultrapassagem TDAu: R$ 18,99/kW de faturamento, mas um ciclo completo de
faturamento, ou seja, um ano, a fim de que
possam ser observados os períodos seco e
A seguir, uma demonstração da metodologia de
úmido, dado a diferença de valores das
cálculo da parcela de demanda (kW) para alguns
meses do ciclo de carga: tarifas praticadas nestes seguimentos.
Por fim, é necessário também observar
De (1.3),
que outros custos terão seu perfil alterado na
mudança do sistema tarifário, por exemplo:
Jan: Pd = DF × TDA = 240,0 × 6,33 = R$ 1.519,20

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 45


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

a) Os custos da cobrança do Excedente de ƒ Carga instalada com demandas individuais e


Reativo decorrente de fator de potência horários de operação diários idênticos e iguais a
Tabela 1.24;
abaixo de 0,92, e
ƒ Funcionamento apenas nos dias úteis (segunda a
b) A Taxa de Iluminação Pública, que são sexta-feira);
normalmente reduzidas ƒ Mês de maio, portanto, período seco;
significativamente numa mudança de ƒ Horário de ponta: 19:00 às 22:00 h;
Tarifação Convencional para Monômio,
ƒ Considerar que não há reativos excedentes na
por exemplo. instalação nem ultrapassagem de demanda
contratada.
O conjunto destes dados permitirá
elaborar uma análise comparativa entre cada
sistema tarifário e, desta forma, estimar o
custo da fatura de energia elétrica. Tabela 1.23 Tarifas de energia elétrica subgrupo
A4/B3.
Demanda
Consumo
ultrapas. Demanda (R$/kW)
(R$/kWh)
(R$/kW)
EXEMPLO 1.8 Desenvolva o estudo de readequação Sistema
tarifário P FP
tarifária de uma unidade consumidora com as P FP P FP
Seca Úmida Seca Úmida
seguintes características:
Azul 50,21 16,74 16,74 5,58 0,1098 0,1016 0,0522 0,0461
Verde 16,74 16,74 5,58 5,58 0,4967 0,4885 0,0522 0,0461
Conv. 6,33 6,33 6,33 6,33 0,0929 0,0929 0,0929 0,0929
ƒ Unidade enquadrada no Sistema Convencional, Monômio 0,00 0,00 0,00 0,00 0,1670 0,1670 0,1670 0,1670
sub-grupo A4; Notas:

ƒ Tarifas conforme tabelas 1.23 (para tarifação 1) Tarifas para o Sistema MONÔMIO consideradas a da classe comercial;
2) Tabela com tarifas da CEMIG do grupo A4 para AZUL, VERDE e CONVENCIONAL e do Grupo
monômia, considerar R$ 0,16706 kWh); B3 Comercial para Monômio;
3) P = Ponta e FP = Fora de Ponta.

Tabela 1.24 Curva de carga diária da instalação.


Dia: 06
Mês: Abril Período de funcionamento diário da carga (horas)
Ano: 2005

Tempo (h)
Demanda (kW)
Tipo da carga

19 20 21 22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 23 24

PONTA
Ilum. Escrit. 10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Ilum. Fábrica 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Estufa 40 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Prensa 1 20 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Prensa 2 20 1 1 1 1 1 5
Forno 1 30 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15
Forno 2 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 1 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 2 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
Bomba 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
205

185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165

Total de kW
85

85

85

85
0

Total de
2215

185

185

185

185

185

135

155

165

165

165

165

85

85

85

85
0

kWh

Solução: ƒ Consumo total na ponta = 255 kWh


Da tabela 1.24 podemos tirar os seguintes dados: ƒ Consumo total fora de ponta = 1.960 kWh
ƒ Consumo total da unidade = 2.215 kWh
ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 46


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

Considerando que a unidade consumidora não opera Logo, a fatura total será, de (1.9):
aos sábados e domingos, será considerado para um
mês o total de 22 dias úteis. Desta forma: Fatura = Pc + Pd = R$6.065,19

ƒ Demanda máxima de ponta = 85 kW


d) Sistema Monômio
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 185 kW
De (6.14):
ƒ Consumo total na ponta = 5.610 kWh
Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,16706 = R$8.140,83
ƒ Consumo total fora de ponta = 43.120 kWh
ƒ Consumo total da unidade = 48.730 kWh
Logo, a fatura total será:
a) Sistema Convencional Fatura = Pc = R$8.140,83

De (1.2): Resumindo, teríamos o seguinte quadro comparativo


Pc = CA × TCA = 48.730 × 0,09293 = R$4.528,43 de custos:
ƒ Sistema Azul = R$ 5.321,39

De (1.3): ƒ Sistema Convencional = R$ 5.699,53


ƒ Sistema Verde = R$ 6.065,29
Pd = DF × TDA = 185 × 6,33 = R$1.171,05
ƒ Sistema Monômio = R$ 8.140,83

Logo, a fatura total será, de (6.5):


Observa-se como primeira conclusão que esta
Fatura = Pc + Pd = R$5.699,53 unidade consumidora está muito mal enquadrada, ou
seja, está perdendo dinheiro mensalmente, pois está
b) Sistema Horo-sazonal Azul pagando para a concessionária uma Fatura de Energia
Elétrica mensal de R$ 5.699,53 (Sistema
Convencional) quando poderia estar pagando sem
De (1.10): qualquer alteração na matriz da sua carga apenas R$
5.321,39 (Sistema Azul), o que representa uma
Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP ) economia mensal de quase 6,6% ou quase uma Fatura
de graça a cada ano.
Pc = (5.610 × 0,10976 ) + (43.120 × 0,05219 ) = R$2.866,19
É importante salientar que esta economia não
decorre de nenhuma mudança de hábito no uso da
De (1.11): carga, mas apenas do reenquadramento tarifário. Estes
dados demonstram a viabilidade do uso da tabela 1.23
Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP ) como uma forma de avaliação expedita do perfil de
uma unidade consumidora, apesar dos critérios e
Pd = (85 × 16,74 ) + (185 × 5,58) = R$2.455,20 aproximações que foram considerados.
Logo, a fatura total será, de (6.13): Observe agora o que aconteceria se o estudo
abrangesse uma mudança na matriz da carga, ou seja,
Fatura = Pc + Pd = R$5.321,39 uma mudança na forma de utilizá-la ao longo do dia.
Imagine que em decorrência de observações efetuadas
c) Sistema horo-sazonal verde no campo e discutidas com o gerente da unidade
consumidora, pudéssemos efetuar as seguintes
De (1.6): alterações no uso desta mesma carga:
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) a) Operar com uma prensa pela manhã e a
outra à tarde, e nunca as duas juntas;
Pc = (5.610 × 0,496) + (43.120 × 0,05219) = R$5.032,99
b) Ligar os fornos apenas no período da tarde
fora da ponta;
De (1.7): c) Operar com uma estrusora pela manhã e a
Pd = (DF × TDA )
outra a tarde, e nunca as duas juntas;
d) Desligar todas as cargas das 12h00 às
Pd = (185 × 5,58 ) = R$1.032,03 13h00, no intervalo de almoço.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 47


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A tabela 1.25 mostra o novo perfil diário da De (1.11):


carga da mesma unidade consumidora, de onde
podemos tirar os seguintes dados: Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP )

Pd = (55 × 16,74 ) + (165 × 5,58) = R$1.841,40


ƒ Demanda máxima de ponta = 55 kW
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 165 kW Logo, a fatura total será, de (6.13):

ƒ Consumo total na ponta = 165 kWh Fatura = Pc + Pd = R$3.985,06


ƒ Consumo total fora de ponta = 1.520 kWh
g) Sistema horo-sazonal verde
ƒ Consumo total da unidade = 1.685 kWh
De (1.6):
Nesta situação teríamos para um período de um
mês, considerando 22 dias, já que a unidade Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )

Pc = (3.630 × 0,496 ) + (33.440 × 0,05219) = R$3.545,71


consumidora não opera aos sábados e domingos:

ƒ Demanda máxima de ponta = 55 kW


De (1.7):
ƒ Demanda máxima fora de ponta = 165 kW
Pd = (DF × TDA )
ƒ Consumo total na ponta = 3.630 kWh
ƒ Consumo total fora de ponta = 33.440 kWh Pd = (165 × 5,58) = R$920,07

ƒ Consumo total da unidade = 37.070 kWh


Logo, a fatura total será, de (1.9):
Os cálculos dos custos das Faturas, seguindo a mesma
metodologia anterior, passariam a ter os seguintes Fatura = Pc + Pd = R$4.466,41
valores:
h) Sistema Monômio
e) Sistema Convencional
De (1.14):
Pc = CA × TCA = 37.070 × 0,16706 = R$6.192,91
De (1.2):
Pc = CA × TCA = 37.070 × 0,09293 = R$3.444,92 Logo, a fatura total será:
Fatura = Pc = R$6.192,91
De (1.3):
Resumindo, teríamos o seguinte quadro
Pd = DF × TDA = 165 × 6,33 = R$1.044,45 comparativo de custos:

ƒ Sistema Azul = R$ 3.985,06


Logo, a fatura total será, de (6.5): ƒ Sistema Convencional = R$ 4.489,37
Fatura = Pc + Pd = R$4.489,37 ƒ Sistema Verde = R$ 4.466,41
ƒ Sistema Monômio = R$ 6.192,91
f) Sistema Horo-sazonal Azul
Desta forma, a economia decorrente da
mudança da matriz da carga e do reenquadramento
De (1.10): tarifário de Convencional para Azul reduziria o custo da
fatura mensal desta unidade consumidora de R$
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP ) 5.689,78 para R$ 3.985,06, o que representa uma
economia mensal de 30 %, o que é bastante
Pc = (3.630 × 0,10976 ) + (33.440 × 0,05219 ) = R$2.143,66 significativo.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 48


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Tabela 1.25 Curva de carga diária da instalação.


Dia: 06
Mês: Abril Período de funcionamento diário da carga (horas)
Ano: 2005

Tempo (h)
Demanda (kW)
Tipo da carga

19 20 21 22
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 23 24

PONTA
Ilum. Escrit. 10 1 1 1 1 1 1 1 1 1 9
Ilum. Fábrica 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Estufa 40 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14
Prensa 1 20 1 1 1 1 1 5
Prensa 2 20 1 1 1 1 1 5
Forno 1 30 1 1 1 1 1 1 6
Forno 2 20 1 1 1 1 1 1 6
Estrusora 1 20 1 1 1 1 1 5
Estrusora 2 15 1 1 1 1 1 5
Bomba 15 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
205

120

120

120

120

120

155

165

165

165

165

105
Total de kW

55

55

55
0

0
1.685

Total de
120

120

120

120

120

155

165

165

165

165

105

55

55

55
0

0
kWh

EXEMPLO 1.9 Seja uma unidade consumidora Solução:


enquadrada na tarifação Horo-sazonal Azul, sub-grupo
A4, conforme informações apresentadas nas tabelas a) Sistema Horo-sazonal Azul
1.23 (tarifas) e 1.26 (demanda máxima e consumo
mensal). Verificar se existe vantagem em passar para a Mês: Janeiro:
tarifação Verde, mesmo sub-grupo.

Valores Contratuais: ƒ Parcela de Consumo:

a) Período Úmido: De (1.10):

Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP )


ƒ Demanda na ponta: 544,1 kW
ƒ Demanda Fora de Ponta: 486,8 kW
Pc = (16.671 × 0,1016 ) + (94.522 × 0,04612 ) = R$6.052,96
b) Período Seco:

ƒ Demanda na ponta: 515,1 kW ƒ Parcela de Demanda:


ƒ Demanda Fora de Ponta: 478,9 kW
De (1.11):
Tabela 1.26 Dados da conta de energia (demanda e
consumo). Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP )

Demanda (kW) Consumo (kWh) Pd = (544,1 × 16,74 ) + (486,8 × 5,58) = R$11.824,58


Período

Ano Mês
Fora de Fora de Observe que, como visto, o valor da demanda a
Ponta Ponta
Ponta Ponta ser utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
Jan 422,8 439,8 16.671 94.522 contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em
Fev 533,4 501,7 18.849 100.526 mais de 10% a demanda contratada). Neste caso, a
Úmido

Mar 572,0 518,4 27.717 123.667 contratada é maior: 544,1 > 422,8 na Ponta; 486,8 >
Abr 598,5 535,4 28.467 124.092
Dez 581,1 520,1 26.692 115.548 439,8 Fora de Ponta.
Mai 557,3 508,0 24.424 108.540
2005
Jun 434,9 407,5 23.919 111.557 ƒ Parcela de Ultrapassagem:
Jul 432,6 388,2 18.226 83.563
Seco

Ago 650,1 500,9 15.307 71.993


Set 503,1 484,4 24.967 106.667 De (1.12):
Out 463,1 441,9 21.130 92.496
Nov 566,6 526,7 25.514 105.338 Como não houve ultrapassagem em mais de
10%, esta parcela não será cobrada.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 49


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ƒ Fatura total: mais de 10% a demanda contratada). Neste caso,


como foi ultrapassado os 10% na Ponta, foi utilizado o
valor da demanda contratada para o cálculo da parcela
De (1.13): de demanda. No período Fora de Ponta foi
ultrapassado o valor dentro do limite de 10%, devendo-
Fatura = Pc + Pd + Pu = 6.052,96 + 11.824,58 + 0 se utilizar, desta forma, o valor da demanda medida.

Fatura = R$17.877,54
De (1.12):
Mês: Agosto:
Como houve ultrapassagem em mais de 10% da
demanda contratada na Ponta, esta parcela será
ƒ Parcela de Consumo: cobrada.

Pu = [(DAP − DFP ) × TDAuP ] + [(DAFP − DFFP ) × TDAuFP ]


De (1.10):
Pu = [(650,1 − 515,1) × 50,21] + 0 = R$6.778,35
Pc = (CAP × TCAP ) + (CAFP × TCAFP )
ƒ Fatura total:
Pc = (15.307 × 0,1098 ) + (71.993 × 0,0522 )
Pc = R$5.437,41 De (1.13):

ƒ Parcela de Demanda: Fatura = Pc + Pd + Pu = R$25.893,46


Os resultados da aplicação desta metodologia
De (1.11): de cálculo para os demais meses estão apresentados
nas tabelas 1.27 (parcelas de demanda e
Pd = (DFP × TDAP ) + (DFFP × TDAFP ) ultrapassagem) e 1.28 (parcela de consumo). Observa-
se que o valor total da fatura anual para Tarifação
Pd = (515,1 × 16,74 ) + (500,9 × 5,58) Horo-sazonal Azul será:
R$149.831,14 + R$90.123,15 = R$239.954,29
Pd = R$11.417,80

Observe que, como visto, o valor da demanda a ser


utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em

Tabela 1.27 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Azul (demanda).


Ponta Fora de Ponta
Soma (R$)
Mês Fatura (R$) Fatura (R$)
DFP DFFP
Demanda (kW) Demanda (kW) Fora de
Demanda Ultrapas. Demanda Ultrapas. Ponta TOTAL
Ponta
Jan 422,8 9.108,23 0 439,8 2.716,34 0 9.108,23 2.716,34 11.824,58
Fev 533,4 9.108,23 0 501,7 2.799,49 0 9.108,23 2.799,49 11.907,72
Úmido

Mar 572 9.575,28 0 518,4 2.892,67 0 9.575,28 2.892,67 12.467,95


Abr 598,5 10.018,89 0 535,4 2.987,53 0 10.018,89 2.987,53 13.006,42
Dez 581,1 9.727,61 0 520,1 2.902,16 0 9.727,61 2.902,16 12.629,77
Mai 557,3 9.329,20 0 508 2.834,64 0 9.329,20 2.834,64 12.163,84
Jun 434,9 8.622,77 0 407,5 2.672,26 0 8.622,77 2.672,26 11.295,04
Jul 432,6 8.622,77 0 388,2 2.672,26 0 8.622,77 2.672,26 11.295,04
Seco

Ago 650,1 8.622,77 6.778,35 500,9 2.795,02 0 15.401,12 2.795,02 18.196,15


Set 503,1 8.622,77 0 484,4 2.702,95 0 8.622,77 2.702,95 11.325,73
Out 463,1 8.622,77 0 441,9 2.672,26 0 8.622,77 2.672,26 11.295,04
Nov 566,6 9.484,88 0 526,7 2.938,99 0 9.484,88 2.938,99 12.423,87
Total anual: 149.831,14

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 50


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Tabela 1.28 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Azul (consumo).


Ponta Fora de Ponta
TOTAL
Mês CAP CAFP
Fatura (R$) Fatura (R$) (R$)
Consumo (kWh) Consumo (kWh)

Jan 16.671 1.693,61 94.522 4.359,35 6.052,96


Fev 18.849 1.914,87 100.526 4.636,26 6.551,13
Úmido

Mar 27.717 2.815,77 123.667 5.703,52 8.519,29


Abr 28.467 2.891,96 124.092 5.723,12 8.615,09
Dez 26.692 2.711,64 115.548 5.329,07 8.040,71
Mai 24.424 2.680,78 108.540 5.664,70 8.345,48
Jun 23.919 2.625,35 111.557 5.822,16 8.447,51
Jul 18.226 2.000,49 83.563 4.361,15 6.361,64
Seco

Ago 15.307 1.680,10 71.993 3.757,31 5.437,41


Set 24.967 2.740,38 106.667 5.566,95 8.307,33
Out 21.130 2.319,23 92.496 4.827,37 7.146,60
Nov 25.514 2.800,42 105.338 5.497,59 8.298,01
Total anual: 90.123,15

Fatura = R$15.539,22
a) Sistema Horo-sazonal Verde

Mês: Janeiro: Mês: Agosto:

ƒ Parcela de Consumo: ƒ Parcela de Consumo:

De (1.6): De (1.6):

Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP ) Pc = (CAP × TCA P ) + (CAFP × TCA FP )

Pc = (16.671 × 0,4885 ) + (94.522 × 0,04612 ) = R$12.503,14 Pc = (15.307 × 0,4967 ) + (71.993 × 0,0522 )


Pc = R$11.360,15
ƒ Parcela de Demanda:
ƒ Parcela de Demanda:
De (1.7):
De (1.7):

Pd = (DF × TDA )
Pd = (DF × TDA )
Pd = (544,1 × 5,58) = R$3.036,08
Pd = (515,1 × 5,58)
Observe que, como visto, o valor da demanda a ser Pd = R$2.874,26
utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em Observe que, como visto, o valor da demanda a ser
mais de 10% a demanda contratada).Parcela de utilizado (demanda faturada) é o maior valor entre a
Ultrapassagem: contratada e a medida (caso esta não ultrapasse em
mais de 10% a demanda contratada).Parcela de
De (1.8): Como não houve ultrapassagem em mais de Ultrapassagem:
10%, esta parcela não será cobrada.

ƒ Fatura total: De (1.8):

De (1.9): Como houve ultrapassagem em mais de 10% da


demanda contratada na Ponta, esta parcela será
Fatura = Pc + Pd + Pu = 12.503,14 + 3.036,08 + 0 cobrada.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 51


TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA www.engeweb.eng.br

Pu = (DA − DF ) × TDAu se que o valor total da fatura anual para Tarifação


Horo-sazonal Verde será:
Pu = [(650,1 − 515,1) × 16,74] + 0 = R$2.259,9
R$38.748,64 + R$195.325,21 = R$234.073,85
ƒ Fatura total:
Comparando as duas faturas obtidas (R$ 239.954,29
De (1.9): THS-Azul e R$ 234.073,85 THS-Verde), observa-se
que a melhor opção é o enquadramento do consumidor
Fatura = Pc + Pd + Pu = R$17.247,61 na tarifação horo-sazonal Verde (cuja conta de energia
é 2% mais barata), com contrato de demanda de 544,1
Os resultados da aplicação desta metodologia kW no período úmido e 515,1 kW no período seco.
de cálculo para os demais meses estão apresentados
nas tabelas 1.29 (parcelas de demanda e
ultrapassagem) e 1.30 (parcela de consumo). Observa-

Tabela 1.29 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Verde (demanda).

DF Fatura (R$)
Mês
Demanda (kW) Demanda Ultrapassagem TOTAL
Jan 422,8 3.036,08 0 3.036,08
Fev 533,4 3.036,08 0 3.036,08
Úmido

Mar 572 3.191,76 0 3.191,76


Abr 598,5 3.339,63 0 3.339,63
Dez 581,1 3.242,54 0 3.242,54
Mai 557,3 3.109,73 0 3.109,73
Jun 434,9 2.874,26 0 2.874,26
Jul 432,6 2.874,26 0 2.874,26
Seco

Ago 650,1 2.874,26 2.259,9 5.134,16


Set 503,1 2.874,26 0 2.874,26
Out 463,1 2.874,26 0 2.874,26
Nov 566,6 3.161,63 0 3.161,63
Total anual: 38.748,64

Tabela 1.30 Resultados da fatura para Tarifação Horo-sazonal Verde (consumo).


Ponta Fora de Ponta
TOTAL
Mês CAP CAFP
Fatura (R$) Fatura (R$) (R$)
Consumo (kWh) Consumo (kWh)

Jan 16.671 8.144,45 94.522 4.359,35 12.503,80


Fev 18.849 9.208,49 100.526 4.636,26 13.844,75
Úmido

Mar 27.717 13.540,86 123.667 5.703,52 19.244,39


Abr 28.467 13.907,27 124.092 5.723,12 19.630,39
Dez 26.692 13.040,11 115.548 5.329,07 18.369,18
Mai 24.424 12.131,16 108.540 5.664,70 17.795,86
Jun 23.919 11.880,33 111.557 5.822,16 17.702,49
Jul 18.226 9.052,67 83.563 4.361,15 13.413,82
Seco

Ago 15.307 7.602,83 71.993 3.757,31 11.360,15


Set 24.967 12.400,86 106.667 5.566,95 17.967,81
Out 21.130 10.495,06 92.496 4.827,37 15.322,43
Nov 25.514 12.672,55 105.338 5.497,59 18.170,14
Total anual: 195.325,21

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 52


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demanda média é a relação entre a energia e


1.6 Fator de carga o tempo (Dmédia = energia/tempo), temos que:

Uma maneira de verificar se a energia Dmédia( Dt )


FC ( Dt ) = (1.25)
elétrica está sendo consumida racionalmente D max
é avaliar, para cada mês, qual foi o Fator de
Carga (FC) da instalação. EXEMPLO 1.10 Considere como exemplo uma
determinada indústria onde foi registrado num mês um
O Fator de Carga de qualquer consumo de energia elétrica de 100.000 kWh.
instalação é a relação entre o consumo e um Conforme definido, o valor da demanda média mensal
valor máximo de demanda multiplicado pelo dessa indústria seria Dmédia = energia/tempo = 100.000
número de horas relativos a um determinado kWh / 730h = 137 kW , onde 730 é o número médio de
horas de um mês. Suponha ainda que o valor da
período de efetiva produção, ou seja: demanda máxima medida no mês tenha sido Dmax =
200 kW. Nestas condições, o fator de carga da
instalação será, de (1.25):
C ( Dt )
FC ( Dt ) = (1.24)
(D max× Dt )
Dmédia 137kW
FC = = = 0,685
D max 200kW
Onde,
FC = Fator de Carga;
Dt = número de horas relativos a um
determinado período de produção; Um fator de carga elevado, próximo da
unidade, indica que as cargas elétricas foram
C = Consumo em Dt (kWh); utilizadas racionalmente ao longo do tempo.
Dmax. = valor máximo de demanda (kW). Por outro lado, um fator de carga baixo indica
que houve concentração de consumo de
energia elétrica em um curto período de
tempo, determinando uma demanda elevada.
Trata-se do parâmetro que mede o
Isto ocorre quando muitos aparelhos são
nível de eficácia assim como o custo
ligados ao mesmo tempo.
(eficiência) de aproveitamento da energia
elétrica por uma instalação num determinado Evidente que a situação ideal seria
período, (levando em conta o posto tarifário). aquela onde teríamos Dmédia = Dmáx = 1
(independente do número de horas
O fator de carga varia de 0 (zero) a 1 produtivas/dia), o que é impossível de se
(um), mostrando a relação entre o consumo obter na prática, pois seria o equivalente a
de energia, dentro de um determinado manter a carga ligada na indústria, constante
espaço de tempo. durante todo o mês.
O fator de carga mais comumente
utilizado é o mensal e a demanda é a O que ocasiona valores baixos de fator
máxima registrada por medição, no mês de carga é a concentração de cargas em
considerado. O período de tempo é de 730 determinados períodos. A seguir, algumas
horas (Dt), que corresponde ao número de situações que conduzem a esses valores
horas de um mês médio (supondo 24 horas baixos:
produtivas/dia - 664 horas p/ período fora de
• equipamentos de grande potência,
ponta e 66 horas p/ período de ponta), ou
operando a plena carga somente
seja, 8.760 horas anuais divididas em 12
algumas horas do período de
meses.
utilização, funcionando com carga
De outra forma, valendo-se da reduzida ou sendo desligados nos
expressão (1.24) e considerando-se que a demais períodos;

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 53


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• cargas de grande porte ligadas C ⎛ kW ⎞


= Tc + ⎜ T d × ⎟ (1.27)
simultaneamente; kWh ⎝ kWh ⎠
• curtos-circuitos e fugas de corrente;
Introduzindo a variável Dt, já definida
• falta de programação para utilização anteriormente (número de horas relativos a
de energia. um determinado período de produção),
temos:
A melhoria do fator de carga, além de
diminuir as despesas com energia
consumida, conduz a um melhor C ⎛ Dt × kW ⎞
= Tc + ⎜ T d × ⎟ (1.28)
aproveitamento e aumento da vida útil de kWh ⎝ Dt × kWh ⎠
toda a instalação elétrica, inclusive de
motores e equipamentos e a uma otimização Observe que a introdução do fator Dt
dos investimentos nas instalações. não alterou a expressão, pois Dt / Dt = 1. Ora,
Como já visto, as contas de energia C/kWh = custo unitário “u” do kWh - energia
elétrica dos consumidores supridos em consumida. Teremos então:
tensão primária de distribuição são binômias
(compostas de duas parcelas): consumo, ⎛ Dt × kW ⎞ 1
expresso em kWh e demanda máxima, u = Tc + ⎜ Td × ⎟× (1.29)
expressa em kW. ⎝ kWh ⎠ Dt

Seja TC o preço unitário do kWh e Td o Substituindo (6.24) em (6.29):


preço unitário do kW, (definidos pela
Eletrobrás e aplicados pelas Concessionárias ⎛ 1 ⎞ 1
u = Tc + ⎜ Td × ⎟×
de Energia Elétrica). O custo total da energia ⎝ FC ⎠ Dt
num determinado mês, sem considerar a
incidência de impostos, será dado por:
⎛ Td ⎞
u = Tc + ⎜ ⎟ (1.30)
⎝ Dt × FC ⎠
C = (Tc × kWh) + (Td × kW ) (1.26)
Considerando a incidência de impostos
(ICMS), temos que o custo unitário total é:

Onde:
⎛ Td ⎞
u = Tc + ⎜ ⎟ + ICMS (1.31)
TC = Tarifa de consumo conforme o grupo ⎝ Dt × FC ⎠
associado (preço unitário do kWh);

Td = Tarifa de demanda conforme o grupo Onde,


associado (preço unitário do kW);
TC = Tarifa de consumo conforme o grupo
C = custo total da fatura (sem incidência de associado (preço unitário do kWh);
impostos previstos na legislação).
Td = Tarifa de demanda conforme o grupo
associado (preço unitário do kW);

Através de um tratamento matemático FC = fator de carga;


simples da expressão (1.26), podemos Dt = 730 horas num mês de medição
expressar a equação do custo em função do supondo 24 horas produtivas/dia;
Fator de Carga (FC). Dividindo ambos os
ICMS = valor do imposto.
membros da equação acima por kWh, vem:

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 54


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Podemos então concluir da expressão determinação da demanda contratada ideal,


(1.31), que o custo unitário da energia pois caso tenhamos um alto FCz com um
elétrica numa instalação industrial, é baixo FCy, a demanda máxima é séria
inversamente proporcional ao Fator de Carga candidata a ser a demanda ideal, se este for
da instalação, ou seja, quanto maior o Fator o perfil da instalação operando em plena
de Carga mensal, menor será o custo unitário capacidade.
da energia elétrica e, em conseqüência, isto
Operando sob um baixo FCy, implica-se
terá efeitos positivos no custo total da fatura
num mal aproveitamento da energia
mensal de energia elétrica.
contratada, além de um alto preço unitário do
Como já dito, o custo unitário ótimo, KWh, conforme mostra a expressão (1.31).
seria aquele obtido para FC = 1, ou seja, o Desta forma, analisando a expressão
custo unitário u = a + b/Dt. (1.31), para FC = FCy Médio Mensal, conclui-
Na prática, o fator de carga não deve se que, quanto maior o FCy, menor o custo
ser inferior a 0,7 em razão da economia de médio do KWh.
energia com o melhor rendimento da carga Para melhorar o fator de carga, deve-se
instalada. adotar um sistema de gerenciamento do uso
Para avaliar o potencial de economia, da energia, procurando-se retificar a curva de
deve-se observar o comportamento do fator carga típica da instalação, ou seja,
de carga e identificar o mês em que este deslocando-se a utilização de certas cargas
fator apresentou seu valor máximo. Isto pode que contribuem para formação de picos, para
indicar que se adotou, naquele mês, uma os horários de menor concentração de
sistemática de operação que proporcionou cargas (vales).
um uso mais racional de energia. Portanto, Nas tarifas convencional e horo-sazonal
seria possível repetir tal sistemática, de modo verde, o fator de carga é único porque existe
a manter o fator de carga naquele mesmo um único registro de demanda de energia,
nível todos os meses. enquanto que para tarifa horo-sazonal azul
Para medição apenas da eficácia no haverá dois fatores de carga, um para o
uso da energia elétrica, usa-se como padrão horário da ponta e outro para fora de ponta,
de comparação a demanda máxima ocorrida devendo a análise ser efetuada
neste período, ao passo que, para medição separadamente para cada horário
também da eficiência, utiliza-se a demanda correspondente.
contratada como sendo a máxima para A análise do fator de carga, além de
qualquer período escolhido. Em casos de mostrar se a energia elétrica está sendo
ultrapassagens contínuas poderemos ter utilizada de modo racional, traz uma
uma demanda média superior à contratada, a conclusão importante para definir o tipo de
qual, se for considerada máxima na fórmula tarifa mais adequada para a instalação.
do FC, teremos um FC > 1, indicando sobre
utilização da demanda contratada ou ainda Um fator de carga elevado no horário
necessidade de se contratar um valor maior de ponta (acima de 0,60) indica que a tarifa
de demanda. horo-sazonal azul é a mais adequada. Caso
contrário, a tarifa horo-sazonal verde trará
Na hipótese de não ultrapassagem, vantagens econômicas para o consumidor.
podemos ter um FC eficaz (FCz) próximo do
máximo teórico, o que implica que a É importante salientar que, quando o
demanda média é bem próxima da máxima e sistema de tarifação for horo-sazonal (azul ou
ao mesmo tempo um baixo FC eficiente verde), os fatores de carga do período de
(FCy), o que implica estar a demanda média Ponta e Fora de Ponta devem ser analisados
bem abaixo da contratada. Esta separação é separadamente e procurando transferir carga
interessante como ponto de partida para da Ponta para Fora de Ponta.

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 55


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O aumento do fator de carga pode ser FC = fator de carga;


conseguido através de medidas que, na sua
CA = consumo medido no mês, em kWh;
maioria, não implica em investimentos. Estão
relacionadas, a seguir, algumas delas: DA = demanda máxima medida no mês, em
kW;
• selecione e reprograme os
equipamentos e sistemas que 730 = número de horas de um mês médio.
possam operar fora do horário de
maior demanda da instalação,
1.6.2 Tarifação Horo-sazonal Azul
fazendo um cronograma de utilização
de seus equipamentos elétricos,
anotando a capacidade e o regime de Quando a energia elétrica é faturada
trabalho de cada um, através de seus através da tarifação horo-sazonal azul, deve
horários de funcionamento; ser calculado um fator de carga para o
período de ponta (número de horas médias
• evite partidas simultâneas de motores do mês na ponta igual a 66h) e um fator de
que iniciem operação com carga; carga para o período fora de ponta (número
de horas médias do mês fora da ponta igual
• diminua, sempre que possível, a a 664h).
operação simultânea dos
equipamentos; Determinação do fator de carga Médio
Mensal na ponta:
• verifique se a manutenção e a
proteção da instalação elétrica e dos
equipamentos são adequadas, de CAp
modo a se evitar a ocorrência de FCp = (1.33)
curtos-circuitos e fugas de corrente. DAp × 66

1.6.1 Tarifação convencional Onde:

Quando a energia elétrica é faturada


CAp = fator de carga na ponta, em kWh;
através do método convencional, por DAp = consumo medido na ponta, em kW;
definição, adota-se que o tempo mensal em
que a energia elétrica fica à disposição é de kWp = demanda máxima medida na ponta;
24 horas por dia durante o mês. Isto 66 = número de horas de ponta de um mês médio.
representa que o número de horas do
período durante o ano é de 730 horas por
mês. Determinação do fator de carga Médio
Assim sendo, o fator de carga (FC) Mensal fora de ponta:
médio mensal é calculado pela expressão
(1.32):
CAfp
FCfp = (1.34)
DAfp × 664
CA
FC = (1.32)
DA × 730
Onde:
FCfp = fator de carga fora de ponta;
Onde:
CAfp = consumo medido fora de ponta,em kWh;

CAPÍTULO 1 – TARIFAÇÃO DA ENERGIA ELÉTRICA 56


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DAfp = demanda máxima medida fora de ponta,


em kW; Solução:

664 = número de horas fora de ponta de um mês


médio. Mês: janeiro
De (1.33):

1.6.3 Tarifação Horo-sazonal Verde CAp 16.671


FCp = = = 0,597
DAp × 66 422,8 × 66
Determinação do fator de carga Médio
Mensal: De (6.34):

CAfp 94.522
FCfp = = = 0,324
DAfp × 664 439,8 × 664
CAp + CAfp
FC = (1.35)
DA × 730
Aplicando-se as expressões acima para cada mês,
obtêm-se os cálculos do fator de carga apresentados
na tabela 1.31.
Onde: A figura 1.24 apresenta o gráfico do fator de carga
calculado mensal. Observa-se que no mês de agosto
FC = fator de carga; ocorreu um baixo fator de carga, indicando que neste
mês houve, em relação aos demais, uma maior
CAp = consumo medido na ponta, em kWh; concentração de consumo de energia elétrica em um
curto período de tempo, determinando uma demanda
CAfp = consumo medido fora de ponta, em kWh; elevada (muitos aparelhos ligados ao mesmo tempo).
DA = demanda máxima, em kW;
730 = número de horas de um mês médio. Fator de Carga mensal

1,000

0,800
Fator de carga

EXEMPLO 1.11 Calcular o fator de carga de uma


0,600 FC-P
instalação enquadrada na Tarifação THS-azul,
0,400 FC-FP
conforme dados da conta de energia apresentados na
tabela 1.31. 0,200

0,000
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Tabela 1.31 Dados da conta de energia (demanda e
consumo).
Demanda máxima
Figura 1.24 Curva de fator de carga mensal na ponta e
(kW)
Consumo (kWh) Fator de carga fora da ponta.
Mês
Fora de Fora de Fora de
Ponta Ponta Ponta
Ponta Ponta Ponta
Jan 422,8 439,8 16.671 94.522 0,597 0,324
Fev 533,4 501,7 18.849 100.526 0,535 0,302
Mar 572,0 518,4 27.717 123.667 0,734 0,359
Abr 598,5 535,4 28.467 124.092 0,721 0,349
Mai 557,3 508,0 24.424 108.540 0,664 0,322
Jun 434,9 407,5 23.919 111.557 0,833 0,412
Jul 432,6 388,2 18.226 83.563 0,638 0,324
Ago 650,1 500,9 15.307 71.993 0,357 0,216
Set 503,1 484,4 24.967 106.667 0,752 0,332
Out 463,1 441,9 21.130 92.496 0,691 0,315
Nov 566,6 526,7 25.514 105.338 0,682 0,301
Dez 581,1 520,1 26.692 115.548 0,696 0,335

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Apêndice
Bibliografia
A

APÊNDICE A – BIBLIOGRAFIA 58
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APÊNDICE A – Bibliografia

MAMEDE Filho, João: Instalações Elétricas Industriais. Rio de Janeiro: LTC, 4ª ed., 1995.
Lopes, Juarez Castrillon: Manual de tarifação da energia elétrica. Eletrobrás, 2ª ed., 2002.
CEMIG: Estudo de distribuição – Melhoria do fator de potência. Belo Horizonte, Junho/97. pp. 91.
Código de águas, Decreto n. 24.643, de 10 de julho de 1934
Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995
Lei n. 9.074, de 7 de julho de 1995
Resolução ANEEL n. 456, d e29 de novembro de 2000
Lei n. 10.848, de 15 de março de 2004
Decreto 5.163, de 30 de julho de 2004
Site www.aneel.gov.br
Site www.ccee.org.br

APÊNDICE A – BIBLIOGRAFIA 59
Esta publicação técnica é mantida revisada e atualizada para
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APOIO:

Soluções educacionais para engenharia.


www.cobrapi.com.br/edu

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