Dissertação - Alex Silva

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A operacionalização do poder estrutural

americano através do FMI: análise dos eixos


orientadores da economia política brasileira entre
1995 e 2016

Alex Rosa da Silva

Orientadora: Professora Doutora Catedrática Carla Margarida


Barroso Guapo da Costa

Dissertação para obtenção de grau de Mestre em Relações Internacionais

Lisboa
2023
A operacionalização do poder estrutural
americano através do FMI: análise dos
eixos orientadores da economia política
brasileira entre 1995 e 2016

Alex Rosa da Silva

Orientadora: Professora Doutora Catedrática Carla Margarida Barroso


Guapo da Costa

Dissertação para obtenção de grau de Mestre em Relações Internacionais

Júri:

Presidente:

- Doutora Andreia Mendes Soares e Castro, Professora Auxiliar do Instituto


Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa;

Vogais:

-Doutora Carla Margarida Barroso Guapo da Costa, Professora Catedrática do


Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, na
qualidade de Orientadora;

-Doutora Gabrieli Fernandes Fickelsherer Gaio, Professora Auxiliar Convidada do


Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa

Lisboa
2023
Aos meus filhos e a toda a minha família que,
mesmo distante, me apoiaram nesta jornada.
Em especial ao meu pai e à minha mãe que,
quando estiveram comigo nessa dimensão,
cercaram-me de muito amor, carinho e bons
exemplos.

iii
AGRADECIMENTOS

A realização de um sonho não é algo trivial em nossa existência, é necessário sempre uma
dose de ousadia e de coragem.
As dificuldades enfrentadas por um imigrante a viver e a trabalhar em uma nova terra é algo
desafiador, sobretudo em um mundo contemporâneo traumatizado por uma pandemia e por
guerras muitas vezes evitáveis.
À sociedade portuguesa fica um imenso sentimento de gratidão por ter aberto
as portas para o início de uma nova etapa em minha vida.
Ao Instituto de Ciências Sociais e Políticas ficará para sempre o sentimento de
agradecimento a todos os seus Colaboradores, Professores e Professoras por tornar
essa Universidade uma referência internacional da qual tenho muito orgulho.
Agradeço imensamente à minha querida Professora Dra. Carla Costa pelos
inestimáveis conselhos, orientações e sobretudo pela paciência durante esse período.
À minha querida companheira, Cinthya, que esteve ao meu lado, apoiando-me
com muito amor e carinho.
A todas as pessoas com quem tive o prazer de compartilhar a minha luta e que,
de alguma forma, contribuíram para a subida de mais um degrau nessa vida.
Aos colegas, amigos e amigas que tive a oportunidade de conhecer e de
partilhar momentos importantes durante a realização das cadeiras e em especial às
minhas amigas Júlia, Larissa e Fernanda com quem tive a alegria de conviver durante
os primeiros anos do mestrado.

“Amar a virtude, estimar as belas ações, ser gratos pelos benefícios recebidos
e, muitas vezes, reduzir o nosso próprio bem-estar para aumentar a honra e o progresso
daqueles que amamos, e que merecem ser amados, é uma correspondência justa à
razão.” (Boétie, 1576/2009, p.33).

iv
“Participação no (Brasil, Rússia, India, China e Africa do Sul [BRICS]) e pré-sal trouxeram a
guerra híbrida para o Brasil” - Celso Amorim. (Amorim, 2021)

“Fenómeno político é todo o acontecimento implicado na luta pela aquisição, manutenção,


exercício, controlo e subversão do Poder na sociedade” - António de Sousa Lara.(A. S. Lara,
2021, p. 20)

“É incrível ver como o povo, quado é submetido, cai de repente num esquecimento tão profundo
de sua liberdade, que não consegue despertar para reconquistá-la. Serve tão bem e de tão bom
grado que se diria, ao vê-lo, que não só perdeu a liberdade, mas ganhou a servidão.” - Étienne
de La Boétie. (Boetie, 2009, p. 44).

“If the myopia of international relations theorists is derived from their obsession with the
problematic of war and peace and conflict between states, the equal myopia of western political
theorists is derived from a similar obsession with values of political liberalism” - Susan Strange.
(Strange, 1998, p. 6)

v
RESUMO

Esta dissertação de mestrado analisa a influência do poder estrutural americano na condução da


economia política brasileira de 1995 até 2016, utilizando o FMI como braço operador desse
sistema. A tese do poder estrutural, defendida por Susan Strange, foi utilizada para nos fornecer
subsídio teórico. Dessa forma, o poder estrutural e o poder relacional são pontos-chave para a
compreensão do poder dos Estados Unidos da América (E.U.A) no final da II Guerra Mundial,
em Bretton Woods. Neste contexto, desenvolvemos os seguintes objetivos específicos: a)
investigar como se operacionaliza o poder estrutural americano no seio do FMI; b) verificar
como algumas instituições públicas e privadas estadunidenses atuam para influenciar os
programas de ajustamento estrutural proposto pelo FMI; c) analisar como se organiza a
orientação ideológica do staff na condução do FMI e d) estudar como os governos brasileiros
de 1995 até 2016 rececionaram as diretrizes do Consenso de Washington e a execução dos
programas de ajuste estrutural. Após as nossas investigações, verificou-se que o poder estrutural
é operacionalizado por intermédio do poder relacional ou instrumental através do Fundo.
Constatamos que bancos privados, o G7, o tesouro e o congresso americano exercem influência
nos destinos da organização internacional, objeto de nossa investigação. Essa instituição
multilateral possui, em seus quadros de funcionários, pessoas com formação académica
predominantemente oriunda de universidades euroamericanas. Os governos brasileiros
rececionaram as diretrizes do Consenso de Washington, as “recomendações” de ajustes
estruturais do Fundo, houve a introdução de leis favoráveis à diminuição da atuação do Estado
e políticas de austeridade, conforme os interesses de Washington. Embora tenha havido uma
inflexão entre 2003 e 2014, a austeridade continuou mesmo nos governos progressistas no
Brasil. Verificamos também a centralidade dos E.U.A. no Sistema Monetário Internacional
(SMI) graças ao poder do dólar, porém partilham a sua hegemonia com outros países do G7.

Palavras-chave: Poder Estrutural Americano, Economia Política Brasileira, Economia Política


Internacional, Sistema Monetário Internacional e FMI.

vi
ABSTRACT

This master's dissertation analyzes the influence of American structural power on the conduct
of the Brazilian political economy from 1995 to 2016 using the IMF as the operating arm of
this system. The thesis of structural power advocated by Susan Strange was used to provide us
with theoretical support. Consequently, structural power and relational power are key to
understanding U.S. power at the end of World War II. In this context, we developed the specific
objectives: a) to investigate how American structural power is operationalized within the IMF;
b) to verify how some public and private U.S. institutions act to influence the structural
adjustment programs proposed; c) to analyze how the ideological orientation of the staff is
organized in the conduct of the IMF d) to study how Brazilian governments from 1995 to 2016
have received the guidelines of the Washington Consensus and the execution of structural
adjustment programs. After our investigations we found that structural power is operationalized
through relational or instrumental power through the Fund. We have verified that private banks,
the G7, the treasury, and the U.S. Congress exert influence on the destiny of the international
organization that is the object of our investigation. This multilateral institution has on its staff
people with academic background predominantly from Euro-American universities. The
Brazilian governments received the guidelines of the Washington Consensus, the structural
adjustments directly through the Fund, by pressure from the American government and the
introduction of laws support the reduction of the role of the State with austerity policies.
Although there was an inflection between 2003 and 2014, austerity continued even under leftist
governments in Brazil. We also verified that the U.S. is in the center of the IMS with the
predominance of the dollar, but shares its hegemony with G7.

Keywords: American Structural Power, Brazilian Political Economy, International Political


Economy, International Monetary System and IMF.

vii
ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ................................................................................................. IV

RESUMO....................................................................................................................... VI

ABSTRACT ................................................................................................................ VII

LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................X

LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................... XI

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1

Questão a ser respondida, objetivo geral e específico .................................................. 2

Proposta metodológica .................................................................................................. 3

Organização da dissertação ........................................................................................... 4

Nota geral e explicativa ................................................................................................ 5

CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA .......................................................... 6

1.1. A economia política do poder estrutural americano e sua relação com o Fundo .. 6

1.2. - As determinantes da economia política do Brasil e sua relação com o Fundo .. 11

CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................. 14

2.1 - Poder Estrutural .................................................................................................. 14

2.2– A Estrutura de Segurança.................................................................................... 16

2.3– A Estrutura de Produção ..................................................................................... 17

2.4- A Estrutura Financeira ......................................................................................... 18

2.5- A Estrutura do Conhecimento ............................................................................. 19

CAPÍTULO III – O SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL ..................... 21

3.1 - A arquitetura do sistema monetário internacional .............................................. 21

3.2 - A Hegemonia do Dólar ....................................................................................... 24


viii
3.3 - O Fundo Monetário Internacional ...................................................................... 29

3.4 - A Governança no FMI ........................................................................................ 31

3.4.1- Conselho dos Governadores ............................................................................. 32

3.4.2- Comités Ministeriais ......................................................................................... 32

3.4.3 - O Conselho Executivo ..................................................................................... 32

3.5 - Condicionalidade como instrumento de poder ................................................... 42

3.6 - O Consenso de Washington................................................................................ 45

CAPÍTULO IV - A ECONOMIA POLÍTICA BRASILEIRA ................................. 48

4.1 - A economia política brasileira na década de 1990 ............................................. 48

4.2- A economia política brasileira de 2003 a 2016 ................................................... 53

4.3- “A armadilha do ajuste estrutural” ...................................................................... 57

4.4 - Brasil: de devedor a credor ................................................................................. 61

CONCLUSÃO............................................................................................................... 65

Limites e pistas de investigação .................................................................................. 67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 68

ANEXOS ....................................................................................................................... 80

Anexo A – Publicações analisadas ............................................................................ 80

Anexo B – Histórico da Taxa de Juros no Brasil ....................................................... 93

Anexo C - Série histórica do PIB do Brasil .............................................................. 111

ix
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Participação das principais moedas na composição das reservas internacionais


dos países em 2021 ..................................................................................................... 25

Figura 2 - Composição das reservas internacionais no ano de 2021 ........................ 26

Figura 3 - Organograma do FMI ................................................................................ 31

Figura 4 - Diversidade Educacional dos Funcionários do FMI no ano de 2021 ....... 34

Figura 5 - Países onde ocorreu a formação académica do staff do FMI – 2019 ....... 35

Figura 6 - Diversidade Educacional – contratação de PhD´s no FMI ..................... 36

Figura 7 - Percentagem de participação nas quotas do FMI ..................................... 39

Figura 8 - Participação Mundial no Produto Interno Bruto (US$): BRICS x G7 ...... 40

Figura 9 - Percentual da Participação Mundial no Produto Interno Bruto (US$): BRICS x


G7................................................................................................................................ 41

Figura 10 - Ajuste estrutural: ações a serem implementas pelos países membros ..... 43

Figura 11 - A aplicação dos ajustes estruturais e as condicionalidades pelo mundo 44

Figura 12 - Nova Matriz Económica ........................................................................... 55

Figura 13 - Análise da economia política do Brasil ................................................... 60

Figura 14 - Análise dos empréstimos concedidos ao Brasil ....................................... 62

Figura 15 - Evolução das Reservas Internacionais do Brasil (US$ - Mil Milhões) ... 63

x
LISTA DE ABREVIATURAS

ACR Arranjo Contigente de Reserva


AIIB Asian Infrastructure Investment Bank
BCB Banco Central do Brasil
BG Board of Governors
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social
BRI Belt and Road Initiative
BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
CD Comité de Desenvolvimento
CEBRAP Centro Brasileiro de Análise e Planeamento
CEO Chief Executive Officer
CIPS Cross-border Interbank Payment System
CMFI Comités Monetário e Financeiro Internacional
CNRS Centre National de la Recherche Scientifique
COPOM Comité de Política Monetária do Banco Central do Brasil
CSA Ciclo Sistémico de Acumulação
CSIS Center for Strategic & International Studies
DES Direito Especial de Saques
DOJ Department of Justice
EAU Emirados Árabes Unidos
EB Executive Board
EBC Empresa Brasil de Comunicação
EPI Economia Política Internacional
ESF Exchange Stabilization Fund
EU Europe Union
EUA Estados Unidos da América
FED Federal Reserve System
FHC Fernando Henrique Cardoso
FMI Fundo Monetário Internacional
FUNEPE Fundação Educacional de Penápolis
G5 Alemanha, Estados Unidos da América, França, Reino Unido e Japão
xi
G7 Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino
Unido
ICU International Clearing Union
IMF International Monetary Fund
IPEA Instituto de Pesquisas Económicas Aplicadas
MENA + Oriente Médio e Norte de África (membros da Liga Árabe mais República do
Irão, Afeganistão e Paquistão).
MENA Middle East and North Africa
NATO North Atlantic Treaty Organization
NBD Novo Banco de Desenvolvimento ou Banco dos BRICS
NIESR National Institute of Economic and Social Research
NME Nova Matriz Económica
OCX Organização para a Cooperação de Xangai
OMC Organização Mundial do Comércio
ONU Organização das Nações Unidas
PDR Policy Development and Review Department
PDT Partido Democrático Brasileiro
PhD Philosophy Doctor
PIB Produto Interno Bruto
PIL Programa de Investimento e Logística
PPC Paridade de Poder de Compra
PPP Purchasing Power Parity
PSI Programa de Sustentação do Investimento
PT Partido dos Trabalhadores
PUC Pontifícia Universidade Católica
RES Research Department
SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
SIPRI Stockholm International Peace Research Institute
SMI Sistema Monetário Internacional
SPFS System for Transfer of Financial Messages
SWIFT Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication
UE União Europeia
UFABC Universidade Federal do ABC

xii
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UNB Universidade de Brasília
UNESP Universidade Estadual Paulista
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
URV Unidade Real de Valor
USD United States Dollar
WB World Bank

xiii
INTRODUÇÃO

O objeto da investigação desta dissertação será o estudo da operacionalização do poder


estrutural americano e a sua influência na evolução da economia política brasileira (de 1995 a
2016), através de uma organização multilateral internacional, o Fundo Monetário Internacional
(FMI). Essa instituição financeira e o Banco Mundial (BM) são partes integrantes do poder
estrutural americano com base no dólar. Tal poder estrutural é capaz de delimitar e influenciar
as opções dos demais Estados nos domínios da segurança, da produção, das finanças e do
conhecimento, conforme o descrito por (Strange, 2015) no livro States and Markets:
International Relations Theory (1988, re-editado em 2015). Dessa forma, o poder estrutural, o
poder relacional e o receituário neoliberal capitaneado pelo Fundo ou International Monetary
Fund (IMF), nomes pelo quais nos iremos também referir à instituição financeira internacional,
serão centro de nossa análise.

Um dos objetivos formais do Fundo, sobretudo em relação aos países em


desenvolvimento, desde a sua criação, em 1944, na cidade de Bretton Woods, nos Estados
Unidos da América (E.U. A.), e que conta atualmente com 190 países membros, é o apoio às
políticas económicas, à estabilidade financeira, bem como a cooperação internacional de acordo
com o IMF (2023a) . No entanto, do ponto de vista da economia política, o Fundo promove a
consolidação da hegemonia americana a nível mundial, a partir de instrumentos político-
financeiros, com foco em ajustes estruturais e na diminuição da presença do Estado, como
centro motor do desenvolvimento, com maior destaque para os países periféricos do sistema
capitalista internacional.

De entre esses países em desenvolvimento, destacamos o Brasil, cuja economia política


e a condução de políticas macroeconómicas estão a sofrer influência do Fundo desde 1945
(Almeida, 2014). O país, sobretudo na década de 1990, sentiu diretamente os efeitos das
políticas impostas, a partir dos interesses geoeconómicos dos americanos. Refira-se, a
propósito, o Consenso de Washington em 1989, um conjunto de “recomendações” de base
neoliberal, elaborado por instituições públicas e privadas dos estadunidenses (Batista, 1994; S.
P. Guimarães, 2017). A partir de 2003, a economia política brasileira começou a ter uma maior
autonomia de ação, ainda que delimitada pelo poder estrutural americano, dentro de sua área de

1
hegemonia direta que foi consubstanciada pela acumulação de reservas internacionais e uma
maior intervenção do Estado na economia, fazendo o país sair da condição de devedor a credor
do Fundo. Assim, pela primeira vez na sua história, obteve a avaliação das agências de rating,
como país confiável para investimento direto estrangeiro. Todavia, a ligação entre a economia
política brasileira e o poder estrutural americano é de longa data; porém, a partir da implosão
do império soviético, em 1991, a consequente unipolaridade americana tornou-se quase
absoluta. Para o Brasil, esse fenómeno foi fundamental nas escolhas internas de políticas
públicas, sobretudo na década de 1990 e, em menor grau, entre 2003 e 2016.

Este movimento “neodesenvolvimentista” de maior presença e coordenação estatal foi


possível, em boa medida, em menos de uma década, pela imensa procura por commodities
provocada pela acensão da República Popular da China (RPC) e pela criação do Asian
Infrastructure Investment Bank (AIIB) como instrumento do poder estrutural chinês (Colombo,
2021) e também por uma correlação de forças políticas interna com perfil nacionalista. Facto
esse que permitiu a estruturação de novos polos de poder a exemplo de países como o Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) a nível mundial e o fortalecimento de um mundo
multipolar. No plano interno, a ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da
República Federativa do Brasil, após a vitória nas eleições presidenciais, em 2002, e a ascensão
de Luís Inácio Lula da Silva ao posto de Presidente foram fatores importantes nessa mudança
de correlação de forças internas e externas.

Questão a ser respondida, objetivo geral e específico

Neste contexto, definimos a seguinte questão de partida:

Quais são as consequências do poder estrutural americano por intermédio do FMI


no desenvolvimento da economia política brasileira, entre 1995 e 2016?

O objetivo geral da investigação será o estudo da operacionalização do poder estrutural


americano e a sua influência na evolução da economia política brasileira, através dessa
organização financeira internacional. A nossa dissertação terá como embasamento teórico o
referencial analítico desenvolvido por Susan Strange, no contexto científico-disciplinar de
Economia Política Internacional (EPI), fundamentalmente o seu conceito de poder estrutural,
trabalhado na obra “States and Markets: International Relations Theory”.

2
Esta investigação terá ainda como objetivos específicos:

- Investigar como se operacionaliza o poder estrutural americano no seio do FMI;


- Verificar como algumas instituições públicas e privadas dos E.U.A. atuam para
influenciar os programas de ajustamento estrutural proposto pelo FMI;
- Analisar como se organiza a orientação ideológica do staff na condução do FMI;
- Estudar como os governos brasileiros de 1995 até 2016 rececionaram as diretrizes do
Consenso de Washington e a execução dos programas de ajuste estrutural do FMI na
economia política brasileira.

Proposta metodológica

A nossa investigação buscará responder, de maneira científica e dentro de uma estrutura


metodológica adequada, às questões levantadas, objetivo geral e objetivos específicos do tema
proposto. Por este motivo, considera-se importante o método de construção dum caminho
delineado a partir de técnicas selecionadas, pois “O método é um dos pilares do conhecimento
científico. Para que qualquer conhecimento seja considerado científico, é obrigatório que, no
processo de sua produção, o método tenha orientado com rigor em todas as suas etapas”
(Mazucato, 2018, p. 53).

Assim sendo, a abordagem dos nossos estudos será através de livros, artigos,
dissertações, teses, bem como publicações a respeito do tema e do método qualitativo
(Mazucato, 2018) com estudo de caso (Schoch, 2020) em situações empíricas. Neste sentido,
realizamos um estudo histórico da relação do Fundo e a sua utilização como ferramenta de
imposição de uma economia política neoliberal no Brasil cuja ação foi possibilitada pela
hegemonia do poder estrutural americano (Strange, 2015).

Neste sentido, na análise de conceitos metodológicos, em resumo, podemos afirmar que


“(...) o paradigma qualitativo postula uma conceção global fenomenológica, indutiva,
estruturalista, subjetiva e orientada para o processo (...)” (H. Carmo & Ferreira, 2008, p. 195).
Por este motivo, é importante observar que para a condução dos nossos estudos devemos ter

3
em conta que “A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos no
processo de pesquisa qualitativa.” (E. L. Silva & Menezes, 2005, p. 20).

A realização da investigação com o uso do método qualitativo teve como critério de


inclusão a ligação direta e indireta com o tema1. A revisão de literatura investigou publicações
científicas escritas, a partir do ano 2012. O tema e os conceitos: sistema monetário
internacional, economia política internacional, FMI e economia política brasileira foram
investigados nos bancos de dados do Google Scholar, Ebsco e Universidade de Lisboa.
Visitámos as páginas de instituições nacionais e internacionais, como Banco Central do Brasil
(BCB), BRICS, IMF, Federal Reserve (FED), Europe Union (EU) com o objetivo conhecermos
a engenharia de poder, através das quotas, da origem do staff, das condicionalidades e dos
programas de ajuste estrutural. No Anexo: A – Publicações analisadas, há a disponibilização
das publicações consultadas e o detalhamento das informações a respeito de cada uma.

Organização da dissertação

A dissertação está organizada em 4 capítulos, estruturados de forma a termos uma visão global
e, ao mesmo tempo, específica do tema que propusemos. Na introdução, realizamos um breve
resumo da dissertação, colocamos em perspetiva o tema, a pergunta de partida, os nossos
objetivos gerais e específicos e a opção metodológica. No capítulo I, desenvolvemos a nossa
revisão de literatura, que contempla uma investigação a respeito das principais publicações
acerca dos objetivos a serem atingidos, bem como a resposta à nossa questão de partida. No
capítulo II, evidenciamos a base teórica utilizada, que é a tese do poder estrutural de (Strange,
2015) e, em menor medida, os pressupostos teóricos de (Cox, 2013, 2016) no quadro da teoria
crítica e sua relação com EPI. Os conceitos sobre hegemonia, desenvolvidos por Cox, serão
uma ferramenta auxiliar na compreensão do poder estrutural americano na engenharia
institucional do Fundo e nas suas repercussões internacionais.

1
As publicações que foram utilizados neste trabalho de investigação: Artigos: 74, Dissertações e Tese: 6,
Livros: 25, Capítulo de Livro: 1, Textos WP: 2, Leis: 9, Seminário: 1, Documento: 2, Sítios internet: 31.

4
No capítulo III, fazemos um apanhado histórico do sistema monetário internacional, o
funcionamento do Fundo, as condicionalidades, as quotas e o Consenso de Washington. Para
tal, apresentamos uma breve descrição da evolução deste sistema que, na idade moderna, se
estruturou, tendo como principal moeda a Libra Esterlina, a partir de meados do século XIX até
à I Guerra Mundial (1914 a 1918). No entre guerras, houve um momento de transição
relativamente caótico, impulsionado pelo Tratado de Versalhes (1919) e pela Grande Depressão
de 1929. Em 1939, com a eclosão da II Guerra Mundial, os Americanos, com sua moeda, o
dólar, assumem a liderança (Metri, 2015).

No capítulo IV, o assunto tratado prende-se com a economia política brasileira e com os
efeitos diretos observados pela influência do poder estrutural estadunidense no
desenvolvimento do Brasil, de 1995 até 2016. O período de nossa análise comporá dois
momentos. O primeiro, de maneira resumida, comporta o início da década de 1990, nos
governos de Fernando Collor de Melo (de 1990 a 1992) e de Itamar Franco (de 1993 a 1995),
porém, o foco será o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 e 2002), cujo governo
ficou marcado pela “aceitação passiva” do Consenso de Washington. O período seguinte inicia-
se com o governo de Luís Inácio Lula da Silva (2003 a 2010), que se caracterizou por uma
maior intervenção estatal na promoção do desenvolvimento económico e social, assim como o
“fim” da ingerência do Fundo nos destinos do país. Contudo, no governo de Dilma Rousseff
(de 2011 a 2016), o país sentiu os efeitos da crise do subprime (2008), iniciada nos E.U.A., e
as decisões da Presidente foram de aumentar a dose de intervencionismo estatal e de realizar
reformas para o fortalecimento da indústria em detrimento dos interesses do setor financeiro
nacional e internacional. A partir de 2016 até o ano de 2023 realizemos uma breve análise das
repecussões das ações dos governos desse período. E, por último, trabalhamos a conclusão de
nossa dissertação, retomando alguns pontos importantes e identificando limites à investigação
desenvolvida.

Nota geral e explicativa: todas as traduções contidas no texto foram realizadas a partir do
original pelo autor.

5
Capítulo I – REVISÃO DA LITERATURA

Ao verificarmos a literatura existente, constatamos que, na sua maioria, enveredaram pelo


estudo das questões de política económica, economia política, aspetos macroeconómicos e do
sistema monetário internacional. No entanto, verifica-se que não relacionam diretamente estas
questões com uma abordagem do uso do poder estrutural americano, com a economia política
adotada pelos governos brasileiros. Para melhor se compreender a literatura sobre o assunto,
decidiu-se dividir essa seção em duas partes. A primeira analisará as principais publicações
acerca da EPI e as suas relações com o poder estrutural americano e o Fundo. Na segunda parte,
procurar-se-á demonstrar como a economia política do Brasil foi direta e indiretamente
influenciada pela imposição neoliberal a partir dos anos de 1990.

1.1. A economia política do poder estrutural americano e sua relação com o Fundo

No presente capítulo, realizou-se uma revisão da literatura sobre o objeto de estudos de nossa
tese para compreendermos a atualidade das questões relacionadas à temática. As publicações
citam a influência do pensamento neoliberal, na ação externa e na adoção de uma economia
política brasileira, mas não se correlacionam com um estudo sobre o poder estrutural e do Fundo
como agente executor do Consenso de Washington. Por consequência, os fenómenos
económicos e políticos devem ser estudados, na arena internacional, de maneira integrada
(Strange, 1970).

As questões económicas e políticas interligadas estão na base da relação entre os


interesses do capital internacional, do poder estrutural americano e de sua institucionalização.
Segundo Strange (1998) , a burocracia imperial americana foi amplamente difundida após a II
Guerra Mundial, não somente pelo poder do governo da América, mas através de organizações
internacionais. Os países do G-7, com destaque para os E.U.A., exercem influência direta na
contratação dos profissionais que vão atuar nas organizações internacionais, dando prioridade
a pessoas com formação em universidades americanas e europeias (F. S. Guimarães, 2013).
Acresce ainda que “interlocutores com a mesma formação académica nos países recebedores
dos empréstimos influenciam fortemente o tamanho da ‘ajuda’ financeira” (Chwieroth, 2012,
pp. 265–266).

6
Devemos também ter em conta que a influência formal e informal dos países
desenvolvidos sobre as organizações internacionais, sobretudo no setor das altas finanças, é
parte substancial do poder estrutural comandado pelos E.U.A, em conjunto com os outros países
do G-7 (Stone, 2013). De modo semelhante, (Copelovitch, 2010), é a heterogeneidade dos
interesses do G-5 (E.U.A., Reino Unido, Alemanha, França e Japão) que influencia diretamente,
na concessão de empréstimos por parte do Fundo, para países de interesse direto para essas
potências. Isso foi possível graças às assimetrias do sistema financeiro internacional, criada em
Bretton Woods, em benefício do hegemon (Carneiro, 2018).

Por outro lado, os países em desenvolvimento têm pressionado o Fundo a aumentar as


quotas, com o objetivo de fazer face ao domínio do G7, embora as mesmas não tenham o poder
de modificar, de maneira substancial, o poder dos centros hegemónicos dentro do Fundo (Alves,
2012; Capinzaiki, 2012). O poder de veto dos Americanos isoladamente e dos Europeus em
conjunto demonstram a hegemonia dos países da OCDE (F. S. Guimarães, 2013). Apesar da
reforma de 2008, onde os países emergentes conseguiram aumentar o poder de voto, continuam
sem representar uma ameaça ao predomínio dos países mais desenvolvidos (Batista, J., 2021)
.

Contudo, segundo (Stone, 2011) o poder de influência do G5 é bastante robusto. Um


exemplo de prioridade a países, cuja geoeconomia está alinhada aos interesses euroamericanos,
foi o da Ucrânia. De acordo Batista, J. (2021) a aprovação de empréstimos a esse país foi
realizada, em 2014, sem observar qualquer fragilidade e recomendações habituais do Fundo
pois,

Americanos e europeus não queriam nem saber de hesitações no FMI: a Administração, o


staff e a Diretoria deveriam simplesmente fall into line, alinhar-se sem demora à necessidade
de aprovar vultosas somas para a Ucrânia, fazendo vista grossa às deficiências e à falta de
perspetivas do país no campo económico-financeiro (p.229).

Há que ver que o comportamento dos principais quotistas do Fundo foi observado nos
estudos (Broz & Hawes, 2006), na estrutura de poder dessa organização. Segundo esse autor, a
constatação é de que os montantes dos empréstimos para países membros são decididos de
acordo com o grau de relacionamento financeiro entre tomadores e emprestadores. Sendo que
o que mais pesa no momento da concessão da ajuda é o risco ao sistema bancário das principais

7
economias ocidentais. Esse comportamento, conforme refere Kentikelenis et al. (2016) “(...), à
medida que a organização investia na manutenção de um mito sobre suas práticas reais, também
se tornava mais hábil e inventiva em obscurecer a realidade” (p. 546) no que tange ao SMI.

Neste sentido, o estudo do SMI dentro de um quadro analítico mais amplo, o poder do
mercado financeiro internacional de impor a sua hegemonia no sistema capitalista internacional
foi estudado com base na tese do poder relacional e do poder estrutural, desenvolvido por
Strange (2015) nos seus trabalhos académicos no decorrer de várias décadas. Para a autora, o
poder estrutural “ (...) é o poder de moldar e determinar as estruturas da economia política global
dentro da qual outros Estados, suas instituições políticas, suas empresas e os cientistas (não
menos importante o mundo académico) têm de operar” (Strange, 2015, p. 27). O poder
estrutural é dividido em quatro grandes áreas: estrutura de segurança, estrutura financeira,
estrutura produtiva e estrutura do conhecimento (Strange, 2015). O país central na análise desse
poder é os E.U.A., que, tendo em conta as palavras de Strange (2015), possui a capacidade de
combinar os diferentes aspetos dessas estruturas ao nível internacional. Dentro dessas quatro
estruturas, a financeira é parte fundamental da arquitetura hegemónica, comandada também por
Londres (Fichtner, 2017).

Para Fichtner (2017), é bastante clara a persistente manutenção da hegemonia estrutural


anglo-americana, nas finanças internacionais, indo ao encontro do descrito por Strange (2015).
Para Winecoff (2020), os E.U.A. partilham a sua hegemonia na esfera financeira global com
a Inglaterra, não estando a comandar sozinho toda essa rede de poder internacional, o que
evidencia a existência de uma anglosfera financeira com poder de impor a sua agenda e
controlar os mercados globais. Contudo, para Liu & Tsai (2021), as “(...) finanças globais, os
bancos estatais chineses estão entre os dez primeiros em capitalização, mas as instituições
anglo-americanas dominam firmemente o sistema financeiro internacional (SFI) com poder
decisório concentrado em Nova York e Londres” (p. 238). Ou seja, como observa Alencar &
Nunes (2018), o simples controle das taxas de juros, por exemplo, pela Reserva Federal (FED),
os Americanos controlam o acesso ao crédito nas instituições financeiras que usam sua moeda.

Neste sentido, nas investigações acerca das estruturas do poder global destaca-se um
ponto chave no entendimento do poder estrutural, do poder relacional ou instrumental, que é a
centralidade dos E.U.A. e de seu poder dentro do sistema financeiro e económico mundial (Dian,

8
2016; Eichengreen, 2008; Emmenegger, 2015; Fairfield, 2015; Strange, 2015). Um exemplo
prático desse poder é a extraterritorialidade e o alcance da justiça americana. Neste contexto,
esse país utiliza como arma de coação e de pressão sobre outras nações, o Society for Worldwide
Interbank Financial Telecommunication (SWIFT). Esse sistema funciona como uma poderosa
arma geoeconómica de pressão sobre governos não alinhados aos países desenvolvidos (Caytas,
2016; Nölke, 2022). Ao ameaçar com exclusão do sistema de pagamentos internacional que tem
no dólar um de seus pilares, por exemplo, o Department of Justice (DOJ) consegue enquadrar
empresas de outros países, mesmo não estando em território americano (Emmenegger, 2015).

Desse mesmo modo, o poder estrutural americano é exercido de maneira direta e indireta
pelo extensivo uso do dólar, através do mercado internacional e pelo simples controlo de acesso,
pelos estadunidenses, à sua moeda aos demais países, sobretudo no mundo em desenvolvimento
(Helleiner, 2005; Norrlof, 2014; Pulcherio, 2015). Em termos de poder estrutural, é importante
realçar o peso das dependências do caminho histórico, instituições, normas, leis e mecanismos
de interação, pois essa correlação é o que promove o desenvolvimento desse poder
internamente, propiciando o seu transbordamento além das fronteiras nacionais (Cox, 2013;
Kitchen & Cox, 2019; Sinclair, 2016), o que ocorre quando há a aceitação de padrões nacionais,
que se convertem em mecanismo internacionalmente aceite. A engenharia de funcionamento do
Exchange Stabilization Fund (ESF) estadunidense, na década de 1930, utilizava a moeda
nacional de outros países como garantia de recompra, para os seus empréstimos em dólares.
Essa modalidade de garantia foi copiada pelos idealizadores do Fundo, aquando de sua criação
(Almeida, 2014).

Por consequência, “a organização internacional funciona com um processo através do


qual se desenvolvem as instituições da hegemonia e de sua ideologia” (Cox, 2016, p. 149). Isso
demonstra a importância de organizações multilaterais internacionais, na coordenação global
das ações estatais, com o intuito de padronizá-las segundo a vontade do hegemon (Cox, 2016)
. Logo, “uma hegemonia mundial é a consequência, em sua fase inicial, de uma expansão para
o exterior de sua hegemonia interna. E isso inclui as instituições económicas, sociais, culturais
e tecnológicas associadas. Na prática, a hegemonia nacional, converte-se em padrões que são
copiados externamente” (Cox, 2016, p. 148). Ela funciona como uma forma de projeção de
poder, além das fronteiras nacionais, assemelhando-se a práticas imperiais. Essa projeção

9
extraterritorial de poder “(...) é uma característica dos estados que ocupam uma posição
estrutural poderosa no sistema internacional” (Culpepper, 2015, p. 398).

Neste contexto, o poder americano é objeto de estudo de Kitchen & Cox (2019), que
salientam que “(...) as condições estruturais dentro das quais os Estados operam criam um
conjunto de oportunidades e constrangimentos que acabam por determinar o contexto no qual
as relações de poder acontecem” (p. 742). Essa característica única do poder americano, ao
nível internacional, configura-se, claramente, com aspetos de hegemonia (Fichtner, 2017). Para
Winecoff (2020), que avança nos estudos do poder estrutural ao analisar as suas características
sistémicas, as estruturas globais de poder estrutural são melhor entendidas como sendo um
fenómeno de rede complexa dentro de um quadro hegemónico.

Para Ramos (2012), o exercício desta hegemonia, construída a partir do sistema de


Bretton Woods, constitui-se num modelo de relações internacionais, quase sempre por
mediação de organizações de alcance global. O que se depreende desta constatação é que o
Estado se subordina às instituições financeiras e de fomento global, além da opinião pública
dentro de suas fronteiras (Ramos, 2012). Dessa forma, “(...) as características da dinâmica da
economia internacional são relacionadas às pressões exercidas através das fronteiras dos países
(...)” (Strange, 1970, p. 132).

Este modelo é visto como uma situação de subordinação ou “aceitação” à globalização


económica, sobretudo a partir da década de 1990. Neste ínterim, os E.U.A., com o “(...)
Consenso de Washington teve o mérito de tornar mais claras quais eram as diretrizes a serem
seguidas pelos países. A globalização económica era supostamente algo bom, conforme o
consenso entre as elites nas instituições económicas mundiais, reunidas na capital americana”
(Cox, 2007, p. 522). Esse “consenso” tinha por base a austeridade e a diminuição do papel do
Estado (Mattei, 2017).

Entretanto, para Babb & Kentikelenis (2018), o receituário neoliberal não foi puramente
emanado do governo americano, através do tesouro. Para Harvey (2005), há uma tríade de poder
capitaneada pelo Tesouro americano, Wall Street e o Fundo, cujo objetivo é organizar a
acumulação de capital global e a pilhagem dos países pobres. Dessa forma, as organizações
internacionais multilaterais, cujas recomendações foram “aceites” pelos governos de países, em

10
vias de desenvolvimento, possuem influência concreta nos destinos dessas nações. Essa
ingerência, segundo Carvalho (2003), é exercida direta e indiretamente seja por intermédio de
visitas de monitorização das contas nacionais, cujo resultado influencia o comportamento do
mercado financeiro, ou os códigos de conduta (políticas fiscal e monetária), pelos quais os
países são avaliados através da supervisão do Fundo, a exemplo do ocorre com o Brasil.

1.2. - As determinantes da economia política do Brasil e sua relação com o Fundo

O entendimento das estruturas globais de dominação, desenvolvidas sob a égide do poder


estrutural americano é essencial para compreendermos a realidade brasileira. O foco da nossa
investigação da revisão da literatura terá como base os pontos de conexão da economia política
no Brasil e as influências externas, tendo-nos levado, assim, a identificar duas diferenças
básicas, durante a investigação. Alguns estudos, com foco na história da relação do Fundo com
o Brasil, como no caso de Carvalho (2003), Hirst (2011), Serrano e Summa (2011), Paulani
(2012), Lara, F. M. (2012), Tude e Milani (2013), Almeida (2014), Batista, J. (2021), Teixeira
e Pinto (2012), Cervo & Bueno (2002, 2011), Pulcherio (2015). Encontramos também estudos
com maior ênfase na economia política nacional, internacional ou na macroeconomia brasileira,
como nos trabalhos de Bastos (2016), (2017) Guimarães, S. P. (2017), Singer (2015), Teixeira
et al. (2018), Torres (2019), Previdelli e Almeida (2021). A análise dessa literatura permitiu-
nos estabelecer um panorama histórico das relações económicas e financeiras internacionais do
Brasil e as contradições de sua relação com o Fundo, no ambiente da hegemonia americana.

Neste contexto, e de acordo com Hirst (2011), a localização do país numa área de
influência da superpotência estadunidense levou, no decorrer do tempo, a conflitos, períodos
de convergência e, em alguns momentos, a uma busca por autonomia por parte do Brasil, no
que tange à sua política externa e ao seu desenvolvimento económico. Do ponto de vista da
perspetiva histórica, para Carvalho (2003), na década de 1990, o Fundo começa a influenciar
diretamente na vida económica do país com condicionalidades. Posto isto, Almeida (2014)
relata que a história da relação entre o Fundo, leia-se E.U.A., e o Brasil sofreu ao longo dos
anos momentos de proximidade e distanciamento, conforme a orientação política do governo
brasileiro. No entanto, o estudo histórico da relação do Brasil com os E.U.A. não contemplou
uma observação sobre a natureza estrutural da hegemonia americana relativamente ao modelo

11
de desenvolvimento brasileiro com forte presença do Estado, até ao final da década de 1980.
Esses autores identificaram, nas relações com o Fundo, o prosseguimento da aceitação dos
ideais neoliberais.

Na perspetiva da economia política, conforme Paulani (2012), o neoliberalismo


promoveu uma intensa abertura dos mercados financeiros nos países em desenvolvimento e no
Brasil possibilitou “(...) o ingresso ativo do país na era financeira” (p. 92). Essa constatação
demonstra o avanço do receituário neoliberal, embora não fazendo análise da economia política
brasileira dentro de um contexto da hegemonia americana. Em conformidade com Teixeira et
al. (2018), durante o governo de Lula, o neoliberalismo herdado do governo anterior, até certo
ponto, foi o resultado da dependência de capitais internacionais pelo Brasil.

Para Tude e Milani (2013), a dependência estrutural do Brasil relativamente ao mercado


financeiro continuou, mesmo em governos de centro-esquerda. Assim sendo, o governo Lula
não praticou “terrorismo monetário” e sim de continuidade face ao governo neoliberal de
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Todavia, a ascensão de um grupo progressista
representou uma expectativa de mudança de orientação na economia política brasileira, pois
“(...) a redução de influência da fração bancária-financeira sobre as decisões da política
económica, (...) com o padrão rentista de acumulação e a inserção externa subordinada,
herdados do período FHC 2 (…)” (Teixeira & Pinto, 2012, pp. 938–939) abriram novas
oportunidades.

Um outro fator importante para o entendimento da relação entre o Fundo e o Brasil era
a dívida pública externa e as correlações de forças ao redor desse tema. De acordo com Lara, F.
M. (2012), essa correlação de forças, na década de 1990, propiciou a imposição de
condicionalidades por parte da organização financeira internacional. Já para Serrano & Summa
(2011), o Brasil, entretanto, desde o governo de Cardoso (1995-2002) que mantém como ponto
central da sua política económica, com o apoio do mercado financeiro e do Fundo, a austeridade
nos gastos públicos com base em superavit primário, câmbio flutuante e metas de inflação.

2
Fernando Henrique Cardoso (FHC)

12
Esse condicionamento teve como premissa a relação entre o capital financeiro e o poder
estrutural americano por intermédio do Fundo. A imposição de condicionalidades para a
concessão de empréstimos e a imposição de uma economia política que agrade à plutocracia
financeira internacional orientam as ações governamentais. Essa orientação ocorre também
através de lobbies e contactos diretos entre as instituições internacionais e brasileiras. Neste
sentido, “No que diz respeito ao interesse financeiro internacional, observa como, através do
FMI, foram implementados os programas de relações com investidores no (Banco Central do
Brasil [BCB]) (...)” (Ianoni, 2017, p. 327).

Conforme Previdelli e Almeida (2021), “o FMI passou a ocupar um papel de


protagonista das políticas nacionais de longo prazo dos países que recorriam à sua ajuda,
alterando estruturalmente suas economias e intensificando as chamadas políticas de supervisão”
(p.23). Para Bastos (2016), a dívida pública brasileira e a política monetária são importantes
parâmetros que evidenciam as diferenças entre uma maior autonomia relativa, a partir de 2003,
nos governos Lula e as dificuldades enfrentadas por seus antecessores. Entretanto, Batista, J.
(2021) analisa a mudança no governo Lula do anterior padrão de endividamento externo. Para
este autor, na crise financeira de 2008, graças ao aumento das reservas internacionais do país,
houve uma inversão de papéis, sobretudo porque “(...) em vez do Brasil ir ao Fundo, o Fundo
foi ao Brasil” (p.168) solicitar o reforço da sua caixa para fazer frente à crise daquele período.

Consequentemente, o sucesso do governo Lula levou a sua sucessora, Dilma Rousseff


(2011 a 2016), a aprofundar o neokeynesianismo com duas ações. A primeira foi de
aprofundamento do neodesenvolvimentismo com a chamada Nova Matriz Económica (NME),
cujo objetivo era a reindustrialização do país. Na segunda, houve a reversão do
intervencionismo estatal no último ano de seu primeiro mandato, em 2014, e a retomada da
agenda neoliberal, após pressão do sistema financeiro (Bastos, 2017; Singer, 2015). Neste
contexto, Guimarães, S.P. (2017) destacou que, a seguir à queda de Rousseff, em 2016, a agenda
do Consenso de Washington foi retomada com força.

Conforme o descrito acima, esta revisão da literatura levou-nos a observar a existência


de lacunas deixadas pelas recentes investigações sobre o uso do poder estrutural americano,
tendo como braço operacional o Fundo como balizador de políticas públicas no Brasil. No
fundo, a originalidade desta dissertação de mestrado consiste, precisamente, no objeto da nossa

13
análise que tem como foco o poder estrutural americano e a sua operacionalidade no
desenvolvimento da economia política brasileira, por intermédio da organização financeira
internacional. Tendo em conta esta perspetiva, desde já apresentamos o estudo realizado sobre
o quadro teórico a ser utilizado no desenvolvimento do nosso texto dissertativo, de forma a
melhor situar a nossa investigação.

Capítulo II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

O estudo das Relações Internacionais (RI) tem como premissa a utilização de teorias que
buscam explicar os fenómenos mundiais. As duas principais teorias desse campo de estudo
foram o realismo e o idealismo que nasceram e evoluíram por influência da pax britânica e
americana em contextos de crises, de guerras mundiais, da bipolaridade da Guerra fria em um
ambiente internacional anárquico (Angell, 2002; Aron, 2002; Bull, 2002; Carr, 2022;
Morgenthau, 2003) e que inspiraram outras vertentes teóricas.

Porém, os autores clássicos das RI, acima citados, entre outros, não contemplaram
estudos em EPI. Neste quadro analítico, a contribuição teórica de Cox (2007, 2013, 2016) sobre
hegemonia, cuja fundamentação está na teoria crítica de matriz gramisciniana, comtempla algo
que será de grande valia para ampliarmos o nosso entendimento nessa área de estudos. Tendo
em conta este contexto, Strange (1970) chamou a atenção para a necessidade de unir os estudos
da EPI com as RI, juntamennte com as contribuições de Kindleberger (1973), a exemplo da
teoria da dependência que uniu estudos da política e da economia e avançou para os estudos
sobre a tese do poder estrutural (Mariutti, 2013; Strange, 2015) que será objeto de análise
detalhada abaixo.

2.1 - Poder Estrutural

Para um melhor entendimento do poder estrutural, é importante realizarmos uma primeira


diferenciação. Continuando a ter em conta a opinião de Strange (2015), o poder estrutural
diferencia-se do poder relacional, na EPI. Para esta autora, este último seria, “(...) o poder de A
fazer com que B faça algo que ele não fariam de outra forma” (Strange, 2015, p. 27). Do mesmo
modo, Heilleiner (2005) vê que o poder relacional é o poder de exercer influência sobre os
14
resultados, com a aplicação direta do exercício do poder. Regressando a Strange (2015), o
poder estrutural, por seu turno, “(...) é mais do que o poder de estabelecer a agenda de discussão
ou desenhar (em linguagem académica americana) o regime internacional das regras e costumes
que governam as relações económicas internacionais. Este é um dos aspetos do poder
estrutural” (Strange, 2015, p. 27).

Esta autora considera que “o poder estrutural confere o poder de decidir como as coisas
serão feitas, o poder de moldar o quadro dentro do qual os Estados irão se relacionar entre si,
com relação às pessoas ou com relação às empresas” (Strange, 2015, p. 27). Segundo Lara, A.
S. (2021), e seguindo a linha de pensamento de Strange, destaca que “(...) é possível determinar
um conjunto de meios capazes de coagir os outros Estados a um determinado comportamento”
(p. 339).

Cohen (2015) e Helleiner (2005) destacam que é patente a dificuldade de definir


exatamente como se traduz o poder estrutural na prática, o que leva a ambiguidades, com
imprecisão conceptual e a utilização não intencional desse poder. Uma outra crítica à teoria do
poder estrutural, na análise do trabalho de Strange, realizada por Pustovitovskij & Kremer
(2011), é que “(...) ela não aborda o que é uma interligação entre a posse de recursos e a
capacidade de exercer "poder sobre estruturas" e como essa relação poderia ser efetivamente
operacionalizada com relação ao poder estrutural” (p. 4). Dentro desse quadro, Carmo (2013)
esclarece:

A rigor, a conceção de Strange não é estrutural, não é definido um sistema de relações


diferenciadas entre os distintos atores e sendo assim o conceito de poder estrutural também
é problemático, pois ele não é produto da posição que um país ocupa no sistema, mas das
características do próprio país, que permitem que as suas decisões e ações engendrem o
sistema no qual os demais deverão operar (pp. 14-15).

Por consequência, essa estrutura é operacionalizada a partir da conjunção de poder


estrutural, instrumental ou relacional. Daí que, nos seus estudos, Strange (2015) sintetize essas
afirmações ao esclarecer que “Esses dois tipos de poder, quando estão juntos na barganha da
vida real, são inseparáveis e interativos” (Strange, 1976, p. 337). Já Fairfield (2015) afirma que
o poder instrumental é basicamente a influência exercida através de lobbies ou de contactos
entre lideranças políticas, burocratas governamentais e empresariais, com o objetivo de criar-
se um ambiente favorável aos negócios.

15
Na interpretação apresentada por Culpepper (2015), “(...) poder estrutural é para eles,
portanto, um produto do poder instrumental, não independente dele” (p. 396). De acordo com
este último autor, a possibilidade de uso do poder instrumental está ligada também à capacidade
de mobilização de recursos disponíveis pelos países, pois na prática esse poder é derivado do
poder estrutural. Neste sentido, Strange (2015) realiza a sua construção teórica a partir da
análise de diferentes áreas da realidade internacional, que se interrelacionam. A estrutura da
EPI está diretamente relacionada com quatro grandes áreas, tal como definido por pela autora.

2.2– A Estrutura de Segurança

O poder militar continua a ser a base da manutenção e ampliação do poder estatal, ao ponto de
determinar as escolhas de inimigos e aliados. Para Strange (2015), “Os protetores - aqueles que
fornecem a segurança - adquirem um certo tipo de poder que lhes permite determinar, e talvez
limitar, o leque de escolhas, ou opções disponíveis para outros” (p. 49).

Do ponto de vista neorrealista, “(...) o poder militar ainda é um elemento crítico na


política mundial. Na realidade, o mundo continua sendo um lugar perigoso, embora o nível de
ameaça varie de lugar para lugar e de tempos em tempos” (Mearsheimer, 2007, p. 86). Em
suma, para Strange (2015), “O Poder estrutural é derivado em parte das ideias, em parte da
força coercitiva (...) do hegemon.“ (p.36). Logo, uma “(...) estrutura histórica não determina a
ação, mas “constitui o contexto” dentro do qual a ação ocorre” (Sinclair, 2016, p. 511).

A estrutura de segurança, portanto, é parte intrínseca do poder estrutural no seu sentido


strictu sensu, constatando-se que as cinco maiores empresas de produção de armas do mundo
são americanas,3 de acordo com o Stockholm International Peace Research Institute [SIPRI],
(2021). Além disso, os E.U.A. lideram a North Atlantic Treaty Organization [NATO] (2023b)

3
As empresas dos E.U.A. são: Lockheed Martin Corp., Boeing, Northrop Grumman Corp., Raytheon, General
Dynamics Corp. (SIPRI, 2021).

16
desde 1949 com mais de 31 países membros e possuem cerca de 800 bases militares em mais
de 80 países. Na Alemanha, verificam-se 194 instalações militares americanas, no Japão 120,
na Itália 44, em Portugal 22 e no Brasil 1 (Vine et al., 2021) .

Dentro desse quadro, considera Strange (2015) que existem quatro questões gerais e
sistémicas a serem consideradas no que diz respeito às questões de segurança nas relações
internacionais:

1. se a segurança internacional dos Estados é parte da prestação do serviço da estrutura


dominante ou do país hegemónico;
2. se a provisão de segurança é afetada pelo papel dos mercados, pela industrialização, e
pelo estágio de desenvolvimento económico;
3. se o que se pode chamar de "geometria", ou padrão, ou relações Estado-Estado, é
significativo, ou seja, se as estruturas de segurança são mais ou menos eficazes ou se, na
sociedade de Estados, há muitos pequenos, ou dois Estados dominantes ou, talvez, um
oligopólio de meia dúzia de Grandes Potências;
4. se a estrutura é afetada pela mudança tecnológica (...) (p. 50).

Portanto, sendo assim, a estrutura de segurança continua a ter um papel importante nas
relações internacionais, com repercussões em diferentes áreas da sociedade. A estrutura
militar conduz, muitas vezes, ao desenvolvimento tecnológico da estrutura de produção.

2.3– A Estrutura de Produção

Além da estrutura da segurança internacional, Strange (2015) evidencia que as estruturas


produtivas dos países possuem importância vital, dentro das quatro grandes estruturas que
formam o poder estrutural. Neste sentido, “Uma estrutura de produção pode ser definida como
a soma de todos os arranjos que determinam o que é produzido, por quem e para quem, por qual
método e em que termos” (Strange, 2015, p. 70).

Existe uma ligação estreita entre a produção industrial e a constituição de poder dos
Estados, pois “A produção tem sido a base de quase todas as economias políticas (...) existe
uma conexão estreita entre o locus do poder na sociedade e a estrutura de produção (...)
“ (Strange, 2015, p. 70). Como ponto central nas estruturas de poder internacional, a produção
necessita de uma forte estrutura financeira como base da expansão material capitalista.

17
2.4- A Estrutura Financeira

O sistema criado em Bretton Woods, no pós Segunda Guerra Mundial, lançou as bases do
domínio do dólar, do poder estrutural e instrumental dos Americanos a nível global (Strange,
1987). Dian (2016) concorda com Strange, ao salientar que “(...) o papel do dólar é ainda uma
parte essencial da primazia americana e uma parte fundamental do poder estrutural americano
(. . .)” (p. 137). O dólar é peça central na estrutura financeira, pois estabelece as bases
fundamentais do poder estrutural americano.

Neste contexto, o dólar americano desempenha um papel central na constituição da


estrutura financeira internacional. Para Strange (2015), “Uma estrutura financeira, portanto,
pode ser definida como a soma de todos os acordos que regem a disponibilidade de crédito mais
todos os fatores que determinam as condições em que as moedas são trocadas umas pelas outras”
(p. 99). Com isto, além do funcionamento das economias nacionais capitalistas, onde o crédito
é a base de sua engenharia financeira,

(...) a estrutura financeira realmente tem dois aspetos inseparáveis. Ela compreende não
apenas as estruturas da economia política através das quais o crédito é criado, mas também o
sistema monetário ou sistemas que determinam os valores relativos das diferentes moedas
nos quais o crédito é denominado (Strange, 2015, p. 99).

Dentro desse quadro de análise teórica, de acordo com Pulcherio (2015), o poder
estrutural americano tornou-se interessante para outros países, que seguiram essa liderança,
sobretudo em função do papel central do sistema financeiro norte-americano e do dólar no
mercado de capitais. Essa centralidade, conferida à América, foi estabelecida com um quase
monopólio, durante a construção do arranjo institucional de Bretton Woods, graças, em boa
medida, ao dólar como reserva internacional (Alencar & Nunes, 2018). De acordo com Pinto
& Gonçalves (2015), “(...) no atual padrão monetário internacional, o país emissor da moeda-
chave não enfrenta qualquer tipo de restrição externa, já que seu passivo “externo” é composto
por obrigações denominadas na sua própria moeda” (p. 465).

Norrlof (2014) acrescenta ainda que “A persistência da hegemonia do dólar deve-se à


esmagadora capacidade monetária da América e sua condição de mobilizar capacidades por

18
meio de diferentes formas de poder” (p. 1057). O poder do dólar, como principal moeda nas
transações internacionais, ficou demonstrado quando os E.U.A. decidiram que os dólares
deixariam de ser convertidos em ouro, criando assim uma “progressão do privilégio exorbitante
para o super exorbitante” (Strange, 1987, p. 569), com o fim dos acordos de Bretton Woods, no
início da década de 70. Os americanos estavam literalmente comprando o mundo com papel
moeda, pois “(...) o governo dos E.U.A. estava exercendo o direito irrestrito de imprimir
dinheiro que outros não poderiam (...) se recusar a aceitar como pagamento” (Strange, 1987, p.
569). Assim transparece que “O poder e os interesses dos Estados estão presentes na governança
monetária internacional” (Alves, 2012, p. 40). Neste sentido, para continuar na liderança do
mercado financeiro, o desenvolvimento do conhecimento científico em todas as áreas, é
fundamental.

2.5- A Estrutura do Conhecimento

A estrutura do conhecimento, apesar de traduzir as bases da manutenção do poder hegemónico


do império americano, é, em alguns momentos, pouco estudado como parâmetro nas análises
internacionais de poder. De acordo com Strange (2015), “O poder derivado da estrutura do
conhecimento é o que tem sido mais negligenciado e subestimado. Não é menos importante que
as outras três fontes de poder estrutural na economia política internacional, mas é muito menos
bem compreendido” (p. 131).

Contudo, a instituição do poder tendo por base uma estrutura de conhecimento é


amplamente difundida em vários setores da sociedade:

Um problema é que o poder derivado da estrutura do conhecimento é muitas vezes muito


difuso. E enquanto o poder derivado das outras estruturas básicas está na capacidade positiva
de fornecer segurança, organizar a produção, fornecer crédito, o poder na estrutura do
conhecimento muitas vezes está tanto na capacidade de negar conhecimento, de excluir
outros, quanto no poder de transmitir conhecimento (Strange, 2015, p. 131).

Consequentemente, a condição fundamental de uma estrutura derivada do conhecimento


é o avanço tecnológico contínuo, de modo a sedimentar o poder do hegemon na vanguarda do
conhecimento, em todas as áreas. Contudo, para a autora, “mais do que outras estruturas, o
poder derivado da estrutura do conhecimento é menos provindo do poder coercitivo e mais
advindo do consentimento, (...) sendo conferido voluntariamente de um sistema de confiança
19
compartilhada (...)” (Strange, 2015, p. 135). Afirma ainda que os EUA têm plena consciência
da sua liderança na produção do conhecimento técnico e científico e de sua importância para a
manutenção de sua hegemonia (Strange, 2015).

20
Capítulo III – O SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL

3.1 - A arquitetura do sistema monetário internacional

O SMI surge da necessidade de realizar transações comerciais e financeiras entre países com
segurança. Neste sentido, “O Sistema Monetário Internacional é constituído de normas que
visam regular dois aspetos: a conversão de uma moeda em outra e o padrão monetário adotado.”
(P. R. Silva, 2010, p. 18). Diz-nos Eichengreen (2008) que

O sistema monetário internacional é a cola que une as economias nacionais juntas. Seu papel
é dar ordem e estabilidade aos mercados de câmbio, incentivar a eliminação de problemas de
balanço de pagamentos e fornecer acesso a créditos internacionais em caso de choques
disruptivos (p.1).

Segundo Torres (2019), desde a revolução financeira inglesa, no século XVIII, a criação
de um banco central e o desenvolvimento de mercados para transações de ativos financeiros
constituiu-se na ampliação do poder do sistema financeiro. Essa revolução das finanças na Grã-
Bretanha do século XVIII teve como ponto de inflexão inicial o estabelecimento do valor do
ouro subvalorizado e abaixo do preço das transações comerciais e financeiras que utilizavam a
prata, que era amplamente utilizada desde a idade média. O artífice desta “ação acidental” foi
Sir Isaac Newton que, em 1717, acabou por iniciar a era do padrão ouro (Eichengreen, 2008).
Neste contexto histórico, “Com a revolução industrial da Grã-Bretanha e seu surgimento no
século XIX como o líder do poder financeiro e comercial (...)” (Eichengreen, 2008, p. 6), o
Reino Unido pôde expandir o seu poderio para várias partes do mundo.

Os países, nesse período histórico, procuravam estabelecer políticas económicas e


financeiras com maior segurança. Para Costa (2010), “Do ponto de vista económico e
monetário, o sistema do Padrão-Ouro apresentava vantagens significativas, das quais se
destacam a eliminação do risco de câmbio (...)” (p. 274). De acordo com Eichengreen (2008),
somente a partir de 1870 é que se pode afirmar que o Padrão-Ouro foi efetivamente estabelecido
como um indexador monetário internacional. O Tratado de Frankfurt, de 1871, segundo
Eichengreen (2008), foi o primeiro grande acontecimento para a consolidação do Padrão-Ouro
a nível internacional, pois a Alemanha já figurava como a maior economia do continente
europeu. A I Guerra Mundial (1914 - 1918) precipitou o declínio do Padrão-Ouro. Houve várias

21
tentativas dos governos de diferentes países de restaurar o Padrão-Ouro com mais flexibilidade,
não tendo o ouro como base única do valor do câmbio. Porém, a Grande Depressão de 1929 e
o fim da convertibilidade da moeda da Grã-Bretanha, em 1931, aceleraram o abandono
definitivo do Padrão-Ouro (Costa, 2010).

Com o fim do Padrão-Ouro e a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1937, na China,


e, em 1939, na Europa, os impactos geopolíticos e económicos nas relações internacionais
tiveram amplas repercussões. Contudo, as discussões a respeito do pós-guerra tiveram início
nos anos 1940, tendo como ponto fundamental a Carta do Atlântico4 (North Atlantic Treaty
Organization, 2023a). A reestruturação do SMI, no pós-guerra, teria que ser realizada por um
Estado que fosse visto com poder e hegemonia, o que seria percebido como de interesse global
pelas principais lideranças políticas de outros Estados nacionais (Arrighi, 1996).

Dentro deste contexto, em 1944, os E.U.A. e a Inglaterra realizaram uma conferência


internacional, com a presença de 44 países, na cidade americana de Bretton Woods. Dessa
conferência foi idealizada a criação de duas organizações internacionais fundamentais para a
retomada do comércio e das relações financeiras internacionais do pós-guerra, o Banco
Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo (Costa, 2010).

Para Torres (2019), “O sistema de Bretton Woods (BW) não foi uma simples atualização
dos mecanismos existentes durante o padrão ouro (1871-1914), tendo agora o dólar na posição
central. Diferentemente, a moeda americana teria um status único e garantido por legislação
internacional “ (p. 632). A substituição da Libra pelo Dólar efetivou-se somente após a Segunda
Guerra Mundial e tornou-se fundamental para a comercialização, os investimentos e as finanças
internacionais (Costa, 2010; Torres, 2019). Neste contexto, a arquitetura do sistema monetário
internacional passa das mãos privadas para a gestão dos Estados “(...) em princípio, o FMI e o
Banco Mundial, na prática, o Sistema da Reserva Federal dos Estados Unidos5 (...).” (Arrighi,
1996, p. 287). Pelo exposto, podemos concluir que a pax britânica, e um dos seus símbolos mais
proeminentes da Belle Époque, a Libra Esterlina, não foi uma moeda que conferiria poder

O Sistema da Reserva Federal dos Estados Unidos da América é o Banco Central deste país cuja
principal função é o efetivo funcionamento de sua economia de acordo com o FED (2023).

22
estrutural para Inglaterra, como o dólar foi para os E.U.A, depois da II Guerra Mundial (Torres,
2019).

Dada a necessidade de retomada das relações económicas e financeiras internacionais,


durante as negociações em Bretton Woods, John Maynard Keynes propôs a criação de um
instrumento para compensações das transações internacionais, o International Clearing Union
(ICU), e a criação do Bancor, uma moeda internacional, que teria como indexador o ouro, para
a composição das reservas internacionais (Almeida, 2014; Costa, 2010).

Todavia, a abrupta mudança no sistema monetário internacional deixou claro ao mundo,


na década de 70, de quem dispunha do poder real (Coelho, 2002). Dentro desse quadro, “(...)
Sendo o dinheiro uma das expressões do poder, e o dinheiro do mundo era o dólar, o que o
governo americano fez foi lembrar que não estaria disposto a operar um novo arranjo
institucional que fundasse um novo padrão monetário” (Coelho, 2002, p. 138). Com isto, o
“poder monetário estrutural americano” foi baseado na assimetria da utilização do dólar, uma
moeda nacional; por isso, houve tentativas de substituir a moeda americana por outra na década
de 1960, contudo sem sucesso, antes da inconvertibilidade ser oficializada, em 1971(Lelart,
1997).

Recorrendo de novo a Strange (2015), “Em 1971, o sistema foi colocado em total
desordem pelo Presidente Nixon e foi finalmente abandonado, quando o dólar começou a
flutuar e as taxas de câmbio foram deixadas para as forças do mercado em 1973” (p. 115). Nas
palavras de Batista (1994), “Ao derrubar, sem maior cerimônia, uma das colunas básicas do
sistema monetário construído em Bretton Woods, os Estados Unidos afirmavam, sem rebuços,
a prevalência dos interesses nacionais sobre as responsabilidades mundiais do país” (p. 13).

A crise advinda do fim dos acordos de Bretton Woods6, para Strange (1987), não se
configurou no declínio americano nas finanças globais, pelo contrário, veio a fortalecer a sua
posição no âmbito do SFI. De acordo com Tavares (1985), “(…) a retomada da hegemonia
terminou convertendo finalmente a economia americana numa economia cêntrica e não apenas

“No sistema de Bretton Woods, o ajustamento baseava-se num regime de taxas de câmbio fixas,
complementado por controlos cambiais e de capitais e harmonização das políticas monetárias nacionais”
(Costa, 2010, p. 257).

23
dominante” (p. 12). Assim, a centralidade estadunidense configurada através do domínio do
dólar sedimentou a sua hegemonia a nível mundial.

3.2 - A Hegemonia do Dólar

As negociações, no âmbito da Conferência Internacional de Bretton Woods, em 1944,


institucionalizaram a realidade do “poder monetário estrutural”, conferido aos Americanos
através do United States Dollar (USD) (Torres, 2019). Nesse momento histórico, os E.U.A.
estabeleceram as bases do poder estrutural nas quatro grandes áreas: segurança, produção,
finanças e conhecimento, conforme Strange (1987). Relembramos que, de acordo com a autora,
“O poder estrutural é o poder de escolher e moldar as estruturas da economia política global
(...)” (Strange, 1987, p. 565) e nas finanças internacionais. Assim sendo, o poder da moeda
americana ficou assegurado graças a

A dupla vitória americana, sobre os inimigos do Eixo e sobre as pretensões do império inglês,
conferiu aos E.U.A. uma posição singular e sustentável que lhes permitiu configurar, em seu
benefício, os vários contornos que o sistema monetário internacional viria a ter nas décadas
seguintes (Torres, 2019, pp. 622–623).

Além disso, os problemas de convertibilidade e da paridade dentro do novo padrão


dólar-ouro, nas décadas de 1950 e 1960, foram importantes para o fim do sistema Bretton
Woods, em 1971 (Eichengreen, 2008). Neste sentido, o “privilégio exorbitante” e o “dilema de
Triffin” apontavam para a insustentabilidade, ao longo do tempo da manutenção do sistema
(Eichengreen, 2008). No entanto, as previsões de declínio do dólar, no início da década de 1980,
deram lugar à reafirmação de seu status hegemónico em que pese o aumento de déficit crescente
na balança de pagamentos dos E.U.A. (Strange, 2015; Tavares, 1985). Contudo, o extensivo
uso da moeda americana, como reserva internacionalmente aceite, continuou nas décadas
seguintes.

Dentro desse quadro analítico, nas últimas duas décadas, houve entretanto um
decréscimo no uso do dólar americano na composição das reservas internacionais. Em 1999, os
bancos centrais possuíam cerca de 71% das suas reservas internacionais em dólar, mas em 2021,
essa participação caiu para 59,15%, o menor nível dos últimos 25 anos, segundo o IMF (2022a),
conforme o observado na Figura 01.
24
Figura 1 - Participação das principais moedas na composição das reservas internacionais dos
países em 2021

Moedas Bilião de US$ Percentagem


Dólar – E.U.A. 7081,39 59,15%
Euro 2452,1 20,48%
Renminbi 318,99 2,66%
Yen – Japão 697,35 5,83%
Libra Esterlina 572,76 4,78%
Dólar – Austrália 217,19 1,81%
Dólar – Canadá 262,17 2,19%
Franco – Suíço 20,42 0,17%
Outras moedas 348,87 2,91%
Total 11971,24 100,00%
Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2022a).

A criação do Euro e o fortalecimento do Renminbi, nas últimas duas décadas, podem


colocar essas moedas como competidoras naturais à hegemonia do dólar (Mendes, 2021),
constatando-se que a moeda chinesa, atualmente, é a quinta moeda convertível mais utilizada
na economia mundial de acordo com o IMF (2022a).

Se somarmos a participação dos E.U.A., de Inglaterra, do Canadá e da Austrália, as


moedas respetivas representam quase 70% da composição das reservas internacionais
depositadas nos bancos centrais. Agora, se ampliarmos o nosso escopo de estudo e incluirmos
o Euro e o Yen, o poder ocidental na composição global das reservas é quase absoluto, chegando
a cerca de 95% do total, conforme a Figura 02.

25
Figura 2 - Composição das reservas internacionais no ano de 2021

Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2022a).

Não obstante, a hegemonia do dólar no uso da reserva internacional também é observada


no setor privado. Os E.U.A. servem-se da centralidade de sua moeda no SMI para “(...)
ameaçar, recompensar ou persuadir os países a escolher uma estratégia diferente da sua
preferida, o governo americano pode preservar ou aumentar o uso privado de dólares como
unidade de conta” (Emmenegger, 2015, p. 478). A concordar com este autor, temos Norrlof
(2014): “(...) como destino de exportação mais cobiçado do mundo, os Estados Unidos podem
ameaçar o fechamento do mercado, ou prometer maior abertura, para incitar outros a abrir os
seus mercados ou permitir que empresas americanas invistam ou abram subsidiárias no
exterior” (p. 1058).

Voltando a Emmenegger (2015): o Estado e, sobretudo, o poder judiciário exercem a


extraterritorialidade da legislação norte-americana, pois o uso do dólar americano pelos bancos
que realizam transações financeiras, fora do seu país de origem, colocam-nos expostos à
regulação norte-americana. Dentro desse quadro, “Essa combinação da dependência económica
dos bancos internacionais do acesso ao sistema financeiro baseado em dólar e a capacidade dos
órgãos reguladores dos E.U.A. de controlar o acesso torna as finanças internacionais
estruturalmente dependentes dos E.U.A.” (Emmenegger, 2015, p. 478). Também para Winecoff
(2020), “O sistema monetário global ainda está organizado em torno do dólar de forma
surpreendente, as finanças globais ainda são dominadas por instituições americanas (...)” (p.

26
227). Neste sentido, a natureza sistémica do dólar propicia aos E.U.A. uma capacidade única
de originar crédito internacionalmente aceite na própria moeda (Torres, 2019; Winecoff, 2020).

Neste sentido, esse crédito e os ativos são dominados por grandes conglomerados
financeiros internacionais. De entre esses estão a americana Black Rock, que gerencia ativos
entre US$ 10 e US$ 14 biliões e outras instituições financeiras como: JPMorgan Chase, Bank
of America, Citigroup, HSBC, Deutsche Bank, Santander, Goldman Sachs, o Credit Suisse e
outras (Dowbor, 2016; Fraser, 2022). Segundo Dowbor (2016), “(...) os 147 grupos que
controlam 40% do sistema corporativo mundial, sendo 75% deles bancos” (p.25). Segundo este
autor, os maiores grupos financeiros movimentaram, em 2013, cerca de US$ 700 biliões em
derivativos (Dowbor, 2016). Para movimentar toda essa quantidade de recursos, derivativos,
créditos e os ativos monetários, é necessário mecanismos internacionais de transferências e
comunicação.

Neste contexto, o poder hegemónico liderado pelos E.U.A. e a sua dimensão estrutural
tem, nas organizações internacionais, a sua ponta de lança, pois o “(...) mecanismo pelo qual se
expressam as normas universais de hegemonia mundial é a organização internacional. De facto,
a organização internacional funciona como o processo pelo qual se desenvolvem as instituições
da hegemonia e sua ideologia.” (Cox, 2016, p. 149). Um dos aspetos relevantes do fenómeno
de uma complexa rede de poder global é o controlo sobre os mecanismos que conferem um
poder instrumental, para além do estrutural no SMI. Segundo Winecoff (2020), “Se a
hegemonia é uma função do poder estrutural, e o poder estrutural é ganho através da
centralidade dentro das estruturas globais, então o poder estrutural hegemónico pode ser
pensado como um fenómeno de rede complexa” (p.218).

Um importante componente dessa complexa rede de poder, para além do dólar, é o


SWIFT. Esse sistema de mensagens, entre as instituições financeiras internacionais, funciona
como uma engrenagem fundamental, para as transferências de dinheiro entre os países. Este
sistema de mensagens foi criado, em 1973, por 239 instituições financeiras de 15 países, que
decidiram instituir um serviço que garantisse confiabilidade, em troca de mensagens para
transferências de pagamentos entre eles o Society for Worldwide Interbank Financial
Telecommunication [SWIFT], (2022).

27
Dentro desse mecanismo, é importante destacar, também, a liderança do dólar dos
E.U.A. entre as principais moedas conversíveis, nesta rede mundial de mensagens para
transferências de ativos. Segundo o (Center for Strategic & International Studies [CSIS], (2022)
, a posição do dólar, em abril de 2022, é de 41,8% das mensagens com instruções de transações
financeiras, seguido de 34,7% do euro, a libra com 6,3%, o yen com 3,1% e o renminbi com
2,1% do total das principais moedas em uso no Sistema SWIFT.

Essa rede de comunicação interbancária é frequentemente usada pelos países do G7,


para enquadrar nações recalcitrantes em relação às suas aspirações de poder no SMI, na
geopolítica e nas disputas geoeconómicas. Um exemplo da instrumentalização do SWIFT pelos
E.U.A., com objetivos geoeconómicos, foi a pressão exercida contra este sistema de mensagens
pelo Congresso americano quando os congressistas obrigaram o SWIFT a banir instituições
financeiras do Irão de acordo com o CSIS (2022).

Relativamente à Rússia, houve a aplicação de inúmeras sanções a partir da anexação da


Crimeia, em 2014, e intensificou-se a busca de estrangulamento económico/financeiro, com o
início da “operação militar especial”, em 24 de fevereiro de 2022, na Ucrânia. Numa ação
conjunta com os E.U.A. e o Reino Unido, a União Europeia (UE) decidiu, em março de 2022,
pela exclusão dos principais bancos russos do SWIFT, a proibição do uso de notas de euro e o
cofinanciamento com o Fundo Russo de investimento, publicado no jornal oficial do Conselho
da União Europeia n. 2022/346 (PESC), (Official Journal of the European Union – Legislation,
2022). Segundo Mulder (2022), mais de 38 países da América do Norte, da Europa e da Ásia
impuseram sanções comerciais, financeiras e tecnológicas contra a Federação Russa. Este país
faz mais de 80%, do seu intercâmbio diário com outras nações, em dólar americano e 50% de
seu comércio internacional (National Institute of Economic and Social Research, [NIESR]
(2022).

O SWIFT tem sido, nos últimos anos, um instrumento de poder, sobretudo contra os
principais inimigos das principais potências europeias e E.U.A. Os países alvo são: a Venezuela,
a Coreia do Norte, o Irão, a Rússia e a RPC, que estão a provocar reações disruptivas dentro do
SMI (Nölke, 2022). Por este motivo, países que não aceitam se submeter ao domínio do G7
estão a criar alternativas ao SWIFT. A Federação Russa criou o System for Transfer of Financial
Messages (SPFS), a RPC colocou em operação, desde 2015, o Cross-border Interbank Payment

28
System (CIPS) (Nölke, 2022). O sistema de mensagens chinês está em franco crescimento: nos
últimos anos chegou a crescer 80%, impulsionado pelo financiamento de projetos de
infraestruturas Belt and Road Initiative (BRI) e pela sua posição de liderança no comércio
internacional (Kodaki, 2022). O CIPS possui 76 participantes diretos e 1265 participantes
indiretos, em mais de 3000 instituições bancárias, em 167 países, e uma movimentação
financeira de US$ 45,6 mil milhões de dólares, até março de 2022 de acordo com o CIPS
(2022) . Tanto a China como a Rússia estavam a ser alvos de ameaças de exclusão do sistema
por parte dos europeus e dos americanos. Do mesmo modo, os BRICS estão a discutir a
implementação do seu próprio sistema de pagamentos internacionais e a Índia também já admite
desenvolver o seu sistema de pagamentos e mensagens de transações interbancárias
internacionais (Nölke, 2022). Para Caytas (2016), “A desconexão do acesso ao SWIFT é, por
qualquer meio, o equivalente do mercado financeiro a atravessar o limiar nuclear, devido à
importância vital dos serviços embargados e à quase total falta de alternativas com eficiência
comparável” (pp. 14-15).

3.3 - O Fundo Monetário Internacional

O Fundo é uma organização internacional que foi criada durante a conferência de Bretton
Woods, em New Hampshire – E.U.A., no ano de 1944. Um dos principais vetores dessa
coordenação monetária internacional foi o voluntarismo para a institucionalização, desse
organismo que contou com a participação ativa de 44 Estados-nacionais. Uma característica
marcante da sua criação foi a supranacionalidade e formalização no quadro do direito
internacional, fenómeno diferente do que ocorreu durante a vigência do Padrão-ouro, cujo
mecanismo de funcionamento era baseado no laissez-faire (Costa, 2010).

Neste contexto, a decisão e as articulações políticas, para a criação do Fundo ,


propiciaram a institucionalização de uma burocracia bem qualificada para lidar com as
demandas da recém-criada organização financeira internacional. As nuances do exercício
do poder interno e, externamente, dentro das organizações internacionais ampliam as suas
diferenças em momentos de ausência de crises na execução da burocracia quotidiana (Stone,
2013). O poder dentro das organizações internacionais ocorre de duas formas: o formal e o
informal. Para Stone (2013), “O poder formal consiste em direitos de voto, poder de veto,

29
participação em comissões, ou outros direitos de controlo que são legalmente atribuídos aos
membros de uma organização” (pp.124-125). Segundo Chwieroth (2012), “O processo de
delegação formal cria os parâmetros dentro dos quais a influência informal do pessoal é
exercida da mesma forma que os direitos de voto formais moldam a forma como a influência
informal do Estado funciona” (pp.266-267).

As influências nos destinos de organizações internacionais são construídas também por


intermédio dos canais informais que são exercidos pelos países-membros. Exemplos do
funcionamento dos canais informais dentro do Fundo e de coordenação de posições são as
reuniões nos bastidores. Segundo Batista, J. (2021), “os cinco diretores executivos dos BRICS
no FMI passaram a se reunir com muita frequência, para coordenar posições sobre temas na
pauta da Diretoria ou iniciativas nossas” (p. 242). No entanto, para Stone (2013), as nações que
conseguem abrir mais canais de comunicação são sobretudo as principais potências
desenvolvidas, pois “(...) têm vantagens sobre os Estados mais fracos no exercício do poder
informal, incluindo informação superior, acesso imediato a pessoal chave, e maior cooperação
com os seus pedidos.” (p. 124-125).

A influência nas tomadas de decisão no Fundo também é exercida através de lobbies


conforme os interesses envolvidos. Esse jogo político é realizado inclusive pelo Capitólio, nos
E.U.A., por intermédio de lobistas junto à organização internacional, pois a lei americana não
se aplica sobre o Fundo, embora, no caso do aumento das quotas, o Congresso tenha poder
legislativo na autorização de aumento de contribuições (Broz & Hawes, 2006). Esse poder
informal tem ligações diretas, com interesses de grandes bancos, “A nível do Congresso,
constatamos que as contribuições de campanha dos bancos têm um grande e significativo
impacto na propensão dos membros para votar a favor do aumento da contribuição dos E.U.A.
para o FMI” (Broz & Hawes, 2006, p. 79). Essa situação também é observada no sistema
Organização das Nações Unidas (ONU), em que “(...) membros temporários do Conselho de
Segurança da ONU que votam de acordo com os E.U.A. recebem mais ajuda bilateral (...) e
mais empréstimos do FMI do que os outros países” (Dreher et al., 2018, p. 5).

Segundo Chwieroth (2012), “O FMI é uma espécie de tecnocracia na medida em que os


modelos económicos e as regras e procedimentos organizacionais formais moldam a abordagem
básica da organização à conceção de programas” (p. 268). De acordo com esse autor, “(...) os

30
interlocutores simpáticos são importantes: empréstimos maiores são alargados a países onde os
funcionários governamentais e o pessoal do Fundo partilham formação profissional
semelhante” (Chwieroth, 2012, p. 268).

3.4 - A Governança no FMI

O sistema de governação do Fundo é bastante amplo e congrega diversos departamentos que


são responsáveis pelo monitoramento de cada região do mundo. Na análise da governação desta
instituição, que é objeto de nosso estudo, a descrição contemplará apenas as principais
instâncias decisórias, conforme informações disponíveis no sítio da organização financeira
internacional, de acordo com o organograma da Figura 03.

Figura 3 - Organograma do FMI

Fonte: IMF (2022c).

31
3.4.1- Conselho dos Governadores

O Conselho dos Governadores ou Board of Governors é a instância máxima dentro da estrutura


do Fundo. Cada país é representado por um governador, sendo normalmente o ministro das
finanças ou o presidente do Banco Central. A função deste conselho é aprovar ou não o aumento
das quotas, liberação de Direitos Especiais de Saque (DES), a admissão de novos membros,
alterações estatutárias e nos regulamentos de acordo com o IMF (2022c).

3.4.2- Comités Ministeriais

Os Comités Monetário e Financeiro Internacional (CMFI) ou International Monetary and


Financial Comittee (IMFC), juntamente com o Comité de Desenvolvimento (CD) ou
Development Comittee (DC), são responsáveis por produzir informações e aconselhar os
Comités Ministeriais no processo de tomada de decisões sensíveis, dentro da organização
monetária internacional. Os respetivos membros dos comités são originados dos grupos que
congregam os mais de 190 governadores atuais conforme o descrito no sítio do IMF (2022c).

3.4.3 - O Conselho Executivo

Este Conselho, o Executive Board (EB), é o principal executor das deliberações do Conselho
dos Governadores. A sua composição consiste em 24 membros, além de executar os poderes
definidos pelo Estatuto do IMF (2022c). O EB orienta toda a engenharia administrativa do
Fundo, a monitorização das economias dos países que são membros e questões de EPI. O EB,
conforme Copelovitch (2010), é dominado pelo G-5 (E.U.A., Reino Unido, Alemanha, Japão e
França), sendo que os demais 16 integrantes são eleitos com diretores que não representam
somente os respetivos países, mas um grupo de países de economias menores.

Além das estruturas formais da administração do Fundo, a questão ideológica e/ou


educacional ganha relevância. Para Chwieroth (2012), “De acordo com os procedimentos
formais de organização, o staff determina o tamanho do empréstimo com base nos cálculos do

32
gap de financiamento na balança de pagamentos” (p.270). Segundo esse mesmo autor, a
tecnocracia interna do Fundo é baseada em modelos económicos e organizacionais com o
objetivo de organizar e propor os programas de ajuste estrutural. Continuando a ter em conta as
palavras de Chwieroth (2012), a negociação e os termos negociados com os países que solicitam
o aporte financeiro do Fundo não estão diretamente suscetíveis à influência direta de diretores
e dos Estados-membros na aprovação de programas. No entanto, a ascensão profissional e a
reputação do Fundo estão ligadas ao sucesso dos programas de ajuste, pelo que o fracasso na
condução das políticas é objeto de preocupação do staff. Entretanto, para Copelovitch (2010),
“(...) como opera "na sombra" de uma votação da Diretoria Executiva, o pessoal não goza de
total autonomia; ao contrário, deve levar em conta as preferências dos Diretores Executivos
para projetar e propor um programa que garanta a aprovação da Diretoria” (p. 57).

Dentro desse quadro, o staff procura explorar lacunas deixadas pela EB como margem
para ação burocrática e técnica. Contudo, as diferenças dos interesses dos países do G-5 (E.U.A.,
Reino Unido, Alemanha, França e Japão) têm poder de reduzir essa margem de manobra dos
empregados do Fundo (Copelovitch, 2010). Os E.U.A., em especial, exercem um poder
adicional por sua posição cêntrica no sistema monetário internacional, pois “(...) o Secretário
do Tesouro dos Estados Unidos tem poder de veto na escolha e quase todos os primeiros
executivos foram estadunidenses” (F. S. Guimarães, 2013, p. 115).

Torna-se assim essencial a flexibilidade de ação do staff, uma característica fundamental


da sua engenharia tecnocrática é em relação à origem da formação académica. Segundo essa
linha de raciocínio, as interlocuções entre os funcionários dos países devedores e os empregados
do Fundo comungam de formação académica em instituições universitárias reconhecidas pelo
Fundo, e é notável a preferência no processo seletivo para trabalhar nesta organização de
pessoas formadas em universidades euro-americanas (Chwieroth, 2012).

Na Figura 04, é interessante perceber que há uma evidente preferência por profissionais,
cuja formação académica tem como locus instituições euro-americanas.

33
Figura 4 - Diversidade Educacional dos Funcionários do FMI no ano de 2021ES EARNED
No. Percent

Diversidade Educacional no FMI - 2021

MESTRES DOUTORES
REGIÃO/PAÍS* Quantidade Percentagem Quantidade Percentagem
China 16 1.2% 7 0.9%
Oriente Médio e Norte de
28 2.2% 1 0.1%
África + (MENA+)
África Subsaariana 33 2.5% 5 0.6%
Reino Unido 132 10.2% 89 11.6%
Estados Unidos da América 645 49.7% 435 56.5%
Outros 445 34.3% 233 30.3%
TOTAL 1299 100.0% 770 100.0%
Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2022b)7

A análise da figura acima mostra-nos que o perfil profissional dos empregados do Fundo
tem uma forte presença de pessoas oriundas de Universidades dos E.U.A. e do Reino Unido,
países cuja matriz ideológica neoliberal é predominante. Ao somarmos os profissionais que
tiveram formação académica nesses dois pólos, constatamos que 59,90% vieram desses dois
países. Há sem dúvida um domínio quase absoluto euroamericano no Fundo com previsíveis
consequências na dinâmica, na orientação ideológica e na cultura organizacional. A Figura 05
apresenta uma análise mais detalhada.

7
FMI - Relatório de Diversidade e Inclusão – (2020-2021).
- Os dados excluem o Conselho do FMI, escritórios independentes e excluem funcionários contratados.
- Apenas o nível mais alto de educação completo ou atribuído estão incluídos.
- *País onde a universidade está localizada esses dados foram copilados no sítio do IMF (2022b).

34
Figura 5 - Países onde ocorreu a formação académica do staff do FMI – 2019
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Demais países ocidentais
Canadá
Estados Unidos da América
Graduação
Oriente Médio e Norte de África + (MENA +)
Europa (demais países) Mestrado
Reino Unido Doutorado
Itália
Alemanha
França
Transit ion Countries
Outros Asiát icos
Índia
Leste Asiát ico (ASEAN + 3)
China
África Subsaariana

Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2022b)

Consideremos a constatação de Guimarães, F.S. (2013):

(...) há preferência da organização pela contratação de economistas formados em um grupo


restrito de universidades estadunidenses (Harvard, MIT, Chicago, Princeton, Yale, Stanford,
Columbia, Berkeley, etc.). Em 1997, dos 31 economistas contratados pelo Programa
Economistas, 32% obtiveram seus Ph.D. nas “20 Melhores” e 19% de outras universidades
dos Estados Unidos (Maryland, Boston College, Georgetown, George Washington, NYU
etc.). As universidades europeias tiveram uma participação de 45% (p.116).

Uma análise detalhada de origem académica é bastante elucidativa tanto em relação ao


domínio quase absoluto euro-americano de algumas instituições académicas como também
evidencia o poder relacional americano que procura preservar a hegemonia ideológica dentro
das organizações internacionais (F. S. Guimarães, 2013). No caso do Fundo, para exemplificar
essa constatação, a homogeneidade académica é reflexo, em boa medida, das escolhas do
Economic Counsellor (EC), que comanda o Policy Development and Review Department (PDR)
e o Research Department (RES). O primeiro é reconhecido pelos empregados do Fundo como
“the thinking police”, cujo objetivo é o enquadramento dos programas à normativa e aos
regimentos macroeconómicos aceites pela instituição (F. S. Guimarães, 2013).

Neste sentido, consideramos pertinente citar, de novo, Guimarães, F. S. (2013): “(...)


esse tipo de recrutamento tem duas consequências: uma alta concentração de americanos e
europeus entre os economistas e uma concentração ainda maior de economistas que obtiveram

35
seus Ph.D´s. em universidades americanas e europeias” (p. 115). A Figura 06 demonstra essa
tendência com variação anual.

Figura 6 - Diversidade Educacional – contratação de PhD´s no FMI

E.U.A. & Reino Unido Europa *


Países sub-representados** Outros
Lineal (E.U.A. & Reino Unido)

69% 69%
63% 64%

42%
38%

25% 25% 23%


17%
12%
8% 8% 8% 10%
7%
4% 4% 3%
0%

2017 2018 2019 2020 2021

Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2022b)8.

A tendência no Economist Program (EP) é de aumento do número de economistas com


PhD, cuja formação académica ocorre no eixo Washington-Londres. Em 2017, era de 63%, no
ano 2021 atingiu quase 70% das contratações do Fundo, o que contraria o discurso de ampliação
da diversidade académica da atual diretoria geral.

Ora, para Guimarães, F. S. (2013), os países que fazem parte do G-7 comandam a
organização através da escolha de profissionais com formação educacional, oriundos sobretudo
da Europa e dos E.U.A., mesmo nos países recetores de empréstimos. Além disso, “(...) favorece
a construção de empréstimos de acordo com seus interesses e dificulta os debates sobre
reformas do FMI” (F. S. Guimarães, 2013, p. 111). No entanto, após a crise do subprime 2008,
houve uma ampliação de pessoas com formação fora do eixo dominante no comando das
instituições financeiras internacionais devido ao maior protagonismo do G-20. Assim sendo,
segundo Batista, J. (2021), atualmente a realidade é “(...) bem diferente daquela em que o G7

8
Nota: *excluindo países do antigo bloco soviético e Reino Unido. **Região sub-representada (Ásia Oriental, Oriente Médio e Norte
África+ (MENA+) e África Subsaariana (IMF, 2022)

36
dava as cartas, fixava a agenda internacional e definia os parâmetros para a atuação de
organismos como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial. Esse papel passou a ser
exercido pelo G20” (p. 43).

Porém, as decisões quanto às liberações de empréstimos aos países com desequilíbrio


na sua balança de pagamentos sofrem influências de acordo com os vetores geopolíticos das
potências do G-5. O interesse geopolítico e geoeconómico em comum desse grupo de países
aumenta consideravelmente as oportunidades de sucesso nas negociações para autorização de
empréstimos ao país com necessidade de ajuda financeira (Copelovitch, 2010). Acresce um
outro fator decisivo na liberação dos empréstimos no Fundo: aquele que está relacionado com
o risco apresentado para empresas dos E.U.A.. Para Broz & Hawes (2006), “a dimensão dos
empréstimos realizados pelo FMI está positivamente e significativamente relacionada com o
grau de exposição de bancos americanos no país recetor do aporte financeiro (...).” (p. 83).

Neste sentido, o poder estrutural e relacional americano não atuam de maneira


exclusiva, pois os países do G-5 atuam conforme os seus interesses estão em jogo na instituição.
Na mesma linha, temos as palavras de Copelovitch (2010):

(...) as divergências de preferências devem resultar em aprovação de menores empréstimos


no FMI com condicionalidades mais extensivas. De facto, há redução do tamanho dos
empréstimos e / ou a imposição de condicionalidades mais rigorosas e do preço requisitado
e também menos entusiasmo por parte dos governos do G-5 para deixar de lado suas
preocupações com o risco moral para apoiar os interesses das contrapartes dentro do EB
(pp.57-58).

Segundo Chwieroth (2012), os acessos ao crédito da organização financeira internacional


seguem as
(...) regras formais que normalmente limitam o acesso cumulativo aos recursos do FMI a 300
por cento da quota de um país, mas tais limites podem ser dispensados durante circunstâncias
excecionais, como aconteceu durante a crise asiática em 1997 e a recente crise financeira
global. De acordo com procedimentos organizacionais formais, o pessoal determina a
dimensão do empréstimo com base em cálculos do défice de financiamento no saldo de
pagamentos (p. 270).

Essa constatação sustenta-se na análise dos mecanismos de ação do Fundo, juntamente


com a sua coordenação com o governo americano e os demais países do G7 ou G5. Para
Capinzaiki (2012), o funcionamento interno do Fundo do ponto de vista formal, a sua utilização
como ferramenta do centro hegemónico e da EPI, é um importante objeto de análise. Dessa
forma, pequenas modificações no sistema de votação do Fundo ou das quotas, por exemplo,

37
não modificam o poder e a influência dos países desenvolvidos nas instituições financeiras
internacionais, em favor dos países periféricos (Alves, 2012).

Neste contexto, na estrutura formal do Fundo, os países desenvolvidos possuem o


controlo da instituição através de um outro mecanismo de tomada de decisão, que são as quotas
de participação de cada Estado-membro. De acordo com o Fundo, as “(...) quotas são
determinadas em Direitos Especiais de Saque (DES). Embora não seja uma moeda, o seu valor
é baseado em uma cesta de 5 moedas, o dólar Americano, o euro, o renminbi chinês, o yen
japonês e a libra esterlina” (IMF, 2023). Para Alves (2012), a distribuição das quotas atuais não
representa a real correlação de poder no plano internacional, visto que “(...) esses avanços
representam adaptações pontuais e tênues diante da ascensão dos novos pólos de poder no
Sistema Internacional. A partir dos dados empíricos, conclui-se que os países desenvolvidos
ainda resguardam poder de decisão nas instituições financeiras internacionais” (p. 45).

Neste sentido, os E.U.A. possuem poder de veto (17,43% das quotas) sobre qualquer
decisão do Fundo e, juntamente com os demais componentes do G-7, somam 43,42% das quotas
de acordo com o IMF (2023c). As quatro principais economias da Europa Ocidental (Reino
Unido, Alemanha, França e Itália) podem vetar pois possuem 17,21% das quotas (IMF, 2023).
Daí a afirmação de Guimarães, F. S. (2013): “(...) os Estados Unidos são os únicos que podem
vetar isoladamente mudanças” (p.114).

Contudo, em 2016, houve a última revisão das quotas dos Estados-membros conforme
a Emenda de Reforma do Conselho, acordada em 2010 (IMF, 2023). Assim, tem havido um
crescente peso das economias emergentes, sobretudo em relação à China, na distribuição das
quotas. Na Figura 07, é patente que a distribuição atual das quotas de alguns membros do Fundo
ainda apresenta uma enorme assimetria entre os diferentes países participantes.

38
Figura 7 - Percentagem de participação nas quotas do FMI
E.U.A. Japão China Alemanha Reino Unido
França Itália Índia Rússia Brasil
Canadá Espanha África do Sul Portugal
2,00% 0,64% 0,43%
2,31%
2,32%
2,71%
2,75% 17,43%

3,16%

4,23%
6,47%
4,23%

5,59% 6,40%

Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2023c)

Portanto, a reforma institucional do Fundo, no que se refere às quotas, traz em si um


componente ilusório, quanto à mudança de sua condução, pois

O intuito dos países emergentes em ver aumentadas as suas vozes no FMI é um componente
das reformas da instituição e reflete um traço da cooperação monetária internacional. Porém,
diante da natureza dos temas sobre a cooperação monetária entre os países, as reformas
destacadas e anunciadas não são suficientes para mudar os alicerces da governança monetária
internacional contemporânea (Alves, 2012, p. 45).

Uma interessante análise corresponde à soma das quotas dos principais países
emergentes, dos quais podemos destacar os BRICS9. Todavia, é importante lembrarmos que o
valor do DES é determinado diariamente, conforme o câmbio e cujo valor é expresso em dólar
americano conforme o IMF (2023c). Por causa das distorções provocadas pela mudança
cambial, optámos por realizar a nossa análise em Paridade de Poder de Compra (PPC). As
somas das quotas desses países representam 14,82%, sendo menor que a dos E.U.A. de 17,43%.
Outro fator é a distorção entre o Produto Interno Bruto em PPC, em dólares, e as respetivas
quotas dos países membros da organização. A China tem o maior Produto Interno Bruto (PIB)
do mundo em PPC, no entanto figura como terceiro maior quotista. De acordo com o Fundo, a
quota refletiria, essencialmente, a posição relativa do país na economia mundial de acordo com
o IMF (2023d), conforme podemos observar na Figura 08.

9
Argentina, Egito, Etiopia, Irão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos foram convidados para fazerem parte
do grupo a partir de primeiro de janeiro de 2024 (BRICS Summit, 2023). Com excessão da Argentina que declinou
do convite do BRICS+, a soma dos futuros 10 membros será 18,65% da quotas (IMF, 2023).
39
Figura 8 - Participação Mundial no Produto Interno Bruto (US$): BRICS x G7

Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2023d).10

No entanto, ao analisarmos a fórmula, abaixo, que foi acordada em 2008,


percebemos que o quesito PIB tem um peso relativo de 50%, a abertura económica de 30%.

Fórmula para cálculo das quotas no Fundo:

(0.50 * PIB + 0.30 * Abertura + 0.15 * Variabilidade + 0.05 * Reservas) Fator de compreensão
Fonte: IMF (2023c)

Essa mesma fórmula com a definição de cada ítem:


CQS = (0.5*Y + 0.3*O + 0.15*V + 0.05*R) k11

10 PPC participação mundial (USD)


11
“• CQS = calculated quota share (na sigla em inglês); • Y (PIB) = um mix do PIB convertido à taxa de câmbio
no valor de Mercado e à paridade do poder de compra (PPP) para uma média de três anos. • O (Abertura) = a
média anual da soma dos pagamentos correntes e das receitas correntes (bens, serviços, rendimentos e
transferências) para um período de cinco anos. • V (Variabilidade) = variação das receitas correntes e dos fluxos
líquidos de capital (medida como o desvio padrão de uma tendência de três anos sobre um período de 13 anos). •
R (Reservas) =média de 12 meses sobre um ano de reservas oficiais (câmbio, direitos especiais de saque posição
de reserva no Fundo, e ouro monetário). • K (Fator de compressão) = fator de compressão de 0. 95. O fator de
compressão é aplicado às parcelas de cotas não comprimidas que serão, então, escalonadas para o total de 100.”
(Alves, 2012, p. 43).

40
Sintetizando, segundo Alves (2012), o quesito PIB é calculado “(...) pela relação de
60% do câmbio em valor de mercado e 40% sobre a Paridade do Poder de Compra (mix do
PIB)” (p. 43). A Figura 9 demonstra que os BRICS têm uma produção de riqueza que soma
31,59%, ligeiramente maior que o G7 com 30,39% do PIB mundial.

Figura 9 - Percentual da Participação Mundial no Produto Interno Bruto (US$): BRICS x G7

BRICS Biliões Percentual

Brasil $ 3,782.76 2.34%

Rússia $ 4,649.67 2.87%

Índia $ 11,665.49 7.21%

China $ 30,074.38 18.58%

Africa do Sul $ 949.846 0.59%

TOTAL $ 51,122.15 31.59%

G7 Biliões Percentual

Canadá $ 2,240.39 1.38%

França $ 3,688.32 2.28%

Alemanha $ 5,316.93 3.29%

Itália $ 3,022.16 1.87%

Japão $ 6,109.96 3.78%

Reino Unido $ 3,776.04 2.33%

Estados Unidos $ 25,035.16 15.47%

TOTAL $ 49,188.98 30.39%


Fonte: elaboração própria com dados do IMF (2023d)

Chama-se a atenção para os BRICS que possuem apenas 14,82% das quotas, enquanto
os países do G7 somam 43,42% do total das quotas do Fundo. Essa assimetria de poder, dentro
do Fundo, provocou reações no grupo dos BRICS que decidiu constituir o seu próprio
mecanismo de financiamento mútuo. De acordo com Batista, J. (2021), “De 2012 a 2014, esses
países negociaram cuidadosamente, passo a passo, o estabelecimento de mecanismos

41
independentes de estabilização e financiamento de longo prazo - o Arranjo Contingente de
Reservas (ACR) e o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD)” (p. 247). O ACR visa sobretudo
evitar a exposição às políticas de austeridade através das condicionalidades em caso de crise
cambial.

3.5 - Condicionalidade como instrumento de poder

A ação de ampliação do poder estrutural americano é sedimentada com a instrumentalização da


organização internacional. No caso do Fundo, é a condicionalidade que funciona como um
mecanismo poderoso de interferência na vida económica e social dos países. Dentro desse
quadro, as quotas, em conjunto com a condicionalidade, perfazem uma arquitetura interessante
do funcionamento da instituição do ponto de vista da economia política. De acordo com o Fundo,
o país membro que necessita de empréstimo é responsável por selecionar, designar e
implementar as políticas de ajuste que serão analisadas pelos seus técnicos. A descrição das
ações a serem realizadas pelo governo do Estado-membro é enviada, por intermédio de uma
Carta de Intenções, através de um memorando. O seu conteúdo privilegia a restauração do
equilíbrio da balança de pagamentos, a estabilidade macroeconómica, o crescimento da
economia e a redução da pobreza em países de baixo rendimento conforme o IMF (2023d).

O país que necessita de contrair um empréstimo junto do Fundo realiza previamente


ajustes macroeconómicos e condicionalidades com o objetivo de ter sua demanda atendida.
Segundo Babb & Kentikelenis (2018), as condicionalidades são “(...) a prática de exigir
reformas em troca do acesso aos recursos” (p. 18). A condicionalidade possui duas naturezas
clássicas: uma quantitativa, com base em diretrizes macroeconómicas, e outra de profundidade
estrutural (Bird, 2009; International Monetary Fund, 2023a; Kentikelenis et al., 2016). Outra
preocupação é a demonstração efetiva de ações de implementação dos ajustes estruturais ao EB,
conforme a Figura 10.

42
Figura 10 - Ajuste estrutural: ações a serem implementas pelos países membros

Ações Previas Critério Quantitativo de Alvos Indicativos Referências


Performance Estruturais
Eliminação de Nível mínimo de saldo Nível mínimo do saldo Melhorar as
controlo de preços primário do governo federal primário das operações do sector
administrações públicas financeiro

Orçamento em Teto sobre empréstimo Cobrança de receitas Construir redes de


linha com o quadro governamental internas mínimas segurança social
fiscal
Nível mínimo de reservas Nível mínimo de Reforçar a gestão das
internacionais despesas de assistência finanças públicas
social
Fonte: elaboração própria com informações do IMF (2023b)

Conforme referido na Figura 10, os ajustes estruturais e o histórico das recomendações


foram evoluindo, no decorrer do tempo. Por consequência, o Fundo destaca que, até ao início
da década de 1980, as suas preocupações eram mais de natureza macroeconómica. Contudo, a
evolução das práticas de condicionalidade tornou essas preocupações mais atentas a reformas
estruturais dos países que precisam dos empréstimos conforme o descrito pelo IMF (2023b).
Até ao ano de 1997, menos de 10% dos programas de ajustes macroeconómicos e estruturais
tiveram em conta alguns dessas ações, descritas na Figura 10. A partir de 2012,
aproximadamente 70% dos programas continham um dos requisitos de condicionalidade, acima
referido de acordo com o IMF (2023b). Os gastos são limitados a níveis de despesas prioritárias
com custos mínimos na área da saúde, educação e nas demais despesas obrigatórias por parte
dos Estados (Kentikelenis et al., 2016).

O aumento expressivo da condicionalidade é, sobretudo, reflexo da unipolaridade, a


partir da década de 1990. Portanto, juntamente com os países em desenvolvimento, houve um
expressivo aumento da aplicação daqueles critérios, por países do espaço pós-soviético (Bird,
2009). É interessante notar que as aplicações dessas políticas foram direcionadas, em sua
maioria, para países em desenvolvimento.

43
Na Figura 11, podemos verificar a dimensão do poder estrutural americano e o alcance
das condicionalidades impostas pelo Fundo.

Figura 11 - A aplicação dos ajustes estruturais e as condicionalidades pelo mundo

Fonte: Kentikelenis et al. (2016)

Na Europa, o destaque situou-se nos países do Leste, Portugal, Irlanda e Islândia. Na


América latina, praticamente todos os países já foram submetidos. Em África e na Ásia,
verificou-se que quase a totalidade das nações foram atingidas por essas políticas (Kentikelenis
et al., 2016). A amplitude da condicionalidade imposta pelo Fundo aos países em
desenvolvimento, na sua maioria, representa uma inequívoca demonstração do poder estrutural
americano. Para isso, o poder do capital financeiro busca desconstruir resistências políticas nos
aparelhos estatais, através do seu braço institucional, que identificamos ser a organização
internacional, foco de nossos estudos (Bastos, 2017).

A aceitação do poder é habilmente conduzida através de condicionalidade, cujo


objetivo é a contenção da saída massiva de capital provocada pela fragilidade das contas
externas. A influência do capital financeiro, dentro das estruturas dos Estados-nacionais, tem-
se desenvolvida ao longo do tempo, levando a uma situação onde a estratégia de acumulação
de capital financeiro reforça o poder estrutural nas instituições dos Estados (Bastos, 2017).
Esclarece ainda (Bastos, 2017), ao afirmar que “(...) a hegemonia do capital financeiro reforça
o seu poder estrutural para realizar uma ação contra-hegemónica, vetando a possibilidade de

44
uma nova hegemonia instituir-se, com efeitos sobre a gestão da política macroeconómica”
(Bastos, 2017, p. 9).

Por outro lado, uma maior carga de condicionalidade em cima do país solicitador do
empréstimo pode sinalizar ao mercado financeiro internacional que o país aceita se submeter
às condições impostas pelo Fundo (Copelovitch, 2010), sobretudo com o Consenso de
Washington .

3.6 - O Consenso de Washington

Em 1989, John Williamson cunhou o termo Consenso de Washington, cujo objetivo principal
foi a liberalização dos mercados de capitais, nos países em desenvolvimento (Babb &
Kentikelenis, 2018). Em suma, conforme Guimarães (2017), “O Consenso de Washington é
uma lista de dez políticas elaboradas por técnicos do FMI, do BM, do Departamento do Tesouro
dos Estados Unidos e por académicos norte-americanos” (p. 167).

A lista de dez políticas, elaborada por essas instituições, contemplou diversas áreas,
sendo uma ampla gama de políticas públicas, principalmente ligadas a orientação geral da
economia política, da macroeconomia, política fiscal, política tributária, liberalização
financeira-comercial e a supressão da presença do Estado na economia dos países que se
submeteram. As áreas de atuação do Consenso de Washington foram: 1. disciplina fiscal; 2.
priorização dos gastos públicos; 3. reforma tributária; 4. liberalização financeira; 5. regime
cambial; 6. liberalização comercial; 7. investimento direto estrangeiro; 8. privatização; 9.
desregulação; 10. propriedade intelectual (Batista, 1994; S. P. Guimarães, 2017).

Estas 10 propostas abrangeram um amplo alcance socioeconómico e, por isso,


impactaram diretamente na condução da vida política e económica dos países que foram
enquadrados pelo sistema imperial americano. As consequências diretas são, nas palavras de
Batista (1994), “(...) a drástica redução do Estado e a corrosão do conceito de Nação” e também
“(...) o máximo de abertura à importação de bens e serviços e à entrada de capitais de risco” (p.
18).

45
Nas décadas de 1980 e 1990, a sucessão de crises no pagamento das dívidas externas e
as sucessivas pressões para liberalização levaram os países periféricos ao aumento expressivo
da dependência externa ao Fundo. De acordo com Batista (1994), “Transfeririam para o exterior,
entre 1982 e 1991, US$ 195 bilhões [mil milhões] de dólares, quase o dobro, em valores
atualizados, do que os Estados Unidos concederam, como doação, à Europa ocidental entre
1948 e 1952, sob o Plano Marshall.” (p. 16).

As reformas propostas pelo Consenso de Washington foram especialmente poderosas,


no sentido de corroer as possibilidades de um desenvolvimento autónomo por parte dos países
periféricos. Por este motivo, Kentikelenis et al (2016) afirmam: “Tais reformas têm geralmente
como objetivo alterar a estrutura subjacente de uma economia; por exemplo, privatizando
empresas estatais, legislando a independência do banco central, desregulamentando os
mercados de trabalho, ou reestruturando os sistemas fiscais” (p. 553).

Um interessante aspeto da pressão exercida sobre os países endividados, sobretudo da


América Latina, foi o sacrifício imposto à sociedade. A título de comparação, as reparações de
guerra impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes, após o final da I Guerra Mundial (1914-
1918), foram muito menores do que o pagamento das dívidas latinas. Nos estudos de Batista
(1994) ficou demonstrado que “(...) o serviço da dívida renegociada desses países chegou a
alcançar mais de 45% da receita de exportação de bens e serviços, mas a Alemanha nunca pagou,
a título de reparações, mais de 18% do valor de suas exportações” (p. 15).

A liberalização e o pagamento do valor das dívidas aos credores internacionais levaram


os países em desenvolvimento a exportarem capital para os países do centro do capitalismo
internacional. Esses países exportaram em direção ao centro mais de US$ 1,23 mil biliões de
dólares, entre 1998 e 2004, de acordo com Cintra (2005).

Dentro desse contexto, de desregulamentação para a livre circulação de capitais e


pagamento das dívidas internacionais, em momentos de crises sistémicas, os países periféricos
ficam ainda mais vulneráveis. A intensa entrada e saída de capitais especulativos promoviam
crises financeiras, estas acabavam sendo instrumentalizadas pelos mercados financeiros, para
obrigar a mudanças favoráveis e a políticas amigáveis ao mercado na lógica neoliberal (Bastos,
2017).

46
Continuando a ter em conta a opinião de Bastos (2017), o capital financeiro
internacional aumentava o seu poder em momentos de crise, em regiões mais sensíveis, à
mobilidade do capital. A globalização e as várias crises, sobretudo de países periféricos, são na
verdade uma ferramenta de poder disponibilizada ao SFI. O objetivo do exercício deste poder
é a imposição de disciplina na política económica das nações endividadas. Já para Almeida
(2014), esse fenómeno é tributário da “(...) tensão reincidente entre as forças incontroláveis
dos mercados e a vontade dos governos de preservar soberania sobre certos aspectos de suas
políticas económicas” (p. 479).

47
Capítulo IV - A ECONOMIA POLÍTICA BRASILEIRA

4.1 - A economia política brasileira na década de 1990

A economia política do Brasil, a partir da década de 1950, com a necessidade crescente de


empréstimos para financiar o seu desenvolvimento, ficou refém das políticas de Washington.
No entanto, o país procurou contra balançar o descomunal poder dos E.U.A, nos destinos da
América Latina, demonstrando resistência, até certo ponto, à aceitação das receitas neoliberais
emanadas do Fundo. Para Almeida (2014):

O Brasil sempre relutou em mudar suas políticas domésticas por demanda do FMI, porque
pretendia lidar com programas de estabilização monetária sem se ater às recomendações mais
ortodoxas do Fundo – mesmo ao ter de enfrentar surtos inflacionários que redundaram na
troca de pelo menos seis padrões monetários, nenhum deles com aprovação prévia ou em
coordenação com o FMI (p. 470).

A hiperinflação da década de 1980 e da primeira metade da década de 1990, juntamente


com a crescente dívida externa, herança do regime militar (de 1964 a 1985), levou o país à
instabilidade financeira constante. Neste contexto, o Brasil decretou uma moratória da sua
dívida externa, no ano de 1987, que gerou restrições externas (Hirst, 2011). Podemos assim
afirmar que “(...) décadas de 1980 e 1990, com a crise do desenvolvimentismo, foram de
consolidação de uma inserção subordinada do Brasil no regime mundial de acumulação com
dominância financeira (...)” (Teixeira & Pinto, 2012, p. 916).

Neste sentido, em 1989, o país, mais uma vez, deixou de pagar os juros da dívida aos
credores externos, aumentando a desconfiança dos financistas (Hirst, 2011). Neste mesmo ano,
o “establishment” conseguiu eleger como Presidente da República, Fernando Collor de Melo
(1990-1992), o primeiro presidente eleito, após o fim da ditadura militar brasileira.

De acordo com Hirst (2011), com a eleição de um governo neoliberal no Brasil,

(...) as expectativas de que a política econômica brasileira se ajustaria às receitas liberais do


mainstream se tornaram proeminentes nos círculos empresariais e governamentais norte-
americanos (...). Desde então, o Brasil graduou sua adesão ao receituário neoliberal,
implementando políticas de abertura econômica que não sacrificassem integralmente
estratégias de desenvolvimento industrial (p.61).

48
Neste sentido, segundo Bastos (2016), “No Brasil, o sonho vendido por Collor (...) era
que a abertura comercial, a privatização e a “flexibilização” de contratos de trabalho tornariam
as empresas nacionais e filiais de empresas multinacionais eficientes e fortemente exportadoras”
(p. 6). Essas políticas foram implementadas também com o objetivo de, pelo menos do ponto
de vista dos liberais brasileiros, propiciar crescimento económico e “(...) gerariam as reservas
cambiais necessárias para bancar mais um ciclo de endividamento externo e as remessas de
juros, lucros e dividendos associados às privatizações, fusões e aquisições de patrimônio local
pelo capital financeiro global” (Bastos, 2016, p. 6). Apesar disso, após dois anos de governo,
Collor sofreu um impeachment, em 1992, no entanto, sem que abalasse por completo o projeto
hegemónico dos E.U.A., via Fundo, com base no Consenso de Washington, que foi levado
adiante pelos governos seguintes. O Governo de Itamar Franco (1992-1994), ex-vice-presidente
de Collor, foi basicamente um governo de transição, mas que, na verdade, teve o mérito de
reorganizar a economia do país:

(...) a partir de maio de 1993, e uma brilhante equipe de assessores económicos em postos
estratégicos do governo Itamar Franco, foi possível conduzir, pela primeira vez em muitos
anos, um processo realista e consistente de ajuste estrutural que, via desindexação planejada
da economia, acabaria levando ao plano Real12 (Almeida, 2014, p. 483).

Esse plano económico conseguiu a proeza de controlar a inflação e eleger, como


Presidente da República, em 1994, o então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso,
que ficou conhecido como o “pai” do Real (a nova moeda brasileira) (Almeida, 2014). Em que
pese o sucesso do plano de estabilização, o país sofreu turbulências e “(...) atravessou seu
momento mais delicado no início de 1999, quando o país enfrentou uma dramática crise
monetária” (Hirst, 2011, p. 62). Como consequência, o Real sofreu uma enorme desvalorização.
O governo de Cardoso, um ano antes da crise cambial, em 1998, efetuou um acordo para um
empréstimo com o Fundo, cujo valor foi de US$ 41,5 mil milhões de dólares, pois as reservas
internacionais e a instabilidade cambial colocavam em risco o sucesso obtido na contenção
inflacionária (Almeida, 2014; Bastos, 2016). Foram também negociados superavit primários
em 1,8% do PIB, no ano de 1999; no ano 2000 foi de 2% e, em 2001, de 2,3% (Almeida, 2014) .

12
A atual moeda brasileira, o Real, foi precedida de um processo de estabilização da economia do Brasil
que estava a passar por quase duas décadas por processos hiperinflacionários. O plano de estabilização, lançado
em 1993, ficou conhecido como Plano Real. Antes de sua entrada em circulação, em primeiro de julho de 1994,
na véspera das eleições presidenciais, os economistas do governo federal decidiram criar uma Unidade Real de
Valor (URV) (moeda escritural) cujo objetivo foi a transição do antigo padrão monetário, o Cruzeiro Real para a
nova moeda, o Real (Banco Central do Brasil, 2020).

49
Dentro desse cenário de crise cambial e sistémica, no ano de 1999,

(...) o governo brasileiro articulou juntamente com o FMI uma política macroeconômica
ancorada em três pilares: taxa de câmbio flutuante com livre mobilidade de capitais, para
ajustar as contas externas; taxa de juro real elevada, para garantir o cumprimento das metas
de inflação; superavit primário crescente, para conter o endividamento do setor público
(Cintra, 2005, p. 39).

No entanto, o esforço de contenção de endividamento público entra em contradição,


pois o governo recorreu ao Fundo, endividando-se para conter a instabilidade dos mercados
financeiros. Neste sentido, “(...) Esta posição é reforçada pela tese da “contração fiscal
expansionista”, segundo a qual a credibilidade em uma política fiscal austera e no compromisso
com a sustentabilidade da dívida pública produz efeitos benéficos sobre as expectativas dos
agentes econômicos (...)” (Teixeira et al., 2018, pp. 2–3). Dentro deste contexto, um aspeto da
hegemonia americana é “O contínuo monitoramento e endosso do FMI e do Banco Mundial,
que se converteram em peças indispensáveis da estabilidade brasileira” (Hirst, 2011, p. 62).
Com isso, o governo brasileiro seguia o Consenso de Washington, pois a “(...) orientação
reformista-liberalizante da administração F. H. Cardoso não dependia da exigência do Fundo”
(Carvalho, 2003, p. 19), sobretudo porque o governo brasileiro já a adotara em sua integralidade,
desde o governo Collor.

Segundo Carvalho (2003), o governo Cardoso estava sempre pronto a lançar mão de
instrumentos desejados pelo Fundo, por exemplo o aumento das taxas de juros para conter a
fuga de capitais como o realizado nas crises mexicana (1995), asiática (1997), russa (1998) e
argentina (2001). Durante a crise cambial de 1998, de acordo com Carvalho (2003), o Fundo
teria pressionado fortemente o governo Cardoso para adotar a dolarização da economia, o que
teria sofrido resistência por parte dos negociadores brasileiros. Essa preocupação relativamente
à dívida externa e a volatilidade cambial fez o governo apostar ainda mais no aprofundamento
das políticas neoliberais, com especial destaque para as privatizações.

As privatizações de empresas estatais brasileiras foram parte da “estratégia” de atração


de capital internacional. Para Cervo & Bueno (2002), “Dócil diante das reformas exigidas pelo
centro, o governo brasileiro abriu todos os domínios de sua economia aos capitais internacionais:

50
os serviços financeiros, a bolsa de valores, os bancos e as grandes empresas públicas, no
momento da privatização” (p. 509). Nessa altura, o governo Cardoso decretou a instituição da
Lei n. 9.472 (Lei Geral das Telecomunicações, 1997), que dispõe sobre os serviços de
telecomunicações do país e a completa desnacionalização de 29 empresas federais do setor.
Para Cervo & Bueno (2002), essa privatização ocorreu com o beneplácito da União
Internacional de Telecomunicações (UIT), agência especializada da ONU, controlada pelos
E.U.A., e que foi contratada pelo Congresso Nacional do Brasil para dar consultoria. Nessa
transação, entra em cena uma empresa privada americana, a McKinsey &c Company,
subcontratada pela UIT. Neste sentido, a “(...) Lei Geral de Telecomunicações de 1997 veio a
público como queriam o governo dos Estados Unidos e os global players estrangeiros” (Cervo
& Bueno, 2002, p. 509), interessados nos ativos públicos brasileiros.

Uma outra medida com repercussões estruturais importantes foi a criação de leis para
consolidar a austeridade. A mais importante foi a Lei Complementar nº 101 (Lei de
Responsabilidade Fiscal, 2000) que ficou conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
e que obriga entes federados ( a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios) a
cumprirem metas de equilíbrio fiscal, ou seja, a observar o equilíbrio entre receitas e despesas.
Essa lei foi uma exigência direta do Fundo, que, inclusive, impôs uma condição semelhante à
Argentina (Carvalho, 2003). Essa ingerência externa do Fundo estava sempre descrita nas cartas
de intenções com o Brasil, como requisito para liberação dos empréstimos obtidos por crises
dos anos anteriores (Carvalho, 2003).

É interessante notar que não chegou a ser suficiente para conter as crises que se seguiram
o aporte de quase US$ 42 mil milhões de dólares, em 1999, e mais dois empréstimos: em 2001,
US$ 15,7 mil milhões de dólares e, em 2002, US$ 37 mil milhões de dólares, totalizando US$
94,7 mil milhões de dólares (Almeida, 2014) . Entre 1995 e 2002, a dívida brasileira com o
Fundo aumentou quase US$ 100 mil milhões (Bastos, 2016). De acordo com Cervo & Bueno
(2002), “(. . .) entre 1995 e 2000, a dívida pública interna passou de 33% para 53% do PIB.
Entre 1994 e 1999, a dívida externa elevou-se de 148 para 237 bilhões (mil milhões) de dólares”
(p. 510). O último empréstimo ao Brasil, em 2002, evidenciou a ingerência do Fundo na política
interna do país. A organização internacional financeira deixou clara a sua posição, pois

(. . .) o FMI hesitava em realizar esse novo acordo frente à grande possibilidade de Lula ser
eleito presidente da República. O Partido dos Trabalhadores (PT) sustentava historicamente

51
uma série de críticas ao FMI, considerado pelo partido um símbolo de dominação política e
submissão internacional (Tude & Milani, 2013, p. 86).

O PT, partido político do então candidato Lula, fez uma inflexão ao aceitar publicar a
“Carta ao Povo Brasileiro 13 ” (Fundação Perseu Abramo, 2022). Esse documento foi
indispensável para a renovação do acordo e para a liberação do terceiro empréstimo (Tude &
Milani, 2013). O Fundo sintetiza, de maneira bastante interessante e eufemisticamente, o papel
desse instrumento de ingerência interna nos Estados, ao colocar que

Quando um país pede emprestado ao FMI, o seu governo concorda em ajustar as suas
políticas econômicas para ultrapassar os problemas que o levaram a procurar ajuda financeira.
Estes ajustamentos de política são condições para empréstimos do FMI e servem para
assegurar que o país será capaz de reembolsar o FMI. Este sistema de condicionalidade foi
concebido para promover a apropriação nacional de políticas fortes e eficazes (International
Monetary Fund, 2023b) (IMF, 2023).

No entanto, em que pese a adoção, pelo governo Cardoso, das propostas do Consenso
de Washington e da aceitação da ingerência “técnica” do Fundo, o governo brasileiro tentou
demonstrar algum alívio de soberania económica. Segundo Almeida (2014), o governo de
Cardoso buscou articular uma proposta junto ao G7, cujo objetivo era a contenção dos fluxos
de capitais, sobretudo, a especulação financeira. Entretanto, o grupo dos países mais ricos do
mundo naquele período recusou a proposta. O G7 propunha o contrário, a ampliação do
movimento internacional de capitais. Naquela altura, a evidência empírica foi de que “(...) as
autoridades monetárias brasileiras, a despeito de uma adesão conceitual ao princípio da
liberalização progressiva e cautelosa desses fluxos, não concordavam com a ideia de abandonar
de vez o monitoramento nacional desses capitais (...)” (Almeida, 2014, p. 484). Entretanto, de
acordo com Ianoni (2017), nesse momento histórico, o Brasil adotava uma linha direta de
comunicação entre o BCB e o Tesouro Nacional, com o setor financeiro internacional, apoiado
integralmente pelo Fundo, sedimentando a influência nos destinos do país.

13
A “Carta ao Povo Brasileiro” é um documento histórico, datado de 22 de junho de 2002, onde o então
candidato à Presidência da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sinaliza aos mercados nacional e
internacional que não faria qualquer movimento de rompimento com o establishment financeiro. A Carta teve
como base o destaque ao desenvolvimento económico e social, contudo apontando como premissa a manutenção
da política económica que vigora até os dias atuais co (Fundação Perseu Abramo, 2022).

52
4.2- A economia política brasileira de 2003 a 2016

Com a vitória eleitoral de Lula, em 2002, a relação do país com o Fundo começa a mudar
gradativamente apesar do novo governo continuar a seguir os fundamentos da política
neoliberal de Cardoso. Para tanto, a Carta ao Povo Brasileiro representou uma importante
sinalização aos mercados financeiros nacional e internacional de que o novo governante não
teria uma atitude disruptiva e teria políticas market-friendly. Assim que assumiu o governo,
Lula procurou demonstrar aos mercados que não teriam o que temer, pois “(...) reforçou o
compromisso com o cumprimento das metas estabelecidas e aumentou voluntariamente o
objetivo para o superavit primário, então fixado em 4,25% do PIB” (Almeida, 2014, p. 488).

O “voluntarismo” do novo governo no aumento da meta de superavit primário, na


prática, foi prontamente aceite pelo mercado, pois era uma garantia de que o governo estava
alinhado com a ortodoxia monetária enquadrada no contexto do poder estrutural americano. No
entanto, segundo Almeida (2014), “(...) o governo Lula decidiu interromper mais por razões
políticas que econômicas os entendimentos com o FMI (. . .)“ (p. 489).

No seu início, o governo pretendia demonstrar a sua disposição aos intentos dos
mercados, tendo gradualmente implantado políticas com maior intervenção estatal. O governo
parou as privatizações e a alienação do património público, e promoveu a retomada do poder
de investimento de bancos públicos, sobretudo o Banco Nacional de Desenvolvimento
Económico e Social (BNDES) 14 que

(...) deixou de apoiar consórcios privados e fundos de pensão em programas de privatização,


acelerando a expansão do crédito para investimentos em nova capacidade produtiva,
infraestrutura e para a formação de conglomerados nacionais capazes de controlar cadeias
globais de valor e competir com os grandes grupos multinacionais (Bastos, 2017, pp. 12–13).

Do mesmo modo, o governo Lula, com a descoberta de enormes reservas de petróleo do


pré-sal aumentou a presença do Estado, com o objetivo de superar o subdesenvolvimento. Para

14
Fundado em 1952, o BNDES é um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo e, hoje, o principal
instrumento do Governo Federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da
economia brasileira conforme o sítio do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social [BNDES],
(2023) .

53
isso, segundo Tokarski (2021), a Lei 12.351 (2010) instituiu o sistema de partilha que, de acordo
com o autor, tinha como objetivo criar também um Fundo Social que visaria cumprir com os
preceitos constitucionais de superação, da pobreza e de apoio à re-industrialização.

No que tange às relações económicas internacionais, nos primeiros 4 anos de governo


Lula, as transações correntes com o resto do mundo e, principalmente, com o gigante chinês
ajudaram o Brasil a aumentar o superavit da sua balança comercial com o exterior. Contudo, a
crise sistémica com o epicentro nos E.U.A., em 2008, acelerou a tendência de retorno de déficit
nas transações correntes (Paulani, 2012).

Todavia, o governo Lula, entre os anos de 2003 a 2010, conseguiu resultados notáveis
em relação ao crescimento económico, ao alcançar uma taxa média de 4,1% do PIB (Teixeira
& Pinto, 2012). Nos anexos B e C estão presentes os dados relativos às séries históricas das
taxas de juros e do PIB do Brasil. Em 2010, após 8 anos de um governo bem avaliado, o
Presidente Lula conseguiu eleger, como Presidente da República, a sua sucessora, a sua ex-
ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que desenvolveu um governo com mais intervenção
estatal. Num dos seus primeiros pronunciamentos em direto para todo o país, revelou a sua
decisão de enfrentar o sistema financeiro, ao dizer claramente que

É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos,
continue com um dos juros mais altos do mundo”, asseverou em rede nacional de rádio e TV.
Do alto dos 64% de aprovação de que então dispunha, concluiu confiante: “Não vamos abrir
mão de cobrar com firmeza de quem quer que seja que cumpra o seu dever (Singer, 2015, p.
39).

Essa declaração de guerra ao sistema financeiro nacional e, indiretamente, ao


internacional tornou-se efetiva no momento em que indicou, para a Presidência do BCB, um
funcionário de carreira do banco, Alexandre Tombini, em vez de alguém com “aceitação e
trânsito” no circuito das altas finanças internacionais, como era “tradição”, a exemplo de
Henrique Meireles, durante os governos Lula conforme o sítio do BCB (2023b). Para Fairfield
(2015), a nomeação de pessoas ligadas ao setor empresarial para evitar fuga de capitais e dar
tranquilidade aos investidores é uma forma de poder instrumental.

A ousadia de Rousseff foi sentida, inclusivamente, na condução de políticas económicas


e sociais de grande alcance. Podemos destacar, a NME que foi um conjunto de políticas

54
públicas que visavam o desenvolvimento económico, social e a re-industrialização do Brasil a
partir de políticas neokeynesianas. Dentro desse quadro,

A exemplo do que havia feito em 2008, o governo brasileiro procurou sustentar o ritmo de
crescimento local. Foi aí que se abriu a oportunidade de colocar em prática a nova matriz que
vinha sendo preparada desde a substituição de Henrique Meirelles por Alexandre Tombini à
frente do BC (novembro de 2010) (Singer, 2015, p. 43).

Na Figura 12 podemos analisar os detalhes da NME criada no governo Rousseff.

Figura 12 - Nova Matriz Económica


Ítem Política objetivo Resultado
Juro nominal: 11,17% a.a. (2011)
1 Redução dos Juros Estimular o crescimento para 7,12% a.a (2013). Juro real
económico em menos de 1% ao ano.

Programa de Sustentação do Produção, inovação e Aumento de R$ 100 mil milhões


2 Investimento (PSI) exportação de bens de capital para R$ 400 mil milhões de reais.
Plano Brasil Maior (política Re-industrialização e aumento Redução de impostos para a
3 industrial) da competitividade indústria
Atingiu 42 setores da economia e
4 Desoneração Diminuição de impostos sobre poupou aos empresários R$ 25
salários mil milhões de reais.
Programa de Investimento em Previa a aplicação de R$ 135 mil
5 Logística (PIL) Infraestrutura milhões de reais (ferrovias, portos
e aeroportos).
6 Setor de Energia Redução de custos Reduziu em 20% o custo com
energia elétrica
7 Depreciação Cambial Desvalorização do Real A moeda brasileira desvalorizou-
se em quase 20%.
Impedir que a entrada de dólares Controlo do fluxo da entrada de
8 Controlo de Capitais provocasse uma apreciação da capital estrangeiro
moeda
Aumento dos impostos de
importação sobre produtos
9 Protecionismo e conteúdo local Proteger o produto nacional industrializados sobretudo
automóveis com menos de 65%
de conteúdo nacional
A Petrobras fez acordo para alugar
Compras governamentais Estímulo à industrialização navios-sondas com 65% de
10 conteúdo nacional.

Fonte: elaboração própria com informações do BNDES (2020), BCB (2020) e Singer (2015).

Dentro desse panorama, sobretudo o item 8 (Controlo de Capitais), defendido por Guido
Mantega, Ministro da Fazenda, em 2010, foi um recado direto ao sistema financeiro. O Ministro
brasileiro cometeu a “heresia” de controlar o fluxo de capitais. Para Gallagher (2014), “(...)
Mantega anunciou mais uma ronda de controlos de capital - cortes nos fluxos financeiros de
curto prazo para o Brasil para mitigar a valorização do real e para conter as crescentes bolhas

55
de activos” (p. 1). Para Singer (2015), o item 8 e o item 9 (Protecionismo e conteúdo local)
tensionaram fortemente a correlação das forças interna e externa.

Posto isto, Rousseff mexeu com uns dos pilares do pensamento dominante das altas
finanças, pois “Enquanto Lula foi não confrontacionista, Dilma decide entrar em combates
duros. Ao também reduzir os juros e forçar os spreads para baixo, tensionou o pacto
estabelecido com o setor financeiro” (Singer, 2015, p. 47). Esse confronto foi estabelecido, com
a diminuição dos lucros do sistema financeiro, a partir de políticas induzidas pelo governo
federal com intervenções diretas na economia do país e o uso de bancos estatais para forçar a
queda dos juros (Singer, 2015).

Ao entrar em confronto direto com a camada superior e o verdadeiro lar do capitalismo,


o setor das altas finanças (Arrighi, 1996), Rousseff colocou pressão sobre as relações de poder
estabelecidas que foram cuidadosamente preservadas durante o governo Lula (Singer, 2015). A
grande contradição surgiu no setor industrial que, mesmo tendo sido bastante beneficiado pela
NME, se voltou contra o governo. De acordo com Singer (2015), a resposta encontra-se no
abandono de atividades produtivas por parte dos grandes industriais e a transferência de capital
para o setor financeiro, pois “Inúmeras rubricas produtivas caíram sob o controlo de bancos e
fundos de investimento” (p. 60).

Portanto, ao declarar guerra ao setor financeiro e manejar a política fiscal com vista a
incentivar a reorganização produtiva do país, Rousseff criou enormes resistências em vários
setores da sociedade (Singer, 2015). Esse ambiente, combinado com dificuldades do governo
em continuar a sua expansão do gasto público, levou o governo a usar a chamada “contabilidade
criativa e as pedaladas fiscais15” (Singer, 2015).

Nos países desenvolvidos, é amplamente utilizado como forma de se encontrar espaços


orçamentários para promover investimentos, a partir de lacunas deixadas na legislação, porém
no Brasil essa criatividade fiscal levou à queda de um Presidente, democraticamente eleito
(Teixeira et al., 2018). Esse ambiente de instabilidade política levou ao impeachment e à

15
São termos que no Brasil significava que o governo estava a fazer manipulações contabilísticas para
conseguir pagar as obrigações financeiras do país e o atendimento aos programas sociais do governo (Singer,
2015).

56
recessão económica em 2015 e 2016 (Teixeira et al., 2018). Umas das primeiras ações, após a
queda de Rousseff, foi a instituição da lei 13.365/2016, que aumentou o poder das
multinacionais do petróleo na exploração do pré-sal e diminuiu o poder de intervenção do
Estado, em linha com o Consenso de Washington (Tokarski, 2021).

4.3- “A armadilha do ajuste estrutural”

Parte das propostas do Fundo que visam o “equilíbrio” das contas públicas têm como foco o
ajuste estrutural ou políticas de austeridade. Historicamente, as imposições dessas políticas são
anteriores à institucionalização do poder estrutural americano, no final da II Guerra Mundial.
Para Mattei (2017), a austeridade no século XX foi colocada em prática a partir das conferências
de Bruxelas (1920) e de Génova (1922), onde tecnocratas estudavam formas de combater a
crise causada pela I Guerra Mundial. Curiosamente, o primeiro caso de austeridade foi no início
da década de 1920, na Itália do Duce Benito Mussolini. Segundo a autora, “(...) a austeridade é
geralmente uma resposta à crise económica real ou prevista. As medidas de austeridade incluem
aumento de impostos (sobretudo impostos regressivos), privatizações, e cortes nos salários do
sector público” (Mattei, 2017, p. 11).

Neste sentido, a austeridade é parte fundamental das políticas preconizadas pelo Fundo
que mantém, como uma de suas premissas, o ajuste estrutural das economias submetidas à sua
supervisão. A influência do Fundo na construção de políticas favoráveis aos interesses de
Washington fica evidenciada, porque nos “(...) dias atuais, não existe, na América Latina,
qualquer ministro de Estado que possa tomar uma decisão macroeconómica importante, sem o
consentimento da tecnoburocracia mundial do FMI; e, aparentemente, a situação não muda
muito em relação aos países do Leste europeu” (Braga, 2000, p. 56).

Dentro deste quadro analítico, segundo Braga (2000), o ajuste estrutural visa recriar
capacidade para o pagamento das obrigações do Estado, que foi amplamente difundida, já que
na prática a “(...) ‘austeridade’ orçamentária (ou seja, corte dos chamados gastos sociais com
saúde e educação, por exemplo), liberalização do comércio e privatizações é aplicada
simultaneamente em mais de 80 países endividados do Terceiro Mundo, Leste Europeu e da ex-
União Soviética” (p. 64). A dívida junto ao Fundo gera novas crises que, por sua vez, leva a

57
mais empréstimos e assim cria um círculo de endividamento e ajustes estruturais contínuos.
Soma-se a isso a manipulação da taxa de juros americana pelo FED, administrada por Paul
Volcker, na década de 1980, e nos anos 1990 por Alan Greenspan, que provocaram a
transferência de US$ 4.6 mil biliões da periferia para o centro (Harvey, 2005).

De acordo com Braga (2000), “Os países endividados perdem a sua soberania
económica e o controlo das políticas económicas e monetárias, os bancos centrais e ministérios
das finanças são reorganizados, as instituições estatais são dissolvidas e a “tutela económica”
do FMI é instalada” (Braga, 2000, p. 64).

Uma parte importante do ajuste estrutural, através da austeridade, é a imposição de uma


agenda neoliberal com a diminuição do papel desempenhado pelo Estado com incentivo às
privatizações. Esse fenómeno ocorreu, em larga escala e a nível mundial, nas décadas de 80 e
90, com destaque para o Brasil, na América Latina, com mais de US$ 50 mil milhões em ativos
públicos privatizados. Na Europa, Portugal chegou a promover privatizações na ordem de 30%
do PIB – Produto Interno Bruto (Brune et al., 2004).

De acordo com Cervo & Bueno (2002), o Brasil ao submeter-se às diretrizes do


Consenso de Washington e aos programas de ajuste estrutural “(...) utilizou, conscientemente,
os mecanismos das privatizações para transferir ativos nacionais a empresas estrangeiras,
abrindo desse modo nova via de transferência de renda ao exterior por meio dos lucros e
aprofundando a dependência estrutural da nação” (p. 492).

O Brasil conseguiu diminuir a força das mudanças neoliberais através dos ajustes
macroeconómicos nos governos Lula e Rousseff. No entanto, como vimos acima, a revanche
do sistema financeiro desestabilizou o governo brasileiro, a partir de 2014, e reenquadrou o
Brasil na lógica dos ajustes estruturais e da austeridade. Para Dweckp et al. (2018),

(...) diante da desaceleração económica, o governo Dilma optou por medidas de austeridade
que representaram um choque recessivo na economia brasileira. No que se refere ao choque
fiscal, o gasto primário do governo central caiu 2,9% em 2015 depois de anos consecutivos
de crescimento positivo (p. 7).

Neste sentido, após o reenquadramento do Brasil dentro do espaço hegemónico do poder


estrutural americano, com o impeachment de Rousseff, em 2016, o novo governo de seu ex-

58
vice-presidente, Michel Temer (2016 a 2018) institucionalizou a austeridade, ao colocar o ajuste
estrutural de forma permanente na Constituição Federal.

Isso foi conseguido em duas ações: a (Emenda Constitucional (EC) 95, 2016) que
estaria em vigor por 20 anos, popularmente conhecida como teto de gastos, porém foi
substituída pelo “arcabouço fiscal” do Governo Lula em 2023 (Lei Complementar no 200, 2023).
Uma outra ação, já no governo de Jair Messias Bolsonaro (2019 a 2022) foi a (Lei
Complementar n.179, 2021) , que dispõe sobre a autonomia do BCB.

Para Dweckp et al (2018), a EC n. 95 atinge dois objetivos:

1) ao constitucionalizar a austeridade no Brasil, a EC95 agrega uma força contracionista à


política fiscal (…) e
2) a EC95 tende a aumentar a desigualdade no Brasil uma vez que, (. . .) o gasto social, em
particular o gasto público com saúde e educação são importantes instrumentos de redução da
desigualdade no Brasil (p. 14).

A autonomia do BCB, por sua vez, pode significar uma ação decisiva no processo de dominação
americana sobre a economia brasileira, pois coloca na prática, o controle do coração do sistema
financeiro brasileiro nas mãos dos financistas internacionais. Atualmente, o novo governo
brasileiro, que começou em janeiro de 2023, no terceiro mandato presidencial de Lula, está a
sentir os efeitos dos condicionamentos políticos e económicos. Um desses condicionamentos
foi ter herdado do governo neoliberal de Bolsonaro, o atual Presidente do BCB (2023a) ,
Roberto Campos Neto, que trabalhou em vários bancos privados e é graduado em economia
pela Universidade da Califónia nos E.U.A.. Contudo, o Ministério da Fazenda apresentou, no
dia 30 de março de 2023, o denominado “arcabouço fiscal”, uma medida para conter o
endividamento público conforme visto acima. Assim, o objetivo é garantir “(...) a retomada de
investimentos e recompor a base económica com responsabilidade fiscal e social. A Medida é
essencial para a estabilidade, redução da inflação e estímulo ao investimento privado e
internacional” (Lei Complementar no 200, 2023). Na prática, é apenas uma flexibilização da
EC 95 a seguir, a mesma lógica de austeridade dos governos anteriores. Na Figura 13, podemos
analisar os efeitos concretos das políticas de austeridade, combinadas com ajustes estruturais
ao longo de quase duas décadas.

59
Figura 13 - Análise da economia política do Brasil
GOVERNO PRINCIPAIS AJUSTE ESTRUTURAL/ RESULTADOS DA RESULTADOS
ANO DO BRASIL ACONTECIMENTOS CONDICIONALIDADES AUSTERIDADE NO MACROECONÓ-
INTERNACIONAIS NEGOCIADOS COM O FMI BRASIL MICOS NO BRASIL
Diminuição da dívida PIB: -0,4%
Crise mexicana Ajuste fiscal, privatizações e pública, disciplina (4ºtrimestre/1998)
Fernando (1994), Crise Asiática monitoramento das contas monetária, bandas Taxa Juros/ano: 19%
1998 Henrique (1997), Crise Russa públicas cambiais (1995 a Desempego: 9%
Cardoso (1998) 1998) e câmbio
flutuante (1999)
PIB:1,42%
Fernando Crise argentina, Ajuste fiscal e monitoramento Câmbio flutuante, (4ºtrimestre/2001)
2001 Henrique Ataques Terroristas das contas públicas. disciplina monetária e Taxa Juros/ano: 19,5%
Cardoso (11/09), entrada da fiscal. Desempego: 6,2%
China na Organização Superávit primario:
Mundial do Comércio 2,3%
(OMC)
PIB:1,52%
Fernando Crise argentina, crise Ajuste fiscal e monitoramento Câmbio flutuante, (4ºtrimestre/2002)
2002 Henrique uruguaia, entrada em das contas públicas. disciplina monetária e Taxa Juros/ano:
Cardoso circulação do Euro fiscal. 24,90%
Desempego: 11,7%
PIB:1,14%
(4ºtrimestre/2003)
Luís Inácio Primeiro ano do Ajuste fiscal e monitoramento Câmbio flutuante, Taxa Juros/ano:
2003 Lula da governo, invasão do das contas públicas. disciplina monetária e 16,32%
Silva Iraque pelos E.U.A. fiscal. Desemprego: 10,90%
Superavit primário
3,75%
Superavit primário:
4,25%16
Vitória de Dilma Câmbio flutuante, PIB: 7,5%
Rousseff para Expansão fiscal e dívida pública Taxa de Juros: 10,66 %
Presidência do Brasil, monitoramento das contas descendente, políticas Desemprego: 6,7 %
2010 Luís Inácio Terramoto no Haiti, públicas. pro - cíclicas, Superávit Primario:
Lula da Wikileaks divulga disciplina monetária, 2,78%
Silva informações sobre intervenção do
atuação dos E.U.A. Estado.
Golpe de Estado na Câmbio flutuante, PIB: 0.5%
Ucrânia, Rússia Ajuste Fiscal e monitoramento dívida pública Taxa de Juros: 11,65%
Dilma realiza a anexação da das contas públicas. crescente, políticas Desemprego: 4,8%
2014 Rousseff Crimeia na Ucrânia, anti-cíclicas, Superávit Primario:
Copa do Mundo no contração fiscal. 1,2%
Brasil
Impeachment de Câmbio flutuante, PIB: -3,3 %
Dilma Rousseff, Ajuste fiscal e monitoramento política anti cíclica, (4ºtrimestre/2016)
Dilma Jogos Olímpicos no das contas públicas. ampliação da Taxa Juros/ano:
2016 Rousseff Brasil, intervenção do 13,65 %
China supera os Estado e fiscal. Desempego: 6,9%
E.U.A. em Déficit primario: -
Purchasing Power 1,85%
Parity (PPP) e dá
início à guerra
comercial entre as
duas superpotências.
Fonte: elaboração própria com dados extraídos das publicações: Almeida (2014); Teixeira & Pinto, (2012); IBGE,
(2022); BCB, (2022).

16
Superavit primário ampliado voluntariamente pelo governo brasileiro de 2003 até 2006, o primeiro ano
do governo Lula da Silva (Almeida, 2014).

60
4.4 - Brasil: de devedor a credor

O Brasil, historicamente, é um país recetor de capital com desenvolvimento dependente e de


tecnologias oriundas dos países mais avançados. Somente a partir de 2003, esse estatuto começa
a mudar, após anos de forte interferência do Fundo na condução da economia política no país.
Isso só foi possível em virtude da mudança da correlação de forças no ambiente interno e
externo. De acordo com Teixeira & Pinto (2012),

Dada, contudo, a redução de influência da fração bancária-financeira sobre as decisões da


política económica, essa é a oportunidade de o País romper definitivamente com a
dominância financeira, com o padrão rentista de acumulação e a inserção externa subordinada,
herdados do período do governo Cardoso que, há duas décadas, tem impedido o crescimento
sustentado (pp. 938-939).

Para reduzir a vulnerabilidade externa e, consequentemente, a influência do Fundo, o


Brasil conseguiu diminuir, de maneira consistente, os seus passivos externos. A questão da
dívida externa brasileira é fundamental para compreendermos os mecanismos de ingerência
internacional no desenvolvimento do país que ficou refém de um ciclo de endividamento, até o
início dos anos 2000. Segundo Carvalho (2003), o governo Lula adotou a estratégia coreana,
que seria pagar o mais brevemente possível os empréstimos, com o objetivo de se libertar das
condicionalidades impostas pelo Fundo.

Dessa forma, “(...) a dívida e a vulnerabilidade externas diminuíram muito desde 2002.
Naquele ano, 67,4% da dívida referiam-se à dívida interna e 32,6% à dívida externa. Em 2014,
a dívida interna passou a 95,1% e a dívida externa a 4,9% “ (Bastos, 2016, p. 5). Na figura 14,
analisamos os empréstimos concedidos pelo Fundo ao Brasil, entre 1998 e 2016.

61
Figura 14 - Análise dos empréstimos concedidos ao Brasil
GOVERNO EMPRÉSTIMO
BRASILEIRO ECONOMIA MODALIDADE DO
– (USD) DO
ANO DO PERÍODO POLÍTICA EMPRÉSTIMO DO FMI AO
FMI AO
DOMINANTE BRASIL
BRASIL

Fernando
U$ 52 mil Supplemental Reserve Facility
1998 Henrique Neoliberal
milhões & Stand-by
Cardoso
Fernando
U$ 17 mil Supplemental Reserve Facility
Henrique
2001 Neoliberal milhões & Stand-by
Cardoso
Fernando
U$ 10 mil Supplemental Reserve Facility
2002 Henrique
Neoliberal milhões & Stand-by
Cardoso
Luís Inácio Lula Penúltima parcela de 30 mil
U$ 4,16 mil
da Silva milhões negociados no ano
2003 Neoliberal milhões
anterior
Luís Inácio Lula Não renovação do acordo com
2006 Neokeynesiana
da Silva - o Fundo
Não renovação do acordo com
2016 Dilma Rousseff Neoliberal -
o Fundo

Fonte: elaboração própria com dados extraídos das publicações: Almeida, (2014); Teixeira & Pinto, (2012); IBGE,
(2022); BCB, (2020).

O Brasil estava numa situação de soberania limitada por não conseguir a sua autonomia
financeira internacional, ao ponto de, em 2004, o governo brasileiro ter de pedir autorização do
Fundo para realizar investimentos em infraestruturas, e que tais investimentos não entrariam
nos ajustes realizados em negociação com o Fundo (Tude & Milani, 2013).

Uma decisão tomada pelo governo brasileiro, com vista à recuperação da autonomia
estratégica e económica, foi o pagamento antecipado das dívidas. Em 2005, o governo decidiu
pagar as dívidas junto ao Fundo, pois

(...) foram pagos de maneira antecipada aproximadamente 10,8 mil milhões de Direitos
Especiais de Saque (DES) – cerca de US$ 15 mil milhões – referentes aos empréstimos
tomados junto ao Fundo. Tal ato também provocou divergências entre economistas. O
Ministério da Fazenda justificou que o pagamento ao FMI ampliou a autonomia do Brasil na
gestão de suas políticas macroeconómicas e maximizou sua confiança internacional,
fortalecendo o mercado de capitais pátrio e diminuindo o risco-país (Tude & Milani, 2013,
p. 95).

Um outro fator que contribuiu para uma maior autonomia nas relações económicas
internacionais do país foi a acumulação de reservas internacionais. Essa estratégia conseguiu
diminuir a vulnerabilidade externa na medida em que “(...) o país acumulou superavits nas suas
62
contas com o exterior (balança de pagamentos) no período e, entre 2003 e 2007, chegou a ter
superavits de transações correntes, ou seja, excluindo variações no passivo externo” (Bastos,
2016, p. 5). De acordo com Serrano & Summa (2011), “(...) houve uma diminuição drástica da
relação entre dívida externa de curto prazo e as reservas internacionais, que havia alcançado a
marca de mais de 90% na crise cambial de 1999, e que caiu para cerca de 20% em 2008” (p.
12). Na Figura 15, podemos observar a evolução das reservas internacionais acumuladas pelo
país.

Figura 15 - Evolução das Reservas Internacionais do Brasil (US$ - Mil Milhões)

400 000

350 000

300 000

250 000

200 000

150 000

100 000

50 000

-
2000 2003 2006 2009 2012 2015 2019

Fonte: elaboração própria com dados do BCB (2023c).

Um dos objetivos da acumulação de reservas internacionais pelo Brasil é a diminuição


do risco cambial. Dessa forma, o país diversificou esses ativos em várias moedas estrangeiras
conforme os dados do relatório de gestão das reservas internacionais do BCB (2023b). A
composição das reservas internacionais do Brasil é dominada pelo dólar americano com 80,42%
seguida do renminbi com 5,37%, o euro com 4,74%, a libra esterlina com 3,15%, o ouro em
2,52%, o iene com 1,86%, o dólar canadense com 1,01% e por último o dólar australiano com
0,92% de acordo com o BCB (2023b).

Segundo Lara, F. M. (2012), a importância para o fortalecimento das reservas


internacionais do Brasil, na primeira década dos anos 2000, ficou evidente quando se deu a
crise do subprime nos E.U.A, em 2008. Nas crises externas de 1997 e 1999, o Brasil ficou
submetido às condicionalidades do Fundo. No entanto, durante o governo Lula (de 2003 a 2010),
houve a crise bancária americana, em 2008, e o governo brasileiro não pediu qualquer
63
empréstimo ao Fundo, para honrar pagamentos externos ou reequilibrar a balança de
pagamentos (F. M. Lara, 2012). Essa situação, conforme sintetizado por Serrano & Summa
(2011), “(...) permitiu que as autoridades, mesmo em um contexto de atração de influxos de
capital especulativo de curto prazo em grande montante, melhorassem a posição de liquidez
internacional do país” (p. 12).

Portanto, a economia política brasileira sofreu variações no decorrer do período em


análise. É possível que, durante os governos neoliberais da década de 1990, o país se tenha
submetido ao domínio americano, ao procurar combater os desequilíbrios das suas contas
externas, com o apoio do Fundo. No entanto, nos governos neodesenvolvimentistas (2003 –
2014), o Brasil conseguiu diminuir a influência do Fundo. Isso só foi possível devido ao maior
intervencionismo estatal, ao pagamento da maior parte da dívida externa e à grande demanda
por commodities por parte da China. Todavia, a retomada da agenda neoliberal, em 2016,
colocou novos desafios a um país estruturalmente condicionado ao baixo crescimento.

64
CONCLUSÃO

Esta dissertação procurou responder à pergunta de partida e aos seus objetivos não só acerca da
influência do poder estrutural dos E.UA. como também sobre a condução das ações de
economia política do Brasil. Para executarmos esta tarefa, foi necessário realizar um estudo
histórico sobre o SMI, da economia política aplicada pelos governos brasileiros, e sobre o amplo
uso do Fundo, como parte fundamental da operacionalização deste poder, cuja base está também
no uso do dólar.

Neste contexto, retomamos a nossa pergunta de partida: quais são as consequências do


poder estrutural americano por intermédio do FMI no desenvolvimento da economia política
brasileira, entre 1995 e 2016? A resposta está nas características assumidas pelas economias
políticas do Brasil neste período. Na prática, vai além da simples implementação das políticas
de austeridade e a relativa perda de soberania económico-financeira do Brasil, como observado
anteriormente. O poder estrutural, em associação com o poder relacional/instrumental, impõe
condicionamentos, conforme teorizado por Strange (Strange, 2015). Evidenciamos que as
amarras impostas pelos ajustes macroeconómicos funcionam como barreiras ao
desenvolvimento, pois os ajustes fiscais contínuos colocam o país numa lógica de “austeridade
perpétua”.

No que respeita aos objetivos específicos, apresentamos abaixo algumas considerações.


No objetivo de analisar como se organiza a orientação ideológica do staff na condução do FMI,
destacamos o viés ideológico neoliberal do Fundo, a partir da origem académica de seu staff.
Neste aspeto, a sub-representação das nações em desenvolvimento impede uma maior
pluralidade de pensamento dentro do Fundo. Ficou claro o cuidado dos países do G7, no
controle da instituição, privilegiando pessoas cujo local de formação académica se situa nas
principais universidades americanas e europeias de matriz liberal.

Em relação ao objetivo de investigar como se operacionaliza o poder estrutural


americano no seio do FMI, concluiu-se que a nossa investigação identificou a operacionalização
do poder estrutural americano, através do Fundo, da imposição da austeridade, do domínio do
dólar em consonância com o Consenso de Washington. No nosso trabalho, apresentamos
também uma análise à composição das quotas dos países membros. Conclui-se que os países
do G7, não somente os EUA, mantêm controlo sobre o Fundo, usando o poder de veto e
65
ocupando as principais diretorias, a despeito da participação dos BRICS+ na economia mundial
ser maior.

Quanto ao objetivo de estudar como a economia política brasileira, de 1995 até 2016,
rececionaram as diretrizes do Consenso de Washington e executaram os programas de ajuste
estrutural do FMI, a nossa investigação também demonstrou que essas diretrizes e respetiva
execução tomaram diferentes formas. A economia política brasileira, durante esse período, teve
ajustes, políticas de diminuição do papel do Estado e de sujeição aos interesses do E.U.A.,
sobretudo na década de 90. Constata-se, no entanto, um breve recuo, entre 2003 até 2014, nas
políticas públicas, segundo as diretrizes neoliberais. Após o impeachment em 2016, retomou-
se com força a agenda neoliberal, ao ponto de se ter institucionalizado a austeridade. Porém, a
vitória de Lula, em 2022, não significa a reversão da lógica de austeridade e de retorno de
autonomia estratégica. Por outro lado, Lula repete Rousseff, que se tornou Presidente do NBD,
em 2023, ao desafiar o establishment americano e financeiro internacional, ao criticar em
Beijing os modelos de financiamento, a conduta do Fundo e a hegemonia do dólar (Agência
Brasil, 2023). Apesar de tudo, votou, na ONU, pela condenação da Federação Russa, pelo início
da “operação militar especial” na Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.

O outro objetivo deste estudo foi verificar como algumas instituições públicas e privadas
dos E.U.A. atuam para influenciar os programas de ajustamento estrutural, proposto pelo
Fundo. Nós identificámos ações em linha com o Consenso de Washington e com o governo
estadunidense, conforme os interesses de grupos privados internacionais. Tomemos como
exemplo o caso dos bancos americanos ou europeus em risco, que levam a burocracia dos
governos do G7 a atuar pela liberação de mais recursos. Neste sentido, a intensa
desnacionalização de empresas públicas e o poder do sistema financeiro, de impor os seus
interesses, ficou evidente através dos lobbies e do Congresso americano. As privatizações,
iniciadas na década de 1990, institucionalizaram formas de dominação estrangeira sobre a
economia nacional, com introdução de leis favoráveis aos interesses externos, como no caso da
venda das empresas de telecomunicações a empresas multinacionais. Esse objetivo foi
parcialmente atingido devido à identificação de apenas algumas instituições e o nexo direto de
causalidade entre o lobby e a tomada de decisão pelo Fundo.

66
No entanto, em que pese a ação do poder estrutural e relacional/instrumental
euroamericano, a ascensão da China e de um mundo multipolar mostra novas oportunidades. A
crescente internacionalização do renminbi, a nova rota da seda, o fortalecimento dos BRICS+,
da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), de instituições de investimentos como
NBD, o AIIB e de ajuda em caso de crise, como o ACR, sob a liderança chinesa, são importantes
acontecimentos de uma possível criação de um novo poder estrutural. Estas são as iniciativas
criadas na periferia do capitalismo mundial, o que poderá representar uma oportunidade para o
Brasil se desenvolver sem os condicionamentos estruturais das instituições criadas em Bretton
Woods e dos E.U.A.

Limites e pistas de investigação

Uma primeira limitação prendeu-se com a dificuldade de se agendar uma entrevista com
pessoas que já trabalharam em instituições internacionais, como o Fundo. Demo-nos conta
também de outra limitação: o extenso espaço temporal selecionado para a nossa investigação,
facto que dificultou um maior aprofundamento de alguns aspetos a serem estudados.

Acreditamos que os resultados destas investigações poderão conduzir-nos a


investigações mais amplas, em relação à verdadeira natureza do poder estrutural. Para trabalhos
futuros, é importante a realização de análise comparativa dos efeitos do poder estrutural em
países de diferentes regiões. A Argentina e a Coreia do Sul seriam dois exemplos onde esse
poder tomou formas diferentes. Neste sentido, os BRICS seriam também um interessante caso
de surgimento de um poder estrutural construído fora do controlo do G7. Um estudo sobre a
natureza do poder estrutural e relacional das empresas que controlam biliões de ativos
financeiros pelo mundo também será de grande valia.

67
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92
Anexo B – Histórico da Taxa de Juros no Brasil

Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic


de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

248º 03/08/2022 04/08/2022 - 13,7


5

247º 15/06/2022 17/06/2022 - 13,2 1,68 13,15


03/08/2022 5

246º 04/05/2022 05/05/2022 - 12,7 1,43 12,65


16/06/2022 5

245º 16/03/2022 17/03/2022 - 11,7 1,45 11,65


04/05/2022 5

244º 02/02/2022 03/02/2022 - 10,7 1,13 10,65


16/03/2022 5

243º 08/12/2021 09/12/2021 - 9,25 1,40 9,15


02/02/2022

242º 27/10/2021 28/10/2021 - 7,75 0,82 7,65


08/12/2021

241º 22/09/2021 23/09/2021 - 6,25 0,57 6,15


27/10/2021

240º 04/08/2021 05/08/2021 - 5,25 0,68 5,15


22/09/2021

239º 16/06/2021 17/06/2021 - 4,25 0,57 4,15


04/08/2021

238º 05/05/2021 06/05/2021 - 3,50 0,39 3,40


16/06/2021

237º 17/03/2021 18/03/2021 - 2,75 0,34 2,65


05/05/2021

236º 20/01/2021 21/01/2021 - 2,00 0,28 1,90


17/03/2021

93
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

235º 09/12/2020 10/12/2020 - 2,00 0,21 1,90


20/01/2021

234º 28/10/2020 29/10/2020 - 2,00 0,22 1,90


09/12/2020

233º 16/09/2020 17/09/2020 - 2,00 0,22 1,90


28/10/2020

232º 05/08/2020 06/08/2020 - 2,00 2,00 1,90


16/09/2020

231º 17/06/2020 18/06/2020 - 2,25 0,30 2,15


05/08/2020

230º 06/05/2020 07/05/2020 - 3,00 0,32 2,90


17/06/2020

229º 18/03/2020 19/03/2020 - 3,75 0,46 3,65


06/05/2020

228º 05/02/2020 06/02/2020 - 4,25 0,45 4,15


18/03/2020

227º 11/12/2019 12/12/2019 - 4,50 0,65 4,40


05/02/2020

226º 30/10/2019 31/10/2019 - 5,00 0,55 4,90


11/12/2019

225º 18/09/2019 19/09/2019 - 5,50 0,63 5,40


30/10/2019

224º 31/07/2019 01/08/2019 - 6,00 0,80 5,90


18/09/2019

223º 19/06/2019 21/06/2019 - 6,50 0,72 6,40


31/07/2019

222º 08/05/2019 09/05/2019 - 6,50 0,74 6,40


20/06/2019

221º 20/03/2019 21/03/2019 - 6,50 0,82 6,40


08/05/2019

94
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

220º 06/02/2019 07/02/2019 - 6,50 0,69 6,40


20/03/2019

219º 12/12/2018 13/12/2018 - 6,50 0,94 6,40


06/02/2019

218º 31/10/2018 01/11/2018 - 6,50 0,69 6,40


12/12/2018

217º 19/09/2018 20/09/2018 - 6,50 0,72 6,40


31/10/2018

216º 01/08/2018 02/08/2018 - 6,50 0,84 6,40


19/09/2018

215º 20/06/2018 21/06/2018 - 6,50 0,74 6,40


01/08/2018

214º 16/05/2018 17/05/2018 - 6,50 0,59 6,40


20/06/2018

213º 21/03/2018 22/03/2018 - 6,50 0,94 6,40


16/05/2018

212º 07/02/2018 08/02/2018 - 6,75 0,72 6,65


21/03/2018

211º 06/12/2017 07/12/2017 - 7,00 1,15 6,90


07/02/2018

210º 25/10/2017 26/10/2017 - 7,50 0,80 7,40


06/12/2017

209º 06/09/2017 08/09/2017 - 8,25 1,03 8,15


25/10/2017

208º 26/07/2017 27/07/2017 - 9,25 1,05 9,15


06/09/2017

207º 31/05/2017 01/06/2017 - 10,2 1,51 10,15


26/07/2017 5

206º 12/04/2017 13/04/2017 - 11,2 1,35 11,15


31/05/2017 5

95
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

205º 22/02/2017 23/02/2017 - 12,2 1,51 12,15


12/04/2017 5

204º 11/01/2017 12/01/2017 - 13,0 1,45 12,90


22/02/2017 0

203º 30/11/2016 01/12/2016 - 13,7 1,53 13,65


11/01/2017 5

202º 19/10/2016 20/10/2016 - 14,0 1,46 13,90


30/11/2016 0

201º 31/08/2016 01/09/2016 - 14,2 1,75 14,15


19/10/2016 5

200º 20/07/2016 21/07/2016 - 14,2 1,59 14,15


31/08/2016 5

199º 08/06/2016 09/06/2016 - 14,2 1,59 14,15


20/07/2016 5

198º 27/04/2016 28/04/2016 - 14,2 1,53 14,15


08/06/2016 5

197º 02/03/2016 03/03/2016 - 14,2 2,02 14,15


27/04/2016 5

196º 20/01/2016 21/01/2016 - 14,2 1,48 14,15


02/03/2016 5

195º 25/11/2015 26/11/2015 - 14,2 2,02 14,15


20/01/2016 5

194º 21/10/2015 22/10/2015 - 14,2 1,27 14,15


25/11/2015 5

193º 02/09/2015 03/09/2015 - 14,2 1,75 14,15


21/10/2015 5

192º 29/07/2015 30/07/2015 - 14,2 1,32 14,15


02/09/2015 5

191º 03/06/2015 04/06/2015 - 13,7 2,00 13,65


29/07/2015 5

96
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

190º 29/04/2015 30/04/2015 - 13,2 1,18 13,15


03/06/2015 5

189º 04/03/2015 05/03/2015 - 12,7 1,81 12,65


29/04/2015 5

188º 21/01/2015 22/01/2015 - 12,2 1,28 12,15


04/03/2015 5

187º 03/12/2014 04/12/2014 - 11,7 1,45 11,65


21/01/2015 5

186º 29/10/2014 30/10/2014 - 11,2 1,05 11,15


03/12/2014 5

185º 03/09/2014 04/09/2014 - 11,0 1,66 10,90


29/10/2014 0

184º 16/07/2014 17/07/2014 - 11,0 1,45 10,90


03/09/2014 0

183º 28/05/2014 29/05/2014 - 11,0 1,41 10,90


16/07/2014 0

182º 02/04/2014 03/04/2014 - 11,0 1,53 10,90


28/05/2014 0

181º 26/02/2014 27/02/2014 - 10,7 0,93 10,65


02/04/2014 5

180º 15/01/2014 16/01/2014 - 10,5 1,18 10,40


26/02/2014 0

179º 27/11/2013 28/11/2013 - 10,0 1,24 9,90


15/01/2014 0

178º 09/10/2013 10/10/2013 - 9,50 1,22 9,40


27/11/2013

177º 28/08/2013 29/08/2013 - 9,00 1,02 8,90


09/10/2013

176º 10/07/2013 11/07/2013 - 8,50 1,13 8,40


28/08/2013

97
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

175º 29/05/2013 30/05/2013 - 8,00 0,88 7,90


10/07/2013

174º 17/04/2013 18/04/2013 - 7,50 0,82 7,40


29/05/2013

173º 06/03/2013 07/03/2013 - 7,25 0,80 7,16


17/04/2013

172º 16/01/2013 17/01/2013 - 7,25 0,90 7,12


06/03/2013

171º 28/11/2012 29/11/2012 - 7,25 0,91 7,14


16/01/2013

170º 10/10/2012 11/10/2012 - 7,25 0,88 7,14


28/11/2012

169º 29/08/2012 30/08/2012 - 7,50 0,82 7,39


10/10/2012

168º 11/07/2012 12/07/2012 - 8,00 1,06 7,89


29/08/2012

167º 30/05/2012 31/05/2012 - 8,50 0,93 8,39


11/07/2012

166º 18/04/2012 19/04/2012 - 9,00 0,99 8,90


30/05/2012

165º 07/03/2012 08/03/2012 - 9,75 1,07 9,65


18/04/2012

164º 18/01/2012 19/01/2012 - 10,5 1,30 10,40


07/03/2012 0

163º 30/11/2011 01/12/2011 - 11,0 1,45 10,90


18/01/2012 0

162º 19/10/2011 20/10/2011 - 11,5 1,21 11,40


30/11/2011 0

161º 31/08/2011 01/09/2011 - 12,0 1,48 11,90


19/10/2011 0

98
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

160º 20/07/2011 21/07/2011 - 12,5 1,40 12,42


31/08/2011 0

159º 08/06/2011 09/06/2011 - 12,2 1,33 12,17


20/07/2011 5

158º 20/04/2011 21/04/2011 - 12,0 1,49 11,92


08/06/2011 0

157º 02/03/2011 03/03/2011 - 11,7 1,46 11,67


20/04/2011 5

156º 19/01/2011 20/01/2011 - 11,2 1,27 11,17


02/03/2011 5

155º 08/12/2010 09/12/2010 - 10,7 1,21 10,66


19/01/2011 5

154º 20/10/2010 21/10/2010 - 10,7 1,34 10,66


08/12/2010 5

153º 01/09/2010 02/09/2010 - 10,7 1,34 10,66


20/10/2010 5

152º 21/07/2010 22/07/2010 - 10,7 1,21 10,66


01/09/2010 5

151º 09/06/2010 10/06/2010 - 10,2 1,16 10,16


21/07/2010 5

150º 28/04/2010 29/04/2010 - 9,50 1,04 9,40


09/06/2010

149º 17/03/2010 18/03/2010 - 8,75 0,93 8,65


28/04/2010

148º 27/01/2010 28/01/2010 - 8,75 1,09 8,65


17/03/2010

147º 09/12/2009 10/12/2009 - 8,75 1,09 8,65


27/01/2010

146º 21/10/2009 22/10/2009 - 8,75 1,13 8,65


09/12/2009

99
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

145º 02/09/2009 03/09/2009 - 8,75 1,09 8,65


21/10/2009

144º 22/07/2009 23/07/2009 - 8,75 0,99 8,65


02/09/2009

143º 10/06/2009 11/06/2009 - 9,25 1,01 9,16


22/07/2009

142º 29/04/2009 30/04/2009 - 10,2 1,12 10,16


10/06/2009 5

141º 11/03/2009 12/03/2009 - 11,2 1,40 11,16


29/04/2009 5

140º 21/01/2009 22/01/2009 - 12,7 1,57 12,66


11/03/2009 5

139º 10/12/2008 11/12/2008 - 13,7 1,43 13,66


21/01/2009 5

138º 29/10/2008 30/10/2008 - 13,7 1,53 13,65


10/12/2008 5

137º 10/09/2008 11/09/2008 - 13,7 1,79 13,66


29/10/2008 5

136º 23/07/2008 24/07/2008 - 13,0 1,70 12,92


10/09/2008 0

135º 04/06/2008 05/06/2008 - 12,2 1,61 12,17


23/07/2008 5

134º 16/04/2008 17/04/2008 - 11,7 1,41 11,63


04/06/2008 5

133º 05/03/2008 06/03/2008 - 11,2 1,23 11,18


16/04/2008 5

132º 23/01/2008 24/01/2008 - 11,2 1,18 11,18


05/03/2008 5

131º 05/12/2007 06/12/2007 - 11,2 1,40 11,18


23/01/2008 5

100
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

130º 17/10/2007 18/10/2007 - 11,2 1,40 11,18


05/12/2007 5

129º 05/09/2007 06/09/2007 - 11,2 1,18 11,18


17/10/2007 5

128º 18/07/2007 19/07/2007 - 11,5 1,51 11,43


05/09/2007 0

127º 06/06/2007 07/06/2007 - 12,0 1,31 11,93


18/07/2007 0

126º 18/04/2007 19/04/2007 - 12,5 1,59 12,43


06/06/2007 0

125º 07/03/2007 08/03/2007 - 12,7 1,38 12,68


18/04/2007 5

124º 24/01/2007 25/01/2007 - 13,0 1,36 12,93


07/03/2007 0

123º 29/11/2006 30/11/2006 - 13,2 1,89 13,19


24/01/2007 5

122º 17/10/2006 18/10/2006 - 13,7 1,43 13,67


29/11/2006 5

121º 30/08/2006 31/08/2006 - 14,2 1,75 14,17


17/10/2006 5

120º 19/07/2006 20/07/2006 - 14,7 1,64 14,67


30/08/2006 5

119º 31/05/2006 01/06/2006 - 15,2 1,92 15,18


19/07/2006 5

118º 19/04/2006 20/04/2006 - 15,7 1,63 15,70


31/05/2006 5

117º 08/03/2006 09/03/2006 - 16,5 1,77 16,50


19/04/2006 0

116º 18/01/2006 19/01/2006 - 17,2 2,11 17,26


08/03/2006 5

101
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

115º 14/12/2005 15/12/2005 - 18,0 1,66 18,00


18/01/2006 0

114º 23/11/2005 24/11/2005 - 18,5 1,01 18,49


14/12/2005 0

113º 19/10/2005 20/10/2005 - 19,0 1,60 18,98


23/11/2005 0

112º 14/09/2005 15/09/2005 - 19,5 1,71 19,48


19/10/2005 0

111º 17/08/2005 18/08/2005 - 19,7 1,37 19,74


14/09/2005 5

110º 20/07/2005 21/07/2005 - 19,7 1,44 19,75


17/08/2005 5

109º 15/06/2005 16/06/2005 - 19,7 1,80 19,73


20/07/2005 5

108º 18/05/2005 19/05/2005 - 19,7 1,37 19,75


15/06/2005 5

107º 20/04/2005 22/04/2005 - 19,5 1,35 19,51


18/05/2005 0

106º 16/03/2005 17/03/2005 - 19,2 1,69 19,24


21/04/2005 5

105º 16/02/2005 17/02/2005 - 18,7 1,37 18,75


16/03/2005 5

104º 19/01/2005 20/01/2005 - 18,2 1,20 18,25


16/02/2005 5

103º 15/12/2004 16/12/2004 - 17,7 1,63 17,74


19/01/2005 5

102º 17/11/2004 18/11/2004 - 17,2 1,27 17,23


15/12/2004 5

101º 19/10/2004 20/10/2004 - 16,7 1,11 16,74


17/11/2004 5

102
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

100º 15/09/2004 16/09/2004 - 16,2 1,44 16,23


19/10/2004 5

99º 18/08/2004 19/08/2004 - 16,0 1,12 15,90


15/09/2004 0

98º 21/07/2004 22/07/2004 - 16,0 1,17 15,83


18/08/2004 0

97º 16/06/2004 17/06/2004 - 16,0 1,46 15,79


21/07/2004 0

96º 19/05/2004 20/05/2004 - 16,0 1,11 15,79


16/06/2004 0

95º 14/04/2004 15/04/2004 - 16,0 1,41 15,80


19/05/2004 0

94º 17/03/2004 18/03/2004 - 16,2 1,13 16,09


14/04/2004 5

93º 18/02/2004 19/02/2004 - 16,5 1,08 16,28


17/03/2004 0

92º 21/01/2004 22/01/2004 - 16,5 1,21 16,30


18/02/2004 0

91º 17/12/2003 18/12/2003 - 16,5 1,39 16,32


21/01/2004 0

90º 19/11/2003 20/11/2003 - 17,5 1,28 17,32


17/12/2003 0

89º 22/10/2003 23/10/2003 - 19,0 1,38 18,84


19/11/2003 0

88º 17/09/2003 18/09/2003 - 20,0 1,81 19,84


22/10/2003 0

87º 20/08/2003 21/08/2003 - 22,0 1,58 21,84


17/09/2003 0

86º 23/07/2003 24/07/2003 - 24,5 1,74 24,32


20/08/2003 0

103
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

85º 18/06/2003 19/06/2003 - 26,0 2,21 25,74


23/07/2003 0

84º 21/05/2003 22/05/2003 - 26,5 1,87 26,27


18/06/2003 0

83º 23/04/2003 24/04/2003 - 26,5 1,78 26,32


21/05/2003 0

82º 19/03/2003 alta 20/03/2003 - 26,5 2,16 26,32


23/04/2003 0

81º 19/02/2003 20/02/2003 - 26,5 1,68 26,30


19/03/2003 0

80º 22/01/2003 23/01/2003 - 25,5 1,81 25,36


19/02/2003 0

79º 18/12/2002 19/12/2002 - 25,0 2,05 24,90


22/01/2003 0

78º 20/11/2002 21/11/2002 - 22,0 1,58 21,90


18/12/2002 0

77º 22/10/2002 23/10/2002 - 21,0 1,44 20,90


20/11/2002 0

76º ex. 14/10/2002 15/10/2002 - 21,0 0,53 20,90


22/10/2002 0

75º 18/09/2002 19/09/2002 - 18,0 1,18 17,90


14/10/2002 0

74º 21/08/2002 baixa 22/08/2002 - 18,0 1,31 17,87


18/09/2002 0

73º 17/07/2002 18/07/2002 - 18,0 1,64 17,86


21/08/2002 0

72º 19/06/2002 baixa 20/06/2002 - 18,5 1,35 18,40


17/07/2002 0

71º 22/05/2002 23/05/2002 - 18,5 1,26 18,07


19/06/2002 0

104
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

70º 17/04/2002 18/04/2002 - 18,5 1,62 18,35


22/05/2002 0

69º 20/03/2002 21/03/2002 - 18,5 1,28 18,45


17/04/2002 0

68º 20/02/2002 21/02/2002 - 18,7 1,38 18,80


20/03/2002 5

67º 23/01/2002 24/01/2002 - 19,0 1,25 19,05


20/02/2002 0

66º 19/12/2001 20/12/2001 - 19,0 1,60 19,05


23/01/2002 0

65º 21/11/2001 22/11/2001 - 19,0 1,39 19,05


19/12/2001 0

64º 17/10/2001 18/10/2001 - 19,0 1,60 19,05


21/11/2001 0

63º 19/09/2001 20/09/2001 - 19,0 1,32 19,07


17/10/2001 0

62º 22/08/2001 23/08/2001 - 19,0 1,32 19,04


19/09/2001 0

61º 18/07/2001 19/07/2001 - 19,0 1,74 18,96


22/08/2001 0

60º 20/06/2001 baixa 21/06/2001 - 18,2 1,34 18,31


18/07/2001 5

59º 23/05/2001 24/05/2001 - 16,7 1,17 16,76


20/06/2001 5

58º 18/04/2001 19/04/2001 - 16,2 1,45 16,30


23/05/2001 5

57º 21/03/2001 22/03/2001 - 15,7 1,11 15,84


18/04/2001 5

56º 14/02/2001 15/02/2001 - 15,2 1,30 15,20


21/03/2001 5

105
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

55º 17/01/2001 18/01/2001 - 15,2 1,13 15,19


14/02/2001 5

54º 20/12/2000 21/12/2000 - 15,7 1,05 15,76


17/01/2001 5

53º 22/11/2000 23/11/2000 - 16,5 1,21 16,38


20/12/2000 0

52º 18/10/2000 19/10/2000 - 16,5 1,41 16,56


22/11/2000 0

51º 20/09/2000 21/09/2000 - 16,5 1,16 16,60


18/10/2000 0

50º 23/08/2000 24/08/2000 - 16,5 1,16 16,54


20/09/2000 0

49º 19/07/2000 20/07/2000 - 16,5 1,53 16,51


23/08/2000 0

48º baixa 10/07/2000 - 17,0 0,50 16,96


19/07/2000 0

48º 20/06/2000 baixa 21/06/2000 - 17,5 0,76 17,35


07/07/2000 0

47º 24/05/2000 25/05/2000 - 18,5 1,28 18,39


20/06/2000 0

46º 19/04/2000 20/04/2000 - 18,5 1,57 18,55


24/05/2000 0

45º baixa 29/03/2000 - 18,5 1,09 18,60


19/04/2000 0

45º 22/03/2000 baixa 23/03/2000 - 19,0 0,28 18,94


28/03/2000 0

44º 16/02/2000 17/02/2000 - 19,0 1,59 18,88


22/03/2000 0

43º 19/01/2000 20/01/2000 - 19,0 1,38 18,87


16/02/2000 0

106
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

42º 15/12/1999 16/12/1999 - 19,0 1,74 19,00


19/01/2000 0

41º 10/11/1999 11/11/1999 - 19,0 1,67 18,99


15/12/1999 0

40º 06/10/1999 baixa 07/10/1999 - 19,0 1,59 18,87


10/11/1999 0

39º 22/09/1999 23/09/1999 - 19,0 0,69 19,01


06/10/1999 0

38º 01/09/1999 02/09/1999 - 19,5 1,00 19,52


22/09/1999 0

37º 28/07/1999 29/07/1999 - 19,5 1,78 19,51


01/09/1999 0

36º 23/06/1999 baixa 24/06/1999 - 21,0 1,90 20,88


28/07/1999 0

35º baixa 09/06/1999 - 22,0 0,87 21,92


23/06/1999 0

35º 19/05/1999 baixa 20/05/1999 - 23,5 1,09 23,36


08/06/1999 0

34º baixa 13/05/1999 - 27,0 0,47 26,96


19/05/1999 0

34º baixa 10/05/1999 - 29,5 0,31 29,53


12/05/1999 0

34º baixa 29/04/1999 - 32,0 0,77 31,91


07/05/1999 0

34º 14/04/1999 baixa 15/04/1999 - 34,0 1,05 33,92


28/04/1999 0

33º baixa 06/04/1999 - 39,5 0,93 39,42


14/04/1999 0

33º baixa 25/03/1999 - 42,0 0,84 41,96


05/04/1999 0

107
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

33º 04/03/1999 baixa 05/03/1999 - 45,0 2,08 44,95


24/03/1999 0

32º 18/01/1999 19/01/1999 - 25,0 41,00 3,98 37,34


04/03/1999 0

31º 16/12/1998 17/12/1998 - 29,0 36,00 2,16 29,21


18/01/1999 0

30º 11/11/1998 12/11/1998 - 19,0 42,25 3,02 34,93


16/12/1998 0

29º 07/10/1998 08/10/1998 - 19,0 49,75 3,26 42,12


11/11/1998 0

28º ex. 10/09/1998 11/09/1998 - 19,0 49,75 2,58 40,18


07/10/1998 0

27º 02/09/1998 03/09/1998 - 19,0 29,75 0,45 25,49


10/09/1998 0

26º 29/07/1998 30/07/1998 - 19,7 25,75 1,76 19,25


02/09/1998 5

25º 24/06/1998 25/06/1998 - 21,0 28,00 1,86 20,45


29/07/1998 0

24º 20/05/1998 21/05/1998 - 21,7 29,75 1,85 21,23


24/06/1998 5

23º 15/04/1998 16/04/1998 - 23,2 35,25 1,92 23,16


20/05/1998 5

22º 04/03/1998 05/03/1998 - 28,0 38,00 2,74 27,51


15/04/1998 0

21º 28/01/1998 29/01/1998 - 34,5 42,00 2,72 34,20


04/03/1998 0

20º 17/12/1997 02/01/1998 - 38,0 43,00 2,43 37,47


28/01/1998 0

19º 19/11/1997 01/12/1997 - 2,90 3,15 2,97 39,87


31/12/1997

108
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

18º ex. 30/10/1997 31/10/1997 - 3,05 3,23 3,18 45,67


30/11/1997

17º 22/10/1997 01/11/1997 - 1,00 1,00 3,04 45,90


30/11/1997

16º 17/09/1997 01/10/1997 - 1,58 1,78 1,53 19,05


30/10/1997

15º 20/08/1997 01/09/1997 - 1,58 1,78 1,59 19,81


30/09/1997

14º 23/07/1997 01/08/1997 - 1,58 1,78 1,59 20,78


31/08/1997

13º 18/06/1997 01/07/1997 - 1,58 1,78 1,60 19,04


31/07/1997

12º 21/05/1997 01/06/1997 - 1,58 1,78 1,61 21,08


30/06/1997

11º 16/04/1997 01/05/1997 - 1,58 1,78 1,58 21,91


31/05/1997

10º 19/03/1997 01/04/1997 - 1,58 1,78 1,66 21,84


30/04/1997

9º 19/02/1997 01/03/1997 - 1,62 1,80 1,64 24,11


31/03/1997

8º 22/01/1997 01/02/1997 - 1,66 1,84 1,67 26,14


28/02/1997

7º 18/12/1996 01/01/1997 - 1,70 1,88 1,73 21,73


31/01/1997

6º 27/11/1996 01/12/1996 - 1,74 1,90 1,80 23,94


31/12/1996

5º 23/10/1996 01/11/1996 - 1,78 1,90 1,80 25,27


30/11/1996

4º 23/09/1996 01/10/1996 - 1,82 1,93 1,86 23,48


31/10/1996

109
Reunião Copom Período META TBAN Taxa Selic
de Selic
vigência
# data viés % % a.m % % a.a
a.a Taxa de juros Taxa
acumulada média
no período diária
de
juros,
anualiz
ada
com
base
em 252
dias
úteis.

3º 21/08/1996 01/09/1996 - 1,88 1,90 25,40


30/09/1996

2º 30/07/1996 01/08/1996 - 1,90 1,97 25,01


31/08/1996

1º 26/06/1996 01/07/1996 - 1,90 1,93 23,28


31/07/1996

Fonte: elaboração própria com dados (Taxaselic, 2022), (BCB, 2022)

Legenda:

 ex. - Reunião extraordinária


 viés - Utilização da faculdade para alterar a meta para a Taxa SELIC entre reuniões do
COPOM.
 baixa - Reunião em que a meta para a Taxa SELIC foi fixada com viés de baixa.
 alta - Reunião em que a meta para a Taxa SELIC foi fixada com viés de alta.
 TBAN - foi criada em 28/08/1996 e extinta em 04/03/1999.

110
Anexo C - Série histórica do PIB do Brasil

Produto Interno
PIB valores
Bruto (PIB) - PIB per capita em
Série Ano correntes em
variação em valores correntes
1.000.000
volume
1947 - 179 3.725
1948 9,7 207 4.217
1949 7,7 242 4.788
1950 6,8 282 5.420
1951 4,9 349 6.529
1952 7,3 410 7.461
1953 4,7 490 8.648
1954 7,8 671 11.515
1955 8,8 815 13.568
1956 2,9 1.029 16.632
1957 7,7 1.249 19.596
1958 10,8 1.555 23.677
1959 9,8 2.320 34.279
1960 9,4 3.183 45.650
1961 8,6 4.653 64.786
1962 6,6 7.452 100.747
Série
antiga 1963 0,6 13.376 175.607
1964 3,4 26.214 334.297
1965 2,4 42.662 528.630
1966 6,7 62.789 756.194
1967 4,2 82.783 969
1968 9,8 115.171 1.312
1969 9,5 151.400 1.678
1970 10,4 194.315 2.096
1971 11,3 258.296 2.713
1972 11,9 346.581 3.546
1973 14,0 511.834 5.104
1974 8,2 745.136 7.244
1975 5,2 1.049.518 9.953
1976 10,3 1.633.963 15.122
1977 4,9 2.492.978 22.526
1978 5,0 3.617.246 31.927
1979 6,8 5.961.236 51.422
111
1980 9,2 12.508 105.495
1981 -4,3 24.016 198.225
1982 0,8 48.681 393.303
1983 -2,9 109.386 865.378
1984 5,4 347.886 2.696.247
1985 7,8 1.307.719 9.934.128
1986 7,5 3.502.631 26.095
1987 3,5 11.103.966 81.181
1988 -0,1 80.782.983 580.004
1989 3,2 1.170.387 8.259
1990 -4,3 31.759.185 216.649
1991 1,0 165.786.498 1.111.958
1992 -0,5 1.762.636.611 11.630.969
1993 4,9 38.767.062 251.758
1994 5,8 349.205 2.232
1995 4,2 705.992 4.410
1996 2,2 854.764 5.251
1997 3,4 952.089 5.761
1998 0,3 1.002.351 5.975
1999 0,5 1.087.710 6.392
2000 4,4 1.199.092 6.913
2001 1,4 1.315.755 7.481
2002 3,1 1.488.787 8.351
2003 1,1 1.717.950 9.511
2004 5,8 1.957.751 10.703
2005 3,2 2.170.585 11.723
2006 4,0 2.409.450 12.862
2007 6,1 2.720.263 14.358
Série atual 2008 5,1 3.109.803 16.236
2009 -0,1 3.333.039 17.221
2010 7,5 3.885.847 19.877
2011 4,0 4.376.382 22.170
2012 1,9 4.814.760 24.165
2013 3,0 5.331.619 26.521
2014 0,5 5.778.953 28.500
2015 -3,8 6.000.570 29.117
2016 -3,6 6.266.895 30.407

Fonte:
Elaboração própria a partir de dados - Fundação Getúlio Vargas - Centro de Contas
Nacionais - diversas publicações, período 1947 a 1989 (2022); IBGE. Diretoria de
Pesquisas. Coordenação de Contas Nacionais (2022), Agencia de Notícias – IBGE (2022)

112
Nota:
Os valores de PIB per capita de 2000 a 2014 foram atualizados a partir das Contas
Nacionais - Brasil 2010-2014, divulgadas em 17/11/2016
Os demais resultados de 1996 a 2016 foram atualizados a partir das Contas Nacionais
Trimestrais de 07/03/2017
Unidade
monetária:
de 1947 a
1966:
Cr$;
de 1967 a
1969:
NCr$;
de 1970 a
1979:
Cr$;
de 1980 a
1985:
Cr$;
de 1986 a
1988:
Cz$;
de 1989 a
1990:
NCz$;
de 1990 a
1992:
Cr$;
em 1993:
CR$;

113

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