A Relação Entre A Imprensa e A Publicidade Na Ditadura
A Relação Entre A Imprensa e A Publicidade Na Ditadura
A Relação Entre A Imprensa e A Publicidade Na Ditadura
A RELAÇÃO ENTRE A
IMPRENSA E A PUBLICIDADE
NA DITADURA MILITAR BRASILEIRA
As Estratégias de Sobrevivência
e Autonomia do Jornal O Diário
COMITÊ CIENTÍFICO
Coordenador
Prof. Dr. Vitor Cei Santos - Universidade Federal de Rondônia (UNIR).
Membros
Profª. Drª. Andressa Zoi Nathanailidis - Universidade Vila Velha (UVV)
Prof. Dr. André Tessaro Pelinser - Universidade de Caxias do Sul (UCS)
Prof. Me. David G. Borges - Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Prof. Dr. Fábio Goveia - Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Prof. Dr. Paulo Edgar R. Resende - Universidade Vila Velha (UVV)
Prof. Dr. Sérgio da Fonseca Amaral - Universidade Federal do Espírito
Santo (UFES)
© 2017 Victor Reis Mazzei
É livre a utilização, duplicação, reprodução e distribuição desta
edição, no todo ou em parte, por todo aquele que desejar, bastando
citar a fonte.
Mazzei, Victor.
M477r A relação entre a imprensa e a publicidade na ditadura
brasileira: as estratégias de sobrevivência e autonomia
do jornal O Diário [recurso eletrônico] / Praia Editora. -
Dados eletrônicos. – Vila Velha, ES; 2017.
312 p.; il. 21 cm.
ISBN 978-85-918369-5-6
Modo de acesso: <http://www.praiaeditora.blogspot.com>
1. Imprensa. 2. Publicidade. 3. Ditadura Militar Brasileira.
4. Censura – liberdade de expressão. 5. Comunicação –
censura.
I. Título.
CDD 079.81
A meu pai, saudoso e incrível.
Agradecimentos
1 Introdução 16
2 Ditaduras Militares no Brasil e na
América Latina 55
2.1 Violência e Poder: Identidade e Diferença 85
3 A Censura na Ditadura Militar Brasileira 107
3.1 Estratégias de Resistência 145
3.2 Censura Comercial 155
3.3 Boicote Comercial 166
4 Caracterizando o Jornal O Diário 181
4.1 A Política nas Páginas do Jornal O Diário 198
4.2 A Censura e o Papel da Publicidade no
Jornal O Diário 206
5 Considerações Finais 282
6 Carta do Editor 295
Referências 296
Anexo A 305
Anexo B 306
[ 16 ]
Introdução
1.... Para melhor compreender a dimensão da referida parcela da sociedade civil que
ensejou se opor a Jango, recorremos a Stepan (1986) a fim de buscar fundamentos
mais precisos. Para o autor, sociedade civil pode ser vista como o “[...] cenário em
que múltiplos movimentos sociais (como, por exemplo, associações de bairro, mo-
vimentos de mulheres, grupos religiosos e correntes da intelectualidade) e organi-
zações cívicas de todas as classes sociais (como advogados, jornalistas, sindicatos e
empresários) que se esforçam por se organizar em torno de um conjunto de arranjos
com a finalidade de expressar e promover seus interesses” (p. 09-10).
3... Segundo Figueiredo (2007, p. 46), o slogan publicitário caracteriza-se por ser
composto de “[...] frases simples, sonoras, repetidas à exaustão, fórmulas martela-
das até penetrarem na mente dos consumidores, sem contestação, retruque ou dis-
cordância. Slogans existem para serem repetidos e seguidos, não para serem contes-
tados ou discutidos”.
2 DITADURAS MILITARES
NO BRASIL E NA AMÉRICA
LATINA
3 A CENSURA NA DITADURA
MILITAR BRASILEIRA
p. 102-103).
lher a revista das bancas, mas não sem externar sua insa-
tisfação de forma ainda mais contundente no editorial da
publicação seguinte, conforme mostra Moraes:
8... A guerrilha no Araguaia foi um conflito de 1972 a 1974 que teve como sede a
região do Araguaia, no sul do Pará. Esse conflito caracterizou-se por ser a primeira
experiência de guerrilha rural no país. De um lado, estavam os militantes do Par-
tido Comunista do Brasil (PC do B), que, influenciados pela Revolução Cubana, de-
sejavam iniciar uma revolução socialista. Do outro, os militares. O combate com as
Forças Armadas foi censurado por toda a imprensa, e quase todos os combatentes,
formados por ex-estudantes universitários e profissionais liberais, foram mortos ou
presos.
Figura 9 – Capa da revista Veja que traz a reportagem com a atriz Darlene
Glória.
Fonte: http://veja.abril.com.br/busca/resultado-capas.
shtml?Vyear=1968#.
4. CARACTERIZANDO O
JORNAL O DIÁRIO
A Gazeta.
xaba.
balhar no Diário.
Sobre esse fato, tomamos a liberdade de perguntar
a um dos jornalistas que participaram da redação desse
pedido de demissão coletiva sobre qual era o real motivo
da censura feita internamente por um diretor e que im-
pediu a circulação do caderno Juventude Hoje. Mesmo
passados 42 anos do episódio, o entrevistado pareceu-
-nos guardar rancor da atitude do diretor do jornal, uma
vez que nos respondeu, de forma muito enérgica e contra-
riado, que para ele houve um medo exagerado de Cacau
Monjardim. A seguir, o jornalista, mais calmo, ponderou
nos dizendo que naquele período a pressão militar come-
çava a ficar ostensiva, inclusive com frequentes visitas à
redação do jornal O Diário. Como a direção tinha boas
relações com altas esferas do poder, que muitas vezes era
simbolizada por meio de anúncios publicitários, acabou
sendo uma decisão prudente, na visão dele. 37
Por sua vez, Monjardim (1998) alega que o motivo da
suspensão do caderno foi preservar a equipe de detenções
e perseguições pelos militares. Para o diretor comercial,
aquele material continha elementos alusivos ao socialis-
mo, o que, consequentemente incomodaria o regime, re-
sultando em represálias não somente aos jornalistas, mas
também ao Diário.
43 O Milagre Econômico Brasileiro é descrito por Graf (2003) como um plano que
visava a incrementar a produção industrial no país, no crescimento da importação
e importação, geração de empregos, e construção de rodovias, pontes, ferrovias e
usinas.
do [jornal em vendas]”48.
Novamente retomamos o conceito de memória de
Seixas (2004) para refletir com acuidade sobre o depoi-
mento do entrevistado. É função do resgate da memória
preencher lacunas, dar voz a grupos sociais heterogêneos,
mesmo que incorra na subversão de paradigmas já sedi-
mentados. Ao expor as dificuldades do Diário em ocupar
um lugar mais expressivo no mercado, o entrevistado aca-
bou por nos fornecer novos caminhos para investigação.
Ao desejar ser a segunda publicação em vendagem,
subtende-se que, além de haver um líder inconteste, no
caso A Gazeta, o jornal O Diário ainda tinha um segundo
concorrente: o jornal A Tribuna. Ou seja, lutava-se para
ocupar a vice-liderança no mercado de jornais. Vários au-
tores corroboram essa descrição do panorama de compe-
tição por vendas, prestígio e visibilidade enfrentada pelos
veículos, como Calixte (1998) e Feu Rosa (1998). O jorna-
lista Paulo Maia, que teve oportunidade de trabalhar em
vários veículos de comunicação, é tachativo ao dizer que
“[...] a briga era entre O Diário e A Tribuna” (1998, p. 64).
A Gazeta definitivamente era a líder e ocupava um pata-
mar difícil de ser nivelado.
Até mesmo dentre os que ressaltam que havia uma
disputa mais acirrada no mercado dos jornais aponta a
liderança de A Gazeta. “Naquela época A Gazeta, A Tri-
buna e O Diário pode se dizer que se igualavam, ou, se
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
CARTA DO EDITOR
REFERÊNCIAS
AHLMARK, Per. A tragédia da tolerância: a conciliação com as tiranias. In:
BARRETDUCROT, Françoise (Org.). A intolerância: Foro Internacional
sobre a Intolerância, Unesco, 27 de março de 1997. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2000.
ALMEIDA, Eleisson de. Gato por galinha. In: GURGEL, Antonio de Padua
(Org.). O Diário da rua Sete: 40 versões de uma paixão. Vitória: Contexto
Jornalismo & Assessoria Ltda, 1998.
ALVES, Ronald; DAL COL, Thiago. Uma paixão chamada O Diário. In:
MARTINUZZO, José Antonio (Org). Impressões capixabas: 165 anos de
jornalismo no Espírito Santo: Departamento de Imprensa Oficial do Espírito
Santo, 2005.
DOS ANJOS, Tinoco. A melhor das escolas. In: GURGEL, Antonio de Padua
(Org.). O Diário da rua Sete: 40 versões de uma paixão. Vitória: Contexto
Jornalismo & Assessoria Ltda, 1998.
FEU ROSA, Antonio José Miguel. Rolo compressor. In: GURGEL, Antonio
de Padua (Org.). O Diário da rua Sete: 40 versões de uma paixão. Vitória:
Contexto Jornalismo & Assessoria Ltda, 1998.
1997.
GAGNO, José Maria Ramos. No fim, apenas dívidas. In: GURGEL, Antonio
de Padua (Org.). O Diário da rua Sete: 40 versões de uma paixão. Vitória:
Contexto Jornalismo & Assessoria Ltda, 1998.
LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamaso. Procedi-
mentos metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa
bibliográfica. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 10, n. esp, p. 37-45, 2007.
MAIA, Paulo. Tempo quente na Rua Sete. In: GURGEL, Antonio de Padua
(Org.). O Diário da rua Sete: 40 versões de uma paixão. Vitória: Contexto
Jornalismo & Assessoria Ltda, 1998.
RÉMOND, René. Uma história presente. In: RÉMOND, René (Org.). Por
uma história política. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.
ANEXO A
ROTEIRO BÁSICO DE ENTREVISTAS
• Como classifica sua experiência no Jornal O Diário?
• Você percebeu a prática da censura no dia a dia do jor-
nal? (Se a resposta for positiva, complementar com a
pergunta: “Como ela se manifestava?”).
• Qual a relação entre o jornal O Diário e poder?
• Alguma vez o seu trabalho sofreu algum tipo de in-
gerência ou interferência? (Se a resposta for positiva,
complementar com a pergunta: “Que tipo de ameaças
sofreu?”).
• Conhece alguma história ou relato de jornalistas do
Diário que tenham sido vítimas da censura?
• Como você define o Diário em relação ao jornal A Ga-
zeta à época de sua atuação profissional do primeiro?
• Alguma matéria ou produção jornalística de sua auto-
ria sofreu algum tipo de veto?
• Como o jornal O Diário encarava a importância da pu-
blicidade em suas páginas?
• Havia algum tipo de dependência do jornal O Diário
em relação aos anunciantes de origem estatal?
• Já presenciou alguma modalidade de boicote econô-
mico no Diário?
ANEXO B
Título e Texto:
Já era tempo de denunciá-los à nação. Olha as armas
terríveis que eles têm nas mãos. São armas que podem
abalar governos ou vender produtos. Com elas, esses ho-
mens são capazes de mudar a história de um país ou a
história de um produto. Basta apertar um botão. De uma
máquina fotográfica. Uma câmera de cinema. Um apa-
relho de TV. A tecla de uma máquina de escrever. Eles
usam essas armas para gerar insatisfações, criar descon-
tentamentos, acender desejos [...]. Seu filho barbudinho
passa a [...] a velha geração porque você não quer ver o
último filme do Jean-Luc Godard. Sua filha passa a odiar
você porque você admite as mini-saias bem minis, mas só
para as filhas dos outros. São homens tão perigosos que
só poderiam estar em dois lugares. Na cadeia. Ou numa
agência de propaganda. A Norton Publicidade conseguiu
Tabela de Siglas
AAB Aliança Anti-Comunista Brasileira
AI-5 Ato Institucional 5
AMFNB Associação dos Marinheiros e a dos
Fuzileiros Navais do Brasil
ARENA Aliança Renovadora Nacional
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento
CENIMAR Centro de Informação da Marinha
CIA Central Intelligence Agency
(Em português, podendo ser traduzida por
Agência Central de Inteligência)
CIEx Centro de Informações do Exército
CISA Centro de Informações e Segurança
da Aeronáutica
DIP Departamento de Imprensa e Propaganda
EUA Estados Unidos da América do Norte
FMI Fundo Monetário Internacional
LSN Lei de Segurança Nacional
MDB Movimento Democrático Brasileiro
ONU Organização das Nações Unidas
PSD Partido Social Democrático
SNI Serviço Nacional de Informações
TV Televisão
UDN União Democrática Nacional
UNB Universidade de Brasília
URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
USP Universidade de São Paulo
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