Análise Do Ciclo de Vida de Produtos em Linha de Motosserras
Análise Do Ciclo de Vida de Produtos em Linha de Motosserras
Análise Do Ciclo de Vida de Produtos em Linha de Motosserras
LINHA DE MOTOSSERRAS
Beatriz Trindade Lorenzatto
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
bialorenzatto@gmail.com
José Luis Duarte Ribeiro
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
ribeiro@producao.ufrgs.br
Resumo: Este estudo foi motivado pela necessidade da área de marketing de uma empresa
analisar o CVP (ciclo de vida de produto) do seu portfólio para auxiliar no gerenciamento dos
produtos e na tomada de decisões. Nesse contexto, este trabalho apresenta um método para
identificar a fase do CVP que os modelos da linha de motosserras se encontram. Trata-se de
uma pesquisa-ação que analisa o comportamento de vendas dos produtos ao longo dos anos,
utilizando informações reais. O método utilizado permitiu extrair as curvas de vida de cada
modelo analisado. A análise de treze produtos identificou que três estão na fase de crescimento,
três na maturidade e sete em declínio. A partir das curvas obtidas, são sugeridas ações de curto e
médio prazo a serem implementadas pela empresa de acordo com a situação em que cada
motosserra se encontra.
Abstract: This work was motivated by the need to analyze the product life cycle of a company’s
portfolio by the marketing department in order to help product management and decision-
making. In this context, this paper presents a method to identify the PLC stage of each model of
a chainsaw line. It is a research-action based on product sales behavior along the years, using
real data. The method enabled to extract the life curve of each analyzed model. The analysis of
thirteen products identified that three are in the growth stage, three in the maturity stage and
seven in the decline stage. From the curves, the work suggests short and medium term actions to
be implemented by the company, according to each product’s situation.
1. Introdução
1
competitividade, e este cenário leva as empresas a analisarem o ambiente externo e
interno com o objetivo de reconfigurar a sua estrutura organizacional, adaptando-se às
mudanças para se manterem ativas no seu campo de atuação.
De acordo com o Relatório de Inflação, os indicadores apontam uma
recuperação gradual da atividade econômica e retomada de investimentos à medida que
a recuperação avance (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2017). Nesse contexto, nota–
se que ainda é elevado o número de empresas que não consegue se manter competitiva
no mercado e sobreviver às exigências dele. Paralelamente, para aquelas que se mantêm
atuantes, é essencial que busquem formas alternativas para tornarem suas atividades e
processos mais eficientes.
Nesse período de dinamismo mercadológico, as empresas devem renovar seus
processos e, simultaneamente, serem eficientes ao oferecerem produtos e serviços que
satisfaçam os anseios dos clientes. Nesse sentido, é importante que as organizações
repensem suas estratégias em relação ao posicionamento de seus produtos no mercado
para que consigam maximizar as vendas e os lucros.
Assim, conceitos como o de Ciclo de Vida de Produtos (CVP) surgiram com o
intuito de compreender os estágios que um produto passa desde a sua concepção até a
sua retirada do mercado. Esses conceitos facilitam a aplicação de diferentes estratégias
em cada fase do ciclo de vida do produto, contribuindo para a competitividade
empresarial. Além disso, o entendimento do CVP introduz uma visão holística do
gerenciamento de produto que resulta na condução mais eficiente das atividades e
processos relacionados a ele (STARK, 2015). Ainda, segundo Subrahmanian et al.
(2005), sem a adequada interpretação das informações de todas as etapas do CVP, bem
como das atividades de suporte a ele, não é possível atingir uma eficiência sistêmica.
Considerando os elementos apresentados, o objetivo central do presente artigo é
analisar o ciclo de vida de umas das linhas de produto de uma empresa da indústria
metal mecânica. Como objetivos específicos, pretende-se identificar o estágio do ciclo
de vida em que cada produto se encontra e, a partir disso, propor sugestões de ação para
cada produto de acordo com a sua fase de vida. Pretende-se ainda aumentar o
faturamento a longo prazo; manter o portfólio de produtos atualizado; criar a cultura de
análise do CVP para que futuramente se estenda a outras linhas de produtos; e utilizar o
conceito de CVP de forma eficiente para que auxilie na tomada de decisões do setor de
marketing da empresa.
2
O estudo se justifica uma vez que a determinação pela descontinuação ou
substituição de produtos é realizada pela matriz da empresa que se localiza na
Alemanha e, na unidade do Brasil, não existem ferramentas que auxiliem nessas
decisões. Sendo assim, o trabalho é essencial para que se possa visualizar em que
estágio de vida cada produto está e fazer com que o conceito de CVP seja difundido na
área de marketing e torne as estratégias e planos de ação relacionados ao produto mais
eficientes.
Este artigo está dividido em cinco seções. A primeira é a Introdução, que
contextualiza o problema central e define os objetivos do trabalho. A segunda
contempla o Referencial Teórico, que discute os conceitos de CVP e fatores que
influenciam o seu gerenciamento. A terceira seção apresenta os Procedimentos
Metodológicos, que descreve o procedimento de trabalho, a base de dados coletada e as
análises que embasam o método utilizado. A quarta seção descreve os Resultados
obtidos, enquanto a última seção apresenta as considerações finais e recomendações
para a continuidade dos estudos.
2. Referencial Teórico
Muitos dos conceitos de CVP, conforme pode ser visto nesta seção, foram
descritos ainda no século passado e continuam sendo utilizados por muitos autores da
atualidade. O CVP é um modelo genérico, comumente encontrado na literatura com o
formato de um sino, ilustrado na Figura 1, representado por uma série de estágios que
diferem entre si em função de características vinculadas ao comportamento do produto
durante seu ciclo de vida. O modelo é descrito pela tendência nas vendas de um produto
em um determinado período de tempo, levando em consideração aspectos como as
mudanças de comportamento da competitividade do mercado (BUZZELL apud
SCHEUING, 1969).
4
Figura 1 – Modelo Genérico de CVP. Fonte: Autoria própria (2017)
5
Analisando as estratégias que podem ser adotadas em cada estágio do CVP,
Anderson e Zeithaml (1984) já destacavam que, na fase de introdução de produtos, o
foco principal deve ser dado ao cliente e na criação de um bom vínculo de comunicação
entre a empresa e o mercado para aumentar a frequência de compras. Já no crescimento,
a ênfase se dá na criação de processos tanto de produção quanto de marketing que sejam
eficientes. Além disso, Garcia e Calantone (2002) salientam que são necessárias
inovações mais radicais no início do ciclo do produto e inovações incrementais nos
estágios subsequentes que podem ser determinantes no sucesso estratégico das
empresas.
No estágio de maturidade, a estratégia se diferencia das anteriores, pois o
objetivo é de melhorar a eficiência de processos, aumentar a qualidade e se destacar
frente aos concorrentes e mercado. Por fim, na fase de declínio, as estratégias podem
variar entre a retirada imediata de um produto do mercado ou aumento dos
investimentos para tentar recuperar o negócio (ANDERSON e ZEITHAML, 1984).
Em paralelo com a utilização dos conceitos de CVP para definição de
estratégias, estudos mais atuais revelam um direcionamento sistêmico do ciclo de vida
de produtos em que o foco deixa de ser apenas em estratégias de negócio, mas busca
preencher lacunas entre os processos administrativos e de desenvolvimento de produto.
Isso se deve ao fato de que, à medida que a complexidade e a variedade de produtos
aumentam para satisfazer clientes mais exigentes, cresce também a necessidade de
reunir conhecimento e experiência de diferentes áreas que darão suporte a cadeia de
valor de um produto (AMERI e DUTTA, 2005). Sendo assim, o gerenciamento do ciclo
de vida de produto (Product Life Cycle Management – PLM) visa criar, gerenciar e
disseminar de forma colaborativa informações dos produtos ao longo do seu ciclo de
vida com o objetivo de integrar pessoas, processos e informações (CIMdata, 2002).
Com o passar do tempo, os modelos tornam-se rotina dentro das empresas e são
a base para tomada de decisões de marketing, tanto para entender fatores externos como
marcas competidoras no mercado, quanto para entender fatores internos como o design
e inovação dos produtos (LEEFLANG e WITTINK, 2000). Nesse contexto, muitos
modelos foram desenvolvidos com o objetivo de entender o comportamento dos
produtos ao longo do seu ciclo de vida.
6
De acordo com Neto et al. (2017), a correta análise do CVP faz com que as
empresas aproveitem oportunidades e potencializem suas estratégias de posicionamento
de produtos em função do estágio de vida em que se encontram. Eles argumentam que a
gestão de resultados e o planejamento de vendas estão diretamente ligados ao CVP e,
em seus estudos, analisaram a influência do CVP na classificação de clientes de uma
loja varejista para planejar estratégias de vendas.
No que diz respeito a estratégias de marketing no CVP, Mohammadi et al.
(2017) afirmam que a utilização adequada do mix de marketing de acordo com os
diferentes estágios do CVP é um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas. Em
seu modelo, com a aplicação da análise multicriterial AHP em uma indústria
alimentícia, os autores priorizam entre os elementos dos 7Ps aqueles mais relevantes
para cada fase da vida dos produtos analisados. Como resultado, eles identificaram que
o critério promoção é o mais importante para o estágio de introdução e o critério preço é
o mais importante para o crescimento, a maturidade e o declínio. Eles apontam que a
partir na análise dos elementos do mix de marketing, as empresas podem melhorar a
alocação de seus recursos e aumentar a sua lucratividade.
Outros autores também levantam a importância da análise do CVP. Segundo
Rehar et al. (2017), o CVP é uma ferramenta estratégica que serve como diretriz para as
empresas de como comercializar seus produtos. Nesse sentido, eles apresentam cálculos
que levam em consideração a mudança de parâmetros, sejam eles de mercado, de
compradores, de produtos, de funções, de comercialização e também aqueles
relacionados à organização, que resultam em um modelo de previsão de vendas mais
confiável e que demonstre o real CVP. Esses autores consideram os parâmetros do
estudo como grandes influenciadores do CVP, pois influenciam as vendas e fazem com
que as empresas tenham que repensar seu modelo de negócio e estratégias relacionadas
aos produtos. Eles ainda argumentam que, com uma boa previsão de vendas, a gerência
pode tomar decisões mais assertivas de quando lançar um produto e garantir que ele
obtenha retorno financeiro.
Hu et al. (2017) também utilizaram em seu modelo o CVP para prever as vendas
de novos produtos de uma empresa de hardware de computador. Os autores utilizam
uma abordagem para prever os pedidos de clientes para produtos que serão introduzidos
no mercado de acordo a curva de CVP de produtos passados semelhantes, utilizando o
histórico de ordens de pedidos dos clientes. Nesse modelo, eles agrupam as curvas de
produtos similares e usam a curva que representa o cluster para gerar a previsão de
7
demanda dos novos produtos.
Outro modelo que utiliza parâmetros para ser operacionalizado é o apresentado
por Sale et al. (2017), que visa integrar as funções de marketing e operações nas
empresas. O modelo de Sale et al. (2017) combina modelos de marketing para difusão
de novos produtos e de gerenciamento de operações com o intuito de examinar os
impactos que as variações nos parâmetros trazem para o ponto ótimo de lucro e tempo
ótimo de vida útil dos produtos.
Seguindo essa linha, Golder e Tellis (2003) também acrescentaram outros
fatores para análise do CVP. Segundo esses autores, o CVP é resultado de múltiplas
forças de oferta e procura e por isso é necessário um bom entendimento do
comportamento dos clientes. Eles apresentam e testam modelos incorporando cascatas
de informações, que é um termo utilizado para descrever como as pessoas são
influenciadas no seu comportamento de compra baseadas em informações e
experiências vindas de outras pessoas. Além disso, nos estudos desses autores são
definidas métricas do momento em que as vendas de um produto aceleram e
desaceleram. Com isso foi desenvolvido um modelo de duração do estágio de
crescimento dos produtos. Ele tem por objetivo prever a queda das vendas de um
produto e, ao mesmo tempo, definir os seus estágios de ciclo de vida.
No que diz respeito a estudos relacionados ao PLM, He et al. (2006) propõem
um modelo unificado de gerenciamento da estrutura dos produtos e seus processos ao
longo de todo o ciclo de vida deles. A grande motivação para este modelo é organizar
de forma eficiente as informações relacionadas aos produtos como questões comerciais,
configuração da estrutura do produto e sincronizações do CAD em uma plataforma para
que todas as áreas tenham acesso e interajam no processo durante todo o CVP. Com
isso, espera-se facilitar o processo de integração de uma organização e dar suporte às
decisões estratégicas de negócio.
Os exemplos de modelos são apresentados resumidamente no Quadro 1.
8
Modelo Autores Descrição
Descreve um modelo baseado no método
Priorização do mix de AHP para definir quais os critérios do mix de
Mohammadi et
marketing de acordo marketing mais relevantes em cada estágio do
al. (2017)
com os estágios do CVP CVP para direcionar ações estratégicas.
9
3. Procedimentos Metodológicos
10
3.2. Caracterização do Método de Pesquisa
11
Na primeira etapa, caracterizada por análise da linha de produtos, foi realizado o
levantamento de todas as linhas de produtos do portfólio da empresa e analisada aquela
com maior participação nas vendas no ano de 2016. Com isso, foi definida a linha de
produtos que seria analisada, bem como o período de introdução e atualizações desses
modelos no mercado.
A partir das informações levantadas na etapa anterior, foi coletado o histórico de
volume vendido anualmente de todos os modelos da linha escolhida desde a sua
introdução no mercado. Essa coleta de dados foi facilitada pelo sistema SAP (Systems,
Applications and Products) da empresa e transações contidas nele que retornaram as
informações relevantes desde o ano 2000, em função da disponibilidade de dados. Além
disso, foram agrupados esses valores para aquelas máquinas que sofreram substituição
ou atualização para outro modelo e foram considerados como sendo do mesmo ciclo de
vida. Ainda nessa segunda etapa, foram levantados dados de mercado e de participação
das marcas do segmento para observar possíveis diminuições e aumentos do volume de
vendas totais ao longo dos anos.
Com os dados de vendas coletados foi possível, com o auxílio de planilha
eletrônica, cruzar esse fator ao longo do tempo de ciclo de vida de cada produto e
visualizar graficamente o seu comportamento. Ainda, foram analisadas as informações
de mercado com o intuito de entender o desempenho das vendas da empresa no cenário
em que está inserida. Para complementar essa terceira fase, foram realizadas adaptações
condizentes com a realidade da empresa para desenhar as curvas de CVP.
Por fim, a identificação do CVP teve por objetivo determinar de forma mais
precisa o estágio em que cada produto se encontrava no seu ciclo de vida e o momento
de descontinuação de algum modelo, caso necessário. Para isso, foi essencial considerar
algumas variáveis a fim de padronizar os dados e extrair os ruídos da análise. Essas
atividades são descritas em detalhe na próxima seção.
Nessa fase, também foram realizadas sugestões de ações para cada produto de
acordo com a fase do seu CVP. Vale ressaltar que o estudo é uma ferramenta com
potencial para auxiliar na tomada de decisões do setor de Produto e Planejamento, e os
resultados obtidos abastecerão futuras análises que visem aprimorar o gerenciamento do
portfólio de produtos da empresa.
12
4. Resultados
6.3% 9.8%
38.7%
16.4%
28.9%
A B C D Outros
13
menos de 1% das vendas da linha. Outra classificação realizada foi quanto ao mercado
que cada motosserra pertence, diferenciando-se entre mercado doméstico (MD),
semiprofissional (MS) e profissional (MP).
Na segunda parte dessa etapa, foi realizada a análise da evolução das
motosserras desde a sua introdução no mercado. Em função da disponibilidade de dados
no sistema ser a partir do ano 2000, todos os produtos foram considerados com ano de
introdução no mercado a partir desse período. Além disso, foram analisados os modelos
antecessores àqueles que estão atualmente ativos no portfólio e o ano em que as vendas
ocorreram de forma paralela, conforme Quadro 2, em que um modelo estava sendo
lançado e o outro ainda em consumo de estoque. O objetivo foi facilitar a coleta de
dados e o agrupamento de modelos da seção subsequente.
Venda Ano de
Modelo Antecessores
Paralela Introdução
MD 1 - - 2003
MD 2 - - 2007
MD 3 - - 2007
MS 1 MS 01 2003 2000
MS 2 MS 02/ MS20 2001/2009 2000
MS 3 - - 2012
MP 1 MP 01/ MP 10/ MP11 2004/2007/2016 2000
MP 2 MP 02 2004 2000
MP 3 MP 03/ MP 30 2002/2009 2000
MP 4 - - 2000
MP 5 - - 2005
MP 6 MP 06 2015 2007
MP 7 - - 2010
Quadro 2: Ano de introdução dos modelos de motosserras
14
4.3. Análise de dados
70,000
60,000
50,000
Vendas (un)
40,000
30,000
20,000
10,000
MD 3 MD 2 MD 1 Total Domés?co
16
Após realizar o cálculo do fator de crescimento de 2004 até 2016, os dados
foram plotados em um gráfico (Figura 5) e ajustados com suavização exponencial. Essa
forma de ajuste da curva foi utilizada para diminuir os ruídos e demonstrar o gráfico de
uma forma mais clara.
1.2
0.8
0.6
0.4
0.2
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Tendo definida a base da normalização dos dados, a próxima etapa foi calcular a
média de motosserras vendidas nos últimos três anos (2014, 2015 e 2016) dos MD, MS
e MP separadamente. A partir desse valor, para os grupos consolidados no mercado, MS
e MP, foi replicada a média calculada como a base de vendas para todos os anos desde
2000. Já para o grupo conquistado, MD, foi incorporado o fator de crescimento anual
desde a sua introdução até chegar à média em 2016, como exemplificado na Tabela 1.
Depois das definições, foi realizado um rateio desses valores encontrados entre
as máquinas de cada mercado ao longo dos anos e, com isso, conseguiu-se chegar ao
17
CVP de cada modelo. Para manter a confidencialidade das informações, os dados foram
alterados por um fator multiplicador.
60,000
50,000
40,000
Vendas (un)
30,000
20,000
10,000
MD 3 MD 2 MD 1 Total Domés?co
18
Considerando a Figura 6, observa-se que o modelo MD 3, o mais vendido do
grupo, passou por uma fase de estabilização e agora já enfrenta fases de quedas nas
vendas. Isso pode ser muitas vezes explicado através da relação que tem com o seu
modelo equivalente, MD 2, que se difere do MD 3 no preço e na potência, ambos um
pouco mais elevados. Como o MD 2 está em crescimento, e se assemelha ao MD 3 na
utilização, ele é o maior competidor interno do modelo e pode impactar nas vendas de
seu semelhante. Já o modelo MD 1, o primeiro a ser introduzido no mercado, está na
sua fase de maturidade visto que seus valores crescem, mas de forma lenta e estável.
Na Figura 7, do MS, percebe-se que o mercado não tem grande participação nas
vendas de motosserras, mas mostra características importantes dos modelos. Esse
segmento compete tanto com os MD e MP por apresentar modelos que podem ser
utilizados tanto para atividades mais intensas quanto menos severas.
12,000
10,000
8,000
Vendas (un)
6,000
4,000
2,000
0
2001
2005
2007
2008
2009
2011
2015
2000
2002
2003
2004
2006
2010
2012
2013
2014
2016
MS 3 MS 1 MS 2
19
Nas Figuras 8 e 9, do MP, identifica-se que o mercado como um todo está em
sua fase de declínio. A estratégia da empresa ao adicionar o segmento doméstico ao seu
portfólio e continuar investindo fortemente nesse mercado está coerente com a
tendência que os gráficos do MP vêm apontando.
10,000
8,000
6,000
Vendas (un)
4,000
2,000
0
2001
2005
2007
2008
2009
2011
2015
2000
2002
2003
2004
2006
2010
2012
2013
2014
2016
MP 5 MP 2 MP 4 MP 6
35,000
30,000
25,000
Vendas (un)
20,000
15,000
10,000
5,000
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
MP 3 MP 1 MP 7
21
Modelo Fase do CVP Sugestão
Melhorar componentes como o carburador para que
MD 1 Maturidade
a máquina se mantenha competitiva no mercado
Incrementar ações de marketing e mostrar seu
MD 2 Crescimento diferencial em relação ao concorrente interno MD 3
(modelo similar)
22
5. Conclusão
Este estudo teve por objetivo principal analisar o ciclo de vida das motosserras à
combustão de uma empresa metal mecânica, por meio da identificação da etapa do ciclo
de vida em que cada modelo se encontra e da proposição de ações de acordo com a fase
de vida deles. Adequando os conceitos de CVP com a realidade da empresa, foi possível
visualizar a curva de vida dos produtos e, com isso, embasar a tomada de decisões da
área de marketing.
Com a pesquisa realizada, os objetivos foram alcançados uma vez que foi
possível evidenciar os produtos que estão posicionados nas etapas de crescimento,
maturidade e declínio do seu ciclo de vida. De posse dessa análise, foram apresentadas
ao setor de Produto e Planejamento sugestões referentes a cada máquina, levando em
conta a sua tendência de vendas e o desempenho do seu mercado de atuação.
Na revisão da literatura, foram abordados conceitos básicos de CVP, as suas
relações com o marketing e os modelos adaptados que são utilizados em pesquisas
aplicadas na área. Esse estudo preliminar foi importante para entender a aplicabilidade
dos conceitos e para contextualizar as escolhas realizadas na etapa subsequente. Nos
procedimentos metodológicos, o método utilizado na análise para a identificação do
CVP contemplou quatro etapas que foram essenciais para o sucesso das análises, pois
possibilitaram realizar um estudo das linhas de produtos oferecidas pela empresa,
apontar as mais representativa para o negócio, estabelecer quais dados seriam coletados
e definir os fatores que seriam considerados chaves para identificar o estágio de cada
produto em seu ciclo de vida.
Através da aplicação das etapas citadas, foi possível remover efeitos macro
econômicos e analisar o desempenho de cada máquina em uma base normalizada, de
acordo com o mercado a qual pertencia e, assim, identificar o estágio do seu CVP. Os
gráficos resultantes das análises permitiram apresentar a situação atual da linha de
motosserras à combustão e sugerir ações de curto e médio prazo que foram validadas
com colaboradores da empresa. Além disso, diversas informações referentes à estratégia
da empresa e às características dos produtos foram geradas durante o estudo, as quais
foram importantes para refinar as análises e os resultados finais.
Para dar continuidade ao estudo, uma vez que parte dos objetivos era introduzir
o conceito de CVP e criar a cultura de análise no setor de Produto e Planejamento,
sugere-se que as análises sejam realizadas para o restante das linhas de produtos do
23
portfólio da empresa seguindo a ordem de representatividade apresentada na primeira
subseção dos Resultados desse artigo. Para os próximos estudos, portanto, podem ser
analisadas as linhas de produto B, C e D seguindo as etapas propostas nos
procedimentos metodológicos. Além disso, à medida que se encerra um determinado
ano, os dados de vendas podem ser alimentados nos gráficos de CVP já estudados para
que as avaliações do comportamento de vendas continuem sendo monitoradas e as
definições dos estágios do CVP sejam anualmente revisadas.
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