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Ana Paola Nunes Ferreira Lucato

LEGISLAÇÃO
AMBIENTAL

LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Ana Paola Nunes Ferreira Lucato

Editora

1ª Edição | Junho | 2014


Impressão em wwSão Paulo / SP
UNIDADE II – IMPACTO AMBIENTAL E
A OBRIGAÇÃO DO LICENCIAMENTO
PRÉVIO DA ATIVIDADE POTENCIAL-
MENTE POLUIDORA

Da Preservação Ambiental
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo
225 parágrafo 1º., inciso IV e parágrafo 2º., que:

Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente


ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações.
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra
ou atividade potencialmente causadora de significa-
tiva degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado,
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão pú-
blico competente, na forma da lei.

Observa-se, portanto, que a Constituição Fede-


ral de 1988 dispõe sobre a obrigatoriedade do licen-
ciamento ambiental para empreendimentos poten-

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cialmente poluidores, que causem ou possam causar
danos ao meio ambiente.
Essa definição foi ratificada na Resolução Co-
nama 237/97 que em seu artigo 2º. assim dispõe,
quanto aos empreendimentos passíveis de licencia-
mento ambiental:
Art. 2o A localização, construção, instalação,
ampliação, modificação e operação de empreendi-
mentos e atividades utilizadoras de recursos ambien-
tais consideradas efetiva ou potencialmente polui-
doras, bem como os empreendimentos capazes, sob
qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento do órgão am-
biental competente, sem prejuízo de outras licenças
legalmente exigíveis.
Instrumentos como o Estudo de Impacto
Ambiental, o manejo ecológico, o tombamento,
as liminares, as sanções administrativas são rele-
vantes para a consolidação dos princípios da pre-
venção e da precaução.
É a partir da emissão das licenças, das sanções
administrativas, da fiscalização e das autorizações
que o poder público reafirma a importância deste
princípio na tutela do meio ambiente.
Paulo Afonso Leme Machado, ao citar o jurista
Jean-Marc Lavieille (p.55), ensina que “O princípio
da precaução consiste em dizer que não somente so-
mos responsáveis sobre o que nós sabemos, sobre o

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que nós deveríamos ter sabido, mas, também, sobre
o de que nós deveríamos duvidar”.
Essa é a questão principal que diferencia o
princípio da precaução do da prevenção, o primeiro
esta baseado em certeza científica, ou seja, segun-
do o mesmo se não existir tal certeza que uma ação
não vá causar danos irreversíveis no futuro, a mesma
deve ser combatida.
Silva (p.106) vai além, ao citar Aragão, indica
que a atuação conforme o princípio em comento
deve se dá, antes mesmo que o princípio da preven-
ção imponha qualquer atuação preventiva, ou seja,
tal princípio exige o benefício da dúvida em favor
do meio ambiente, quando existir qualquer incerteza
sobre os efeitos de determinas atividades.
É do saber de todos que os recursos naturais
são fontes esgotáveis se não forem utilizados de ma-
neira correta. Esse princípio não busca uma estag-
nação econômica, nem é desfavorável ao progresso
como os mais radicais possam pensar, o mesmo bus-
ca uma convivência coerente entre esse desenvolvi-
mento econômico e o meio ambiente e por conse-
quência, a manutenção de um meio saudável para a
vida humana.
Segundo Fiorillo (p. 24-25), esse instituto caiu
em desuso com o liberalismo, mas em face das
transformações de cunho social e tecnológico que a
sociedade brasileira vem vivendo ao longo dos últi-

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mos anos, vem-se buscando o mesmo mais uma vez,
pois, se tem a necessidade de uma intervenção esta-
tal para que esse equilíbrio entre desenvolvimento
e meio ambiente seja alcançado. O jurista Ronaldo
Mota Sardenberg (1995, p. 3) diz que:

A busca e a conquista de um ‘ponto de equilíbrio’


entre o desenvolvimento social, o crescimento
econômico e a utilização dos recursos naturais
exigem um adequado planejamento territorial que
tenha em consta os limites da sustentabilidade. O
critério do desenvolvimento sustentável deve va-
ler tanto para o território nacional na sua totalida-
de, áreas urbanas e rurais, como para a sociedade,
para o povo, respeitadas as necessidades culturais
e criativas do país.

Tal equilíbrio é fundamental em uma socieda-


de fundada na livre concorrência e iniciativa como a
brasileira, já que a inobservância do mesmo acarre-
tará uma desordem ambiental.

Do Impacto Ambiental
Faz-se, necessária a definição de impacto am-
biental, a fim de observamos se os dispositivos cons-
titucionais de exigibilidade do Estudo de Impacto
Ambiental são ou não aplicáveis.

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O DICIONÁRIO ILUSTRADO DE MEIO
AMBIENTE, Ed. Yendis, define impacto ambiental
como sendo:

IMPACTO AMBIENTAL qualquer alteração nas características


naturais de uma região ou ecossistema, que afeta de maneira ne-
gativa as propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente,
podendo causar problemas a curto, médio e longo prazo.

O objetivo de se estudar os impactos ambien-


tais é, principalmente, o de avaliar as consequências
de algumas ações, para que possa haver a prevenção
da qualidade de determinado ambiente que poderá
sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou
logo após a implementação dos mesmos.
Conforme indicado no Artigo 1º da Resolução
CONAMA-001/86:
Artigo 1º - Para efeito desta Resolução, consi-
dera-se impacto ambiental qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que, direta
ou indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da popu-
lação;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;

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IV - as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos ambientais.

A referida Resolução vai além e disciplina algo


mais específico, quanto aos danos regionais ambien-
tais quando define impacto ambiental regional, em
seu artigo 1º., inciso IV:

IV – Impacto Ambiental Regional: é todo e qual-


quer impacto ambiental que afete diretamente (área
de influência direta do projeto), no todo ou em par-
te, o território de dois ou mais Estados.

Conforme se verifica, o risco imposto à popu-


lação e/ou ao meio ambiente, devido aos acidentes
que podem vir a ocorrer durante a operação de um
dado empreendimento industrial pode ser conside-
rado como uma forma de impacto ambiental.

Do Licenciamento Ambiental

Celso Antonio Pacheco Fiorillo nos lembra, em sua


obra, Curso de Direito Ambiental Brasileiro, Ed. Saraiva,
pág. 91, 2010, que “o licenciamento ambiental é o com-
plexo de etapas que compõe o procedimento adminis-
trativo, o qual objetiva a concessão de licença ambiental.”

120
É assim que preleciona a RESOLUÇÃO CO-
NAMA n.º 237/97, que trata da revisão e comple-
mentação dos procedimentos e critérios utilizados
para o licenciamento ambiental.

Em seu Art. 1º. Inciso I tal Resolução assim


define licenciamento ambiental:

I - Licenciamento Ambiental: procedimento admi-


nistrativo pelo qual o órgão ambiental competente
licencia a localização, instalação, ampliação e a ope-
ração de empreendimentos e atividades utilizadoras
de recursos ambientais, consideradas efetiva ou po-
tencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qual-
quer forma, possam causar degradação ambiental,
considerando as disposições legais e regulamentares
e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Também definiu a referida Resolução 237/97 o


conceito de licença administrativa ambiental, tornan-
do o procedimento administrativo de expedição de
licença ambiental um ato vinculado aos ditames de-
terminados pelos entes federados competentes – de
forma concorrente – em suas respectivas legislações.

II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo


qual o órgão ambiental competente, estabelece as

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condições, restrições e medidas de controle am-
biental que deverão ser obedecidas pelo empre-
endedor, pessoa física ou jurídica, para localizar,
instalar, ampliar e operar empreendimentos ou
atividades utilizadoras dos recursos ambientais
consideradas efetiva ou potencialmente poluido-
ras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam
causar degradação ambiental.

A licença ambiental para empreendimentos e


atividades consideradas efetiva ou potencialmente
causadoras de significativa degradação do meio de-
penderá de prévio estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto sobre o meio am-
biente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade,
garantida a realização de audiências públicas, quando
couber, de acordo com a regulamentação.

O Estudo de Impacto Ambiental

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um


estudo obrigatório que deve anteceder qualquer im-
plantação de obras, atividades ou empreendimentos
que possam causar danos ou afetar o ambiente (es-
pecialmente se houver a necessidade de desmata-
mento, com vistas a obter o licenciamento ambiental
(permissão para a execução da obra ou atividade).

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O EIA deve atender as diretrizes da lei de Política Nacional do
Meio Ambiente:
1 - Observar todas as alternativas tecnológicas e de localização do
projeto, levando em conta a hipótese da não execução do projeto.
2 - Identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fa-
ses de implantação e operação das atividades.
3 - Definir os limites da área geográfica a ser afetada pelos
impactos ( área de influência do projeto), considerando princi-
palmente a “bacia hidrográfica” na qual se localiza;
4 - Levar em conta planos e programas do governo, propostos
ou em implantação na área de influência do projeto e se há a
possibilidade de serem compatíveis.
A Resolução CONAMA 237/97 disciplina que os estudos am-
bientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos
ambientais relacionados à localização, instalação, operação e
ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado
como subsídio para a análise da licença requerida, tais como:
relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental,
relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano
de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise
preliminar de risco.

Édis Milaré, em sua obra publicada em 2007,


pela Revista dos Tribunais, intitulada, Direito do
ambiente a gestão ambiental em foco, explica-nos
que o estudo prévio de impacto ambiental (EPIA)
tem como base maior o princípio da prevenção e
é, sem qualquer dúvida, um dos mais importantes

123
instrumentos de proteção do meio ambiente, uma
vez que o mesmo possui o papel de avaliar previa-
mente os possíveis impactos ambientais produzi-
dos por determinado empreendimento modifica-
dor do meio ambiente agindo de forma a orientar,
fundamentar e restringir a decisão da administra-
ção pública de conceder ou não o licenciamento
ambiental (MILARÉ, 2007, p. 362).

Luis Paulo Sirvinkas, define o Estudo Prévio de


Impacto Ambiental, em seu Manual de Direito Am-
biental. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, como sendo:

“[...] a avaliação, mediante estudos realizados


por uma equipe técnica multidisciplinar, da área
onde o postulante pretende instalar (...) ou exercer
atividade causadora de significativa degradação am-
biental, procurando ressaltar os aspectos negativos
e/ou positivos dessa intervenção humana.”
Ainda quanto ao tema Édis Milaré (p. 364),
acredita que não existe um instrumento jurídico
que encarne melhor a vocação preventiva o Direito
Ambiental. Para ele o EPIA vem na contramão do
hábito comum, do povo brasileiro, de correr atrás
do prejuízo quando ele já esta instaurado, pois o an-
tecipa. O mesmo deve possuir três condicionantes
básicos (p.365), são eles:

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A transparência Administrativa, segundo a
qual deve-se considerar os efeitos ambientais de
um dado projeto, através da divulgação, por parte
do órgão público e do proponente, de todas as
informações que possuem, resguardados os segre-
dos industriais;
A consulta dos interessados, pois o EPIA não
deve ser apenas transparente, precisa ser participa-
tivo, abrindo espaço para que a comunidade possa
manifestar suas dúvidas e preocupações antes da
feitura do projeto;
E por fim, a motivação da decisão ambiental,
que obriga a administração pública a fundamentar
sua decisão quando não optar pela alternativa indi-
cada pelo EPIA como sendo a melhor, ambiental-
mente falando.
Pelo Decreto n.º 99.271/90, o CONAMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente) passou a
ter competência para estabelecer os critérios nortea-
dores do EPIA.
Tal órgão o fez através de sua resolução
001/86, que, entre outras coisas, trouxe em seu
artigo 2° uma série de atividades e obras que de-
penderiam do EPIA e do seu respectivo Relatório
de Impacto Ambiental (RIMA), tais como projetos
urbanísticos em áreas consideradas como de rele-
vante interesse ambiental pelo IBAMA, ferrovias,
empreendimentos potencialmente lesivos ao patri-

125
mônio espeleológico nacional entre outros, ela ain-
da relacionou as diretrizes gerais do EPIA em seu
artigo 5°, os requisitos analisados pela equipe mul-
tidisciplinar em seu art. 6°, bem como o conteúdo
do relatório de impacto ambiental (RIMA), em seu
art. 9°. Essa resolução foi alterada pela de número
237 de 1997, que ampliou o rol de atividades passí-
veis de submeter-se ao EPIA, em seu Anexo I.
O instrumento em comento ainda possui fulcro
na Lei Maior brasileira, a Constituição Federal, em
seu Art. 225, § 1º, IV, segundo o qual deve-se “exigir,
na forma da lei, para instalação de obra ou ativida-
de potencialmente causadora de significativa degra-
dação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade”.
A Resolução CONAMA 001/86, em seu art.
5°, estabelece que o EPIA deverá obedecer as se-
guintes diretrizes aqui destacadas em negrito:

I –“Contemplar todas as alternativas tecnoló-


gicas e de localização de projeto, confrontando-as
com a hipótese de não execução do projeto”.
II - Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambien-
tais gerados nas fases de implantação e operação da atividade;
III - Definir os limites da área geográfica a ser direta ou in-
diretamente afetada pelos impactos, denominada área de in-
fluência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia
hidrográfica na qual se localiza;
lV - Considerar os planos e programas governamentais,
126
propostos e em implantação na área de influência do proje-
to, e sua compatibilidade;
podendo causar problemas a curto, médio e longo prazo.

Este não é um rol taxativo podendo ser am-


pliado pelos órgãos federais, estaduais e municipais
competentes constitucionalmente e concorrente-
mente, dependendo da situação fática apresentada.
Assim como os requisitos de conteúdo vistos
anteriormente, os técnicos também possuem um
“roteiro” de exigências gerais fixados no artigo 6 °
da Resolução CONAMA 001/86, a saber:
I - Diagnóstico ambiental da área de influência
do projeto completa descrição e análise dos recursos
ambientais e suas interações, tal como existem, de
modo a caracterizar a situação ambiental da área,
antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o
clima, destacando os recursos minerais, a topogra-
fia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o
regime hidrológico, as correntes marinhas, as cor-
rentes atmosféricas;
b) o meio biológico e os ecossistemas naturais
- a fauna e a flora, destacando as espécies indica-
doras da qualidade ambiental, de valor científico e
econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas
de preservação permanente;
c) o meio socioeconômico - o uso e ocupação do
solo, os usos da água e a socioeconômica, destacando

127
os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e
culturais da comunidade, as relações de dependência
entre a sociedade local, os recursos ambientais e a
potencial utilização futura desses recursos.
II - Análise dos impactos ambientais do pro-
jeto e de suas alternativas, através de identifica-
ção, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes,
discriminando: os impactos positivos e negativos
(benéficos e adversos), diretos e indiretos, imedia-
tos e a médio e longo prazos, temporários e per-
manentes; seu grau de reversibilidade; suas pro-
priedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição
dos ônus e benefícios sociais.
III - Definição das medidas mitigadoras dos
impactos negativos, entre elas os equipamentos de
controle e sistemas de tratamento de despejos, ava-
liando a eficiência de cada uma delas.
lV– Elaboração do programa de acompanha-
mento e monitoramento (os impactos positivos e
negativos, indicando os fatores e parâmetros a se-
rem considerados.
O EIA deve ser executado por uma equipe mul-
tidisciplinar de pesquisadores para abranger o maior
número de fatores (botânicos, zoólogos com espe-
cialidade em diferentes tipos de animais – como an-
fíbios, aves e mamíferos – geólogos, etc.) e também
fatores sociais (como o impacto na população local.

128
A Constituição Federal, como já é sabido, prevê
competência concorrente dos entes federados para
legislar e fiscalizar as ações potencialmente lesivas
ao meio ambiente.

Com a instituição do SISNAMA pela Lei


6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo
Decreto 99.274, de 06 de junho de 1990, constituí-
do pelos órgãos e entidades da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e pelas Fun-
dações instituídas pelo Poder Público, responsáveis
pela proteção e melhoria da qualidade ambiental,
fixou-se que compete ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renová-
veis - IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o
licenciamento ambiental de empreendimentos e
atividades com significativo impacto ambiental de
âmbito nacional ou regional, a saber:

Competência Ibama

I - localizadas ou desenvolvidas conjuntamente


no Brasil e em país limítrofe; no mar territorial; na
plataforma continental; na zona econômica exclusi-
va; em terras indígenas ou em unidades de conserva-
ção do domínio da União.
II - localizadas ou desenvolvidas em dois ou
mais Estados;

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III - cujos impactos ambientais diretos ultra-
passem os limites territoriais do País ou de um ou
mais Estados;
IV - destinados a pesquisar, lavrar, produzir,
beneficiar, transportar, armazenar e dispor mate-
rial radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem
energia nuclear em qualquer
de suas formas e aplicações, mediante parecer
da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN;
V - bases ou empreendimentos militares, quan-
do couber, observada a legislação específica.

Aos órgãos ambientais estaduais ou do Distrito


Federal compete o licenciamento ambiental dos em-
preendimentos e atividades:
I - localizados ou desenvolvidos em mais de um
Município ou em unidades de conservação
de domínio estadual ou do Distrito Federal;
II - localizados ou desenvolvidos nas florestas
e demais formas de vegetação natural de preserva-
ção permanente relacionadas no artigo 2o da Lei n.º
4.771, de 15 de setembro de 1965, e em todas as que
assim forem consideradas por normas federais, esta-
duais ou municipais;
III - cujos impactos ambientais diretos ultrapas-
sem os limites territoriais de um ou mais Municípios;
IV – delegados pela União aos Estados ou ao
Distrito Federal, por instrumento legal ou convênio.

130
Por fim, compete ao órgão ambiental munici-
pal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos
Estados e do Distrito Federal, quando couber, o li-
cenciamento ambiental de empreendimentos e ati-
vidades de impacto ambiental local e daquelas que
lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento
legal ou convênio.

Etapas Do Licenciamento Ambiental

Definidas as competências e atividades sujeitas


ao licenciamento ambiental vamos ao estudo das
etapas de licenciamento ambiental no Brasil.

A Resolução CONAMA 237/97 disciplina em


seu artigo 8º., incisos I, II e III que os entes fede-
rados, diante das competências disciplinadas pela
Política Nacional de Meio Ambiente, expedirão as
seguintes licenças:

I - Licença Prévia (LP) - concedida na fase pre-


liminar do planejamento do empreendimento ou
atividade aprovando sua localização e concepção,
atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
requisitos básicos e condicionantes a serem atendi-
dos nas próximas fases de sua implementação; PRA-
ZO DE ATÉ 05 ANOS.

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II - Licença de Instalação (LI) - autoriza a ins-
talação do empreendimento ou atividade de acordo
com as especificações constantes dos planos, pro-
gramas e projetos aprovados, incluindo as medidas
de controle ambiental e demais condicionantes, da
qual constituem motivo determinante; PRAZO
ATÉ 06 ANOS.

III - Licença de Operação (LO) - autoriza a


operação da atividade ou empreendimento, após a
verificação do efetivo cumprimento do que consta
das licenças anteriores, com as medidas de contro-
le ambiental e condicionantes determinados para a
operação. PRAZO MÍNIMO DE 04 ANOS E MÁ-
XIMO DE 10 ANOS.

As licenças ambientais poderão ser expedi-


das isolada ou sucessivamente, de acordo com a
natureza, características e fase do empreendimen-
to ou atividade.

É importante lembrarmos que o empreendedor


e os profissionais que subscrevem os estudos previs-
tos no caput deste artigo serão responsáveis pelas
informações apresentadas, sujeitando-se às sanções
administrativas, civis e penais.

132
Relatório De Impacto Ambiental – Rima

A partir do Estudo de Impacto Ambiental é


produzido o RIMA - Relatório de Impacto Ambien-
tal, e por isso que, normalmente, é chamado de EIA-
-RIMA.
O RIMA é o relatório que reflete todas as con-
clusões apresentadas no EIA. Deve ser elaborado
de forma objetiva e deve conter mapas, fotos, grá-
ficos, explicações e conclusões técnicas que avaliem
as possíveis alterações que serão provocadas no am-
biente pelas obras. O relatório apresenta, de maneira
geral, as condições atuais da área ou ecossistema e
propõe medidas mitigadoras de impactos, além de
programas de acompanhamento e monitoramento.
É um dos instrumentos da Política Nacional do
Meio Ambiente e foi instituído pela RESOLUÇÃO
CONAMA N.º 001/86, de 23/01/1986.
Atividades utilizadoras de Recursos Ambientais
consideradas de significativo potencial de degrada-
ção ou poluição dependerão do Estudo Prévio de
Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA) para seu licenciamento
ambiental.

133
EXERCÍCIOS

1. Prova: FGV - 2008 - TJ-PA - Juiz


Analise as afirmativas a seguir:

I. Iniciar a construção, a instalação, a ampliação,


a reforma ou o funcionamento de estabelecimentos,
obras ou serviços potencialmente poluidores sem a
prévia obtenção de licença ambiental constitui infra-
ção administrativa ambiental.

II. Compete aos órgãos ambientais estaduais


competentes o licenciamento ambiental de ativida-
des localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais
Estados.

III. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental


e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental
(EIA/Rima) devem ser exigidos e apresentados an-
tes da concessão da Licença Prévia, fase do licencia-
mento ambiental em que é analisada a localização e
viabilidade ambiental do projeto.

IV. As audiências públicas realizadas no âmbi-


to dos procedimentos de licenciamento ambiental
destinam-se a fornecer informações sobre o projeto
e seus impactos ambientais, bem como a possibilitar
a discussão e o debate sobre o Relatório de Impacto

134
Ambiental. As críticas e sugestões manifestadas du-
rante as audiências públicas vinculam a decisão do
órgão ambiental competente a respeito da concessão
da licença ambiental ou do seu indeferimento.

Assinale:
• a) se somente as afirmativas I e II estiverem
corretas.
• b) se somente as afirmativas I e III estive-
rem corretas.
• c) se somente as afirmativas II e IV estive-
rem corretas.
• d) se somente as afirmativas III e IV esti-
verem corretas.
• e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

2. Prova: CESGRANRIO - 2008 - Petrobrás -


Advogado
Disciplina: Direito Ambiental | Assuntos: Li-
cenciamento Ambiental;
“Licença ambiental é o ato administrativo pelo
qual o órgão ambiental competente estabelece as
condições, restrições e medidas de controle ambien-
tal que deverão ser obedecidas pelo empreendedor,
pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, am-
pliar e operar empreendimentos ou atividades utili-
zadoras dos recursos ambientais consideradas efe-

135
tiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação am-
biental.”

Resolução CONAMA no 237/97 - Art. 1o II

Acerca das regras relativas ao procedimento


de licenciamento ambiental previstas na Resolução
CONAMA no 237, de 19 de dezembro de 1997,
analise as afirmações a seguir.

I - A concessão de licença ambiental a empre-


endimentos considerados causadores de significativa
degradação do meio dependerá de prévio estudo de
impacto ambiental e respectivo relatório de impacto
sobre o meio ambiente (EIA/RIMA).

II - Compete ao CONAMA o licenciamento


ambiental de empreendimentos e atividades com
significativo impacto ambiental de âmbito nacional.

III - Os prazos de validade constantes das li-


cenças prévia e de instalação concedidas pelo órgão
ambiental competente são improrrogáveis.

IV - As Licenças de Operação concedidas terão


um prazo máximo de validade de 5 (cinco) anos.
Está(ão) correta(s) APENAS a(s) afirmativa(s)

136
• a) I
• b) IV
• c) I e III
• d) I e IV
• e) I, II e III

3. Prova: FUMARC - 2011 - Prefeitura de Nova


Lima - MG - Procurador Municipal
Leia as afirmativas abaixo:

I. A licença ambiental para empreendimentos


e atividades consideradas efetiva ou potencialmen-
te causadoras de degradação do meio dependerá de
prévio estudo de impacto ambiental e respectivo
relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/
RIMA), ao qual será dada publicidade, garantida a
realização de audiências públicas, quando couber, de
acordo com a regulamentação.

II. A localização da reserva legal deve ser apro-


vada pelo órgão ambiental estadual competente ou,
mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal
ou outra instituição devidamente habilitada, deven-
do ser considerados, no processo de aprovação, a
função social da propriedade, e os seguintes critérios
e instrumentos: o plano de bacia hidrográfica; o pla-
no diretor municipal; o zoneamento ecológico-eco-
nômico; outras categorias de zoneamento ambien-

137
tal; e a proximidade com outra reserva legal, área de
preservação permanente, unidade de conservação
ou outra área legalmente protegida.

III. São titulares do dever-poder de implemen-


tação da política nacional do meio ambiente, os
funcionários de órgãos ambientais integrantes do
Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA,
designados para as atividades de fiscalização, além
de outros a que se confira tal atribuição. Por isso,
quando a autoridade ambiental tiver conhecimento
de infração ambiental é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante processo administrati-
vo próprio, sob pena de co-responsabilidade.

IV. Segundo o entendimento do STJ, qualquer


que seja a qualificação jurídica do degradador, público
ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade
civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva, so-
lidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do
poluidor- pagador, da reparação in integrum, da prio-
ridade da reparação in natura, e do favor debilis, este
último a legitimar uma série de técnicas de facilitação
do acesso à Justiça, entre as quais se inclui a inversão
do ônus da prova em favor da vítima ambiental.

Com base nas afirmações acima, é CORRE-


TO afirmar:

138
• a) apenas a afirmação I é falsa.
• b) apenas as afirmações II e III são verdadeiras.
• c) apenas as afirmações III e IV são falsas.
• d) apenas a afirmação IV é verdadeira.

4. Prova: FCC - 2011 - TCM-BA - Procurador


Especial de Contas
Disciplina: Direito Ambiental | Assuntos: Es-
tudo de impacto ambiental (EIA);
Considere as afirmações abaixo, a respeito do
estudo de impacto ambiental (EIA):

I. O estudo de impacto ambiental é obrigatório


em qualquer hipótese de realização de obra ou ati-
vidade que cause risco de dano ambiental, indepen-
dentemente de sua magnitude.

II. O diagnóstico ambiental da área de influên-


cia do projeto e a definição de medidas mitigadoras
dos eventuais impactos negativos estão entre os ele-
mentos obrigatórios do estudo de impacto ambien-
tal.

III. O órgão ambiental licenciador não está


obrigado a aceitar as conclusões do estudo de im-
pacto ambiental e poderá solicitar esclarecimentos e
complementações.

139
Está correto o que se afirma APENAS em
• a) I.
• b) I e II.
• c) II e III.
• d) II.
• e) III.

5. Prova: MPE-MT - 2012 - MPE-MT - Pro-


motor de Justiça
Sobre licenciamento ambiental, analise as asser-
tivas abaixo.

I - O prévio licenciamento ambiental apenas é


obrigatório nos casos em que as obras e atividades
sejam consideradas efetiva ou potencialmente polui-
doras, cabendo ao órgão licenciador definir, discri-
cionariamente, se o Estudo de Impacto Ambiental é
necessário ou não.

II - Pode o órgão ambiental competente, me-


diante decisão motivada, modificar as condicionan-
tes e as medidas de controle e adequação, bem como
suspender ou cancelar uma licença expedida, quan-
do ocorrer superveniência de graves riscos ambien-
tais e de saúde.

III - O licenciamento ambiental de empreen-


dimentos e atividades de impacto ambiental local

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compete ao órgão municipal, ouvidos os órgãos
competentes da União, dos Estados e do Distrito
Federal, quando couber.

IV - O critério da dominialidade incidente so-


bre um recurso natural tem o condão de definir a
competência para o licenciamento ambiental, de
modo que a atividade de mineração deve ser licen-
ciada pela União.

Está correto o que se afirma em:


• a) I e IV.
• b) I e III.
• c) II e IV.
• d) III e IV.
• e) II e III.

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