Bactérias Anaeróbicas

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29/10/2024

Bactérias Anaeróbias

Prof Dr Adilson C.A. Bernardi

Anaeróbios - origem
 Origem da Terra
 Ambiente atmosférico era totalmente livre de oxigênio.
 Evidências filogenéticas sugerem que os organismos anaeróbios
estritos seriam as primeiras formas de vida que emergiram em
nosso planeta.
 O sucessivo aumento da concentração de oxigênio na
atmosfera terrestre causou a evolução dos sistemas
biológicos no desenvolvimento de cadeias
transportadoras de elétrons, e de complexos enzimáticos
capazes de utilizar eficientemente o oxigênio como
aceptor final dos elétrons.

Cadeia Respiratória

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Bactérias Anaeróbias

 O oxigênio é letal ao anaeróbio estrito porque na sua


redução são formadas substâncias intermediárias (ERO)
tóxicas:
 Radical hidroxila
 Anion superóxido
 Peróxido de hidrogênio
 São removidas, eventualmente, por enzimas da família das
superóxido dismutase e peroxidase presentes em
quantidades variáveis em algumas espécies, que assim
garantem certa tolerância ao O2.

Oxigênio Singleto

 O oxigênio singlet (1O2–)


 É o oxigênio molecular normal (O2) que foi induzido a um
estado de alta energia sendo extremamente reativo.
 Radicais superóxidos (O2⋅–) ou ânions superóxidos
 São formados em pequenas quantidades durante a
respiração normal dos organismos que utilizam o oxigênio
como aceptor final de elétrons, produzindo água.

5 Prof dr Adilson C.A. Bernardi

RONSEIN, Graziella E. et al . Oxidação de proteínas por oxigênio singlete: mecanismos de


6 dano, estratégias para detecção e implicações biológicas. Quím. Nova, São Paulo , v. 29, n. 3,
p. 563-568, June 2006

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Bactérias Aeróbias e Facultativas


(Ação das enzimas superóxido dismutase, catalase e peroxidase)

•Estas enzimas eliminam radicais tóxicos do oxigênio que são inevitavelmente gerados
em sistemas vivos na presença de O2.
•A distribuição destas enzimas nas células determina a capacidade destas células
existirem na presença de O2. (Fernandes-Junior, A. Microbiologia de anaeróbios. IBB-Unesp)

Bactérias Anaeróbias Estritas

Anaeróbios - origem
 “É todo microrganismo que cresce em ambiente isento de
oxigênio e que realiza suas funções metabólicas vitais
utilizando compostos diferentes do O2, tais como sulfatos,
carbonatos, nitratos”
 São encontradas em todo o corpo humano
 Podem ser facultativos, quando são capazes de sobreviver na
presença de O2, ou
 Aerotolerantes, quando são capazes de sobreviver com O2
produzindo a enzima superóxido dismutase, a qual diminui os
radicais livres de oxigênio.

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Bactérias Anaeróbias

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Bactérias Anaeróbias
 A enzima superóxido dismutase (SOD), envolvida na
eliminação do ânion superóxido, é a principal enzima
envolvida na maior resistência dos anaeróbios
estritos ao oxigênio.
 Quanto maior a atividade dessa enzima em anaeróbios,
maior era o tempo de sobrevivência destes em ambientes
com oxigênio.

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Cultivo de Anaeróbios
Jarra de Anaerobiose:
(retirada mecânica do oxigênio, deixando uma
proporção de gases de, aproximadamente, 90% de Câmara de Anaerobiose
nitrogênio e 10% de gás carbônico)

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Bactérias Anaeróbias de Importância Clínica


 As bactérias anaeróbias são ubíquas.
 No homem, elas predominam
 Na cavidade oral (ao redor dos dentes)
 No trato gastrintestinal (especialmente no cólon, onde
superam a E. coli em 1000:1)
 No trato geniturinário e na pele.
 A maioria desses habitats possui baixa tensão de oxigênio e
baixo potencial redox.
 As bactérias anaeróbias associadas ao homem são,
predominantemente, fermentadoras (oxidação parcial do
substrato) e têm vantagem, tendo em vista a enorme
diversidade de substratos que podem ser utilizados.

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Bactérias Anaeróbias de Importância Clínica


 Esse grupo de bactérias é formado por espécies que
variam de aerotolerantes a muito exigentes quanto à
ausência de oxigênio.
 As mais estritas crescem em atmosferas com 0,5% de
oxigênio, muitas crescem em atmosferas ao redor de 3%
e algumas podem crescer ainda em concentrações de até
6% de oxigênio.

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Bactérias Anaeróbias de Importância Clínica


 Os anaeróbios estritos são habitantes normais do organismo
humano, ultrapassando em número os aeróbios e anaeróbios
facultativos.
 Assim, os anaeróbios estritos estão em proporções 5 a 1000
vezes maiores que os aeróbios estritos e facultativos na
microbiota normal do tubo digestivo, pele, trato respiratório
superior e genital feminino.
 Quando existem fatores predisponentes, essas bactérias
provocam processos patológicos em diferentes órgãos e
sistemas.
 Por esse motivo, a maior parte das infecções provocadas pelas
bactérias anaeróbias estritas são infecções chamadas
endógenas.
 Esse tipo de infecção é pouco ou nada contagioso.

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Bactérias Anaeróbias de Importância Clínica

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Infecções por anaeróbios


 Causam infecções
Clássicas
 Toxi-infecções e Gangrenas
 Desenvolvem–se em
tumores e lesões
 Odor fétido;
 Próximo a superfície de
mucosas;
 Visto na lâmina de
microscopia e não cresce
no meio de cultura em
cultivos normais.

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Infecções por anaeróbios


 Alguns aspectos clínicos fazem suspeitar de uma infecção
com envolvimento de bactérias anaeróbias:
 Secreção Fétida
 Infecção nas proximidades de superfície mucosa
 Tecido necrótico
 Presença de gás em tecidos ou secreção
 Tromboflebite séptica
 Coloração negra em secreção com sangue
 Infecção decorrente de mordida humana ou de animal
 Presença de grânulos de enxofre nas secreções
 Terapêutica prévia com aminoglicosídeo
 Gangrena gasosa
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Infecções por anaeróbios


 Fatores Predisponentes:
 Baixo potencial de oxi-redução facilita o crescimento de
bactérias anaeróbias.
 A causa clínica mais comum de diminuição do potencial redox é a
anóxia dos tecidos resultante normalmente de lesões vasculares,
compressão, hipotermia, choque, edema e outras condições que levam
à má perfusão.
 Quanto às doenças sistêmicas ou condições gerais como:
 Corticoterapia, terapêutica de tumores, leucopenia,
hipergamaglobulinemia, colagenoses, diabetes, esplenectomias, embora
relacionadas como predisponentes, não há evidência concreta.

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Infecções por anaeróbios


 Suspeitas:
 Presença de lesão com aspecto de micetoma e a observação de grânulos
de enxofre no pus é característica de uma infecção por Actinomyces.
 Infecção secundária a uma mordida de animal ou do ser humano.
 Formas pleomórficas na coloração de Gram (como regra geral, os
anaeróbios são mais pleomórficos que os aeróbios e anaeróbios
facultativos).
 Observação no material clínico de bacilos Gram positivos esporulados
que lembram Clostridium.
 Observação de bactérias no material clínico corado pela coloração de
Gram, que não crescem nos meios mantidos em atmosferas de
aerobiose.
 Crescimento de bactérias somente na parte inferior de tubos com
meios de caldo Tioglicolato.

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Infecções por anaeróbios

 Algumas infecções são exógenas associadas a agentes


esporulados:
 Botulismo – Clostridium botulinum
 Tétano – Clostridium tetani
 Gangrena Gasosa – Clostridium perfringes
 Processo infeccioso envolve uma mistura de bactérias que
atuam por sinergismo de virulência e complementaridade
metabólica
 Por vezes, associam-se a bactérias aeróbias que numa 1ª fase
lhes fornece alguns metabolitos.

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Infecções por anaeróbios

22 http://www.icb.usp.br

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Principais Bactérias Anaeróbias de


Interesse Médico

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Gênero Clostridium
 Os clostrídios são bastonetes anaeróbios, gram-
positivos, móveis e grandes.
 Muitos decompõem proteínas ou formam toxinas, sendo
que alguns exibem essas duas propriedades.
 Seu habitat natural é o solo ou o trato intestinal de
animais e seres humanos, onde vivem como saprófitas.
 Dentre os patógenos estão os microrganismos
responsáveis pelo botulismo, tétano, gangrena gasosa e
colite pseudomembranosa.

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Gênero Clostridium
•Espécies •Atividades
•Clostridium botulinum •Causadora do botulismo.
•Encontra-se distribuída em todo o
meio ambiente e os esporos
conseguem penetrar em alimentos
conservados ou enlatados com baixos
níveis de oxigênio e nutrientes
suficientes para garantir seu
crescimento.
•A toxina botulínica pré-formada é
ingerida e absorvida, vindo a atuar
sobre o sistema nervoso periférico ao
inibir a liberação de acetilcolina nas
sinapses colinérgicas, causando
paralisia.
•Depois que a toxina se encontra
25 ligada o processo é irreversível.
•Os sintomas estão associados à ação
anticolinérgica e o botulismo deve ser
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Ação da Toxina Botulínica

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Gênero Clostridium
•Espécies •Atividades
•Clostridium tetani •Os esporos são responsáveis pelo
tétano e estão presentes em todo o
meio ambiente.
•Enquanto crescem os
microrganismos elaboram a toxina
tetanospasmina.
•A toxina propaga-se ao longo dos
nervos até o sistema nervoso central,
onde se liga aos gangliosídios, suprime
a liberação de neurotransmissores
inibitórios e provoca espasmo
muscular.
•A morte resulta da incapacidade de
respirar.
•Mais de 50% dos casos de tétano
27 ocorrem após pequenas lesões.

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Ação da Toxina Tetânica

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Ação da Toxina Tetânica

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https://www.instagram.com/medical.uptodate/

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Gênero Clostridium
•Espécies •Atividades
•Clostridium perfringens •É o causador da gangrena gasosa
encontrado em todo o meio ambiente..
•Todos os tipos de C. perfringens
produzem alfatoxina, uma exotoxina
hemolítica necrosante que é uma
lecitinase.
•As outras toxinas apresentam atividades
variáveis, incluindo necrose tecidual e
hemólise.
•Ocorre gangrena gasosa quando uma
ferida dos tecidos moles é contaminada
por C. perfringens, em traumatismo, aborto
séptico e ferimentos de guerra.
•Uma vez iniciada a infecção, os
microrganismos elaboram toxinas
necrotizantes; o CO2 e o H2 acumulam-se
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nos tecidos e são, clinicamente,
detectáveis na forma de gás.

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Gênero Clostridium
•Espécies •Atividades
•Clostridium difficile •Causador da colite
pseudomembranosa.
•Faz parte da microbiota
gastrintestinal normal de 2 a 10%
dos seres humanos.
•São relativamente resistentes à
maioria dos antibióticos
comumente utilizados.
•Com o uso de antibióticos, a
microbiota gastrintestinal normal
é suprimida, de modo que C.
difficile passa a proliferar
produzindo enterotoxinas
33 citopáticas.
•Os sintomas variam desde
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Bacilos Gram-negativos anaeróbios


•Espécies •Atividades
•Bacteroides •Predominantes no colo humano.
•Fazem parte da microbiota normal,
sendo patogênicos apenas se
ganharem acesso ao sangue durante
penetração do intestino, por exemplo,
durante uma cirurgia ou trauma.
•São a causa mais comum de
infecções sérias por organismos
anaeróbicos.
•São bacilos finos ou cocobacilos e
sua cápsula é um importante fator de
virulência.
•A principal espécie é o B. fragilis.
•É comum entre as espécies desse
gênero a resistência a drogas, sendo o
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opção mais freqüente de antibiótico a
ser utilizado.
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Bacilos Gram-negativos anaeróbios


•Espécies •Atividades

•Prevotella •A principal espécie patogênica desse


gênero é a P. melaninogenica, uma bactéria
da biota normal da boca e dos tratos
alimentar superior e respiratório.
•Sua parede celular contém uma potente
endotoxina.
•As infecções por Prevotella estão geralmente
associadas ao trato respiratório superior,
causando, por exemplo, infecções dentárias e
sinusais, infecções e abscessos pulmonares,
abscessos cerebrais e infecções causadas por
uma mordida humana.

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Bacilos Gram-negativos anaeróbios


•Espécies •Atividades
•Fusobacterium •Bacilos em forma de fuso, com
extremidades afiladas, encontrados
como parte da biota normal da boca,
trato genital feminino e do colo
uterino.
•Possuem virulência limitada, contudo,
estão envolvidos em uma grande
variedade de apresentações clínicas,
como, por exemplo, peritonite,
abscessos cerebrais, osteomielite e
uma inflamação das tonsilas conhecida
como angina de Vincent.
•O grupo Fusobacterium inclui várias
espécies freqüentemente isoladas em
infecções bacterianas mistas causadas
39 pela microbiota normal das mucosas.

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