1 Eflorescências Ocasionadas em Alvenaria
1 Eflorescências Ocasionadas em Alvenaria
1 Eflorescências Ocasionadas em Alvenaria
2022
Igor Dalmolin Schuster
2022
AGRADECIMENTO
Gostaria de prestar meus agradecimentos a mim concedido por Deus por chegar nesta
etapa da vida com saúde e disposição e tendo a oportunidade de cursar uma graduação tão bem
reconhecida como é a engenharia civil.
Agradeço a todos os meus familiares pelo apoio incondicional, seja por ouvir desabafos,
prestar algum conselho, uma crítica e até mesmo na transmissão de mensagens de apoio quando
necessária. À minha namorada Lígia pelos apontamentos e dicas de melhorias, bem como pelo
apoio e por respeitar os momentos de isolamento dedicado para o trabalho.
Não poderia deixar de agradecer ao professor orientador Marcus Daniel por toda a
disponibilidade na transmissão de conhecimento sempre prestando assistência, propondo
conselhos e melhorias para o estudo.
Agradeço também a C2B imóveis, empresa a qual me proporcionou a oportunidade de ter
contato com a parte prática do curso vivenciando o dia a dia da obra através do estágio, além
de proporcionar todos os materiais utilizados e através da sensibilidade em entender os motivos
de ausência nos dias de trabalho.
Agradecimento especial também ao pessoal do Laboratório de Estruturas da Unisc,
principalmente ao Henrique ao qual prestou grande auxílio na realização dos ensaios, se
mostrando sempre prestativo e com vontade de ajudar. Também gostaria de agradecer ao
laboratório ITT Oceaneon da Unisinos, em especial ao Lucas que foi o técnico responsável pelo
ensaio de difração de raio X, o qual também se mostrou bastante solícito em tirar qualquer
dúvida que surgiu no decorrer da pesquisa.
Enfim, agradeço a todos que de alguma forma estiveram presentes ao longo desta árdua
caminhada.
RESUMO
As manifestações patológicas estão cada vez mais frequentes nas obras de engenharia, tendo as
suas causas ligadas tanto ao projeto, como execução e uso de materiais de baixa qualidade. Com
isso, o tema do estudo são as eflorescências que são ocasionadas tanto no bloco cerâmico como
no graute que são patologias que se destacam por sua coloração clara e sua origem está ligada
a sais solúveis, fluxo de água e gás carbônico. Considerando o exposto, este trabalho tem por
objetivo geral a investigação e análise das causas e dos danos ocasionados pelas eflorescências
sobre as estruturas, bem como objetivos específicos como a análise da formação, do
comprometimento e dos possíveis impactos da eflorescência no que diz respeito à área
estrutural, assim como verificar quais elementos se fazem presentes na formação da patologia.
O método de abordagem adotado foi quantitativo e quanto ao método de procedimento
empregou-se pesquisas bibliográficas, seguindo as normas regulamentadoras. Os ensaios
realizados foram divididos em duas partes distintas: ensaios previstos em laboratório e ensaios
previstos na obra. Em laboratório foi realizada a moldagem de corpos de prova buscando a
formação da eflorescência, analisando a resistência dos elementos e também por meio da
raspagem de amostras de eflorescência no graute e no bloco cerâmico, verificou-se os minerais
presentes por meio da difração de raios x. Já na obra foi realizada extração do revestimento
argamassado analisando os impactos estruturais da eflorescência. Diante de todos os
procedimentos realizados, concluiu-se que nenhum dos elementos apresentou potencial de
eflorescência, a resistência à compressão do graute e da argamassa de assentamento se
mostraram dentro do proposto pelas especificações do produto e também o revestimento
argamassado não se mostrou influenciável pela presença de eflorescência. Além disso, por meio
da difração de raios x foi encontrado em maior proporção o elemento alphathitalite na
eflorescência retirada do bloco cerâmico e na amostra de eflorescência no graute foi encontrado
em maior número o elemento quartzo. Espera-se que esta pesquisa possa contribuir para a área
da construção civil permitindo maior capacidade de identificar fatores determinantes para a
ocorrência das eflorescências. No mesmo propósito, o conhecimento possibilita o
acompanhamento e o correto tratamento da anomalia, mediante a adoção de medidas
necessárias para sanar essa patologia como por exemplo através da substituição de algum
insumo que possa estar causando o referido problema.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 7
1.1 Área e limitação do tema .................................................................................................. 9
1.2 Justificativa ........................................................................................................................ 9
1.3 Objetivos........................................................................................................................... 10
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................... 10
1.3.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................................... 11
2.1 Conceito de patologia ...................................................................................................... 11
2.2 Vida útil e durabilidade .................................................................................................. 11
2.3 Conceito de manutenção ................................................................................................. 12
2.4 Patologias na Construção Civil ...................................................................................... 13
2.5 Principais tipos de patologias ......................................................................................... 16
2.5.1 Fissuras .......................................................................................................................... 16
2.5.1.1 Fissura devido à sobrecargas ..................................................................................... 18
2.5.1.2 Fissura por retração do concreto .............................................................................. 18
2.5.1.3 Fissura por recalque de fundações ............................................................................ 19
2.5.1.4 Fissuras devido às movimentações térmicas ............................................................ 20
2.5.2 Corrosão das armaduras .............................................................................................. 20
2.5.3 Carbonatação ................................................................................................................ 24
2.5.4 Lixiviação ....................................................................................................................... 25
2.5.5 Infiltração ...................................................................................................................... 26
2.5.6 Segregação do Concreto ............................................................................................... 28
2.5.7 Bolor ou Mofo ................................................................................................................ 29
2.5.8 Eflorescência .................................................................................................................. 30
2.5.8.1 Definição de eflorescência .......................................................................................... 30
2.5.8.2 Mecanismo de formação............................................................................................. 31
2.5.8.3 Eflorescência no Bloco Cerâmico .............................................................................. 36
2.5.8.4 Eflorescência no Graute ............................................................................................. 38
2.5.8.5 Causas das eflorescências ........................................................................................... 41
2.5.8.6 Problemas ocasionados pelas eflorescências ............................................................ 44
2.5.8.7 Soluções para minimizar o aparecimento das eflorescências ................................. 44
3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 46
3.1 Caracterização da pesquisa ............................................................................................ 46
3.1.1 Ensaios em laboratório ................................................................................................. 46
3.1.1.1 Determinação de eflorescência nos blocos cerâmicos .............................................. 46
3.1.1.2 Ensaio de determinação da eflorescência no graute ................................................ 47
3.1.1.3 Ensaio de resistência à compressão do graute ......................................................... 48
3.1.1.4 Ensaio de determinação da eflorescência na argamassa ......................................... 49
3.1.1.5 Ensaio de resistência à compressão e flexão da argamassa .................................... 51
3.1.1.5.1 Ensaio de resistência à tração na flexão ................................................................. 51
3.1.1.5.2 Ensaio de resistência à compressão ........................................................................ 52
3.1.1.6 Ensaio de Difração de raio X ..................................................................................... 53
3.1.2 Ensaios previstos na obra ............................................................................................. 54
3.1.2.1 Ensaio de aderência à tração do revestimento argamassado.................................. 54
4 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS ................................................................................ 56
4.1 Ensaio de determinação de eflorescência nos blocos cerâmicos .................................. 56
4.2 Ensaio de eflorescência no graute .................................................................................. 58
4.3 Ensaio de compressão do graute .................................................................................... 62
4.4 Ensaio de eflorescência na argamassa ........................................................................... 64
4.5 Ensaio de resistência à tração na flexão da argamassa ................................................ 66
4.6 Ensaio de resistência à compressão da argamassa ....................................................... 67
4.7 Ensaio de resistência de aderência à tração .................................................................. 69
4.7.1 Arrancamento com eflorescência sobre o substrato .................................................. 73
4.7.2 Arrancamento sem eflorescência sobre o substrato ................................................... 73
4.8 Ensaio de difração de raio X .......................................................................................... 74
4.8.1 Análise quantitativa pelo Método de Rietveld – Eflorescência em bloco cerâmico 77
4.8.2 Analise quantitativa pelo Método de Rietveld – Eflorescência no graute................ 80
5 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 84
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 85
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 86
7
1 INTRODUÇÃO
1.2 Justificativa
como por exemplo através da substituição de algum insumo que possa estar causando o referido
problema.
1.3 Objetivos
Os objetivos do trabalho serão divididos em objetivos gerais e objetivos específicos, que
estarão dispostos a seguir.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Bolina, et al. (2019) conceituam patologia no âmbito da construção civil como uma
ciência que estuda a origem, os sintomas e a natureza das manifestações patológicas,
esclarecendo que o termo deriva de palavras gregas: páthos (doença, sofrimento) e logia
(estudo, ciência). No entendimento dos autores pode ser compreendido como um desvio da
condição normal de usabilidade de um elemento.
Assim como qualquer doença tratada pela medicina, a manifestação patológica em
elementos construtivos apresenta certos sintomas que permitem identificar e tratar o problema
antes que evolua para um quadro de maior gravidade.
Segundo os autores, muitos profissionais se referem ao estudo da patologia de forma
equivocada, não a diferenciando de manifestações patológicas, entretanto, os conceitos diferem,
sendo a primeira uma ciência que estuda as origens, sintomas e mecanismos de tratamento do
problema e a segunda o problema em si, fisicamente visível.
Segundo a NBR 15575-1: 2021, o critério de vida útil (VU) de uma edificação é definido
pelo tempo em que ela atende aos fins para os quais foi projetada e construída, mediante a
execução dos processos e manutenções por ela especificadas
Importante diferenciar vida útil (VU) de vida útil de projeto (VUP), sendo que a primeira
é o tempo em que efetivamente uma edificação se presta à finalidade proposta pelo projeto,
desde que corretamente executada e submetida as manutenções necessárias definidas em
normas regulamentares. Já a VUP consiste na estimativa teórica de tempo prevista no projeto
seguindo o atendimento aos mesmos critérios da vida útil antes mencionados.
De acordo com Bolina, et al. (2019), no Brasil os projetos estimam a vida útil das
edificações superior a 50 anos, porém, com condições de uso e habitabilidade além desse
período. Os autores salientam ainda que vida útil de projeto não significa apenas o período
possível de utilização, mas também o tempo em que ela atenda a finalidade proposta definida
previamente.
12
A durabilidade não é uma propriedade intrínseca dos materiais, mas sim uma função
relacionada com o desempenho dos mesmos sob determinadas condições ambientais.
O envelhecimento destes resulta das alterações das propriedades mecânicas, físicas e
químicas, tanto na superfície como no seu interior, em grande parte devida à
agressividade do meio ambiente.
Para uma estrutura obter alta durabilidade e atingir o período estimado em projeto, devem
ser seguidos alguns processos recomendados sobre tecnologia do concreto, merecendo destaque
a relação água/cimento, a correta cura evitando a secagem repentina o que confere mais
resistência ao concreto a longo prazo. Além disso, Rougeau e Guiraud (2014) concluem que o
cobrimento das armaduras e as características do concreto empregado são de fundamental
importância para a durabilidade das obras.
A NBR 15575-1: 2021 se refere à manutenção como sendo o conjunto de ações adotadas
para evitar que a capacidade funcional de uma edificação seja alterada, tanto para manter quanto
para recuperar sua condição original atendendo as necessidades dos usuários. No mesmo
sentido, Bolina, et al. (2019) conceituam manutenção como sendo um conjunto de técnicas e
13
medidas administrativas que visam conservar ou restabelecer ao item o seu estado inicial,
possibilitando que cumpra as suas funções.
Independente da qualidade da execução e dos materiais empregados, toda estrutura deve
receber manutenções e reparos ao longo do tempo para preservar a suas características, tanto
estéticas quanto de segurança, pois as propriedades dos materiais que a integram possuem uma
vida útil, assim como a maioria dos produtos. Inclusive a manutenção periódica acompanhada
por profissional habilitado pode até mesmo estender o prazo de validade inicialmente
determinado no projeto. Bolina, et al. (2019) afirmam que uma construção somente atingirá a
vida útil determinada se houver uma série de manutenções ao longo do tempo, principalmente
na sua fase de utilização, evitando e corrigindo qualquer perda de desempenho que comprometa
a sua integridade.
O processo de manutenção pode ser dividido em duas formas: a manutenção corretiva,
que visa corrigir um problema já identificado e a manutenção preventiva, que é realizada com
antecedência para evitar que aconteça algo mais grave e comprometa a segurança de uma
edificação. De acordo com a figura 1, é possível perceber como a manutenção recorrente exerce
um papel determinante para atingir a vida útil para o qual foi projetada a edificação, de modo
que, não havendo tal processo, a durabilidade será reduzida.
cuidado e a ilusória percepção de que uma estrutura de concreto é eterna e não precisa de
manutenção e/ou reparos.
Possan e Demoliner (2013) inclusive entendem tais manifestações patológicas como
preocupantes para os atuantes na construção civil, razão pela qual chamam a atenção para um
maior controle dos processos, especialmente para que os projetos atentem quanto à durabilidade
das estruturas, sendo da mesma importância o monitoramento e a manutenção das construções
já existentes.
Seguindo a Lei de Sitter de 1984, que é um estudo que enfoca a prevenção mediante a
rápida intervenção como redução de custos, Tutikian e Pacheco (2013) afirmam que a ação
imediata nas etapas iniciais de uma obra na qual seja identificado algum sintoma do problema,
até mesmo pela dúvida, evita custos desnecessários gerando menor impacto econômico em
relação à proposta inicial.
Entretanto, estudos demonstram que as modificações e correções no curso da obra elevam
o seu custo para cinco vezes, todavia, em casos mais críticos, quando há a necessidade de
manutenções corretivas após a conclusão de etapas, os valores podem alcançar cento e vinte e
cinco vezes do valor inicial, o que interfere diretamente e de forma negativa no orçamento
previsto para a obra.
A figura 2 retrata a proposta de Sitter quanto à relação tempo x momento da intervenção
e segue uma progressão geométrica de razão 5.
Muitas das manifestações patológicas encontradas nas obras são ocasionadas por erros de
projeto que carecem de informação, que apresentam medidas incorretas, mal dimensionamento
estrutural, escala dos elementos não condizente com o real. Do mesmo modo, os cobrimentos
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das armaduras fora das especificações das normas técnicas em relação à agressividade do
ambiente, a exemplo das edificações em áreas que contenham alta salinidade, exposição a gases
poluentes oriundos de indústrias que, embora pareçam inofensivos, causam agressões
silenciosas e progressivas nas estruturas.
Por outro lado, a participação humana tem parcela significativa no êxito do projeto, na
medida em que a atenção do profissional projetista pode ser prejudicada pelo excesso de tarefas,
cobranças para cumprimento de prazos, impedindo as verificações devidas e configurando a
negligência do mesmo, ainda que não intencional.
Nesse sentido Gonçalves (2015, p. 29) enfatiza que “um grande avanço na obtenção da
melhoria de qualidade da construção pode ser alcançado partindo-se de uma melhor qualidade
dos projetistas”, reforçando ainda que a fase de planejamento é decisiva na velocidade, custos
e qualidade da edificação.
Ocorrências dessa natureza também se verificam por erros no processo executivo, tais
como: a utilização de mão de obra desqualificada sem o conhecimento técnico necessário para
a execução da atividade, desatenção dos responsáveis pela conferência das atividades
desenvolvidas, pressa na realização das tarefas, utilização de materiais de qualidade inferior a
recomendada com a intenção de baratear os custos.
Da mesma forma, falhas na execução podem decorrer da desatenção dos processos
essenciais na realização de alguma etapa podendo comprometer o conjunto. Isso pode ser
atribuído à carência de profissionais tecnicamente qualificados para atuar nos canteiros de
obras, sendo que muitas vezes o que se verifica é a atuação sem o mínimo de conhecimento
necessário para desempenhar função de tamanha importância.
Como já mencionado, as anomalias em estudo podem estar relacionadas a diversos fatores
e apresentarem diferentes “perigos”, podendo afetar apenas a parte estética ou comprometer a
estrutura ao ponto de levá-la ao colapso. De qualquer forma, independente do grau de
importância e gravidade, a manifestação patológica, depois de identificada, deve ser monitorada
e o quanto antes corrigida para evitar maiores danos. Merece destaque que esse tipo de
ocorrência não se constitui em fato isolado e sim, decorre de um conjunto de práticas errôneas
ao longo da execução que, se não sanadas imediatamente, culminam em problemas futuros de
proporções variadas.
O processo desde a identificação até o tratamento deve respeitar algumas etapas,
conforme descrito por Bolina, et al. (2019):
● Sintomatologia: entender os reais motivos que originaram o problema;
16
2.5.1 Fissuras
Fissuras são manifestações fisicamente apresentadas como uma abertura em linha reta ou
curva alertando para uma situação de perigo que pode comprometer a durabilidade da estrutura,
bem como gerar insegurança nos usuários da edificação no que diz respeito à sua estabilidade
e resistência.
As causas prováveis são diversas, tais como: recalque de fundação, retração do concreto,
variações de temperatura, sobrecarga estrutural, dentre outros. “Conceitualmente, as aberturas
são caracterizadas como microfissuras, fissuras, trincas, rachaduras e fendas de acordo com a
sua amplitude” (BOLINA et al., 2019, p. 34)
As microfissuras e fissuras são aberturas superficiais com grau inicial de agressividade
pouco relevante para a estrutura, todavia facilitam a entrada de água e gases no interior do
concreto podendo gerar maiores complicações. Já as trincas, as rachaduras e as fendas requerem
maior atenção e uma rápida intervenção se faz necessário por apresentarem uma abertura
significativa vulnerando o elemento estrutural que perde a capacidade física de resistir aos
esforços, podendo levá-la ao colapso sem aviso prévio.
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De acordo com Resende, et al. (2018) as fissuras surgem pela contração dos elementos
estruturais expostos às variações significativas de temperatura, resultando em esforços de tração
sobre o concreto, que se for superior à sua resistência pode ocasionar o surgimento da referida
patologia. Thomaz (2020) acrescenta que tais movimentações são dificultadas pelos vínculos
que integram a estrutura, gerando tensões.
Na lição de Casotti (2007, p. 14) “a magnitude das tensões desenvolvidas é função da
intensidade da movimentação, do grau de restrição imposto pelos vínculos a esta movimentação
e das propriedades elásticas do material”. Soares, et al. (2021), por sua vez, vai além ao afirmar
que paredes com vãos extensos favorecem o surgimento de fissuras, o que pode ser evitado ou
ter as consequências amenizadas pela utilização de juntas de dilatação para reduzir as tensões
da movimentação dos elementos estruturais.
Thomaz, 1990 apud, Tramontin, et al., 2013, p. 775, destaca os fatores principais para o
surgimento das fissuras como sendo:
Esse tipo de fissura normalmente é ocasionado pela perda de água aliada com as tensões
de movimentação dos elementos estruturais ocasionando a retração concreto além do esperado,
conforme entendimento de Kammler, et al. (2016). Nessas circunstâncias, Neville (2016)
acrescenta que a retração do concreto irá ocorrer de forma mais intensa de acordo com a
quantidade de água utilizada na mistura.
A temperatura, umidade, direção e a intensidade dos ventos são fatores externos que
contribuem para a evaporação da água presente no concreto. Diante disso, a adoção de medidas
que evitem a evaporação precoce da água pode evitar ou pelo menos minimizar a fissuração.
Em complemento, o autor afirma que quanto maior a utilização de cimento maior a
19
A corrosão das armaduras, segundo Melo (2011), ocorre pela interação destrutiva de um
material com o ambiente ao qual ele está exposto, devido a um processo químico ou
eletroquímico.
As armaduras das estruturas são protegidas por uma barreira de proteção física
denominada de cobrimento, que tem como objetivo evitar a entrada de agentes agressivos
presentes no meio externo. Nesse aspecto, esclarece Melo (2011) que, ainda que o cobrimento
de certa forma proteja a armadura, não se pode esquecer que o concreto é um material permeável
21
que permite a atuação de agentes agressivos no seu interior através de fissuras ou imperfeições
nele contidas. Dessa forma é de vital importância observar os processos e técnicas para evitar
a ocorrência de fissuras e demais manifestações patológicas já abordadas.
Nesse contexto, o índice de permeabilidade do concreto tem influência direta no processo
corrosivo juntamente com a ação da água e do oxigênio. A relação elevada de água/cimento
acentua consideravelmente a permeabilidade do concreto que se torna mais poroso, com vazios
no seu interior que permitem a entrada de gases e líquidos com mais facilidade, ocasionando
assim o fenômeno corrosivo, cujo maior dano é a perda da resistência mecânica do aço.
Conforme Soares, et al. (2015), sem a presença de água no ambiente em que o concreto
está inserido, dificilmente ocorrerá a corrosão da armadura, pois como mencionado
anteriormente, a água é um fator determinante para o desencadeamento do processo. Da mesma
forma, estando o concreto totalmente submerso, sem a presença de oxigênio, a ocorrência da
corrosão será mínima ou inexistente.
Por sua vez, Neville e Brooks (2013, p. 271), explicam que: “A corrosão do aço ocorre
devido à ação eletroquímica que acontece quando dois metais diferentes estão em contato
elétrico, na presença de umidade e oxigênio”. Sousa e Ripper (2009) complementam que a
corrosão é um processo que começa externamente avançando para o interior da estrutura,
transformando o aço resistente em ferrugem, que substitui parcialmente a área do aço inicial
que se torna reduzida que, por consequência, perde boa parte do seu poder de resistência.
Conforme Mehta e Monteiro (2008), a transformação do ferro em ferrugem aumenta de
forma considerável o volume da seção, que pode chegar a 600% do seu estado original,
conforme o grau de oxidação, o que pode ser a principal causa da expansão e fissuração do
concreto.
A corrosão das armaduras dentro do concreto ocorre exclusivamente em três hipóteses
no entendimento de Fusco (2008) as quais são: a redução do pH, por efeito da carbonatação da
camada de cobrimento, a presença de íons cloreto (Cl-) ou de poluição atmosférica acima dos
limites, e devido a lixiviação do concreto onde a água percole através de sua massa.
Já Souza e Ripper (2009, p. 67), afirmam que o efeito corrosivo é um processo
eletroquímico ocasionado por uma diferença de potencial elétrico, que geram um efeito pilha
(abaixo explicado) pela condução da corrente elétrica do ânodo para o cátodo por meio da água,
bem como do cátodo para o ânodo devido pela diferença de potencial elétrico. Ainda sobre o
efeito pilha que ocorre no concreto armado, os autores complementam:
22
A figura 6, demonstra o efeito pilha provocado pela troca de corrente elétrica entre o
ânodo e cátodo:
A figura 7 proposta por Fusco (2008) permite identificar o movimento de íons H+ para o
cátodo mediante a liberação de hidrogênio. Já os íons OH- convergem para o ânodo e ao reagir
com os íons ferrosos (Fe++) formam o Fe(OH)2, que em conjunto com outras reações dão causa
à ferrugem, constituída e representada por Fe2O3.
uma camada protetora conhecida como passivação, que será perdida quando o pH do concreto
ficar abaixo de 11. Nessa hipótese será comprometida a capacidade de resistência da referida
camada protetora às reações químicas, havendo a sua deterioração. Nesse sentido, complementa
Fusco (2008), que a existência de camada passivante e pH do concreto acima de 12 impossibilita
a corrosão da armadura, pois impedem a dissolução dos íons Fe++ mesmo que expostos a um
meio que contenha oxigênio e umidade. A figura 8 possibilita visualizar a camada passivadora
mencionada.
2.5.3 Carbonatação
2.5.4 Lixiviação
A NBR 6118 (2014, p. 15) conceitua a lixiviação como “o mecanismo responsável por
dissolver e carrear os compostos hidratados da pasta de cimento por ação de águas puras,
carbônicas agressivas, ácidas e outras”. Souza e Ripper (2009) complementam que tal
manifestação patológica consiste na dissolução e arraste do hidróxido de cálcio que é liberado
na hidratação do cimento e que permanece na sua forma sólida, contribuindo para o processo
de corrosão das armaduras. Para Bauer (2008), a dissolução é mais elevada quanto mais pura
for a água. Essa pureza está relacionada com a quantidade de carbonato de cálcio e carbonato
de magnésio, de modo que, quanto menor for a quantidade desses componentes, mais fraca é a
sua dureza.
Conforme Neumann (2019), o arraste do hidróxido de cálcio para o meio externo
aumentará a porosidade do concreto propiciando a diminuição das suas propriedades
mecânicas, como a resistência à compressão da estrutura. Para Fusco (2008), a lixiviação além
de aumentar a porosidade, causa a diminuição do pH no interior do concreto. Entretanto, Mehta
e Monteiro (2008) defendem que o aumento da porosidade torna o concreto mais vulnerável e
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suscetível à ocorrência de fenômenos como erosão e abrasão que causam o desgaste superficial
do material. Nesse ponto, Neville (2016, p. 519) complementa:
Segundo Fiorotti, et al. (2017) a lixiviação ocorre devido à presença de umidade, por
meio de fissuras, concretos com relação água cimento elevada, permitindo a percolação da água
com mais facilidade no interior do concreto. A NBR 6118: 2014 recomenda restringir a
fissuração a fim de evitar o ingresso de água na estrutura e fazer uso de produtos específicos,
os hidrófugos, para a proteção das áreas que ficam expostas às intempéries.
De acordo com Mehta e Monteiro (2008), além de propiciar a perda da resistência
mecânica do concreto, a lixiviação do hidróxido de cálcio, também ocasiona na estrutura danos
estéticos, pois o produto lixiviado, no momento que interage com o CO2 que está presente na
atmosfera, acaba formando uma camada de cor esbranquiçada na superfície. Esse fenômeno é
conhecido como eflorescência, e será tratado com mais detalhes no decorrer do trabalho.
2.5.5 Infiltração
A manifestação patológica pode ocorrer por diversos fatores, entre eles destacam-se as
falhas na execução da estrutura, não respeitar os cobrimentos propostos em norma, falta de
projeto de impermeabilização, utilização de insumos de baixa qualidade, entre outros. Um
concreto com uma alta relação água/cimento também é um determinante, pois apresentará
porosidade elevada maior índice de vazios no seu interior. Em relação à porosidade do concreto,
Neville (2016, p. 504) acrescenta:
Neville (2016) define a segregação como uma separação dos elementos que compõe a
mistura do concreto (cimento, areia, brita e água), de maneira que a distribuição deles deixa de
ser uniforme. Na figura 10, é possível visualizar como os elementos acabam se desagregando.
Dentro deste contexto, Neville e Brooks (2013) afirmam que, para fazer o adensamento
do concreto nas fôrmas, o vibrador torna-se uma ferramenta de extrema utilidade, porém, deve
ser usado com cautela e cuidado, pois através dele é liberada grande carga de energia, podendo
resultar em um risco maior de segregação; essa energia pode ocasionar a destruição dos
agregados.
Diante disso, Mehta e Monteiro (2008) complementam que uma combinação de
consistência inadequada, quantidade excessiva de agregado graúdo, contendo densidades muito
altas ou muito baixas e quantidade reduzida de agregado mais finos, além de métodos de
lançamento e adensamento mal executados estão entre os principais fatores para a ocorrência
da segregação.
2.5.8 Eflorescência
As eflorescências são manifestações patológicas que tem a umidade como principal fator
desencadeador. Pelo tema ser o foco da pesquisa, esta patologia será abordada de forma mais
detalhada e ampla procurando compreender os mecanismos da sua formação com ênfase na
manifestação do problema em relação ao graute (concreto) e ao bloco cerâmico.
As eflorescências aparecem quando a água atravessa uma parede que contenha sais
solúveis. Estes sais podem estar nos tijolos, no cimento, na areia, no concreto, na
argamassa etc., sendo trazidos para a superfície, onde a água evapora e os sais se
depositam sólidos ou em forma de pó.
Figueiredo Júnior (2017, apud Uemoto, 1988), por sua vez, classifica as eflorescências
em três tipos:
Tipo I – O mais comum da referida manifestação patológica e apresentado na forma de
um sal branco com ínfima granulometria, ou seja, é um pó extremamente fino e com grande
solubilidade em água. Na sua composição são encontrados sulfatos de sódio e potássio que
estão ligados a determinados materiais de construção, como tijolos, cimentos, água, produtos
químicos e também os solos contribuem na formação de tais elementos.
Tipo II – Se apresenta na forma de material branco escorrido, normalmente se formando
em superfícies de concretos e alvenarias. Possui boa aderência e não se dissolve facilmente na
água, sendo gerador de efervescência ao reagir com ácido clorídrico, elemento este utilizado
para a sua própria limpeza. Esse tipo de eflorescência resulta da reação do hidróxido de cálcio
com o gás carbônico, formando o carbonato de cálcio, elemento este de maior presença no
cimento e se caracteriza por sua pouca solubilidade na água.
31
Tipo III – Esse terceiro tipo é o menos comum, no qual o depósito de sal forma entre as
juntas de alvenaria que se encontram fissuradas. Para o autor, diferente dos tipos anteriores, a
formação da eflorescência está relacionada com o alto teor de álcalis (Na2O e K2O) que alguns
cimentos apresentam e, quando hidratados, provavelmente se transformarão em carbonato de
sódio e potássio, elementos de grande solubilidade. Complementa ainda que o cimento presente
na argamassa composta de hidróxidos alcalinos ao entrarem em contato com os tijolos
cerâmicos resultarão em sulfatos de sódio e potássio.
De acordo com Gonçalves e Rodrigues (2010), os sais solúveis, por serem líquidos,
conseguem percorrer e se interligar aos poros internos do material. A evaporação normalmente
é responsável pela cristalização desses sais, entretanto, as variações de temperatura também
podem contribuir para a alteração do seu estado físico. Em complemento, Ferreira (2009)
explica que a eflorescência acontece pelo excesso de sais no elemento, e gera maior
preocupação quando o seu processo de cristalização é submetido a esforços inesperados ou
quando a manifestação patológica se concentra em algum lugar específico do tijolo.
Quanto à origem dos sais solúveis, Thomaz, 1990 apud Antunes, 2011, p. 99 afirma:
Silva (2018) afirma que as eflorescências são manifestações patológicas comuns nas
alvenarias de tijolos cerâmicos aparentes e que acontece muito em fachadas. Nessa situação,
pela exposição da estrutura ao meio externo fica sujeita às intempéries, mais especificamente
das chuvas, cuja ação normalmente ocasiona o gradativo desaparecimento da patologia. Da
mesma forma a sua limpeza pode ser feita apenas com água ou mediante a aplicação de ácido
clorídrico.
33
Já nas argamassas mistas com altas concentrações de cal não hidratada, a remoção das
eflorescências é mais complicada, se fazendo necessário o uso de ácidos. No Quadro 1,
adaptado de Junginger (2003), são apresentados os sais que têm participação na formação das
eflorescências, de onde são provenientes e o seu grau de dissolução, conhecimento este de
grande importância para a definição das ações para a eliminação da patologia.
Segundo Neves (2021), o fenômeno da eflorescência está diretamente ligado à cal livre
que é o elemento resultante da reação química entre o hidróxido de cálcio [Ca (OH)2] e o
hidróxido de magnésio Mg (OH)2 com o gás carbônico do ar, o qual integra todos os tipos de
cimentos, que por sua vez, contém na sua composição os hidróxidos mencionados. Esse
processo é denominado de carbonatação, o que foi abordado de forma mais ampla em item
específico desse estudo.
O autor complementa que no momento em que a cal livre entrar em contato com a água,
esta causará a sua dissolução, permitindo o deslocamento dos seus sais por osmose até a
superfície do elemento, onde vai ocorrer a sua evaporação, formando assim a eflorescência.
Os blocos cerâmicos, na lição de Barbosa et al. (2011) são materiais que utilizam como
matéria prima principal as argilas, o que justifica o seu tom avermelhado. No seu processo de
fabricação são expostos a altas temperaturas que promovem a sua queima através da fonte de
calor utilizada.
Considerando que a matéria-prima principal do produto cerâmico é extraída do solo, que
muitas vezes contém elevados teores de sais na sua composição, caso repassados ao produto
37
razão dos fatores que controlam a formação de cristais em meio poroso. Acrescentam, porém,
que o fluxo de água e a presença de íons na fase de evaporação e cristalização dos sais não
permite afirmar que seja fator preponderante para a formação das eflorescências.
Por outro lado, Neves (2021) é enfático ao defender que os blocos cerâmicos não
provocam eflorescências, atribuindo o problema à argamassa de assentamento neles utilizada,
na qual há a formação de depósitos de sais devido a reações químicas entre elementos que a
compõe, especialmente a cal livre presente nos cimentos, que se dissolverá na água. Dessa
forma esses sais serão transportados para dentro do bloco cerâmico, confirmando que a
eflorescência é proveniente da argamassa de assentamento, sem relação direta com o bloco
cerâmico.
A disseminação da referida patologia nos blocos cerâmicos é de fácil identificação visual,
conforme mostra a figura, na qual as eflorescências se apresentam na forma de manchas
esbranquiçadas.
O graute do tipo estrutural é um concreto mais fino do que o concreto tradicional e possui
resistência compatível com a alvenaria resistindo aos esforços solicitados e com aplicações
diversas do concreto comum. De acordo com Logullo (2006, apud Cunha, 2001), consiste em
uma mistura de cimento, água, agregados miúdos e graúdos de pequenas dimensões (areia e
brita). Esse tipo de concreto se caracteriza por alta fluidez e capacidade de expansão decorrente
39
Voltando ao tema do presente trabalho, o cimento presente no graute, por conter grande
quantidade de hidróxido de cálcio possibilita um maior aparecimento de eflorescências nos
elementos em que tal concreto for utilizado.
Para Reis (2019), a água de amassamento e os agregados utilizados no graute podem
contribuir significativamente na formação das eflorescências, pois os sais excessivos presentes
na sua composição, quando expostos a água, serão transportados para a superfície e pela
evaporação formarão depósitos salinos.
Para aproximar os ensinamentos teóricos referidos, a figura 15, retirada in loco pelo autor
do presente trabalho, possibilita identificar no graute a disseminação em grande escala da
eflorescência. O primeiro quadro apresenta a janela de inspeção da alvenaria seguido de um
bloco calha que tem a função de uma verga, ambos tendo o graute como principal elemento.
40
De acordo com Neville (2016), os sais, em sua forma sólida, não danificam o concreto,
entretanto quando em forma solúvel, há a possibilidade da ocorrência de reações com a pasta
de cimento hidratada. Os sulfatos mais comuns que podem danificar o concreto, são o sulfato
de cálcio, sulfato de magnésio, sulfato de sódio e sulfato de potássio.
“O ataque por sulfatos, causa a deterioração do concreto, deixando-o com uma cor branca,
iniciando pelos cantos, que acaba fissurando e posteriormente, ocorre o lascamento do
concreto” (NEVILLE; BROOKS, 2013, p. 261). Para os autores, a razão para que concreto
fique com esta aparência, é porque o ataque por sulfato nada mais é do que a formação de
sulfato de cálcio (gesso) e sulfoaluminato de cálcio (etringita). A etringita, por sua vez, é um
mineral representado pela fórmula Ca6Al2(SO4)3(OH)12.26H2O, composta por sulfato de cálcio
e alumínio hidratado e é um fenômeno ocasionado no processo de hidratação do cimento.
Em complemento, ainda sobre o fenômeno citado anteriormente, Mehta e Monteiro
(2008, p. 27) afirmam que:
Para Bertolini (2010) o ataque de sulfatos não depende apenas do teor contido na água ou
no solo, mas também das características e da qualidade do concreto, além de que se tornam
mais agressivos quando diluídos na água. O autor complementa que o fenômeno acontece em
três estágios: no ingresso dos íons de sulfato na matriz do cimento, na reação com o hidróxido
41
de cálcio, na formação e a reação do gesso com os aluminatos tendo como resultado elementos
expansivos como a etringita. Esta, o autor complementa que é a reação que é mais preocupante,
pois é responsável pelos maiores efeitos expansivos no concreto.
Lima e Silva et al. (2018) acrescentam que os ataques por sulfatos têm origem das reações
ocasionadas pelos produtos no processo de hidratação do aluminato tricálcico (C3A) não
hidratado, dessa forma, produz a etringita, e, reagindo com o hidróxido de cálcio, irá formar a
gipsita. Na figura 16, está representado o processo provocado pelo ataque por sulfatos no
concreto.
Figura 16 – Ataque de sulfatos no concreto
infiltrações nas paredes de revestimento, de modo que esses sais formados, chegam até a
superfície do elemento por meio do fluxo de água.
A segunda forma está relacionada com os compostos constituintes dos materiais de
construção que podem conter elevado teor de sais na sua composição. Complementa também
que há outros pontos fundamentais no processo de formação dos depósitos salinos, como a
dissolução dos sais e a textura capilar do material envolvido. A capilaridade tem papel vital
para o desenvolvimento da manifestação patológica e pode tanto facilitar, como dificultar a
migração da água pelo interior do elemento. Como mencionado, a presença de umidade é um
dos fatores principais que desencadeiam a formação das eflorescências, e por sua vez, é de
extrema importância destacar como ocorre o ingresso da água na estrutura, o que é possível
visualizar através da figura 17.
As origens do ingresso da umidade nas estruturas são diversas, dessa forma, no quadro 2
apresentado por Souza (2008) adaptado de Klein (1999) exemplifica como a umidade ingressa
na edificação.
43
Segundo Reis (2019), a água e os agregados utilizados para a fabricação dos materiais,
podem ter participação indireta na formação das eflorescências, pois nesses elementos podem
conter um exagero de sais na sua composição e após a evaporação da água, podem acabar
depositados na superfície, o que caracteriza o fenômeno.
De acordo com Ribeiro et al. (2018), a eflorescência se forma devido aos sais solúveis
presentes em diversos materiais utilizados na construção civil. Geralmente quanto maior a
quantidade de sais em um elemento, maior será a probabilidade de ocorrer a manifestação
patológica. Monteiro (2009) acrescenta que diversos estudos afirmam que os sulfatos de cálcio
e magnésio são impurezas que estão presentes nas argilas e originam sais com uma frequência
superior aos demais. Oliveira Junior (2018) complementa que não somente os materiais
utilizados na construção civil são responsáveis pelo surgimento das eflorescências, mas também
a utilização de água com qualidade duvidosa pode conter elevadas concentrações de sais e
desencadear na manifestação patológica.
Conforme a Portland Cement Association (2004) a ocorrência das eflorescências está
mais suscetível a períodos frios, com maior probabilidade do seu aparecimento no inverno, por
ocorrer uma evaporação mais lenta, permitindo que os sais migrem para a superfície. Com o
passar do tempo, não ocorrendo a movimentação da umidade na alvenaria, a tendência é que a
manifestação patológica diminui de gravidade.
44
Para Uemoto (1988 apud Menezes et al. 2006), a formação de cristais nas peças
cerâmicas, de forma superficial, não gera esforços mecânicos importantes. Entretanto, quando
esse processo ocorre no ambiente interno, a produção de esforços torna-se consideráveis. Dessa
forma, como as eflorescências causam degradações somente nas áreas próximas a superfície,
ocorre apenas danos estéticos, sendo mais preocupantes quando ocorrer um contraste de cores
entre os sais e a alvenaria, sendo bem mais visíveis fisicamente.
Pereira (2012) afirma que as criptoflorescências, que ocorrem internamente, o diagnóstico
é mais complexo do que as eflorescências. Ela provoca danos aos materiais envolvidos, de
modo que os sais presentes no interior do elemento, ao se cristalizarem, se expandem e gera
tensões internas que acabam deteriorando os revestimentos. Diante de tal fato, Salles Neto
(2010, p. 149) complementa:
presentes nos materiais, presença e fluxo de água, de maneira que, se for eliminado alguma
dessas condições, a eflorescência não se desenvolverá.
Conforme a Portland Cement Association (2004) devido às características dos materiais
de construção utilizados nas obras, é praticamente impossível reduzir a zero a quantidade de
sais solúveis, pois eles fazem parte da composição desses materiais. Da mesma forma que é
muito difícil construir paredes, que não tenham contato com a umidade durante a fase de
construção. Entretanto, medidas preventivas podem ser tomadas para prevenir o surgimento das
eflorescências. Realizar um bom acabamento, fazendo o correto preenchimento das juntas de
assentamento entre os blocos e garantir uma boa hidratação dos materiais compostos de
cimento, são ações capazes de limitar o potencial da manifestação patológica.
46
3 METODOLOGIA
Após a limpeza dos elementos os blocos foram colocados em estufa para o processo de
secagem controlada à temperatura de 105±5 °C por 24 horas, período no qual os elementos
foram pesados em intervalos de 60 minutos até atingirem 0,25% da sua massa inicial. Após a
secagem recomendada, os blocos foram separados por um período de 4 horas em sala
climatizada até que a sua temperatura não difira mais do que 5°C do ambiente.
Por fim, apenas 1 bloco de cada par foi inserido nos recipientes individuais,
permanecendo cinco blocos dentro e cinco blocos fora. Os primeiros receberam adição de
25mm de água nas fôrmas em que foram depositados.
Os exemplares permaneceram em repouso por sete dias e após os pares foram inseridos
na estufa por 24 horas e da mesma forma que procedido na etapa anterior foram movimentados
para dentro e fora da estufa em intervalos de 60 minutos até não diferir de 0,25% da sua massa
inicial.
Ultrapassado esse período, retirou-se os blocos da estufa e submetidos à inspeção visual.
Não encontrada nenhuma alteração, o par foi classificado como “não eflorescente”, entretanto,
notada a diferença, classificado como “eflorescente”.
Para a realização deste ensaio foram usadas quatro amostras de graute em formato
cilíndrico, os quais foram nivelados através da retificação tanto da base quanto do topo,
evitando assim a má compressão que interferiria diretamente nos resultados de resistência.
Além disso foram removidas as impurezas contidas nos elementos e feita a limpeza dos pratos
da máquina para receber o encaixe do corpo de prova para posterior rompimento.
Concluídas as etapas preliminares, os elementos foram individualmente colocados na
máquina de rompimento, centralizados sob os pratos para evitar qualquer tipo de interferência.
Por questões de segurança, o elemento em compressão será isolado por uma grade de proteção
evitando o arremesso de resíduos contra os olhos ou outra parte do corpo do operador.
Mediante a ação do pistão pneumático a força e a intensidade do carregamento foram
aplicadas com velocidade constante e aumento gradativo da carga, ocasionando ruídos que se
intensificaram e culminando com um estrondo sinalizador do rompimento total da amostra,
finalizando assim o ensaio.
trata da eflorescência em blocos cerâmicos, o que foi objeto do ensaio anterior. Diante disso se
fez necessária a adaptação à referida norma, por não terem sido encontradas referências de
experimentos anteriores e tampouco normas técnicas específicas que pudessem auxiliar na
execução dos procedimentos.
Foram moldados cinco corpos de prova em formato cilíndrico de 200 mm de altura e 100
mm de diâmetro, com adensamento de forma manual com 2 camadas de 12 golpes, seguindo
as determinações da NBR 5738:2015, como exposto na imagem do ensaio de eflorescência no
graute citado anteriormente.
Também moldados seis corpos de prova em barras retangulares com dimensões de
(40x40x160) mm, dos quais cinco foram posteriormente utilizados nos ensaios de tração na
flexão e compressão da argamassa. A moldagem dos elementos foi realizada de acordo com a
NBR 13279: 2005 em fôrmas como exposto na figura 20.
Para a moldagem foram utilizados 25 kg de argamassa e 4,5 litros de água, medidas estas
fornecidas na ficha técnica proposta pelo fabricante do produto e que foram misturados em
betoneira para melhor homogeneidade dos elementos.
Após respeitado o prazo de 28 dias para a cura da argamassa foi realizada inspeção visual
buscando identificar a formação da eflorescência para fins de estudo, o que é o objetivo do
presente ensaio. Todavia, como a mesma não se manifestou em primeiro momento, então foram
51
criadas situações a fim de tornar o ambiente favorável para o seu surgimento, tais como ciclos
de molhagem e secagem.
Mesmo assim, como não houve a ocorrência da manifestação patológica foi necessário
fazer nova moldagem de corpos de prova, porém dessa vez utilizando relação água/argamassa
superior ao recomendado pelo fabricante. Após todas as etapas completas, nova inspeção visual
foi realizada.
Onde:
Rf = resistência à tração na flexão, representada em megapascals (MPa).
Ff = carga aplicada verticalmente no centro do prisma, em newtons (N)
L = distância entre os suportes, em milímetros (mm)
Para o ensaio, foram usadas as mesmas cinco barras prismáticas que foram submetidas
ao teste de resistência à tração na flexão. Seguindo as normativas da NBR 13279: 2005, o
equipamento utilizado na realização do ensaio resistência a compressão, demonstrado na figura
22, possui um prato superior e outro inferior, ambos de aço, de modo que a posição dos mesmos
permaneça inalterada durante a aplicação do carregamento. O prato da parte superior precisa
estar alinhado livremente no momento do contato com o corpo de prova. As dimensões dos
pratos são de (40±0,1) mm de comprimento, (40±0,1) largura e espessura mínima de 10mm.
O dispositivo deve ter a capacidade de aplicar um carregamento de 500N/s e possuir um
dispositivo indicando o valor no momento da ruptura e também que permaneça indicado quando
a máquina for descarregada. A planicidade tolerada sobre a superfície do corpo de prova deve
ser de 0,01m.
53
Onde:
Rc = resistência à compressão, representada em megapascals (MPa).
Fc = carga máxima aplicada, em newtons (N)
1600 = área da seção da barra prismática 40mm x 40mm, em milímetros quadrados (mm²)
Para agregar e aprofundar o presente estudo também foi realizado um ensaio mais
complexo em laboratório especializado de outra instituição universitária, denominado Difração
de raios X que permitiu identificar, por meio da interpretação dos diagramas de difração, a
composição mineralógica das fases cristalinas da patologia objeto deste trabalho.
Foram analisadas duas amostras, sendo uma de eflorescência presente na cerâmica e outra
de eflorescência no graute, as quais retiradas in loco por meio da raspagem do material da
alvenaria e enviadas para análise.
Amostras passaram por processo de moagem realizados em moinho Retsch RM 200 até
obter granulometria inferior a 50 micras (µm). Após a moagem as amostras foram preparadas
54
com auxílio do kit PANalytical PW1771/10 para amostras em pó solto e o método utilizado foi
o back-loadind.
Preparadas as amostras, as mesmas foram inseridas em equipamento de difração de raios
X Empyrea PANalytical com configuração reflexão-transmissão e spinner ajustado em duas
revoluções por segundo, faixa goniométrica de 2 a 75° (2θ), com passo de 0,01 por 330s, tubo
de Cu (CuKα), e a 40 kV e 40 mA, além disso O difratômetro é equipado com detector de área
PIXcel 3DMedipix3 com 255 canais.
Os difratogramas foram interpretados com auxílio do software HighScore Plus,
utilizando-se do banco de dados cristalográficos Open Cristallography Database (OCD).
A etapa inicial do ensaio não foi regido por nenhuma norma específica, tendo em vista
que não foi possível a aplicação das mesmas por carecer de materiais bibliográficos para
consulta, diante disso, foi proposto juntamente com o professor orientador esse método que será
descrito e executado.
Como primeira ação selecionou-se uma parede, in loco, de blocos cerâmicos contendo
considerável teor de eflorescência que possibilitando o desenvolvimento do estudo sobre os
impactos da eflorescência sobre o revestimento de reboco.
Posteriormente foi realizada a limpeza da eflorescência por meio dos seguintes
procedimentos: raspagem e escovação para remover as impurezas contidas na alvenaria. A
limpeza se concentrou em metade da parede, mantendo a outra metade em sua forma primária
com a eflorescência para obter-se um comparativo de resistência à tração, por meio do teste de
arrancamento.
Após essa etapa, aplicou-se uma camada de chapisco de proporção 1:3 (cimento: areia
média), e aguardar período de cura de 72 horas conforme recomendado por normas específicas.
Respeitado o prazo de secagem foi aplicado a camada de reboco com composição de 1:2:6
(cimento: cal: areia). Para a cura foi observado o prazo de 28 dias para possibilitar a realização
do seu arrancamento.
Finalizadas as etapas anteriores, foram demarcados 12 pontos específicos contendo
eflorescência e 12 pontos livres da anomalia, totalizando 24 pontos. Esses pontos são furos
55
realizados utilizando uma parafusadeira, realizado a seco com broca do tipo serra-copo com
seção circular de diâmetro de 50mm e profundidade na argamassa de aproximadamente 2mm
no substrato.
Na sequência colou-se pastilhas metálicas sobre a camada de revestimento com cola
POXIPOL de alta resistência e secagem rápida, aguardando 10 minutos para a mesma adquirir
a resistência adequada. Após a secagem da cola as pastilhas metálicas foram encaixadas
individualmente no equipamento que fez o seu arrancamento.
O equipamento de tração que será utilizado é do tipo digital SOLOTEST CA 007 e possui
taxa de arrancamento de aproximadamente 50N/s e que está devidamente calibrado.
A partir da imagem 23 é possível visualizar de forma esquemática os detalhes dos
procedimentos executados, onde na figura (a), representa o corte lateral e a vista frontal do corte
e o acoplamento da pastilha e na figura (b) está representado o como o equipamento é acoplado
na pastilha para realizar o arrancamento.
(a) (b)
Nessa etapa avaliativa do trabalho, serão apresentados a análise dos dados obtidos nos
testes realizados no decorrer do estudo, os quais foram desenvolvidos em canteiro de obras e
complementados em laboratórios de pesquisa.
Com a obtenção da massa desejada, os blocos foram resfriados por 4 horas em ambiente
natural e após foram separados em cinco pares, dos quais uma unidade de cada foram colocadas
57
Os exemplares ficaram em repouso por sete dias, com reposição da água na medida da
sua evaporação para manter a lâmina de 25mm, como proposto na NBR 15270: 2017.
Ultrapassado esse período, os blocos foram submetidos novamente ao processo de secagem
mencionado anteriormente, com a pesagem dos blocos individualmente em intervalos de 1h até
a completa secagem, para finalmente serem inspecionados de forma visual.
Concluído o ensaio constatou-se que as cinco amostras de blocos cerâmicos que
permaneceram no recipiente com lâmina d’água de 2,5cm não apresentaram eflorescência,
assim como aqueles que permaneceram fora do ambiente úmido. A tabela 1 apresenta a
classificação dos blocos, dispostos na primeira coluna os que foram colocados na água, na
segunda os que permaneceram fora e na última a classificação dos pares, conforme indica a
NBR 15270-2: 2017.
58
Para esse procedimento, primeiramente realizou-se a moldagem dos oito corpos de prova
em formato cilíndrico de acordo com a NBR 5738: 2016 – Concreto – Procedimento para
59
moldagem e cura de corpos de prova, com a aplicação de doze golpes de soquete nas duas
camadas de material para evitar a formação de vazios. Após o preenchimento completo, os
elementos permaneceram em repouso por aproximadamente 48 horas antes da desmoldagem,
período este necessário para o endurecimento do material. Os elementos moldados são expostos
na imagem 27.
Sem êxito a primeira tentativa nesse formato variado da metodologia inicial, foi realizada
nova moldagem de quatro corpos de prova cilíndricos utilizando graute de lote distinto do
anterior. Também foram preenchidos blocos cerâmicos com o referido graute, simulando
situação mais próxima da realidade da obra, o que é demonstrado na figura 30. Na tentativa de
acelerar o surgimento de eflorescência, optou-se por uma mistura mais fluida não seguindo
estritamente as recomendações propostas pelo fabricante no quesito água.
61
24 horas. Depois da retirada, os elementos ficaram em repouso para o seu natural resfriamento
em temperatura ambiente.
Por último, os elementos foram colocados em bandejas metálicas, como revela a imagem,
as quais receberam posteriormente uma lâmina de água de 25mm, que foi sendo reposta na
medida da sua evaporação.
As etapas acima descritas foram selecionadas para este estudo com base em normas
técnicas no que era possível sua aplicação e, na ausência de diretriz normativa, utilizou-se de
conhecimentos teóricos aliados à observação prática, possibilitando assim a realização de
processos alternativos para a obtenção de diferentes resultados.
A investigação sem suporte em normas técnicas motivou a realização de experimentos
distintos do anteriormente apresentado, tendo como objetivo a aceleração do surgimento da
eflorescência na argamassa e assim ampliar as possibilidades de investigação e compreensão
do fenômeno estudado.
Para tanto, ainda utilizando os mesmos elementos foram realizados diversos ciclos de
molhagem e secagem para oferecer condição favorável à manifestação da patologia. Neste
processo os corpos de prova foram submersos inteiramente e imediatamente retirados da água
e deixados para secar naturalmente, sequência esta que foi sendo repetida até o pretendido
surgimento da eflorescência, o que não ocorreu.
Mesmo não obtendo êxito até aqui com os experimentos, foi realizada uma nova
moldagem de quatro corpos de prova em formato cilíndrico, dois foram aplicados em blocos
cerâmicos e uma amostra em formato irregular, os dois últimos simulando condição mais
próxima da realidade da obra. Optou-se por argamassa com maior quantidade de água na sua
66
Para a realização do ensaio foi utilizada 5 barras prismáticas de argamassa, que foram
moldadas conforme recomenda a NBR 13279: 2005, citadas e utilizadas em ensaios anteriores.
Foi utilizado equipamento composto por três suportes de aço em forma de roletes, sendo dois
deles fixados na base distantes 100 mm um do outro e o terceiro centralizado na parte superior.
As barras prismáticas, de forma individual foram corretamente posicionadas sobre os
roletes contidos na base e o rolete superior aplicando um carregamento, gerando compressão
67
no centro da barra até o rompimento total da amostra. Os planos verticais são paralelos e
perpendiculares à direção da barra prismática, de modo a formar um ângulo de 90°.O
dispositivo de carga para a determinação da resistência à tração na flexão está demonstrado na
figura 37.
Na tabela 3 são apresentados os valores das cargas submetidas, expressa em Newtons (N)
para obter o rompimento total e também a resistência à tração na flexão de cada corpo-de-prova,
em MPa, bem como uma média de resistência no qual foi somado todas as resistências e
divididas pelo número de amostras ensaiadas. Os resultados da resistência à tração na flexão
foram obtidos através de fórmula citada na metodologia.
anterior houve o rompimento dos corpos-de-prova utilizou-se uma das partes de cada amostra
para o teste de compressão, como representa a imagem 38.
Diante dos resultados é possível afirmar que a totalidade das amostras estão de acordo
com as normas, pois os valores de resistência a compressão tiveram uma média superior ao
esperado que era de 5MPa.
Para iniciar o procedimento foi realizada a limpeza da eflorescência por meio dos
seguintes procedimentos: raspagem e escovação para remover as impurezas contidas na
alvenaria; lavagem com ácido clorídrico misturado em água, sendo uma parte de ácido para dez
de água (1:10); proteção da alvenaria do contato com águas externas até a secagem completa.
A realização da limpeza, conforme o procedimento acima descrito, se concentrou em
metade da parede, mantendo a outra metade em sua forma primária com a eflorescência para
obter-se um comparativo de resistência à tração, por meio do teste de arrancamento, o que é
representado na figura 39.
Após essa etapa, a parede foi integralmente coberta por uma camada de chapisco de
proporção 1:3 (cimento: areia média), lançada por profissional especializado da própria
construtora. Seguindo a recomendação e especificação das normas técnicas foi aguardado um
período de cura de 72 horas para a secagem completa e assim prosseguir para próxima etapa.
70
Finalizadas as etapas anteriores, partiu-se para o teste de arrancamento, para o qual foram
demarcados 12 pontos específicos contendo eflorescência e 12 pontos livres da anomalia,
totalizando 24 pontos. Na definição dos pontos, observando as recomendações das normas
técnicas aplicadas, evitou-se furar próximo às áreas inferiores e superiores da parede, optando-
se pelos pontos situados na área central da mesma.
Os furos foram realizados utilizando uma parafusadeira Dewalt, realizado a seco com
broca do tipo serra-copo, como demonstra a figura 41. Foi empregada seção circular de
diâmetro de 50mm com profundidade na argamassa de aproximadamente 2mm no substrato,
medida esta, obtida com o auxílio de um paquímetro.
71
Após as pastilhas estarem devidamente coladas e tendo o período necessário para obter
resistência, foi realizado o arrancamento por meio de equipamento específico, o que é
representado na imagem.
72
De acordo com a NBR 13749: 2013 é importante considerar que podem ocorrer situações
distintas em cada amostra coletada. Conforme o técnico executor, para que o resultado do
arrancamento do revestimento seja considerado bom, deve ser superior a 400N, ou 40 Kgf. Na
figura 44 são demonstradas as formas típicas de ruptura que os elementos podem apresentar.
Diante dos valores obtidos é possível visualizar que no local onde não há a presença de
eflorescência, mesmo singelos, o resultado da aderência à tração do revestimento foi 5%
superior se comparado ao local em que a anomalia se fazia presente.
As amostras foram coletadas, em forma de pó, por meio da raspagem com o uso de uma
espátula e uma forma para depositar o resíduo e evitar a perda de material. A etapa de coleta
das amostras é apresentada na figura 45, tendo nos dois primeiros quadros a eflorescência
instalada no graute e no bloco cerâmico e nos dois últimos as amostras recolhidas de ambos.
75
O ensaio foi realizado de forma individual com aproximadamente 2 horas para cada
amostra analisada. Os difratogramas foram interpretados com auxílio do software HighScore
Plus, utilizando-se do banco de dados cristalográficos Open Cristallography Database (OCD).
As análises dos resultados foram interpretadas pelo técnico responsável do laboratório externo
além do fornecimento das informações e explicações referente aos gráficos.
Na sequência é apresentado os resultados da composição mineralógica por meio da
análise quantitativa utilizando o Método de Rietveld para as amostras de bloco cerâmico e do
graute.
coletados e analisados. No decorrer da interpretação dos dados fornecidos pelo software, vai
ocorrendo o refino de mineral por mineral até conseguir chegar nesses teores. Os teores dos
elementos encontrados nas amostras de bloco cerâmico são expostos na figura 49.
Aphthitalite - 82%
Quartzo - 15%
Calcita - 3%
O Gráfico de diference plot, exposto na imagem 50, é o diferencial e indica onde pode
estar ocorrendo algum erro na interpretação. Os picos maiores no gráfico com linha vermelha,
coincidindo com os picos do gráfico formado pela linha azul anteriormente exposto na figura
49 podem indicar um erro para mais ou para menos.
No canto inferior esquerdo do gráfico está expresso o valor de Rwp=13.0638 que é o
valor de diferença do erro. O ideal é que esse valor esteja perto de 10.
79
A gráfico exposto na figura 51 representa o peak list, que é uma lista de picos
apresentados pelos minerais contidos nas amostras bem como a sua composição percentual.
Quartzo - 65%
Calcita - 26%
Aphthitalite - 5%
Alita - 5%
Gipsita < L.Q
O gráfico exposto na figura 54 apresenta uma lista de picos, o peak list, que é uma lista
de picos apresentados pelos minerais contidos nas amostras de graute.
A amostra de graute apresentou como elemento com maior proporção o quartzo (65%),
calcita (26%), aphthitalite (5%), alita (4%) e uma pequena quantidade de gipsita (<1%).
82
Através de finas partículas possui aplicação direta na construção civil pois o mineral está
presente na areia, na argamassa, no concreto e também na fabricação de vidros e ladrilhos. Por
ser um material fisicamente transparente, é utilizado também na área científica na fabricação
de lentes e primas de equipamentos ópticos.
A gipsita, para Klain e Dutrow (2012), é um mineral pertencente ao grupo dos sulfatos
representado pela fórmula Ca(SO4) • 2H2O, tendo 32,6% de óxido de cálcio (CaO), 46,5% de
óxido de enxofre e 20,9% de H2O na sua composição química. Pode ser encontrado tanto
incolor, quanto em tons de branco e cinza e também há a possibilidade de ocorrência de diversas
outras tonalidades como amarelo, vermelho e marrom decorrente das impurezas contidas. Em
complemento Dana (1984) afirma que a gipsita é se caracteriza por apresentar dureza dois na
escala de mohs, podendo ser riscada com a unha.
Klain e Dutrow (2012) complementam ainda que o mineral é o sulfato mais comum e está
distribuído em rochas sedimentares e sua ocorrência acontece geralmente em camadas espessas
sendo encontrados em várias localidades do planeta. Além disso, o autor complementa que a
gipsita pode estar associada a outros minerais, sendo eles: anidrita, dolomita, calcita, halita,
enxofre, pirita e quartzo. A gipsita tem grande utilidade na construção civil sendo utilizada
como matéria-prima na produção do gesso e também não passando pelo processo de calcinação
pode ser utilizada como retardante no cimento Portland.
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5 CONCLUSÕES
Por fim, destacam-se os seguintes pontos que podem ser pauta para trabalhos futuros
relacionados às eflorescências:
• Realizar um levantamento comparando diferentes locais que contenham
eflorescências, identificando se há alguma ligação comum entre esses ambientes.
• Realizar uma pesquisa detalhada do mineral Aphthitalite, o qual foi o mineral de
maior predominância e possui bibliografia escassa.
• Fazer um comparativo entre a eflorescência em bloco estrutural cerâmico e o
tijolo cerâmico identificando qual deles possui maior tendência ao aparecimento
da anomalia.
• Descobrir se há influência do tipo (potável, poço artesiano ou reuso) e da
quantidade de água utilizada para a formação da eflorescência.
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