Tese Cláudia Alves
Tese Cláudia Alves
Tese Cláudia Alves
Orientador
Doutora Maria Margarida de Carvalho e Silva Afonso
Outubro, 2014
II
Agradecimentos
III
IV
Resumo
O presente relatório resulta das práticas educativas desenvolvidas em Prática
Supervisionada em Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico, embora o
objeto de maior reflexão, que se apresenta, seja o da Educação Pré-Escolar. A Prática
em Educação Pré-Escolar foi desenvolvida com um grupo de crianças de um jardim de
infância da cidade de Castelo Branco; apresenta-se as fases de desenvolvimento dessa
prática desde a sua organização até à sua implementação e reflexão.
No entanto, fizemos também investigação. Fizemos questão de implementar uma
investigação que, embora pequena em dimensão temporal e de amostra envolvida,
nos permitiu desenvolver competências investigativas que em nosso entender são
essenciais a qualquer professor que pretenda conhecer bem a realidade em que se
move, resolver os problemas que surgem e melhorar continuamente a sua prática
pedagógica.
O tema escolhido para a investigação foi a alimentação. A alimentação é um tema
fundamental para a promoção da saúde e, quando feita de uma forma adequada,
proporciona um crescimento e um desenvolvimento saudáveis e a educação
alimentar deve fazer parte das preocupações educativas de qualquer professor.
O trabalho de investigação teve como objetivo geral conhecer os hábitos
alimentares e os fatores que influenciam as escolhas alimentares das crianças e como
objetivos específicos:
Investigar os conhecimentos que as crianças possuem em relação à
alimentação;
Observar os comportamentos das crianças face à alimentação;
Indagar sobre outras razões/variáveis que influenciam o comportamento
das crianças face a alimentação.
Este estudo é qualitativo e baseia-se no comportamento de um grupo de crianças
em contexto pré-escolar.
A amostra em estudo é não probabilística por conveniência sendo constituída por
dez crianças inscritas num jardim de infância de Castelo Branco.
A fim de realizar a colheita de dados, o instrumento que utilizamos foi a
observação natural e participante, notas de campo, registo fotográfico, produções das
crianças e técnicas de triangulação.
Verificámos que a maioria das crianças possui conhecimentos alusivos a uma
alimentação saudável, variada e equilibrada. As sessões de intervenção permitiram
uma melhoria dos conhecimentos e comportamentos das crianças em relação à
alimentação.
Palavras chave
Educação pré-escolar; Educação alimentar; Hábitos alimentares; Formação de
professores.
V
Abstract
This report results from educational practices developed in Supervised Practice
in Preschool Education and primary school. Practice in Preschool Education was
developed with a group of children from a kindergarten in the city of Castelo Branco;
we present the development stages of this practice since its organization to
implementation and reflection.
However, we also did research. We wanted to implement research because it is
important to allow any teacher to develop investigative skills that we believe are
essential to any teacher who wishes to know well the reality in which it moves, solve
educative problems and improve continuously their practice.
The theme chosen for the research was “food”. It is a key issue for health
promotion and when done in a proper way, provides a healthy growth and
development and food education should be part of the educational concerns of any
teacher.
Food is fundamental to health promotion and when done in an appropriate
manner, provides a healthy growth and development.
The following research’s purpose is to identify the variables / factors that
influence the children’s food choices in order to give answer to the research we
formulated the following specific objectives:
• Investigate the knowledge that children have in relation to food;
• Observe the behaviors of children in relation to food;
• Inquire about other reasons / variables that influence the behavior of the
children in relation to food.
This study is qualitative and based on the behavior of a group of children in pre-
school context.
The sample under study is non-probability by convenience, since it’s represented
by ten children enrolled in a kindergarten located at Castelo Branco.
In order to carry out the data collection, the instrument we used was the natural
and participant observation, field notes, photographic records children's productions
and triangulation techniques.
We found that the majority of children have some knowledge about healthy,
balanced and varied diet. The intervention provided better children’ knowledge and
behavior in relation to food.
Keywords
Preschool Education; eating habits; nutrition education; Teacher education.
VI
Índice geral
Introdução ..................................................................................................................................... 1
Capítulo I: Revisão da Literatura ........................................................................................... 3
1. A formação (inicial) de professores ................................................................................... 3
1.1. Introdução ............................................................................................................................ 3
1.2. Modelos de ensino e formação de professores ...................................................... 4
1.3. O professor como investigador .................................................................................... 5
1.4. O perfil do professor/educador ................................................................................... 6
2. Alimentação ................................................................................................................................. 6
2.1. Funções da alimentação.................................................................................................. 7
2.2. A alimentação saudável .................................................................................................. 8
2.3. A importância de uma alimentação saudável...................................................... 11
2.4. Alimentação das crianças em idade Pré-escolar ................................................ 12
2.5 Fatores determinantes do comportamento alimentar ..................................... 12
2.5.1. O papel da sociedade ................................................................................................. 13
2.5.2. O papel da família ....................................................................................................... 15
2.5.3 O papel da escola ......................................................................................................... 15
Capitulo II- Delineamento da investigação ..................................................................... 19
1. Definição do objetivo geral da investigação ................................................................. 19
1.1. Objetivos específicos do estudo ................................................................................ 19
1.2. O porquê da escolha do tema e a importância do estudo ............................... 19
2. Tipo de estudo – opção metodológica ............................................................................ 20
3. Enquadramento legal e ético.............................................................................................. 21
4. Caracterização da amostra .................................................................................................. 22
5. Instrumentos e métodos de colheita de dados ........................................................... 23
5.1. Observação natural e participante .......................................................................... 24
5.2. Notas de campo ............................................................................................................... 24
5.3. Registo fotográfico ......................................................................................................... 25
5.4. Produções das crianças ................................................................................................ 25
5.5. Técnicas de triangulação ............................................................................................. 26
Capítulo III -Prática supervisionada em Educação Pré-escolar ............................... 27
1. Caracterização do agrupamento de escola ................................................................... 27
VII
2. O grupo de estudo ...................................................................................................................30
3. As crianças de estudo ............................................................................................................31
4. Caracterização espácio temporal da sala de aula .......................................................32
5. Notas de observação das primeiras semanas...............................................................33
6. Construção de materiais e instrumentos de intervenção ........................................34
6.1. 1º Guião de atividades – desenvolvidas na semana doze entre 13 a 15 de
janeiro de 2014 ...............................................................................................................................35
6.2. 2ª Guião de atividades – desenvolvidas na semana catorze entre os dias
27 e 30 de janeiro ..........................................................................................................................42
7. Pratica Supervisionada em 1º ciclo do ensino básico (contextualização) ........48
Capitulo IV – Tratamento e análise de dados.................................................................. 49
1. Análise e interpretação das crianças nas tarefas propostas durante a prática
supervisionada ....................................................................................................................................49
1.1. 1ª Sessão de intervenção .............................................................................................50
1.2. 2ª Sessão de intervenção .............................................................................................52
2. Análise e interpretação dos dados resultantes das observações efetuadas
durante o período de almoço .........................................................................................................57
2.1. 1ª Sessão de observação ..............................................................................................57
2.2. 2ª Sessão de observação ..............................................................................................58
2.3. 3ª Sessão de observação ..............................................................................................59
2.4. 4ª Sessão de observação ..............................................................................................61
3. Discussão dos resultados .....................................................................................................61
3.1. Resultados das atividades da prática supervisionada ......................................61
3.2. Resultados das observações efetuadas durante o período de almoço .......62
3.3. Resultados relacionados com a influência de outras variáveis no
comportamento das crianças face à alimentação ..............................................................64
Capitulo V. - Reflexões finais e conclusão ........................................................................ 65
1. Reflexão/ a importância da investigação .......................................................................65
2. Reflexão/ O estágio com componente formativa e investigativa .........................67
3. Conclusão ...................................................................................................................................68
4. Limitações do estudo/sugestões para investigações futuras ................................69
Referências Bibliográficas..................................................................................................... 71
Outras obras consultadas ...................................................................................................... 74
ANEXOS 76
VIII
Índice de figuras
IX
X
Lista de tabelas
Tabela 1 - Necessidades calóricas e necessidades nutricionais de crianças dos 3
aos 6 em macronutrientes hidratos de carbono, lípidos e proteínas (valores médios).
........................................................................................................................................................................ 12
Tabela 2 - Número de crianças inscritas por atividade extra curricular .................... 29
Tabela 3 - Evolução das concepções das crianças durante as atividades de prática
supervisionada......................................................................................................................................... 62
Tabela 4 - Distribuição da variável tempo (em minutos) quanto à influência da
caraterização das ementas. ................................................................................................................. 63
XI
XII
Índice de Gráficos
XIII
XIV
Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Introdução
O presente Relatório de Estágio desenvolveu-se no âmbito do cumprimento dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Educação Pré-escolar e
Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, que decorreu na Escola Superior de Educação do
Instituto Politécnico de Castelo Branco.
Este relatório apresenta duas grandes vertentes que embora possam parecer
independentes, se entrecruzam e influenciam. Uma das vertentes diz respeito ao
relato dos principais aspetos da prática pedagógica supervisionada – planificações e
materiais construídos, atividades desenvolvidas, resultados obtidos, reflexões
efetuadas. A outra vertente diz respeito a uma investigação que, embora restrita no
tempo e na amostra, foi essencial para desenvolver competências investigativas que
são muito úteis para qualquer professor que procure compreender os problemas que
surgem no seu dia-a-dia profissional, resolver esses mesmos problemas, e, em síntese,
melhorar a sua prática pedagógica.
Para esta vertente investigativa escolhemos estudar os hábitos alimentares das
crianças para melhor atuarmos na sua educação alimentar. O tema da alimentação é
considerado muito relevante e a Organização Mundial de Saúde apela
sistematicamente aos professores/educadores para que o tenham na sua agenda, pois
muitos erros alimentares têm vindo a ser cometidos cada vez mais cedo pelos
cidadãos tendo consequências muito graves na saúde individual e coletiva.
Todos os dias, fazemos escolhas de alimentos que influenciarão a nossa saúde,
positiva ou negativamente, a curto e a longo prazo. Reconhece-se que escolhas
alimentares inadequadas e repetidas desde a infância podem contribuir para o
aparecimento futuro de doenças crónicas. Vários estudos citados por Santos e
Precioso (2012) mostram que o desempenho académico e a “capacidade” mental de
alunos com bom estado nutricional são significativamente mais altos do que em
alunos sujeitos a um estado nutricional deficiente, independentemente das suas
condições económicas/familiares, da qualidade da escola e da competência do
próprio professor.
Com o intuito de darmos resposta ao objetivo geral da investigação “conhecer os
hábitos alimentares e os fatores que influenciam as escolhas alimentares das
crianças”, definimos os seguintes objetivos específicos:
Investigar os conhecimentos que as crianças possuem em relação à
alimentação;
Observar os comportamentos das crianças face à alimentação;
Indagar sobre outras razões/variáveis que influenciam o comportamento
das crianças face a alimentação.
1
Cláudia Filipa Barbosa Alves
2
Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
1.1. Introdução
O que significa ser um professor? E um bom professor? Estas questões têm
desafiado filósofos, investigadores, responsáveis superiores e professores por vários
séculos. São também questões que têm gerado diversas respostas, variando na sua
natureza e grau de especificidade em diferentes países e em diferentes períodos da
história. Os investigadores educacionais têm variado na enfatização de diferentes
aspetos do papel do ensino – o professor como um perito na sua matéria; o professor
como facilitador da aprendizagem; o professor como motivador e fonte de inspiração;
o professor como fonte de valores morais. (Afonso, 2002, p. 36)
Se o que significa “ser (um bom) professor” gera múltiplas interpretações, também
a forma de conceptualizar a sua formação (quer inicial, quer contínua) é fonte de
grande diversidade de opiniões.
A formação de professores encerra, efetivamente, bastante ambiguidade e
múltiplos significados, que importa explicitar. Em nosso entender a formação
reporta-se à aquisição de uma competência global, geralmente profissional, podendo
ser entendida “como uma função social de transmissão de saberes, de “saber-fazer”
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
4
Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
que coloca a tónica na reflexão antes, durante e após a ação docente. A reflexão é vista
como essencial à melhoria e à mudança das práticas.
- cognitivista, que se centra no estudo dos processos cognitivos que ocorrem na
atividade profissional do professor, assumindo que este é um profissional racional
que processa informação, toma decisões na sua atividade, desenvolvendo rotinas e
apoiando-se nos pensamentos tanto prévios a ação, na interação e depois da ação.
5
Cláudia Filipa Barbosa Alves
investigador deve ser um prático crítico e reflexivo, capaz de se integrar num grupo,
participar e colaborar, pôr em comum problemas e preocupações, implicar-se na
análise de situações, na sua mudança e no seu aperfeiçoamento.
Para alcançar o seu mais abrangente objetivo, o de melhorar a prática, a
investigação precisa que os professores tomem consciência da responsabilidade em
investigar a sua própria prática educativa e os contextos em que ela ocorre, de forma
sistemática e crítica, e que sejam capazes de mudar atitudes e comportamentos, dado
que a transformação da realidade implica a transformação do investigador.
Se as características específicas de cada turma levam alguns autores a recomendar
que cada professor deve ser investigador da sua própria prática, a existência de um
trabalho de grupo é, em geral, considerada uma condição necessária, senão
indispensável, para a obtenção de melhores resultados.
No nosso caso, procurámos encetar uma investigação, embora restrita no tempo e
no campo de ação, com duplo objetivo. Um dos objetivos foi o de desenvolver
competências investigativas essenciais, para que no futuro se possa encetar outras
investigações no sentido de melhor compreender e resolver problemas que surjam.
Ressaltamos a convicção de que desenvolver competências investigativas reverte
positivamente para o professor, pois permite-lhe saber como obter informação,
compreender os problemas, analisar situações, procurar soluções.
Porém, devido à própria organização da prática pedagógica supervisionada, o
trabalho foi essencialmente individual. Em situações futuras, procurar-se-á
desenvolver investigações que envolvam a colaboração de outros profissionais.
2. Alimentação
“A alimentação consiste em obter do ambiente uma série de produtos, naturais ou
transformados, que conhecemos pelo nome de alimentos (…) é um processo de seleção
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Função energética
Fornecer energia ao organismo é uma das principais funções dos alimentos. Essa
energia é utilizada para manter constante a temperatura corporal e para permitir o
trabalho muscular. Os hidratos de carbono e os lípidos são os nutrientes mais
adequados ao fornecimento de energia.
As necessidades energéticas são superiores nos primeiros anos de vida, em
comparação com a idade adulta e com a velhice, particularmente devido ao processo
de crescimento durante a infância e a juventude, e quando a atividade física é mais
intensa.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Funçao reguladora
Os nutrientes com funções reguladoras são aqueles que promovem e facilitam a
grande maioria das reações bioquímicas no organismo. Sem estes, os outros
nutrientes, não seriam devidamente aproveitados o que condicionaria a vida. Entre os
nutrientes com função reguladora encontramos as vitaminas, os sais minerias e as
fibras.
A quantidade e a diversidade destes nutrientes a ingerir depende da idade, do
sexo e do grau de atividade física praticada na vida quotidiana.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Os alimentos devem ser distribuídos por várias refeições, numa média de cinco a
seis por dia, havendo intervalos de cerca de três horas entre as mesmas. Três destas
constituem refeições principais, sendo que as outras devem ser pequenos lanches.
Mas há que ter em conta a idade e as necessidades de cada indivíduo, sendo que as
crianças, os bebés e os adolescentes necessitam de intervalos mais curtos ao
contrário dos idosos que podem necessitar de intervalos mais longo. (Peres, 2003)
É do equilíbrio dos nutrientes que depende a vitalidade, energia e o peso ideal.
Proteínas, lípidos e glícidos devem ser consumidos em grandes quantidades ao
contrário das vitaminas e sais minerais que são necessários em menores quantidades.
Deve-se conhecer a função e composição dos alimentos para fazer uma escolha
adequada dos mesmos. Na escolha de uma dieta equilibrada deve procurar-se também
que os gostos do indivíduo sejam considerados, para que a alimentação permita momentos
agradáveis, e deve ser relacionada com a cultura e os hábitos alimentares de cada pessoa. A
dieta equilibrada planificada em função da manutenção e promoção da saúde, e do controle
de peso não só deve permitir suprimir as nossas necessidades, como deve ser desfrutada ao
ser consumida. (WHO, 1998; citado por Santos e Precioso, 2012).
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Grupo VI – Frutas
Neste setor as frutas, particularmente as frescas, são uma fonte importante de
vitaminas (A, B1, B2, B3 e C), sais minerais (cálcio, ferro e potássio) e fibras
alimentares e açúcares de absorção rápida. Algumas possuem uma quantidade
significativa de água, contudo são pobres em proteínas e lípidos. Devem ser ingeridas
diariamente.
Grupo VII – Cereais, seus derivados e tubérculos
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Tabela 1 - Necessidades calóricas e necessidades nutricionais de crianças dos 3 aos 6 em macronutrientes hidratos de
carbono, lípidos e proteínas (valores médios).
Mendoza, Pérez e Foguet (1994), citados por Santos e Precioso( 2012), apontam
que os estilos de vida do indivíduo dependem da interação de fatores: biológicos e
psicológicos e características do ambiente macrossocial do indivíduo (casa, família,
amigos, vizinhos, ambiente laboral ou estudantil, etc.). Estes autores destacam
também a influencia dos fatores ambientais (o meio físico geográfico) r dod fatores
macrossociais nos hábitos alimentares, como a cultura, a sociedade, a influência de
grupos económicos e de grupos de pressão, os meios de comunicação social).
Similarmente Pardal (1994), citado por Santos e Precioso (2012) apresenta uma
série de fatores de influência nos padrões alimentares, que importa realçar: a cultura
e as tradições; o nível de instrução; o poder de compra; a publicidade e o papel dos
meios de comunicação social; a posição da mulher no mercado de trabalho; a
indústria alimentar e as políticas agrícolas e comerciais.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Cruz (1997), citado por Santos e Precioso (2012), entende a dieta mediterrânea,
como a alimentação que se fazia nos países do sul da Europa (Grécia, Itália, Espanha e
Portugal), no início da década de 60. A “dieta mediterrânea”, despertou interesse nas
últimas décadas devido à relação entre dieta e saúde, aquando da observação de que
os adultos de certas regiões que circundavam o mar mediterrâneo apresentavam
taxas baixas de doenças cardiovasculares e de certos tipos de tumores, quando
comparados a países do norte da Europa e dos Estados Unidos da América (Bruzos e
Boticário, 1997, citado por Santos e Precioso, 2012). Após os estudos dos hábitos
alimentares dessas regiões, chegou-se à conclusão que a dieta assenta sobretudo em
alimentos de origem não animal, relacionados com os recursos que estes povos
possuíam.
A associação portuguesa de dietistas afirma que a dieta mediterrânea é mais do
que um regime nutricional, traduzindo um estilo de vida e não só um padrão
alimentar. Este tipo de dieta combina ingredientes da agricultura local, receitas e
formas de cozinhar próprias de cada lugar e tradições e caracteriza-se pela
abundância de alimentos de origem vegetal, como pão, massas, arroz, hortaliças,
legumes, fruta fresca e frutos oleaginosos; predominância do uso de azeite como
principal fonte de lípidos; caracteriza-se também pelo consumo moderado de peixe,
aves, ovos e laticínios e de pequenas porções de carnes vermelhas. Sendo
considerada, por isso, pela associação portuguesa de dietistas, como uma dieta
equilibrada, variada e com nutrientes adequados, com baixo teor de ácidos gordos
saturados e alto teor de monoinsaturados determinantes para o bem-estar.
Contudo a dieta mediterrânea corre o risco de perder a sua importância histórica
e cultural, pois a população portuguesa começou a adquirir padrões alimentares cada
vez mais afastados.
Segundo vários autores, como Krebs-Smith el al (1996), Quaioti (2002), Quaioti e
Almeida (2006), Almeida et al (2002), Tojo, Leis, Recarey, e Pavon (1995), as
crianças em idade pré-escolar preferem alimentos com elevadas quantidades de
hidratos de carbono, lípidos e sal em detrimento de frutas e legumes. O setor da
indústria alimentar usa o seu conhecimento sobre esta preferência para influenciar a
composição dos alimentos e em publicidade nos grandes meios de comunicação
social. Nos supermercados os alimentos são dispostos, para que as crianças possam
reconhecer as marcas mais publicitadas e para que os possam alcançar com maior
facilidade, os produtos são colocados ao nível dos olhos.
Contudo, nem só as crianças são influenciadas. Os anúncios de produtos
alimentares influenciam os padrões de compra das famílias. São os próprios filhos a
pedirem aos pais para comprarem determinado produto que viram, ou ouviram
publicitar simplesmente, sem conhecimento de causa. Aliado à influência da
publicidade está o número de horas que as crianças “gastam” em frente à televisão,
facilitando o aparecimento da obesidade. Por um lado, a televisão predispõe o
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Vários autores (como Benton, 2004; Birch, 2002; Ramos e Stein, 2000; VereCken
e Maes, 2010, citados por Filipe, 2011) atribuem à família, em especial aos pais, o
papel principal no ambiente alimentar da criança. Estes devem servir como modelos,
estabelecendo regras e influenciando os padrões de aceitação dos alimentos, do
controlo do consumo dos alimentos e as preferências alimentares das crianças.
“É através de modelos que as crianças tendem a adotar comportamentos de
consumo alimentar e a definir as suas preferências, sendo estes modelos as pessoas mais
importantes e mais próximas à criança” (Filipe 2011)
As interações pais - filhos são de extrema importância para o desenvolvimento
das preferências alimentares e são influenciadas pelos fatores sociodemográficos,
como rendimentos, níveis de escolaridade e de cultura, pelas crenças em relação à
alimentação, pelos conhecimentos dos pais e pelo ambiente emocional durante as
refeições.
Por outro lado, as indústrias alimentares, atentas ao facto de a vida familiar ser
cada vez mais complexa e em que o tempo é algo que falta aos pais, recorrem à
propaganda para publicitar a forma cómoda e prática de adquirir produtos de fácil e
rápida preparação, influenciando, desta forma, a mudança nos hábitos de consumo,
do “leve feito e coma já”.
Com o passar do tempo, os pais vão perdendo o seu papel central como
condicionadores dos hábitos alimentares. Com o crescimento, as crianças passam a
tomar as suas próprias decisões sobre a sua alimentação e a ser influenciadas por
outras fontes como o meio envolvente exterior à família e a escola.
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Coutinho (2002), quase tudo poderá ser um “caso ”: um sujeito, um grupo, até mesmo
uma comunidade.
De acordo com Bell (1997), metodologias qualitativas deste tipo, permitem-nos
uma indagação, aprofundada ou não, de um definido aspeto de um problema, num
reduzido período de tempo. Segundo Yin (1994) deve optar-se pelo uso do estudo de
caso aquando do estudo de situações atuais, em situações onde seja possível realizar
observações diretas e possíveis entrevistas, contudo nestas situações os
acontecimentos relevantes não devem ser manipulados.
De acordo com Creswell (1998) e também Coutinho (2005), de entre múltiplas
variedades de estudos qualitativos, o estudo de caso refere-se a um estudo intensivo e
detalhado de um caso que é único, especifico, diferente e complexo. Esta opção
permite a organização e o tratamento da informação, tal como a descrição da situação
real e do seu contexto.
Assim, Yin (1994) define “estudo de caso” com base nas características do
fenómeno em estudo e com base num conjunto de características associadas ao
processo de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos. Nesta
modalidade de investigação são necessários muitos dados é necessário um
cruzamento entre eles para melhor compreensão da problemática e segue vários
procedimentos tais como: planificação; teoria fundamentada, necessária para que o
investigador possa posteriormente formular as questões problema. É também
necessário ter em consideração a seleção dos sujeitos e a definição dos instrumentos
de recolha de dados. Finalizada a recolha de informações pertinentes e a análise de
dados procede-se à evidência dos resultados através da produção de um relatório.
Nesta investigação pretendemos identificar a influência dos conhecimentos nos
hábitos alimentares das crianças, em contexto real, nomeadamente em sala de aula
através da prática supervisionada e na cantina da instituição escolar, onde
decorreram as observações.
Para a realização deste estudo, procedeu-se à identificação dos fatores que
influenciam o comportamento alimentar como por exemplo os conhecimentos das
crianças face à alimentação e qual o comportamento das mesmas no período de
almoço., como por exemplo os conhecimentos das crianças, face a alimentação. Ainda
se tiveram em consideração as variáveis período de almoço e dia da semana.
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4. Caracterização da amostra
Para a realização do estudo, há que ter em conta critérios de inclusão e de
exclusão. Relativamente aos critérios de inclusão, a amostra é constituída por vinte
indivíduos de ambos os géneros (onze do género feminino e nove do género
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
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comerciais, como por exemplo uma papelaria, um restaurante, um café e uma creche
particular.
Junto ao jardim de infância existe um parque infantil, pertencente ao Município,
onde as crianças podem ir brincar nos baloiços e escorrega.
Esta zona aparenta ser calma, onde não flui muito trânsito, sendo talvez maior o
movimento automóvel quando os familiares vão levar ou buscar as crianças ao jardim
de infância. Nesta rua, é possível verificar a existência de diverso mobiliário urbano,
como por exemplo: um ecoponto, caixotes de lixo, sendo estes, propriedade da
Câmara Municipal.
A vida escolar deste agrupamento, pelos normativos em vigor, assume uma matriz
democrática. O regulamento interno é definido de acordo com os princípios
estabelecidos no regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos
da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, aprovado pelo Decreto-
Lei nº 75/2008, de 22 de abril, o regime de funcionamento do Agrupamento, dos
órgãos de administração e gestão, das estruturas de orientação educativa e dos
serviços administrativos, técnicos e técnico-pedagógicos, bem como os direitos e
deveres dos membros da comunidade educativa, estabelecendo o quadro de normas e
regras a que todos devem obedecer.
O regulamento do agrupamento, juntamente com o projeto educativo, o plano
plurianual e anual de atividades e o projeto curricular, constituem instrumentos
fundamentais do exercício de autonomia, administração e gestão do Agrupamento,
aplicando-se a toda a comunidade escolar.
O regulamento interno do agrupamento tem como objetivos: facilitar o exercício
da autonomia; definir regras de funcionamento, em conformidade com o disposto na
lei; proporcionar a aquisição de atitudes autónomas, visando a formação de cidadãos
civicamente responsáveis e democraticamente intervenientes na vida da escola como
comunidade educativa; assegurar o bom funcionamento, numa perspetiva de
responsabilidade partilhada.
O jardim de infância é tutelado pelo Ministério da Educação. Neste momento,
funciona das sete horas e quarenta minutos às dezoito horas e trinta minutos, com
noventa e nove inscritos, distribuídos por cinco salas.
No que se refere a este estudo podemos afirmar que a maior parte do dia das
crianças é despendida no espaço da instituição, e é também aqui que estas crianças
têm uma das principais refeições do dia (almoço).
No regulamento interno do presente ano letivo não se encontra estabelecido
nenhum projeto relacionado com a promoção de “hábitos alimentares saudáveis.”
Relativamente aos recursos humanos, o jardim de infância conta com cinco
educadoras titulares, das quais uma é coordenadora de instituição, duas educadoras
em apoio educativo e cinco assistentes operacionais. A estes juntam-se os
profissionais das Atividades Extra Curriculares, nas áreas da psicomotricidade,
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
expressão musical, judo e inglês e nas quais estão inscritas várias crianças de acordo
com os dados da tabela seguinte:
Psicomotricidade 64
Expressão Musical 63
Judo 9
Inglês 15
Tabela 2 - Número de crianças inscritas por atividade extra curricular
2. O grupo de estudo
Este grupo é constituído por vinte crianças, sendo onze delas de género feminino e
as restantes nove de género masculino. A grande maioria das crianças tem entre
quatro e cinco anos de idade, tendo, nascido no ano 2008 e 2009, havendo apenas
uma criança do sexo masculino com três anos de idade, nascida no ano 2010. Destas,
crianças treze já haviam frequentado este estabelecimento de ensino no ano letivo
anterior.
É de destacar que deste grupo faz parte uma criança com necessidades educativas
especiais (surdez). Apesar dos seus problemas auditivos consegue pronunciar
algumas palavras corretamente e faz tentativas de pronunciar frases simples e
completas. A criança encontra-se integrada na sala 1, mas pertence a um programa de
Educação do Ensino Bilingue de Alunos Surdos. Existe também o caso de uma criança
que apresenta alguns problemas de articulação na construção de frases completas e
por esse motivo é acompanhada por uma responsável de terapia da fala.
O grupo de crianças está muito habituado às suas rotinas diárias, tais como:
eleição do chefe do dia, formação de um comboio para entrada e saída na sala, horário
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
3. As crianças de estudo
Neste estudo, e para recolher dados relativos às observações efetuadas no período
de almoço, optámos por observar apenas dez crianças, com idades compreendidas
entre os três e os cinco anos de idade. A seleção das crianças obedeceu a motivos de
conveniência. Por um lado, um número mais reduzido de crianças permitiu observar
e registar de forma mais rigorosa e detalhada; por outro lado, selecionámos as
crianças que almoçavam na instituição. Cinco crianças do grupo de estudo pertencem
ao género masculino, sendo as cinco restantes pertencentes ao género feminino.
Como já referimos anteriormente, é garantido o anonimato a todos os
intervenientes, pelo que ao longo deste estudo apenas mencionaremos o género e a
idade das crianças.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Entrada na escola
No início da manhã, assim que chegam ao jardim de infância, as crianças dirigem-
se para a cantina da instituição. Na cantina está reservado um espaço, onde as
crianças podem brincar, conversar livremente e assistir a programas infantis. Neste
espaço, para além da televisão, podemos encontrar um armário com diversos jogos,
na sua maioria puzzles, e num cantinho uma pequena cozinha de brincar. As crianças
permanecem neste espaço até às nove horas da manhã, acompanhadas por um
auxiliar. Após este período, cada educadora chama pelo seu grupo de crianças, e estas
formam um comboio e dirigem-se para a sala. Apesar de a cantina estar equipada com
televisão, a mesma só permanece em funcionamento durante o período da manhã,
antes de começarem as atividades letivas, e no período posterior a refeição (almoço).
Formação do comboio
O comboio é, quase sempre, formado pelas escolhas sucessivas das crianças,
excetuando o primeiro comboio da manhã que é formado de forma aleatória. É
constituído por uma fila única, o chefe é o primeiro integrante, escolhe uma criança
do sexo oposto ao seu para dar continuidade. A formação do comboio apenas varia
quando se faz uma deslocação para fora do jardim. Nestas ocasiões o comboio une-se
a um outro comboio de outra sala, formando-se pares.
O chefe do dia
Dentro da sala e depois de as crianças estarem reunidas no tapete é escolhido o
chefe do dia por ordem da lista da tabela de presenças. O chefe do dia, para além de
ser o primeiro a marcar a sua presença e ficar à frente na formação do comboio, pode:
sentar-se à frente de todo o grupo, e fazer os gestos para as outras crianças
reproduzirem, escolher uma canção e contar os meninos presentes na sala; chamar
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
O almoço
Após a rotina de higiene, ao saírem da casa de banho, as crianças formam novo
comboio, junto da educadora, e vão de forma ordenada até a cantina. Sentam-se num
lugar a sua escolha, mas, por vezes, a educadora troca algumas crianças de lugar de
forma a evitar distrações. Primeiro é distribuída a sopa e a água, depois o prato
principal e, por último, a sobremesa. Durante o período de almoço encontram-se
sempre presentes as auxiliares, encarregues pela distribuição da comida e também
pela ordem do espaço.
d) Reflexão
Todas as semanas eram realizadas reflexões com a educadora cooperante,
nomeadamente sobre a prática supervisionada, no sentido de melhorar a mesma.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
vídeo.
Depois da audição:
Reconto oral pelas crianças;
Questionário oral quanto às
personagens;
Registo através da colagem e
ordenação de imagens da história
numa ficha de trabalho.
Atividade 2: Recorte A educadora mostra vários panfletos que - Panfletos;
e colagem das contêm vários vegetais que já se
- Tesouras;
imagens dos vegetais encontram previamente assinalados pelo
necessários para círculo. As crianças têm que identificá-los -Cola;
fazer a sopa. pelos nomes. Após os vegetais serem
identificados pelas crianças a educadora - Cartões de
distribui os panfletos pelas mesmas para cartolina.
que possam recortá-las. Após as crianças
terem recortado, colam os mesmos em
cartões de cartolina.
Atividade 3: A educadora explica os objetivos da - Recortes da
Realização do jogo: "A atividade, que consiste em transportar o atividade anterior
corrida aos vegetais". maior número possível de vegetais para a (vegetais);
sopa da sua equipa. A educadora divide o - Um cesto;
grupo em quatro equipas, cada uma com
cinco elementos. - Um “tacho” para
cada equipa.
Equipas:
Retângulos;
Círculos;
Quadrados;
Triângulos.
As equipas colocam-se em fila, à frente da
mesma está uma caixa. Ao sinal da
educadora, a primeira criança de cada
equipa corre para ir buscar um vegetal à
caixa, trá-lo, coloca-o no tacho da sua
equipa e vai para o fim da fila. Depois, é a
vez do segundo jogador fazer o mesmo e
assim sucessivamente, até terminarem. Por
fim são contados todos os vegetais
recolhidos por cada equipa e os
vencedores são os que tiverem conseguido
maior número de vegetais.
Dia 14 de janeiro de 2014
Queria muito realizar uma atividade fora da sala e, finalmente, consegui. Primeiro
comecei por explorar os objetivos da atividade e os materiais necessários à realização
da mesma com as crianças, no tapete. Apresentei várias imagens de alimentos com os
quais se pode confecionar sopa. As crianças visualizaram os mesmos e discutimos no
tapete sobre os mesmos, se os conheciam, se gostavam desse tipo de alimentos, etc.
Apresentei também outras imagens com as quais não se pode confecionar sopa,
por exemplo: detergente da loiça, e expliquei-lhes que íamos fazer um jogo fora da
sala e que era um jogo por equipas. Ainda no tapete mostrei os distintivos de cada
equipa, figuras geométricas que todos reconheceram pelo nome e pela cor. Formei
equipas misturando as idades, para que os resultados não fossem tão díspares.
Formamos comboio e dirigimo-nos até ao ginásio.
Uma vez dentro do ginásio voltei a explicar as regras, mas olhei para as crianças e,
como não estava muito convencida que tivessem entendido as regras do jogo, pedi a
uma equipa para exemplificar. Foi uma atitude sensata que evitou algumas confusões
iniciais. Quando dei sinal de partida notei que as crianças estavam muito atentas à
procura dos alimentos espalhados pelo chão. Com muito cuidado para não
apanharem alguma imagem que não fosse um alimento.
As crianças gostaram da atividade e mantiveram-se calmas e atentas ao jogo
enquanto esperavam que as outras equipas concluíssem a atividade. Na altura da
contagem dos pontos estiveram muito atentas pois, como já referi anteriormente,
algumas destas crianças têm dificuldade em aceitar perder. No fim da contagem e já
dentro da sala dois meninos, de duas equipas diferentes, pediram-me um distintivo
da equipa que tinha obtido a maior pontuação (círculos verdes) apenas para
possuírem um distintivo da equipa “vencedora”.
No dia seguinte apresentei-lhes a música: “A fruta faz-me bem” interpretada pelos
anjos e o respetivo videoclipe. Rapidamente me apercebi que as crianças deram mais
importância as imagens do que à letra e ritmos da música. Mas compreenderam bem
a mensagem que a música pretendia transmitir. Comparando a mesma com a de um
desenho animado que costumam ver durante a manhã na cantina do jardim de
infância, enquanto esperam pela educadora. Contaram-me que neste desenho
animado o personagem principal come “doces desportivos” e fica cheio de energia,
estes “doces desportivos” segundo as crianças geralmente são maças, peras e
morangos.
Na atividade seguinte explorei as relações entre conjuntos recorrendo ao dominó.
Esta atividade denotou-se mais interessante tendo em atenção o comportamento de
algumas crianças. Uma das crianças referiu que estava aborrecida com a atividade.
Resolvi, deste modo convidá-la a participar no jogo tendo constatado que a mesma
não tinha compreendido as regras do jogo, uma vez que teve dificuldade em fazer
corresponder as peças.
Uma situação semelhantemente e interessante que tive a oportunidade de
observar, foi a de uma menina que se demostrou irritada por eu ter solicitado a
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
participação de uma colega mais vezes que dela. Posteriormente, expliquei à criança
que a sua colega tinha dificuldades, sendo este o motivo pelo qual eu solicitei mais
vezes a sua participação. No entanto tive a oportunidade de constatar que
independentemente da idade as crianças apresentam uma boa capacidade de
aprendizagem. Para concluir este facto, relembro um episódio ocorrido, com um
menino mais novo, que não revelou dificuldades, pois, jogou muito bem. Foi um facto
não esperado da minha parte, na medida em que, anteriormente tinha demonstrado
algumas dificuldades em exercícios e atividades deste tipo.
O jogo com as palavras foi engraçado para mim, uma vez que para além de
brincarmos com as palavras nunca pensei inicialmente que fosse tão complicado para
as crianças. Como dentro da sala tenho crianças de diferentes idades tive que adaptar
o jogo para que não fosse extremamente complicado para as crianças mais novas nem
demasiado simples para as crianças mais velhas. Foi engraçado explorar a noção que
as crianças têm das sílabas; eu já sabia que todas conseguiam facilmente fazer a
divisão silábica da maioria das palavras recorrendo às palmas, mas não esperava que
fosse tão confuso trabalhar a divisão silábica começando com a sílaba final. Penso que
demorei demasiado tempo com a exploração desta atividade, e as crianças acabaram
por ficar aborrecidas. Mas eu estava contente por descobrir até onde as crianças já
conseguiam “chegar” neste tipo de atividade.
Na quarta-feira a manhã não correu tão bem; na verdade foi a pior manhã de
sempre no jardim de infância. No momento em que comecei a contar a história, a meu
ver retirei uma avaliação positiva por parte dos alunos relativamente ao seu
interesse. Porém, posteriormente, sugeriram que repetisse a história, o que fez com
que ficasse nervosa. No entanto, quando retomei a minha tarefa realizámos uma
atividade em grande grupo que deixou todas as crianças animadas.
Acabei por realizar uma reflexão positiva da aula, tendo em conta o balanço
positivo transmitido pelas próprias crianças. Primeiro, uma pequena dramatização
onde a grande maioria dos meninos não quis participar, o que achei muito estranho
porque em semanas anteriores as crianças mostraram-se extremamente animadas
com este tipo de atividades. E, para finalizar, um jogo de memória no tapete, com os
personagens e alguns elementos da história. As crianças adoraram este jogo e
pediram-me para que fosse repetido várias vezes.
Só na quinta-feira é que me apercebi do impacto que a manhã de quarta teve para
estas crianças. Quando a encarregada de educação de uma das crianças referiu que o
seu filho reproduziu vezes sem conta a história, porque a tinha adorado. Esta criança
proferiu à sua mãe que não podia comer só de um alimento porque seria prejudicial à
sua saúde, na medida em que a personagem principal da história adoeceu.
Mais tarde, e ainda nessa manhã, aproximadamente metade do grupo pediu para
jogar o jogo de memória que lhes tinha apresentado no dia anterior.
41
Cláudia Filipa Barbosa Alves
Deste modo, senti-me realizada pois constatei que as duas atividades de quarta-
feira tiveram impacto nas crianças.
Meio físico
Área de conhecimento do mundo Educação para a Saúde.
Temas transversais
Área de formação pessoal e social (educação para a saúde – a
importância do pequeno almoço.)
A importância do consumo de
sopa;
A roda dos alimentos.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
tinha um lençol e por que tinha um holofote. Ao explicar-lhes que tinha preparado um
espetáculo para elas ficaram incrédulas. “A sério? Um espetáculo? E é sobre o quê”? –
perguntavam constantemente as crianças. Eu estava um pouco nervosa com esta
atividade pois durante a sua realização não conseguiria ver as suas caras. Mas
enquanto reproduzi a história com as sombras chinesas não ouvi um único barulho;
parecia que na sala não havia ninguém. As crianças estiveram sempre bastante
atentas e, por isso, silenciosas. No fim pude ver, pelos rostos, que estavam
surpreendidas e bastante curiosas sobre os materiais usados, nomeadamente o
holofote e as sombras chinesas. Então mostrei-lhes o holofote e as crianças queriam
“ver com as mãos” mas expliquei-lhes que como a luz era bastante intensa o holofote
estava quente pelo que era melhor não lhe tocar. Posteriormente mostrei, uma a uma,
as sombras chinesas utilizadas. Pelas suas reações deu para perceber que não
estavam muito acostumadas com este tipo de atividades.
Depois de conversarmos sobre a história, sobre o personagem e sobre a ação,
apresentei-lhes a ficha de trabalho que foi explicada por uma das crianças e não por
mim. Ao ver as imagens presentes na ficha um dos meninos levantou logo a mão para
falar e sem esperar que lhe desse a palavra disse bem e rápido o que era para fazer.
Fiquei surpreendida. Aproveitei as palavras deste menino e explorei melhor para que
todos percebessem. Convidei as crianças a sentarem-se, pedi ajuda ao chefe do dia na
distribuição dos materiais necessários para a realização da mesma. Numa outra mesa
preparei a atividade que iria decorrer em paralelo com esta. Reuni quatro elementos
e expliquei detalhadamente a atividade. As crianças ficaram animadíssimas ao
experimentarem uma touca, como a dos cozinheiros, e a grande maioria quis ver-se
ao espelho e rir-se de si próprio. “É para não cair cabelos na sobremesa, não é?” –
Perguntaram-me os mais crescidos.
Na quarta-feira contei a história da sopa de pedra, com recurso ao computador.
Apesar das crianças estarem calmas e aparentemente atentas a história não foi muito
significativa para elas pelo que pude observar nos desenhos produzidos. A grande
maioria desenhou elementos da música.
A música: “eu gosto de sopa” já fazia parte da lista dos discos pedidos do grupo há
imenso tempo. Por diversas vezes ao longo da prática supervisionada quando ficava
desconfortável com alguma agitação do grupo cantava esta música e também a
música: “meu soldado”. Mesmo durante o intervalo da manhã quanto brincava de
roda com as crianças eu cantava estas duas músicas pelo que já por diversas vezes as
crianças me tinham pedido para lhes ensinar. Quando lhes contei que íamos ver um
videoclipe as crianças perguntaram “O que é isso?” Depois de lhes explicar e lhes
dizer o nome da música abriram completamente as bocas num misto de alegria e
surpresa e olharam uns para os outros como quem diz pelos olhos: “não acredito, até
que enfim”. Durante a primeira visualização do videoclipe as crianças não se
pronunciaram; limitaram-se a ver e a ouvir, sem pestanejar. Nas visualizações
seguintes acompanharam a música alegremente chegando a solicitar serem os
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
A análise de dados, de acordo com Wolcott, citado por Vale (2004) acarreta três
etapas fundamentais: descrição, análise e interpretação.
Tendo como referência os três momentos, adequando-os ao presente estudo de
investigação podemos mencionar que a descrição corresponde à escrita de textos
resultantes das observações efetuadas e que já foram apresentados.
Para se proceder à análise dos dados foi necessário fazer a transcrição das notas
de campo, de forma a obtermos uma visão completa e ampla sobre o assunto. Após a
mesma, recorremos a uma tabela por nós realizada de forma a organizar os dados de
forma a procedermos à sua interpretação.
Na primeira parte debruçar-nos-emos sobre os dados obtidos no decorrer da
investigação que levamos a cabo. Na segunda parte refletiremos sobre os dados
relacionados com as tarefas propostas durante a prática supervisionada.
No final apresentamos uma reflexão global sobre o conjunto dos dados recolhidos.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
2º Momento
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3º Momento
- “Ele começou a comer fruta e legumes e ficou forte outra vez”, (género feminino – 4 anos)
- “Ele fez o que o médico disse e agora já pode marcar golos e ter forma para ganhar corridas.”, (género
masculino – 5 anos)
- “Ele ficou bom porque comia comida de muitas cores diferentes.” , (género feminino – 4 anos)
- “Ele agora está forte e toca guitarra.”, (género masculino – 3 anos)
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
“Podemos comer outras coisas, não precisamos de comer o que não gostamos.”, (género feminino – 5
anos)
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“Não devemos comer muitos doces de uma vez, porque ficamos com dores de barriga e vomitamos.”,
(género feminino – 5 anos)
“Comer fruta é melhor, mas também não podemos comer só fruta se não ficamos sem energia como o
João Pedro.” [referindo-se ao personagem da história trabalhada no dia anterior], (género masculino – 5
anos)
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Nessa manhã não foi possível efetuar uma observação durante o período de
almoço, contudo a educadora cooperante (que acompanhou as crianças durante a
refeição) referiu que foi com grande satisfação e orgulho que as crianças consumiram
a sobremesa que elas próprias confecionaram. Ainda segundo a educadora estas
fizeram questão de mencionar a outras crianças da instituição que tinham sido elas
próprias a lavar e a espetar os frutos no pau de espetada.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
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“Tem cenoura… e eu gosto e a avó gosta também …. E faz…. Ela faz… muitas vezes porque eu gosto”,
(género masculino – 3 anos)
Em relação ao prato principal (filete de peixe com grão de bico, ovo e batata
cozidos) a média de tempo de consumo foi treze minutos e meio. Contudo três das
crianças observadas não terminaram a refeição, deixando ainda cerca de um terço dos
alimentos no prato.
“Não quero isto… não gosto (referindo-se ao grão de bico) … eu gosto de peixinho e quero mais pão”,
(género masculino – 4 anos)
“É difícil agarrar com o garfo (tentativa falhada leva a frustração e a criança opta por comer com as
mãos) ”, (género masculino – 3 anos)
A sobremesa (pudim flan) foi ingerida pelas crianças em média em cerca de dois
minutos, sendo que quatro das crianças declinaram a mesma. Uma destas pediu pão
no fim do prato principal. Algumas crianças mostraram tristeza ao verificar que a
sobremesa não era gelatina. Uma vez que as embalagens destes dois alimentos são
parecidas, quatro das crianças abriram a sua embalagem e ao verificar que se tratava
se pudim recusaram.
“…. pensava que era gelatina de morango… não gosto de pudim é muito doce”, (género
feminino – 5 anos)
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Sobremesa: banana.
Verificámos que o tempo médio do consumo da sopa (sopa de legumes) foi de
aproximadamente nove minutos e meio minutos. Sendo o tempo máximo de consumo
de aproximadamente vinte e sete minutos. Durante o consumo deste prato, muitas
foram as crianças a mostrar o seu desagrado devido a presença de legumes inteiros.
Apenas uma das crianças consumiu a sopa na totalidade, três destas separaram os
pedaços de cenoura do caldo e uma delas exclui a couve-lombarda, colocando a
mesma na borda do prato.
“O que é isto? [referindo-se a couve-lombarda, após obter resposta a esta questão a criança em
questão rejeitou este alimento] ”, (género feminino – 5 anos)
A sobremesa foi ingerida em cerca de três minutos. Apenas uma das crianças
rejeitou a peça de fruta quando questionada sobre o porquê desta rejeição a criança
respondeu:
“…. A mãe diz que comer muitas bananas faz mal à barriga”, (género masculino - 5 anos)
“Porque tenho que comer isto? [A criança questionou o observador, chorando] … Não gosto destas
bolas [grão-de-bico] … Quero a minha mãe! Quero ir para casa! [chorando] ”, (género masculino - 5 anos)
A sobremesa (maçã) foi consumida rapidamente por sete das crianças, que logo
em seguida pediram para repetir. Três destas optaram por comer esta peça de fruta
sem casca. Apenas uma das crianças rejeitou a peça de fruta (a mesma criança que
anteriormente recusou a banana).
“…. Não há sem casca? Não gosto da casca é muito dura”, (género feminino – 5 anos)
“Podes tirar-me a pele da maçã por favor (…) ”, (género masculino – 5 anos)
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A sobremesa (laranja) foi consumida rapidamente por oito das crianças, nenhuma
das mesmas quis repetir.
“…. Não gosto de laranja porque pica na boca”, (género feminino – 5 anos)
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-Sopa triturada
(creme);
1ª 23
7,5 13,5 2 -Peixe cozido;
Ementa
-Doce;
-Sopa inteira
(legumes);
2ª 22,5
9,5 10 3 - Carne picada cozida;
Ementa
-Fruta;
-Sopa inteira (grão);
3ª 23,5 -Carne picada frita;
10 11 2,5
Ementa -Fruta;
-Sopa triturada
(creme);
4ª 10 8 2,5 20,5
-Peixe frito
Ementa
-Fruta;
Total 37 42,5 10
Valor
9,3 10,6 2,5
médio
Tabela 4 - Distribuição da variável tempo (em minutos) quanto à influência da caraterização das ementas.
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a prática de jogos até à simples hora do almoço, não devendo, de forma alguma,
desvalorizar o que fazemos com estas, mesmo que para nós sejam elementares.
Em geral, gostei imenso de trabalhar todos os temas abordados pois procurei
sempre realizar atividades nas quais as crianças tivessem um papel
interventivo/ativo e que pudessem alargar o seu leque de conhecimentos e
desenvolver as suas competências.
Trouxe-nos algumas complicações o facto de estarmos perante a construção do
nosso primeiro processo investigativo desenvolvido ao longo da formação. Contudo
trilhar este caminho, quase desconhecido e complexo, tornou-se, gratificante à
medida que íamos conseguindo superar adversidades.
Não queríamos de todo introduzir de forma forçada e artificial o estudo desta
temática, levando o grupo à realização obrigatória de determinadas atividades. A
grande preocupação foi sempre as crianças e as aprendizagens a realizar. Zelamos
pelo bem-estar do grupo não querendo, de forma alguma, fazer das crianças meras
«cobaias investigativas».
A investigação não ocorreu num ambiente artificial criado para o efeito, mas sim
no contexto natural das crianças e dai uma maior fiabilidade dos resultados obtidos.
Preocupámo-nos em diversificar não só as atividades realizadas dentro da sala, como
tentámos sempre abordá-las de forma integrada e orientada na especificidade para as
diferentes áreas de conteúdo.
Além das crianças, foi imprescindível a presença e apoio dos professores
supervisores e da educadora cooperante, que desempenharam o seu papel,
orientando-nos para uma prática pedagógica melhor e com mais significado para as
crianças, enriquecendo a nossa formação.
Esperamos que este relatório de estágio contribua para a incrementar, a vontade
de criar práticas pedagógicas ricas em aprendizagens significativas e diversificadas,
abrindo horizontes para o trabalho em Educação Pré- escolar, e dando a conhecer
como é complexo, mas também cativante, trabalhar com crianças desta idade.
3. Conclusão
Como referimos anteriormente, o presente relatório desenvolveu-se no âmbito do
cumprimento dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em
Educação Pré-escolar e Ensino do 1º ciclo do ensino Básico, e apresentou duas
grandes vertentes interdependentes: uma dizendo respeito ao relato dos principais
aspetos da prática pedagógica supervisionada e a outra dizendo respeito a uma
investigação que, embora restrita no tempo e na amostra, foi essencial para
desenvolver competências investigativas que são muito úteis para qualquer
professor.
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ANEXOS
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Anexos
Anexo 1- Letra da música: A fruta faz-me bem............................................................. 78
Anexo 2- História: O João Pedro e o Médico (adaptada) .......................................... 80
Anexo 3- Poema: Pequeno-almoço .....................................................................................833
Anexo 4- História: A lagarta comilona .............................................................................845
Anexo 5- Materiais do 1º ciclo do ensino básico……………………………………….......87
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Anexo 1
Letra da música: A fruta faz-me bem
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Anexo 2
História: O João Pedro e o Médico (adaptada)
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Anexo 3
Poema: Pequeno-almoço
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Anexo 4
História: A lagarta comilona
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Anexo 5
Materiais do 1º ciclo do ensino básico
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
PLANIFICAÇÃO DIDÁTICA
GUIÃO DE ATIVIDADES
Elementos de identificação
Estudo do Meio
(granito, mármore,
xisto, calcário e
basalto).
Reconhece a utilidade
das rochas (granito,
mármore, xisto,
calcário e basalto) e
ainda onde existem e a
onde se podem usar).
Língua Portuguesa
Matemática
- Medida e
unidade de Comprimento Compara e ordena
medida comprimentos.
- Medição Comparar e ordenar comprimentos.
Expressões
Áreas Curriculares de
Clube/
Objetivos didáticos relação
Projeto
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
SUMÁRIO:
Estudo do Meio: Leitura do texto “os solos”.
Matemática: Efetuar medições, realização dos exercícios do manual (página 106).
Língua portuguesa: Redação de texto.
Desenvolvimento do percurso de ensino e aprendizagem:
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Atividade 4: Realização dos exercícios 4.1 Leitura silenciosa e resolução dos exercícios da
presentes na página 106 do manual de página 106, do manual de matemática;
matemática. 4.2 Correção dos exercícios e registo, no quadro, por
dois alunos, escolhidos de forma aleatória;
SUMÁRIO:
Estudo do Meio: observação da experiencia dos diferentes tipos de solos.
Matemática: resolução dos exercícios das páginas 108, 112 e 113.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Atividade 2: Resolução e correção de 2.2 Leitura silenciosa e resolução dos exercícios das
exercícios presentes nas páginas 108, 112, 113 páginas 108, 112 e 113, do manual de língua
do manual de matemática – abordagem em matemática;
contexto didático. 4.2 Correção no quadro dos exercícios e registada no
manual de matemática.
Atividade 4: Realização e correção dos 4.1 Leitura silenciosa e resolução dos exercícios da
exercícios da página 107 do manual de língua página 107, do manual de língua portuguesa;
portuguesa - sistematização em contexto 4.2 Correção oral e coletiva dos exercícios e registo no
Didático. manual de língua portuguesa;
4.3 Leitura do texto: “investigar é o máximo” presente
na página 107 do manual de língua portuguesa, em voz
alta, por um aluno escolhido aleatoriamente pela
professora – ampliação de conhecimentos.
Quinta-Feira
04/03/13 Responsável pela execução: Cláudia Alves e Cláudia Farinha
SUMÁRIO:
Estudo do Meio: estudo das características de diferentes rochas.
Matemática: resolução de exercícios das páginas 114 e 115.
Expressão plástica: desenho livre em fita de cinema.
Desenvolvimento do percurso de ensino e aprendizagem:
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Atividade 3: Desenho livre – em fita de 3.1 Distribuição, pelo anulo responsável, de uma folha
cinema. com uma imagem representativa de uma fita de cinema,
aos restantes elementos da turma (anexo 11);
Reflexão:
O Professor Supervisor:___________________________________________
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
PLANIFICAÇÃO DIDÁTICA
GUIÃO DE ATIVIDADES
Elementos de identificação
Estudo do Meio
Língua Portuguesa
Matemática
Expressões
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Áreas Curriculares de
Clube/
Objetivos didáticos relação
Projeto
SUMÁRIO:
Estudo do Meio: leitura e análise ideológica do texto no manual de estudo do meio na página 111.
Matemática: leitura e análise do texto “Uma aventura espacial”,
Português: Realização e correção dos exercícios da página 118 e do manual de língua portuguesa
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Atividade 5: Realização e correção dos 5.1 Leitura silenciosa e resolução dos exercícios da página
exercícios da página 118 e do manual de 118, do manual de língua portuguesa;
língua portuguesa - sistematização em 5.2 Correção oral e coletiva dos exercícios e registo no
contexto Didático. manual de língua portuguesa;
5.3 Leitura do texto: “Ah! Aprendi…” presente na página
118 do manual de língua portuguesa, em voz alta, por um
aluno escolhido aleatoriamente pela professora –
abordagem em contexto didático.
Trabalho para casa – realização da ficha 32 da página 66 do
caderno de fichas de Língua portuguesa.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Quarta-feira
10/04/13 Responsável pela execução: Cláudia Alves
Recursos:
Tema integrador: “Os Astros” Manual de estudo do meio;
Vocabulário específico a trabalhar explicitamente Manual de matemática;
durante a unidade: estrelas, constelações, planeta,
satélite, movimento de translação e de rotação, pontos Manual de língua portuguesa;
cardeais. Material de escrita;
Suporte para cartaz;
Figuras representativas de planetas;
Elemento integrador: “O astrónomo” – José Jorge Trecho de texto sobre os astros;
Letria, Corpos celestes, Texto (adaptado) – em papel Caderno diário;
de cenário afixado no quadro.
Caderno de fichas de língua
portuguesa.
SUMÁRIO:
Estudo do Meio: leitura e análise do texto “Astros e sistema solar” presente no manual de estudo do
meio na página 112. Elaboração do cartaz “A Família do Sol- Sistema Solar”
Matemática: Realização dos exercícios presentes nas páginas 120 e 121 do manual de matemática.
Português: Redação de texto no manual de língua portuguesa.
Desenvolvimento do percurso de ensino e aprendizagem:
Atividade 1: leitura e análise do texto 5.1 Antes de ler
“Astros e sistema solar” presente no Explicitação aos alunos dos objetivos da atividade;
manual de estudo do meio na página 5.2 Durante a leitura
112. – Abordagem em contexto Leitura expressiva, em voz alta, do texto na íntegra
didático. pela professora;
Leitura parcelar, em voz alta, pelos alunos.
5.3 Depois da leitura
Registo, no caderno diário, das ideias fundamentais
presentes no texto.
Atividade 2: Elaboração do cartaz “A 2.1 Explicitação aos alunos dos objetivos da atividade.
Família do Sol- Sistema Solar” – 2.2 Apresentação do suporte do cartaz.
abordagem em contexto didático. 2.3 Distribuição de um cartão com o texto ou imagem.
2.4 Leitura, pelos alunos, escolhidos aleatoriamente dos
cartões com o texto;
2.5 Correspondência dos cartões: Imagem com o texto dos
mesmos (os alunos colam as imagens por cima do texto que
lhes é correspondente), afixação do cartaz no placar da sala.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Quinta-Feira
11/04/13 Responsável pela execução: Cláudia Alves
SUMÁRIO:
Estudo do Meio: leitura e análise das páginas 114 e 115 do manual de estudo do meio
Expressão musical: Audição da música: “Os Planetas” da Bruxa Babiruxa.
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Português: leitura e análise do s textos do manual de língua portuguesa, da página 120 e 121.
Atividade 3: leitura e análise das 3.1 Leitura expressiva, em voz alta, do texto na íntegra pela
páginas 114 e 115 do manual de estudo professora;
do meio – abordagem em contexto 3.2 Questionário oral referente à informação obtida através
didático. da leitura.
3.3 Registo, no caderno diário, das ideias fundamentais do
texto, e desenho da rosa-dos-ventos.
3.4 Deslocação da turma, às 12h00, até ao pátio da escola
onde será penetrada uma vara, na areia, de forma a que os
alunos possam verificar a direção da sombra.
3.5 Diálogo sobre as conclusões obtidas através da
observação e exploração da bússola.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Atividade 4: Audição da música: “Os 4.1 Explicitação aos alunos dos objetivos da atividade;
Planetas” da Bruxa Babiruxa”, 4.2 Audição da música, pelos alunos;
preenchimento do texto com lacunas. 4.3 Distribuição de uma folha com a letra da música, pelo
aluno responsável;
4.4 Repetição da audição da música;
4.5 Correção oral e coletiva do exercício.
Reflexão
O Professor Supervisor:___________________________________________
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
PLANIFICAÇÃO DIDÁTICA
GUIÃO DE ATIVIDADES
Elementos de identificação
Estudo do Meio
Português
Matemática
Competências/ Descritores de desempenho / Resultados esperados /
Conteúdos
Tópicos/Blocos Objetivos específicos Avaliação
•Medida. •Calcular o perímetro de polígonos; • Perímetro. • Calcula o perímetro de
•Desenhar polígonos em papel polígonos;
quadriculado e no geoplano com um •Desenha polígonos em papel
dado perímetro; quadriculado e no geoplano com
•Resolver problemas relacionados um dado perímetro;
com o perímetro. •Resolver problemas
relacionados com o perímetro.
Expressões
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
Terça-Feira
23/04/13 Responsável pela execução: Cláudia Alves
SUMÁRIO:
Português: conhecimento explícito da língua - determinantes demonstrativos, compreensão do oral -
tema, tópico, assunto;
Matemática: medida- perímetro;
Estudo do meio: sentido e significado do dia da liberdade na vida de Portugal e dos portugueses.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
2.3.Depois da leitura:
(Capa do livro) Confirmação, através do diálogo das expectativas
existentes antes da leitura;
Registo da confirmação das expectativas, no guião de
aprendizagem do aluno, pelos alunos.
Atividade 3: resolução de exercícios de 3.1 Leitura silenciosa e resolução dos exercícios presentes no
compreensão de texto presentes no guião de registo do aluno;
guião de registo do aluno – 3.2 Correção oral e coletiva dos exercícios e registo no guião
sistematização em contexto didático. de registo do aluno;
Atividade 4: leitura do exemplo para 4.1 Leitura, em voz alta, do exemplo e da tabela, presente
abordagem aos determinantes no guião de registo do aluno, por um aluno escolhido de
demonstrativos, no guião de registo do forma aleatória;
aluno – abordagem em contexto 4.2 Questionário oral referente à informação obtida através
didático. da leitura.
4.3 Resolução de exercícios presentes no guião de registo do
aluno,
4.4 Correção oral e coletiva dos exercícios.
Atividade 5:leitrura e exploração do 5.1 Explicitação aos alunos do objetivos da atividade;
texto: “Aprende!” na página 132 do 5.2 Leitura do texto por um aluno escolhido de forma
manual de matemática – abordagem aleatória;
em contexto didático. 5.3 Exploração de um exemplo no quadro.
5.4 Distribuição do geoplano, pela professora (um para cada
dois alunos);
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
SUMÁRIO:
Português: escrita – textualização, leitura - funções e objetivos da leitura;
Expressão plástica: elaboração de um cartaz.
Estudo do meio: diferenças no modo de vida dos portugueses depois do 25 de abril, deslocação dos
seres vivos.
Atividade 2: preenchimento da tabela 2.1. Dialogo introdutório como forma de revisão livro: “O
sobre as diferenças ocorridas depois do tesouro” de Manuel António Pina;
25 de abril de 1974 – abordagem em 2.2. Explicitação aos alunos do objetivo da atividade;
contexto didático. 2.3. Leitura da tabela e preenchimento pelos alunos;
2.4 Correção oral e coletiva do exercício e registo no guião
de registo do aluno.
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Cláudia Filipa Barbosa Alves
Reflexão
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Hábitos alimentares - relação entre os conhecimentos face a alimentação e o comportamento de crianças no período de almoço.
O Professor Supervisor:___________________________________________
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