Regulação Das Fake News Um Dilema Diante Do Direito À

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REGULAÇÃO DAS FAKE NEWS: UM DILEMA DIANTE

DO DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Wellington Antonio Baldissera
Vinícius Borges Fortes

VOLUME 12 | NÚMERO 1 | JAN/JUN 2021


REGULAÇÃO DAS FAKE NEWS: UM DILEMA DIANTE DO DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

REGULAÇÃO DAS FAKE NEWS: UM DILEMA DIANTE DO DIREITO À


LIBERDADE DE EXPRESSÃO

REGULATION OF FAKE NEWS: A DILEMMA IN THE FACE OF THE


RIGHT TO FREEDOM OF EXPRESSION
Recebido: 09/02/2019 Wellington Antonio Baldissera1
Aprovado: 21/07/2021 Vinícius Borges Fortes2

RESUMO:

As mentiras sempre existiram, mas com a internet, a velocidade de propagação aumentou de


forma exponencial, colocando em evidência as Fake news. Diante da relevância e da influência
que esta prática pode causar na sociedade, nesse estudo será abordada a necessidade do Estado
estabelecer um controle sobre a divulgação de informações falsas, diante dos malefícios que
podem causar. A dúvida que buscará ser esclarecida é sobre quais são as dificuldades existentes
para se estabelecer uma regulação sobre a propagação de fake news no Brasil. O objetivo geral
deste estudo é apresentar um panorama sobre a possibilidade de ser instituída pelo Estado, uma
forma de regulação em face das fake ews, sendo o melhor meio para ser possível a instituição desta
medida uma regulação repressiva, combatendo a desinformação, com mais informação. O método
utilizado nesta pesquisa é o monográfico e a técnica de pesquisa é a bibliográfica. 19

Palavras-chave: Informações falsas. Agências de fact-chaking. Agências reguladoras. Redes


sociais. Desinformação.

ABSTRACT:

The lies have always existed, but with the internet, the speed of propagation has increased
exponentially, putting in evidence the Fake news. Given the relevance and influence that this
practice can cause in society, this study will address the need for the State to establish a control
over the dissemination of false information, given the harm they can cause. The doubt that will
seek to be clarified is on what are the difficulties to establish a regulation on the propagation of
fake news in Brazil. The general objective of this study is to present a panorama on the possibility
of being instituted by the State, a form of regulation in the face of Fake news, being the best way
to be possible the institution of this measure a repressive regulation, combating misinformation,
with more information. The method used in this research is the monographic one and the research
technique is the bibliographical.
Keywords: False information. Fact-chaking agencies. Regulatory agencies. Social networks.
Misinformation.
1 Mestrando em Direito pela Faculdade Meridional – IMED com bolsa na modalidade taxa CAPES/PROSUP; Especialista em Direito
Administrativo pelo Complexo Educacional Renato Saraiva (CERS); Assessor Jurídico na área de Direito Público; Advogado. Email:
2 Pós-Doutor em Direito pela VUB - Vrije Universiteit Brussel (Bélgica); Doutor em Direito pela UNESA/RJ; Mestre em Direito pela UCS/
RS; Coordenador e Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu - Mestrado em Direito da IMED - Faculdade
Meridional; Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Direito e Desenvolvimento, certificado pela IMED e pelo CNPq; Pesquisador
visitante na Universidad de Zaragoza (Espanha) (2014-2015); Professor visitante na VUB - Vrije Universiteit Brussel (Bélgica), no
LSTS - Law, Science, Technology and Society Research Group no âmbito do projeto Brussels Privacy Hub (2016); Advogado; Endereço
eletrônico: vinicius.fortes@imed.edu.br

Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 18-36, jan./jun. 2021.


Wellington Antonio Baldissera • Vinícius Borges Fortes

1 INTRODUÇÃO

A informação tem um papel preponderante na sociedade. As pessoas estão cada vez


mais sedentas por conhecimento e por notícias sobre os mais variados temas, e o meio mais
utilizado para saciar essa busca é a internet, colocando em segundo plano mídias tradicionais
como o rádio, a televisão, os jornais e as revistas impressas.
Graças a essa nova perspectiva, atingiu-se um elevado patamar de globalização e
informatização, em poucos segundos, na tela de um celular smartphone, é possível saber,
no Brasil, qualquer acontecimento ocorrido no Japão, mesmo há milhares de quilômetros de
distância. Em face disso, algumas questões merecem ser refletidas: com essa rapidez e facilidade
de se obter informações através da internet, podemos confiar em tudo que lemos ou vemos? E
como é possível controlar a fonte e a veracidade das notícias veiculadas na internet?
Todavia, é notório que não existe um controle efetivo no Brasil sobre a reprodução
das fake news, isso se deve aos mais variados fatores, principalmente a dificuldade de ser
estabelecido um conceito preciso sobre o que são e sobre como exercer uma regulação sem
que exista um abuso no direito à liberdade de expressão, assim, o problema que se pretende
responder com essa pesquisa é: quais são as dificuldades existentes para se estabelecer uma
regulação sobre a propagação de fake news no Brasil?
Não é uma tarefa simples estabelecer um controle sobre a proliferação de fake news
no Brasil, tanto diante dos conflitos entre direitos que podem decorrer dessa medida, como
diante do grande número de cidadãos com acesso à internet, mas a hipótese que se pretende
confirmar ao longo desta pesquisa é que a regulação das fake news pelo Estado é essencial para
combater os malefícios que podem apresentar para a sociedade brasileira.
20
O objetivo geral do estudo em tela é apresentar um panorama sobre a possibilidade
de ser instituída pelo Estado, uma forma de regulação em face das Fake news. Os objetivos
específicos são: (i) conceituar o que é regulação e agências reguladoras; (ii) explicar sobre a
regulação da internet no Brasil; (iii) definir as Fake news; (iv) explicar quais são as dificuldade
de se estabelecer uma regulação estatal sobre as Fake news; (v) apresentar meios para combater
a propagação das Fake news.
O método de abordagem utilizado, neste trabalho, foi o hipotético-dedutivo; o método
de procedimento foi o comparativo; o tipo de pesquisa tem natureza qualitativo-exploratória,
e as técnicas de pesquisa utilizado foi a pesquisa bibliográfica.

2 ASPECTOS GERAIS DA REGULAÇÃO E DAS AGÊNCIAS REGULADORAS

Em síntese, a regulação pode ser entendida como um modelo de gestão específico


definido, para controlar ou gerenciar determinada questão que seria de responsabilidade do
governo do Estado, seja alguma área da economia, da saúde, das novas tecnologias ou incontáveis
outras. No Brasil, está intrinsicamente ligada com a ideia da Administração Pública, diante da
existência de inúmeras agências regulatórias, e também, a sua utilização é uma medida que
está relacionada diretamente com o princípio da eficiência do Estado.
Objetivando a finalidade específica de alcançar instrumentos de elevação e proteção da
dignidade da pessoa humana, uma das funções do Estado é a de formular políticas públicas,
por meio de dois tipos de ações que devem ser realizadas em conjunto para chegar ao propósito
final, que seria regular a competividade dos mercados e promover o bem comum da sociedade.
(LEAL, 2014).

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Essas medidas devem prezar pelo princípio da eficiência da Administração Pública,


devendo o Estado, sempre buscar a melhor alternativa que resulte na menor onerosidade
possível, para tratar das mais diversas demandas da sociedade. Este princípio pode ser
conceituado da seguinte forma:

Assim, princípio da eficiência é o que impõe à administração pública direta e indireta e a


seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas competências
de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre
em busca da qualidade, rimando pela adoção dos critérios legais e morais necessários para
melhor utilização possível dos recursos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios
e garantir-se maior rentabilidade social. (MORAES, 1999, p. 30).

Diante do princípio supracitado, surge a ideia da regulação dos setores ou de


determinadas questões de uma nação, considerando a dificuldade para o governo de um
Estado conseguir atender todas as demandas com a devida atenção. O Estado possui um
poder regulador, o qual lhe permite fiscalizar e controlar os serviços prestados por ele e por
terceiros, inclusive com relação à economia, podendo optar pela criação de agências reguladoras
responsáveis por serviços essenciais à sociedade, sendo um meio mais eficiente de realizar suas
atribuições. Assim, convém expor o conceito do que seria a regulação:

[...]neste sentido, por regulação a atividade estatal mediante a qual o Estado, por meio de
intervenção direta ou indireta, condiciona, restringe, normatiza ou incentiva a atividade
econômica de modo a preservar a sua existência, assegurar o seu equilíbrio interno
ou atingir determinados objetivos públicos como a proteção de hiposuficiências ou a
consagração de políticas públicas. (NETO, 2002, p.14).
21
Em complemento ao conceito acima, vale frisar que “do ponto de vista político e
econômico, regulação governamental significa a imposição de regras à ação de atores privados
(eventualmente estatais), que atuam em determinados mercados. Essas regras podem ser
determinadas por meio de atos normativos, sanções, supervisão ou, eventualmente, pela
própria inação.” (IDEC, 2011, p.11).
Na Constituição Federal de 1988, em seu art. 174, caput, é reconhecido ao Estado, o
papel de “agente normativo e regulador da atividade econômica”, estando assim, garantido
pela legislação o poder regulador do Estado, não havendo margens para questionamentos
quanto a isso.
Além de ser um meio mais eficiente para administrar determinados setores, a regulação
surge diante da obscuridade das leis emitidas pelo Poder Legislativo, decorre da ambiguidade
das normas de conduta que são necessárias para governar a vida econômica e social. (GUERRA,
2014).
Os principais objetivos que se busca por meio da regulação estatal de alguma atividade,
são definir tarifas justas e razoáveis de energia e transporte, promover condições razoáveis à
proteção da vida, saúde e segurança do trabalhador, a redução de custos de tomada de decisão
e necessidade de assegurar a credibilidade dos compromissos de longo prazo dos contratos,
além dos prazos políticos. (PECI, 2014, p. 50/51).
No nosso país existem 06 (seis) modelos de regulação que são utilizados, havendo a
direta, que é a exercida diretamente pelos ministérios e secretarias; as autarquias comuns, que
são vinculadas, porém não subordinadas aos ministérios, todavia, os agentes são nomeados
pelos ministros e são cargos de livre exoneração; as agências executivas, que a única existente
seria o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), que é uma autarquia
com maior autonomia que as demais; as autarquias especiais, que são o CADE (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica) e o CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Essas

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entidades não são subordinadas ao poder público central; possuem órgãos de direção colegiados,
em que cada diretor recebe um mandato. Detêm autonomia administrativa, financeira e
independência decisória; os conselhos profissionais, como por exemplo, o Conselho Regional
de Medicina; ainda há a autorregulação exercida pela Ordem dos Advogados do Brasil, como
entidade sui generis, ou seja, diante de sua natureza única. (GUERRA, 2014, p. 368-369)
Executar com perfeição a proposta apresentada pela regulação, não é uma tarefa simples,
existindo várias nuances que devem ser observadas para que venha a ser realmente efetiva,
devendo o Estado tomar certos cuidados, como se percebe neste comentário:

A noção de atividade regulatória numa perspectiva de “mediação ativa de interesses”


envolve uma dupla atividade estatal. De um lado, o regulador tem de arbitrar interesses
de atores sociais e econômicos fortes, como ocorre no equacionamento de conflitos
envolvendo compartilhamento de infra-estruturas ou interconexão de redes de suporte a
serviços essenciais. Doutro bordo, cumpre ao regulador induzir ou coordenar as atividades
em cada segmento específico com vistas a proteger e implementar interesses de atores
hipossuficientes. É o que tem lugar na defesa dos consumidores ou no atendimento
de políticas públicas (universalização de serviços, redução de desigualdades sociais ou
regionais, entre outros). (NETO, 2002, p. 17).

A regulação possui um caráter social, pois como já dito anteriormente, ela deve buscar
o bem estar dos cidadãos, devendo assim, buscar e garantir a acessibilidade e a qualidade dos
serviços públicos para toda a coletividade. Em face disso, cabe exibir a constatação de Sundfeld
(2014, p.119):

Sem adentrar nas minúcias da lei, a verdade é que, com ela, pretende- se a universalização
22
total do serviço de saneamento básico. Para alcançar essa meta, optou-se por obrigar os
titulares do serviço a criarem agências reguladoras para o setor, de modo a impor deveres
aos prestadores e a cria direitos para os consumidores e para os não consumidores, que
possuem direito à expansão do serviço.

Com a menção, no trecho acima, sobre as agências reguladoras, convém apresentar o


que seriam esses órgãos, que são pessoas jurídicas de Direito Público interno, normalmente
são autarquias da administração indireta e, também possuem um regime jurídico especial,
sendo interessante explanar algumas especificidades sobre o assunto em tela:

Paralelamente à disciplina legislativa e regulamentar, que reúne as normas e critérios


ordenadores de cada um dos setores objeto de concessão de serviços públicos ao
empresário privado, surgem os organismos constituídos pelo Poder Público, para
normatizar, aplicar as normas legais, regulamentares e contratuais da atividade sob sua
tutela, outorgar e rescindir os contratos de concessão, bem como fiscalizar os serviços
concedidos, além de funcionar, em muitos casos, como instância decisória dos conflitos
entre as empresas concessionárias e os usuários. (WALD; MORAES, 1999, p. 145).

De uma maneira bem sucinta, o conceito de agências reguladoras pode ser entendido,
como coloca Grotti, “em sentido amplo, no direito brasileiro, agência reguladora é qualquer
órgão da Administração Direta ou Indireta com função de regular a matéria específica que lhe
está afeta.” (GROTTI, 2004, p. 70).
Seu surgimento ocorreu, principalmente, pela enorme privatização das empresas
estatais em nosso país, entre o final do século XX e início deste século. Considerando que o
Estado ainda era responsável por alguns dos serviços que vieram a ser privatizados, acabou por
criar agências reguladoras para estabelecer normas e diretrizes, além de fiscalizar a prestação
de serviços por particulares.

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Portanto, em um primeiro momento, as agências reguladoras surgiram em decorrência da


desestatização de serviços públicos e exploração de determinadas atividades econômicas.
No entanto, hoje elas não se limitam a ser um instrumento de desestatização, mas
também regulam atividades da livre iniciativa privada com especial sensibilidade para a
coletividade, como ocorre no modelo americano. (SAMPAIO, 2014, p. 318-319).

Existe a ressalva de que as atividades em que o Estado desempenha em conjunto com a


iniciativa privada, também estão sujeitas às normas das agências reguladoras, como exemplo,
é possível citar a educação, onde há existência de universidades tanto públicas, quanto
particulares. No caso, uma autarquia do Estado, criada pelo próprio Estado, deve fiscalizar a
atuação da iniciativa privada e, também, do Estado, na área que for de sua incumbência.
Ao estabelecer as normas para a criação das agências reguladoras, o legislador brasileiro
escolheu por definir que, atuariam como autarquias, pessoas jurídicas de direito público, que
já estavam presentes dentro de nossa legislação, todavia, com o objetivo de diferenciá-las das
autarquias que não possuíam poder de regulação, concedeu a elas, a qualidade de possuir um
regime especial. Sobre este regime jurídico, Celso Antônio Bandeira de Mello (2013, p. 178), diz:

(...) Anotou-se que as “agências reguladoras” são autarquias “sob regime especial”. Afinal,
em que consistiriam seus regimes especiais? (...) Assim, a lei da ANATEL, em seu art. 8º,
§ 2º, apresenta como seus traços especificadores “independência administrativa, ausência
de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes e autonomia
financeira”. A lei da ANS, no art. 1º, parágrafo único, aponta como caracterizadores de
tal regime “autonomia administrativa, financeira, patrimonial e de gestão de recursos
humanos, autonomia nas suas decisões técnicas e mandato fixo de seus dirigentes”; a lei
da ANVISA (dantes denominada ANVS), no seu art. 3º, parágrafo único, aponta como
caracterizadores de tal regime “independência administrativa, a estabilidade de seus 23
dirigentes e a autonomia financeira” e a lei criadora da ANTT e da ANTAQ indicam,
no art. 21, § 2º, que o regime autárquico especial é caracterizado pela “independência
administrativa, autonomia financeira e funcional e mandato fixo de seus dirigentes”.

No entanto, o próprio Mello (2013), menciona em sua obra que esta definição de regime
especial, não implica em grandes diferenças do regime tradicional das outras autarquias, uma
vez que todas as características ditas acima, são inerentes a todas as autarquias, o que muda
é a intensidade em que essas características se apresentam.
Sobre a atuação das agências reguladoras no Brasil, cabem alguns apontamentos:

No Brasil, o sistema financeiro foi o primeiro a ganhar um órgão regulador bem-


organizado. O Banco Central – a agência reguladora de maior tradição no Brasil – exerce
um poder regulador exemplar, de modo a influenciar as práticas das demais agências
existentes. E foi justamente em relação ao Banco Central, sobretudo ao longo das décadas
de 1960 e 1970, que primeiro se discutiu sobre a validade ou a invalidade de um poder
normativo exercido pela administração pública. Hoje em dia, ao contrário, as agências
reguladoras editam normas sem que ninguém considere isso espantoso, apesar das críticas,
inclusive no campo da constitucionalidade. (SUNDFELD, 2014, p. 120).

As agências reguladoras possuem um papel de grande importância na estrutura da


sociedade brasileira atualmente. Assim, é difícil explicar todas as características delas, com
precisão, em poucas páginas, mas pelo que foi exposto, fica clara a relevância que possuem na
administração do nosso país.
As principais agências reguladoras existentes no Brasil, segundo informado no próprio
site do governo brasileiro, em esfera federal são: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),

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Agência Nacional de Águas (ANA), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e


Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Agência Nacional do Cinema (Ancine),
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o já mencionado Banco Central (Bacen).
Ainda, podem existir outros órgãos com funções reguladoras no âmbito estadual e
municipal, sendo ligadas às respectivas esferas administrativas. Em qualquer dos níveis de
organização do estado, elas dependem ou de uma secretaria ou de um ministério, de acordo
com Peci (2014, p. 54):

Formalmente, estas dependem dos ministérios, os quais são responsáveis por formular
políticas regulatórias. No entanto, ao longo dos anos, o corpo técnico das agências, o
conhecimento especializado desses órgãos e o esvaziamento dos ministérios contribuíram
para concentrar o processo de formulação e implementação de políticas regulatórias nas
agências, abrindo espaço para questionamentos do modelo.

Normalmente, as agências reguladoras produzem as normas específicas sobre as


matérias que lhe é competente, por meio de resoluções normativas, o que se relaciona com
o que foi dito no início da pesquisa sobre a função da regulação em resolver as obscuridades
existentes nas leis, ou até a omissão, considerando que as resoluções não necessitam de
aprovação do poder legislativo, todavia, existe a possibilidade de existir regulação por meio de
leis ou outros meios de direito público geral, mas as agências atuam por meio das resoluções.
Ainda existem outras possibilidades, por intermédio do direito administrativo, em
sentido estrito, como os regulamentos administrativos, os contratos públicos, os processos
administrativos e os atos administrativos.
24

3 A REGULAÇÃO DA INTERNET NO BRASIL

O mundo não é mais o mesmo que era por volta de 19703 , período onde a internet
começou a dar os seus primeiros passos. O jeito de se comunicar, se relacionar com as pessoas,
ler notícias, se divertir, trabalhar, enfim, a forma de viver, não é mais igual do que era no século
passado.
Durante a longínqua década dos anos 60, época em que The Beatles, Pink Floyd, The
Rolling Stones e outras grandes bandas surgiram4, com suas músicas tocadas nas rádios do
mundo todo, inclusive no Brasil, fazendo grande sucesso, que consegue ser mantido até os
dias atuais. Durante os anos 60, ouvir frequentemente determinado grupo ou uma música
específica a única opção era adquirir os discos de vinil.
A partir dos anos 2000, vários cantores passaram a fazer muito sucesso, como por
exemplo, Sean Kingston, Soulja Boy, Justin Bieber, Shawn Mendes, The Weeknd, mas chegaram
ao status que possuem ,não devido, inicialmente às rádios, muito menos aos discos de vinil,
que já se tornaram obsoletos, mas sim graças a internet e as mídias de compartilhamento,
como SoundClick, Vine, MySpace, e principalmente, o YouTube, alguns nem atingindo grande
representatividade com relação a venda de CDs, os sucessores dos discos de vinil5.
As músicas de qualquer um dos cantores citados acima, podem ser ouvidas a qualquer
hora de forma gratuita, seja no YouTube, em streamings como o Spotyfy ou Deezer, ou em
3 Mais informações sobre o surgimento da internet em: SILVA, Werner Leonardo. Internet foi criada em 1969 com o nome de
“Arpanet” nos EUA. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u34809.shtml. Acesso em 04 de fevereiro
de 2019.
4 Mais informações sobre o cenário musical dos anos 60 em: PRANDO, Alisson. Músicas dos Anos 60: O Sucesso que Balançou
o Mundo. Disponível em: https://www.uppermag.com/musicas-dos-anos-60/ . Acesso em: 04 de fevereiro de 2019.
5 Outros exemplos de cantores e bandas descobertos na internet em: NATALO, Camila. 13 cantores e bandas que foram descobertos
na internet. Disponível em: http://www.popcidade.com.br/2016/02/18/13-cantores-e-bandas-que-foram-descobertos-na-internet/.
Acesso em: 04 de fevereiro de 2019.

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várias outras mídias, é possível fazer o download delas para ouvirmos em grande parte dos
aparelhos eletrônicos. Tudo isso, devido ao advento da internet, que mudou o jeito de ouvirmos
músicas, das pessoas atingirem o sucesso, enfim, mudou quase tudo.
Essa relação da evolução do cenário musical, no decorrer dos anos, com a utilização
da internet, é apenas um meio de demonstrar como a nossa sociedade evoluiu em torno dessa
tecnologia e das inovações decorrentes.
Outro exemplo dessa evolução são as produções cinematográficas, que inicialmente,
era necessário ir ao cinema para ver os filmes, após chegaram a TV, foram lançados os filmes
em fita VHS, seguindo-se dos DVDs, havendo um sucesso imenso com as famosas locadoras
de DVDs, e hoje a maioria dos filmes, são vistos on-line ou obtidos por meio de download, nem
sempre de forma legal, ou por meio de streamings, como o NetFlix6.
Sobre essa nova faceta que passou a existir diante dos novos meios que surgiram, vale
a menção deste comentário:

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), sobretudo a Internet,


expandiu-se para os mais variados meios. Atualmente, são verdadeiras ferramentas para
angariar notícias, entretenimento, e até mesmo para fomentar o acesso a informações
prestadas pela Administração Pública, bem como para a prática da democracia e cidadania
eletrônicas. As TIC formam uma ampla rede de comunicação entre os usuários, transpondo
barreiras territoriais, espaciais e temporais, além de fixar verdadeiras relações com os
mais diversos sujeitos em escala global. (OLIVEIRA; BARROS; GOULART, 2016, p. 89).

Com as situações expostas, se percebe a rápida evolução da internet, desde o seu


surgimento e como os mais diversos setores, indústrias e áreas existentes em nosso meio, se
adaptaram à demanda que ela solicitava. Entretanto, um dos pilares que mantém as estruturas 25
do mundo civilizado, não foi capaz de acompanhar essa veloz mutação, ou seja, o direito não
é capaz de acompanhar a velocidade com que as demandas e conflitos decorrentes da internet
suscitam.
Mesmo diante da grande importância que passou a ter, no Brasil, não foi criada nenhuma
agência reguladora para tentar resolver os problemas que vieram junto com a popularização
da internet. Na verdade, demorou algum tempo para que fossem estabelecidas leis específicas
no Brasil, para tentar normatizar algumas das situações que vieram a ocorrer.
Vale a menção ao Projeto de Lei nº 53, a qual havia sido aprovado inicialmente pelas
duas câmaras do Congresso Nacional, que originou a atual Lei 13.709 de 14 de Agosto de 2018,
previa a criação de uma agência reguladora para o controle e fiscalização dos dados pessoais
dos cidadãos brasileiros na internet, todavia, o Presidente da República que sancionou esta
lei, Michel Temer, acabou por vetar essa iniciativa, alegando que a mesma não poderia ser
realizada por meio de iniciativa do poder legislativo, necessitando de uma lei específica para
sua criação (BRASIL, 2018).
Com o que foi colocado no parágrafo acima, se denota que os legisladores brasileiros
perceberam a necessidade da criação de ser estabelecido um controle sobre o que acontece
no mundo virtual, diante da relevância que passou a ter, e da influência que exerce na vida
dos usuários da internet. Em muitos casos, os crimes cometidos por meio da internet já são
previstos ou enquadrados em outros pré-existentes no Código Penal Brasileiro.
Realmente, não é uma tarefa simples realizar a regulação da internet do Brasil,
considerando que é extremamente difícil fiscalizar o que ocorre no mundo virtual, pois
somente estabelecer as normas, sem que exista o devido controle sobre seu cumprimento, seria
6 Mais informações sobre a evolução dos meios de acesso de obras audiovisuais em: Do VHS ao streaming, conheça a evolução das
tecnologias de armazenamento e compartilhamento de vídeo. Disponível em:http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.
asp?id=408271&noticia=do-vhs-ao-streaming-conheca-a-evolucao-das-tecnologias-de-armazenamento-e-compartilhamento-de-
video. Acesso em: 04 de fevereiro de 2019.

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não ter efetividade alguma. Além de que, seria necessário um alto investimento financeiro
em aparelhos, softwares, capacitação e vários outros pontos que seriam necessários para ser
efetiva essa sugestão.
Todavia, algumas medidas foram tomadas pelo Poder Legislativo do nosso país,
considerando, que para o Poder Judiciário, já não era mais uma tarefa fácil resolver as demandas
resultantes de conflitos cibernéticos, sem o auxílio de uma legislação sobre esse tema. No
entanto, por mais que foram estabelecidas várias normas, é praticamente impossível conseguir
abranger todos os fatos que podem vir a ocorrer na relação entre direito e internet.
Os primeiros passos foram dados, agora cabe aprimorar, e aumentar a abrangência
destas leis que foram criadas. As leis mais notáveis que vieram a ser criadas foram a da Lei de
Acesso à Informação (Lei nº. 12.527/2011), a Lei de Crimes Informáticos (Lei nº. 12/737/2012) e,
se pode colocar como o destaque substancial dessas medidas que foram tomadas nos últimos
anos, a instituição do Marco Civil da Internet (Lei nº. 12.965/2014).
É válida a menção da Lei nº 13.709 de 14 de Agosto de 2018, a qual normatiza com
especificidade a proteção de dados pessoais no Brasil, já que este é um dos maiores problemas
existentes da sociedade informatizada, tratando sobre a maioria dos pontos necessários para
existir o mínimo de proteção das informações do cidadão brasileiro, protegendo-as, inclusive,
contra a transferência para outros países e o uso indevido dos dados por empresas privadas.
Com relação a Lei do Acesso à Informação, de forma resumida, pode ser entendida
desta forma:

A Lei de Acesso à Informação determina que o tratamento das informações pessoais


detidas por entidades e instituições nela abrangidas seja realizado de modo transparente,
26 respeitando o direito fundamental à proteção da intimidade, da vida privada, da honra
e da imagem das pessoas, o que, nos fundamentos defendidos nesta obra, corresponde
à proteção do direito fundamental à privacidade. A lei impõe restrições substanciais de
acesso a informações pessoais, como o acesso restrito às informações, pelo prazo máximo
de cem anos, a agentes públicos autorizados, bem como a possibilidade de acesso ou
divulgação a terceiros, mediante prévio consentimento do titular das informações, exceto
nos casos previstos no regulamento. (FORTES, 2016, p. 118).

Sobre a chamada Lei de Crimes Informáticos, que foi vulgarmente denominada pelo
povo como Lei Carolina Dieckman, em face de que no ano que a lei entrou em vigor, a atriz
teve várias fotos íntimas divulgadas na internet, obtidas através de invasão de alguns de seus
aparelhos eletrônicos pessoais, conforme notícia divulgada no site do Tribunal de Justiça de
Mato Grosso.
Diante desse fato, que atingiu notoriedade nacional, deixou clara a necessidade de
uma tipificação penal específica para esse tipo de crime, o que foi feito com a criação da Lei
12.737/2012, que inseriu no Código Penal, o artigo 154-A, disciplinando esta matéria, sendo o
seu teor:

Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores,


mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar
ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do
dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (BRASIL, 2018).

O Marco Civil da Internet foi a grande revolução que ocorreu em nosso país na relação
entre direito e internet, foi a primeira legislação específica criada para disciplinar essa matéria,
abrangendo vários aspectos que estavam omissos anteriormente nas normas existentes,

Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 18-36, jan./jun. 2021.


REGULAÇÃO DAS FAKE NEWS: UM DILEMA DIANTE DO DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

estabelecendo um caminho para ser seguido pelos aplicadores do direito nos conf litos
resultantes da informatização de nosso país.

O “Marco Civil da Internet” no Brasil, como se sabe, é a Lei que regula o uso da Internet
no Brasil, por meio da previsão de princípios e estabelecimento de garantias aos usuários.
O texto trata de temas como neutralidade da rede, privacidade e retenção de dados,
imponto obrigações para os provedores de serviços de internet. (TEIXEIRA, s/n, 2016).

A iniciativa da criação do Marco Civil da Internet no ano de 2009, também chamada de


Constituição da Internet Brasileira, se deu em face da divulgação de atos de espionagem por
meios eletrônicos feitos, pelo governo dos Estados Unidos da América, tanto no Brasil como
em outros países, assim, foi percebida a urgência do tema.
Os princípios que norteiam esta lei são a neutralidade, a privacidade e o registro de
acessos. O primeiro seria a proibição da venda de pacotes e planos de internet, limitados pelo
conteúdo ou origem do que se quer acessar ou usufruir, ou com preferência de um conteúdo
sobre outro em decorrência do valor pago. (BRASIL, 2018).
A privacidade que é mencionada nesta lei, segue as diretrizes já estabelecidas e
garantidas pela Constituição Federal, onde é considerada um dos direitos fundamentais, apenas
tendo uma legislação expressa sobre a privacidade das informações, com foco na internet. E
os registros de acesso diz respeito aos rastros que são deixados quando alguém acessa a rede,
sendo seu armazenamento de responsabilidade dos provedores do serviço, pelo prazo mínimo
de um ano. (BRASIL, 2018).
Além das informações aqui mencionadas, o Marco Civil disciplinou uma infinidade de
tópicos sobre a internet em nosso país, que é praticamente impossível serem abordados, de 27
maneira precisa, em um estudo de poucas páginas, em que não é o foco principal, todavia, com
o exposto ficou clara a importância que a criação desta legislação tem em nosso ordenamento.
Criar uma agência reguladora da internet no Brasil é uma tarefa muito difícil, a melhor
solução é o que se está tentando fazer, que é estabelecer normas por meio de leis, todavia,
haverá, ainda, inúmeras lacunas que serão notadas quando feito a aplicação das leis existentes,
e a grande dificuldade que existe é a fiscalização com relação às normas estabelecidas para
verificar sua efetividade, algo que seria mais palpável por meio de uma agência regulatória.

4 AS POSSIBILIDADES DE REGUL AÇÃO DAS FAKE NEWS NO DIREITO


BRASILEIRO

A facilitação do acesso às tecnologias, apesar de apresentar inúmeros benefícios, e


ser de extrema importância para o desenvolvimento de uma sociedade, também traz consigo
alguns problemas que passam a ser enfrentados pelo direito, inclusive o brasileiro. Além de
que, utilizada indevidamente, imprudentemente e equivocadamente, as tecnologias podem
apresentar sérios percalços para a promoção de uma democracia efetiva.
Hoje a internet é o maior meio de divulgação de notícias existente, estando à frente
da mídia impressa, do rádio e da televisão, sendo que qualquer um, sem uma fonte confiável,
pode escrever algo e espalhar na rede e, em várias vezes, a mentira é tão bem elaborada que
muitos acreditam nela, sendo até a fonte de informação inventada.
Cabe esclarecer que a mentira, a invenção, a informação manipulada ou mal-
intencionada, sempre fez parte da sociedade, porém, o que mudou foi a maneira e a velocidade
como se espalham, e diante disso, os efeitos que passam a exercer na sociedade e na democracia
de um Estado.

Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 18-36, jan./jun. 2021.


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Conforme pontua D’Ancona (2017, p. 19), entramos em um novo panorama onde os


combates políticos e intelectuais estão enfraquecendo a democracia e as ortodoxias diante de
uma nova face de um populismo ameaçador. A emoção é colocada acima da razão, a diversidade
fica em segundo plano para o nativismo, e a liberdade é substituída por um movimento em
busca da autocracia. A política deixou de ser uma exposição de ideias e de propostas, para dar
lugar a algo que não soma mais nada para o fortalecimento da democracia. A ciência, que já
salvou tantas vidas, realizou tantas descobertas e sempre teve grande relevância, começou a
sofrer com suspeitas, e até ser desprezada, sendo contraposta por ideias esdrúxulas.
A mentira sempre existiu, porém, o que mudou com o acesso massivo da população
às tecnologias derivadas da internet, como redes sociais, aplicativos de mensagens, portais
de notícias eletrônicos e outros, foi a velocidade com que as informações se propagam, tanto
as verídicas e pertinentes para a promoção da democracia, tanto quanto as enganosas ou
manipuladas.
Para propiciar o melhor entendimento dos apontamentos, que serão realizados nesta
pesquisa, obviamente se torna necessário estabelecer os conceitos que serão aplicados para
o principal objeto do estudo, ou seja, as fake news, que podem ser entendidas como “notícias
falsas, em que as falsidades aparecem por intenção deliberada, e não por acidente ou erro.”7
(LEVINSON, 2017, p. 11). Outra definição plausível seria de que são “notícias intencionalmente
e comprovadamente falsas, podendo enganar os leitores”8. (ALLCOTT; GENTZKOW, 2017, p.
213-214).
Esse tema, inicialmente, entrou em evidência nos Estados Unidos com as eleições
presidenciais americanas no ano de 2016, onde se elegeu Donald Trump. Este pleito ficou
extremamente marcado por polêmicas sobre fake news, tanto do lado do presidente eleito,
28
quanto da sua adversária Hilary Clinton.
Segundo informações divulgadas no portal eletrônico do jornal BBC Brasil, um dos
maiores escândalos que surgiram nesse período seria a influência de veículos de comunicação
russos, principalmente utilizando-se de programas que enviavam mensagens automáticas
por meio de perfis genéricos ou até falsos, disseminando fake news, com o intuito de tentar
manipular os resultados das eleições americanas. Os meios mais utilizados e que atingiam maior
alcance eram as redes sociais Twitter e Facebook, além do mecanismo de pesquisa do Google9.
É interessante apresentar uma definição mais ampla. Gross (2018, p. 157), explica
que as fake news são uma espécie de novo conteúdo que é produzido intencionalmente em
decorrência do modelo de produção, disseminação e consumo de conteúdo online. No caso,
fornece para aqueles que acessam a rede, o que eles querem ler, mesmo que a informação não
seja verdadeira, levando os produtores do conteúdo falso a atingir os objetivos almejados,
normalmente políticos ou financeiros.
Gross (2018, p. 157) complementa afirmando que o objetivo principal da produção
desses conteúdos é explorar as circunstâncias que existem no universo online, que seriam o
anonimato, a rapidez com que a informação pode ser disseminada, as fontes de informação
fragmentadas e de difícil verificação, além da atenção que consegue obter dos usuários da
internet, apelando ao lado emocional e ao sensacionalismo.
Ainda em consonância com a autora supracitada, os principais fins que são visados pelos
criadores e/ou divulgadores das fake news são obter vantagens financeiras e ou políticas com
o seu auxiílio, como exemplo, cita o caso de jovens que viviam na Macedônia, que perceberam
a possibilidade de auferir lucros financeiros com a viralização de notícias falsas com relação

7 Tradução livre.
8 Tradução livre.
9 Notícia completa em: SENRA, Ricardo. Candidatos brasileiros poderão ser punidos se usarem robôs para ‘fake news’ em 2018.
Publicada em 6 de novembro de 2017. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-41881703. Acesso em 15 de janeiro de 2019.

Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 18-36, jan./jun. 2021.


REGULAÇÃO DAS FAKE NEWS: UM DILEMA DIANTE DO DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

à política norte-americana, não tendo interesse nenhum no resultado final, mas apenas na
quantidade de acesso obtidos que poderiam reverter em valores monetários para eles.
A exposição mais complexa do que é fake news é extremamente importante, pois, como
coloca Rais (2018, p. 106), traduzir literalmente as fake news como notícias falsas, não resolve o
problema no campo jurídico, considerando que a mentira não é um objeto central do direito.
Diante disso, se apresenta a relevância dessa pesquisa, em tentar trazer uma definição útil
para ser utilizada nos conflitos levados ao judiciário, principalmente.
Outro apontamento interessante realizado por Rais (2018, p. 107) é: “A polissemia
aplicada à expressão fake news confunde ainda mais o seu sentido e alcance, ora indicada como
se fosse uma notícia falsa, ora como se fosse uma notícia fraudulenta, ora como se fosse uma
reportagem deficiente ou parcial, ou, ainda, uma agressão a alguém ou a alguma ideologia.”
As fake news ferem alguns dos direitos que são garantidos pela nossa legislação, como a
honra e o direito à privacidade, diante disso, tal apontamento nos leva a um debate interessante:
em que hipótese um possível controle sobre as notícias que venham a ser vinculadas na internet,
feriria o direito à liberdade de expressão ou o direito da população à informação?
A dificuldade em estabelecer uma regulação sobre as fake news ,surge no momento
em que é difícil separar, com exatidão, o que são realmente notícias falsas, sem embasamento
algum, de opiniões próprias, interpretações, em alguns casos, até há confusão com notícias
verídicas, mas colocadas de uma forma duvidosa ou com a intenção de influenciar o leitor,
além das sátiras, paródias, teorias da conspiração.
Uma questão que precisa ser mencionada, é que existe uma diferença entre os conceitos
de fake news e de desinformação, que precisarão ser levados em consideração, uma vez que
ocorrem inúmeras confusões entre ambos. Conforme Rais (2018, p. 150), um relatório produzido
29
pelo High Level Group -HLEG (Grupo independente de Alto Nível sobre as notícias falsas e a
desinformação online) da União Europeia, definiu desinformação como sendo “todas as formas
de informações falsas, imprecisas ou enganadoras criadas, apresentadas e promovidas para
causar prejuízo de maneira proposital ou para fins lucrativos”.
No caso, o que se entende da definição acima, é que as fake news estão inseridas dentro
da ideia da desinformação, todavia, não são seu único componente, se levando em conta que
uma notícia, realmente verdadeira, com fontes confiáveis, dependendo do espaço ou tempo
que seja compartilhada, pode adotar uma conotação diferente do seu intento inicial, ou certos
trechos de falas de uma pessoa, podem ser recolocados de um forma prejudicial à sua imagem
quando mudados de contexto.
Ainda, as sátiras, brincadeiras e os famigerados memes10; podem ser compartilhados
com o objetivo de ludibriar quem as lê, e por alguns, o compartilhamento ocorre por simples
desconhecimento e falta de análise.
A pós-verdade é outra definição que precisa ser apresentada para evitar confusões
com relação a definição de fake news, conforme D’Ancona (2018, p. 20), o Oxford Dictionaries
escolheu este termo como a palavra do ano de 2016, definindo-a como a “circunstância em
que os fatos objetivos são menos influentes em formar a opinião pública do que os apelos à
emoção e à crença pessoal.”
Retornando mais especificamente para o objeto central desta pesquisa, outros exemplos
de fake news, de grandes proporções e reconhecidos mundialmente, ocorridos nos Estados
Unidos, preponderantemente no período eleitoral de 2016 foram a afirmação de que Obama
tinha proibido o juramento de lealdade à bandeira nas escolas; de que o Papa Francisco estaria
apoiando Donald Trump nas eleições; espalhou-se, também, que Trump estaria oferecendo
10 O termo é bastante conhecido e utilizado no “mundo da internet”, referindo-se ao fenômeno de “viralização” de uma informação,
ou seja, qualquer vídeo, imagem, frase, ideia, música e etc, que se espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançando muita
popularidade. Significado de Meme Disponível em: https://www.significados.com.br/meme/. Acesso em: 06 de fevereiro de 2019.

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Wellington Antonio Baldissera • Vinícius Borges Fortes

passagens somente de ida gratuitas para a África e o México para aqueles que não quisessem
permanecer nos Estados Unidos; e de que o Líder do Estado Islâmico teria pedido aos cidadãos
norte-americanos para que votassem em Hilary Clinton. (D’ANCONA, 2018, p. 55).
No Brasil, nas eleições presidenciais, que ocorreram no ano de 2018, houve uma onda de
fake news, que fez parte do período eleitoral, onde muitas informações foram manipuladas ou
aumentadas, com o intuito de causar prejuízos para os principais candidatos que disputavam
o pleito, pois, “as pessoas estão muito expostas às afirmações falsas que constroem uma ‘ilusão
de verdade’, em que uma informação imprecisa se torna mais familiar e ao longo do tempo,
pode ser vista como verdade.” (SPINELLI; SANTOS, p. 770, 2018).
Imaginando o que estava por ocorrer, foram feitas algumas tentativas para tentar
penalizar criminalmente a divulgação de notícias falsas, já até sendo realizado um projeto
de lei que não obteve aprovação até este momento (Projeto de Lei do Senado n° 473, de 2017).
Todavia, não foi aprovado até o momento das eleições presidenciais, deixando assim, vários
dilemas para a resolução do poder judiciário.
Porém, é possível compreender porque não houve a aprovação de tal projeto,
considerando todas as problemáticas que se apresentam para estabelecer uma regulação
sobre as fake news, levando em conta que vários outros direitos fundamentais, como o direito
à liberdade de expressão, acabam entrando em conflito, podendo, numa definição equivocada
ou imprecisa, criar inúmeros dilemas para o direito brasileiro.
Um dos meios mais eficientes para combater a propagação das fake news, são as
chamadas agências de fact-chaking, ou na tradução mais próxima, as agências de checagem
de fatos. Seu objetivo é verificar as fontes das notícias, a veracidade dos fatos apresentados e,
também, em menor escala, se não houve manipulação em como é informado os acontecimentos.
30
Essa prática já é comum em vários outros países, e há pouco tempo, chegou com força no nosso
país. (SPINELLI; SANTOS, 2018).
“No Brasil, três agências são certificadas pelo IFCN (International Factchecking
Network): Lupa, Truco e Aos Fatos. As instituições credenciadas devem estabelecer
compromissos com apartidarismo e equidade, transparência das fontes e de financiamento
da organização, detalhes sobre métodos utilizados e correções francas e amplas.” (SPINELLI;
SANTOS, 2018, p. 771).
Vários veículos de comunicação, de alcance nacional, utilizam dos serviços prestados
por essa agência, como a revista Época, os jornais Folhas de São Paulo e O Globo, o canal de
notícias Globo News, a UOL, Buzzfedd e vários outros, em consonância com o informado por
Spinelli e Santos (2018). Sobre o modo de operação das agências de fact-chaking, cabe ressaltar:

O que faz do fact-checking uma prática relevante ao jornalismo na era da pós-verdade


é a preocupação com a transparência e credibilidade. Os métodos de checagem não
mudam muito entre as agências, mas todas explicam como chegaram à conclusão sobre
a veracidade das informações publicadas, destacando as fontes originais de informação
com links e referências. Outro ponto importante para assegurar a qualidade é a busca
pela diversidade de personalidades checadas e uma política clara de erros. As agências
não checam opiniões e previsões, além de tópicos de pouca relevância para o debate
público, como vícios de linguagem, questões de foro íntimo e afins. Assim como as demais
plataformas verificadas pela IFCN a partir de seu código de boas práticas, os métodos de
checagem são públicos. (SPINELLI; SANTOS, 2018, p. 773).

Esse é um dos meios mais eficientes para combater essa prática maléfica para a
sociedade, porém não há como penalizar aquele que inventou a notícia falsa e sendo ainda
mais difícil, impor sanções para aqueles que somente compartilharam, considerando que

Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 18-36, jan./jun. 2021.


REGULAÇÃO DAS FAKE NEWS: UM DILEMA DIANTE DO DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

não existe uma legislação vigente específica sobre a matéria no Brasil, além da dificuldade de
torná-la efetiva caso passasse a existir.
Existem algumas possibilidades para tentar amenizar essa disseminação em massa de
fake-news no Brasil, todas usando do conceito aplicado pelas agências de fact-chaking, talvez
sendo possível a criação de uma agência reguladora das fake news pelo próprio governo, ou um
apoio do governo para as agências de fact-chaking para um trabalho em conjunto, ou então,
tentar estabelecer normas específicas para esse tema por meio de lei.
O que não pode se manter, é incumbir o do Poder Judiciário de resolver os conflitos
suscitados, sem uma legislação para se embasar, como foi com as demandas que envolviam
a internet no passado. Não há como resolver todos os conflitos perfeitamente, com base em
analogias e princípios, sem que venham a existir divergências entre os tribunais existentes
no território brasileiro, podendo implicar, na pior das hipoétese, em algumas decisões, até a
prática do ativismo11 pelos magistrados, diante da omissão do poder legislativo.
A liberdade de expressão e o direito à informação são dois dos direitos garantidos pela
Constituição, assim é preciso conseguir estabelecer um limite entre a garantia desses direitos
e a repressão contra as fake news. Sobre isso, vale apresentar a seguinte reflexão que demonstra
a análise que deve ser feita pelos legisladores e aplicadores do direito sobre as fake news:

A liberdade de expressão não é um direito absoluto, nem ilimitado. Nenhum direito


fundamental o é. Como diria Justice Oliver Wendell Holmes, a liberdade de expressão
não protege alguém que grite “fogo!” falsamente no interior de um teatro lotado. Assim,
em caso de conflito, ela poderá, eventualmente, ceder lugar em favor de outros bens e
valores constitucionalmente protegidos. (KOATZ, 2011, p. 401).

31
Diante do comentário acima, fica perceptível a existência de uma linha tênue entre
o combate as fake news e o direito à liberdade de expressão, que é um dos maiores dilemas
existente nessas demandas, uma vez que o direito de proibir a divulgação de certos conteúdos,
sites, matérias e afins, com o intuito de evitar a proliferação de fake news, em determinadas
situações pode vir a invadir o direito à liberdade de expressão.
Assim, a criação de uma agência reguladora de fake news, poderia levar à uma melhor
preparação do governo para lidar com essa temática, talvez com o auxílio das agências de fact-
chaking, ou o próprio Estado passando a agir como fiscalizador. para conseguir estabelecer o
que é uma informação sem fundamento de uma simples opinião ou exposição é um dos dilemas
a ser enfrentados.
Um bom exemplo de atuação do Estado no combate as fake news já realizado, é na
área da saúde, onde, seja com intenção maliciosa, ou simplesmente diante da confusão com os
costumes e os hábitos populares são propagadas informações falsas sobre curas, tratamentos,
doenças e afins. O nível de preocupação que atingiu este tipo de atitude, levou o Ministério
da Saúde do Brasil a criar uma seção, em seu site12 , especificamente para verificar e analisar
a veracidade das notícias divulgadas, tanto nas redes sociais, quanto em portais de notícias.
Alguns bons exemplos que são apresentados no site, os quais foram identificadas como
informações falsas, são com relação a vacinas que causam autismo, sobre a possibilidade do
chá de graviolas curar o câncer, o comprimido de Paracetamol que contém o vírus Machupo e
inúmeras outras afirmações desmentidas, a partir de fatos verídicos expostos pelo Ministério
da Saúde, publicamente.

11 O ativismo judicial é “um fenômeno pós-moderno caracterizado pela forte atuação do Poder Judiciário nas relações sociais, de forma
a regular políticas públicas e intervir em aspectos da vida privada dos indivíduos”. (CARMO; MESSIAS, p. 196, 2017).
12 http://portalms.saude.gov.br/fakenews

Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 18-36, jan./jun. 2021.


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A medida acima se mostra interessante, uma vez que apresenta resultados, mas atua de
forma repressiva, não preventiva, o que poderia ocorrer em censura, considerando que seria
possível que existisse um desrespeito ao direito à liberdade de expressão.
Costa Neto (2017, p. 37), apresenta o direito à liberdade de expressão em sua dimensão
negativa, ou seja, ele a define como o “direito de expressar-se sem obstáculos ou restrições.”
Inclusive, aponta que os maiores obstáculos ao direito anteriormente citado, seriam “a censura,
sanções penais, cíveis ou administrativas, ameaças de violência, restrições legais, queimas de
livros, softwares de bloqueio de páginas na internet, etc.”
O caminho que deve ser tomado para evitar o máximo possível a ocorrência de censura
e da proibição da exposição de ideias pessoais, é a existência de um controle repressivo, não
preventivo, pois, permitir que o Estado controle previamente todos os conteúdos que serão
divulgados, seja na internet, jornal, rádio ou televisão, colocaria um poder excessivo do Estado
sobre os veículos de comunicação.
O melhor meio de combater a desinformação é com informação, ou seja, Maranhão e
Campos (2018, p. 218/219), expõem que qualquer mecanismo que seja por meio da exclusão ou
retirada de conteúdo ou perfis pode afetar o direito à liberdade de expressão, então, o melhor
caminho deve ser combater os males causados pela divulgação fraudulenta, com informações
verídicas e esclarecer os fatos para os usuários que acessarem a falsa notícia.
Conforme apontam os autores acima, o ideal é que o próprio conteúdo lesivo, após
verificada a sua falsidade, indique o conteúdo esclarecedor de forma destacada, indicando ao
leitor as informações verdadeiras e desmentindo os dados errôneos. Esta medida funcionaria
perfeitamente em portais eletrônicos e redes sociais, sendo o caminho mais adequado.
Além dos apontamentos realizados acima, outra questão relevante é com relação a
32
definição do como devem ser compreendidas as fake news, devendo ficar claro como devem
ser interpretadas pelos tribunais para evitar a ocorrência de insegurança jurídica.
No melhor dos cenários, essa definição não deve ser deixada para ser resolvida quando
o conflito estiver chegado ao poder judiciário, o ideal seria que já existissem parâmetros
anteriores para analisar estas demandas, não ficando a critério do magistrado as definições
técnicas, ou seja, definir se é verídica ou não a informação, bem como se as fontes são confiáveis
ou são ficcionais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não é uma tarefa simples conseguir estabelecer um controle sobre as fake news no
atual cenário do direito brasileiro, diante da imensidão que é a internet, onde muitas vezes
é dificílimo encontrar vestígios de quem foi o criador ou daqueles que compartilharam, até
pela grande proporção que a propagação dessas informações sem fundamentos ou distorcidas
podem atingir.
Esse é um fato novo que merece a atenção do direito brasileiro diante da sua relevância
e dos conflitos e influências que pode causar na nossa sociedade. Algumas medidas foram
propostas pelas câmaras federais do poder legislativo de nosso país, porém ainda contém
omissões e obscuridades sobre essa matéria, mas já seria um inicio para tentar regular esse
tema, haja vista que não há nada especifico sobre.
No cenário atual, a regulação por meio da legislação é o caminho mais palpável, todavia
é de difícil fiscalização e execução, onde talvez, a possibilidade da criação de uma agência
reguladora cumpriria melhor a tarefa, mesmo diante das dificuldades existentes, ou como
alternativa, seria o apoio do Estado para as agências de fact-chaking já estabelecidas, como

Direito e Desenvolvimento, João Pessoa, v. 12, n. 1, p. 18-36, jan./jun. 2021.


REGULAÇÃO DAS FAKE NEWS: UM DILEMA DIANTE DO DIREITO À LIBERDADE DE EXPRESSÃO

uma forma de evitar danos decorrentes das fake news, as quais já se demostraram prejudiciais
tanto para a política, democracia e até à saúde.
Considerando que a problemática apresentada ao inicio desta pesquisa foi respondida
da melhor forma possível, e que o objetivo geral, bem como os específicos foram cumpridos,
além da hipótese ter sido confirmada, uma vez que denota-se que observados certos requisitos,
a regulação do Estado sobre as fake news, principalmente de forma repressiva, é a melhor
medida para combater os males que dela decorrem.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Veto parcial da Lei 13.709, de 14 de Agosto de 2018. Dispõe sobre a proteção de dados
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