Metodologia Do Ensino Unidade 3 - Caderno Didático

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Especialização em Literatura e Ensino

Módulo

II Metodologia de Ensino

Unidade

3
O Contexto e o Intertexto no Ensino de Literatura

Autor

Mácio Alves de Medeiros


GOVERNO DO BRASIL ESPECIALIZAÇÃO EM LITERATURA E ENSINO
Metodologia de Ensino
Presidente da República Unidade 03 – O Contexto e o Intertexto no Ensino de
DILMA VANA ROUSSEFF Literatura

Ministro da Educação Professor Pesquisador/conteudista


ALOÍZIO MERCADANTE MÁCIO ALVES DE MEDEIROS

Diretor de Educação a Distância da CAPES Diretor da Produção


JOÃO CARLOS TEATINI de Material Didático
ARTEMILSON LIMA
Reitor do IFRN
BELCHIOR DE OLIVEIRA ROCHA Coordenadora da Produção
de Material Didático
Diretor do Câmpus EaD/IFRN ROSEMARY BORGES
ERIVALDO CABRAL
Revisão Linguística
Diretora Acadêmica do Câmpus EaD/IFRN HILANETE PORPINO DE PAIVA
ANA LÚCIA SARMENTO HENRIQUE
Coordenador de Design e Projeto Gráfico
Coordenadora Geral da UAB /IFRN LEONARDO DOS SANTOS FEITOZA
ILANE FERREIRA CAVALCANTE
Diagramação
Coordenador Adjunto da UAB/IFRN GEORGIO NASCIMENTO
JÁSSIO PEREIRA

Coordenador do Curso a Distância de


Especialização em Literatura e Ensino
JOÃO BATISTA DE MORAIS NETO

Ficha Catalográfica

M488e Medeiros, Mácio Alves de.


Especializção em literatura e ensino: Módulo II - Unidade
3: Metodologia de ensino - o contexto e o intertexto no ensino de
literatura / Mácio Alves de Medeiros. - Natal: IFRN Editora, 2013.
9f.:il.color.

1. Letramento Literário. 2. Ensino de Literatura - EaD - 3.


Intertextualidade Literária. 4. Contextualização Literária. I. Título.

RN/IFRN/EaD CDU 372.880.690

Ficha elaborada pela bibliotecária Edineida da Silva Marques, CRB 15/488


UNIDADE

3
O Contexto E O Intertexto No Ensino De
Literatura

APRESENTANDO A UNIDADE

É imprescindível, na adoção de um método de ensino, a compreensão de que ele


deve estar acompanhado de outras estratégias responsáveis por garantir a eficácia do
trabalho com o texto literário. Nesta unidade temática, focalizaremos aspectos relacionados
à intertextualidade literária e à contextualização literária como premissas inerentes a
qualquer método adotado no espaço escolar para o trabalho com a literatura sejam quais
forem os públicos e seus níveis de leitura. Assim, os dois textos selecionados para esta
unidade abordam o mesmo assunto, sendo que um deles especifica e o outro, mesmo sem
trazer tantas especificidades, acrescenta uma nova interpretação acerca da temática aqui
proposta.
Ao abordarmos a temática desta unidade, pretendemos contribuir para que a presença
da literatura na sala de aula seja fortalecida por conceitos relativos aos procedimentos
adotados. Assim, na prática, tais conceitos contribuirão para uma maior consolidação do
texto nas mãos do aluno leitor e no trabalho do professor formador.

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Unidade 3
O Contexto e o Intertexto no Ensino de Literatura

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Começaremos esta discussão fazendo referência a um texto de Rildo Cosson, autor


da conhecida obra Letramento literário. Para o momento, o artigo desse autor destaca o
papel fundamental cumprido pela literatura quando ensinada de modo adequado em sala
de aula. De fato, apesar de o acesso ao texto de ficção não estar condicionado diretamente
ao acesso à educação, a relação dessa área do conhecimento com a literatura vem de
longe. Desde o Egito Antigo, e entre os gregos também, a educação se realizava tendo a
literatura como um suporte, ou parceira, para a instrução dos cidadãos.
Desse modo, a literatura, além de se transformar em tradição escolar, e para o ensino
de idiomas, serviu sobremaneira como ponte entre o presente e a cultura do passado
revelada nos textos. Com o tempo, e as transformações no sistema educacional, a educação
voltou sua preocupação para a formação técnico-científico, em detrimento da formação
humanística. Em nome da didatização, o texto literário fragmentou-se, foi fragmentado no
espaço escolar, e perdeu sua relação sustentável com a tradição.
Consciente da vertiginosa inoperância do

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Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-N2c22LEeOLY/
modelo de relação entre a literatura e o ensino,
os sistemas educacionais passam a enxergar a
importância da relação entre texto literário e
ensino. Perceberam, portanto, a necessidade
de serem eliminadas as barreiras que impediam
ou negligenciavam a completa manifestação da
literatura no espaço escolar.
Reconquistado o espaço, a necessidade agora
é a instrumentalização dos elementos teóricos e
metodológicos os quais devem permitir ao texto
literário existir verdadeiramente na sala de aula. E
tal existência não significa apenas a presença física
do livro, mas, sobretudo, a disseminação da matéria
Figura 01
consistente da qual ele é composto: uma obra à
disposição dos leitores.
Para a efetivação desse processo, Cosson (2010) apresenta três aspectos a serem
levados em conta nessa nova interação entre literatura e educação como prática significativa,
que retome nos moldes atuais o liame perdido com uma prática cultivada num passado
longínquo: a relação com a história, com a cultura do passado e com a do presente.
Desse modo, na conquista do espaço da literatura na sala de aula, o primeiro aspecto
a ser considerado por Cosson (2010) é o ESPAÇO DO TEXTO. Percebe-se, nesse aspecto,

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O Contexto e o Intertexto no Ensino de Literatura

a prevalência de liberdade no encontro entre texto e leitor, de maneira a serem respeitados


os juízos de valor, inclusive os juízos negativos, do leitor para com a obra.
O autor destaca, porém, a importante função do professor na ação de desvelamento
da obra junto com o aluno. Este, por sua vez, precisa reconhecer na obra os mecanismos de
construção, isto é, a própria análise literária como procedimento claro de aprendizagem.
Ao se analisar o texto, sob a mediação do professor, o aluno automaticamente passa a
compreender a obra literária como espaço no qual o imaginário reivindica a presença
dele, como leitor, manifestadamente constituído por intermédio da leitura. Se esta inexiste,
inexistirá também o leitor.
O ESPAÇO DO CONTEXTO é o segundo aspecto, e contempla a realidade de mundo
a ser depreendida no ato da leitura, isto é, diz respeito às referências ou aos dados
consistentes relacionados a uma ou outra área do conhecimento. A contextualização são as
informações inerentes à obra, aquelas afloradas do texto no instante crucial do encontro
com o leitor. Isso significa, portanto, a possibilidade de utilização da literatura além das
fronteiras da disciplina de língua portuguesa. Por envolver vários conhecimentos de mundo,
o texto literário pode se fazer presente em todos os componentes curriculares. Para Cosson
(2010), essa condição não prejudica a leitura literária, mas, ao contrário, amplia o
conhecimento da história do texto e restabelece,
ainda, o contato da literatura com a tradição.
Fonte: http://www.jangadabrasil.com.br/imagem/vinim5.gif

O terceiro aspecto destacado pelo teórico é O


ESPAÇO DO INTERTEXTO. Nesse aspecto, merece
destaque a vinculação entre textos e a adoção da
premissa segundo a qual um texto é resultante do
diálogo com outros textos.
Nos meandros do texto literário, é
permitido também encontrar duas modalidades
de intertextualidade: intertextualidade: a
intertextualidade externa e a intertextualidade
interna.
A intertextualidade externa se manifesta
pelas relações que o leitor estabelece entre dois
ou mais textos. Nesse caso, vale a experiência
Figura 02
do leitor ao constatar o diálogo entre dois textos,
independente daquilo que é proposto pelo texto
analisado naquele momento.
Por sua vez, a intertextualidade interna proporciona o restabelecimento do
“parentesco” [termo usado por Cosson] de um texto com outro a partir da identificação,
pelo leitor, de elementos mais ou menos explícitos, pertencentes a uma dada obra, presentes
também no interior de outra. Isso e é comum com textos baseados em obras já consagradas
pelo cânone.
Para o leitor, vale observar os exemplos trazidos por Cosson (2010) a respeito da
aplicação dos conceitos acima expostos. Isso é importante, sobretudo, porque permite uma

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O Contexto e o Intertexto no Ensino de Literatura

comparação com a abordagem dada por Moema Cavalcante a respeito dos dois aspectos
centrais discutidos por aquele autor já mencionado.
Tomando por base a obra teórica Aula de literatura, publicada pela ULBRA,
Cavalcante (2009) discute primeiramente o conceito de intertextualidade literária, não
discorrendo acerca das divisões desse conceito, mas legitimando o conceito através do
acréscimo de um adjetivo - literária. Da mesma forma, essa autora aborda a caracterização
do intertexto focalizando, entre os elementos explícitos ou implícitos trazidos pelo texto,
aqueles que contemplam:
• as formas estruturais;
• os gêneros;
• as linguagens;

• a lembrança sutil ou os sentidos primeiros.

Uma das premissas apresentadas pela autora é aquela segundo a qual toda aula de
literatura, bem como toda pesquisa, no processo de ensino e aprendizagem é, por natureza,
intertextual. Um fator por vezes desajustado é a conscientização, por parte do professor, de
que é preciso explorar devidamente as condições
estabelecidas para o tratamento do texto literário em
sala de aula.
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Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-cDKkByULkyY/TeZ_

Esse mesmo pensamento relativo à atribuição da


aplicação, na prática, dos conceitos aqui discutidos,
Cavalcante (2009) aplica à contextualização literária.
Esse conceito permanece intimamente ligado à
intertextualidade, porém defende a inserção do texto
literário ao contexto do aluno, aproximando, portanto,
o mundo criado (ficcional) do mundo conhecido, o
mundo real do leitor.
Assim como externo é o mundo do aluno,
externos também são os elementos requeridos na
contextualização literária. A facilitação no processo
de aproximação desses aspectos contribui para o bom
Figura 03
trabalho com a literatura na sala de aula.
A característica marcante do discurso de
Cavalcante (2009), ao tratar da contextualização
literária e da intertextualidade literária, está no uso do termo facilitador/mediador como
uma função atribuída ao professor na utilização de um método de ensino na aula de
literatura ou nas aulas em que o texto literário se torna o centro das atenções.

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O Contexto e o Intertexto no Ensino de Literatura

ATIVIDADE

1- Considere a exposição de Rildo Cosson e Moema Cavalcante a respeito da


intertextualidade e da contextualização. Observe o ponto de vista de cada um
dos autores sobre esses conceitos e construa uma explicação a partir da análise
convergente de ambas as visões, inclusive, na referência feita por eles aos termos
centrais: Espaço do contexto x contextualização literária; Espaço do intertexto x
Intertextualidade literária.
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2- Na abordagem de Rildo Cosson acerca do Espaço do intertexto, o autor indica


dois tipos de intertextualidade e usa exemplos da literatura para exemplificá-los.
Assim, temos:
a) Exemplo de intertextualidade externa: “Estribo de prata” - título de um dos
contos publicados por Graciliano Ramos na obra Histórias de Alexandre.
b) Exemplo de intertextualidade interna: “As três noites do papagaio” – título de
um dos contos folclóricos publicados por Ricardo Azevedo na obra No meio da noite
escura tem um pé de maravilha.
- Leia os referidos textos literários, postados na página do curso, e justifique sua
resposta a partir do seguinte questionamento: Esses textos podem ser analisados à luz
da contextualização literária (ou espaço do contexto)?
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O Contexto e o Intertexto no Ensino de Literatura

LEITURAS
LEITURAS OBRIGATÓRIAS

AZEVEDO, Ricardo. As três noites do papagaio. In: ______. No meio da noite escura tem
um pé de maravilha. São Paulo: Ática, 2008. p. 99-117.

CAVALCANTE, Moema. A contextualização e intertextualidade literária. In: ULBRA (Org.).


Metodologia de ensino de literatura. Curitiba: IPBEX, 2009. p. 29-40.

COSSON, Rildo. O espaço da literatura na sala de aula. In: PAIVA, Aparecida et al. (Coord.).
Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, 2010. (Coleção Explorando o Ensino, v. 20). p. 55-68.

RAMOS, Graciliano. O estribo de prata. In: ______. Histórias de Alexandre e outros


heróis. 49. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 43-49.

LEITURAS COMPLEMENTARES

SILVA, Vera Maria Tietzmann. O livro e a formação do leitor: da obra juvenil à obra para
adultos. In: ______. Literatura infantil brasileira: um guia para professores e promotores
de leitura. 2. ed. Goiânia: Cânone Editorial, 2009. p. 38-49.

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O Contexto e o Intertexto no Ensino de Literatura

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AZEVEDO, Ricardo. No meio da noite escura tem um pé de maravilha. São Paulo: Ática,
2008.

AIVA, Aparecida et al. (Coord.). Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da


Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. (Coleção Explorando o Ensino, v. 20).

RAMOS, Graciliano. Histórias de Alexandre e outros heróis. 49. ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2006.

SILVA, Vera Maria Tietzmann. Literatura infantil brasileira: um guia para professores e
promotores de leitura. 2. ed. Goiânia: Cânone Editorial, 2009.

ULBRA (Org.). Metodologia de ensino de literatura. Curitiba: IPBEX, 2009.

LISTA DE FIGURAS

Fig.01 - http://4.bp.blogspot.com/_9LrT_He6uQg/TE8JrLS64yI/AAAAAAAAIIs/xLh_
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Fig.02 - http://www.jangadabrasil.com.br/novembro51/im51110c.htm

Fig.03 - http://3.bp.blogspot.com/-cDKkByULkyY/TeZ_foCY6bI/AAAAAAAABQw/-
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