Africanidades e Ensino Livro Didático e Formação Acadêmica
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Ensino de Geografia – Capítulo 4
INTRODUÇÃO
Acreditamos que o ensino formal, seja ele no nível Fundamental,
Médio ou Superior carrega marcas do passado colonizado. O histórico de
colonização está nos fundamentos das relações ainda hoje. Para se ter
uma ideia da forma de discurso dirigida aos africanos, Meneses (2010),
menciona um trecho do General José Justino Teixeira Botelho, do ano de
1921, que diz “[...] o intelecto do negro é muito inferior e incapaz de
compreender os horrores da servidão; além disso a raça é propensa ao
vício, à incúria e à inércia, e, abandonada de si própria, em breve cairia
na mais selvagem brutalidade.” (MENESES, 2010, p. 59).
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METODOLOGIA
Tendo em mente os objetivos listados acima, a seguinte
metodologia foi seguida:
Para o primeiro objetivo, o procedimento metodológico foi fazer
uma análise detalhada do Edital do PNLD do ano de 2017, procurando
tudo o que se exigia que os livros contivessem, em termos de ensino da
África e educação étnico-racial, de maneira geral e, da geografia, em
particular.
Para o segundo foi: 01) selecionadas as obras que haviam sido
aprovadas no Edital 2017 e, com base na leitura do conteúdo,
identificando onde, dentro da obra se achavam os conteúdos de
interesse e, 02) foram estabelecidos parâmetros (Tabela 01) de análise do
conteúdo para todas as obras, para fins de estabelecer critérios seguros
e passíveis de comparação daquilo que foi sendo considerado como
problema/inadequação na forma de exposição.
Para o terceiro objetivo foram levantadas e analisadas todas as
grades curriculares dos cursos de geografia licenciaturas das
Universidades Públicas brasileiras, na forma como explicitamos no texto
da parte correspondente ao resultado desse objetivo. Por fim, ainda do
ponto de vista de procedimentos, apresentamos um texto articulando os
resultados dos três passos acima, evidenciando a problemática como
uma totalidade que envolve o conjunto de atores envolvidos.
A justificativa para uso do livro didático como parâmetro é que eles
se constituem na fonte literária mais utilizada pela maioria das
instituições públicas de ensino, dado que são financiados pelo Programa
Nacional de Livros Didáticos (PNLD). Com relação à decisão de
delimitação no período dos anos finais do Ensino Fundamental, é porque
entre o 8º e o 9º ano, pela primeira vez, o conteúdo “Geografia da África”
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Autores
Número de páginas
Geografia da África
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Avaliação geral: Tendo por base a LDB no seu artigo 26-A, como essa obra
se enquadra?
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saídas e realidades mais recentes de locais outros que não seja o Egito e
África do Sul, indicados, em praticamente todos os materiais didáticos,
como os casos de exceção à pobreza e problemas das mais diversas
ordens.
Quantitativamente, essa coleção dedica um espaço muito menor ao
continente africano do que aqueles espaços destinados aos continentes
europeu e asiático. Dentro dessa coleção, o volume destinado ao 7º ano
é interessante para pensar as relações étnico-raciais, pois apresenta
exercícios críticos acompanhados por dados estatísticos, em formato de
série histórica. Os autores também fazem apontamentos interessantes
ao ressaltar que os africanos não podem, de fato, ser considerados
imigrantes uma vez que foi uma migração forçada.
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A tabela nos coloca em contato com uma realidade, dos 101 cursos
de licenciatura gratuitos no país hoje, 71 deles (70,3%) não possuem
disciplinas obrigatórias que tratam da temática africana durante o
processo de formação. Lembrando: a lei é de 2003.
Sobre essa realidade, cabe alguns exemplos que elucidam o
conjunto. A UNICENTRO, no Paraná, traz na ementa da disciplina de
Geografia Agrária do Campus de Guarapuava o seguinte item: “os
afrodescendentes e relação de trabalho no campo”, e no campus de Irati
na disciplina de Geografia Social e Cultural o item “a educação das
relações étnico-raciais e tratamento de questões e temáticas que dizem
respeito aos afrodescendentes” que a partir deste ano (2017) foi
substituído por “a educação das relações étnico-raciais. Dignidade
humana, reconhecimento, e valorização das diferenças e das
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na primeira parte desse trabalho trouxemos uma análise, ainda
que sucinta, sobre o PNLD, bastante pautada no que esse programa exige
para aprovação dos livros didáticos que são a principal ferramenta
literária das escolas públicas brasileiras. A análise do texto do PNLD foi
feita tendo foco as exigências sobre questões étnico-raciais. Entender
tais exigências permitiu seguir para a segunda parte: a leitura crítica dos
livros didáticos.
Essa leitura, do ponto de vista metodológico, foi feita com base nos
parâmetros estabelecidos num quadro que permitiu concluir as coleções
foram analisadas individualmente verificando da qualidade na
abordagem sobre a África, como foco principal e, como foco secundário
como questões étnico-raciais estavam presentes no conteúdo referente
a formação territorial do continente americano. O resultado apontou que
ainda não se pode dizer que o continente Africano esteja sendo abordado
de maneira satisfatória, pois embora se reconheça que existem boas
obras, com reflexões críticas, a questão de estereótipos ainda está
bastante presente.
Em seguida foi apresentado um levantamento das disciplinas, em
Instituições de Ensino Superior, que trabalham com Geografia da África
ou temas correlatos. O resultado demostrou um quadro bastante
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FURQUIM JR, Laercio. Geografia cidadã. 1. ed. São Paulo: AJS, 2015. 4
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