08 Apocalipse - Esperança de Um Povo Que Luta
08 Apocalipse - Esperança de Um Povo Que Luta
08 Apocalipse - Esperança de Um Povo Que Luta
ESQUEMA DO APOCALIPSE
INTRODUÇÃO
Primeira conversa
— Dona Maria José, a senhora lê a Bíblia?
— Sim senhor, leio todos os dias!
— Qual a parte da Bíblia que a senhora mais lê?
— Ah!, para mim, o que mais gosto é do Apocalipse. Leio todos os
dias!
— A senhora entende tudo o que lê no Apocalipse?
— Entender não entendo, não senhor. O meu entendimento é fraco.
Mas gosto muito! Me traz conforto e coragem na luta!
Maria José lê o Apocalipse não tanto para entender as coisas, mas
para sentir de perto o apoio de Deus. Assim, ela cria coragem para
lutar. De fato, só o entendimento, sem a coragem, não leva à luta. Vo-
lante bom sem motor não faz o carro andar! Mas será que basta a co-
ragem sem o entendimento?
Segunda conversa
— Senhor Romero, o senhor lê a Bíblia?
— De vez em quando! Mas não me animo muito, não!
— Por quê?
— Porque não entendo! Sobretudo o Apocalipse! Não entendo
nada. Dá até medo!
— Medo? Por quê?— Por causa daquelas visões' terríveis do fim
do mundo e da besta-fera. Sem um entendimento, aquilo só pode dar
medo na gente! Não me traz conforto, não!
A coragem que nasce da fé precisa do entendimento. Do contrário,
ela desanda e se perde no vazio. Não basta ter um bom motor. É pre-
ciso que o volante também seja bom. Do contrário, o carro pode virar
e quebrar--se todo! Nem todos são como Maria José. Muitos são como
Romero. Sem um entendimento, o Apocalipse não diz nada para eles,
causa medo e até afasta o povo. Onde procurar o entendimento?
Terceira conversa
— Senhor Raimundo, já soube da notícia?
— Que notícia?
— A do Papa de Roma! Sofreu um atentado à bala, mas não mor-
reu!
— Ah! Isto eu já sabia há muito tempo. Não me traz surpresa.
— Mas como? Aconteceu foi hoje à tarde!
— Pois este fato está bem conforme o que está escrito!
— Escrito onde, senhor Raimundo?
— Na Bíblia! No Apocalipse! Lá diz que a besta-fera recebe ferida
de morte, mas sobrevive. Não está lá? Pois então!
Para Raimundo, que não é católico, a besta-fera é o Papa de Roma.
Com este entendimento ele lê o Apocalipse. Para outros, a besta-fera
é o atual governo. Para outros, é o capitalismo. Para outros, o comu-
nismo. Cada um, conforme o seu próprio entendimento, lê o Apoca-
lipse e dele tira as suas conclusões. Quem tem razão?
O melhor mesmo é perguntar diretamente ao autor do Apocalipse:
“Senhor João, qual é o sentido certo das coisas que o senhor escre-
veu?” É claro que João não vai responder. Ele já morreu há quase dois
mil anos. Mas ele deixou várias informações espalhadas pelas páginas
do Apocalipse, que esclarecem o sentido de muita coisa. Nos sete ca-
pítulos deste livro, vamos recolher todas estas informações e apre-
sentá-las como uma chave de leitura para o livro do Apocalipse.
AVISO: Neste pequeno livro, você vai encontrar, muitas vezes, alguns
números entre parênteses, sem nenhuma outra indicação. Por exem-
plo: (14,13) ou (4,1-11,19). Isto indica sempre o livro do Apocalipse.
No caso, seria: Apocalipse, capítulo 14, versículo 13, ou: Apocalipse,
capítulo 4, versículo 1 até o capítulo 11, versículo 19. Os outros livros
da Bíblia serão indicados conforme os seus respectivos sinais. Por
exemplo: (Ex 19,4) é o livro do Êxodo, capítulo 19, versículo 4.
PRIMEIRO CAPÍTULO
disso, ele está bem por dentro da situação e dos problemas de cada
uma das sete comunidades, como mostra nas sete cartas (2,1-3,22).
Apesar da sua autoridade, João parece ter sido uma pessoa humilde
que não tinha medo nem vergonha de confessar o que não sabia
(5,4;7,13-14).
João não escreve para todos indistintamente. Escreve para os “ir-
mãos e companheiros” perseguidos (1,9). A primeira vista, ele só se
dirige aos irmãos perseguidos das “sete comunidades que estão na
Ásia” (1,4.11). Mas no Apocalipse, o número sete, muitas vezes, sig-
nifica todos. Por isso, escrevendo para aquelas sete comunidades, João
quer é esclarecer e animar todas as comunidades, inclusive as de hoje!
ação de Deus dentro da vida, não basta que João tire o véu. É necessá-
rio que o povo colabore, escutando e praticando a palavra de Deus que
João lhe transmite. Assim, reencontrará a alegria. “Feliz o que lê e os
que escutam as palavras desta profecia, se praticarem o que nela está
escrito, pois o tempo está próximo” (1,3)!
Esta é a Boa Nova que o Apocalipse quer revelar ao povo das co-
munidades: “O tempo está próximo” (1,3)! Dentro do tempo da histó-
ria, marcado pelas perseguições, existe o tempo de Deus, a hora de
Deus, o plano de Deus. Este plano entrou na sua fase final. Esgotou-
se o prazo. Deus esta para chegar! Ele vai mudar a situação e libertar
o seu povo! O Apocalipse vai tirando o véu, para que o povo descubra,
dentro dos acontecimentos da perseguição, a Boa Nova da chegada de
Deus que vem para libertar!
SEGUNDO CAPÍTULO
que estava aí, dentro dos acontecimentos, e que o povo não estava en-
xergando. A Boa Nova é esta:
Deus é o Senhor da história! Ele entregou todo o seu poder a Jesus.
Agora, Jesus conduz o seu povo para a vitória final! Ninguém, por
mais forte que seja, consegue mudar o rumo do plano de Deus! Os
opressores do povo vão ser derrotados e condenados, todos! A ressur-
reição de Jesus é a prova que garante tudo isto!
Por meio deste anúncio forte e vigoroso, o Apocalipse desloca o
peso da balança da vida. Enfraquece a carga da perseguição que pe-
sava de um lado. Fortalece o peso da fé do outro lado. E o povo se
equilibra de novo na vida. Agora, já não é a perseguição que enfra-
quece a fé, mas é a fé renovada e esclarecida que enfraquece o poder
dos poderosos. A face de Deus reaparece na vida. O povo agradece,
explode em cânticos de alegria e se dispõe a resistir. Entoa, desde já,
o “canto novo” da vitória, como Miriam, irmã de Moisés, depois da
travessia do Mar Vermelho (Ex 15,20-21).
TERCEIRO CAPÍTULO
Segunda resposta:
Terceira resposta:
para comunicar ao povo algo da paz de Deus!
Quarta resposta:
para defender-se contra os opressores do povo!
Quinta resposta:
para fazer-se entender pelo povo das comunidades!
o Messias, o Libertador.
2. Dragão ou Serpente (12,3.9): é o poder do mal que opera no
mundo, o satanás.
3. Sete cabeças (12,3): são as sete colinas da cidade de Roma
(17,9), ou sete reis (17,9-10).
4. Dez chifres (12,3); chifre é sinal de poder ou de rei (17,12);
dez indica totalidade.
5. 1260 dias (12,6), 42 meses (11,2), tempo, tempos, meio
tempo (12,14): é a metade de 7 anos. Indica um tempo limi-
tado e imperfeito. Deus limita o tempo do perseguidor.
6. Asas de águia (12,14): é a proteção com que Deus conduz o
seu povo (Dt 32,11; Ex 19,4).
7. Besta-fera (13,1): é o império romano, o poder que encarna
o mal; capanga do dragão.
8. Besta-fera com aparência de cordeiro e voz de dragão
(13,11): são os falsos profetas que se colocam a serviço do
império romano para legitimá-lo diante do povo.
9. Pantera, urso, leão (13,2): símbolos de voracidade e de ex-
ploração.
10. Cordeiro (14,1): é Jesus, cordeiro pascal, cujo sangue opera
a libertação do povo.
11. 144.000 virgens (14,1-4): é o número completo: 12 x 12 x
1000; 12 do AT e 12 do NT. São virgens, isto é, nunca anda-
ram atrás dos falsos deuses do império romano.
12. Babilônia (T4,8;18,2): é Roma que explora os povos para se
enriquecer (18,3.9-13).
13. Filho do Homem (14,14): imagem de Jesus Messias, tirada
do profeta Daniel (Dn 7,13).
14. Harmaguedon (16,16): símbolo da derrota dos exércitos ini-
migos, tirado de Zc 12,11.
15. Cor branca (19,14): símbolo de vitória.
16. Mil anos (20,2-7): é o tempo completo entre o fim da perse-
guição e o fim do mundo.
17. Lago de fogo (20,14): símbolo do destino de tudo que se opõe
ao plano de Deus.
18. Segunda morte (20,14): é a morte da própria morte. No fim,
só vai sobrar a vida!
QUARTO CAPÍTULO
tipo.
3. Usar a inteligência
João escreve para o povo das comunidades, que não era um povo
muito instruído. Ele acredita na inteligência do povo. Por duas vezes,
pede que o pessoal use a sua inteligência para descobrir o sentido das
coisas que ele escreve (13,18; 17,9). A inteligência e a sabedoria do
povo que se reúne em comunidade mantêm a imaginação dentro da
linha certa.
QUINTO CAPÍTULO
(2,7.11.17.29;3,6.13.22).
7. Todas elas terminam com uma promessa ao vencedor
(2,7.11.17.26-28; 3,5.12.21).
2. Sete sugestões para a leitura e o estudo das sete cartas
1. Conhecer a situação das comunidades
O que cada comunidade tem de positivo e de negativo? Qual o
ponto em que cada uma deve esforçar-se mais? Quais os perigos que
a ameaçam? Comparar com hoje.
2. Enfrentar a situação
Como João pede que elas enfrentem a situação? Quais os recursos
de que cada comunidade dispõe para vencer os seus problemas? Como
hoje enfrentamos os problemas?
3. Alimentar-se do Antigo Testamento
Quais os trechos e acontecimentos do Antigo Testamento que são
citados ou lembrados em cada carta? Quais as forças do passado que
João quer acordar assim no povo? Como fazemos hoje para recuperar
a memória e fazer acordar no povo a força do seu passado?
4. Aprofundar a fé em Jesus
Quais os títulos que Jesus recebe em cada carta? Qual o sentido e
a força de cada título para a vida do povo? Comparar com os títulos
que Jesus recebe hoje.
5. Saborear as imagens e comparações? Quais as comparações ou
imagens usadas em
cada carta? De onde foram tiradas: do Antigo Testamento, da vida,
da natureza ou da cultura do povo? Qual o sentido e a força de cada
imagem para a vida? Só na “promessa ao vencedor”, as sete cartas
usam as seguintes imagens: árvore da vida (2,7), paraíso de Deus (2,7),
segunda morte (2,11), maná escondido (2,17), pedra branca (2,17),
nome novo (2,17;3,12), cetro de ferro (2,27), vaso de barro (2,27), es-
trela da manhã (2,28), veste branca (3,5), livro da vida (3,5), coluna
no templo de Deus (3,12), nova Jerusalém (3, 12), sentar com Jesus no
trono do Pai (3,21). Esta amostra dá uma idéia da riqueza contida nas
sete cartas.
6. Animar-se com a promessa ao vencedor!
Qual a promessa que cada carta oferece ao vencedor? Como esta
promessa ajuda a continuar na luta e a agüentar a perseguição? Qual a
promessa que hoje anima o povo na caminhada?
SEXTO CAPÍTULO
Apocalipse 4-11
Mas entrem para encontrar-se com Deus, para adorá-lo e receber dele
o entendimento e a coragem que estão procurando. Vamos entrar...
comanda a última fase do seu plano que vai iniciar agora (4,1).
A visão do trono é como uma música tocada com muitos
instrumentos. Começa baixinho, vai crescendo e explode na
aclamação: “Santo! Santo! Santo! Senhor! Deus Todo-poderoso!”
(4,8). O nome de Deus é proclamado. “ERA, É, VEM!” (4,8). É o
nome que vem do Êxodo: Javé, Deus conosco, Deus libertador! (Ex
3,14-15). Ao iniciar a última fase do seu plano de salvação, Deus
mantém o mesmo nome com que iniciou a primeira fase! E Ele vai
manter o nome até o fim! (11,17). Deus não mudou! E não mudará!
No nome Javé está expresso o compromisso que Deus assumiu de
estar sempre com o seu povo para libertá-lo. E Deus é fiel ao
compromisso. Ele deu a prova! O Êxodo foi a primeira prova: “Vocês
vão saber que Eu sou Iahweh!” (Ex 6,7). Os fatos que vão ser relatados
agora serão a última prova, prova definitiva, de que ele é Javé, Deus
libertador.
O nome Javé é o armário da fé, da esperança e do amor do povo
(Ex 34,6-7). O vento das perseguições fechou o armário e o povo ficou
desprotegido. João começou a abri-lo de novo para poder oferecer ao
povo a luz e a força de que estavam precisando.
situação!
Na abertura do sexto selo (6,12), eles passam a contemplar o futuro
que virá depois da perseguição. Este futuro vai dar sentido à persegui-
ção, pois vem revelar a missão do povo perseguido!
A primeira coisa que aparece no sexto selo é uma tremenda calami-
dade (6,12-14). “Os reis da terra, os magnatas, os capitães, os ricos e
os poderosos, todos eles, sejam escravos ou homens livres” (6,15), fo-
2. A lição do recenseamento
Olhando neste espelho do seu passado, o povo perseguido das
comunidades descobre o seu futuro. O sexto selo vai destruir o poder
dos grandes com a “ira de Deus” (6,17) e vai proteger a vida dos
pequenos com a “marca de Deus” (7,3). Por isso, os pequenos não
devem ter medo da calamidade que se abate sobre os grandes (6,12-
15), nem do poder que persegue as comunidades. Em vez de gastar
energia em combater diretamente esse poder, devem aplicar o seu
esforço em preparar o futuro, imitando o povo do antigo êxodo. Isto é,
devem começar a organizar-se, desde já, de maneira igualitária e
fraterna, de acordo com a Lei de Deus! Pois, quando no sexto selo o
poder dos grandes cair de podre, destruído pelas pragas da história
(6,15-17), então os pequenos devem estar prontos para apresentar-se
ao mundo, unidos entre si, numa nova organização, contrária à
organização opressora do império romano!
12 até 22. — A sétima praga é a praga da “ira de Deus” (II, 18) contra
as nações que se rebelaram. É a praga do “julgamento” (11,18), em
que chegou a hora de “recompensar os servos de Deus” (11,18) e de
“exterminar os que exterminam a terra” (11,18). O segundo roteiro,
por assim dizer, é o eco prolongado do trovão que se ouve no fim da
sétima praga (11,19). E o roteiro do julgamento e da condenação dos
que perseguem o povo de Deus. Com muita coragem, João se coloca
diante do imperador de Roma e, em nome do povo perseguido, o
desafia e diz: “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia!”
Para unir os dois roteiros num único livro, João fez duas pequenas
modificações nas paredes do primeiro roteiro. Acrescentou a visão do
livrinho (10,8-11), onde ele recebe a ordem: “É necessário que você
continue ainda a profetizar contra muitos povos, nações, línguas e
reis!” (10,11). Assim ele avisa: “O livro não vai acabar depois da
sétima praga! Vai ter muitas outras profecias! Terminou o livro dos
sete selos, o primeiro roteiro. Agora vamos ler o segundo roteiro,
descrito no livrinho doce e amargo!” Além disso, acrescentou a visão
das duas testemunhas (11, 1-3). Trata-se de Moisés e Elias. Conforme
a esperança do povo, Moisés e Elias deviam voltar para preparar a
chegada do julgamento final (Eclo 48,10; Ml 3,23). Assim, por meio
desta visão, João orienta a atenção dos leitores para o tema do
julgamento.
No fim de tudo, depois do julgamento final, João retoma o assunto
do povo das comunidades e conta qual foi o resultado da sua luta.
Descreve como vai ser o futuro novo que as comunidades estavam
preparando através da sua organização fraterna. É a grande visão do
novo céu e da nova terra (21,1-22,21).
Tudo isto traz uma lição muito importante. João queria ser fiel, não
só a Deus, mas também ao povo sofrido das comunidades. Queria que
o seu escrito fosse uma resposta real.e concreta aos problemas que o
povo estava sofrendo. Por isso, ele procurava o jeito mais certo de se
expressar, modificava o roteiro e elaborava outro. O importante para
ele era sempre o seguinte: tirar o véu e revelar a Boa Nova de Deus
dentro dos acontecimentos da caminhada!
SÉTIMO CAPÍTULO
terra. No segundo, ele começa olhando o céu (12,1), mas logo desce e
fica na terra, junto do povo que luta e sofre (12,12). E, no fim, o
próprio céu desce sobre a terra (21,2), e será para sempre “a morada
de Deus com os homens” (21,3).
O primeiro roteiro descrevia o novo êxodo: Deus libertando o seu
povo. O segundo descreve o julgamento de Deus: Deus condenando
os opressores do povo. É um julgamento diferente, presente dentro da
história, escondido nos acontecimentos. João vai tirar o véu, para que
o povo possa enxergar. O julgamento tem três etapas:
1. O passado (12,1-17): do ano 33 até o ano 9.5.
2. O presente (13,1-14,5): a época da perseguição de Domiciano
do ano 95.
3. O futuro (14,6-22,21): as coisas que vão acontecer depois do ano
95 até o fim.
Nós também vamos assistir ao julgamento, levando conosco, na
nossa lembrança, a história do nosso povo e a situação do nosso país
e das nossas comunidades. Assim, a luz do julgamento de Deus poderá
clarear, também para nós, os acontecimentos da nossa caminhada.
Quem não apoia o regime, morre! (13,15). Quem não tiver a marca ou
o número da besta-fera, não pode comprar nem vender coisa alguma
(13,16-17). Desta maneira, os falsos profetas, tanto os de ontem como
os de hoje, enganam o povo e sustentam o regime do império!
No fim, João dá a chave para a gente entender o crime maior do
Apocalipse: esperança de um povo que luta – Carlos Mesters
52
lher que você viu é a grande cidade que está reinando sobre os reis da
terra!” (17,18).
Em seguida, de 18,1 até 19,10, seguem quatro cânticos. O primeiro
anuncia a queda de Babilônia (18,2-3). O segundo pede vingança con-
tra o mal que a Babilônia fez (18,4-8). O terceiro é um lamento dra-
matizado sobre a queda de Babilônia (18,9-24). O quarto é uma cele-
bração participada da vitória do julgamento de Deus sobre a grande
prostituta (19,1-8). Nos três primeiros cânticos, João mostra como a
causa de toda a maldade de Babilônia foram o seu desejo de luxo e a
sua ganância organizada (18,3.7.9-20.23). Por isso, ela se tornou “a
tribos!
A organização fraterna e igualitária do povo começou lá no deserto,
depois da saída do Egito. Foi retomada pelo povo das comunidades
em oposição ao império. E aqui, no futuro que Deus oferece, ela apa-
rece plenamente, depois que o império foi derrubado pelas pragas da
história e pelo julgamento de Deus. O número doze aparece em todo
canto. É a marca registrada da nova criação: 12 portas (21,12), 12 an-
jos (21,12), 12 tribos' (21,12), 12 alicerces (21,14), 12 apóstolos
(21,14), 12 mil estádios (21,16), 12 vezes 12 côvados (12,17), 12 tipos
de pedras preciosas (21,19-20), 12 pérolas (21,21) e 12 colheitas ao
ano da árvore da vida (22,2). É a organização perfeita do povo simbo-
lizada na perfeição da Cidade Santa. No meio desse povo fiel já não
há infidelidade, nem preguiça, nem corrupção, nem assassinato, nem
impureza, nem magia, nem culto aos falsos deuses, nem mentira
(21,8). Tudo isso foi derrotado! A fidelidade venceu pela observância
dos mandamentos de Deus (12, 17).
5. O futuro que Deus oferece é uma nova Cidade Santa, Jerusalém!
Ela desce do céu, de junto de Deus (21,2;21,10), enfeitada com pe-
dras preciosas de todos os tipos (21, 19-20). Nela tudo é perfeito: o
comprimento, a largura, a altura (21,15-16), as muralhas, as portas, o
material usado (21,15.17-18), os alicerces (21,14.19). A sua praça
principal é de ouro puro, como vidro transparente (21,21). Cada tribo
contribui com a sua riqueza, sem se perder no conjunto. As suas portas
estão sempre abertas (21,25). As riquezas das nações são trazidas para
dentro (21,25). Não há perigo de roubo, pois nela não existe mais nada
de impuro ou de mentiroso (21,27). Tudo está a serviço da vida. A
Cidade Santa é a luz das nações (21,24).
6. O futuro que Deus oferece é um povo renovado, bonito como
uma noiva!
A cidade do império era uma prostituta! A cidade de Deus é uma
noiva! Bonita, toda enfeitada para o seu marido (21,2). O seu esposo
é o Cordeiro (21, 9). Ela é a Filha de Sião, imagem do povo de Deus.
É a mulher que lutou contra a morte e contra o dragão! Aqui, no futuro
de Deus, a luta cessou. A serpente já não incomoda mais. Está no lago
de fogo para sempre! A noiva, o povo, se prepara para a união defini-
tiva com Deus, para o casamento com o Cordeiro (19,7.9;21,9). É a
festa final da caminhada!
Revelação do futuro
Adelino A. Cordeiro (lavrador)
Vamos ver o futuro no Apocalipse de São João. Diz: que os justos
irão fazer parte de uma Nova Criação, Onde não haverá mais pranto,
morte, nem maldição. Será um paraíso terrestre, com uma perfeita
organização.
Haverá uma Nova Aliança, com Jerusalém Bonita igual a uma
noiva, que recebe os parabéns. É o Deus que é, que era e que hoje
ainda vem! O Dragão e a Besta-fera, nenhum poder mais têm.
Não haverá mais tristeza, dor, nem sofrimento. Todas as coisas
passadas ficarão no esquecimento. Não terá mais o invejoso. Acabará
o ciumento. Pros malvados, o futuro será de muito tormento.
A Cidade é muito linda, segundo o escritor; Todos serão irmãos, e
Deus o Pai protetor. Teremos vida abundante sobre a Paz do Senhor.
Vale a pena lutar muito pra sermos merecedor.
5ª edição
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