Protozoários Parasitos Do Homem
Protozoários Parasitos Do Homem
Protozoários Parasitos Do Homem
DESCRIÇÃO
Principais protozoários parasitas do homem: epidemiologia, formas de transmissão,
sintomatologia e controle da doença.
PROPÓSITO
Conhecer os principais protozoários de importância médica inseridos na parasitologia, bem
como a transmissão de doenças, a epidemiologia e a forma de controle para que o profissional
da área da saúde tenha uma visão mais ampla sobre as principais parasitoses, auxiliando no
diagnóstico e tratamento de tais doenças.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Parasitas (principalmente parasitas intestinais) são antigos na evolução. Embora os parasitas
tenham evoluído com o hospedeiro humano, existe um número relativamente pequeno ao qual
somos expostos. As doenças parasitárias protozoárias são endêmicas em muitas áreas do
mundo, especialmente nos países em desenvolvimento devido às precárias condições de
saneamento básico. Vamos aprender ao longo deste tema alguns protozoários que parasitam o
homem, sua epidemiologia, sintomatologia e forma de controle e prevenção. Vamos juntos?
MÓDULO 1
Antes de começarmos a falar especificamente de cada parasito, vamos relembrar uma parte da
classificação taxonômica.
Essa sigla se refere à hierarquia de classificação biológica dos seres vivos, onde:
Re = Reino
Fi = Filo
C = Classe
O = Ordem
Fa = Família
G = Gênero
E = Espécie
Imagem: Shuttertock.com.
Hierarquia de classificação biológica.
Existem sete filos dentro do reino Protozoa, mas os filos com maior importância médica, que
iremos estudar ao longo deste tema, são: Apicomplexa, Sarcomastigophora e Cilliophora,
conforme demostrado a seguir.
Esses filos são responsáveis por uma série de doenças de importância médica, são elas:
APICOMPLEXA
CILIOPHORA
SARCOMASTIGOPHORA
APICOMPLEXA
CILIOPHORA
SARCOMASTIGOPHORA
Filo grande e diverso, no qual encontramos muitos parasitos de importância médica. Apresenta
dois grandes subfilos: Sarcodina e Mastigophora.
Mas você sabe quem é o principal representante dos protozoários de importância médica do
subfilo Sarcodina? Isso mesmo, o agente causador da amebíase.
Vamos então iniciar nosso estudo pelo filo Sarcomastigophora subfilo Sarcodina, e, no módulo
seguinte, conheceremos o subfilo Mastigophora. Além disso, visitaremos o filo Apicomplexo e
Ciliophora.
De modo geral, a reprodução se dá por divisão ou fissão binária, mas quando ocorre
reprodução sexuada ela se dá por meio da produção de gametas flagelados ou ameboides.
ENTAMOEBA HISTOLYSTICA
Esse subfilo apresenta uma grande diversidade no quesito forma de vida. Eles podem ser de
vida livre, ou seja, vivem na natureza geralmente em ambientes aquáticos e úmidos. Alguns
protozoários de vida livre podem se tornar parasitos ocasionais, como a Naegleria fowleri ,
uma ameba encontrada em algumas coleções de águas naturais e que pode infectar banhistas
penetrando a mucosa nasal, podendo chegar até o sistema nervoso central.
Além disso, podem ser parasitos obrigatórios, como a Entamoeba histolytica presente na
família Endamoebidae, na ordem Amoebida e ao gênero Endamoeba .
O ciclo de vida desse parasita é monóxeno (inclui parasitas que realizam seu ciclo de vida em
um único hospedeiro) e apresenta quatro estágios evolutivos:
TROFOZOÍTOS
Forma móvel que apresenta um único núcleo, com cariossoma central, membrana nuclear
delgada e cromatina uniforme. Fazem rápida emissão de pseudópodes responsáveis pela sua
locomoção. A multiplicação do parasito ocorre por meio de divisão binária.
PRÉ-CISTO
Forma de transição entre trofozoíto e cistos. Há redução da motilidade e emissão de
pseudópodes, sua forma se torna esférica ou ovoide e se inicia a formação da parede cística.
CISTOS
Forma de resistência ao ambiente externo. São esféricos ou ovoides, com cerca de 12 μm de
diâmetro. A parede do cisto é delgada com duplo contorno. Cistos jovens apresentam somente
um núcleo e, com o tempo, amadurecem e passam a apresentar até 4 núcleos.
METACISTO
Forma intermediária multinucleada que, por ter sofrido várias divisões nucleares e
citoplasmáticas, dá origem a oito trofozoítos.
Imagem: Shuttertock.com.
Ciclo biológico da Entamoeba histolytica .
Agora, vamos entender como esse parasita se comporta no organismo humano, a partir da
figura a seguir:
A
B
C
D
E-F
G
Após a ingestão dos cistos presentes na água e/ou em alimentos contaminados, eles chegam
ao estômago e mesmo com a ação do suco gástrico não ocorre o desencistamento.
Essa forma sofre várias divisões nucleares e citoplasmáticas que originam oito trofozoítos. Os
trofozoítos liberados migrarão para o intestino grosso onde se aderem à parede da mucosa e
se alimentam por pinocitose e fagocitose de bactérias e restos celulares.
Os cistos, por sua vez, são liberados nas fezes fechando assim o ciclo biológico. Devido às
características morfológicas e metabólicas dos cistos, eles conseguem sobrevivência por várias
semanas no ambiente externo. Naturalmente, você deve ter concluído que a infecção por E.
histolytica no homem é sempre patogênica. Na verdade, nem sempre a infecção causa
sintomas exacerbados. A forma mais usual é a ocorrência dos trofozoítos na luz intestinal,
chamada de amebíase não invasiva, em que a pessoa elimina os cistos nas fezes e é
assintomática.
E-F
Os trofozoítos, por meio da corrente sanguínea, conseguem atingir outros órgãos como fígado,
cérebro e pulmões.
A invasão da mucosa intestinal leva a uma inflamação local. A doença também é conhecida
como colite amebiana aguda ou como disenteria amebiana. Os sintomas mais comuns são: dor
abdominal, febre, diarreia com possível aparecimento de muco, pus ou sangue nas fezes,
distensão abdominal e leucocitose.
Como você pode perceber, existem outras doenças intestinais, como infecções causadas por
bactérias, que podem levar a sintomas muito parecidos com a da amebíase.
ATENÇÃO
Podem também ocorrer formas mais graves, em que o paciente apresenta anemia severa e
necrose extensa da mucosa intestinal. No caso de o trofozoíto chegar a órgãos como o fígado,
pode ocorrer até mesmo a formação de abcessos, desenvolvendo um quadro que pode ser
fatal.
(SOUZA et al ., 2019)
No Brasil, não existem muitos dados em relação à epidemiologia desse protozoário, mas é
observada uma diferença entre cada região no país, com predomínio na região norte e
nordeste. Souza e colaboradores (2019) observaram que entre os anos de 2012-2016
ocorreram 14.268 internações por amebíase, com maior prevalência nas cidades do Pará e
Roraima (Norte), seguida do Maranhão (Nordeste).
Como abordado anteriormente, nem todo protozoário causa doença. Alguns vivem com a
relação de comensalismo com o homem, não sendo assim patogênico, como é no caso da E.
díspar, E. Hartmanni, Iodamoeba butschlii e Endolimax nana . Portanto, ao serem
confundidos devido à semelhança morfológica nos exames empregados, pode ocorrer um
diagnóstico falso indicando uma infecção por E. histolytica quando na verdade é uma relação
de comensalismo com E. díspar. O aumento da notificação de alguma doença pode alarmar
sobre uma possível epidemia em dado local enquanto na verdade não se trata disso.
Foto: Shuttertock.com.
FILO APICOMPLEXA: OS ESPOROZOÁRIOS
OU APICOMPLEXA
O filo Apicomplexa é composto por diversos parasitas que se replicam exclusivamente em
hospedeiros animais. Nesse filo, temos os agentes etiológicos de várias doenças humanas
importantes, como a malária, causada por Plasmodium spp., e a toxoplasmose causada por
Toxoplasma gondii.
O ciclo biológico dos protozoários pertencentes a esse filo apresenta tanto uma fase de
reprodução sexuada quanto uma fase de reprodução assexuada.
Você deve estar se perguntando qual a ligação entre a forma evolutiva e a fase do ciclo
biológico. Em cada fase do ciclo, encontramos diferentes formas dos parasitos desse filo.
Essas formas podem variar de acordo com o gênero em questão, mas algumas delas se
mantêm independentemente do gênero, e outras são exclusivas do gênero.
MICROGAMETÓCITOS
MACROGAMETÓCITOS
ASSEXUADA
TROFOZOÍTO
ESQUIZONTES
Forma multinucleada do esporozoíto que multiplica seu núcleo de forma assexuada, processo
chamado de esquizonia.
MEROZOÍTAS
ESPOROZOÍTOS
Apresenta forma alongada com complexo apical. É a fase móvel do parasito. Essa fase é
formada no interior do esporocisto.
TAQUIZÓITOS
BRADIZOÍTOS
São encontrados dentro de cistos que vão se alojar nos tecidos do hospedeiro na fase crônica
da doença, como a toxoplasmose.
CISTO
SEXUADA
GAMETÓCITOS (CÉLULAS CAPAZES DE
FORMAR GAMETAS)
Microgametócitos e macrogametócitos
OOCINETO
OOCISTOS
O gênero Toxoplasma foi criado em 1909 ao observarem um novo protozoário que não havia
sido descrito em gundi, roedores africanos. Nicolle e Manceaux propuseram o termo
toxoplasma (toxon = arco e plasma = corpo em grego) devido à sua morfologia
característica.
Foto: Shuttertock.com.
Roedores africanos gundi.
HETERÓXENO
É aquele parasito que precisa de mais de um hospedeiro para completar seu ciclo de
vida.
A toxoplasmose é uma zoonose que tem como agente etiológico o protozoário Toxoplasma
gondii , um parasito intracelular obrigatório, que infecta principalmente células mononucleares
do sistema fagocítico. Essa espécie apresenta um ciclo heteróxeno o qual é composto de
hospedeiro definitivo (apenas felinos, como os gatos) e intermediários, espécies de mamíferos
(carneiro, cabra, porco, homem, camundongo etc.) e aves. Nos hospedeiros intermediários,
ocorre a esquizogonia; nos hospedeiros definitivos, pode ocorrer tanto a reprodução assexuada
como a sexuada (gametogonia).
Imagem: Shuttertock.com.
Hospedeiros do T.gondii .
Existem três formas do T. gondii que podem iniciar a infecção nos vertebrados: os oocistos,
taquizoítos e bradizoítos. A transmissão pode ocorrer após a ingestão dos oocistos
esporulados expelidos nas fezes de gatos suscetíveis, do bradizoíto presentes em cistos, em
carne crua ou malcozida, especialmente de porco e carneiro, e a partir do taquizoíto presente
nos fluídos corporais, como o leite. Além disso, pode ocorrer a transmissão pela via vertical, por
transmissão transplacentária dos taquizoítas da mãe para o feto em desenvolvimento.
VOCÊ SABIA
O homem pode se infectar por causa do contato direto com as fezes dos gatos, limpando as
caixinhas de areia, por exemplo. Gatos domésticos podem excretar milhões de oocistos
imaturos após ingerirem apenas um bradizoíta ou um cisto tecidual. Mas fique calmo, menos
1% da população de gatos pode ser encontrada liberando oocistos.
O ciclo pode ser dividido didaticamente em duas partes, conforme ilustra a figura a seguir:
Imagem: LadyofHats / Wikimedia Commons / Livre de Direitos Autorais.
Ciclo biológico do T. gondii.
Agora você pode estar preocupado se seu gato tem T. gondii ou não e se vai o infectar. Fique
tranquilo! Os oocistos são liberados por apenas um curto intervalo de tempo (de uma a duas
semanas) na vida do felino e, geralmente, essa liberação ocorre em gatos jovens. Raramente,
gatos domésticos que comem ração e que não têm acesso à rua estão infectados com T.
gondii e seriam capazes de transmitir o parasito.
Foto: Shutterstock.com.
Oocisto de Toxoplasma gondii .
A toxoplasmose causa uma infecção aguda em criança e adultos, mas na maior parte das
vezes é assintomática. Quando sintomática, os indivíduos infectados podem apresentar um
quadro febril, acompanhado de cansaço, mal-estar, dor de cabeça, garganta, mialgia e
adenopatia (-1% dos casos). Algumas pessoas apresentam o quadro grave, principalmente
pacientes imunocomprometidos, caracterizados por retinocoroidite (Inflamação da retina e da
coroide.) , encefalite (Inflamação e infecção do cérebro desencadeada por algum patógeno.) ,
miocardite (Inflamação do músculo do coração, chamado de miocárdio.) e
hepatite (Inflamação do fígado.) .
O quadro assintomático e o sintomático podem evoluir para a forma crônica da doença, na qual
o parasita pode permanecer inativo em diversos tecidos do corpo hospedeiro por toda a vida,
sem que ocorra nenhuma reativação.
SAIBA MAIS
Uma das formas mais eficientes de prevenção é alimentar os gatos com ração ou outros
produtos comerciais de qualidade. A carne oferecida ao animal deve sempre estar bem cozida.
Foto: Shutterstock.com.
As fezes dos animais devem ser coletadas diariamente e seu ambiente higienizado. É
importante sempre ter cuidado ao manusear as fezes (usar luvas, pás e lavar as mãos após a
manipulação) e dar-lhes o destino adequado.
Foto: Shutterstock.com.
Outra forma de prevenção é evitar carne malcozida ou crua. É muito importante não se
esquecer de lavar as mãos com água e sabão depois de manusear carnes cruas. As gestantes
devem evitar o contato com as fezes dos animais e evitar ingerir carne malcozida ou crua.
DOENÇA NEGLIGENCIADA
São doenças endêmicas em regiões de baixa renda que são causadas por agentes
infecciosos e não apresentam investimento no atendimento das pessoas e em pesquisa
para produção de medicamentos, controle da doença e sua prevenção.
Depois de muitos anos, a malária ainda é umas das doenças parasitárias mais importantes,
apesar do estabelecimento de medidas de controle e do surgimento de medicamentos para o
tratamento, que reduziram sua extensão geográfica ou sua incidência em muitas áreas.
Foto: Shutterstock.com.
Dentro do gênero Plasmodium , são encontradas mais de 100 espécies e, dessas, pelo menos
5 são de importância médica, são elas: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax,
Plasmodium malariae, Plasmodium ovale e Plasmodium knowllesi .
A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles sp. No
Brasil, o principal vetor é Anopheles darlingi e a doença é endêmica principalmente na região
Amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e
Tocantins). No entanto, não pode ser afastada a possibilidade de ocorrência em outras áreas
do país.
COMENTÁRIO
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Há o rompimento dos hepatócitos e libração dos merozoítos que atingem a corrente sanguínea
e interagem com proteínas presentes na superfície dos eritrócitos e consegue assim invadir
ativamente as hemácias.
Dentro das hemácias, ocorre o ciclo assexuado, em que os merozoítos geram novos trofozoítos
que por sua vez dão origem a esquizontes e, posteriormente, a novos merozoítos, que são
liberados após a ruptura das hemácias. Alguns trofozoítos darão origem aos gametócitos.
Quando um homem infectado é novamente picado pela fêmea do gênero Anopheles , esses
gametócitos presentes na circulação sanguínea são ingeridos e chegam ao intestino do inseto.
Os ciclos em que ocorrem a replicação nas hemácias e que levam à sua ruptura, de acordo
com a espécie do Plasmodium , são relacionados com o ritmo de crises febris que a pessoa
apresenta.
Por exemplo, o P. falciparum produz a febre terçã maligna com quadros clínicos em que os
episódios de febre se repetem com intervalo de 36 a 48 horas. O P. malarie , responsável pela
febre quartã, manifesta os ciclos a cada 72 horas. O P. vivax , que provoca a terçã benigna,
apresenta ataques febris de 48 horas. Plasmodium ovale , com distribuição limitada ao
continente africano e responsável por outra forma de febre terçã benigna, tem ciclo de 48
horas.
Foto: Shutterstock.com.
Esquizonte de Plasmodium vivax no sangue.
Imagem: Shutterstock.com.
Representação 3D do P. falciparum .
Outros sintomas comuns na infecção por Plasmodium spp. são cefaleia, calafrios, mialgia,
vômitos e náuseas. Após a fase sintomática inicial, podem aparecer outros sintomas mais
graves como anemia severa, disfunção hepática, esplenomegalia, edema pulmonar agudo,
hipoglicemia, disfunção cardíaca e insuficiência renal aguda chegando até a casos de malária
cerebral.
No Brasil, cerca de 90% dos casos ocorrem na região amazônica. No entanto, devido ao
crescimento do número de casos diagnosticados em outros estados, foi criado o Programa
Nacional de Prevenção e Controle da Malária (PNCM) para facilitar o sistema de vigilância
sobre a área extra-amazônica, como Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,
Mato Grosso do Sul, Ceará, Piauí e Espírito Santo, Pernambuco, entre outros. É importante
ressaltar que a malária é uma doença de notificação compulsória, sendo na área não endêmica
de investigação obrigatória (BRASIL, 2020a).
A partir do gráfico, vemos que o P. vivax é a espécie predominante no Brasil, mas existem
casos causados pela espécie P. falciparum.
Além disso, notamos uma queda do número de casos a partir de 2009, que pode ser atribuído
aos seguintes motivos:
1)
Muitas regiões estão notificando devidamente o número de casos. Em 2018, foram notificados
187.736, em 2019 foram notificados 153.270 casos, e em 2020 (de janeiro a junho) tivemos
59.651 casos notificados.
Apesar dessa queda gradual, é necessário que o número de casos seja reduzido ainda mais
não só no Brasil, mas também nos outros países que sofrem com a negligência dessa doença.
A malária é uma doença séria, que pode ser fatal e de difícil tratamento!
A malária é endêmica em regiões que sofrem com a falta de informação em relação ao parasito
e à doença e com problemas de infraestrutura e socioeconômicos. Além disso, o complexo
ciclo biológico do parasita implica no diagnóstico rápido e preciso, que demora o início do
tratamento específico, e os parasitas apresentam resistência às drogas disponíveis para o
tratamento.
O próximo filo que será abordado é composto de protozoários que apresentam cílios em suas
formas evolutivas.
Os cistos apresentam duas paredes (interior e exterior) que conferem resistência ao ambiente,
micro e macronúcleo e vacúolo pulsátil.
Imagem: Shutterstock.com.
Balantidium coli: Cisto x trofozoíto.
A balantidíase é uma doença zoonótica causada por Balantidium coli , que causa infecção no
intestino grosso dos hospedeiros habituais, os porcos. No entanto, os humanos podem ser
contaminados, pela via fecal-oral, a partir da água ou alimentos contaminados com cistos
provenientes das fezes de humanos ou dos animais contaminados. Após a ingestão dos cistos,
ocorre o processo de desencistamento ao passar pelo estômago e chegar ao intestino,
tornando-se trofozoíto. No intestino grosso, os trofozoítos se reproduzem por fissão binária,
gerando mais trofozoítos; e podem ainda realizar reprodução sexuada por conjugação
originando os cistos. Os cistos são liberados nas fezes e assim o ciclo se mantém.
Imagem: Alexander J. da Silva, PhD; Melanie Moser / CDC / Domínio público
Ciclo biológico do Balantidium coli.
Grande parte das pessoas quando infectadas são assintomáticas. Entretanto, quando
sintomáticas, apresentam diarreia persistente, disenteria, dor abdominal, náuseas e vômito.
Casos mais graves geralmente estão ligados a pessoas com algum comprometimento
imunológico.
Imagem: Shutterstock.com.
Balantidium coli infeta o intestino grosso do homem.
B.coli tem uma distribuição mundial (cosmopolita), com maior número de casos nos trópicos,
porém não há muita informação sobre sua epidemiologia.
SAIBA MAIS
Em regiões de criação de porcos, mesmo sendo detectada a infecção de B. coli nos animais,
é raro observar a infecção em seus tratadores. Acredita-se que isso se deve aos cuidados de
higiene. A taxa de parasitismo foi sempre muito baixa, menos de 1%.
Mesmo a balantidíase não sendo uma doença muito comum, é importante saber as medidas de
prevenção. Por ser transmitida pela via fecal-oral, devemos manter as boas práticas de higiene,
lavando sempre as mãos com água e sabão após ir ao banheiro, trocar fraldas, chegar da rua e
antes de manusear alimentos. Sempre lave todas as frutas e vegetais antes de prepará-los
e/ou de comer. É também importante ensinar e tornar sempre um hábito as práticas de higiene
para as crianças. Com esses cuidados você não vai prevenir somente a balantidíase, mas
muitas e muitas outras doenças que apresentam a mesma via de transmissão.
Foto: Shutterstock.com.
Higiene pessoal é a melhor forma de prevenir inúmeras doenças.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
2. (ADAPTADO DE FURMAC-2015)
EM INQUÉRITOS SOROLÓGICOS REALIZADOS NO PAÍS COM
DIFERENTES ESPÉCIES ANIMAIS, OBSERVAMOS QUE 19% DE GATOS
TINHAM ANTICORPOS PARA TOXOPLASMA GONDII , PRINCIPALMENTE
OS JOVENS. EM BOVINOS, A PREVALÊNCIA VARIOU ENTRE 32%, EM
CAPRINOS 56%, EM EQUINOS 20% E EM SUÍNOS 23%. NA POPULAÇÃO
HUMANA, OS ÍNDICES VARIARAM EM ADULTOS ENTRE 50 A 70%. ESSES
DADOS SÃO IMPORTANTES PARA O CONTROLE DA DOENÇA.
GABARITO
2. (Adaptado de Furmac-2015)
Em inquéritos sorológicos realizados no país com diferentes espécies animais,
observamos que 19% de gatos tinham anticorpos para Toxoplasma gondii ,
principalmente os jovens. Em bovinos, a prevalência variou entre 32%, em caprinos 56%,
em equinos 20% e em suínos 23%. Na população humana, os índices variaram em
adultos entre 50 a 70%. Esses dados são importantes para o controle da doença.
Esse subfilo reúne os protozoários que chamamos de flagelados que se locomoverem por
propulsão flagelar. Eles podem apresentar morfologia simples com o formato mais ovalado ou
alongado, com um ou mais flagelos.
COMENTÁRIO
Nessa ordem, cada gênero pode apresentar morfologia diferente que varia não só pelo gênero
em questão ou a espécie, mas também pelo ciclo biológico. Essas mudanças vão do tipo de
hospedeiro que o parasito se encontra ao tecido que esteja parasitando. O gênero
Trypanosoma pode apresentar as seguintes formas no ciclo biológico:
Imagem: Bases da Parasitologia Médica, Luis Rey, 2010, p. 38.
Principais formas evolutivas encontradas em Trypanosoma .
AMASTIGOTA
PROMASTIGOTA
EPIMASTIGOTA
TRIPOMASTIGOTA
AMASTIGOTA
Forma ovoide, de corpo achatado, com pouco citoplasma e núcleo grande. Apresenta
cinetoplasmo. O flagelo é pequeno, e por isso apresenta pouca mobilidade.
PROMASTIGOTA
Forma alongada, com a inserção do flagelo na região anterior, sendo ele livre. O cinetoplasto
também se encontra na região anterior, próximo ao bolso flagelar. Núcleo centralizado.
EPIMASTIGOTA
Forma alongada (fusiforme), com inserção do flagelo longe da extremidade já que a bolso
flagelar abre-se lateralmente mais próximo ao centro do parasito. O flagelo está preso à
membrana ondulante até chegar à extremidade anterior, onde se torna livre.
TRIPOMASTIGOTA
GÊNERO TRYPANOSOMA
As espécies presentes no gênero Trypanosoma apresentam ciclos heteróxenos em que
infectam hospedeiros vertebrados e invertebrados hematófagos (Aqueles que se alimentam de
sangue) . Uma das formas de classificar as diferentes espécies é levando em consideração um
conjunto de informações como: hospedeiros (vertebrados ou invertebrado), origem, morfologia,
ciclo de vida, patogenia entre outras características. Se considerarmos, por exemplo, seu
desenvolvimento no hospedeiro invertebrado (seu vetor) podemos dividir em dois grupos:
Stercoraria e Salivaria.
GRUPO STERCORARIA
VOCÊ SABIA
PAU A PIQUE
A casa de pau a pique consiste em casa construídas com madeiras verticais fixadas no
solo, com vigas horizontais, geralmente de bambu, amarradas entre si por cipós, e a
parede feita de barro.
Foto: Shutterstock.com.
O barbeiro costuma ser encontrado em frestas e pequenos buracos dentro das residências,
principalmente em construções conhecidas como pau a pique. Com a melhoria das
construções e o uso de inseticidas específicos, hoje, a região peridomicílio se tornou a região
de maior risco para o contato com o barbeiro. Outras formas de transmissão são a transfusão
sanguínea, o transplante de órgãos, a ingestão acidental de alimentos contaminados com
triatomíneos infectados ou suas excretas (transmissão contaminativa).
Foto: Shutterstock.com.
Triatoma Infestans.
Ao realizar um novo repasto sanguíneo, o vetor defeca, e junto às fezes é liberada a forma
infectante (tripomastigotas metacíclicas) na pele lesionada pela coceira, ocasionada pela
picada ou pela mucosa. Essas formas conseguem atingir a corrente sanguínea e penetrar
ativamente nas células do Sistema Fagocítico Mononuclear. Ao infectar essas células, é
formado o vacúolo parasitóforo, onde ocorre a multiplicação do parasita até o rompimento do
vacúolo e a liberação de inúmeros tripomastigotas metacíclicos no citoplasma celular. No
citoplasma, elas se transformam em amastigotas, que também realizam replicação assexuada
e se diferenciam em tripomastigotas. Como o ciclo replicativo leva ao excesso de parasito
dentro das células do sistema fagocítico mononuclear, como os macrófagos, essas células
então se rompem e liberam todas as formas parasitárias presentes dentro dela na corrente
sanguínea, o que possibilita a contaminação de novas células. A parasitemia frequente começa
a ser mais intensa em torno do dia 10 a 15 após a contaminação e corresponde à fase aguda
da doença.
O ciclo se completa quando o barbeiro realizar um novo repasto sanguíneo em uma pessoa
infectada.
COMENTÁRIO
Na maior parte das vezes, a infecção por T. cruzi é assintomática, mas quando sintomático, os
sinais clínicos começam de 6 a 10 dias após a infecção, apresentando quadro febril passageiro
e inespecífico, linfadenopatia e esplenomegalia branda. Essa fase pode se resolver entre 4 e 8
semanas. Porém, alguns pacientes podem evoluir para formas crônicas ou graves,
apresentando quadros de meningites graves e insuficiência cardíaca que podem levar ao óbito.
A doença de Chagas está presente em 21 países da América Latina, tendo relatos de casos na
Europa e na América do Norte. No Brasil, entre os anos de 2001-2018, ocorreram 5.184 casos
com distribuição heterogênea pelo país. A maior parte dos casos notificados ocorreram em
menores de 18 anos e em idosos na região Norte do país (SANTOS, 2020; BRASIL, 2020b).
Muitas vezes, imaginamos que a maior parte das infecções ocorre por meio da transmissão
vetorial. No entanto, a partir de 2005, foi verificado um aumento significativo da transmissão via
oral, sendo o Pará responsável por 81% dos casos, ligado à safra de açaí e bacaba (A
bacaba, bacaba-açu ou bacaba-verdadeira é uma palmeira nativa da Amazônia.) que estavam
contaminadas com as fezes do inseto (BRASIL, 2015).
Nos últimos anos, foi verificada uma redução no número dos casos da doença de Chagas no
Brasil. No entanto, devemos manter e reforçar todas as medidas de prevenção para evitarmos
que ocorra um novo aumento do número de casos.
Pensando na transmissão vetorial, deve-se evitar com o uso de inseticidas específicos e que o
triatomíneo faça ninhos dentro da residência.
ATENÇÃO
Caso veja algum triatomíneo, não o mate esmagando, lembre-se de que as fezes deles contém
o parasito na sua forma infectante. O ideal é que consiga capturar o inseto com um pote com
tampa de rosca ou um saco plástico.
Em casas próximas a regiões de risco, devem-se colocar telas nas portas e janelas, evitando a
sua entrada voando. O uso de repelentes e roupas compridas é sempre indicado em locais
endêmicos para a doença, principalmente à noite. Além disso, devem ser criados programas
para melhorias de moradias rurais para que não existam mais construções em que o inseto
possa colonizar.
GRUPO SALIVARIA
Dentre elas, destaca-se o Trypanosoma brucei , responsável pela doença do sono. Essa
doença conhecida é popularmente como Tripanossomíase Africana Humana (TAH). A TAH
pode ser crônica, causada pelo Trypanosoma brucei gambiense , ou aguda, causada pelo T.
brucei rhodesiiense . Existe outra subespécie, T. brucei , que infecta apenas os animais
domésticos e de reprodução, como equídeos, ovinos, bovinos, causando uma doença chamada
Nagana. Essa infecção causa impacto econômico negativo na produção de leite e carne.
O ciclo biológico de T. brucei difere em alguns pontos do ciclo de T. cruzi. Na figura a seguir,
temos um resumo do ciclo biológico.
Imagem: Débora Familiar Rodrigues Macedo.
Ciclo Biológico do Trypanosoma brucei gambiense e T. brucei rhodesiense.
A mosca tsé-tsé, ao se alimentar em um indivíduo que esteja infectado, ingere juntamente com
o sangue os parasitos na forma de tripomastigotas. Após a ingestão, no intestino, ela se
transforma em tripomastigota procíclica e sofre divisão binária aumentando a quantidade de
parasitos no inseto. As tripomastigotas procíclicas migram até a glândula salivar onde se
transformam em epimastigotas e, em seguida, sofrem nova divisão binária. Posteriormente,
transformam-se em tripomastigotas metacíclicas, a forma infectante.
A sintomatologia da doença do sono pode ser dividida em dois estágios. O primeiro envolve
sinais e sintomas inespecíficos relacionados com fase hemolinfática em que há o aparecimento
de febre intermitente, prurido e linfadenopatia. O sinal de Winterbottom (Inchaço dos
linfonodos cervicais posteriores.) costuma ser observado em T. b. gambiense e a
linfadenopatia de linfonodos submandibulares, axilares e inguinais em T. b. rhodesiense . O
segundo estágio ocorre após a invasão do sistema nervoso central que leva a manifestações
neuropsiquiátricas, como distúrbio do sono. O envolvimento cardíaco grave também ocorre.
DICA
Assim como para Trypanosoma cruzi , algumas formas de prevenção estão relacionadas com
os hábitos do vetor. Então, durante os períodos mais quentes do dia, quando a mosca é menos
ativa, devemos evitar ficar próximo a arbustos, onde esse inseto pousa. Deve-se usar sempre
calças e camisas de manga comprida nas regiões endêmicas do vetor, e o ideal é que sejam
roupas que tenham tecido mais grosso para impedir que a mosca seja capaz de picar. Ainda, é
sempre bom usar roupas de cores neutras e claras, pois esse inseto é atraído por cores
brilhantes e muito escuras. O uso de repelente não tem se mostrado eficaz contra o vetor, mas
é uma forma de prevenção para outras doenças.
GÊNERO LEISHMANIA
A leishmaniose é uma infecção crônica, não contagiosa, causada por diversas espécies de
protozoários do gênero Leishmania e transmitida de animais para o homem por fêmeas de
flebotomíneos infectadas. Esse gênero compreende os protozoários parasitas da ordem
Kinetoplastida e a família Trypanosomatidae, capazes de infectar animais selvagens e
domésticos, humanos e insetos.
Foto: Shutterstock.com.
Leishmania spp. na forma amastigota – Microscopia.
AMASTIGOTAS
PROMASTIGOTAS
Paraleishmania
Para nosso estudo, são de grande importância o subgênero Leishmania e Viannia . Dentro
de cada subgênero, encontramos espécies de importância médica e veterinária.
A classificação desse grupo de parasitas sempre foi motivo de confusão. Com o intuito de
melhorar a classificação de acordo com as espécies, foram criados o que chamamos de
“complexos”, ou "complexos de espécies".
COMENTÁRIO
Cada complexo é nomeado de acordo com uma das espécies constituintes. A razão por trás
disso é que as espécies pertencentes ao mesmo complexo muitas vezes estão intimamente
relacionadas, o que não só complica sua identificação, mas também dificulta uma inequívoca
definição de espécie.
Outra forma clássica de dividir a leishmaniose é de acordo com o tipo de doença que causa.
Sendo então dividida em dois grupos: leishmaniose cutânea ou tegumentar (LC ou LT) e
leishmaniose visceral (LV).
Todas as espécies de Leishmania que são patogênicas para humanos podem causar doenças
cutâneas, embora com várias gravidades. Existem outras duas formas leishmaniose
mucocutânea e a leishmaniose cutâneo-difusa, mas essas duas últimas formas não
estudaremos aqui.
A seguir vamos conhecer mais a LT e a LV.
LEISHMANIOSE TEGUMENTAR
Ainda hoje, observamos esses dois perfis de transmissão silvestre que ocorrem em áreas de
vegetação primária (zoonose silvestre) e rural ou periurbano, que são locais de desmatamento
ou em que houve adaptação do vetor ao peridomicílio (zona de mata residuais e/ou
antropozoonose). Além disso, observamos um terceiro perfil de transmissão que seria o perfil
ocupacional ou de lazer, em que a transmissão está associada à exploração da floresta, ao
crescimento da urbanização e à invasão de habitat natural dos vetores e reservatórios da
doença.
Os roedores e marsupiais silvestres são descritos como reservatórios da doença. Ainda não foi
comprovado cientificamente que os animais domésticos, como cães e gatos, sejam um
reservatório da doença, sendo considerado por enquanto um hospedeiro acidental.
Para LT, foram descritas mais de 11 espécies, sendo 7 identificadas no Brasil. Dessas, seis
espécies são do subgênero Viannia e uma do subgênero Leishmania . As três principais
espécies circulantes no Brasil são: Leishmania (Viannia) braziliensis, Leishmania (Viannia)
guyanensis e Leishmania (Leishmania) amazonensis .
SAIBA MAIS
Os parasitos desse grupo infectam também células fagocíticas do sistema imune como os
macrófagos, mas, ao invés de ficar restrito a pele, esses parasitos apresentam tendência de
invadir órgãos como baço, fígado, medula óssea e órgãos linfoides. As espécies que causam
leishmaniose visceral pertencem ao complexo Leishmania donovani , que compreende
Leishmania donovani , Leishmania infantum e Leishmania chagasi . No Brasil, é causado por
Leishmania chagasi .
Imagem: Shutterstock.com.
Ilustração 3D de macrófagos infectados por Leishmania spp.
Apesar de grave, algumas pessoas não apresentam sintomas quando infectadas. As pessoas
que desenvolvem sinais e sintomas geralmente apresentam febre, perda de peso, inchaço do
fígado e baço, anemia e leucopenia assim como trombocitopenia.
SAIBA MAIS
Em relação aos cães, quando adoecem, apresentam principalmente apatia, lesões de pele,
queda de pelos, inicialmente ao redor dos olhos e nas orelhas e emagrecimento.
Estima-se que cerca de 182 milhões de pessoas no mundo estão em risco de serem
acometidas pela doença. A LV é endêmica em 47 países, sendo o Brasil o país com mais
endemicidade da doença nas Américas. Você nunca ia imaginar que cerca 96% dos casos de
leishmaniose visceral americana ocorrem no Brasil, com 90% das notificações vindas do
Nordeste (CUNHA et al. , 2020; OPAS/OMS, 2019).
Você vai notar que prevenção de doenças transmitidas por vetores é sempre muito parecida,
principalmente daqueles que apresentam hábitos semelhantes.
A melhor forma de evitar a infecção por Leishmania spp. é o uso de repelente, principalmente
onde o vetor costuma ser encontrado, além de evitar exposição ao vetor no seu horário de
maior atividade, sendo o entardecer e a noite no caso dos flebotomíneos. O uso de telas em
portas e janelas e do uso de mosquiteiros também é recomendado. É preciso evitar possíveis
criadouros para os flebotomíneos no quintal, mantendo-o sempre limpo e com as árvores
podadas e evitando, assim, o aparecimento de outros animais que possam ser reservatórios do
parasito. Se você mora em área com casos de leishmaniose, faça sempre exames periódicos
em seu gato ou cachorro, pois muitas vezes os animais levam anos para desenvolver algum
sintoma.
Foto: Shutterstock.com.
TROFOZOÍTOS
CISTOS
Têm uma membrana externa fina e bem destacada do citoplasma, 4 núcleos pequenos e
com cariossomo central e representam as formas de resistência no ambiente,
sobrevivendo na água por aproximadamente 2 meses ou mais. O desencistamento ocorre
na exposição a pH ácido e a temperatura de 37°C.
Imagem: Shutterstock.com.
TROFOZOÍTOS
Trofozoítos
Imagem: Shutterstock.com.
CISTOS
Cistos
A pessoa se infecta após a ingestão de água e alimentos contaminados com cistos. Após a
ingestão, o cisto passa pelo processo de desencistamento no intestino se tornando trofozoíto.
O trofozoíto, por sua vez, multiplica-se por divisão binária gerando novos trofozoítos. Parte
deles darão origem a novos cistos. Tanto cistos como trofozoítos são liberados nas fezes,
principalmente durante episódios de diarreia.
Imagem: Shutterstock.com.
Ciclo biológico da Giardia lamblia .
Alguns indivíduos não desenvolvem sintomas, mas, na maior parte das pessoas, após o
período de incubação (1-3 semanas), pode ocorrer um quadro de enterite benigna chamado de
Giardíase. Os principais sintomas são: diarreia líquida ou pastosa, mal-estar, cólicas
abdominais, fraqueza e perda de peso. A diarreia pode ocorrer em episódios agudos, ou
intermitentes ou de forma crônica e persistente e apresentam mau odor, aspecto claro, às
vezes com presença de muco ou sangue.
Outros sintomas observados com menos frequência são: a diminuição do apetite, náuseas,
vômito, flatulência, distensão abdominal, ligeira febre e cefaleia.
GIARDÍASE: EPIDEMIOLOGIA E
PREVENÇÃO
Neste vídeo, veremos os cuidados necessários para não contrair a doença e vamos entender
um pouco sobre a sua distribuição no Brasil
COSTA
Faixa que percorre o citoplasma nas proximidades do flagelo que sai do mesmo
blefaroplasto.
HIDROGENOSSOMOS
CORPO PARABASAL
Conjunto de fibras, uma mais longa que a outra, juntamente com o aparelho de Golgi,
com suas membranas paralelas e suas vesículas.
PSEUDOCISTOS
T. vaginalis é um parasito encontrado na mucosa vaginal da mulher, mas que pode ser
observado até mesmo em outros lugares do aparelho urinário feminino. No homem, já foi
isolado na uretra, próstata e no prepúcio. Para esse parasito, existe basicamente somente uma
forma, trofozoítos, embora recentemente venha se discutindo a sua importância e o papel dos
pseudocistos no ciclo.
SAIBA MAIS
Algumas espécies de tricomonadídeos (Trichomitus batrachorum , Trichomitus sanguisuga e
Ditrichomonas honigbergii ) possuem cistos verdadeiros.
A forma de transmissão ocorre por meio do contato sexual ou por contato íntimo com
secreções contaminadas. Pode haver transmissão de mulher para mulher, de mulher para
homens e de homens para mulher. Além disso, pode ocorrer infecção do bebê durante o parto
normal, caso a mãe esteja contaminada.
Após o contato com o trofozoíto, a mulher passa por um período de incubação que dura entre 4
a 28 dias. Passado o período de incubação, aparecem os sintomas que normalmente são: um
corrimento espumoso e de odor forte, prurido intenso, aumento do pH vaginal e o aparecimento
de pontos hemorrágicos no colo uterino que apresentam a aparência chamada de “Cérvix em
morango”.
Imagem: Shutterstock.com.
Quando não tratada, pode haver algumas complicações, como a ruptura prematura das
membranas placentárias. Pode ainda facilitar a transmissão do vírus da imunodeficiência
humana (HIV) por conta do processo inflamatório que leva ao rompimento da barreira mecânica
e ao comprometimento da resposta imune. Além disso, pode favorecer o aparecimento do
câncer de próstata ou câncer cervical. Nos homens normalmente, essa doença é
assintomática.
O diagnóstico nas mulheres é feito a partir da análise de secreções coletadas durante o exame
papanicolau e nos homens pela cultura de urina ou cultura após a coleta do swab uretral. Além
disso, pode ser feito a partir de testes moleculares.
Foto: Shutterstock.com.
Tricomonas no esfregaço de Papanicolau.
Estima-se que a cada ano, no mundo, mais de 200 milhões de casos novos sejam reportados
e, no Brasil, 4 milhões de novos casos. Por não ser uma doença de notificação obrigatória e/ou
compulsória, os números de infectados são ainda maiores, sem que se consiga ter um
panorama real da epidemiologia da doença. Outro fator que contribui para altos números de
casos sem termos um real panorama é a ausência de exames preventivos que poderiam
diagnosticar infecções assintomáticas ou casos brandos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (ADAPTADO DE FUNRIO - 2016 - IF-BA - TÉCNICO DE LABORATÓRIO –
BIOLOGIA)
A DOENÇA DE CHAGAS FOI DESCOBERTA POR CARLOS CHAGAS, EM
1909, E É CAUSADA PELA INFECÇÃO DO PROTOZOÁRIO
TRYPANOSOMA CRUZI . SOBRE A DOENÇA DE CHAGAS, ANALISE AS
CONSIDERAÇÕES ABAIXO:
A) I, II e III
B) I, III e IV
C) II, III e V
D) II, IV e V
E) I, IV e V
2. (ADAPTADOS DE FIOCRUZ – CONCURSO PÚBLICO 2010)
A ESPÉCIE GIARDIA LAMBLIA PODE SER RESPONSÁVEL POR UM
QUADRO DE ENTERITE, GERALMENTE BENIGNO, QUE RECEBE MAIS
COMUMENTE O NOME DE GIARDÍASE. SOBRE ESSE PARASITO
INTESTINAL, PODE-SE DIZER QUE:
A) É um protozoário ciliado, que durante o seu ciclo de vida apresenta duas formas:
epimastigota e cisto.
D) A pessoa com giardíase apresenta tosse, dor de cabeça e exantema, diarreia sanguinolenta
e dor abdominal.
GABARITO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo desse tema, visitamos as principais doenças parasitárias causadas por protozoários
presentes no Brasil. Vimos as amebas e os apicomplexos sanguíneos, assim como os
principais parasitas flagelados de sangue e tecido. Aprendemos sobre a amebíase, a
toxoplasmose, malária, balantidíase, doença de chagas, doença do sono, leishmaniose,
tricomoníase e giardíase.
Vimos que essas doenças apresentam grande impacto na saúde pública, são responsáveis por
grande morbimortalidade e de fácil combate, muitas vezes apenas por medidas
socioeducativas. Você, como profissional da saúde, irá se tornar propagador de informações
verdadeiras baseadas em fatos comprovados cientificamente, contribuindo para prevenção e o
tratamento adequado dessas doenças.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância da leishmaniose tegumentar. 2017. In:
Biblioteca virtual em saúde. Consultado em meio eletrônico em: 01 mar. 2021.
BRASIL. Secretaria de Vigilância Sanitária. Boletim Epidemiológico. Número 21. Volume 46.
2015. Doença de Chagas aguda no Brasil: série histórica de 2000 a 2013. In: Biblioteca virtual
em saúde. Consultado em meio eletrônico em: 01 mar. 2021.
REY, L. Bases da parasitologia médica. 3.ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
SANTOS, E. F et al. Acute Chagas disease in Brazil from 2001 to 2018: A nationwide
spatiotemporal analysis. PLOS Neglected Tropical Diseases v.14; n.8, 2020. Consultado em
meio eletrônico em: 10 mar. 2021.
EXPLORE+
Para aprimorar os seus conhecimentos no assunto estudado neste tema:
Leia o artigo Trypanosoma cruzi transmission in the wild and its most important reservoir
hosts in Brazil , de Jansen, Xavier e Roque (2018), encontrado no site Bio Med Central,
para ver mais informações sobre Trypanosoma no Brasil.
CONTEUDISTA
Débora Familiar Rodrigues Macedo
CURRÍCULO LATTES