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A INCLUSÃO DA DIFERENÇA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À

CRIANÇA DIAGNOSTICADA COM AUTISMO

Aline da Costa Jerônimo 1

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo discutir aspectos relevantes das principais
políticas públicas direcionadas aos autistas. Analisamos a lei Nº 12.764 e a “Linha de
Cuidado para Atenção às Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo na Rede
de Atenção Psicossocial” pautados na articulação com teoria psicanalítica e
particularidades do trabalho no âmbito institucional, as quais convocam o analista a
sustentar sua práxis e assumir um posicionamento ético e político frente às diretrizes
de atenção e cuidado à criança diagnosticada com autismo favorável à inclusão da
diferença.
PALAVRAS-CHAVE: Psicanálise, autismo, políticas públicas, inclusão,
instituição

1
Psicóloga Clínica e Mestra pelo Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal
do Pará. Coordena o projeto "Psicologia e Universidade Pública: ações integradas na assistência
estudantil da UFPA. E-mail: alinejeronimopsi@gmail.com
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Aline da Costa Jerônimo

Sustentar a ética da psicanálise implica em assumir uma postura de trabalho


que se dá no caso a caso, na particularidade de cada contexto. Consequentemente,
a clínica com crianças diagnosticadas autistas é pautada em semelhante preceito, em
que a aposta no sujeito conduz ao posicionamento contrário ao anonimato que lhes é
imposto, bem como a qualquer forma de tratamento que restrinja suas possibilidades
de escolha, o respeito à diferença e a manifestação da subjetividade. Fundamenta-se
nesses aspectos a importância da análise das políticas públicas direcionadas aos
autistas.
Tais apontamentos foram possíveis partindo dos efeitos do trabalho
desenvolvido no projeto “Psicanálise na Interdisciplinaridade: análise das demandas
dos profissionais para atuação do psicólogo no tratamento do autismo e das
síndromes neurológicas da infância”, cujo foco é possibilitar uma escuta que abranja
a estrutura, a organização e o funcionamento do Serviço Caminhar, desenvolvido no
Ambulatório de Desenvolvimento do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza
(HUBFS) da Universidade Federal do Pará, que atende crianças com síndromes
neurológicas graves, incluindo, além disso, também aquelas que são diagnosticadas
como autistas, com o objetivo de envolver o atendimento psicoterapêutico às crianças
e seus cuidadores.
Nossa prática nos confronta com os desafios que se impõem ao exercício da
psicanálise na interface com as atuais políticas públicas de saúde mental vigentes no
campo institucional. Enquanto a psicanálise considera que para o autista houve um
fracasso no estabelecimento do laço com o Outro primordial, acarretando na falha em
sua constituição psíquica (LAZNIK, 1998), outros campos do saber como as ciências
biológicas divergem deste enfoque e apostam em hipóteses genéticas como causa da
síndrome. Nesta via, observamos a profusão de diagnósticos de autismo, baseados
em traços do comportamento conforme a determinação de manuais como CID 10 e
DSM V.
Paralelamente a isto nota-se a expansão de técnicas comportamentais no
tratamento do autismo e o consequente afastamento dos aspectos subjetivos aí
implicados. Entretanto, do ponto de vista da psicanálise, nos autistas, as inscrições
originárias não chegam ao status de significante por falta de quem as signifique e
deles faça leitura. E é neste aspecto que se circunscreve nossa intervenção, incidindo
no ponto em que falha a constituição do sujeito e apostando na retomada das
operações psíquicas essenciais ao estabelecimento de laços sociais.
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Com Autismo

Isto se torna possível a partir da escuta dirigida ao sujeito do desejo, ao acessar


a angústia parental que surge na relação com o filho autista, bem como oferecendo à
criança um lugar em que lhe seja provida a chance de se constituir enquanto sujeito.
Tais aspectos da teoria psicanalítica nos animam a implantar e desenvolver projetos
articulados que visam à assistência integral à saúde, o ensino e a produção de
conhecimento na área por meio de pesquisa científica.
Nesta via, o projeto “Psicanálise na Interdisciplinaridade” propõe fazer uma
interlocução com os médicos e demais profissionais, procurando-os para discutir os
casos e seus tratamentos, incluindo ainda a oferta de escuta às crianças e seus
familiares, quando necessário. Isso, de certa forma, tem efeito sobre o tratamento do
paciente e da família, pois ao serem convocados a falar, eles se implicam e se
responsabilizam pelo tratamento. Se partirmos de uma resposta ou de um diagnóstico,
só conseguimos estancar a fala e evitar qualquer questionamento sobre seu
sofrimento, pois o paciente já tem descritas as características de seu mal, formulado
pelo saber médico. As explicações recebidas de parte dos profissionais,
principalmente por meio da prática do diagnóstico, constituem laços com o saber da
medicina e, portanto, pela via do Discurso do Mestre, que é aquele ao qual os
médicos, de um modo geral, estão afiliados.
O conhecimento médico capta a queixa emergente na rede de sinais
manifestas principalmente naquilo que destoa aos marcadores biológicos e
comportamentais e são localizados dentro de uma síndrome. Nessa conjuntura, o
saber próprio aos laços parentais é subsumido ante aos ideais científicos de
quantificação e objetividade. Com isso, os aspectos subjetivos que apontam para
singularidade de cada caso tornam-se periféricos, com reflexos desde pesquisa e
intervenção ao diagnóstico.
As atuais diretrizes de atenção à saúde das crianças com autismo seguem esta
via do saber totalitário. Em nome do bem-estar apresentam, em seu discurso,
significantes como proteção, assistência e prevenção e acabam impondo-se como um
saber que move a verdade, nos moldes do que Lacan (1969-1970/1992) identifica com
o Discurso do Mestre. Esse discurso faz calar o sujeito, sua história singular e seu
saber próprio a respeito de sua condição desejante.
Nossa inserção no campo institucional enseja propostas de análise que
objetivam a construção de saber sobre as atuais políticas públicas de saúde mental
direcionadas a crianças com autismo, tendo em vista que elas regulamentam as
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diretrizes sobre a direção do tratamento neste contexto. Ademais, localizamos uma


tensão que se faz presente entre o que a psicanálise concebe como necessário ao
tratamento e as linhas de cuidado e atenção à criança autista. Enquanto o olhar da
psicanálise sobre o autismo enfatiza eticamente a escuta do sujeito, pautada na
singularidade de cada caso, as práticas institucionais são em sua maioria excludentes,
na medida em que tomam o autista como objeto de seu saber e intervenções,
mantendo o sujeito no anonimato.
Pensamos que para que um trabalho interdisciplinar ocorra, e o autista seja de
fato um sujeito de direitos, é preciso levar em conta os intercruzamentos discursivos
que circulam na instituição, assegurando o lugar da escuta do sujeito. Logo, partimos
da especificidade do saber e da práxis do psicanalista, que diferem do saber
totalizante presente nas políticas públicas, a fim de tecer considerações sobre a
atuação interdisciplinar na instituição em que estamos inseridos. Afinal, como
podemos pensar a direção do tratamento no espaço coletivo? Como é possível a
ocorrência de um trabalho interdisciplinar que transcenda a teoria para de fato se
tornar uma rotina que venha atender as necessidades de tratamento?
Tais questionamos nos remetem ao lugar ocupado pelo psicanalista frente às
exigências institucionais, no que se refere ao diagnóstico precoce, práticas
assistencialistas, medidas comportamentais e intervenção medicamentosa previstas
nos manuais de tratamento da criança autista. Estariam sendo incluídas as questões
subjetivas nas diretrizes de cuidado? O psicanalista está de fato engajado nas
questões políticas referentes ao tratamento do autismo?

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DO AUTISMO – O


LUGAR DOS PAIS E A CLÍNICA DO SUJEITO

Há 72 anos Léo Kanner criava uma nova categoria nosológica ao destacar o


autismo do campo das esquizofrenias, desde este ato inaugural até a atualidade o
autismo permanece um quadro instigante que desafia a ciência, irredutível às análises
laboratoriais genéticas cujas conclusões sobre uma etiologia molecular não se
confirmaram. É neste campo insólito que surgem os embates políticos que suscitam
discussões acaloradas em torno da melhor forma de diagnóstico e tratamento.
Em 2012, na França foi “decretado” o fim da Psicanálise para o tratamento do
autismo, curiosamente quando se nomeia esta síndrome enquanto causa nacional se
exclui o campo do saber psicanalítico. No mesmo ano, a Secretaria Estadual de Saúde
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do Estado de São Paulo (SES) seguindo a “caçada às bruxas” iniciada em solo


Frances, anuncia o descredenciamento de instituições que operavam a partir da
psicanálise no tratamento do autismo.
Nesta ocasião, foi lançado um edital para credenciamento de instituições de
saúde especializadas no atendimento de pacientes autistas, restringindo as vagas de
psicólogo aos que atuam pelo viés da abordagem cognitivo comportamental, e em
agosto de 2012, a SES anunciou o fim de repasse de verbas ao Centro de Referência
da criança e do adolescente (CRIA), clínica especializada no atendimento de saúde
mental com base psicanalítica (ESCOLA DE PSICANÁLISE DOS FÓRUNS DO
CAMPO LACANIANO, 2013).
Diante destes acontecimentos nos questionamos acerca do que se tenta deixar
de fora ao negar a psicanálise enquanto um campo do saber reconhecidamente
científico. Como possível resposta temos a herança deixada por Bruno Bettelheim,
que, em seu livro clássico “A Fortaleza Vazia” (BETTELHEIM, 1987), destaca como
causa do autismo a relação pouco afetuosa entre pais de crianças autistas e seus
filhos. Tal hipótese foi rechaçada pela grande maioria dos cuidadores que, unidos em
torno de associações, mobilizaram-se politicamente contra o método psicanalítico e
em favor de técnicas cognitivas comportamentais (MENDENEZ, 2012).
Ora, sabemos que o nascimento de um filho representa a revivescência do
narcisismo parental (FREUD, 1914 [2004]), renunciar a este ideal de perfeição, bem
como vislumbrar a possibilidade de ser responsável por um infortúnio que ocorreu ao
filho é uma experiência que pode ser vivenciada como desprazer pelo Eu, geradora
de angústia, defesas e sintomas. A esperança de um tratamento eficiente, com apelo
científico e com vias à transformação do comportamento é atraente e parece atender
aos ideais parentais. O diagnóstico rápido e curso previsível do tratamento também
seduz aos profissionais que atuam no campo da saúde mental, bem como coadunam
com as premissas do SUS que prezam por um atendimento rápido, eficaz e de baixo
custo.
Diante disso, a escuta psicanalítica poderia parecer antiquada, pouco eficiente.
Porém, desse lugar de rechaço é possível colher o que resta do enquadre das políticas
e práticas universalizantes ao garantir o lugar do sujeito no discurso, promovendo a
torção capaz de produzir um saber particular sobre os sintomas os quais se queixa.
O projeto “Psicanálise na Interdisciplinaridade: análise das demandas dos
profissionais para atuação do psicólogo no tratamento do autismo e das síndromes
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neurológicas da infância” se propõe a operar a partir desta via. Desenvolvemos


atividades que incluem a escuta de pacientes e cuidadores na sala de espera, assim
como realizamos desde 2014 reuniões semanais no grupo “Cuidando de quem Cuida”,
direcionado aos pais de crianças inscritas no serviço.
Há de se destacar da fala dos cuidadores este insólito lugar de pais de uma
criança autista, às vezes até mais do que uma, visto não ser incomum encontrar casos
nos quais um dos filhos já é atendido no Serviço Caminhar e a mãe leva o irmão para
verificar a possibilidade de que este também seja autista. Isto nos remete ao conceito
de Identificação proposto por Freud em 1921 no texto “Psicologia das Massas e
análise do Eu”, onde a define como a mais remota expressão de um laço com outra
pessoa. Lacan, (1961), retoma este conceito ao criar o neologismo “traço unário” em
referência a uma primeira marca de surgimento do sujeito a partir do significante. A
esse respeito, Rinaldi (2008 p.128), afirma que “o caminho do sujeito, passa pelo
Outro, enquanto marcado pelo significante, e seu desejo se constitui nessa tensão em
relação ao Outro, de onde se origina com o advento do traço unário”.
Ainda nessa via da nomeação, no que se relaciona ao nosso contexto de
trabalho, vemos muitas crianças marcadas muito precocemente pelo diagnóstico de
autismo. É possível observar as ressonâncias desse ato nos pais que, ante a
materialidade do diagnóstico, buscam as próprias soluções. Dentre elas, o ativismo
político tal como Berenice Piana, mãe que dá nome a lei de proteção aos direitos da
pessoa com autismo.
Em entrevista à Revista Autismo, Berenice Piana relata a história de Dayan,
seu filho caçula, que aos dois anos emudeceu e nunca mais falou. Ouviu de
especialistas que o filho “não tinha nada”, porém, inconformada, pediu ao marido que
comprasse livros de psiquiatria e começou a estudar por conta própria. Diz que
percebeu que o filho era autista e tentou, sem sucesso, convencer a família e
profissionais de sua descoberta. Berenice Piana relata que vivenciou alguns anos de
tristeza e amargor, em virtude da dificuldade em encontrar tratamento para o filho,
porém o encontro com a mãe de uma criança diagnosticada como autista a fez
vislumbrar a possibilidade de mudança no quadro do filho.

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Com Autismo

Fiquei observando, encantada, aquele garoto lindo, calmo e educado e


perguntei que tipo de tratamento ele fazia. Ela me explicou que havia um
terapeuta excêntrico na Urca que fazia muito sucesso com autistas. Peguei o
telefone e endereço e fui cheia de esperança para casa. Meu marido ficou
me olhando como se eu fosse lunática [...] Dayan melhorou muito sim, passou
a ser organizado e deixou de se machucar, de quebrar as coisas. Começou
a tomar banho e a usar o vaso sanitário. Passou a usar roupa e também a
dormir. (REVISTA AUTISMO, 2012)

Berenice Piana foi porta voz de seu filho emudecido, contestou a muitos e
travou uma luta solitária pelo direito do filho ao tratamento. O que teria levado Berenice
a escolher este tratamento em detrimento dos demais? Mais importante do que uma
simples resposta é a questão que a pergunta nos suscita, a saber, o desejo dos pais
em relação ao filho.

O NASCIMENTO DA LEI E O APAGAMENTO DO SUJEITO

Ao longo da entrevista Berenice relata o olhar de tristeza das outras mães ao


ver Dayan comportado e não ter a possibilidade de oferecer aos filhos o mesmo
tratamento. A vontade de ajudar estas mães a mobilizou a lutar em prol de políticas
públicas direcionadas a pessoas autistas. Sua mobilização culminou na promessa
feita em 2010 pelo Senador Paulo Paim de que os próprios pais iriam escrever a lei:
“Ele fez questão de frisar que seria Legislação Participativa, a lei seria escrita por nós,
de acordo com nossas necessidades”.
Vale ressaltar que não há uma única definição que contemple o campo das
Políticas Públicas. Compreende uma área de estudo da política que analisa o governo
à luz de grandes questões públicas (MEAD, 1995), em suma são ações desenvolvidas
pelo Estado com a participação de entes públicos ou privados com vista a assegurar
direitos e promover a cidadania.
Assim, a lei Nº 12.764, foi sancionada em 27 de dezembro de 2012 e institui a
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro
Autista, na qual a pessoa com transtorno do espectro autista é considerada deficiente
para todos os efeitos legais. Em § 1º define autismo conforme as determinações
descritivas dos manuais diagnósticos, já seu § 2º versa sobre as diretrizes da Política
Nacional de Proteção, enfocando no tratamento, preconizando o diagnóstico precoce,
atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes, o estímulo à
inserção da pessoa com transtorno do espectro autista no mercado de trabalho, bem
como o incentivo à formação e à capacitação de profissionais e à pesquisa na área.
O § 3º trata dos direitos da pessoa com autismo, são estes:
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I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da


personalidade, a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às
suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento;
IV - o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.

Sabemos que, apesar da extensa gama de terapêuticas voltadas ao atendimento


de crianças autistas, há algumas técnicas que se mostram amplamente aceitas e
divulgadas. Entre elas, o método ABA (Applied Behavior Analysis), Teacch (Treatment
and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children), PECS
(Picture Exchange Communication System).
Tais métodos baseiam-se em práticas comportamentais que por sua vez
apresentam-se como novas configurações de antigas práticas educativas instituídas ainda
ao final do século XVIII, como no célebre caso do selvagem de Aveyron (ITARD, 1994).
Um “disfarce de modernidade” destinado a impor um ideal de cientificidade que
encobre os reais interesses de ordem econômica e ideológicas (MENDENEZ, 2012).
Luciano Elia (2012) atesta a existência de um discurso pseudocientífico que se
apresenta sob o que ele denomina como “medicina do comportamento”, que alia a
Psicologia cognitivo- comportamental com a medicina baseada em evidências
inspirada no modelo neurocientífico.

Para a psicologia comportamental, qualquer investigação ou tratamento de


fenômenos como o autismo implicará a sua redução a padrões
comportamentais em interação com fatores biológicos, ainda que estes
permaneçam na mais completa e vaga imprecisão. Por não distinguir
adequadamente objeto e método, a psicologia comportamental se vê na
injunção de degradar o objeto para manter o seu método que, para ser tido
como “científico”, deve “objetivar” o sujeito e reduzi-lo a repertórios
comportamentais manipuláveis por modelagem experimental. (ELIA; 2012, p.
58)

Os ganhos obtidos na esfera comportamental são consideráveis, permitindo a


aquisição de um bom repertório de comportamentos úteis às suas atividades diárias
e importantes no processo de inclusão social. Porém, se considerarmos, tal como a
psicanálise, que no autismo não se estabeleceu o laço com o Outro primordial
(LAZNIK, 1998) vemos que a questão é mais complexa do que a superficialidade do
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comportamento nos mostra, logo, transformar autistas em indivíduos autômatos


demonstra ser uma forma de adaptá-los a nossa própria lógica e distanciá-los do que
lhes diferenciariam enquanto sujeitos de desejo. A esse respeito Elia afirma:

Entregue às operações da ideologia cientificista da medicina do


comportamento, lastreadas pelo poder incalculável dos lucros da indústria de
psicofármacos, o autismo não conhecerá outro destino senão o da
segregação travestida, como convém, da mais cínica aventura repleta de
proezas no desenvolvimento de “competências sociais”, inclusão, benefícios
sociais junto às políticas públicas de assistência (bolsas, auxílios, ganhos
sociais os mais diversos, garantias de direitos) que não apenas mantêm
intacta a posição do sujeito – como um não-sujeito, um objeto que se crê ativo
e ativado pelo pragmatismo das conquistas no espaço de suas relações na
pólis – como engendram incessante e performaticamente essa posição de
objeto de manipulação social e política (ELIA; 2012, p. 58).

As diferenças com relação ao método Psicanalítico e da Psicologia cognitivo


comportamental não precisariam, a priori, significar práticas excludentes, porém o que
vemos é o rechaço da psicanálise pelos seus detratores e as correntes cognitivo
comportamentais presentes até mesmo no corpo de uma lei. Isto tem efeitos
importantes, principalmente nas políticas públicas que, ao lançar diretrizes sobre as
linhas de cuidado e atenção a criança com autismo, prioriza determinada abordagem
em detrimentos das demais. O Movimento Psicanálise Autismo e Saúde Pública
(MPASP) alerta que no campo da saúde mental não pode haver um reducionismo
dogmático que ignore a complexidade do sofrimento psíquico elegendo uma única
forma de abordagem diante dele, mas sim que se instaure um trabalho em equipe,
possibilitando a articulação na direção de um tratamento interdisciplinar.
É nesta vertente que surge a “Linha de Cuidado para Atenção às Pessoas com
Transtorno do Espectro do Autismo na Rede de Atenção Psicossocial” desenvolvida
pelo Ministério da Saúde em abril de 2013, construída a partir de um amplo debate
entre profissionais de diferentes disciplinas e abordagens teóricas, bem como
profissionais da rede SUS e usuários, respeitando a complexidade implicada no
autismo e a importância de uma atenção interdisciplinar em seu tratamento.
Enfoca na individualidade de cada caso visando à construção de “Projetos
terapêuticos singulares” e à detecção precoce de sinais de risco na constituição
psíquica. Entretanto, apesar do avanço em considerar a subjetividade implicada na
experiência de cada família em torno da questão autista, o discurso recai no que Freud
nos alertava quanto ao Furor Curandis (FREUD, 1915). Face à urgência em ofertar
cura, suprimir as angústias e normatizar os sujeitos, vislumbramos que não há o

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acolhimento da diferença, o que indica que algo no autismo permanece insuportável


e deve ser calado, subsumido, curado por intermédio desse cuidado.
Tal arranjo nos parece ser contrário a um projeto que se supõe a favor da
inclusão do autista enquanto sujeito de direitos na sociedade, na medida em que se
espera dele um desenvolvimento ou mesmo um comportamento conforme as
exigências de um padrão de normalidade. Diante disso, Quinet (2006) nos indica que,
para a psicanálise, a inclusão de que se trata é a inclusão da diferença e conclui: “Por
muito tempo, houve uma foraclusão da inclusão na história da psiquiatria que adotou
o binômio: exclusão e reclusão. [...] Em vez de foracluir a inclusão, trata-se de incluir
a foraclusão”.
Porém, o que podemos depreender do aumento no número de diagnósticos de
autismo é que grande parte das tentativas de intervenção precoce da patologia se
traduzem em conclusões precipitadas que causam efeitos subjetivos importantes para
a criança e cuidadores e isto em favor de uma ação rápida, a fim de minimizar o
agravamento do quadro, sem ao menos dar-se conta de que o diagnóstico por si já é
excludente, posto que exclui o sujeito ao nomeá-lo, limitando as possibilidades de que
se articulem outros significantes que o nomeie no campo do Outro.
“Deficiente”, assim é definido o autista perante a lei. Porém, ressoa em nós a
deficiência da lei quando não garante a materialidade do que propõem. Escuta-se os
pais e sua queixa. No entanto, a psicanálise convoca o sujeito a questionar-se sobre
o próprio desejo. Nesse arranjo, os agentes políticos anseiam legislar cumprindo os
quesitos da participação democrática, os pais falam desde seus narcisismos
parentais. Tais questões ratificam o dever ético de sustentar o lugar da escuta dos
pais no tratamento do autismo, visto que sua mobilização é determinante no curso da
construção de políticas públicas em saúde mental.
A partir do exposto é possível concluir que há diversas motivações subjetivas,
ideológicas e econômicas presentes na luta por direitos de crianças autistas e estas
questões podem inclusive mudar o curso das demandas que se articulam nas
reivindicações parentais, ou seja, tais injunções podem se sobrepor ao que tem a dizer
o autista. Sim, “eles tem algo a dizer, embora não possam falar” (KUPFER, 2012), que
tenhamos dificuldade em escutá-lo não impede que sejam “personagens verbosos”
como afirma Lacan (1985). Tal afirmação convoca os analistas a escutar o que tem a
dizer o autista, ofertando a eles a chance de se constituírem enquanto sujeitos.

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Com Autismo

REFERÊNCIAS

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Disponível em:
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Aline da Costa Jerônimo

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A Inclusão Da Diferença Nas Políticas Públicas De Atenção À Criança Diagnosticada
Com Autismo

INCLUSION OF THE DIFFERENCE IN PUBLIC POLICIES FOR CARE


OF CHILDREN DIAGNOSED WITH AUTISM

ABSTRACT
This article aims to discuss relevant aspects of the main public policies aimed
at autistic individuals. We analyzed Law Nº 12.764 and the "Care Line for Attention to
People with Autism Spectrum Disorder in the Network of Psychosocial Care" based on
the articulation with psychoanalytic theory and particularities of the work in the
institutional scope, which summon the analyst to support his praxis and to assume an
ethical and political position regarding the care and attention guidelines for the child
diagnosed with autism in favor of inclusion of the difference.
KEYWORDS: Psychoanalysis, autism, public policies, inclusion, institution.

Psicanálise & Barroco em revista | v.17, n. 01 | julho de 2019 140


Aline da Costa Jerônimo

L'INCLUSION DE LA DIFFÉRENCE DANS LES POLITIQUES


PUBLIQUES D’ATTETION À L'ENFANT DIAGNOSTIQUÉ AVEC
L'AUTISME

RÉSUMÉ

Cet article vise à discuter des aspects pertinents des principales politiques
publiques visant les personnes autistes. Nous avons analysé la loi n ° 12.764 et la
"Ligne de soins pour les personnes atteintes de troubles du spectre autistique dans le
réseau de soins psychosociaux" en nous appuyant sur la théorie psychanalytique et
les particularités du travail dans le domaine institutionnel qui promeuvent a assumer
une position éthique et politique concernant les directives de soins et d’attention pour
l’enfant chez lequel l’autisme a été diagnostiqué en faveur de l’inclusion de la
différence.
MOTS-CLÉS: Psychanalyse, autisme, politiques publiques, inclusion,
institution.

141 Psicanálise & Barroco em revista | v.17, n. 01 | julho de 2019


A Inclusão Da Diferença Nas Políticas Públicas De Atenção À Criança Diagnosticada
Com Autismo

Recebido em: 22-03-2019


Aprovado em: 02-05-2019

© 2019 Psicanálise & Barroco em revista


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revista@psicanaliseebarroco.pro.br
Programa de Pós-Graduação em Memória Social — UNIRIO.
Memória, Subjetividade e Criação.
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Psicanálise & Barroco em revista | v.17, n. 01 | julho de 2019 142

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