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Recebido em: 27/11/2024

Publicado em:16/12/2024
DOI: 10.33872/conversaspsico.v5n2.e007

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOPEDAGOGIA NO
ATENDIMENTO A CRIANÇA AUTISTA
Aparecida de Fátima de Sá Morais1

RESUMO: O estudo tem como objetivo verificar a relevância do trabalho do


neuropsicopedagogo no trabalho com a criança portadora do transtorno do espectro
autista (TEA), analisando através de uma pesquisa bibliográfica que busca entender a
contribuição da Neuropsicopedagogia na aquisição de novos conhecimentos e de novas
habilidades do aluno com TEA, por entender que a Neuropsicopedagogia é uma grande
aliada a aprendizagem de alunos especiais, por reunir conhecimentos da neurociência,
psicologia e pedagogia. Este estudo torna-se relevante por proporcionar mais pesquisas
nesta área de estudo. Este trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica de
artigos científicos de periódicos na área de estudos, consulta de livros sobre o autismo e
sites de Saúde, Google Acadêmico e o banco de dados da Scientific Eletronic Library
Online – SciELO.

Palavras-chave: Neuropsicopedagogia. Autismo. Aprendizagem. Inclusão.

CONTRIBUTIONS OF NEUROPSYCHOPEDAGOGY IN CARE OF


AUTISTIC CHILDREN

ABSTRACT: This study aims to verify the relevance of the work of the
neuropsychopedagogue in the work with the child with autism spectrum disorder (ASD),
analyzing through a bibliographical research it seeks to understand the contribution of
Neuropsychopedagogy in the acquisition of new knowledge and new ASD student skills,
as it understands that Neuropsychopedagogy is a great ally for learning special students,
as it gathers knowledge from neuroscience, psychology, and pedagogy. This study

1
Pedagoga pela Universidade Estadual de Montes Claros; Especialista em Docência na Educação
Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal do Norte de Minas Gerais; Especialista em
Neuropsicopedagogia Clínica pela Faculdade Venda Nova do Imigrante; e Graduanda do Curso de Terapia
Ocupacional pela UniFatecie. E-mail: cidasaesp@gmail.com
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becomes relevant for providing more research in this area of study. This work was carried
out through a bibliographical research of scientific articles from periodicals in the area of
study, consultation of books on autism and Health websites, Google Scholar and the
database of the Scientific Electronic Library Online - SciELO.

Keywords: Neuropsychopedagogy. Autism. Learning. Inclusion.

INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) representa um desafio complexo para a


sociedade, demandando abordagens multidisciplinares e individualizadas. Neste
contexto, a neuropsicopedagogia emerge como uma área do conhecimento com potencial
significativo para promover o desenvolvimento e a inclusão de crianças e jovens com
TEA.
O objetivo principal deste artigo é analisar as contribuições que a
neuropsicopedagogia pode trazer para o desenvolvimento e a inclusão de crianças e
jovens autistas, com base em uma abordagem de pesquisa bibliográfica. Busca-se
identificar e discutir práticas, estratégias e intervenções neuropsicopedagógicas que
podem ser aplicadas no contexto escolar e terapêutico para favorecer o aprendizado e o
bem-estar de indivíduos com TEA.

MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa foi desenvolvida por meio da metodologia de pesquisa


bibliográfica, visando à análise e compreensão aprofundada do tema em questão. A
pesquisa bibliográfica é uma abordagem que consiste na coleta e análise de informações
já publicadas em livros, artigos, teses e outros documentos acadêmicos, permitindo o
levantamento do estado da arte sobre o assunto abordado.
Para a realização deste estudo, foram selecionadas fontes relevantes e atualizadas,
que abrangem diferentes perspectivas sobre o tema. A busca por materiais foi realizada
em bases de dados acadêmicas, bibliotecas digitais e acervos especializados. Os critérios

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de seleção incluíram a relevância dos autores, a qualidade das publicações e a pertinência
do conteúdo em relação aos objetivos da pesquisa.
As informações coletadas foram organizadas e analisadas criticamente,
permitindo a identificação de padrões, tendências e lacunas na literatura existente. Essa
análise possibilitou uma reflexão mais ampla sobre o tema, contribuindo para a
formulação de novas hipóteses e para o desenvolvimento de discussões fundamentadas.
Além disso, a pesquisa bibliográfica permitiu uma abordagem comparativa entre
diferentes estudos, enriquecendo a compreensão do fenômeno investigado. A partir das
contribuições teóricas encontradas, foi possível estabelecer um referencial sólido para as
argumentações apresentadas ao longo do trabalho.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é um transtorno do


neurodesenvolvimento que se revela de uma forma prematura, a partir da primeira
infância, e promove detrimentos ao desempenho social da criança que o desenvolve.
O DSM – V (APA, 2014) classifica o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no
quadro de Transtornos do Neurodesenvolvimento. E de acordo Brasil (2014) existem
dois principais níveis de entendimento social: o primeiro está relacionado à cognição
devido à dificuldade de comunicação e mutualidade social; o segundo se reporta a
comportamentos limitados e repetitivos.
[...] O comprometimento do Transtorno do Espectro Autista pode ter
classificação de leve a severa, sendo o diagnóstico essencialmente
clínico, a partir de relatos e observações dos pais ao médico
(Nascimento; Cruz e Braun, 2017).

De acordo com a AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA) este tipo


de transtorno causa danos no processamento da informação no cérebro, produzindo
sintomas que incluem dificuldades na interação social e comunicação, interesses restritos,
comportamentos repetitivos, podendo afetar a aprendizagem. Tais sintomas podem
aparecer desde os primeiros anos de vida da criança, sendo mais comum em meninos do

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que em meninas, podendo apresentar-se isoladamente ou em comorbidade com outros
transtornos e doenças.

[...] O Transtorno do Espectro do Autismo afeta o desenvolvimento das


habilidades cognitivas, sociais e comunicativas. As crianças são
diagnosticadas no início da infância, ao perceber atraso da fala, pouco
ou ausência de entrosamento com crianças e até mesmo com os pais e
familiares (Mazzota, 2009).

Estudos revelam um aumento dos casos de autismo nas últimas décadas. O Censo
escolar do Brasil registrou um aumento de 280% no número de estudantes com TEA
matriculados em escolas públicas e particulares apenas no período entre 2017 e 2021. No
Brasil, dados da Organização Mundial da Saúde, sugerem a existência de dois milhões de
autistas, mas esta estimativa é considerada desatualizada. Nos Estados Unidos segundo
os dados estatístico publicados em março de 2020 pelo CDC (Centers for Disease Control
and Prevention — o Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo a prevalência
de autismo: 1 para 54. O aumento é de 10% em relação ao número anterior, de 2014, que
era de 1 para 59.
Com aumento de diagnósticos, os estudos das causas e características do TEA se
transformaram em um tema central da área de neurodesenvolvimento. O ensinar e o
aprender passam a ser um os grandes desafios da educação contemporânea para a escola
e para a família no que diz respeito à inclusão de estudantes com Transtorno do Espectro
Autista (TEA).
[...] As investigações referentes às crianças com diagnóstico do
Transtorno do Espectro Autista (TEA) cresceram consideravelmente
nos últimos anos, de modo a intensificar a compreensão etiológica,
sintomatológica e terapêutica. Nesse sentido, há uma modificação na
significação dada para este grupo da sociedade, de modo a criar
medidas que possibilitem a inclusão deste nos mais variados contextos
da sociedade (Gonçalves, 2017).

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) exige abordagens terapêuticas


individualizadas e flexíveis. Diante da complexidade do TEA, a busca por intervenções
eficazes que promovam o desenvolvimento e a inclusão social de indivíduos com autismo
tem sido um dos principais desafios da área da saúde.

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Conhecer as características individuais de cada criança autista torna-se o primeiro
passo para traçar estratégias de aprendizagem e avaliação, pois é a partir das necessidades
pessoais, da sua realidade e vivência, que é possível proporcionar novas oportunidades
de experiência e novos conhecimentos.
A heterogeneidade das manifestações clínicas do TEA exige abordagens
terapêuticas e educacionais individualizadas e eficazes. Neste contexto, a
neuropsicopedagogia emerge como uma área do conhecimento com potencial
significativo para promover o desenvolvimento e a inclusão de crianças e jovens com
TEA.

[...] A Neuropsicopedagogia surge como sendo uma ciência


transdisciplinar que reúne conhecimentos das áreas da
neurociência cognitiva, a pedagogia e a psicologia. A
neurociência ligada à educação em termos gerais, é o estudo
de como o cérebro aprende. É o entendimento de como as
redes neurais são submetidas no momento da aprendizagem,
bem como de que maneira os estímulos chegam ao cérebro,
de forma como as memórias se consolidam e de como temos
acesso a essas informações armazenadas. Os alicerces dessa
prática neuropsicopedagógica são as teorias e as estratégias
de ensino-aprendizagem. As metodologias utilizadas nessa
prática terão que levar em consideração vários pontos como o
estímulo perceptivo desde os primeiros anos de vida até os
sete anos de idade, como forma de prevenção de sintomas que
possam ser confundidos com síndromes, transtornos e demais
anomalias, auxiliando assim a formatação e programação
correta das redes neurais da criança. Visa também o estímulo
perceptivo e intelecto emocional de crianças e adolescentes
com dificuldades cognitivas visando a redução de sintomas
com base na plasticidade cerebral (Vasconcelos, 2019).

Para Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar,


fundamentada nos conhecimentos da neurociência aplicada a educação, com interfaces
da Psicologia e Pedagogia, que tem como objetivo formal de estudo a relação entre
cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e
escolar.
A neuropsicopedagogia surgiu a partir da necessidade de tratar e precaver as
especificidades dos alunos, de forma interdisciplinar, com testes e pesquisas. Ela veio da
necessidade de fundamentar cientificamente as questões cognitivas, ainda nebulosas e
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limitadas à compreensão dos profissionais da educação, mas já muito exploradas pela
área da saúde, como a Psiquiatria e a Pediatria.
A primeira turma no Brasil, de Neuropsicopedagogia foi ofertada em 2008 no
Centro Nacional de Ensino Superior, Pesquisa, Extensão, Graduação e Pós-Graduação
(CENSUPEG), em Santa Catarina. A formação nesta área traz conhecimentos que
possibilitam o entendimento de como se processa a aprendizagem de cada indivíduo
promovendo evoluções nas perspectivas educacionais e ratificando que todo tem
capacidade para aprender, mas cada um tem sua maneira peculiar de fazê-lo.
De acordo com a RESOLUÇÃO SBNPp n°05 de 12 de abril de 2021, que dispõe
sobre o CÓDIGO DE ÉTICA TÉCNICO PROFISSIONAL DA
NEUROPSICOPEDAGOGIA e suas alterações a formação educacional do
Neuropsicopedagogo deve ser ministrada por IES (Instituição de Ensino Superior)
devidamente credenciada por órgãos competentes, de acordo com a legislação em vigor
do Ministério da Educação –MEC, seguindo nomenclatura determinada pela CBO para
cada código.
A neuropsicopedagogia tem como um de seus pilares o entendimento do
funcionamento cerebral e como esta influência o processo de aprendizagem. No caso de
crianças e jovens com TEA, a neuropsicopedagogia, oferece estratégias que podem ser
adaptadas às particularidades cognitivas e sensoriais desses indivíduos. As estratégias
terapêuticas devem ser traçadas pelo neuropsicopedagogo somente após uma avaliação
clínica das potencialidades da criança. Para a avaliação são usados instrumentos
especificamente padronizados e com comprovação cientifica.
[...] A Neuropsicopedagogia clínica faz uso de instrumentos
especificamente padronizados para a avaliação das funções do
cérebro, habilidades no processamento das atenções,
informações, memória, percepção, abstração, linguagem,
raciocínio, aprendizagem, habilidades acadêmicas,
processamento de informações, viso construção, afeto,
funções motoras e executivas atuando no diagnostico, no
tratamento, na pesquisa da cognição, das emoções, da
personalidade e do comportamento para melhor entender o
funcionamento do cérebro (Menezes et al., 2019)

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Na avaliação o neuropsicopedagogo dispõe de uma vasta gama de instrumentos e
técnicas para auxiliar no desenvolvimento e aprendizagem de seus pacientes,
especialmente aqueles com necessidades específicas como o Transtorno do Espectro
Autista (TEA). A escolha dos instrumentos é personalizada e depende de uma avaliação
criteriosa que considere o perfil neuropsicológico do indivíduo, suas dificuldades e seus
pontos fortes.
Contudo, o profissional da Neuropsicopedagogia deve se orientar à quais
protocolos e testes podem ser utilizados em suas avaliações, pois existem testes
padronizados privativos para psicólogos e fonoaudiólogos. Sobre isso, a Nota Técnica n°
02/2017 afirma que o neuropsicopedagogo deve consultar o site http://satepsi.cfp.org.br/,
no item instrumentos não privativos de psicólogos, e verificar os instrumentos (testes,
escalas) que estão favoráveis ao uso, pois há possibilidade do teste/escala ser considerado
desfavorável em determinado momento para reestudo. Segundo o código de ética
profissional do psicólogo o termo NÃO PRIVATIVO, trata-se de instrumento que pode
ser utilizado tanto pela Psicologia quanto por outras profissões.
Através de testes neuropsicológicos, escalas comportamentais e observação
clínica, o neuropsicopedagogo realiza uma avaliação detalhada, identificando as áreas
que requerem maior atenção e as habilidades a serem desenvolvidas. Após, a avaliação e
de acordo com os resultados é elaborado um plano de atendimento individual e acordado
a intervenção.
Menezes et al (2019) enfatiza que para um desenvolvimento pleno da
aprendizagem, o autista necessita de uma intervenção estruturada, com organização do
espaço, material, atividades e rotinas de trabalhos bem elaborados, amparados de apoio
visual.
Entre os diversos instrumentos de intervenção utilizados pelo
neuropsicopedagogo no atendimento nos casos TEA, destaca-se o ABA, cujo objetivo é
desenvolver habilidades e comportamentos que uma pessoa com TEA não possui.

[...] A terapia ABA, criada em 1968 por uma abordagem da psicologia,


tem tido grandes resultados, pois “recorre-se” à observação e à
avaliação do comportamento do indivíduo, no sentido de potencializar

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a sua aprendizagem e promover o seu desenvolvimento e autonomia
(Neto et al., 2013)

A Análise Aplicada do comportamento- ABA é uma abordagem da psicologia que


é usada para a compreensão do comportamento e vem sendo amplamente utilizada no
atendimento a pessoas com autismo. A popularidade do método é compreensível, uma
vez que os sintomas do transtorno, de modo geral, comprometem as atividades da vida
diária e rotina social, sendo necessário “ensinar” comportamentos básicos, desde a
resposta a cumprimentos até os cuidados de higiene pessoal e segurança, por exemplo.
O método ABA envolve o ensino intensivo e individualizado das habilidades
necessárias para que o indivíduo possa adquirir independência e a melhor qualidade de
vida possível. Dentre as habilidades ensinadas incluem-se comportamentos sociais, tais
como contato visual e comunicação funcional; comportamentos acadêmicos, tais como
pré-requisitos para leitura, escrita e matemática; além de atividades da vida diária como
higiene pessoal.
Segundo Lovaas (2002), parte do sucesso da terapia ABA está ligada à sua
compreensão do autismo não como uma doença ou um problema a ser corrigido, mas
como um conjunto de comportamentos que podem ser desenvolvidos por meio de
procedimentos de ensino especiais.
Outro meio terapêutico elaborado especialmente, para alunos autistas é o
programa TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication
Handicapped Children), que é um programa transdisciplinar de tratamento e educação
para crianças autistas, criado em 1964, na Universidade do Norte da California.
Para Santos (2005) esse programa tem como base o contexto da criança para que
ela possa construir uma visão do mundo e de si mais coerente possibilitando o seu
desenvolvimento e ajudando a diminuir a ansiedade. Além disso, esse programa de ensino
utiliza como recursos para a aprendizagem padrões visuais em suas atividades e jogos.
As intervenções neuropsicopedagógicas no TEA estão atreladas ao processo de
avaliação onde as mesmas direcionam as metodologias interventivas. Além dos
programas de estimulação, o profissional da Neuropsicopedagogia, deve planejar
sessões lúdicas, com jogos e atividades que despertem o interesse da criança,

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contribuindo assim, para o desenvolvimento das funções executivas de forma
integrativa com as funções cognitivas e conativas. Por meio da aplicação de
intervenções neuropsicopedagógicas, é possível potencializar o desenvolvimento das
funções executivas, habilidades sociais e linguísticas, além de promover a regulação
emocional e comportamental.
A aprendizagem de crianças com TEA ainda é um desafio para muitos, pois
requer o conhecimento personalizado de como o cérebro de cada aluno aprende, quais
são as suas capacidades e limitações. Com isso, traçar estratégias terapêuticas e
curriculares que favoreçam o aprendizado, além de contribuir para a diminuição da
ansiedade, buscando adaptações curriculares a partir de sua vivência e das
habilidades já adquiridas.
Cada vez mais tem se intensificado os estudos aliados a neurociência, a
psicologia e a educação, com o intuito de alcançar maneiras eficazes de impulsionar
o aprendizado. Com isso, o trabalho neuropsicopedagógico propõe a criação de
estratégias e utilização de recursos visuais, tecnológicos, musicoterápicos, ou outros
que se adequem ao perfil da criança, a fim de potencializar as habilidades,
proporcionar novas aprendizagens e maximizar as chances de aprendizagem da
criança especial.
A atuação do neuropsicopedagogo é um trabalho com novos propósitos dentro do
desenvolvimento humano, usando técnicas de estímulos para desenvolver a
aprendizagem, não se concentrando apenas no desenvolvimento intelectual do sujeito,
mas também em seu desenvolvimento social e emocional, levando em consideração sua
individualidade, habilidades, limitações, além de suas relações familiares.

CONCLUSÃO

A aprendizagem de crianças com TEA ainda é um desafio para muitos, pois


requer o conhecimento personalizado de como o cérebro de cada aluno aprende, quais
são as suas capacidades e limitações. Com isso, traçar estratégias terapêuticas e
curriculares que favoreçam o aprendizado, além de contribuir para a diminuição da
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ansiedade, buscando adaptações curriculares a partir de sua vivência e das
habilidades já adquiridas.
A aprendizagem de alunos especiais requer flexibilidade e adaptações
curriculares por parte dos professores. É possível realizar adaptações personalizadas
que contribuam para a inclusão e o conhecimento destes alunos, com atividades
visuais e estratégicas, que ajudem o aluno a compreender o que é esperado dele.
As contribuições da neuropsicopedagogia para o desenvolvimento e a inclusão
de crianças autistas são significativas e multifacetadas. Através da integração de
conhecimentos das áreas de psicologia, neurociência e pedagogia, essa abordagem
permite uma compreensão mais profunda das particularidades do aprendizado e do
comportamento dos indivíduos autistas, possibilitando a criação de estratégias
educativas adaptadas às suas necessidades específicas. Após uma avaliação
Neuropsicopedagógica, é possível obter dados do aluno com TEA e realizar um
planejamento de atividades e métodos que favoreçam o desenvolvimento de suas
habilidades.
A pesquisa evidenciou que a neuropsicopedagogia não apenas facilita a
identificação das habilidades cognitivas e emocionais das crianças autistas, mas
também promove intervenções personalizadas. Conclui-se que a
Neuropsicopedagogia contribui de forma muito importante nos casos do TEA, ao
atuar junto com uma equipe multiprofissional realizando atividades, métodos
avaliativos possibilitando e objetivando o melhor desenvolvimento das intervenções
dos aspectos cognitivos, linguístico e social.
Contudo, é importante ressaltar que, esse estudo não esgota a discussão sobre
o tema, e novas pesquisas e implementações práticas são necessárias para aprimorar
e expandir o conhecimento nessa área. Sugerem-se ações como a capacitação de
educadores, a inclusão da Neuropsicopedagogia nos projetos pedagógicos dos cursos
superiores e a colaboração entre governantes e profissionais da educação para
promover uma educação mais eficiente e igualitária para todos os alunos.

REFERÊNCIAS

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