Modelo Peticao Inicial Acao Revisional Cartao de Credito
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INTROITO
( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)
A parte Autora não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma vez
que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas
processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.
Destarte, o Demandante ora formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por
declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do
CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório
acostado.
( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)
A parte Promovente opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319,
inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta (CPC, art. 247, caput)
para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c
§ 5º).
I – EXPOSIÇÃO DOS FATOS
O Promovente celebrou com a Ré pacto de adesão a Contrato de Cartão de Crédito, o
qual detém o nº. ..., onde se acertou que:
“7. As relações entre o titular da conta e a ... são regidas por contrato registrado nos
Cartórios de Registro de Títulos e Documentos de ....”(disposições insertas no verso das
faturas . ... – cópia anexa)
Deduz-se, de antemão, que o Autor não tivera conhecimento prévio do teor
completo do pacto firmado, o que será debatido em linhas posteriores, no tocante à
anomalia encontrada em tal conduta.
Durante longo período da utilização do cartão de crédito, o Promovente pagara juros
moratórios indevidos e, sobretudo, encargos remuneratórios que afrontam o texto da
lei. O resultado não poderia ser outro: o fatídico desfecho de sua inadimplência que
agora se encontra.
Colhe-se, a título de exemplo, do extrato ora acostado (doc. ...), que a Promovida,
abusivamente, chegou a cobrar taxas mensais de quase ...%( ...) ao mês, muito
além do que legalmente permitido.
Ademais, a Ré, numa atitude severa e ríspida, inseriu o nome do Autor nos órgãos de
restrições, numa manobra corriqueira de tentar, pela via reflexa, levá-lo a pagar seu
débito diante desta cobrança abusiva e humilhante.
Com efeito, de toda pertinência a avaliação judicial da relação contratual em estudo,
maiormente para apurar a cobrança ilegal dos encargos aqui evidenciados.
II – MÉRITO
DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS CONTROVERTIDAS - CPC, art.
330, § 2º
Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes é de empréstimo,
razão qual o Autor, à luz da regra contida no art. 330, § 2º, da Legislação Adjetiva
Civil, cuida de balizar, com a exordial, as obrigações contratuais alvo desta
controvérsia judicial.
O Promovente almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar os encargos
contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela gravitará com a
pretensão de fundo para:
( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados diários;
Fundamento: ausência de ajuste expresso nesse sentido e onerosidade excessiva.
( b ) reduzir os juros remuneratórios;
Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.
( c ) excluir os encargos moratórios;
Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos
contratuais ilegalmente durante o período de normalidade;
( d ) excluir a cobrança de registro de cadastro;
Fundamento: ausência de autorização contratual expressa;
( e ) excluir a cobrança de encargos moratórios, remuneratório e comissão de
permanência;
Fundamento: colisão as súmulas correspondentes do STJ
Dessarte, tendo em conta as disparidades legais supra-anunciadas, o Promovente
acosta planilha provisória com cálculos (doc. ...) que demonstra, por estimativa, o
valor a ser pago:
( a ) Valor da obrigação ajustada no contrato R$ ... (...);
( b ) valor controverso estimado da parcela R$ ... (...);
( c ) valor incontroverso estimado da parcela R$ ... (...).
Nesse compasso, com supedâneo na regra processual ora invocada, o Autor requer
que Vossa Excelência defira o depósito, em juízo, da parte estimada como controversa.
Por outro ângulo, pleiteia que a Promovida seja instada a acatar o pagamento da
quantia estimada como incontroversa, acima mencionada, a qual será paga junto à Ag.
... do banco emissor do cartão, no mesmo prazo contratual avençado.
No tocante ao depósito, feito por estimativa de valores, maiormente no caso em
espécie onde a relação contratual em espécie se originou nos idos de ..., sem qualquer
sombra de dúvidas para se apurar os valores é uma tarefa que requer extremada
capacidade técnica. Além disso, isso demandaria no mínimo um mês de trabalho
com um bom especialista da engenharia financeira ou outra área equivalente. E,
lógico, um custo elevadíssimo para a confecção desse laudo pericial particular.
Nesse aspecto, há afronta a disposição constitucional de igualdade entre os litigantes
e, mais ainda, ao princípio da contribuição mútua entre todos envolvidos no processo
judicial (CPC, art. 6º) e da paridade de tratamento (CPC, art. 7º). Quando o autor da
ação é instado a apresentar cálculos precisos e complexos com sua petição inicial,
como na hipótese, afasta-o da possibilidade de se utilizar de um auxiliar da Justiça
(contador) que poderia fazer justamente esse papel, e muito bem desempenhado
(CPC, art. 149). Assim, no mínimo é essencial que se postergue essa tarefa de
encontrar o valor correto a depositar (se ainda tiver) para quando já formada a
relação processual.
Ilustrativamente convém evidenciar o seguinte julgado:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL.
Contrato de abertura de crédito em conta corrente (cheque especial) e contrato giro
parcelado (pré-fixado). Decisão que indeferiu a antecipação dos efeitos da tutela.
Proibição da inscrição do nome da agravante nos órgãos de proteção ao crédito.
Pretensão condicionada ao preenchimento dos requisitos necessários, dispostos no
art. 273, do código de processo civil [CPC/2015, art. 300]. Depósito incidental dos
valores incontroversos. Desnecessidade. Impossibilidade de se aferir o quantum
debeatur. Possibilidade de averiguação da verossimilhança das alegações. Recurso
provido. "Para a vedação da inscrição do nome do devedor nos órgãos de proteção ao
crédito deve-se ter, necessária e concomitantemente, a presença desses três
elementos: 1) ação proposta pelo devedor contestando a existência integral ou parcial
do débito; 2) haja efetiva demonstração de que a contestação da cobrança indevida se
funda na aparência do bom direito; 3) depósito do valor referente à parte tida por
incontroversa do débito ou caução idônea, ao prudente arbítrio do magistrado. Em
ação revisional de contrato de abertura de crédito em conta corrente, quando,
como na hipótese vertente, manifestar-se a impossibilidade de se aferir o
quantum debeatur, admissível vedar-se a inscrição do correntista nos cadastros de
proteção ao crédito, sem necessidade de depósito dos valores incontroversos ou
prestação de caução. (TJSC; AI 2013.043498-8; Itajaí; Terceira Câmara de Direito
Comercial; Rel. Des. Paulo Roberto Camargo Costa; Julg. 23/01/2014; DJSC
30/01/2014; Pág. 85)
Todavia, cabe aqui registrar o magistério de Nélson Nery Júnior, o qual,
acertadamente, faz considerações acerca da norma em espécie, chegando a evidenciar
que isso bloqueia o à Justiça, verbis:
“18. Bloqueio do acesso à Justiça e igualdade.
É interessante notar que a previsão constante desses dois parágrafos se aplica apenas
a ações envolvendo obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou
alienação de bens. Mas por que isso se aplica apenas a esses casos? Ainda, pode
ocorrer de o autor não ter condições de quantificar o valor que pretende discutir, bem
como o valor incontroverso, já no momento da propositura da ação. A petição inicial
deve, portanto, ser indeferida, em detrimento do acesso à Justiça? Neste último caso,
nada impede que a discriminação cobrada por estes parágrafos seja feita quando da
liquidação da sentença (cf. Cassio Scarpinella Bueno. Reflexões a partir do art. 285-B do
CPC [RP 223/79]). Vale lembrar ainda que o § 3º é mais um exemplo de norma
constante do CPC que disciplina questões não ligadas ao processo civil. Essa
desorganização, se levada adiante, pode fazer com que tais exemplos se multipliquem,
dificultando a sistematização e a lógica processuais.” (in, Comentários ao Código de
Processo Civil. São Paulo: RT, 2015, p. 904).
A ratificar os fundamentos acima mencionados, urge evidenciar diversos julgados
acolhendo o pleito de depósito do valor incontroverso, esse delimitado pelo Autor
com a inaugural, verbis:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA CONTRATUAL.
DEPÓSITO JUDICIAL DAS PARCELAS NO VALOR INCONTROVERSO.
POSSIBILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 285-
B DO CPC[CPC/2015, art. 330, § 2º]. RECURSO NÃO PROVIDO.
Com a entrada em vigor do artigo 285-B do CPC [CPC/2015, art. 330, § 2º], nos litígios
que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou
arrendamento mercantil, o autor-devedor deverá continuar pagando o valor
incontroverso. Assim, pode o devedor depositar judicialmente as parcelas, no valor
que entende devido, enquanto perdurar a ação revisional das cláusulas contratuais.
No entanto, esse depósito não elide ou suspende a mora. (TJMG; AI 1.0702.14.088637-
6/001; Rel. Des. Marcos Lincoln; Julg. 25/03/2015; DJEMG 31/03/2015)
AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA CONTRATUAL COM PEDIDO DE TUTELA
ANTECIPADA. PRETENSÃO DO AGRAVANTE À CONSIGNAÇÃO DAS PARCELAS
MENSAIS NO VALOR INCONTROVERSO. INDEFERIMENTO EM PRIMEIRO GRAU.
POSSIBILIDADE DOS DEPÓSITOS. INOVAÇÃO INTRODUZIDA PELO ARTIGO 285-B
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL [CPC/2015, art. 330, § 2º]. Reflexos da conduta do
recorrente, entretanto, que correrão por sua conta e risco, inclusive no que toca aos
efeitos da mora. Recurso parcialmente provido. (TJSP; AI 2010316-
19.2015.8.26.0000; Ac. 8240939; Itapetininga; Vigésima Segunda Câmara de Direito
Privado; Rel. Des. Sérgio Rui; Julg. 26/02/2015; DJESP 05/03/2015)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO.
Decisão que indeferiu pedido de depósito dos valores incontroversos e não
determinou que a ré se abstenha de negativar o nome do autor ou ajuizar ação de
busca e apreensão. Inconformismo. Reconhecimento da possibilidade de depósitos
parciais. Inteligência do art. 285-B do Código de Processo Civil [CPC/2015, art. 330, §
2º]. Consignação das parcelas a menor, porém, que não impedirá a caracterização da
mora, com os efeitos dela decorrentes. Valores que se mantêm devidos na sua
integralidade, ante a ausência, em sede de cognição sumária, de verossimilhança na
alegação de abusividade das cobranças questionadas. Direito de ação, ademais, que é
garantido constitucionalmente. Decisão reformada em parte. Agravo parcialmente
provido. (TJSP; AI 2207874-33.2014.8.26.0000; Ac. 8161535; Praia Grande; Vigésima
Segunda Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Hélio Nogueira; Julg. 29/01/2015;
DJESP 04/02/2015)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO. ART.
285-B DO CPC[CPC/2015, art. 330, § 2º]. EMENDA INICIAL. ATENDIMENTO.
IMPUGNAÇÃO DOS ENCARGOS CONSIDERADOS ABUSIVOS E QUANTIFICAÇÃO DO
VALOR INCONTROVERSO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. DESCABIMENTO.
Constante da inicial a indicação das cláusulas abusivas, com a quantificação do valor
incontroverso, bem como anexado cópia do contrato, incorreta a extinção do feito sem
julgamento de mérito, por atender os requisitos do art. 285-B do CPC[CPC/2015, art.
330, § 2º]. (TJMG; APCV 1.0024.13.343946-3/001; Relª Desª Aparecida Grossi; Julg.
01/07/2015; DJEMG 10/07/2015)
DIREITO CONSTITUCIONAL E DO CONSUMIDOR. CONTRATO BANCÁRIO.
DEPÓSITO DE PARCELAS INCONTROVERSAS. CONCESSÃO DE TUTELA
ANTECIPADA. POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
1 Na hipótese, o fundado receio de dano irreparável decorre da possível debilidade
creditícia oriunda da inserção do nome do demandante nos serviços de proteção ao
crédito e a eventual busca e apreensão do bem em litígio. 2 Além da propositura
antecipada da ação revisional, o agravante se utilizou de meio lícito e idôneo para
afastar os efeitos da mora, que no caso, consiste em pretender depositar em juízo os
valores incontroversos das parcelas vencidas e vincendas, o que basta para
comprovar a existência de verossimilhança no alegado. 3 É cediço que o exame do
débito financiado em ação revisional, intentada previamente à ação de busca e
apreensão, é apto a possibilitar o depósito mensal das importâncias entendidas como
devidas, conforme requerimento do devedor para fins de purgação da mora, uma vez
que não acarretará nenhum prejuízo aos litigantes, em virtude da possibilidade de ser
executada em momento ulterior a diferença de valores porventura existentes, o que
impõe a manutenção da decisão ora adversada. 4 Recurso conhecido e desprovido.
(TJCE; AG 062840045.2014.8.06.0000/50000; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Clécio
Aguiar de Magalhães; DJCE 03/02/2015; Pág. 2)
Ademais, é de toda conveniência revelar aresto no sentido da possibilidade do valor
incontroverso ser menor que aquele pactuado, a saber:
REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PRETENSÃO DO AGRAVANTE À
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE PARCELAS MENSAIS EM VALOR INFERIOR AO
PACTUADO. POSSIBILIDADE. ARTIGO 285-B, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC.
[CPC/2015, art. 330, § 2º]
Discussão do contrato celebrado para efetuar depósito de valor mensal menor que o
pactuado, sem a inclusão de seu nome junto aos órgãos de proteção ao crédito. Súmula
nº 380 do STJ. Existindo a mora, é direito do credor adotar as medidas cabíveis para
evitar a inconstitucional vedação de seu acesso à jurisdição. Inteligência dos artigos
273 do CPC[CPC/2015, art. 294], 5º, inciso XXXV, da CF, 585, parágrafo 1º, do CPC e
43, parágrafos 1º e 4º, do CDC. Decisão mantida. Recurso improvido, com ressalva.
(TJSP; AI 2041259-53.2014.8.26.0000; Ac. 7497668; Jundiaí; Vigésima Segunda
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Sérgio Rui; Julg. 10/04/2014; DJESP
22/04/2014)
APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL DE
CONTRATOS BANCÁRIOS DIVERSOS.
1. Admissibilidade recursal. 1.1. Tarifas bancárias. Questão estranha ao contexto da
lide, na medida em que ausente discussão a respeito desse tema no presente feito.
Matéria não incluída na causa de pedir inicialmente deduzida pelo autor. Interesse
recursal não evidenciado no ponto. Recurso do réu não conhecido nesse tópico. 1.2.
Comissão de permanência. A parte não possui interesse recursal quando requer a
reforma da decisão para obter vantagem que já lhe foi concedida no pronunciamento
recorrido. Recurso do autor não conhecido no ponto. 2. Código de Defesa do
Consumidor. Aplica-se, na espécie, o Código de Defesa do Consumidor. 3. Juros
remuneratórios. 3.1. Inexiste abusividade na cobrança de juros remuneratórios
superiores a 12% ao ano, considerando os percentuais usualmente praticados no
mercado. Precedentes do STJ. 3.2. No caso concreto, devida a redução dos juros à
média do mercado financeiro em um dos cartões de crédito controvertidos, por
exceder significativamente à taxa média divulgada pelo Banco Central do Brasil para
operações de cheque especial, parâmetro observado, na espécie, por analogia. A
respeito do outro pacto em discussão, porque ausente documento que indique as
taxas praticadas, os juros devem ser igualmente limitados à taxa média de mercado
registrada pelo BACEN. 4. Capitalização de juros. 4.1. Conforme orientação do RESP nº
973.827/RS, para os contratos bancários posteriores à medida provisória nº 1.963-17,
publicada em 31 de março de 2000 (atual MP nº 2.170-36/2000), admite-se a
incidência da capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano, desde que
expressamente pactuada ou, ainda, se a taxa de juros anual for superior ao
duodécuplo da mensal. 4.2. Caso concreto em que é possível verificar, nas cláusulas
padronizadas dos cartões de crédito, estipulação expressa de capitalização mensal dos
juros, razão por que se impõe mantê-la. No outro ajuste discutido, contudo, diante da
falta de informações sobre as taxas de juros e sua forma de capitalização, admite-se
apenas a capitalização anual dos juros, que é a regra geral para os contratos bancários.
5. Comissão de permanência. Somente é permitida a comissão de permanência
quando expressamente prevista e não cumulada com encargos moratórios. Verificada
a cobrança cumulativa, deve ser cobrada unicamente a comissão de permanência,
limitada à taxa contratada, se for menor que a taxa média ou dela não discrepar
significativamente. Ausente demonstração de contratação da comissão de
permanência, inviável sua cobrança. 6. Repetição do indébito/compensação. Se houve
pagamento a maior, considerando a solução tomada no processo judicial, são devidas
a compensação e a repetição do indébito, nos termos dos artigos 368 e 876 do CCB. 7.
Inscrição em cadastros restritivos e mora. Reconhecida a abusividade
descaracterizada a mora do devedor, ficando vedada a inscrição ou manutenção do
seu nome em cadastros de restrição ao crédito. 8. Depósito em juízo. Não há óbice à
realização de depósitos de parcelas incontroversas pelo autor, desde que por
sua conta e risco e sem efeito liberatório. Valores consignados que poderão ser
posteriormente compensados com o saldo a ser apurado em liquidação.
Apelações parcialmente conhecidas e, nessa extensão, providas em parte. (TJRS; AC
0478544-39.2014.8.21.7000; Caxias do Sul; Vigésima Terceira Câmara Cível; Rel. Des.
Carlos Eduardo Richinitti; Julg. 31/03/2015; DJERS 09/04/2015)
Com esse exato enfoque são as lições de Guilherme Rizzo Amaral, ad litteram:
““Regra mais delicada é a inserida no § 3º, do art. 330, que prevê o dever do autor em
continuar pagando o valor incontroverso no tempo e modo contratados. Sua
interpretação deve ser restrita. Nenhuma consequência advirá para o autor e sua
ação revisional caso ele deixe de pagar o valor incontroverso, especialmente
porque eventuais dificuldades financeiras não podem obstar o acesso à via
jurisdicional. O que a norma em comento determina é que o simplesmente
ajuizamento da ação revisional não serve para justificativa para a suspensão da
exigibilidade do valor incontroverso.” (in, Comentários às alterações do novo CPC. São
Paulo: RT, 2015, p. 447).
De igual modo é desnecessário o pagamento de valores prévios ao ajuizamento da
ação revisional, o que se depreende do julgado abaixo:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO.
INDEFERIMENTO DA INICIAL. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ARTIGO
285-B DO CPC. COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS ANTERIORES
AO AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRESCINDIBILIDADE. QUESTÃO QUE AFETA
APENAS A AFERIÇÃO DA ELISÃO DA MORA PELA PARTE AUTORA E NÃO AS
CONDIÇÕES DA AÇÃO. ERROR IN PROCEDENDO. SENTENÇA CASSADA.
1. O artigo 285-b, caput, do código de processo civil[CPC/2015, art. 330, caput] dispõe
que. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de empréstimo,
financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar na petição
inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter,
quantificando o valor incontroverso. Seu parágrafo 1º[CPC/2015, art. 330, § 1º]
acrescenta que. O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no tempo e modo
contratados. 2. O referido artigo visa tão somente obrigar a parte a apontar clara e
precisamente a causa de pedir das ações revisionais, declarando qual a espécie e o
alcance do abuso contratual que fundamenta sua ação, bem como explicitar a
inadmissão do depósito judicial do valor incontroverso das obrigações contratuais. 3.
Tal artigo, não impõe a comprovação do pagamento das parcelas anteriores ao
ajuizamento da ação ou o mesmo o efetivo pagamento do valor incontroverso como
condição de procedibilidade da ação revisional. Caso assim o fizesse, implicaria em
nítida ofensa ao princípio constitucional do livre acesso ao poder judiciário, previsto
no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, pois impediria que o consumidor
inadimplente e sem condições de promover o pagamento das prestações contratadas,
de discutir em juízo a legitimidade dos valores que lhe estão sendo exigidos, por vícios
insertos no contrato em que a obrigação inadimplida foi convencionada. 4. A não
comprovação, do pagamento das prestações anteriores ao ajuizamento da ação
revisional de contrato bancário, e a ausência de continuidade do pagamento dos
valores vincendos tidos como incontroversos, não sendo circunstância que possa
mitigar o direito constitucional de ação, resulta apenas na impossibilidade de ser
elidida a mora do consumidor, pelo simples ajuizamento da pretensão revisional, não
se tratando de circunstância que autorize a extinção do processo sem o julgamento
dos pedidos deduzidos em juízo, volvidos a infirmar as disposições contidas no
instrumento contratual. 5. In casu, sendo desnecessária a comprovação do pagamento
das parcelas contratadas a fim de se constatar as condições de procedibilidade da ação
revisional de contrato bancário ajuizada pela autora, a extinção do processo pelo
indeferimento da petição inicial representa error in procedendo, devendo ser cassada
a sentença recorrida. 6. Apelação conhecida e provida. Sentença cassada. (TJDF; Rec
2014.09.1.019627-6; Ac. 846.624; Rel. Des. Alfeu Machado; DJDFTE 20/02/2015; Pág.
317)
A SITUAÇÃO EM DEBATE NÃO É CASO DE IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DOS
PEDIDOS - CPC, art. 332
É de toda conveniência ofertarmos considerações acerca da impossibilidade de
julgamento de improcedência liminar dos pedidos aqui ofertados.
Existem inúmeras súmulas e outros precedentes sobre temas mais diversos de Direito
Bancário, seja no aspecto remuneratório, moratório e até diversos enlaces contratuais.
E isso, aparentemente, poderia corroborar um entendimento de que as pretensões
formuladas nesta querela afrontariam os ditames previstos no art. 332 do Código de
Processo Civil. É dizer, por exemplo, por supostamente contrariar súmula do STF ou
STJ, ou mesmo acórdãos proferidos em incidente de resolução de demandas
repetitivas. Não é o caso, todavia.
( i ) Não há proximidade entre os fundamentos abordados e súmulas e/ou ações
repetitivas
Os temas ventilados na exordial, como causas de pedir, não têm qualquer identidade
com as questões jurídicas tratadas nas súmulas que cogitam de assuntos bancários. E
isso se faz necessário, obviamente.
Empregando o mesmo pensar, vejamos o magistério de José Miguel Garcia Medina:
“V. .... E a precisão da sentença de improcedência liminar, fundada em enunciado
de súmula ou julgamento de casos repetitivos. A rejeição liminar do pedido, por
ser medida tomada quando ainda não citado o réu, apenas com supedâneo no que
afirmou o autor, é medida excepcional, a exigir cautelar redobrada do magistrado
sentenciante. Tal como o enunciado de uma súmula, p. ex., não pode padecer de
ambiguidade (cf. comentário supra), exige-se da sentença liminar de improcedência
igual precisão: deverá o juiz identificar os fundamentos da súmula (ou do julgamento
de caso repetitivo) e apresentar os porquês de o caso em julgamento se harmonizar
com aqueles fundamentos (cf. art. 489, § 1º, V do CPC/2015). “ (in, Novo Código de
Processo Civil Comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 554).
Com efeito, inexistindo identidade entre os temas, inadmissível o julgamento de
improcedência liminar.
( ii ) A hipótese em estudo requer a produção de provas
A situação em vertente demanda que sejam provados fatos, quais sejam: a cobrança
(ocorrência de fato) de encargos ilegais no período de normalidade, os quais, via
reflexa, acarretaria na ausência de mora.
Sustenta-se, como uma das teses da parte autora, que, ao revés de existir a cobrança
de juros capitalizados mensais há, na verdade, cobrança de juros capitalizados
diariamente. E isso, como será demonstrado no mérito, faz uma diferença gigantesca
na conta e, sobretudo, uma onerosidade excessiva.
Não é o simples fato de existir, ou não, uma cláusula mencionando que a forma de
capitalização é mensal, bimestral, semestral ou anual, seria o bastante. Claro que não.
É preciso uma prova contábil; um expert para levantar esses dados controvertidos
(juros capitalizados mensais x juros capitalizados diários).
Por esse norte, a produção da prova pericial se mostra essencial para dirimir essa a
controvérsia fática, maiormente quanto à existência ou não da cobrança de encargos
abusivos, ou seja, contrários à lei. Não é uma mera questão de direito que,
supostamente, afronta uma determinada súmula.
Pela necessidade de produção de prova pericial nos casos de ações revisionais de
contratos bancários, vejamos os seguintes julgados:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. ALEGAÇÃO DE
NULIDADE DE CLÁUSULAS E ABUSIVIDADE DE ENCARGOS CONTRATUAIS.
PROVA PERICIAL CONTÁBIL. NÃO REALIZAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA CASSADA.
O julgamento do feito com fulcro no art. 285-A do CPC [CPC/2015, art. 332] e a
consequente ausência de realização de prova técnica necessária ao deslinde de
questões controvertidas nos autos viola o devido processo legal, no qual está inserido
o direito à produção probatória, e acarreta, portanto, cerceamento de defesa. Em fiel
observância ao devido processo legal, ao autor da ação incumbe fazer prova acerca
dos fatos alegados como fundamento do invocado direito, porque a lide delineada nos
autos não comporta qualquer exceção legal, permissiva da inversão dos ônus da
prova, assim como ao réu a produção de prova de fatos impeditivos, modificativos ou
extintivos. (TJMG; APCV 1.0024.14.094894-4/001; Rel. Des. Leite Praça; Julg.
26/02/2015; DJEMG 10/03/2015)
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PEDIDO DE
PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. NÃO APRECIAÇÃO PELO JUÍZO A QUO
JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO PELA
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. NULIDADE DA SENTENÇA.
1. O juízo a quo ao decidir a demanda não levou em consideração as alegações fáticas
apresentadas pela autora em sua petição inicial. 2. Não se admite o julgamento
antecipado de improcedência da ação, nos termos do art. 285-a, do CPC [CPC/2015,
art. 332], sem examinar as alegações do autor e posteriormente confrontá-las com a
prova pericial requerida. Devendo ser apurado através de planilha de cálculos
necessária eventual aplicação de juros abusivos e capitalização mensal de juros, resta
inviabilizado, por este juízo ad quem, o exame das teses levantadas por ambas as
partes. 3. Sentença anulada, remessa dos autos ao d juízo de origem com vistas à
realização da regular instrução do feito para o julgamento da ação revisional, em
obediência ao devido processo legal (art. 5º, LIV, cf). Jurisprudência do TJPI. Recurso
conhecido e provido. (TJPI; AC 2010.0001.005308-3; Segunda Câmara Especializada
Cível; Rel. Des. Brandão de Carvalho; DJPI 09/03/2015; Pág. 14)
Convém ressaltar as lições de Teresa Arruda Alvim Wambier, ad litteram:
““Por conseguinte, para fosse possível o julgamento prima facie de improcedência do
pedido, a relação conflituosa deveria assentar-se uma situação preponderantemente de
direito, isto é cujos fatos podem ser compreendidos com exatidão e grau máximo de
certeza através, tão somente, de prova pré-constituída. “ (Tereza Arruda Alvim
Wambier ... [et tal], coordenadores. Breves comentários ao novo código de processo
civil. São Paulo: RT, 2015, p. 856).
Mais adiante arremata:
“Ou seja, antes de aplicar o art. 332 do CPC/2015, o juiz deve assegurar ao autor a
possibilidade de demonstrar porque sua petição inicial, v.g., não contraria súmula do
STF ou súmula do STJ. Somente após essa segunda manifestação do autor é que se
poderia cogitar da aplicação da referida técnica de forma constitucionalmente
adequada. “ (ob. aut. cits., p. 860).
Desse modo, impõe-se reconhecer a impossibilidade do julgamento de
improcedência liminar, visto que, havendo controvérsia a respeito de fatos, cuja
prova não se encontra nos autos, é imprescindível que este juízo viabilize à parte
Autora a produção da prova requerida. Além disso, a disposição contida no art. 373, I,
do Código de Processo Civil, dita que tal ônus a esse pertence.
( iii ) A inconstitucionalidade do art. 332 do Código de Processo Civil
De outro bordo, é inconteste que há inúmeras razões para receber a norma acima
mencionada como inconstitucional.
Ao subordinar o pedido de tutela jurisdicional do Estado aos ditames do art. 332, sem
ao menos antes ouvir-se a parte adversa, sucede-se, no mínimo, afronta ao direito de
ação consagrado pela Constituição da Republica.
Com esse enfoque, urge evidenciar as lições de Nélson Nery Júnior, in verbis:
“3. Inconstitucionalidade. O CPC 332, tal qual ocorria com o CPC/1973 285-A, é
inconstitucional por ferir as garantias da isonomia (CF art. 5º caput e I), da legalidade
( CF art. 5º, II), do devido processo legal (CF art. 5º caput e LIV), do direito de defesa
( CF art. 5º, XXXV) e do contraditório e da ampla defesa ( CF art. 5º LV), bem como o
princípio dispositivo, entre outros fundamentos, porque o autor tem o direito de ver
efetivada a citação do réu, que pode abrir mão de seu direito e submeter-se à
pretensão, independentemente do precedente jurídico de tribunal superior ou de
qualquer outro tribunal, ou mesmo do próprio juízo. “ (Nery Júnior, Nélson; de
Andrade Nery, Rosa Maria. Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: RT,
2015, p. 908).
Não fosse isso o suficiente, há identicamente inconstitucionalidade na regra espécie,
todavia sob o prisma de que essa norma adota como “súmula vinculante” decisões não
emanadas do STF. É dizer, impede-se o aprofundamento do mérito pelo simples fato
de contrariar, por exemplo, súmula do STJ, TJ´s ou até mesmo TRF´s.
É consabido que a edição de súmula vinculante é tarefa constitucionalmente atribuída
ao Supremo Tribunal Federal ( CF, art. 103-A). Nesse passo, é tarefa do STF editar
súmulas, simples ou vinculantes, e essas devem orientar e vincular suas teses a todo o
Poder Judiciário Nacional, além de órgãos da administração direta e indireta, na esfera
federal, estadual e municipal.
Nesse diapasão, impende destacar o que aduz a doutrina:
“De início, cumpre esclarecer que o efeito vinculante previsto para todos os
provimentos elencados nos incs. I a IV do art. 332 do CPC/2015 – com exceção da SV
do STF – é inconstitucional porque essa atribuição (=de efeito vinculante) não pode
ser instituída mediante legislação ordinária. “ (Teresa Arruda Alvim Wambier ... [et
tal], coordenadores. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. São Paulo:
RT, 2015, p. 859).
( iv ) A exordial traz pedido de fazer composição em audiência conciliatória
O Código preservou, ao máximo, a ideia da composição em detrimento do litígio.
Destacou, inclusive, uma seção inteira do Título I, do livro IV, do CPC, para as tarefas
dos mediadores e conciliadores (CPC, art. 165 e segs). E é também a previsão
estabelecida no art. 3º, §§ 2º e 3º, do CPC, bem assim aquela que determina que o
magistrado promova a qualquer tempo a conciliação (CPC, art. 139, inc. IV).
A interpretação do Código de Processo Civil deve ser sistemática, vista como um todo,
e não em função de uma única norma isolada. É absurdo exaltar-se o art. 332 em
detrimento de todas essas regras que procuram a conciliação das partes. E muito
menos há, aqui, uma interpretação teleológica (CPC, art. 8º).
2.1. Impertinência da cobrança de juros capitalizados mensais
De início, urge asseverar que o trato em espécie é de relação de consumo. Desse modo,
o Código de Defesa do Consumidor permite seja revisto o contrato quando ocorrer
fato superveniente que traga desequilíbrio, maiormente tornando-se excessivamente
oneroso a um dos participantes (art. 6º c/c art. 51, inc. IV, § 1º, inc. III, da Lei nº.
8.078/90). Acrescente-se a hipótese de ver-se excluída a cláusula que estabeleça
obrigações iníquas ou abusivas ao consumidor, maiormente quando ostente situação
de desvantagem perante os prestadores de serviços.
No tocante à capitalização mensal de juros, essa se mostra abusiva. Acosta-se, de
pronto, laudo pericial particular provisório e estimativo com esse resultado. (doc. ...)
Não houvera minimamente qualquer acerto no tocante à forma de remuneração de
juros, especialmente no tocante à capitalização desses. O único ajuste, como dito
antes, fora um contrato de adesão denominado: “Condições gerais de emissão,
utilização e administração de cartões de crédito do Banco .... S/A para pessoas
físicas”, o qual carreado com esta exordial (doc. ...).
Como se observa do teor do acerto de adesão em estudo, inexiste qualquer cláusula
expressa ajustando a cobrança de juros capitalizados, bem como sua
periodicidade. Por esse motivo, há de ser afastada a sua cobrança, segundo,
ademais, o assente entendimento dos Tribunais:
APELAÇÃO. AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO. CARTÃO DE CRÉDITO.
PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. NÃO CONHECIMENTO. PRECLUSÃO.
AUSÊNCIA DO INSTRUMENTO CONTRATUAL. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DOS
JUROS E COMISSÃO DE PERMANÊNCIA AFASTADAS. JUROS REMUNERATÓRIOS.
TAXA MÉDIA DE MERCADO.
1- Opera-se a preclusão em relação a questões decididas, contra as quais não se
interpôs qualquer recurso. 2- A ausência do instrumento contratual impede a prova
de haver expressa previsão da capitalização dos juros e da comissão de permanência,
o que implica no seu afastamento da relação contratual. 4- Impossibilitada a prova da
taxa de juros pactuada, deve ser esta limitada à taxa média de mercado. (TJMG; APCV
1.0145.11.045602-0/002; Rel. Des. Octavio Augusto de Nigris Boccalini; Julg.
03/03/2015; DJEMG 09/03/2015)
AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL, CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO
CARTÃO DE CRÉDITO. TAXAS DE JUROS REMUNERATÓRIOS.
Limitação Impossibilidade. Juros remuneratórios superiores a 12% ao ano
Admissibilidade Súmula nº 382 do STJ Administradora de cartão de crédito que se
equipara a instituição financeira, não se submetendo às limitações da Lei da Usura
Súmula nº 283 do STJ Não ficou demonstrada a cobrança de juros remuneratórios
abusivos, sendo incabível a limitação deste encargo Recurso improvido, neste aspecto.
CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS Capitalização de juros remuneratórios, com
periodicidade inferior a um ano, permitida pela Medida Provisória nº 1.963-17, de 30
de março de 2000, reeditada sob o número 2.170-36, de 23 de agosto de 2001, desde
que pactuada nos contratos bancários celebrados após esta data Entendimento
pacificado do STJ, expresso no julgamento do RESP 973827/RS, sob o rito dos
recursos repetitivos Ausência de previsão contratual a respeito da capitalização de
juros, o que impossibilita a sua incidência por periodicidade inferior à anual
Imputação de pagamento Pagamentos parciais efetuados, que amortizaram os juros,
os quais, em consequência, não foram incorporados ao saldo devedor Aplicação do art.
354 do Código Civil. Inocorrência de capitalização de juros, nos meses em que foram
efetuados os pagamentos das faturas, ainda que parciais Recurso parcialmente
provido, neste aspecto. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA Possibilidade de cobrança, no
período de inadimplência, desde que prevista em cláusula contratual, porém a
cobrança de comissão de permanência, cujo valor não pode ultrapassar a soma dos
encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, exclui a exigibilidade
dos juros remuneratórios, moratórios e da multa contratual Súmula nº 472 do STJ
Cláusula contratual que prevê a incidência cumulada de comissão de permanência
com juros moratórios e multa Inadmissibilidade Afastamento desta cumulação
Recurso parcialmente provido, neste aspecto. SUCUMBÊNCIA Ação parcialmente
procedente. Considerando que o réu decaiu de parte mínima do pedido, a autora
arcará, por inteiro, com as custas processuais e com os honorários advocatícios
fixados na sentença, nos termos do artigo 21, parágrafo único, do Código de Processo
Civil. Recurso improvido, neste aspecto. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP;
APL 0170399-44.2009.8.26.0100; Ac. 8230698; São Paulo; Vigésima Quarta Câmara
de Direito Privado; Rel. Des. Plinio Novaes de Andrade Júnior; Julg. 05/02/2015;
DJESP 09/03/2015)
AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. CARTÃO DE
CRÉDITO CONSIGNADO. JUROS REMUNERATÓRIOS E CAPITALIZAÇÃO NÃO
PREVISTOS. LIMITAÇÃO À TAXA MÉDIA DE MERCADO. REITERAÇÃO DAS TESES
AGITADAS NO APELO. DECISÃO MANTIDA.
1. Na hipótese de o contrato prever a incidência de juros remuneratórios, porém sem
lhe precisar o montante, está correta a decisão que considera nula tal cláusula porque
fica ao exclusivo arbítrio da instituição financeira o preenchimento de seu conteúdo. A
fixação dos juros deve ser feita segundo a média de mercado nas operações da
espécie. Preenchimento do conteúdo da cláusula de acordo com os usos e costumes, e
com o princípio da boa-fé. 2. Sobre o contrato bancário que não prevê a capitalização
dos juros remuneratórios, e nem as suas taxas mensais e anuais, veda-se a sua
cobrança. 3. Inexistindo nos autos argumentos novos capazes de infirmar os
fundamentos que alicerçaram a decisão agravada, impõe-se sua manutenção. Agravo
interno desprovido. (TJGO; AC 0478574-12.2008.8.09.0051; Goiânia; Segunda Câmara
Cível; Rel. Des. Eudelcio Machado Fagundes; DJGO 05/03/2015; Pág. 292)
Nem se afirme que os juros capitalizados poderiam ser cobrados por força das MPs
1.963-17 (art. 5º) e 2.170-36 (art. 5º) – visto que o pacto é posterior a vigência das
mesmas --, mantidas pela Emenda Constitucional nº. 32/01, posto que também, para
essas hipóteses, o pacto expresso de capitalização de juros se faz necessário.
Com efeito, de toda conveniência evidenciar os seguintes julgados:
PRELIMINAR. Preliminar de nulidade da sentença pelo julgamento da lide, sem a
aplicação correta da Lei ao caso concreto Rejeição Hipótese em que a má aplicação da
Lei pode resultar em uma reversão do julgamento, se for dado provimento ao recurso,
não tornar a sentença nula PRELIMINAR REJEITADA. AÇÃO COM PEDIDO DE
COBRANÇA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS Pretensão de reforma da sentença para afastar
a capitalização de juros de contrato de operação de desconto de títulos Cabimento
Hipótese em que a capitalização mensal dos juros é permitida nos contratos
celebrados em data posterior à Medida Provisória MP 1.963-17, atual MP nº 2.170-36,
desde que contratada Ausência de expressa contratação dos juros capitalizados que
incidiram na composição do débito Capitalização de juros afastada. RECURSO
PROVIDO. (TJSP; APL 0002070-38.2009.8.26.0466; Ac. 8212464; Pontal; Décima
Terceira Câmara de Direito Privado; Relª Desª Ana de Lourdes; Julg. 19/02/2015;
DJESP 02/03/2015)
REVISIONAL DE CONTRATOS BANCÁRIOS. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS.
AFASTADA. INAPLICABILIDADE DA MP 2.170-36. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
CABIMENTO. EM RELAÇÃO À COBRANÇA INDEVIDA DE FORMA SIMPLES.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ADEQUADOS. SENTENÇA MANTIDA.
Para a incidência da Medida Provisória nº 2.170-36, é necessário que o contrato
firmado com a instituição financeira tenha sido pactuado após 31 de março de 2.000, e
que também exista expressa menção à incidência de juros capitalizados, o que não
ocorre no caso. Apelação cível desprovida. (TJPR; ApCiv 1301901-3; Curitiba; Décima
Sexta Câmara Cível; Rel. Des. Paulo Cezar Bellio; DJPR 13/02/2015; Pág. 106)
Portanto, ante à inexistência de cláusula expressa nesse sentido, os juros capitalizados
devem ser afastados, maiormente em face do que reza a Súmula 121 do Supremo
Tribunal Federal, assim como Súmula 93 do Superior Tribunal de Justiça:
STF - Súmula nº 121 - É vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente
convencionada.
STJ - Súmula nº 93 - A legislação sobre cédulas de crédito rural, comercial e industrial
admite o pacto de capitalização de juros.
2.2. Impertinência da cobrança de juros capitalizados diários
Dito anteriormente que o pacto de capitalização mensal dos juros não fora ajustado,
ressaltamos que, além disso, foram cobrados juros com capitalização diária.
Antes de tudo, convém ressaltar que, no tocante à capitalização dos juros ora
debatidos – sejam mensal ou diária --, não há qualquer ofensa às Súmulas 539 e 541
do Superior Tribunal Justiça, as quais abaixo aludidas:
STJ, Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior à
anual em contratos celebrados com instituições integrantes do Sistema Financeiro
Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00, reeditada como MP 2.170-36/01),
desde que expressamente pactuada.
STJ, Súmula 541 - A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao
duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual
contratada.
É dizer, os fundamentos lançados são completamente diversos dos que estão insertos
nas súmulas em apreço.
É consabido que a cláusula de capitalização, por ser de importância crucial ao
desenvolvimento do contrato, ainda que ajuste eventualmente existisse nesse pacto,
deve ser redigida de maneira a demonstrar exatamente ao contratante do que se trata
e quais os reflexos gerarão ao plano do direito material.
O pacto, à luz do princípio consumerista da transparência, que significa informação
clara, correta e precisa sobre o contrato a ser firmado, mesmo na fase pré-contratual,
teria que necessariamente conter:
1) redação clara e de fácil compreensão (art. 46);
2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus reflexos no plano do
direito material;
3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas, sobre as condições de
pagamento, juros, encargos, garantia (art. 54, parágrafo 3º, c/c art. 17, I, do Dec.
2.181/87);
4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão, as cláusulas que
implicarem limitação de direito (art. 54, parágrafo 4º)
Nesse mesmo compasso é o magistério de Cláudia Lima Marques:
“A grande maioria dos contratos hoje firmados no Brasil é redigida unilateralmente
pela economicamente mais forte, seja um contrato aqui chamado de paritário ou um
contrato de adesão. Segundo instituiu o CDC, em seu art. 46, in fine, este fornecedor
tem um dever especial quando da elaboração desses contratos, podendo a vir ser
punido se descumprir este dever tentando tirar vantagem da vulnerabilidade do
consumidor.
(...) O importante na interpretação da norma é identificar como será apreciada ‘a
dificuldade de compreensão’ do instrumento contratual. É notório que a terminologia
jurídica apresenta dificuldades específicas para os não profissionais do ramo; de outro
lado, a utilização de termos atécnicos pode trazer ambiguidades e incertezas ao
contrato. “ (MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o
novo regime das relações contratuais. 6ª Ed. São Paulo: RT, 2011. Pág. 821-822).
Por esse norte, a situação em liça traduz uma relação jurídica que, sem dúvidas, é
regulada pela legislação consumerista. Por isso, uma vez seja constada a onerosidade
excessiva e a hipossuficiência do consumidor, resta autorizada a revisão das cláusulas
contratuais, independentemente do contrato ser" pré "ou" pós "fixado.
Nesse trilhar, o princípio da força obrigatória contratual (pacta sunt servanda) deve
ceder e se coadunar com a sistemática do Código de Defesa do Consumidor.
Além disso, a relação contratual também deve atender à função social dos contratos,
agora expressamente prevista no artigo 421 do Código Civil,"a liberdade de
contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato".
De outra banda, é certo que o Superior Tribunal de Justiça já consagrou entendimento
de que “a previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo
da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada.”
(Súmula 541)
No entanto, na hipótese fere a boa-fé objetiva prevista no Código de Defesa do
Consumido. De regra, nessas situações, há uma relação de consumo firmada entre
banco e mutuário. Destarte, resta comprometido o dever de informação ao
consumidor no âmbito contratual, maiormente à luz dos ditames dos artigos 4º, 6º,
31, 46 e 54 do CDC.
Ademais, a forma de cobrança dos juros, sobretudo nos contratos bancários, é
incompreensível à quase totalidade dos consumidores. É dizer, o CDC reclama, por
meio de cláusulas, a prestação de informações detalhadas, precisas, corretas e
ostensivas.
Entrementes, a prova colacionada com a petição inicial, mesma que de sorte
provisória, já aponta para a capitalização de juros de forma diária.
É cediço que essa espécie de periodicidade de capitalização (diária) importa em
onerosidade excessiva ao consumidor.
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. CÉDULA DE
CRÉDITO BANCÁRIO-CAPITAL DE GIRO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 297 DO STJ. POSSIBILIDADE DE REVISÃO. JUROS
REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO EM 12% AO ANO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA
QUE NÃO SE SUJEITA A LEI DE USURA. SÚMULA Nº 596 DO STF. ART. 192, § 3º DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL REVOGADO. LIMITAÇÃO SUJEITA AO ÍNDICE
DIVULGADO PELA TAXA MÉDIA DE MERCADO ANUNCIADA PELO BANCO
CENTRAL DO BRASIL. ENUNCIADOS I E IV DO GRUPO DE CÂMARAS DE DIREITO
COMERCIAL DESTA CORTE.
Convém contemplar na presente decisão a inaplicabilidade dos termos legais
constantes do Decreto nº 22.626/33 frente as instituições financeiras de acordo com a
Súmula n. 596 do Superior Tribunal Federal, in verbis:"As disposições do Decreto nº
22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas
operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema
Financeiro Nacional". Embora o índice dos juros remuneratórios não esteja vinculado
a limitação disposta no revogado artigo 192, § 3º, da Constituição Federal, a
jurisprudência pátria e até mesmo o Enunciado I e IV do Grupo de Câmaras de Direito
Comercial anota que é possível estabelecer limitação/redução quando superior àquele
praticado pelo mercado financeiro, elencada pela tabela emitida pelo Banco Central do
Brasil. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. CONTRATO FIRMADO APÓS A EDIÇÃO DA
MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.963/2000. PACTUAÇÃO EM PERIODICIDADE DIÁRIA.
VEDAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR MENSAL. INVIABILIDADE DA
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS."Por certo que permitir a capitalização diária dos juros
incidentes na dívida configuraria onerosidade excessiva para qualquer devedor. Aliás,
essa prática está em profunda discrepância com a atualidade econômica brasileira, e
deve ser rechaçada do sistema. [...]"(TJSC, Apelação Cível n. 2011.006278-1, de Indaial.
Relator: Des. Volnei Celso Tomazini. Julgada em 08/03/2012).Assim, impossibilitado
o anatocismo diário, não pode ser deferido o pleito de capitalização mensal, porque
esta não foi convencionada, não se podendo dar interpretação extensiva ao contrato
para tanto." (STJ. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 966.398/AL, Rel.
Ministro Aldir Passarinho Júnior, j. 26.8.2008).ÔNUS SUCUMBENCIAL. FIXAÇÃO DE
FORMA PROPORCIONAL AO RESULTADO QUE AS PARTES OBTIVERAM NA
DEMANDA. Recurso do autor conhecido e parcialmente provido. Recurso do réu
conhecido e improvido. (TJSC; AC 2014.022245-8; Trombudo Central; Quinta Câmara
de Direito Comercial; Rel. Des. Cláudio Barreto Dutra; Julg. 19/03/2015; DJSC
30/03/2015; Pág. 234)
AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL C/C
CONSIGNATÓRIA. DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. AUSÊNCIA DE
FATO NOVO.
1. Legítimo o reconhecimento, em sentença, da abusividade na fixação dos juros
moratórios com capitalização diária, vez que causa excessiva onerosidade ao
consumidor. 2. Se a parte agravante não traz nenhum argumento hábil a viabilizar a
alteração do entendimento adotado na decisão monocrática, limitando-se a rediscutir
a matéria decidida, impõe-se o desprovimento do agravo regimental, porquanto
interposto à míngua de elemento novo a sustentar a pretendida modificação. 3.
Agravo regimental conhecido e desprovido. (TJGO; AC 0212220-13.2013.8.09.0148;
Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Geraldo Gonçalves da Costa; DJGO 20/03/2015; Pág.
249)
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. EMBARGOS. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. EMPRÉSTIMO.
CHEQUE ESPECIAL/CRÉDITO ESPECIAL. PESSOA FÍSICA. INÉPCIA DOS
EMBARGOS, AUSÊNCIA DE DEMONSTRATIVO DO VALOR QUE ENTENDE COMO
DEVIDO. DISPENSA. CASO CONCRETO. DISCUSSÃO ACERCA DE JUROS
REMUNERATÓRIOS E CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. AUSÊNCIA DE CÓPIA
DO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL EXEQUENDO. DESNECESSIDADE.
EMBARGOS EM APENSO À EXECUÇÃO. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS.
AFASTADA. PERMITIDA A CAPITALIZAÇÃO MENSAL. INÉPCIA DA INICIAL DOS
EMBARGOS. AFASTADA. NO QUE TANGE À AUSÊNCIA DE CÁLCULO, NO QUAL
CONSTASSE O VALOR QUE A EXECUTADA ENTENDIA COMO DEVIDO, EM NADA
AFETA A PROCEDIBILIDADE DO PEDIDO INICIAL E A FORMAÇÃO DA RELAÇÃO
JURÍDICA PROCESSUAL, POIS HÁ PERFEITAS CONDIÇÕES PARA QUE A PARTE
ADVERSA EXERÇA O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA, UMA VEZ QUE AS
QUESTÕES DEBATIDAS NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO ERAM TÃO SOMENTE
QUANTO AOS JUROS REMUNERATÓRIOS E ACERCA DA CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA
DE JUROS. ADEMAIS, EM QUE PESE NÃO TENHA SIDO JUNTADO AOS AUTOS
DESTES EMBARGOS O DOCUMENTO APONTADO PELO APELANTE/EMBARGADO,
TAL PODE SER ENCONTRADO NOS APENSOS AUTOS DE EXECUÇÃO, MOTIVO
PELO QUAL SOMENTE COM O DESAPENSAMENTO DO PROCESSO ORIGINÁRIO É
QUE A FALTA DA CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO PODERIA COMPROMETER O
DESENVOLVIMENTO DESTES EMBARGOS. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS.
AFASTADA. ONEROSIDADE EXCESSIVA.
1. No que tange à capitalização de juros, a periodicidade diária, no caso
contratualmente prevista, revela-se abusiva, por implicar ônus excessivo para a
contratante em flagrante desequilíbrio contratual. 2. No caso, observa-se que a taxa
anual (179,11%) supera o duodécuplo da taxa mensal (8,93%), o que demonstra a
efetiva previsão de capitalização mensal de juros. Admitida, pois, a capitalização
mensal. Rejeitaram a preliminar e proveram, em parte, o recurso de apelação. (TJRS;
AC 0421342-07.2014.8.21.7000; Santana do Livramento; Décima Quinta Câmara
Cível; Relª Desª Adriana da Silva Ribeiro; Julg. 17/12/2014; DJERS 22/01/2015)
REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS.
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
1. A capitalização de juros em contrato bancário firmado após edição da MP 1.963-
17/2000 (reeditada sob nº 2.170-36/2001), desde que prevista expressamente, é
válida. Nova orientação, baseada no julgamento do RESP 973.827/RS
(2007/0179072-3), processado nos termos do art. 543-C do CPC. 2. Porém, acarreta
onerosidade excessiva a previsão de capitalização diária, causando desequilíbrio na
relação jurídica. E não cabendo substituir a capitalização diária pela mensal, de se
determinar sua incidência anual, legalmente prevista (art. 591, CC). 3. A validade da
cláusula que estipula comissão de permanência, dependia de sua não cumulação com
outros encargos de mora, consoante entendimento consolidado pelo STJ, com
repercussão geral da matéria (RESP 1.063.343/RS). Invalidade verificada. 4. Recurso
do autor provido, desprovido o do réu. (TJSP; APL 0155060-40.2012.8.26.0100; Ac.
7161828; São Paulo; Décima Quarta Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Melo
Colombi; Julg. 06/11/2013; DJESP 18/02/2015)
Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a existência de capitalização
diária dos juros, esses não poderão ser cobrados em qualquer outra periodicidade
(mensal, bimestral, semestral, anual). É que, lógico, inexiste previsão contratual
“também” nesse sentido; do contrário, haveria nítida interpretação extensiva ao
acerto entabulado contratualmente.
Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém ressaltar os ditames
estabelecidos na Legislação Substantiva Civil:
CÓDIGO CIVIL
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem,
apenas se declaram ou reconhecem direitos.
Nesse passo, é altamente ilustrativo transcrever o seguinte aresto:
Agravo de instrumento Ação de execução por título judicial Incidente de execução
Decisão proclamando o valor atualizado do débito Irresignação parcialmente
procedente Antecedente título executivo extrajudicial substituído por transação
Incabível, assim, o cômputo da multa moratória prevista no primitivo título Aplicação
do art. 843 do CC, a dispor que a transação não comporta interpretação extensiva
Juros previstos no instrumento da transação, de 1,5% a.m., incidindo até o efetivo
cumprimento da obrigação Evidente a má-fé processual na conduta da credora, por
ter computado os juros de modo mensalmente capitalizado, em total infração ao
ordenamento jurídico da época e sem que o instrumento da transação isso autorizasse
Quadro ensejando a aplicação da multa do art. 18 do CPC, de 1% sobre o valor
atualizado da execução. Agravo a que se dá parcial provimento. (TJSP; AI 2187868-
05.2014.8.26.0000; Ac. 8269858; São Paulo; Décima Nona Câmara de Direito Privado;
Rel. Des. Ricardo Pessoa de Mello Belli; Julg. 23/02/2015; DJESP 13/03/2015)
Não é pelo simples motivo da não existência de cláusula de capitalização diária que
essa não possa ter sido cobrada. Fosse assim, qualquer banco colocaria que, por
exemplo, não houve sequer capitalização de juros. “Ponto, assunto encerrado.” Não é
isso, lógico.
A inexistência da cláusula nesse propósito (capitalização diária) chega a espantar
qualquer gerente de banco. Todos são unânimes que a cobrança de juros capitalizados
é (e sempre será) diária. Afirmar-se que em uma dívida de atraso de, suponhamos, 89
(oitenta e nove) dias o banco irá cobrar 60 dias (duas mensalidades capitalizadas) e
deixará para trás a capitalização dos outros 29 dias (porque não completou 30 dias)
chega a ser hilário para qualquer bancário. Afinal, a capitalização autorizada é, quando
ajustada, no mínimo a mensal.
Daí ser de imperiosa necessidade a realização de prova pericial contábil para
“desmascarar” o embuste em debate, o que logo a parte autora requer como uma de
suas provas.
2.3. Juros remuneratórios acima do texto legal
Na hipótese em estudo, o acerto contratual não contém qualquer referência à taxa
de juros remuneratórios. Fere, portanto, à disciplina do Código de Defesa do
Consumidor.
Desse modo, inexistindo cláusula no sentido demonstrar ao usuário a taxa
remuneratória a ser empregada, decota-se essa ao limite de 12%(doze por cento)
ano, consoante melhor entendimento jurisprudencial:
APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL.
CONTRATOS DE CARTÃO DE CRÉDITO. JUROS REMUNERATÓRIOS.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. AFASTAMENTO DA MORA. COMPENSAÇÃO E/OU
REPETIÇÃO. MORA. TARIFAS E TAXAS. IOF. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE
INADIMPLENTES. ENCARGOS MORATÓRIOS. JUROS REMUNERATÓRIOS.
LIMITAÇÃO DA TAXA DE JUROS AO VALOR DE MERCADO.
Na ausência de informações nos autos, ou de outro critério passível de aplicação,
aplica-se o valor médio do dos juros de mercado do cheque especial em benefício do
consumidor, diante da inexistência de publicação por parte do BACEN da taxa média
aplicável às operações ligadas ao cartão de crédito. No caso, há revisão parcial das
taxas aplicadas no contrato porque evidente abusividade em relação contratual que
prevê cet para atraso valor aproximado a 1000% ao ano. Capitalização de juros.
Informação suficiente ao consumidor. No contexto da jurisprudência nacional,
reconhece-se a possibilidade de capitalização de juros, desde que expressamente
pactuada. No caso concreto, há demonstração a respeito da contratação da
capitalização. Comissão de permanência. Inexistente. Os juros remuneratórios
previstos em cláusula que rege os encargos da inadimplência não se confundem -
Necessariamente - Com a comissão de permanência. Possibilidade de cumulação dos
juros remuneratórios com a multa contratual e juros moratórios em caso de mora.
Precedentes e Súmulas do STJ. Tarifas. No caso dos autos, há permissão contratual de
cobrança de anuidade, a qual foi cobrada mensalmente nas faturas do consumidor.
Permissão das normas administrativas para a cobrança. Ausência de ilegalidade.
Inobstante, indevida a incidência de tarifa de cobrança e de excesso de limite, porque
não contempladas pela normatividade administrativa desde a resolução n.
3.919/2010. IOF. Podem as partes convencionar o pagamento do imposto sobre
operações financeiras e de crédito (IOF) por meio de financiamento acessório ao
mútuo principal. Precedentes do STJ. Mora. Havendo revisão dos juros
remuneratórios, afasta-se a mora até a apresentação de nova conta. Por consequência,
não há de falar em inscrição em cadastro de inadimplentes. Compensação. Devem ser
devolvidos ou compensados, de forma simples, os valores eventualmente pagos pelo
consumidor. Dispensando-se a prova de erro, nos termos da sumula n. 322 do STJ.
Sucumbência. Reciprocidade. Prequestionamento. Apelações parcialmente providas.
(TJRS; AC 0237848-42.2014.8.21.7000; Porto Alegre; Vigésima Terceira Câmara Cível;
Rel. Des. Alberto Delgado Neto; Julg. 16/12/2014; DJERS 23/01/2015)
APELAÇÃO CÍVEL.
Ação revisional de contrato de utilização de cartão de crédito. Sentença de
procedência. Reclamo da casa bancária. Agravo retido. Insurgência contra decisão que
antecipou os efeitos da tutela. Análise do mérito do agravo em conjunto com o do
apelo por identidade das razões recursais. Contrato de adesão. Consumidor que aceita
as cláusulas em bloco, ou não as aceita. Princípio do pacta sunt servanda mitigado.
Possibilidade de revisão das cláusulas contratuais. Inteligência dos artigos 6º e 54 do
Código de Defesa do Consumidor. Recurso não provido nesse aspecto. Juros
remuneratórios. Insurgência contra a limitação em 12% ao ano e pedido para
manutenção da taxa contratada. Percentuais indicados nas faturas que se mostram
abusivos. Necessária a observância da taxa média de mercado divulgada mês a mês
pelo BACEN para as operações de "cheque especial" pessoa física. Súmula nº 296 do
Superior Tribunal de Justiça e enunciados I e IV do grupo de câmaras de direito
comercial. Insurgência parcialmente acolhida nesse ponto. Capitalização de juros.
Ausência de constatação da contratação do encargo, ainda que na forma numérica.
Faturas acostadas que só prevêem taxa mensal de juros. Encargo que deve ser
afastado em qualquer periodicidade, em razão da necessidade de fornecer ao
consumidor informações claras a respeito dos produtos e serviços contratados.
Sentença que, todavia, autoriza na periodicidade anual. Manutenção do decisum, sob
pena de reformatio in pejus. Descaracterização da mora. Particularidades do caso
presente que devem ser observadas. Necessidade de liquidação para apuração de
eventual saldo devedor. Negativação que, in casu, mostra-se indevida. Sentença
mantida comissão de permanência. Legalidade da cobrança desde que expressamente
contratada. Ausência de previsão contratual. Afastamento da exigência mantido. Apelo
não acolhido nessa parte. Repetição de indébito. Casa bancária que alega a
inexistência de qualquer montante a compensar. Tese arredada. Autorizada a
devolução do valor que tiver sido cobrado em excesso. Viabilidade na forma simples.
Insurgência não acolhida. Prequestionamento. Rejeição. Razões analisadas de forma
fundamentada ( CF, art. 93, IX). Ônus de sucumbência. Manutenção da sentença.
Agravo retido conhecido e desprovido e recurso de apelação conhecido e
parcialmente provido. (TJSC; AC 2013.083920-5; Joaçaba; Quinta Câmara de Direito
Comercial; Relª Desª Soraya Nunes Lins; Julg. 13/03/2014; DJSC 20/03/2014; Pág.
344)
2.4. Da ausência de mora
De outro bordo, não há que se falar em mora do Autor.
A mora reflete uma inexecução de obrigação diferenciada, maiormente quando
representa o injusto retardamento ou o descumprimento culposo da obrigação.
Assim, na espécie incide a regra estabelecida no artigo 394 do Código Civil, com a
complementação disposta no artigo 396 desse mesmo Diploma Legal.
CÓDIGO CIVIL
Art. Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o
credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabelecer.
Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em
mora
Do mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SFH. RECONHECIMENTO DA
COBRANÇA DE ENCARGOS ABUSIVOS NO PERÍODO DA NORMALIDADE.
DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
Impossibilidade de cobrança de multa e de juros moratórios. Agravo regimental
desprovido. (STJ; AgRg-REsp 1.325.626; Proc. 2012/0109512-9; DF; Terceira Turma;
Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; DJE 18/02/2015)
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE REVISÃO
DE CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
COBRANÇA DE QUANTIAS INDEVIDAS NO PERÍODO DA NORMALIDADE
CONTRATUAL.
1. A constatação de abuso na exigência de encargos durante o período da normalidade
contratual afasta a configuração da mora. Na hipótese dos autos, o acórdão declarou
que foram cobradas quantias indevidas a título de correção monetária e de despesas e
honorários extrajudiciais. 2. Agravo regimental não provido. (STJ; AgRg-AREsp
443.637; Proc. 2013/0399449-8; RS; Terceira Turma; Rel. Min. Ricardo Villas Boas
Cueva; DJE 12/02/2015)
Nesse sentido é a doutrina de Washington de Barros Monteiro:
“A mora do primeiro apresenta, assim, um lado objetivo e um lado subjetivo. O lado
objetivo decorre da não realização do pagamento no tempo, lugar e forma
convencionados; o lado subjetivo descansa na culpa do devedor. Este é o elemento
essencial ou conceitual da mora solvendi. Inexistindo fato ou omissão imputável ao
devedor, não incide este em mora. Assim se expressa o art. 396 do Código Civil de
2002. “ (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil. 35ª Ed. São Paulo:
Saraiva, 2010, vol. 4. Pág. 368).
Como bem advertem Cristiano Chaves de Farias e Nélson Rosenvald:
“Reconhecido o abuso do direito na cobrança do crédito, resta completamente
descaracterizada a mora solvendi. Muito pelo contrário, a mora será do credor, pois a
cobrança de valores indevidos gera no devedor razoável perplexidade, pois não sabe
se postula a purga da mora ou se contesta a ação. “ (FARIAS, Cristiano Chaves de;
ROSENVALD, Nelson. Direito das Obrigações. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
Pág. 471).
Em face dessas considerações, conclui-se que a mora cristaliza o retardamento por um
fato, quando imputável ao devedor. É dizer, quando o credor exige o pagamento do
débito, agregado com encargos excessivos, retira-se do devedor a possibilidade de
arcar com a obrigação assumida. Por conseguinte, não pode lhes ser imputados os
efeitos da mora.
Entende-se, uma vez constatado a cobrança de encargos abusivos durante o “período
da normalidade” contratual, restará afastada eventual condição de mora do
Promovente.
O Superior Tribunal de Justiça, ao concluir o julgamento de recurso repetitivo sobre
revisão de contrato bancário (REsp nº. 1.061.530/RS), quanto ao tema de
“configuração da mora” destacou que:
“ORIENTAÇÃO 2 – CONFIGURAÇÃO DA MORA
a) O reconhecimento da abusividade nos encargos exigidos no período da
normalidade contratual(juros remuneratórios e capitalização) descaracteriza a
mora;
b) Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado de ação revisional, nem mesmo
quando o reconhecimento de abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao
período de inadimplência contratual. “
( os destaques são nossos )
E do preciso acórdão em liça ainda podemos destacar que:
“Os encargos abusivos que possuem potencial para descaracterizar a mora são,
portanto, aqueles relativos ao chamado ‘período da normalidade’, ou seja, aqueles
encargos que naturalmente incidem antes mesmo de configurada a mora. “
( destacamos )
Por todo o exposto, de rigor o afastamento dos encargos moratórios, ou seja,
comissão de permanência, multa contratual e juros moratórios.
2.5. Da comissão de permanência e outros encargos cumulados
Entende o Autor, inclusive fartamente alicerçado nos fundamentos antes citados, que
o mesmo não se encontra em mora.
Caso este juízo entenda pela impertinência desses argumentos, o que se diz apenas
por argumentar, devemos também destacar que é abusiva a cobrança da comissão de
permanência cumulada com outros encargos moratórios/remuneratórios, ainda que
expressamente pactuada. É pacífico o entendimento do Colendo Superior Tribunal de
Justiça, no sentido de que em caso de previsão contratual para a cobrança de comissão
de permanência, cumulada com correção monetária, juros remuneratórios, juros de
mora e multa contratual, impõe-se a exclusão da incidência desses últimos encargos.
Em verdade, a comissão de permanência já possui a dupla finalidade de corrigir
monetariamente o valor do débito e de remunerar o banco pelo período de mora
contratual.
Perceba que no pacto há estipulação contratual pela cobrança de comissão de
permanência com outros encargos moratórios. Desse modo, os mesmos devem ser
afastados pela via judicial.
CIVIL. PROCESSO CIVIL. CONTRATO BANCÁRIO. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
CUMULAÇÃO COM OUTROS ENCARGOS. ILEGALIDADE. DEL CREDERE.
COBRANÇA. VEDAÇÃO PELO DECRETOLEI Nº 413/69. DECISÃO MONOCRÁTICA
MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.
1 Tratase de Agravo Regimental colimando a reforma de decisão da lavra desta
relatoria, por meio da qual deuse provimento parcial a apelação, decidindose pela
ilegalidade da cobrança de comissão de permanência e do del credere por parte do
banco agravante. 2 Verificase, na hipótese dos autos, que o insurgência recursal reza
sobre a aplicação cumulada da comissão de permanência com os outros encargos, o
que vai de encontro ao entendimento do STJ. 3 Quanto a cobrança do del credere,
também esta mostrase ilegal, pois o Decreto Lei nº 413/69, ao vedar a cobrança de
quaisquer taxas ou comissões que não estejam previstas em seu texto, afasta o
referido encargo. 4 Agravo regimental conhecido, porém não provido. Decisão
inalterada. (TJCE; AG 043812445.2000.8.06.0001/50000; Quinta Câmara Cível; Rel.
Des. Teodoro Silva Santos; DJCE 11/03/2015; Pág. 44)
APELAÇÃO CÍVEL. REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. TARIFAS
ADMINISTRATIVAS. REVISÃO DE CLÁUSULAS. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA. SÚMULA Nº 381 DO STJ. CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE JUROS.
CABIMENTO. TABELA PRICE. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE DA MP
2.170-36 DE 2001. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. CUMULAÇÃO COM MULTA.
VEDAÇÃO. RECURSO REPETITIVO.
1. É inviável a análise da premissa de revisão de cláusulas, quando não apontadas
especificamente, pois isto implicaria ir de encontro ao disposto no Enunciado Nº 381
da Súmula do STJ, a saber. .nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de
ofício, da abusividade das cláusulas. (Súmula nº 381, segunda seção, julgado em
22/04/2009, dje 05/05/2009). 2. Nos termos do artigo 28, § 1º da Lei nº 10.931 de
2004, é expressamente permitida a cobrança de juros compostos em cédula de crédito
bancário. 3. Considera-se expressamente pactuada a capitalização mensal de juros
quando a cédula estipular a taxa mensal e a anual, de forma que a previsão de taxa
anual seja superior ao duodécuplo da taxa mensal; 4. Enquanto não declarada a
inconstitucionalidade da MP 2.170-36 de 2001 pelo STF, adotar-se-á o entendimento
do STJ que permite a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em
contratos celebrados após 31.3.2000, data da publicação da medida provisória n.
1.963-17 de 2000 (em vigor como MP 2.170-36 de 2001), desde que expressamente
pactuada; 5. Em contratos de financiamento, legítimo se mostra o uso da tabela price
como sistema de amortização, não só porque resultante da liberdade de contratar,
como também por não ferir qualquer disposição legal. 6. É vedada a cobrança de
comissão de permanência cumulada com correção monetária, juros remuneratórios,
moratórios e multa contratual; 7. A comissão de permanência não pode ultrapassar a
soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato, ou seja. A-)
juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual
contratado para o período de normalidade da operação; b-) juros moratórios até o
limite de 12% ao ano; e c-) multa contratual limitada a 2% do valor da prestação, nos
termos do art. 52, § 1º, do CDC (S.T.J. Recurso repetitivo n. 1.058.114/RS) 8. Recurso
conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada. (TJDF; Rec
2014.06.1.002287-3; Ac. 853.357; Segunda Turma Cível; Relª Desª Gislene Pinheiro de
Oliveira; DJDFTE 11/03/2015; Pág. 282)
2.6. Pedido de extratos – Inversão do ônus da prova
Para que melhor viabilizada a análise da pretensão ora relevada, apropriado que a Ré
traga aos autos todos os documentos relacionados à relação contratual em liça.
É pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de ser cabível a
inversão do ônus da prova, nomeadamente para determinar ao agente financeiro a
exibição de documentos comuns às partes, dentre eles o contrato e extratos relativos à
relação contratual objeto de pretensão revisional e/ou repetição de indébito.
APELAÇÃO EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS MITIGAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS
REQUISITOS AUTORIZADORES DA MEDIDA CAUTELAR.
Diante do caráter satisfativo da presente medida, é desnecessário perquirir-se acerca
do demonstração do fumus boni iuris e do periculum in mora, que devem ser mitigados
diante do caráter comum dos documentos pretendidos. Precedentes do STJ. DEVER
DE EXIBIÇÃO CARACTERIZADO. O Apelado, em atenção aos seus deveres de
informação e transparência ( CF, art. 5º, XIV e CPC arts. 844 e 845) tem a obrigação de
exibir os documentos pretendidos, ainda mais porque é inerente à própria atividade
econômica por ele desempenhada, além de ser comum às partes. PRINCÍPIO DA
CAUSALIDADE. As ações cautelares de exibição de documento, por possuírem
natureza de ação, e não de mero incidente processual, nos termos do art. 844 do
Código de Processo Civil, ensejam, na hipótese de sua procedência, a condenação da
parte vencida no pagamento dos ônus sucumbenciais, tendo em vista a aplicação do
princípio da causalidade. No caso em tela, o Apelado foi citado, apresentou
documentos que não foram requeridos pela Apelante, opondo resistência injustificada
quanto à pretensão da Apelante e em total desacordo com o seu dever de exibir os
documentos efetivamente requeridos. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA
RECURSO PROVIDO. (TJSP; APL 0042330-95.2013.8.26.0506; Ac. 8257766; Ribeirão
Preto; Trigésima Oitava Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Eduardo Siqueira; Julg.
04/03/2015; DJESP 11/03/2015)
APELAÇÃO CÍVEL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. INTERESSE DE AGIR.
DOCUMENTO COMUM. DEVER DE EXIBIÇÃO. DOCUMENTAÇÃO NÃO
APRESENTADA. RESISTÊNCIA INJUSTIFICADA. RECONHECIMENTO. PRINCÍPIO
DA CAUSALIDADE. APLICAÇÃO. VERBA HONORÁRIA. FIXAÇÃO POR EQUIDADE.
Conforme decidiu o colendo Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento do
RESP nº 1349453/MS, analisado sob o ótica do artigo 543-C do CPC [CPC/2015, art.
1.036], "a propositura de ação cautelar de exibição de documentos bancários (cópias e
segundas vias de documentos) é cabível como medida preparatória a fim de instruir
eventual ação principal, bastando a demonstração de relação jurídica entre as partes,
a comprovação de prévio pedido à instituição financeira não atendido em prazo
razoável, e o pagamento do custo do serviço conforme previsão contratual e
normatização da autoridade monetária". Contudo, aplicando por analogia o
entendimento proclamado pelo Excelso Supremo Tribunal Federal quando do
julgamento do RE 631240/MG, nos feito já anteriormente ajuizados, quando oferecida
contestação de mérito, resta caracterizado o interesse de agir pela resistência à
pretensão. A configuração do interesse de agir é avaliada mediante a conjugação do
binômio. necessidade e utilidade. As Instituições Financeiras possuem o dever de
exibir a documentação firmada com o consumidor que é de caráter comum entre as
partes e se encontra na guarda daquelas. Diante da ausência de exibição do
documento na esfera judicial, deve a parte Ré ser condenada ao pagamento dos ônus
sucumbenciais, consoante o princípio da causalidade. Os honorários advocatícios
fixados por equidade, nos termos do artigo 20, § 4º, do Código de Processo Civil,
devem alcançar um valor justo e razoável. (TJMG; APCV 1.0145.13.000329-9/001; Rel.
Des. Leite Praça; Julg. 26/02/2015; DJEMG 10/03/2015)
Ademais, exigir-se que o Autor apresente documento, que alega não possuir, enseja
limitação ilegal e inconstitucional ao direito de ação do correntista/consumidor.
De outro turno, dispõe o art. 319 da Legislação Adjetiva Civil que a petição inicial deve
apresentar os fatos e os fundamentos de direito, bem como os pedidos feitos de forma
clara e precisa. E isso fora prontamente feito nesta peça vestibular. Não mais que isso
deve ser exigido.
Deve-se levar em conta que a matéria em debate envolve temas bancários e, por
conseguinte, requer a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, o que, aliás,
muito apropriadamente fora debatido nesta inicial pela sua aplicabilidade.
Nessa esteira de entendimento, de todo pertinente a aplicação da inversão do ônus da
prova, sobretudo por hipossuficiência técnica do Autor, com vista a facilitar a defesa
dos seus interesses e fazer valer o princípio da isonomia.
Assim, preceitua o CDC que o consumidor tem direito a informações, hipótese essa
perfeitamente aplicável ao caso em exame, por assim evidenciar típica relação de
consumo.
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:
(...)
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço,
bem como sobre os riscos que apresentem;
Outrossim, faz-se mister destacar que o requerimento de exibição não
necessariamente deverá ser feito em pleito acautelatório a fim de preparar o
ajuizamento da ação revisional.
No que se refere à exibição de documentos, o Código de Processo Civil permite que a
parte seja instada a exibir de maneira incidental ( CPC, art. 396).
De outro bordo, não há qualquer óbice de que tal pleito seja firmado logo com a inicial,
sobretudo quando acostados à mesma prova de quitação de parcelas, comprovando-
se materialmente o enlace contratual.
Com a finalidade de fazer prova em Juízo da exorbitância dos valores cobrados, o
Autor vem pedir que:
a) Seja invertido o ônus da prova ( CDC, art. 6º, inc. VIII);
b) que a Ré seja instada a apresentar em Juízo, no prazo da contestação, todos
documentos contábeis e/ou extratos que comprovem toda a evolução dos
pagamentos efetuados pelo Promovente;
c) não sendo apresentados os documentos supra-aludidos no prazo fixado, requer
sejam, no julgamento desta querela, admitidos como verdadeiros os fatos
alegados na exordial, quais sejam: cobrança de juros remuneratórios acima do
texto legal, a cobrança abusiva de juros capitalizados em confronto com a lei,
ausência de pacto para cobrança de juros capitalizados. ( CPC, art. 400).
2.7. Restituição em dobro do que fora cobrado a maior
Tendo em vista a incidência do Código de Defesa do Consumidor no contrato em
espécie, necessário, caso haja comprovação de cobrança abusiva, que seja restituído
ao Autor, em dobro, aquilo que lhe fora cobrado em excesso (CDC, art. 42, parágrafo
único).
Nesse sentido:
TURMA RECURSAL CÍVEL. RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL.
FURTO DOS DOCUMENTOS E CARTÕES DE CRÉDITO DOS AUTORES. COMPRAS
REALIZADAS APÓS O FURTO E POSTERIORMENTE A SOLICITACAO DE
BLOQUEIO. RESTITUIÇÃO DOS VALORES. DANOS MORAIS CARACTERIZADOS.
Trata-se de recurso interposto em face da sentença que julgou parcialmente
procedente a ação em que a parte autora postulou a declaração de inexistência de
débito, assim como indenização por danos materiais e morais. Em se tratando de uma
relação de consumo e sendo os autores a parte hipossuficiente, incumbia aos réus
comprovarem, quantum satis, que o débito lançado nas faturas impugnadas foi
contraído em data anterior ao furto, ex vi legis do art. 333, inc. II, do CPC, e do art. 6º,
inc. VIII, do CDC. A ocorrência do furto é indiscutível diante dos documentos coligidos
aos autos, bem como restou comprovado que as compras impugnadas pelos autores
foram efetuadas em data posterior ao furto do cartão de crédito. Assim, resta mantida
sentença de procedência do pedido de declaração de inexistência da dívida. Ademais
inexiste qualquer demonstração de que a ré adotou as cautelas necessárias para evitar
a fraude, fato que aliado a teoria do risco, conduz ao dever de reparar dano
eventualmente causado aos autores. O fornecedor de produtos ou serviços deve se
responsabilizar pelos prejuízos causados a terceiros em razão da sua atividade. Danos
morais configurados. Situação que certamente ultrapassou meros dissabores, comuns
no enfrentamento de problemas da vida do cotidiano. Dever de indenizar reconhecido
e mantido. Para repetição do indébito em dobro, o egrégio Superior Tribunal de
Justiça firmou orientação no sentido de que o engano, na cobrança indevida, só é
justificável quando não decorrer de dolo, (má-fé) ou culpa na conduta do fornecedor
do serviço. Na hipótese dos autos, não é razoável falar em engano justificável, sendo
devida a repetição de indébito em dobro ao consumidor, nos termos do parágrafo
único do art. 42 do CDC. Recursos inominados desprovidos (TJRS; RecCv 0022411-
56.2014.8.21.9000; Porto Alegre; Quarta Turma Recursal Cível; Rel. Des. Niwton
Carpes da Silva; Julg. 27/02/2015; DJERS 11/03/2015)
INDENIZAÇÃO C.C. REPETIÇÃO DE INDÉBITO.
Retenção indevida de salário, mediante lançamento em conta corrente para satisfação
de crédito. Sentença que admite a retenção, mas limitada a 30% dos vencimentos do
autor. Inadmissibilidade, por violar o artigo 7º, inciso X, da Constituição Federal e o
artigo 649, inciso IV, do Código de Processo Civil. Restituição reconhecida da quantia
indevidamente debitada e em dobro. Aplicação do parágrafo único do artigo 42 do
Código de Defesa do Consumidor. Condenação do réu, ainda, a se abster de promover
novos lançamentos, provenientes da mesma relação contratual. Multa para a hipótese
de inadimplemento, em valor correspondente ao dobro que vier, eventualmente, a ser
debitado. Dano moral cabível, com majoração. Sentença parcialmente reformada.
Recurso do autor provido em parte e do réu improvido. (TJSP; APL 0001664-
70.2013.8.26.0597; Ac. 8261552; Sertãozinho; Trigésima Oitava Câmara de Direito
Privado; Rel. Des. Fernando Sastre Redondo; Julg. 04/03/2015; DJESP 11/03/2015)
2.8. Do pleito de tutela provisória de urgência
Ficou destacado claramente nesta peça processual, em tópico próprio, que a Ré
cobrou juros capitalizados indevidamente, encargo esse, pois, arrecadado do
Promovente durante o “período de normalidade” contratual. E isso, segundo que
fora debatido também no referido tópico, ajoujado às orientações advindas do c.
Superior Tribunal de Justiça, afasta a mora do devedor.
Nesse ponto, deve ser excluído o nome do Autor dos órgãos de restrições,
independentemente do depósito de qualquer valor, pois não se encontra em mora
contratual.
De outro norte, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de
urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo”:
Art. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.
Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré, fartamente
comprovada por documentos imersos nesta querela, maiormente pela perícia
particular apresentada com a presente peça vestibular. (doc. ...)
Entende-se por “prova inequívoca” aquela deduzida pelo autor em sua inicial,
pautada em prova preexistente – na hipótese laudo pericial particular feito por
contador devidamente registrado no CRC --, capaz de convencer o juiz de sua
verossimilhança, de cujo grau de convencimento não se possa levantar dúvida a
respeito.
Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos de
ilegalidades contido na prova ora imersa e até mesmo da análise das cláusulas
contratuais antes mencionadas, traz à tona circunstâncias de que o direito muito
provavelmente existe.
Acerca do tema do tema em espécie, é do magistério de José Miguel Garcia Medina
as seguintes linhas:
“sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como requisito, no
sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o direito afirmado é provável
(e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito muito provavelmente
existe, quanto menor for o grau de periculum. “ (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo
código de processo civil comentado ... – São Paulo: RT, 2015, p. 472).
Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior, delimitando comparações
acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”, esse professa, in verbis:
“4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris: Também é
preciso que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela
afirmado (fumus boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do
processo de conhecimento ou do processo de execução...” (NERY JÚNIOR, Nélson.
Comentários ao código de processo civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 857-858).
Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a concessão da tutela de
urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos ensinamentos de
Tereza Arruda Alvim Wambier:
"O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que envolvem dose significativa de
subjetividade – ficam, ao nosso ver, num segundo plano, dependendo do periculum
evidenciado. Mesmo em situações que o magistrado não vislumbre uma maior
probabilidade do direito invocado, dependendo do bem em jogo e da urgência
demonstrada (princípio da proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela de
urgência, mesmo que satisfativa. “ (Wambier, Teresa Arruda Alvim ... [et tal]. – São
Paulo: RT, 2015, p. 499).
No tocante ao periculum na demora da providência judicial, urge demonstrar que o
nome do Autor se encontra inserto nos órgãos de restrições (docs. ...). É inescusável
que aquele que tem seu nome incluído no banco de restrições sofre consequências
nefastas, maiormente no campo financeiro.
Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária ( CPC,
art. 9º, parágrafo único, inc. I c/c art. 300, § 2º), independente de caução ( CPC,
art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória no sentido de:
a) suspender a exigibilidade das parcelas contratuais até que seja apurado, junto ao
setor de Contadoria, o valor controverso e incontroverso a ser pago pelo Promovente;
b) determinar que a Ré exclua, no prazo de cinco (5) dias, o nome do Promovente dos
órgãos de restrições, referente ao pacto ora debatido, até que a Contadoria apure e
indique o valor correto a pagar, sob pena de pagamento de multa diária ( CPC, art.
297);
c) pleiteia, mais, seja concedida medida judicial no sentido da exclusão do nome do
Autor dos órgãos de restrições, inclusive junto à Central de Risco do Bacen, até
ulterior deliberação deste juízo.
III – PEDIDOS e REQUERIMENTOS
POSTO ISSO,
como últimos requerimentos desta Ação Revisional, o Autor expressa o desejo que
Vossa Excelência se digne de tomar as seguintes providências:
3.1. Requerimentos
( i ) O Autor opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII),
razão qual requer a citação da Promovida, por carta (CPC, art. 247, caput) para
comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c §
5º), devendo, antes, ser analisado o pleito de tutela de urgência;
( ii ) requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita;
( iii ) seja a Ré instada a apresentar em juízo, no prazo da contestação, todos
documentos contábeis e/ou extratos que comprovem toda a evolução dos pagamentos
efetuados pelo Promovente.
3.2. Pedidos
( i ) pede, mais, que sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS FORMULADOS
PELO AUTOR, para, via de consequência:
( a ) excluir do encargo mensal e/ou diário os juros capitalizados;
( b ) reduzir os juros remuneratórios à taxa anual de 12%(doze por cento), uma vez
que inexiste cláusula expressa quanto à remuneração;
( c ) sejam afastados todo e qualquer encargo contratual moratório, visto que o Autor
não se encontra em mora, ou, como pedido sucessivo, a exclusão do débito de juros
moratórios, juros remuneratórios, correção monetária e multa contratual, em face da
ausência de inadimplência, possibilitando, somente, a cobrança de comissão de
permanência, limitada à taxa anual de 12%(doze por cento);
( d ) que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o nome do Autor junto aos
órgãos de restrições, bem como a não promover informações à Central de Risco do
BACEN, sob pena de pagamento de multa;
( e ) pede, caso seja encontrado valores cobrados a maior durante a relação contratual,
sejam os mesmos devolvidos ao Promovente em dobro (repetição de indébito), ou
sucessivamente, sejam compensados os valores encontrados (devolução dobrada)
com eventual valor ainda existe como saldo devedor;
( ii ) protesta provar o alegado por toda espécie de prova admitida ( CF, art. 5º, inciso
LV), nomeadamente pelo depoimento do representante legal da Ré ( CPC, art. 75,
inciso VIII), oitiva de testemunhas a serem arroladas opportuno tempore, juntada
posterior de documentos como contraprova, perícia contábil (com ônus invertido),
exibição de documentos, tudo de logo requerido;
( iii ) seja a Ré condenada a pagar o todos os ônus pertinentes à sucumbência,
nomeadamente honorários advocatícios, esses de já pleiteados no patamar máximo de
20%(vinte por cento) sobre o proveito econômico obtido pelo Autor ou, não sendo
possível mensurá-los, sobre o valor atualizado da causa ( CPC, art. 85, § 2º).
Atribui-se à causa o valor do limite do cartão de crédito (CPC, art. 292, inc. II),
resultando na quantia de R$ ... (...)
Respeitosamente, pede deferimento.
Local, data.
ADVOGADO
OAB/UF nº ....