Enem2024 1 Dia

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Questões de 1 a 5 (opção Inglês)

Disponível em: www.hongkiat.com.


Acesso em: 18 ago. 2017 (adaptado).

O texto estabelece uma relação entre elementos da


natureza e comandos de um programa de computador
para
a) alertar as pessoas sobre a rápida destruição da natureza.
b) conscientizar os indivíduos sobre a passagem acelerada
do tempo.
c) apresentar aos leitores os avanços tecnológicos na área
da agricultura.
d) orientar os usuários sobre o emprego sustentável das
novas tecnologias.
e) informar os interessados sobre o tempo de crescimento
de novas árvores.

Resolução
De acordo com o texto, a natureza levará 2 décadas
para ser totalmente deletada, visto que 70% dela já
foi.
Resposta: A

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2
HoIy War
Oh, so we can hate each other and fear each other
We can build these walls between each other
Baby, blow by blow and brick by brick
Keep yourself locked in, yourself locked in
[...]
Oh, maybe we should love somebody
Oh, maybe we could care a little more
So maybe we should love somebody
lnstead of polishing the bombs of holy war
KEYS, A. Hera. Estados Unidos: RCA Records, 2016.

Nessa letra de canção, que aborda um contexto de ódio e


intolerância, o marcador “instead of” introduz a ideia de
a) mudança de comportamento.
b) panorama de conflitos.
c) rotina de isolamento.
d) perspectiva bélica.
e) cenário religioso.

Resolução
O marcador “instead of” significa em vez de, logo,
introduz a ideia de mudança de comportamento.

“Então, talvez, devêssemos amar alguém


Em vez de polir as bombas de uma guerra santa.”

Resposta: A

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3

Disponível em: http://thumbpress.com.


Acesso em: 28 out. 2013.

A relação entre as citações atribuídas ao físico Albert


Einstein e ao cantor e compositor Bob Mailey reside na
crença de que é necessário
a) dar oportunidade a pessoas que parecem necessitadas.
b) identificar contextos que podem representar perigo.
c) tirar proveito de situações que podem ser adversas.
d) evitar dificuldades que parecem ser intransponíveis.
e) contestar circunstâncias que parecem ser harmônicas.
Resolução
De acordo com a citação de Albert Einstein, em meio
à dificuldade, encontra-se a oportunidade.

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E Bob Marley afirmava que enquanto uns sentem a
chuva, outros só ficam molhados.
Logo, é necessário tirar proveito de situações que
podem ser adversas.

Resposta: C

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4

Disponível em: www.clickhole.com.


Acesso em: 26 out. 2015.

A carta da editora Stephanie AlIen-Nichols à escritora


Alice Walker tem o propósito de
a) problematizar o enredo de sua obra.
b) acusar o recebimento de seu manuscrito.
c) solicitar a revisão ortográfica de seu texto.
d) informar a transferência de seu livro a outra editora.
e) comunicar a recusa da publicação de seu romance.

Resolução
Lê-se, no texto:
“I am afraid, for this reason, we are forced to make
the difficult decision to pass on your manuscript.”

• to pass on: recusar

Resposta: E

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5
I remember being caught speaking Spanish at recess
I remember being sent to the corner of the classroom for
“talking back” to the Anglo teacher when alI I was trying
to do was tell her how to pronounce my name. “if you
want to be American, speak ‘American’. if you don’t like
it, go back to Mexico where you belong”.
“I want you to speak English [...]”, my mother would
say, mortified that I spoke English like a Mexican. At
Pan American University, I and all Chicano students were
required to take two speech classes. Their purpose: to get
rid of our accents.
ANZALDÚA, O. Borderlands/La Frontera: The New
Mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1987.

O problema abordado nesse texto sobre imigrantes


residentes nos Estados Unidos diz respeito aos prejuizos
gerados pelo(a)

a) repúdio ao sotaque espanhol no uso do inglês.


b) resignação diante do apagamento da língua materna.
c) escassez de oportunidades de aprendizado do espanhol.
d) choque entre falantes de línguas distintas de diferentes
gerações.
e) concorrência entre as variações linguísticas do inglês
e as do espanhol.

Resolução
No texto, percebe-se o repúdio ao sotaque espanhol no
uso do inglês nos seguintes trechos, entre outros:
• “if you want to be American, speak ‘American’.”
• “I want you to speak English [...]”, my mother
would say, mortified that I spoke English like a
Mexican. “

Resposta: A

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Questões de 1 a 5 (opção Espanhol)

1
Celerina Patricia Sánchez Santiago comentó que su
acercamiento a la poesia fue por la escuela, con libros
de texto en español. Descubrió el gusto por las letras
pero notó que no había textos en la suya, asi que, contra
muchos comentarios negativos que recibió en ese
momento, decidió emprender el camino de la escritura
pero en mixteco. “Fue un proceso de años para notar que
en mi lengua podia escribir poesia, porque me decian que
mi lengua era tan pobre que no podia tener conceptos
abstractos, era un reto pero yo sabia que si era posible”.
Este proceso no sólo le ayudó a vivir la poesia en
mixteco, sino a “ir descubriendo mi propia historia y la
de mi pueblo”. Comentó que las lenguas habladas en el
territorio nacional se encuentran en gran desventaja con el
español. “El reconocimiento a la diversidad no se ha hecho
y ha sido tratada de borrar. Este es un pais con 68 lenguas
y somos monolingües del español. Antes habia nulo de
reconocimiento de ser bilingüe, negabas que hablabas tu
lengua, hasta le decían dialecto. Era parte del proceso fatal
que nos llevó a no reconocernos en un país multilingüe. “¿Si
tenemos varias lenguas por qué no aprender?”.
Disponível em: www.fapcom.edu.br.
Acesso em: 20 nov. 2021.
Em sua escrita poética, a poetisa mexicana Celerina
Patricia Sánchez Santiago assume o desafio de
a) destacar a importância da literatura na formação
escolar.
b) discutir a hegemonia da literatura escrita em espanhol.
c) promover reflexões acerca de conceitos abstratos.
d) representar a pluralidade linguística de seu país.
e) narrar uma trajetória de autoconhecimento.
Resolução
No texto da autora Celerina Patricia Sánchez Santiago,
ela conta de seu desejo em escrever poesias em sua
língua materna, mas relata que não teve contato
com essa literatura na escola e ao decidir escrever
suas poesias em mixteco, recebeu muitas críticas.
No final no texto, ela defende as línguas faladas no
México, sendo um total de 68, e critica o fato de
serem declarados um país monolíngue, deixando um
questionamento: “Se temos várias línguas, porque
não aprender?” Essa pergunta afirma sua defesa das
línguas faladas no México.
Resposta: D

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2
“Y si llueve, que llueva” es un refrán gallego. Para mi
cobró sentido una noche de febrero, cuando vivía en el
barrio de la Macarena de Sevilla con dos buenos amigos,
gallegos también.
Mi compañero y yo nos decidimos a salir ese sábado
de noche, pese a que había estado lloviendo algunas
horas a lo largo del dia. La idea era una locura, al parecer.
Le propusimos salir “de parranda” con nosotros a una
amiga andaluza, ésta respondió que no, nos dijo que
no iba a salir un dia de lluvia. Flipamos. Comentamos
entre nosotros que si los gallegos no saliésemos de casa
cuando llueve, en invierno saldríamos poco. Habríamos
inventado el confinamiento hace mucho.
Los gallegos no dejamos de salir por la lluvia.
Disponivel em: https://politicahora.es.
Acesso em: 26 out. 2021.

O comportamento dos personagens narrado no texto


destaca o(a)
a) abandono da própria identidade.
b) medo dos perigos durante a noite.
c) influência do grupo na tomada de decisão.
d) diferença cultural entre galegos e andaluzes.
e) variação meteorológica entre Sevilha e Galiza.

Resolução
O texto afirma que um rapaz galego vivia em um bairro
da cidade Sevilha (cidade que está na comunidade
autônoma de Andaluzia, sul da Espanha), um lugar
onde o clima é quente. Já a Galícia, situada no noroeste
da Espanha, tem um clima frio. Em seu relato, ele
faz um convite a dois amigos, também galegos, para
saírem em um dia de chuva, e ambos aceitam. Porém,
eles convidam a uma amiga sevilhana, que não aceita
o convite devido à chuva. Eles estranham e comentam
que se os galegos não saíssem nos dias de inverno,
seriam eles que teriam inventado o confinamento.

Resposta: D

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3
Morir muy vivos

No todo es perder, es cierto. Si te esfuerzas mucho


y bien, porque no viene de fábrica, ganas conocimiento
del mundo y de ti mismo, empatia, sosiego y, en suma,
algo que podríamos denominar sabiduría. Pero creo que
para ello hay que mantenerse alerta y no darse nunca por
vencido. Pero también es un tiempo para saldar cuentas.
No creo que haya que dejarse llevar por el peso de los dias
como un leño podrido al que las olas arrojan finalmente
a la playa. Uno siempre puede intentar sacarse alguna
de las piedras que lleva a la espalda, decir las cosas
que nunca se atrevió a decir, cumplir en la medida de
lo posible los deseos arrumbados, rescatar algún sueño
que quedó en la cuneta. No rendirse, esa es la clave. Y
sobre todo decirse: ¿y por qué no? Porque la vejez no
está reñida con la audacia. Debemos aspirar a morir muy
vivos.
MONTERO, R. Disponível em: https://elpais.com.
Acesso em: 4 dez. 2017.

Nesse texto, ao utilizar a expressão “morir muy vivos”,


a escritora Rosa Montero evidencia a importância de se
a) acumular sabedoria com o passar do tempo.
b) observar o impacto dos anos sobre o corpo.
c) rever os erros e os acertos de sua trajetória.
d) desfrutar de todas as fases da vida.
e) libertar das amarras sociais.
Resolução
No início do texto, a autora fala sobre as conquistas
do envelhecimento, pois nem tudo “vem de fábrica”,
ou seja, aprendemos ao longo da vida e obtemos
sabedoria. Na frase “No creo que haya que dejarse
llevar por el peso de los días como un leño podrido al
que las olas arrojan finalmente a la playa.”, a autora
demonstra que envelhecer não é o fim, situação em
que a pessoa não teria mais nenhuma serventia. Em
seguida, ele faz menção às coisas que podem ser feitas
nessa fase da vida, como falar coisas que não disse
antes, realizar sonhos que ficaram no passado e não
se render, essa é a dica. Finalizando, a velhice não está
em desacordo com a audácia, é preciso viver para
morrer.

Resposta: D

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4
Los últimos dias del sitio de Tenochtitlán

Y todo esto pasó con nosotros.


Nosotros lo vimos,
nosotros lo admiramos.
Con esta lamentosa y triste suerte
nos vimos angustiados.
En los caminos yacen dardos rotos,
los cabellos están esparcidos.
Destechadas están las casas,
enrojecidos tienen sus muros.
Gusanos pululan por calles y plazas,
y en las paredes están salpicados los sesos.
Rojas están las aguas, están como teñidas,
y cuando la bebimos,
es como si bebiéramos agua de salitre.

Manuscrito anónimo de Tlatelolco, 1528.


Disponivel em: www.biblioweb.tic.unam.mx.
Acesso em: 13 out. 2021 (fragmento).

Nesse poema, o eu lírico representa a voz de um


sobrevivente asteca que testemunha a
a) destruição da capital do Império Asteca pelos
colonizadores espanhóis.
b) degradação do meio ambiente no entorno da capital do
Império Asteca.
c) tristeza dos refugiados astecas ao deixarem a capital
do Império rumo ao exílio.
d) aflição dos astecas ao receberem os colonizadores
espanhóis na capital do Império.
e) resistência dos astecas às mudanças feitas pelos
colonizadores espanhóis na capital do Império.
Resolução
No poema “Los últimos diás del sitio de Tenochtitlán”,
sabemos que Tenochtitlán era a capital do Império
Asteca, e que ao ser colonizada pelos espanhóis, trouxe
ao seu povo muita dor e sofrimento, pois o fizeram de
forma brutal.

Resposta: A

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5
Ei vírus de la cancelación

¿De qué se trata este fenómeno? Se entiende por cultura


de la cancelación a una práctica popular que consiste
en “quitarle apoyo” especialmente a figuras públicas y
compañias muitinacionales después de que hayan hecho
o dicho algo considerado objetable u ofensivo. Cuando
alguien o algo está cancelado se descarta, se deja de ver,
se deja de escuchar, se desclasifica, se aisla, se abandona,
se niega, se deja de consumir hasta que eventualmente
puede o no desaparecer. Es una estrategia muy extendida
en la historia de las luchas anticoloniales, antiespecistas,
sexodisidentes, feministas y, especialmente en nuestro
país, también Ilevadas adelante por el movimiento de
derechos humanos. Entonces, ¿dónde radica el problema?
Se puede observar positivamente que hay un proceso
cada vez más agudo de socialización de herramientas
criticas para desmantelar formas de desigualdad
incrustadas en los lazos sociales. Pero la popularización
irrestricta y el uso amplificado de esta herramienta por
fuera de sus contextos colectivos de emergencia han
despertado efectos adversos en una sociedad atravesada
por las pantallas como formas de encierro-consumo, la
representación online como única esfera pública y un
imperativo felicista cuya moral nos obliga a trabajar
ansiosamente por una vida sin desacuerdos, sin errores y
sin dolor, a como dé lugar.
Disponivel em: www.revistaanfibia.com.
Acesso em: 7 out. 2021 (adaptado).

Na argumentação apresentada sobre cultura do


cancelamento, esse texto objetiva
a) apresentar o conceito desse tipo de prática.
b) mostrar a contrariedade das mídias com relação a essa
atitude.
c) criticar o impacto dessa cultura sobre a vida
representada nas redes.
d) evidenciar a democratização dessa prática na sociedade
virtual.
e) discorrer historicamente sobre a origem e as causas
dessa cultura.
Resolução
O texto inicia retratando o que é o fenômeno “El
vírus de la cancelación”, mostra as múltiplas formas
que ocorrem em nossa sociedade de “silenciar” o
outro, para manter uma aparência de que tudo está

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tranquilo, perene. Afirma que essa prática vem de
primórdios, “Es una estrategia muy extendida en
la historia de las luchas anticoloniales…” e que a
sociedade a mantém nos dias atuais, ao não aceitar a
opinião do outro.

Resposta: C

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS
Questões de 06 a 45

6
O festival folclórico de Parintins, no Amazonas,
anunciou que o Boi Caprichoso levou, em 2018, seu 23.o
título — contra 31 do adversário Boi Garantido. Desde
o fim do evento que não paro de cantar duas músicas
que aprendi no Bumbódromo (arena onde ocorre o
espetáculo). Revezo entre “meu amor, eu sou feliz, ééé
azul o meu país”, obviamente do boi azul, o Caprichoso;
e “vermelhou o curral, a ideologia avermelhou”, do boi
vermelho, o Garantido. Esse revezamento seria proibido
em Parintins, cidade tão dividida entre as torcidas dos
bois. Em Parintins, você tem de ter um lado. Há aqueles
que tentam fugir e dizem que são “garanchoso”, com os
quais me identifiquei, mas esses são vistos com certo
desdém.
DYNLEWICZ, L. Disponível em: https://viagem.estadao.com.br.
Acesso em: 22 nov. 2018 (adaptado).

A apropriação de elementos como rivalidade, compe-


titividade, torcida e gritos de guerra pelo festival de
Parintins evidencia a
a) escolha de um local específico para a festa.
b) importância atribuída pelos turistas aos bois.
c) interação social estabelecida após o evento.
d) aproximação da manifestação folclórica com o esporte.
e) composição de enredos musicais pelos “garanchosos”.
Resolução
O autor utiliza vocábulos como “contra”, “adver-
sário”, “título”, “revezamento”, “torcidas”, além de
afirmar que em Parintins é necessário ter um lado.
Essas ocorrências demonstram que o excerto pretende
aproximar o festival de Parintins a um evento
esportivo, marcado por competitividade e rivalidade.

Resposta: D

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7
O Brasil somou cerca de 60 mil novos casos de câncer
de mama até o final de 2019, número que corresponde
a 25% de todos os diagnósticos da condição registrados
no país, segundo dados do Instituto Nacional do
Câncer (Inca). Apesar de o Outubro Rosa ser o mês de
conscientização sobre a questão voltada para as mulheres,
é muito importante lembrar que um dos grandes mitos da
medicina é o de que o câncer de mama não afeta o sexo
masculino.
Fatores importantes para detectar o câncer de mama
masculino:
1. Genética: se houver casos na família, as chances são
um pouco mais elevadas.
2. Hormônios: homens podem desenvolver tecido
real das glândulas mamárias por tomarem certos
medicamentos ou apresentarem níveis hormonais
anormais.
3. Caroços: é necessário que os médicos se atentem a
alguns sintomas suspeitos, como um caroço na área
do tórax.
4. Retração na pele: em situações mais graves do câncer
de mama masculino, é possível também ocorrer uma
retração do mamilo.
Disponível em: https://pebmed.com.br.

Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado).

As informações dessa reportagem auxiliam no combate


ao câncer de mama masculino por apresentarem um
alerta sobre o(s)
a) sinais indicadores da doença.
b) índice de crescimento de casos.
c) exames para diagnóstico do tumor.
d) mitos a respeito da herança genética.
e) período de campanhas de conscientização.
Resolução
A reportagem informa as características específicas
do câncer de mama masculino. Assim, o texto auxilia
no combate à doença por apresentar seus sinais
indicadores.

Resposta: A

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8
Feijoada à minha moda
Amiga Helena Sangirardi
Conforme um dia prometi
Onde, confesso que esqueci
E embora – perdoe – tão tarde
(Melhor do que nunca!) este poeta
Segundo manda a boa ética
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.
Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho
O feijão deve, já catado
Nos esperar, feliz, de molho.
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio)
Nós, bocejando o nosso tédio
Nos chegaremos ao fogão
[...]
De carne-seca suculenta
Gordos paios, nédio toucinho
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)
[...]
Enquanto ao lado, em fogo brando
Desmilinguindo-se de gozo
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso
Em cuja gordura, de resto
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve
Picada, em fogo alegre e presto.
[...]
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta... – jamais!
Abraça-a, em Brillat-Savarin,
O seu Vinicius de Moraes.
MORAES, V. ln: CÍCERO, A.; QUEIROZ, E. (Org.).
Vinicius de Moraes: nova antologia poética. São Paulo: Cia. das
Letras, 2005 (fragmento).

Apesar de haver marcas formais de carta e receita, a


característica que define esse texto como poema é o(a)
a) nomeação de um interlocutor.

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b) manifestação de intimidade.
c) descrição de procedimentos.
d) utilização de uma linguagem expressiva.
e) apresentação de ingredientes culinários.
Resolução
O gênero poema apresenta linguagem expressiva que
valoriza a forma do texto em versos ao explorar a
função poética da linguagem. Sendo assim, trata-se de
um poema e não carta ou receita, ainda que registre
algumas características desses dois gêneros.

Resposta: D

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9
Expressões e termos utilizados no Amazonas são
retratados em livro e em camisetas
“Na linguagem, podemos nos ver da forma mais
verdadeira: nossas crenças, nossos valores, nosso lugar
no mundo”, afirmou o doutor em linguística e professor
da Ufam em seu livro Amazonês: expressões e termos
usados no Amazonas. Portanto, o amazonense, com todas
as suas “cunhantãs” e “curumins”, acaba por encontrar
um lugar no mundo e formar uma unidade linguística,
informalmente denominada de português “caboco”, que
muito se diferencia do português “mineiro”, “gaúcho”,
“carioca” e de tantos outros espalhados pelo Brasil. O
livro, que conta com cerca de 1100 expressões e termos
típicos do falar amazonense, levou dez anos para ser
construído. Para o autor, o principal objetivo da obra é
registrar a linguagem.
Um designer amazonense também acha o amazonês
“xibata”, tanto é que criou uma série de camisetas
estampadas com o nome de Caboquês Ilustrado, que
mistura o bom humor com as expressões típicas da região.
A coleção conta com sete modelos já lançados, entre eles:
Leseira Baré, Xibata no Balde e Até o Tucupi, e 43 ainda
na fila de espera. Para o criador, as camisas têm como
objetivo “resgatar o orgulho do povo manauara, do povo
do Norte”.
Disponível em: https://g1.globo.com.
Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).
A reportagem apresenta duas iniciativas: o livro Amazonês
e as camisetas do Caboquês Ilustrado. Com temática em
comum, essas iniciativas
a) recomendam produtos feitos por empreendedores da
região Norte.
b) ressaltam diferenças entre o falar manauara e outros
falares.
c) reverenciam o trabalho feito por pesquisadores
brasileiros.
d) destacam a descontração no jeito de ser do amazonense.
e) valorizam o repertório linguístico do povo do
Amazonas.
Resolução
O texto apresenta dois fatos que colocam em evidência
a variante linguística amazonense: a criação do livro
Amazonês e a confecção de camisetas com expressões
típicas dessa região. Logo, há valorização da
identidade linguística amazonense.
Resposta: E

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10
Conheça histórias de atletas paralímpicas que
trocaram de modalidade durante a carreira
esportiva
Jane Karla: a goiana de 45 anos teve poliomielite aos
três anos, o que prejudicou seus movimentos das pernas.
Em 2003, iniciou no tênis de mesa e conseguiu conquistar
títulos nacionais e internacionais. Mas conheceu o tiro
com arco e, em 2015, optou por se dedicar somente à
nova modalidade. Em seu ano de estreia no tiro, já faturou
a medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de
Toronto 2015.
Elizabeth Gomes: a santista de 55 anos era jogadora de
vôlei quando foi diagnosticada com esclerose múltipla em
1993. Ingressou no Movimento Paralímpico pelo basquete
em cadeira de rodas até experimentar o atletismo. Chegou
a praticar as duas modalidades simultaneamente até
optar pelas provas de campo em 2010. No Campeonato
Mundial de Atletismo, realizado em Dubai, em 2019, Beth
se sagrou campeã do lançamento de disco e estabeleceu
um novo recorde mundial da classe F52.
Silvana Fernandes: a paraibana de 21 anos é natural de
São Bento e nasceu com malformação no braço direito.
Aos 15 anos, começou a praticar atletismo no lançamento
de dardo. Em 2018, enquanto competia na regional
Norte-Nordeste, foi convidada para conhecer o paratae
kwon do. No ano seguinte, migrou para a modalidade e
já faturou o ouro na categoria até 58 kg nos Jogos Para-
pan-Americanos de Lima 2019.
Disponível em: https://cpb.org.br.
Acesso em: 15 jan. 2024 (adaptado).

Esse conjunto de minibiografias tem como propósito


a) descrever as rotinas de treinamento das atletas.
b) comparar os desempenhos de atletas de alto rendi-
mento.
c) destacar a trajetória profissional de atletas paralímpicas
brasileiras.
d) indicar as categorias mais adequadas a adaptações
paralímpicas.
e) estimular a participação de mulheres em campeonatos
internacionais.
Resolução
A biografia é um gênero textual cujo objetivo é levar o
leitor a conhecer a trajetória de vida de um ser tanto
no campo pessoal, como no profissional. Essas três

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revelam as mudanças na modalidade esportiva desses
atletas paralímpicos.
Essas três minibiografias revelam mudanças na
trajetória esportiva dessas três atletas paralímpicas.

Resposta: C

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11
É fundamentalmente no Minho, norte de Portugal,
que o cavaquinho aparece como instrumento tipicamente
popular, ligado às formas essenciais da música
característica dessa província. O cavaquinho minhoto
tem escala rasa com o tampo, o que facilita a prática do
“rasqueado”. O cavaquinho chega ao Brasil diretamente
de Portugal, e o modelo brasileiro é maior do que a sua
versão portuguesa, com uma caixa de ressonância mais
funda. Semelhante ao cavaquinho minhoto, o machete,
ou machetinho madeirense, é um pequeno cordófono de
corda dedilhada, que faz parte da grande e diversificada
família das violas de mão portuguesas. O ukulele tem
a sua origem no século XIX, tendo como ancestrais o
braguinha (ou machete) e o rajão, instrumentos levados
pelos madeirenses quando eles emigraram para o Havaí.
OLIVEIRA, E. V. Cavaquinhos e família. Disponível em:
https://casadaguitarra.pt. Acesso em: 18 nov. 2021 (adaptado).

O conjunto dessas práticas musicais demonstra que os


instrumentos mencionados no texto
a) refletem a dependência da utilização de matéria-prima
europeia.
b) adaptam suas características a cada cultura, assumindo
nova identidade.
c) comprovam a hegemonia portuguesa na invenção de
cordófonos dedilhados.
d) ilustram processos de dominação cultural,
evidenciando situações de choque cultural.
e) mantêm nomenclatura própria para garantir a
fidelidade às formas originais de confecção.
Resolução
O texto trata das adaptações sofridas pelas variações
das violas portuguesas quando chegaram a outros
países. O cavaquinho brasileiro, por exemplo, é maior
que o português.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


12
Marília acorda
Tomo café em golinhos para não queimar meus lábios
ressequidos. Como pão em pedacinhos para não engasgar
com um farelo mais duro. Marília come também, mas
olha o tempo todo para baixo. Parece que tem um
acanhamento novo entre a gente. Termino. Olho mais
uma vez pela janela. O dia está bom. Quero caminhar
pelo pátio. Marília levanta, pega o andador e põe ao
lado da cama. Ela sabe que eu quero levantar sozinha,
e levanto. O lance de escadas, apesar de pequeno, ainda
me causa problemas, mas não quero um elevador na casa
e não vou tolerar descer uma rampa de cadeira de rodas.
Marília abre a porta e saímos para a manhã. O dia está
mais fresco do que eu imaginava. Ela pega uma manta
de tricô que temos desde não sei quando e põe sobre as
minhas costas. Ela aperta meus ombros com muita força,
porque mesmo depois de todos esses anos, não descobriu
a medida certa do carinho. Eu gosto. Porque entendo que
naquele ato, naquela força está o nosso carinho.
POLESSO, N. B. Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015.

Nesse trecho, o drama do declínio físico da narradora


transmite uma sensibilidade lírica centrada na
a) necessidade de fazer adaptações na casa.
b) atmosfera de afeto fortalecido pelo convívio.
c) condição de dependência de outras pessoas.
d) determinação de manter a regularidade da rotina.
e) aceitação das restrições de mobilidade da personagem.
Resolução
O declínio físico da narradora evidencia-se pela
presença do andador e da cadeira de rodas. Já a
sensibilidade lírica entre as personagens ocorre por
meio de manifestação de cuidado e carinho.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


13

Disponível em: https://defesacivil.rs.gov.br.


Acesso em: 11 mar. 2024 (adaptado).

Nesse cartaz, a expressão “Vou deixar que você se vá”,


em conjunto com os elementos não verbais utilizados tem
a finalidade de
a) incentivar o descarte de itens defeituosos.
b) promover a reciclagem de produtos usados.
c) garantir a conservação de roupas de inverno.
d) relacionar o gesto de doação à ideia de desapego.
e) comparar a peça de roupa ao sentimento de despedida.
Resolução
No cartaz os elementos verbais e não verbais
corroboram o comportamento a ser adotado pelo
leitor. Assim, a expressão verbal “vou deixar que
você se vá”, escrita no agasalho, explicita as ações de
doação e desapego.

Resposta: D

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14
Teclado amazônico

Em novembro de 2023, uma professora indígena


recebeu uma missão: verter as regras de um jogo de
tabuleiro infantil do português para o tukano, sua língua
nativa. Com vinte anos de experiência como professora
de línguas em Taracuá, no Amazonas, ela já se dedicava à
tradução havia tempos. O trabalho ficou mais fácil graças
a um aplicativo lançado no ano anterior: com o Linklado
em seu computador, ela traduziu as sete páginas das
instruções do jogo em dois dias. Sem esse recurso, a tarefa
seria bem mais trabalhosa. Antes dele, diz a professora,
as transcrições de línguas indígenas exigiam o esforço
quase manual de produzir diacríticos (acentos gráficos)
e letras que não constam no teclado de aplicativos de
mensagens ou programas de texto.
Para a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (lnpa), idealizadora do aplicativo, o
Linklado representa uma revolução. O programa não
restringe combinações de acentos, e isso poderá facilitar
a criação de representações gráficas para fonemas que
ainda não têm forma escrita. “Eu mirei em uma dor e
atingimos várias outras”, diz.
“O Linklado possibilita que o Brasil reconheça a sua
diversidade linguística”, afirma uma antropóloga que é
colega da pesquisadora no Inpa e faz parte da equipe do
aplicativo. Ela defende que escrever na língua materna é
uma das principais formas de preservá-la.
Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br.
Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).

De acordo com esse texto, o aplicativo Linklado contri-


buiu para a
a) criação de fonemas representativos de línguas indíge-
nas no meio digital.
b) democratização do registro escrito de línguas dos
povos originários.
c) adaptação de regras de jogos de tabuleiro de origem
indígena.
d) divulgação das técnicas de tradução de línguas
indígenas.
e) aprendizagem da língua portuguesa pelos indígenas.
Resolução
A criação do aplicativo Linkado, como descrito no
texto “Teclado amazônico”, possibilitou que sons

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específicos de línguas antes ágrafas pudessem ter
letras e diacríticos próprios, que não são subordinados
a empréstimos de línguas escritas. Assim, o aplicativo
em questão contribuiu para a democratização do
registro escrito de línguas de povos originários.

Resposta: B

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15
TEXTO 1
A fotografia de Regina Valkenborgh apresenta 2953
arcos de luz cruzando o céu e registra o nascer e o pôr
do sol ao longo de oito anos. Em 2012, essa estudante
da Universidade de Hertfordshire colocou uma folha
de papel fotográfico em uma lata com um pequeno
orifício, criando assim uma câmera pinhole de baixa
tecnologia. Porém, a lata foi esquecida em um telescópio
no observatório da universidade. Esse projeto esquecido
acabou revelando a foto do pôr do sol de maior exposição
já tirada.
SANTOS, A. Disponível em: https://socientifica.com.br.

Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).

TEXTO II
Representação de 2953 arcos de luz
cruzando o céu, registrando o nascer
e o pôr do sol ao longo de oito anos

VALKENBORGH, R. Fotografia. Reino Unido: Universidade


Hertfordshire (2012-2020).
Disponível em: www.thisiscolossal.com. Acesso em: 1 nov. 2022.

O experimento realizado por Regina Valkenborgh


resultou no entendimento de que a
a) técnica fotográfica alternativa limita o registro de
imagens.
b) apreciação da natureza depende de registro fotográfico.
c) criatividade artística decorre do conhecimento
científico.
d) câmera de criação caseira tem valor tecnológico.
e) produção artística pode ser resultado do acaso.

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


Resolução
Uma câmera fotográfica de baixa tecnologia,
esquecida em um telescópio, “acabou revelando a
foto do pôr do sol de maior exposição já tirada”. O
experimento fotográfico põe em evidência o fato de
que o objeto de arte – a representação de 2953 arcos
de luz cruzando o céu – “pode ser resultado do acaso”,
ou de um mero indicidente, neste caso, o esquecimento
da câmera em um observatório.

Resposta: E

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16
Os Jogos Olímpicos já não são mais os mesmos.
E isso não é nem uma crítica, nem um elogio. É uma
constatação. Esse movimento começou com o vôlei de
praia tornando-se esporte olímpico em 1996, passou
pela chegada do BMX Racing como primeiro “radical” a
entrar no programa em 2008, e agora atinge seu momento
mais insólito com a inclusão do break dance como
modalidade dos Jogos de Paris, em 2024. Para os mais
tradicionalistas, o cruzamento da linha que delimitava
o que é esporte e o que é cultura e arte é uma afronta
ao espírito dos Jogos Olímpicos. Skate e surfe, que há
anos têm competições na televisão, pareciam estar na
divisa entre esses dois mundos, o limite do aceitável
pelos puristas. O break dance estaria do lado de “lá”
dessa fronteira. Para o Comitê Olímpico Internacional, a
decisão faz parte de uma estratégia de se comunicar com
jovens urbanos que se exercitam e se entretêm de uma
maneira muito diferente da dos seus avós.
Disponível em: www.uol.com.br.
Acesso em: 19 nov. 2021 (adaptado)

A mudança no programa olímpico mencionada no texto


mostra que o esporte está se
a) aproximando da aventura.
b) mantendo em sua forma padrão.
c) tornando uma forma de dança.
d) afastando de elementos culturais.
e) adaptando às demandas do seu tempo.
Resolução
Por meio de uma abordagem histórica dos jogos
olimpícos ao longo de três décadas, o texto revela
que algumas modalidasdes esportivas, como o break
dance, foram incluídas no programa olimpíco como
consequência de mudanças culturais e geracionais
ocorridas na sociedade.

Resposta: E

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17
Memes e fake news:
o impacto na educação das crianças
Há quem diga que o Brasil nunca mais foi o mesmo
depois dos memes. Na economia da velocidade, alguns
apostam no humor, outros no engajamento político, e tem
gente investindo alto na mentira também. Diante desse
cenário, uma pergunta se torna essencial: será que todo
mundo está conseguindo traduzir as mensagens postadas,
curtidas e compartilhadas?
Essa dúvida incentivou uma professora de língua
portuguesa a desenvolver uma proposta de leitura e
análise crítica de memes com estudantes do ensino
fundamental, na rede pública do Distrito Federal, na
cidade de Samambaia. “Percebi que muitos alunos e pais
estavam divulgando conteúdos sem saber o que havia por
trás das palavras”, relata a professora.
“O que antes era engraçado para os alunos passou a
ser visto com outros olhos”, afirma a professora. Para
ela, que utilizou a representação da criança em memes de
WhatsApp como material gerador das discussões em sala
de aula, aguçar o olhar sobre-essas mensagens impacta
diretamente a atitude de postar, curtir e compartilhar
conteúdos ao estimular o uso consciente da informação
que circula nas plataformas de mídia social.
Letramento político e midiático é um desafio
intergeracional. Em tempos de notícias falsas, de
imagens manipuladas e de memes sendo usados como
triunfo da verdade de cada um, checagem de informação
e interpretação de texto acabam se tornando moedas
valiosas.
Disponível em: https://lunetas.com.br. Acesso em: 15 jan. 2024
(adaptado).

Ao abordar a relação dos memes com a educação, a


reportagem sustenta uma crítica à
a) falta de fiscalização no uso de aplicativos de mensagens
por crianças.
b) divulgação de informação manipulada em postagens
virtuais.
c) utilização de ferramentas digitais no trabalho
educacional.
d) exploração de conteúdos humorísticos nas mídias
sociais.
e) propagação de mensagens com objetivos políticos.

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Resolução
O texto explicita uma crítica à prática de divulgar
conteúdos falsos ou maliciosos pelas redes sociais,
descrita no trecho pela atitude de disseminá-los “sem
saber o que havia por detrás das palavras”. Para
combater esse comportamento, a professora fez com
que, a partir do “letramento político e midiático”,
postagens que, a princípio foram mal interpretadas
pelos alunos, fossem compreendidas como exemplos
de manipulação e desinformação.
Resposta: B

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18
— Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram
a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. Meu
primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa,
para ti...
[...]
— Ou de outra mais rica! disse ela, retraindo-se para
fugir ao beijo do marido, e afastando-o com a ponta dos
dedos.
A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da
rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o
seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.
— Aurélia! Que significa isto?
— Representamos uma comédia, na qual ambos
desempenhamos o nosso papel com perícia consumada.
Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não
nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta
cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo
mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais
triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma
mulher traída; o senhor, um homem vendido.
— Vendido! — exclamou Seixas ferido dentro d’alma.
— Vendido, sim: não tem outro nome. Sou rica, muito
rica; sou milionária; precisava de um marido, traste
indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no
mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi
barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a
minha riqueza por este momento.
ALENCAR, J. Senhora. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 2003.

Ao tematizar o casamento, esse fragmento reproduz uma


concepção de literatura romântica evidenciada na
a) defesa da igualdade de gêneros.
b) importância atribuída à castidade.
c) indignação com as injustiças sociais.
d) interferência da riqueza sobre o amor.
e) valorização das relações interpessoais.
Resolução
O texto apresenta um casamento corrompido,
porque se baseia em uma relação de interesses,
alicerçado numa transação comercial, conforme se
infere nos trechos: “mais rica”, “homem vendido”,
“Sou rica, muito rica, sou milionária”, “O senhor
estava no mercado, comprei-o. Custou-me cem
contos de réis”. Dessa forma, José de Alencar,

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ao apontar esse relacionamento como negativo,
expressa uma concepção romântica de que o amor
verdadeiro é desinteressado, ou seja, não deve sofrer
a interferência de questões materiais como a riqueza.
O romance Senhora critica o casamento motivado
pelo interesse econômico, pelo dote da noiva.

Resposta: D

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19
TEXTO I

Anônimo. Cabeça de uma figura feminina.


Circa 2700-2500 a.C. Escultura em mármore, 8 x 3,2 cm.
Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque.

TEXTO II

MODIGLIANI, A. Cabeça de mulher. Circa 1910-1911.


Escultura em calcário, 68,3 x 15,9 x 24,1 cm.
National Gallery of Art, Washington.
WOLKOFF, J. These 5,000-Year-Old Sculptures Look Shockingly
Similar to Modem Art.
Disponível em: www.artsy.net. Acesso em: 19 jun. 2019.

A leitura comparativa das duas esculturas, separadas por


mais de 2500 anos, indica a

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


a) v)alorização da arte antiga por artistas contemporâneos.
b) resistência da arte escultórica aos avanços tecnológicos.
c) simplificação da forma em razão do tipo de material
utilizado.
d) persistência de padrões estéticos em diferentes épocas
e culturas.
e) ausência de detalhes como traço distintivo da arte
tradicional popular.
Resolução
Ambas as esculturas, ainda que produzidas em
épocas e contextos culturais diferentes (a primeira
é de 2700-2500 a.C. e a segunda é de 1910-1 d.C.),
assemelham-se por apresentarem esteticamente
uma figura feminina de forma simples e sintética.
Os rostos têm forma ovalada e os narizes ressaltam
da superfície.
Resposta: D

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20
TEXTO I
A linguagem visual dos adornos transmite
informações sobre prestígio e transgressão, direito e
dever, pois só permitido ao indivíduo o uso de adornos
de sua linhagem. Quando diretamente vinculadas aos
conceitos cosmológicos, as artes indígenas convertem-
se antes em prismas que refletem as concepções acerca
da composição do universo e dos componentes que o
povoam.
AGUILAR, N. (Org.); DIAS, J.A. B. F; VELTHEN, L. H. V.
Mostra do redescobrimento: artes indígenas. São Paulo:
Fundação Bienal de São Paulo-Associação Brasil 500 anos,
2000 (adaptado).

TEXTO II

Diadema (etnia Kayapo). Estados do Mato Grosso e Pará.


Museu de Arte Indigena, s.d.

Disponível em: www.maimuseu.com.br.


Acesso em: 11 jul. 2024.

Pela leitura desses textos, infere-se que a compreensão da


arte plumária indígena requer a consideração da
a) indistinção hierárquica entre os membros de um
mesmo grupo social.
b) prevalência dos elementos do mundo natural sobre as
relações humanas.

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c) reconfiguração constante das representações coletivas
acerca do universo.
d) indeterminação entre as noções de identidade
individual e de identidade cultural.
e) indissociabilidade entre objetos ritualísticos e os
papéis dos indivíduos na comunidade.
Resolução
No texto I, os autores relatam que a arte visual
ameríndia se associa aos elementos culturais, sociais,
bem como à concepção de universo da etnia que ela
representa. Dessa forma, a arte plumária indígena é
prova de que os objetos ritualísticos são indissociáveis
da cosmovisão dos indivíduos que os usam.

Resposta: E

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21
TEXTO I
Capítulo 4, versículo 3

Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição


Na queda ou na ascensão, minha atitude vai além
E tem disposição pro mal e pro bem
Talvez eu seja um sádico ou um anjo, um mágico
Ou juiz, ou réu, o bandido do céu
Malandro ou otário, quase sanguinário
Franco atirador se for necessário
Revolucionário, insano, ou marginal
Antigo e moderno, imortal
Fronteira do céu com o inferno
Astral imprevisível, como um ataque cardíaco do verso.
RACIONAIS MCs. Sobrevivendo ao inferno.

São Paulo: Cosa Nostra, 1997 (fragmento).

TEXTO II

Pode-se dizer que as várias experiências narradas nos


discos do Racionais tratam no fundo de um só tema: a
violência que estrutura a nossa sociedade. O grupo canta
a violência que estrutura as relações entre os familiares,
os amigos, o homem e a mulher, o traficante e o viciado.
Canta a violência do crime. A violência causada por
inveja ou por vaidade. Também canta que a relação entre
as classes sociais é sempre violenta: o racismo, a miséria,
os baixos salários, a concentração de renda, a esmola, a
publicidade, o alcoolismo, o jornalismo, o poder policial,
a justiça, o sistema penitenciário, o governo existem por
meio da violência.
GARCIA, W. Ouvindo Racionais MCs. Teresa: revista de
literatura brasileira, n. 5, 2004 (adaptado).

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Na letra da canção, a tematização da violência mencionada
no Texto lI manifesta-se
a) como metáfora da desigualdade, que associa a ideia de
justiça a valores históricos negativos.
b) na referência a termos bélicos, que sinaliza uma crítica
social à opressão da população das periferias.
c) como procedimento metalinguístico, que concebe a
palavra como uma forma de combate e insubordinação.
d) nas definições ambíguas do enunciador, que inverte e
relativiza as representações da maldade e da bondade.
e) na menção à imortalidade, que sugere a possibilidade
de resistência para além da dicotomia entre vida e
morte.
Resolução
O texto II destaca que as experiências narradas nos
discos dos Racionais fundamentam-se na violência
decorrente da desigualdade social e racial que atinge
os estratos marginalizados.
A letra da canção “Capítulo 4, versículo 3”, ao
definir a palavra como instrumento de “combate”
e “insubordinação”, refere-se ao próprio código
linguístico por meio do qual a mensagem é veiculada.
Isso já se nota no primeiro verso “Minha palavra vale
um tiro, eu tenho muita munição”.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


22
Se você é feito de música, este texto é pra você
Às vezes, no silêncio da noite, eu fico imaginando:
que graça teria a vida sem música? Sem ela não há paz,
não há beleza. Nos dias de festa e nas madrugadas de
pranto, nas trilhas dos filmes e nas corridas no parque, o
que seria de nós sem as canções que enfeitam o cotidiano
com ritmo e verso? Quem nunca curou uma dor de
cotovelo dançando lambada ou terminou de se afundar
ouvindo sertanejo sofrência? Quantos já criticaram funk
e fecharam a noite descendo até o chão? Tudo bem...
Raul nos ensinou que é preferível ser essa metamorfose
ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre
tudo.
Já somos castigados com o peso das tragédias, o
barulho das buzinas, os ruídos dos conflitos. É pau, é
pedra, é o fim do caminho. Há uma nuvem de lágrimas
sobre os olhos, você está na lanterna dos afogados, o
coração despedaçado. Mas, como um sopro, da janela do
vizinho, entra o samba que reanima a mente. Floresce do
fundo do nosso quintal a batida que ressuscita o ânimo,
sintoniza a alegria e equaliza o fôlego. Levanta, sacode a
poeira, dá a volta por cima.
BITTAR, L. Disponível em: www.revistabula.com.
Acesso em: 21 nov. 2021 (adaptado).
Defendendo a importância da música para o bem-estar e
o equilíbrio emocional das pessoas, a autora usa, como
recurso persuasivo, a
a) contradição, ao associar o coração despedaçado à
alegria.
b) metáfora, ao citar a imagem da metamorfose
ambulante.
c) intertextualidade, ao resgatar versos de letras de
canções.
d) enumeração, ao mencionar diferentes ritmos musicais.
e) hipérbole, ao falar em “sofrência”, “tragédias” e
“afogados”.
Resolução
A autora utiliza como recurso persuasivo a
intertextualidade para defender a importância
da música como algo positivo para o bem-estar
e equilíbrio emocional, citando trechos de letras
consagradas da música brasileira, de compositores
como Paulo Vanzolini, Tom Jobim, Vinicius de
Moraes, Peninha, entre outros.

Resposta: C
ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024
23
pessoas com suas malas
mochilas e valises
chegam e se vão
se encontram
se despedem
e se despem
de seus pertences
como se pudessem chegar
a algum lugar
onde elas mesmas
não estivessem
RUIZ, A. In: SANT’ANNA, A. Rua Aribau: coletânea de poemas.
Porto Alegre: TAG, 2018.

Esse poema, por meio da ideia de deslocamento,


metaforiza a tentativa de pessoas
a) buscarem novos encontros.
b) fugirem da própria identidade.
c) procurarem lugares inexplorados.
d) partirem em experiências inusitadas.
e) desaparecerem da vida em sociedade.
Resolução
Alice Ruiz utiliza termos que remetem a viagens,
despedidas e desapego para metaforizar a tentativa
de pessoas fugirem da própria identidade, uma vez
que tais deslocamento têm como finalidade a chegada
“a algum lugar/onde elas mesmas/não estivessem”.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


24
Falar errado é uma arte, Arnesto!
No dia 6 de agosto de 1910, Emma Riccini Rubinato
pariu um garoto sapeca em Valinhos e deu a ele o nome
de João Rubinato. Na escola, João não passou do terceiro
ano. Não era a área dele, tinha de escolher outra. Fez
o que apareceu. Foi ser garçom, metalúrgico, até virar
radialista, comediante, ator de cinema e TV, cantor e
compositor. De samba.
Como tinha sobrenome italiano, João resolveu mudar
para emplacar seu samba. E como ia mudar o sobrenome,
mudou o nome. Virou Adoniran Barbosa. O cara falava
errado, voz rouca, pinta de malandro da roça. Virou ícone
da música brasileira, o mais paulista de todos, falando
errado e irritando Vinicius de Moraes, que ficou de bico
fechado depois de ouvir a música que Adoniran fez para
a letra Bom dia, tristeza, de autoria do Poetinha. Coisa de
arrepiar.
Para toda essa gente que implicava, Adoniran tinha
uma resposta neoerudita: “Gosto de samba e não foi
fácil, pra mim, ser aceito como compositor, porque
ninguém queria nada com as minhas letras que falavam
‘nóis vai’, ‘nóis fumo’, ‘nóis fizemo’, ‘nóis peguemo’.
Acontece que é preciso saber falar errado. Falar errado é
uma arte, senão vira deboche”.
Ele sabia o que fazia. Por isso dizia que falar errado
era uma arte. A sua arte. Escolhida a dedo porque casava
com seu tipo. O Samba do Arnesto é um monumento
à fala errada, assim como Tiro ao Álvaro. O erudito
podia resmungar, mas o povo se identificava.
PEREIRA, E. Disponível em: www.tribunapr.com.br.

Acesso em: 8 jul. 2024 (adaptado).

O “falar errado” a que o texto se refere constitui um


preconceito em relação ao uso que Adoniran Barbosa
fazia da língua em suas composições, pois esse uso
a) marcava a linguagem dos comediantes no mesmo
período.
b) prejudicava a compreensão das canções pelo público.
c) denunciava a ausência de estilo nas letras de canção.
d) restringia a criação poética nas letras do compositor.
e) transgredia a norma-padrão vigente à época.
Resolução
Adoniran Barbosa, personagem sambista de
João Rubinato, tem como uma de suas marcas a
transgressão da norma-padrão da língua portuguesa.

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Utilizando expressões que reproduzem a fala popular,
o compositor, intencional e conscientemente, inscreve
os “erros gramaticais” como a essência de seu estilo.

Resposta: E

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25
A Língua da Tabatinga, falada na cidade de
Bom Despacho, Minas Gerais, foi por muito tempo
estigmatizada devido à sua origem e à própria classe
social de seus falantes, pois, segundo uma pesquisadora,
era falada por “meninos pobres vindos da Tabatinga ou
de Cruz de Monte – ruas da periferia da cidade cujos
habitantes sempre foram tidos por marginais”. Conhecida
por antigos como a “língua dos engraxates”, pois muitos
trabalhadores desse ofício conversavam nessa língua
enquanto lustravam sapatos na praça da matriz, a Língua
da Tabatinga era utilizada por negros escravizados
como uma espécie de “língua secreta”, um código para
trocarem informações de como conseguir alimentos, ou
para planejar fugas de seus senhores sem risco de serem
descobertos por eles.
De acordo com um documento do Iphan (2011), os
falantes da língua apresentam uma forte consciência de
sua relação com a descendência africana e da importância
de preservar a “fala que os identifica na região”. Essa
mudança de compreensão tangencia aspectos de
pertencimento, pois, à medida que o falante da Língua
da Tabatinga se identifica com a origem afro-brasileira,
ele passa a ver essa língua como um legado recebido e
tem o cuidado de transmiti-la para outras gerações. A
concentração de falantes dessa língua está na faixa entre
21 e 60 anos de idade.
Disponível em: www.historiaeparcerias2019.rj.anpuh.org.

Acesso em: 3 fev. 2024 (adaptado).

A Língua da Tabatinga tem sido preservada porque o(a)


a) seu registro passou da forma oral para a escrita.
b) classe social de seus usuários ganhou prestígio.
c) sua função inicial se manteve ao longo dos anos.
d) sentimento de identidade linguística tem se
consolidado.
e) perfil etário de seus falantes tem se tornado homogêneo.
Resolução
Há trechos no texto que justificam a consolidação,
linguística que reconhece a língua como um
patrimônio: “forte consciência de sua relação com a
descendência africana”; “...à medida que o falante da
língua da Tabatinga se identifica com a origem afro-
brasileira, ele passa a ver essa língua como um legado
recebido”.

Resposta: D

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26
Diante do pouco dinheiro para produtos básicos de
sobrevivência, são as adolescentes o alvo mais vulnerável
à precariedade menstrual. Sofrem com dois fatores: o
desconhecimento da importância da higiene menstrual
para sua saúde e a dependência dos pais ou familiares
para a compra do absorvente, que acaba entrando na lista
de artigos supérfluos da casa.
A falta do absorvente afeta diretamente o desempenho
escolar dessas estudantes e, como consequência,
restringe o desenvolvimento de seu potencial na vida
adulta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), do
IBGE, revelaram que, das meninas entre 10 e 19 anos
que deixaram de fazer alguma atividade (estudar, realizar
afazeres domésticos, trabalhar ou, até mesmo, brincar)
por problemas de saúde nos 14 dias anteriores à data
da pesquisa, 2,88% deixaram de fazê-la por problemas
menstruais. Para efeitos de comparação, o índice de
meninas que relataram não ter conseguido realizar
alguma de suas atividades por gravidez e parto foi menor:
2,55%.
Dados da ONU apontam que, no mundo, uma em cada
dez meninas falta às aulas durante o período menstrual.
No Brasil, esse número é ainda maior: uma entre quatro
estudantes já deixou de ir à escola por não ter absorventes.
Com isso, perdem, em média, até 45 dias de aula, por ano
letivo, como revela o levantamento Impacto da Pobreza
Menstrual no Brasil. O ato biológico de menstruar acaba
por virar mais um fator de desigualdade de oportunidades
entre os gêneros.
Disponível em: www12.senado.leg.br.
Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).

Esse texto é marcado pela função referencial da


linguagem, uma vez que cumpre o propósito de
a) sugerir soluções para um problema de ordem social.
b) estabelecer uma relação entre menstruação e gravidez.
c) comparar o desempenho acadêmico de mulheres e
homens.
d) informar o leitor sobre o impacto da pobreza menstrual
na vida das mulheres.
e) orientar o público sobre a necessidade de rotinas de
autocuidado na adolescência.
Resolução
A função referencial, cujo pressuposto é a transmissão
de informações priorizando o assunto, evidencia-
ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024
se no texto nos dados resultantes da pesquisa, que
identificam a condição de grande parte das meninas,
em idade escolar, expostas a uma situação de pobreza
que causa a vulnerabilidade no período menstrual.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


27
Maranhenses que moram longe matam a saudade da
terra natal usando expressões próprias do estado. Se o
maranhês impressiona e desperta a curiosidade de quem
mora no próprio Maranhão, imagine de quem vem de
outros estados e países? A variedade linguística local é
enorme e o modo de falar tão próprio e característico dos
maranhenses vem conquistando muita gente e inspirando
títulos e muito conteúdo digital com a criação de podcasts,
blogs, perfis na internet, além de estampar diversos tipos
de produtos e serviços de empresas locais.
Com saudades do Maranhão, morando há 16 anos no
Rio de Janeiro, um fotógrafo maranhense criou um perfil
na internet no qual compartilha a culinária, brincadeiras
e o ‘dicionário’ maranhês. “A primeira vez que fui a
uma padaria no Rio, na inocência, pedi 3 reais de ‘pães
misturados’. Quando falei isso, as pessoas pararam e
me olharam de uma forma bem engraçada, aí já fiquei
‘encabulado, ó’ e o atendente sorriu e explicou que lá não
existia pão misturado e, sim, pão francês e suíço. Depois
foi a minha vez de explicar sobre os pães ‘massa grossa
e massa fina”’, contou o fotógrafo, com humor.
Disponível em: https://oimparcial.com.br.
Acesso em: 1 nov. 2021 (adaptado).

A vivência relatada no texto evidencia que as variedades


linguísticas
a) impedem o entendimento mútuo.
b) enaltecem o português do Maranhão.
c) são constitutivas do português brasileiro.
d) exigem a dicionarização dos termos usados.
e) são restritas a situações coloquiais de comunicação.
Resolução
A vivência relatada no texto mostra que a variação
lexical constitui um dos aspectos de diversidade da
língua portuguesa falada no Brasil.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


28
Meu irmão é filho adotivo. Há uma tecnicidade no
termo, filho adotivo, que contribui para sua aceitação
social. Há uma novidade que por um átimo o absolve
das mazelas do passado, que parece limpá-lo de seus
sentidos indesejáveis. Digo que meu irmão é filho
adotivo e as pessoas tendem a assentir com solenidade,
disfarçando qualquer pesar, baixando os olhos como se
não sentissem nenhuma ânsia de perguntar mais nada.
Talvez compartilhem da minha inquietude, talvez de fato
se esqueçam do assunto no próximo gole ou na próxima
garfada. Se a inquietude continua a reverberar em mim,
é porque ouço a frase também de maneira parcial – meu
irmão é filho – e é difícil aceitar que ela não termine com
a verdade tautológica habitual: meu irmão é filho dos
meus pais. Estou entoando que meu irmão é filho e uma
interrogação sempre me salta aos lábios: filho de quem?
FUCKS, J. A resistência. São Paulo: Cia. das Letras, 2015.

Das reflexões do narrador, apreende-se uma perspectiva


que associa a adoção
a) a representações sociais estigmatizadas da
parentalidade.
b) à necessidade de aprovação por parte de desconhecidos.
c) ao julgamento velado de membros do núcleo familiar.
d) ao conflito entre o termo técnico e o vínculo afetivo.
e) a inquietações próprias das relações entre irmãos.
Resolução
A partir das reflexões do narrador, conclui-se que há
conflito entre o termo técnico “adotivo” e o vínculo
afetivo ao filho, porque a adjetivação ao substantivo
relativiza a relação de parentalidade.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


29
TEXTO 1
A 13 de fevereiro de 1946, Graciliano Ramos escreve
uma carta a Cândido Portinari relembrando uma visita
que lhe fizera quando tivera a ocasião de apreciar algumas
telas da série Retirantes. Diz o escritor alagoano:
Caríssimo Portinari:
A sua carta chegou muito atrasada, e receio que esta
resposta já não o ache fixando na tela a nossa pobre gente
da roça. Não há trabalho mais digno, penso eu. Dizem
que somos pessimistas e exibimos deformações; contudo,
as deformações e essa miséria existem fora da arte e são
cultivadas pelos que nos censuram. [...]
Dos quadros que você me mostrou quando almocei no
Cosme Velho pela última vez, o que mais me comoveu
foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com
um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e
sem miséria, seria possível fazer-se aquilo? Numa vida
tranquila e feliz, que espécie de arte surgiria? Chego a
pensar que teríamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto
me horroriza.
Graciliano
Disponível em: https://graciliano.com.br.
Acesso em: 6 fev. 2024 (adaptado).

TEXTO lI
Histórias de ninar (adultos)
Houve um tempo – tão perto, e, ó, tão longe – em
que a arte era um holofote na unha encravada, não um
campeonato de melhores esmaltes.
Raskolnikov matava velhinhas, a família de Gregor
Samsa o assassinava a “maçãzadas”, Memórias póstumas
de Brás Cubas (Machado de Assis) é o retrato mais
perfeito de tudo o que tem de pior na sociedade brasileira,
uma sequência tristemente hilária de ações moralmente
condenáveis, atitudes pusilânimes, cálculos mesquinhos
e maus passos cretinos.
A literatura, o cinema e o teatro vêm se transformando
num exercício de lacração: o mal está sempre no outro,
os protagonistas são ironmen/women da virtude. A pessoa
sai da leitura ou da sessão não com a guarda abaixada, as
certezas abaladas, mais próxima da verdade (ou, à falta
de uma palavra melhor, da sinceridade): sai com suas
certezas reforçadas.

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


A realidade é confusa. Contraditória. Muitas vezes
incompreensível. A arte é onde tentamos nos mostrar nus,
com todos os nossos defeitos.
PRATA, A. Disponível em: www1.folha.uol.com.br.
Acesso em: 12 jan. 2024 (adaptado).

No que diz respeito à arte, o posicionamento de Antônio


Prata, no Texto II, aproxima-se da tese de Graciliano
Ramos, no Texto I, uma vez que ambos
a) defendem a dignidade do ofício dos artistas.
b) concluem que a arte reforça crenças pessoais.
c) apresentam a pobreza como inspiração para a arte.
d) afirmam o necessário caráter desestabilizador da arte.
e) atestam que há mudanças significativas na produção
artística.
Resolução
Em ambos os textos, critica-se uma concepção de arte
que visa a retratar uma realidade feliz, onde impera
o bem.
Na carta de Graciliano Ramos, a pergunta retórica é
um dos argumentos contra essa estética baseada na
utopia: “Numa vida tranquila e feliz, que espécie de
arte surgiria?”
No texto de Antônio Prata, já o título ironiza essa
arte “sorriso da sociedade”. O cronista propõe uma
estética “onde tentamos nos mostrar nus com todos
os nossos defeitos”.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


30
Cap. XLVIII / Terpsícore
Ao contrário do que ficou dito atrás, Flora não se
aborreceu na ilha. Conjeturei mal, emendo-me a tempo.
Podia aborrecer-se pelas razões que lá ficam, e ainda
outras que poupei ao leitor apressado; mas, em verdade,
passou bem a noite. A novidade da festa, a vizinhança do
mar, os navios perdidos na sombra, a cidade defronte com
os seus lampiões de gás, embaixo e em cima, na praia
e nos outeiros, eis ar aspectos novos que a encantaram
durante aquelas horas rápidas.
Não lhe faltavam pares, nem conversação, nem
alegria alheia e própria. Toda ela compartia da felicidade
dos outros. Via, ouvia, sorria, esquecia-se do resto para
se meter consigo. Também invejava a princesa imperial,
que viria a ser imperatriz um dia, com o absoluto poder
de despedir ministros e damas, visitas e requerentes,
e ficar só, no mais recôndito do paço, fartando-se de
contemplação ou de música. Era assim que Flora definia
o ofício de governar. Tais ideias passavam e tornavam.
De uma vez alguém lhe disse, como para lhe dar força:
“Toda alma livre é imperatriz!”.
ASSIS, M. Esaú e Jacó. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1974.

Convidada para o último baile do Império, na Ilha Fiscal,


localizada no Rio de Janeiro, Flora devaneia sobre
aspectos daquele contexto, no qual o narrador ironiza a
a) promessa de esperança com o futuro regime.
b) alienação da elite em relação ao fim da monarquia.
c) perspectiva da contemplação distanciada da capital.
d) animosidade entre população e membros da nobreza.
e) fantasia de amor e de casamento da mulher burguesa.
Resolução
O romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, aborda
ironicamente, entre outros fatos, a passagem abrupta,
e sem maiores efeitos socioeconômicos, do regime
monárquico para a republicano.
Flora, personagem da elite brasileira, desconhecia
que o baile realizado na ilha fiscal, em 9 de novembro
de 1889, era o último da era monárquica brasileira.
Alienadamente, inveja a princesa Isabel que, segundo
o pensamento de Flora, viria a ser a imperatriz.

Resposta: B

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31
Telemedicina é para todos,
mas nem todos estão preparados
A telemedicina, nos últimos anos, tem se destacado
como uma ferramenta valiosa, proporcionando uma gama
de benefícios que vão desde a ampliação do acesso à
assistência médica até a otimização dos recursos de todo
o ecossistema de saúde.
O governo federal propõe a Estratégia de Saúde
Digital, um programa destinado à transformação digital
da saúde no Brasil. Seu principal objetivo é facilitar a
troca de informações entre os diversos pontos da Rede
de Atenção à Saúde, promovendo a interoperabilidade
e, assim, possibilitando a transição e a continuidade do
cuidado nos setores público e privado. Também está em
discussão um projeto de lei que dispõe sobre o prontuário
eletrônico unificado do cidadão, o que indica o quanto o
tema está em evidência tanto para os gestores públicos
quanto para os privados.
Contudo, é importante reconhecer que nem todas
as pessoas estão igualmente preparadas para aproveitar
plenamente os cuidados ofertados pela telemedicina.
Um dos principais benefícios do atendimento de
saúde a distância é a capacidade de superar barreiras
geográficas, proporcionando acesso a serviços médicos,
especialmente para pacientes que residem em áreas
remotas e/ou carentes de certas especialidades médicas,
os chamados “vazios assistenciais”. A equidade no acesso
é uma questão crítica, uma vez que nem todos têm ao
seu alcance dispositivos tecnológicos ou uma conexão
à internet que seja confiável, entre outros problemas
de infraestrutura. É um desafio tanto para os pacientes
quanto para os profissionais de saúde, que, em muitos
casos, não contam com estrutura para o trabalho remoto
nem com letramento digital para desenvolver as funções.
OLIVEIRA, D. Disponível em: www.correiobraziliense.com.br.

Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).

Ao tratar da telemedicina, esse texto ressalta que um dos


benefícios dessa tecnologia para a sociedade é o fato de
ela
a) disponibilizar prontuário único do cidadão tanto na
rede pública quanto na privada.
b) oportunizar o acesso a atendimento médico a pacientes
de áreas periféricas.
c) fornecer dispositivos tecnológicos para a realização de
exames.

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


d) promover a interação entre diferentes especialidades
médicas.
e) garantir infraestrutura para o trabalho remoto de
médicos.
Resolução
O texto expõe os benefícios da telemedicina, como
“ampliação do acesso à assistência médica até a
otimização dos recursos de todo o ecossistema de
saúde”. Além disso, destaca a distância e as barreiras
geográficas como desafios que podem ser superados por
essa ferramenta. Ainda assim, há um questionamento
acerca das limitações da infraestrutura tecnológica
para pacientes e profissionais.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


32
Uma definição possível para o conceito de arte
afro-brasileira pode ser: produção plástica que é feita por
negros, mestiços ou brancos a partir de suas experiências
sociais com a cultura negra nacional. Exemplos clássicos
dessa abordagem são Carybé (1911-1997), Mestre Didi
(1917-2013) e Djanira da Motta e Silva (1914-1979),
cujas obras emergem e ganham forma em razão do
ambiente social no qual habitaram e viveram. Se Didi
era um célebre representante da cultura religiosa nagô
baiana e brasileira, iniciado desde o ventre no candomblé,
Carybé era argentino e, naturalizado brasileiro,
envolveu-se de tal modo com essa religião que alguns
dos orixás dos quais conhecemos a imagem visual são
produções suas.
Disponível em: www.premiopipa.com.
Acesso em: 13 nov. 2021 (adaptado).

Sob a perspectiva da multiculturalidade e de acordo com


o texto, a produção artística afro-brasileira caracteriza-se
pelo(a)
a) estranhamento no modo de apropriação da cultura
religiosa de matriz africana.
b) distanciamento entre as raízes de matriz africana e a
estética de outras culturas.
c) visão uniformizadora das religiões de matriz africana
expressada nas diferentes produções.
d) relação complexa entre as vivências pessoais dos
artistas e os referenciais estéticos de matriz africana.
e) padronização da forma de produção e da temática da
matriz africana presente nas obras dos artistas citados.
Resolução
De acordo com o texto, as ocorrências pessoais de
diversos artistas negros, mestiços ou brancos com
a cultura negra nacional possibilitam uma possível
definição do conceito de arte afro-brasileira, que
é, portanto, multicultural. Trata-se, assim, de uma
relação complexa dessas vivências com os referenciais
estéticos de matriz africana.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


33
Influenciadores negros têm recorrentemente chamado
a atenção para o fato de terem muito menos repercussão
em suas postagens e nas entregas do seu conteúdo quando
comparados com os influenciadores brancos, mesmo
se fotos, contextos e anúncios forem extremamente
semelhantes. Segundo o site Negrê, a digital influencer
e youtuber criadora do projeto digital Preta Pariu iniciou
um experimento em uma plataforma. Após perceber
a crescente queda nos índices de alcance digital, a
paulista publicou fotografias de modelos brancas
em seu perfil e analisou as métricas de engajamento.
Surpreendentemente, a ferramenta de estatísticas aferiu
um aumento de 6 000% em seu alcance.
Disponível em: https://diplomatique.org.br.

Acesso em: 21 jan. 2024 (adaptado).

A apresentação do dado estatístico ao final desse texto


revela a intenção de
a) demonstrar a repercussão de projetos como o Preta
Pariu.
b) informar o quantitativo de postagens da comunidade
negra.
c) potencializar o alcance de textos e imagens em sites
como o Negrê.
d) exaltar a qualidade das publicações sobre negritude em
redes sociais.
e) comprovar a relação entre o alcance de conteúdos
digitais e o viés racial.
Resolução
O dado estatístico apresentado ao final do texto, fruto
de um experimento, comprova que as postagens de
influenciadores negros não têm a mesma repercussão
que as de influenciadores brancos e seus conteúdos
com pessoas brancas. Esse experimento levanta o
debate sobre o viés racial no alcance de conteúdos
digitais.

Resposta: E

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


34
Por trás do universo “masculino” das lutas, é cada
vez mais notório o aumento da participação de mulheres
nessa prática corporal. Algumas situações reforçam
esse fenômeno de ocupação em ambientes de lutas: a
inclusão de mulheres em combates de artes marciais
mistas, ou MMA, a transmissão televisiva de lutas de
mulheres e a criação de horários específicos para elas em
academias que ensinam lutas. Uma pesquisa científica
mostrou menor participação e mobilização das meninas
em comparação com os meninos nas aulas de Educação
Física. Entre as justificativas discentes para essa situação
está o fato de que eles relacionam a luta como uma
expressão corporal masculina e, por consequência, não
adequada aos interesses femininos. Dessa forma, o ensino
de lutas nas aulas de Educação Física é atravessado por
tensões relacionadas às questões de gênero e sexualidade,
o que, por sua vez, pode favorecer a sua exclusão do
conteúdo próprio da disciplina.
SO, M. R.; MARTINS, M. Z.; BETTI, M. As relações das
meninas com os saberes das lutas nas aulas de Educação Física.
Motrivivência, n. 56, dez. 2018 (adaptado).

Segundo o texto, apesar do aumento da participação de


mulheres em lutas, a realidade na escola ainda é diferente
em razão do(a)
a) esportivização desse conteúdo.
b) masculinização dessa modalidade.
c) enfoque desses eventos pela mídia.
d) trato pedagógico dessa manifestação.
e) marginalização desse tema pela Educação Física.
Resolução
A escola reproduz o preconceito vigente na sociedade
de que luta é uma prática esportiva masculina.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


35
Volta e meia recebo cartinhas de fãs, e alguns são bem
jovens, contando como meu trabalho com a música
mudou a vida deles. Fico no céu lendo essas coisas e me
emociono quando escrevem que não são aceitos pelos
pais por serem diferentes, e como minhas músicas são
uma companhia e os libertam nessas horas de solidão.
Sinto que é mais complicado ser jovem hoje, já que
nunca tivemos essa superpopulação no planeta: haja
competitividade, culto à beleza, ter filho ou não, estudar,
ralar para arranjar trabalho, ser mal remunerado, ser
bombardeado com trocentas informações, lavagens
cerebrais...
Queria dar beijinhos e carinhos sem ter fim nessa
moçada e dizer a ela que a barra é pesada mesmo, mas
que a juventude está a seu favor e, de repente, a maré
de tempestade muda. Diria também um monte de clichê:
que vale apena estudar mais, pesquisar mais, ler mais.
Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a uma
sociedade doente, que o que é normal para uma aranha é
o caos para uma mosca.
Meninada, sintam-se beijados pela vovó Rita.
RITA LEE. Outra autobiografia. São Paulo: Globo Livros, 2023.

Como estratégia para se aproximar de seu leitor, a autora


usa uma postura de empatia explicitada em
a) “Volta e meia recebo cartinhas de fãs, e alguns são
bem jovens”.
b) “Fico no céu lendo essas coisas”.
c) “Sinto que é mais complicado ser jovem hoje”.
d) “Queria dar beijinhos e carinhos sem ter fim nessa
moçada”.
e) “Diria que não é sinal de saúde estar bem-adaptado a
uma sociedade doente”.
Resolução
Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do
outro, percebendo a sua realidade, competência
que Rita Lee explicita ao afirmar “Sinto que é mais
complicado ser jovem hoje”. Nesse trecho, a artista
demonstra compreender os sentimentos, a vivência da
juventude atual.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


36
Data venia
Conheci Bentinho e Capitu nos meus curiosos e
antigos quinze anos. E os olhos de água da jovem de
Matacavalos atraíram-me, seduziram-me ao primeiro
contato. Aliados ao seu jeito de ser, flor e mistério. Mas
tomou-me também a indignação diante do narrador e
seu texto, feito de acusação e vilipêndio. Sem qualquer
direito de defesa. Sem acesso ao discurso, usurpado,
sutilmente, pela palavra autoritária do marido, algoz, em
pele de cordeiro vitimado. Crudelíssimo e desumano:
não bastasse o que faz com a mulher, chega a desejar
a morte do próprio filho e a festejá-la com um jantar,
sem qualquer remorso. No fundo, uma pobre consciência
dilacerada, um homem dividido, que busca encontrar-se
na memória, e acaba faltando-se a si mesmo. Retomei
inúmeras vezes a triste história daquele amor em
desencanto. Familiarizei-me, ao longo do tempo, com a
crítica do texto; poucos, muito poucos, escapam das bem
traçadas linhas do libelo condenatório; no mínimo
concedem à ré o beneplácito da dúvida: convertem-na
num enigma indecifrável, seu atributo consagrador.
Eis que, diante de mais um retorno ao romance,
veio a iluminação: por que não dar voz plena àquela
mulher, brasileira do século XIX, que, apesar de todas
as artimanhas e do maquiavelismo do companheiro, se
converte numa das mais fascinantes criaturas do gênio
que foi Machado de Assis?
A empresa era temerária, mas escrever é sempre um
risco. Apoiado no espaço de liberdade em que habita a
Literatura, arrisquei-me.
O resultado: este livro em que, além-túmulo, como
Brás Cubas, a dona dos olhos de ressaca assume, à luz do
mistério da arte literária e do próprio texto do Dr. Bento
Santiago, seu discurso e sua verdade.
PROENÇA FILHO, D. Capitu: memórias póstumas. Rio de
Janeiro: Atrium, 1998.
Para apresentar a apropriação literária que faz da obra de
Machado de Assis, o autor desse texto
a) relaciona aspectos centrais da obra original e, então,
reafirma o ponto de vista adotado.
b) explica os pontos de vista de críticos da literatura e,
por fim, os redimensiona na discussão.
c) introduz elementos relevantes da história e, na
sequência, apresenta motivos para refutá-los.
d) justifica as razões pelas quais adotou certa abordagem

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


e, em seguida, reconsidera tal escolha.
e) contextualiza o enredo de forma subjetiva e, na
conclusão, explicita o foco narrativo a ser assumido.
Resolução
O autor introduz o texto a partir de sua experiência
pessoal da obra machadiana, o que é evidenciado pelo
uso constante da primeira pessoa do singular; fica
claro, então, o teor subjetivo. Ao explicitar sua crítica
ao enfoque masculino de “Dom Casmurro”, justifica
a adoção da perspectiva de Capitu que será assumida
na nova obra.

Resposta: E

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


37
As reações à sétima temporada foram o ápice do último
estágio em Game of Thrones. De forma alguma, este que
vos fala seria capaz de argumentar que a série é perfeita,
mas os defeitos que existem aqui sempre existiram, de
uma forma ou de outra, durante os sete anos em que
ela esteve no ar. Os dois roteiristas foram brilhantes em
traduzir os personagens intrincados e conflituosos da obra
de George R. R. Martin, mas nunca souberam exatamente
como fazer jus a eles (e especialmente a elas, as mulheres
da trama).
A verdade é que, com tudo isso e mais Ramin Djawadi
evocando sentimentos e ambientes improváveis com sua
trilha sonora magistral, a série não conseguiria ser ruim
nem se tentasse, mas continua sendo uma pena que, ao
buscar o seu final com tanta sede e tanta celeridade,
Benioff e Weiss tenham tirado sua qualidade mais
preciosa: o fôlego, a paciência e o detalhismo que faziam
suas palavras se levantarem do papel e ganharem vida.
Disponível em: https://observatoriodocinema.uol.com.br.

Acesso em: 29 nov. 2017 (adaptado).

Ainda que faça uma avaliação positiva da série, nessa


resenha, o autor aponta aspectos negativos da obra ao
utilizar
a) marcas de impessoalidade que disfarçam a opinião do
especialista.
b) expressões adversativas para fazer ressalvas às
afirmações elogiosas.
c) interlocução com o leitor para corroborar opiniões
contrárias à adaptação.
d) eufemismos que minimizam as críticas feitas à
construção das personagens.
e) antíteses que opõem a fragilidade do roteiro à beleza
da trilha sonora da série.
Resolução
Na resenha, o autor elogia a série Game of Thrones,
porém faz algumas ressalvas, utilizando o elemento
de coesão “mas”, que aparece no final do primeiro
parágrafo e no segundo.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


38
— Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o
troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá
ninguém que fale dessa forma!
Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco,
apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou
amuado que um artista não pode escrever como fala.
— Não pode? — perguntei com assombro. E por quê?
Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não
pode.
— Foi assim que sempre se fez. A literatura é a
literatura, seu Paulo. A gente discute, briga, trata de
negócios naturalmente, mas arranjar palavras com tinta é
outra coisa. Se eu fosse escrever como falo, ninguém me
lia.
RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2009.

Nesse fragmento, a discussão dos personagens traz à cena


um debate acerca da escrita que
a) diferencia a produção artística do registro padrão da
língua.
b) aproxima a literatura de dialetos sociais de pouco
prestígio.
c) defende a relação entre a fala e o estilo literário de um
autor.
d) contrapõe o preciosismo linguístico a situações de
coloquialidade.
e) associa o uso da norma culta à ocorrência de
desentendimentos pessoais.
Resolução
A discussão entre Azevedo Gondim e Paulo Honório,
personagens do romance São Bernardo, evidencia que
a literatura se vale da norma culta. Esse é o ponto
de vista de Azevedo Gondim, mas que é considerado
por Paulo Honório como preciosismo linguístico, já
que este prefere o emprego de palavras coloquiais,
comuns.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


39

VISCONTI, E. Três meninas no jardim. Óleo sobre tela, 81 x 65 cm.


Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 1935.

Disponível em: www.eliseuvisconti com.br. Acesso em: 18 set.


2012.

Eliseu D’Angelo Visconti (1866-1944) desenvolveu


diversas obras no Brasil, com grande influência das
escolas europeias. Em sua pintura Três meninas no
jardim, há
a) culto à fluidez e ao progresso, nos moldes do ideário
futurista.
b) valorização de formas decompostas, a exemplo do
estilo cubista.
c) efeitos fugazes de luz e movimento, que remetem à
estética impressionista.
d) expressão do sonho e do inconsciente, que dialoga
com a proposta surrealista.
e) tematização de elementos cotidianos, que resgata
modelos de representação da arte realista.
Resolução
O quadro Três meninas no jardim não retrata a
realidade de forma objetiva, fotográfica. O pin-

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


tor capta o efeito da luz e dos movimentos, registra
subjetivamente as impressões visuais. Essa flui-
dez naquilo que é retratado é característica do
Impressionismo.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


40
Pressão, depressão, estresse e crise de ansiedade.
Os males da sociedade contemporânea também estão
no esporte. A tenista Naomi Osaka, do Japão, jogadora
mais bem paga do mundo e que já ocupou o número 2 do
ranking, retirou-se do torneio de Roland Garros de 2021
porque não estava conseguindo administrar as crises de
ansiedade provocadas pelos grandes eventos, por ser uma
estrela aos 23 anos, e pelo peso de parte da imprensa.
O tenista australiano Nick Kyrgios, de 25 anos, revelou
sua “situação triste e solitária” enquanto lutava contra a
depressão causada pelo ritmo avassalador do Circuito
Mundial de Tênis. O jogador de basquete americano
Kevin Love também tornou público seu quadro de
ansiedade e depressão. O mundo do atleta é solitário e
distante da família. O que vemos numa partida não reflete
a rotina desgastante. A imprensa denomina atletas como
heróis, como se aquele corpo fosse indestrutível, mas a
mente é o ponto fraco da história.
Disponível em:www.uol.com.br. Acesso em: 31 out. 2021
(adaptado).

As causas do desequilíbrio na saúde mental apontadas no


texto estão relacionadas às
a) nacionalidades diversificadas dos praticantes.
b) modalidades esportivas distintas.
c) faixas etárias aproximadas.
d) representações heroicas dos atletas.
e) pressões constantes dos eventos e da mídia.
Resolução
O texto da questão apresenta o caso dos três atletas
de alto rendimento que, por conta da ansiedade
“provocada pelos grandes eventos”, “do ritmo
avassalador” e da “rotina desgastante” associada à
pressão da imprensa, acabaram manifestando quadros
de ansiedade ou depressão. Assim, evidencia-se que “as
pressões constantes dos eventos e da mídia” são as
causas do desequilíbrio da saúde mental dos atletas.

Resposta: E

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


41
Já ouvi gente falando que o podcast é o renascimento
do rádio. O rádio é genial, uma midia imorredoura, mas
podcast não tem nada a ver com ele. O formato está mais
próximo do ensaio literário do que de um programa de
ondas curtas, médias ou longas.
Podcasts são antípodas das redes sociais. Enquanto
elas são dispersivas, levam à evasão e à desinformação, os
podcasts são uma possibilidade de imersão, concentração,
aprendizado. Depois que eles surgiram, lavar a louça e
me locomover pela cidade viraram um programaço. Um
pós-almoço de domingo e aprendo tudo sobre bonobos e
gorilas. Um táxi pro aeroporto e chego ao embarque PhD
em reforma tributária.
PRATA, A. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em:

7 jan. 2024 (adaptado).

Segundo a argumentação construída nesse texto, o


podcast
a) provoca dispersão da atenção em seu público.
b) funciona por meio de uma frequência de ondas curtas.
c) propicia divulgação de conhecimento para seus
usuários.
d) tem um formato de interação semelhante ao das redes
sociais.
e) constitui uma evolução na transmissão de informações
via rádio.
Resolução
O texto defende que podcast é uma fonte de
conhecimento para seus usuários, pois é uma
oportunidade de aprendizado.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


42
Evanildo Bechara prepara a sua aposentadoria de
pouco em pouco, como se a adiasse ao máximo. Aos 95
anos, o imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL)
alcançou um status de astro pop no mundo da filologia
e da gramática. Quando ainda tinha saúde para viagens
mais longas, o filólogo lotava plateias em suas palestras
na Europa e no Brasil, que não raro terminavam com filas
para selfies.
A idade acentuou o lado “cientista” e professoral
de Bechara, que adota um tom técnico na conversa até
mesmo diante das perguntas mais pessoais. — “Qual
o seu tipo preferido de leitura?”, — “A minha leitura
está dividida em duas partes, a científica e a literária,
estabelecendo uma relação de causa e efeito entre elas.”
— responde.
Ainda adolescente, Bechara descobriu a lexicologia.
Um “novo mundo” se abriu para o pernambucano, que
se mantém atento às metamorfoses do nosso idioma. Seu
colega de ABL, o filólogo Ricardo Cavaliere, se lembra
de quando deu carona para o mestre e este encucou com
os estrangeirismos do aplicativo de navegação instalado
no veículo. — “A vozinha do aplicativo avisou que havia
um radar de velocidade ‘reportado’ à frente”, lembra
Cavaliere. — “Esse ‘reportado’ é uma importação, né?”,
notou Bechara.
Disponível em: https://oglobo.globo.com.
Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).
Nesse texto, as falas atribuídas a Evanildo Bechara são
representativas da variedade linguística
a) situacional, pois o contexto exige o uso da linguagem
formal.
b) regional, pois ele traz marcas do falar de seu local de
nascimento.
c) sociocultural, pois sua formação pressupõe o uso de
linguagem rebuscada.
d) geracional, pois ele emprega termos característicos de
sua faixa etária.
e) ocupacional, pois ele faz uso de termos específicos de
sua área de atuação.
Resolução
Evanildo Bechara atua como filólogo e linguista, e
utiliza termos próprios de sua área no texto, como
“relação de causa e efeito” e “importação”.
Resposta: E

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


43
Um estudo norte-americano analisou os efeitos
da pandemia da covid-19 sobre a saúde mental e a
manutenção da atividade física, revelando que um fator
está diretamente ligado ao outro. De acordo com os
dados, famílias de baixa renda foram mais impactadas
pelo ciclo vicioso de falta de motivação e pelo
sedentarismo. Diante da necessidade de distanciamento
social e do início da quarentena, as opções de espaços
seguros para exercícios físicos diminuíram, o que
dificultou que as pessoas mantivessem seus níveis
de atividade. Os dados evidenciaram que as pessoas
mais ativas tinham melhor estado de saúde mental. As
pessoas com menor renda tiveram mais dificuldade para
manter os níveis de atividade física durante a pandemia,
sendo aproximadamente duas vezes menos propensas a
continuarem no mesmo ritmo de exercícios de antes da
pandemia. Habitantes de áreas urbanas mostraram maior
probabilidade de não conseguirem manter os níveis de
atividade física semelhantes aos de pessoas que vivem
em zonas rurais, onde há mais oportunidades de sair para
espaços abertos.
Disponível em: https://revistagalileu.globo.com. Acesso em:

6 dez. 2021 (adaptado).

O texto evidencia a perspectiva ampliada de saúde ao


abordar criticamente a pandemia da covid-1 9 a partir
do(a)
a) busca por espaços para a prática de exercícios físicos.
b) necessidade de se manter ativo para ter equilíbrio
emocional.
c) distanciamento social e sua vinculação com a prática
de atividades físicas.
d) relação entre os determinantes socioeconômicos e a
prática de exercícios.
e) benefício de morar em áreas rurais para preservar a
estabilidade psicológica.

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


Resolução
O texto da Revista Galileu apresenta um estudo que
correlaciona saúde física e saúde mental à condição
socioeconômica da pessoa. O texto mostra que uma
pessoa tem maior probabilidade de praticar atividade
física se tiver um bom estado da saúde mental e vice-
versa. O estudo mostrou também que pessoas de
baixa renda, durante a pandemia, tiveram dificuldade
de praticar atividade física. Logo, a manutenção da
saúde engloba fatores socioecônomicos e não apenas
a prática regular da atividade física.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


44
Até ali que sabia das misérias do mundo? Nada.
Aquela noite do Castelo, tão simples, tão monótona, fora
uma revelação! Era bem certo que a lágrima existia, que
irrompiam soluços de peitos oprimidos, que para alguém
os dias não tinham cor nem a noite tinha estrelas! Ela,
criada entre beijos, no aroma dos seus jardins, com as
vontades satisfeitas, o leito fofo, a mesa delicada, sentira
sempre no coração um desejo sem nome, um desejo ou
uma saudade absurda, a saudade do céu, como dizia o
dr. Gervásio, e que não era mais que a doida aspiração da
artista incipiente, que germinava no seu peito fraco.
E aquela mesma mágoa parecia-lhe agora doce e
embaladora, comparando-se à outra, a Sancha, da sua
idade, negra, feia, suja, levada a pontapés, dormindo sem
lençóis em uma esteira, comendo em pé, apressada, os
restos parcos e frios de duas velhas, vestida de algodões
rotos, curvada para um trabalho sem descanso nem paga!
Por quê? Que direito teriam uns a todas as primícias e
regalos da vida, se havia outros que nem por uma nesga
viam a felicidade?
ALMEIDA, J. L. A falência. Disponível em: www.dominiopublico.
gov.br. Acesso em: 28 dez. 2023.
Nesse fragmento do romance de Júlia Lopes de Almeida,
escrito no cenário brasileiro pós-abolição, a narradora
exprime um olhar crítico sobre a
a) desvalorização da arte produzida por mulheres.
b) mudança das condições de moradia do povo negro.
c) ruptura do projeto político de emancipação feminina.
d) exploração da força de trabalho da população negra.
e) disputa de poder entre brancos e negros no século
XIX.
No texto, exprime-se o olhar crítico da narradora,
acerca da condição sub-humana a que estaria
submetida a população negra, por meio da vivência
degradada da personagem Sancha, como se nota
na passagem: “negra feia, suja, levada a pontapés,
dormindo sem lençóis em uma esteira, comendo em
pé, apressada, os restos parcos e frios de duas velhas,
vestida de algodões rotos, curvada para um trabalho
sem descanso nem paga”.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


45
Sempre passo nervoso quando leio minha crônica
neste jornal e percebo que escapuliu a palavra “coisa” em
alguma frase. Acontece que “coisa” está entre as coisas
mais deliciosas do mundo.
O primeiro banho da minha filha foi embalado pela
minha voz dizendo, ao fundo, “cuidado, ela ainda é uma
coisinha tão pequena”. “Viu só que amor? Nunca vi
coisa assim”. O amor que não dá conta de explicação
é “a coisa” em seu esplendor e excelência. “Alguma
coisa acontece no meu coração” é a frase mais bonita
que alguém já disse sobre São Paulo. E quando Caetano,
citado aqui pela terceira vez pra defender a dimensão
poética da coisa, diz “coisa linda”, nós sabemos que
nenhuma palavra definiria de forma mais profunda e
literária o quão bela e amada uma coisa pode ser.
“Coisar” é verbo de quem está com pressa ou tem
lapsos de memória. É pra quando “mexe qualquer coisa
dentro doida”. E que coisa magnífica poder se expressar
tal qual Caetano Veloso. Agora chega, porque “esse papo
já tá qualquer coisa” e eu já tô “pra lá de Marrakech”.
TATI BERNARDI. Disponível em: www1.folha.uol.com.br.

Acesso em: 3 jan. 2024 (adaptado).

O recurso utilizado na progressão textual para garantir a


unidade temática dessa crônica é a
a) intertextualidade, marcada pela citação de versos de
letras de canções.
b) metalinguagem, marcada pela referência à escrita de
crônicas pela autora.
c) reiteração, marcada pela repetição de uma determinada
palavra e de seus cognatos.
d) conexão, marcada pela presença dos conectores lógico
“quando” e “porque” entre orações.
e) pronominalização, marcada pela retomada de “minha
filha” e “um namorado ruim” pelos pronomes “ela” e
“lo”.
Resolução
Para garantir a progressão temática, o recurso uti-
lizado foi a repetição da palavra “coisa” (doze ocor-
rências) e o uso de dois de seus cognatos (vocábulos
derivados da mesma raiz): “coisinha” e “coisar”.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


REDAÇÃO

TEXTO 1
Herança – o legado de crenças, conhecimentos, técnicas,
costumes, tradições, transmitido por um grupo social de
geração para geração; cultura.
HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009 (adaptado).

TEXTO II
As culturas africanas e afro-brasileiras foram relegadas
ao campo do folclore com o propósito de confiná-las ao
gueto fossilizado da memória. Folclorizar, nesse caso,
é reduzir uma cultura a um conjunto de representações
estereotipadas, via de regra, alheias ao contexto que
produziu essa cultura.
OLIVEIRA, E. D. A epistemologia da ancestralidade. Entrelugares:
revista de sociopoética e abordagens afins, 2009.

TEXTO III

PAULINO, R. Ainda a lamentar. ln: GONÇALVES, A. M. Um


defeito de cor: romance. Rio de Janeiro: Record, 2024 (adaptado).

TEXTO IV
História afro-brasileira nas escolas: professoras
comentam avanços e dificuldades
As aulas sobre escravidão eram motivo de vergonha
para uma professora quando ela estudava em uma escola
municipal na zona sul de São Paulo. “Era o meu pior
momento na escola”, lembra a ex-aluna. Naquela época,
a história da população negra no Brasil era reduzida ao
horror do período escravocrata. Não se falava na escola
sobre temas como a história e a cultura afro-brasileira,
muito menos sobre as grandes personalidades negras do
país, como Luiz Gama e Carolina Maria de Jesus.
A pedagoga, que é negra, tem orgulho de oferecer
uma experiência diferente da que viveu em sala de aula

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


para seus alunos. Agora os livros infantis levados para as
turmas têm protagonistas pretos. Temas como a beleza do
cabelo crespo e o combate ao racismo fazem parte do dia
a dia da escola.
Disponível em: https://jomal.unesp.br.
Acesso em: 3 jun. 2024 (adaptado).

TEXTO V
Histórias para ninar gente grande
G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira
(samba-enredo de 2019)

Brasil, meu nego


Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
Disponível em: www.mangueira.com.br.
Acesso em: 30 maio 2024 (fragmento).

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TEXTO VI
Alunos de escola municipal conhecem
pontos do Rio que retratam relação com a África

Alunos admiram grafite de Zumbi dos Palmares na


Pedra do Sal.
Disponível em: www.oglobo.com. Acesso em:
29 maio 2024 (adaptado).

PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com
base nos conhecimentos construídos ao longo de sua
formação, redija texto dissertativo-argumentativo em
modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o
tema “Desafios para a valorização da herança africana
no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que
respeite os direitos humanos. Selecione, organize e
relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos
para defesa de seu ponto de vista.

Comentário à proposta de Redação

A Banca Examinadora propôs o seguinte tema: “Desafios


para a valorização da herança africana no Brasil”. O
candidato contou com seis textos de apoio, os quais
direcionaram a discussão a ser feita numa dissertação
argumentativa. O primeiro texto trazia a definição
da palavra herança, a saber, “o legado de crenças,
costumes”; “cultura”. Já o segundo texto, extraído da
revista Entrelugares, denunciava o reducionismo a que
foram submetidas as culturas africanas e afro-brasileiras,
intencionando assim estereotipá-las, condenando-as ao
esquecimento. O terceiro texto reproduzia o capítulo
oitavo do romance intitulado Um defeito de cor, no qual se
ilustrava, por meio da imagem de uma personagem negra
tentando arrastar consigo uma pesada carga, um provérbio
africano que destacava a importância de olhar para trás
quando não se sabe para onde ir. O quarto texto, extraído
do site jornal.unesp, apresentava o relato de uma professora

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


sobre a época em que, estudando numa escola municipal,
experimentava grande constrangimento durante as aulas
que discorriam sobre escravidão, uma vez que se abordava
apenas o “horror do período escravocrata”, deixando de
contemplar aspectos positivos da história e da cultura
afro-brasileira, ignorando ainda importantes personagens
negras do País, como Luiz Gama e Carolina Maria de
Jesus, ambos escritores. A experiência desagradável deu
lugar ao orgulho da professora, que hoje oferece livros
infantis com protagonistas negros como ela própria,
possibilitando a inserção de temas como “a beleza do cabelo
crespo e o combate ao racismo” no cotidiano dos alunos.
O quinto texto reproduzia a letra de um samba-enredo
da Estação Primeira de Mangueira, o qual, sob o título
Histórias para ninar gente grande, fazia um apelo ao Brasil
para que escutasse uma “história que a história não conta”,
uma história de invasão em vez de descobrimento, de heróis
emoldurados ocultando “sangue retinto” – declarando, por
fim, o momento de “ouvir as Marias, Mahins, Marielles,
malês”. O último texto reproduzia a fotografia de alunos
de uma escola municipal do Rio de Janeiro admirando um
grafite de Zumbi dos Palmares na Pedra do Sal, um dos
pontos de referência com a África.
Após refletir sobre as ideias e informações contidas nos
textos oferecidos pela Banca, o candidato deveria proceder
à própria análise do desafio que se impõe no século XXI:
a relevância da cultura africana para a construção da
identidade brasileira. Caberia, entre outras possibilidades,
valer-se da resistência a reconhecer um vasto patrimônio
material e imaterial há muito incorporado à cultura nacional
– seja pela língua, seja pelo sincretismo religioso, ou pela
influência sobre a música, sobre a dança, sobre a culinária –
entre tantas outras contribuições. Fechar os olhos para essa
herança, insistindo em diminuir seus impactos, implicaria
apagar uma grande parte de uma história de escravidão e
libertação, de preconceito e de resgate do respeito, que já
estaria irreversivelmente integrada à história do Brasil. O
papel das escolas e das universidades na transmissão do
conhecimento aprofundado da cultura africana poderia
ser lembrado como uma forma de valorização e de
reconhecimento dessa herança indelével.

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS
TECNOLOGIAS

46
TEXTO 1
O bufarinheiro, conhecido nas cidades por teque-teque,
chama-se, nos recônditos da Amazônia, “regatão”. Em
lugar de transportar nas costas o mundo de miudezas,
transporta-o no bojo de uma gaiola que desloca duas,
três, quatro toneladas, divididas em seções de secos
e molhados e é movido por remo de faia. Cortando
comunidades e matas da Amazônia por rios, dentro
dessas gaiolas, riscadas de prateleiras, encontram-se os
artigos mais díspares, que vão da agulha à espingarda, do
lenço ao cobertor, da chita à escova de dentes.
MORAES, R. Na Planície Amazônica. São Paulo: Editora
Nacional, 1936 (adaptado).

TEXTO II
No século XIX, o comércio dos regatões era feito, então,
com base em relações tecidas com quilombolas, pequenos
produtores, comerciantes locais e indígenas, constituindo
relação comercial alternativa ao abastecimento da
população.
HENRIQUE, M. C.; MORAIS, L. T. Estradas líquidas, comércio
sólido: índios e regatões na Amazônia (século XIX). Rev. Hist., n.
171, jul.-dez. 2014 (adaptado).

Como parte do patrimônio cultural da Amazônia, o


regatão foi fundamental, no século XIX, para a
a) organização de rotas de fuga na floresta tropical.
b) criação de postos de trabalho nos seringais nortistas.
c) divulgação de receitas de fármacos nas zonas
ribeirinhas.
d) construção de redes de sociabilidade no interior
brasileiro.
e) ampliação de ambientes de lazer nos territórios
autóctones.

Resolução
Os regatões, como apresentados no texto, além
de funcionarem como elemento por intermédio
do qual ocorriam as trocas comerciais, também
cumpriam função de integração social criando redes
de sociabilização, levando informações e conectando
diferentes comunidades.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


47
Era uma vez um país, uma cidade, uma praça, algumas
mães... Las Madres de Plaza de Mayo! Silenciosas, com
lenços brancos na cabeça, rondavam a Praça de Maio.
Incansáveis, caminharam por dias, meses, anos. Foram
chamadas de loucas. Em silêncio, criaram um fato político,
escancararam as entranhas da repressão, desafiaram
o aparato militar e suas dores ecoaram pelo mundo.
Como observou Oliveira, “à luz do dia, sob as janelas
do ditador, sob chuva, sob sol, no silêncio entrecortado
de gritos, faziam ouvir como que a alucinação de uma
litania, que ecoou no país, na América Latina e além-
mar”. Era impossível ignorá-las, estavam lá, sempre em
silêncio, mas estavam lá.
GONÇALVES, R. De antigas e novas loucas: Madres e Mães de
Maio contra a violência de Estado. Lutas Sociais, n. 29, jul.-dez.
2012.

Qual problema de âmbito nacional argentino o movimento


social mencionado expôs ao mundo?
a) Violação dos direitos humanos.
b) Insegurança da juventude periférica.
c) Naturalização da violência doméstica.
d) Ampliação das desigualdades sociais.
e) Relativização dos princípios democráticos.

Resolução
O movimento intitulado “Las Madres de Plaza de
Mayo” (“As mães da Praça de Maio”) foi organizado
por mulheres argentinas que protestaram por
seus filhos desaparecidos e assassinados durante a
ditadura militar no país (1976-1983), sendo assim,
denunciavam violações dos direitos humanos.

Resposta: A

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48
TEXTO I

Disponível em: https://earth.google.com. Acesso em: 13 out. 2023.

TEXTO II

Disponível em: https://earth.google.com. Acesso em: 13 out. 2023.

A comparação entre as imagens de satélite indica a


ocorrência de
a) conservação de lugares afetivos.
b) aumento de áreas desertificadas.
c) redefinição de fronteiras nacionais.
d) artificialização do espaço geográfico.
e) mudança da dinâmica macroclimática.
Resolução
A diferença entre a temporalidade das fotos (entre
2000 e 2020) mostra a evolução espacial do território
de Dubai, por conta da construção de espaços a serem
ocupados por habitações, lazer, atividades econômicas
e portos, que acabam por “artificializar” o espaço da
cidade, ampliando artificialmente seu território. Tal
situação tem sido também observada em outros países
do mundo.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


49
TEXTO 1
O empirismo moderno foi, em grande parte, condicionado
por dois dogmas. Um deles é a crença em certa divisão
fundamental entre verdades analíticas, ou fundadas em
significados independentemente de questões de fato,
e verdades sintéticas, ou fundadas em fatos. O outro
dogma é o reducionismo: a crença de que todo enunciado
significativo é equivalente a algum construto lógico sobre
termos que se referem à experiência imediata.
QUINE, W. V. O. Dois dogmas do empirismo. ln: RYLE, G. et al.
Ensaios. São Paulo: Abril Cultural, 1975.

TEXTO II
Teses: 1. Somente os enunciados que possuem conteúdo
factual são teoricamente significativos; enunciados que
não podem, em princípio, estar fundamentados pela
experiência são carentes de significado. 2. As ciências
empíricas usam somente o conteúdo empírico da
realidade. 3. A filosofia usa um conceito não empírico
da realidade.
CARNAP, R. Pseudoproblemas na filosofia. ln: SCHLICK, M.;
CARNAP, R.; POPPER, K. Coletânea de textos. São Paulo: Abril
Cultural, 1975.

Ao comparar os textos, conclui-se que eles apresentam


posicionamentos filosóficos divergentes com relação ao
a) estatuto epistemológico da linguagem.
b) alicerce estruturante da moralidade.
c) conteúdo essencial da metafísica.
d) princípio constitutivo da ontologia.
e) domínio reflexivo da estética.

Resolução
Enquanto o primeiro texto critica o empirismo por
se fundamentar em dois “dogmas” epistemológicos,
o segundo texto o defende como via segura para a
ciência, desclassificando a filosofia por ser um saber
que não se funda sobre dados empíricos ou reais.

Resposta: A

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


50
Uma das principais atividades provocadas pela arte, a
reflexão, é abandonada pela indústria cultural. A indústria
cultural seria como uma isca que ilude os indivíduos,
com o sonho de que eles são livres, originais, únicos e
especiais quando, na verdade, os trata como servos e
partes de uma massa homogênea.
FONTES, B.; MAGALHÃES, R. O que é indústria cultural? In:
BODART, C. N. (Org.). Conceitos e categorias do ensino de
sociologia. Maceió: Café com Sociologia, 2021 (adaptado).

Ao analisar as consequências da dinâmica apresentada


no texto, as autoras destacam a importância do conceito
como:
a) Ferramenta de luta coletiva.
b) Mecanismo de controle social.
c) Instituição de interesse público.
d) Organização da iniciativa privada.
e) Instrumento de manipulação estatal.

Resolução
O texto faz refletir o conceito de indústria cultural
como forma de distanciamento da realidade, de forma
que tal conceito atua, de fato, como um mecanismo de
controle social, iludindo os indivíduos.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


51
TEXTO 1
Neta de Tomásia, uma escravizada alforriada, Chiquinha
Gonzaga foi uma das primeiras mulheres a se destacar na
música popular brasileira. Entre suas obras mais famosas
estão a marcha ó abre alas, sucesso nos blocos de Carnaval
até hoje, e o tango Gaúcho, além de inúmeras peças musicais
para teatro e óperas. Chiquinha também teve uma atuação em
defesa dos direitos das mulheres e pelo fim da escravatura.
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 7 out. 2023 (adaptado).

TEXTO II
Depois da estreia de sua peça Gonzaga, em 1867, que tem
como um de seus núcleos dramáticos dois escravizados, pai e
filha, separados há muitos anos, Castro Alves escreve talvez
o maior conjunto de poemas antiescravistas do Romantismo
brasileiro, publicados em 1883 no livro Os escravos, doze
anos após a sua morte. Os textos Vozes d’Africa e Navio
negreiro, por exemplo, publicados em folhetos, já em 1878,
tiveram enorme repercussão desde a sua circulação, a ponto
de Afrânio Coutinho (um importante crítico brasileiro)
afirmar ter sido Castro Alves, no que diz respeito à poesia
antiescravista, um dos primeiros que o Brasil ouviu.
Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 8 out. 2023 (adaptado).

Os textos indicam a participação de artistas e intelectuais


brasileiros em defesa do(a)
a) ação integralista.
b) literatura realista.
c) movimento abolicionista.
d) política indigenista.
e) nacionalismo desenvolvimentista.

Resolução
No texto I, a biografia da musicista Chiquinha
Gonzaga destaca sua luta na defesa dos direitos
das mulheres e pela abolição da escravatura.
No texto II, a produção teatral e literária, especialmente
elaborada por Castro Alves, causaram impacto
significativo na luta antiescravista aumentando a
participação pública e a mobilização de mais adeptos na
campanha abolicionista.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


52
Como conclusão provisória, parece então que a
globalização tem, sim, o efeito de contestar e deslocar
as identidades centradas e “fechadas” de uma cultura
nacional. Ela tem um efeito pluralizante sobre as
identidades, produzindo uma variedade de possibilidades
e novas posições de identificação, e tornando as
identidades mais posicionais, mais políticas, mais plurais
e diversas; menos fixas, unificadas ou trans-históricas.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de
Janeiro: DP&A, 2011.

De acordo com o texto, o processo apresentado contribuiu


para
a) elevar a renda da população.
b) abandonar os valores morais.
c) estabelecer a igualdade racial.
d) fortalecer as pautas das minorias.
e) inverter os fluxos das migrações.

Resolução
Ao tomar o conceito de identidade a partir da
pluralidade e não em aspectos homogeneizantes, as
pautas minoritárias se fortalecem, a ponto de que a
construção da humanidade passa a alicerçar-se nas
divergências sociais.

Resposta: D

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


53
TEXTO I
Um terremoto de magnitude 5,9 atingiu a cidade de
Valparaíso, na costa chilena. O terremoto ocorreu a uma
profundidade de 112 quilômetros.
Terremoto de magnitude 5,9 atinge Valparaíso, no Chile.
Disponível em: www.cnnbrasil.com.br. Acesso em: 6 nov. 2021
(adaptado).

TEXTO II
Um tremor de terra de magnitude 4,8 foi registrado no
município de Atalaia do Norte, no interior do estado
do Amazonas. O abalo é de magnitude considerada
mediana para os níveis do Brasil. Os eventos dessa região
costumam ser resultado das atividades da placa de Nazca.
Tremor de terra de magnitude 4,8 é registrado no interior do
Amazonas. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 6 nov.
2021 (adaptado).

TEXTO III
Moradores usaram as redes sociais para relatar tremores
de terra no interior de São Paulo. As atividades foram
registradas nas cidades de Júlio Mesquita e Guaimbê
e tiveram magnitude 3,0 na escala Richter, o que é
considerado pequeno e sem previsão de danos.
Moradores do interior de SP relatam tremores de terra.
Disponível em: https://noticias.r7.com. Acesso em: 6 nov. 2021
(adaptado).

As diferenças entre os eventos geológicos relatados


decorrem de distintas posições geográficas das cidades
em relação a:
a) Planícies costeiras.
b) Bacias continentais.
c) Zonas de subducção.
d) Áreas de denudação.
e) Vertentes escarpadas.

Resolução
A chamada zona de subducção na América do Sul
encontra-se ao longo do litoral oeste do subcontinente,
nas costas de Chile, Peru e Equador, onde o movimento
convergente das Placas Sul-americana e de Nazca
provoca o afundamento (a subducção) da Placa de

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


Nazca (mais densa), liberando energia que provoca os
tremores. A intensidade dos tremores varia conforme a
proximidade das localidades à zona de contato. Assim,
Valparaíso no Chile, mais próxima, apresentará
tremores de maior intensidade, reduzindo-se para
Atalaia do Norte, no estado do Amazonas, e menor
ainda em Júlio Mesquita e Guaimbê, em São Paulo.

Resposta: C

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


54
Tal qual num exército, não se compreende um efetivo
composto apenas de oficiais. Também na saúde pública,
os funcionários técnicos graduados necessitam ser
assistidos por auxiliares em número suficiente e com
preparo adequado, constituído pelas enfermeiras de saúde
pública, educadoras ou visitadoras sanitárias, técnicos de
laboratório, inspetores ou guardas etc., para não falarmos
no pessoal burocrático, não especializado.
PAULA SOUZA, G. H.; VIEIRA, F. B. Centro de saúde “eixo” de
organização sanitária. Boletim do Instituto de Higiene de São
Paulo, n. 59 (adaptado).

O texto dos sanitaristas atuantes nas décadas de 1920 e


1930 veicula uma mensagem caracterizada pela
a) higienização moral.
b) imposição eugênica.
c) assimilação cultural.
d) hegemonização identitária.
e) hierarquização profissional.

Resolução
O serviço sanitarista no Brasil nas décadas de 1920 e
1930 exigia a estruturação de uma ação organizada,
coordenada e aplicada tal qual um esforço de guerra,
que mobilizava diversos profissionais da área,
subordinados, no caso exposto no texto, ao Instituto
de Higiene de São Paulo.

Resposta: E

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


55
O rompimento da barragem de Fundão levou muito
consigo. A lama soterrou sonhos e modificou de forma
permanente centenas de vidas nascidas e criadas em
Bento Rodrigues e Paracatu, em Mariana (MG). Mas
não somente. Ao se estender ao longo do rio, outras
famílias e histórias foram atingidas de formas diferentes.
Ao fugirem dos rejeitos que rapidamente tomaram as
localidades, deixaram para trás os resquícios da vida que
tiveram até o 5 de novembro de 2015. Nada jamais seria
igual.
SANTOS, P. Histórias soterradas. Curinga, n. 19, nov. 2016
(adaptado).

Conforme o texto, o evento gerou o seguinte impacto na


relação entre as pessoas e o seu espaço vivido:
a) Flexibilização de parâmetros ambientais.
b) Consolidação de identidades regionais.
c) Fragilização de vínculos afetivos.
d) Supressão de práticas exploratórias.
e) Recuperação de tradições ancestrais.

Resolução
O rompimento da barragem de rejeitos, em Bento
Rodrigues (MG), ocorrido em novembro de 2015, foi
considerado um dos maiores desastres ambientais
do Brasil. O texto reforça que as famílias atingidas
foram forçadas a “deixar para trás os resquícios da
vida”, modificando permanentemente o cotidiano da
população afetada e, consequentemente, fragilizando
os vínculos afetivos construídos nessas localidades.

Resposta: C

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56
Com a proximidade do final do século XIX, amplificam-
se as expectativas com relação ao século seguinte. Se
muitas eram as utopias, talvez uma das mais evidentes
tenha se concentrado nas potencialidades da nova
ciência, com suas invenções e projetos. Não é por mera
coincidência que a agenda do país tenha sido tomada pela
introdução de uma série de inventos. De forma acelerada,
entraram no Brasil a luz elétrica e, com ela, o telégrafo,
o telefone, o cinematógrafo. Na área dos transportes, o
trem a vapor é substituído pelo elétrico, que assiste à
entrada do automóvel e até do aeroplano.
COSTA, A. M.; SCHWARCZ, L. M. 1890-1914, no tempo das
certezas. São Paulo: Cia. das Letras, 2000 (adaptado).

No Brasil, os eventos descritos ganharam conotação


política ao serem vinculados à
a) expansão estratégica do imperialismo.
b) ascensão gradual do mercantilismo.
c) laicidade da educação.
d) retomada do absolutismo.
e) visão republicana de nação.

Resolução
A modernização ressaltada no excerto remete à Belle
Époque, período de enormes avanços científicos
e tecnológicos aplicados à realidade brasileira no
início do período republicano (conforme a data
apresentada na referência do texto, 1890-1914).
Os diversos inventos propagavam um ambiente cujas
palavras de ordem eram modernidade, progresso e
desenvolvimento. Tal cenário foi possível por conta
dos lucros provenientes do café, contribuindo para as
transformações urbano-industriais.

Resposta: E

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57
TEXTO I
Aristóteles entendia que a felicidade era diretamente
ligada ao respeito pela própria natureza e, de certa
maneira, a uma vida que tivesse na natureza de si mesma
uma referência inabalável. Isso lhe permitiu formular o
conceito de excelência. O que seria excelência? Seria,
justamente, ao longo da vida, tirar de si mesmo, em
fonna de performance, de conduta, de comportamento,
de disposição, o que natureza permitiria de melhor.
COEN, M.; BARROS FILHO, C. A monja e o professor: reflexões
sobre ética, preceitos e valores. Rio de Janeiro: Best Seller, 2018.

TEXTO II
A noção de eudaimonia é central para a ética aristotélica. A
eudaimonia é uma atividade e não um estado psicológico,
pois é definida na Ética a Nicômaco como uma atividade
da alma com base na virtude moral. A virtude moral é
definida em termos de uma disposição diretamente ligada
à deliberação, o que o leva a estudar a virtude intelectual
que opera em seu interior, isto é, a prudência. A estrutura
conceitual da ética aristotélica responde a uma tentativa
de elucidar conceitualmente em que consiste isto, agir
bem, ou, na linguagem aristotélica, o que significa ser
feliz.
ZINGANO, M. Eudaimonia, razão e contemplação na ética
aristotélica. Analytica, n. 1, 2017 (adaptado).

Os textos indicam que a prática de ações virtuosas,


sempre efetivada na pólis, ocorre por meio do(a)
a) teoria das formas essenciais.
b) identificação dos princípios racionais.
c) desenvolvimento das técnicas retóricas.
d) aperfeiçoamento das condutas humanas.
e) conhecimento das epistemes verdadeiras.
Resolução
Na Antiguidade Clássica, os gregos concebiam
e praticavam a educação para a virtude, o
aperfeiçoamento das condutas humanas era essencial
para a formação do homem virtuoso.

Resposta: D

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58
As instituições que a Idade Média nos legou são de um
valor maior e mais imperecível do que suas catedrais.
E a universidade é nitidamente uma instituição
medieval – tanto quanto a monarquia constitucional, ou
os parlamentos, ou o julgamento por meio do júri. As
universidades e os produtos imediatos das suas atividades
constituem a grande realização da Idade Média na esfera
intelectual.
RASHDALL, H. apud OLIVEIRA, T. Origem e memória das
universidades medievais. Varia História, n. 37, jan.-jun. 2007.

De acordo com o texto, o legado das universidades


medievais torna-se um relevante patrimônio histórico-
cultural por
a) adotar currículo e método padronizado.
b) rejeitar ideologias e costumes orientais.
c) possuir organização e função mercantil.
d) transmitir técnicas e valores ecumênicos.
e) agregar tradição e conhecimento científico.
Resolução
As universidades na Baixa Idade Média se constituíram
como locais privilegiados de produção de
conhecimento científico-racionalista, ainda que
inicialmente subordinado à Igreja Católica.
Obs.: Nesse contexto destaca-se o desenvolvimento da
escolástica, unindo a teologia católica com a filosofia
aristotélica.

Resposta: E

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59
Há experiências de lutas sociais de reapropriação cultural
da natureza que são movimentos emblemáticos, como
a dos seringueiros no Brasil, que da luta sindical para
a comercialização da borracha chegaram a inventar o
conceito de reserva extrativista e estão avançando para
um novo modo de produção, uma nova racionalidade
produtiva, mostrando que é possível viver bem, e não
apenas sobreviver, em harmonia com a natureza que
habitam. O novo planeta que podemos imaginar é
feito desses territórios produtivos que não são apenas
economias de autossubsistência mas economias que
potencializam a produtividade ecológica de seus
territórios.
LEFF, E. Discursos sustentáveis. São Paulo: Cortez, 2010
(adaptado).

O texto expõe a possibilidade de uma nova racionalidade


produtiva por meio de uma gestão territorial que se baseia
na
a) integração de mercados regidos por pressões regionais.
b) conexão de valores fundamentados por decisões locais.
c) unificação de preços delimitados por demandas
nacionais.
d) normatização de regras construídas por instituições
mundiais.
e) valorização de tradições orientadas por determinações
globais.

Resolução
O texto evidencia a possibilidade de comunidades
regionais de evoluir dentro do contexto local para
decidir novas formas de atuação a fim de obter
produtividade e consequente acesso ao lucro, com
evidente harmonia com o meio ambiente.

Resposta: B

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60
Eu sentia falta do futuro. É claro que eu sabia, muito
mesmo antes da recorrência dele, que nunca envelheceria.
Era muito provável que eu nunca mais fosse ver o oceano
de uma altura de trinta mil pés de novo, uma distância
tão grande que não dá nem para distinguir as ondas, nem
nenhum barco, de um jeito que faz o oceano parecer um
enorme e infinito monólito. Eu poderia imaginá-lo. Eu
poderia me lembrar dele. Mas não poderia vê-lo de novo,
e me ocorreu que a ambição voraz dos seres humanos
nunca é saciada quando os sonhos são realizados, porque
há sempre a sensação de que tudo poderia ter sido feito
melhor e ser feito outra vez.
GREEN, J. A culpa é das estrelas. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012.

O texto apresenta uma reflexão da personagem acerca de


um problema característico da filosofia contemporânea,
que trata da(s)
a) implicações éticas.
b) finitude humana.
c) limitações da linguagem.
d) pressuposição existencial.
e) objetividade do conhecimento.

Resolução
O texto traz a reflexão sobre a finidade humana, de
forma a dar posição em relação aos questionamentos
existencias como limitados, ou seja, nunca absolutos.

Resposta: B

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61
O bispo Bartolomeu de Las Casas é o homem mais
odiado da América, o anti-Cristo dos senhores, o açoite
destas terras. Por sua culpa, o imperador promulgou
novas leis que despojam de escravos índios os filhos
dos conquistadores. O que será deles sem os braços que
os sustentam nas minas e nas lavouras? As novas leis
estão arrancando a comida de suas bocas. Las Casas é o
homem mais amado da América. Voz dos mudos, teimoso
defensor dos que recebem pior tratamento que o esterco
das praças, denunciador de quem por cobiça converte
Jesus Cristo no mais cruel dos deuses e o rei em lobo
faminto de carne humana.
GALEANO, E. Os nascimentos. Porto Alegre: L&PM, 2011
(adaptado).

Os diferentes pontos de vista presentes no texto expressam


que o bispo era, ao mesmo tempo,
a) execrado pelos reis e reverenciado pelos religiosos do
local.
b) detestado pelos colonizadores e respeitado pelos povos
do lugar.
c) menosprezado pela colônia e idolatrado pelos
governantes da região.
d) desrespeitado pela metrópole e adorado pelos invasores
da Espanha.
e) desacatado pelos excluídos e valorizado pelos
negociantes de negros.

Resolução
Frei Bartolomeu de Las Casas foi um religioso que
viveu na América Espanhola no início da colonização.
Ao testemunhar cenas bárbaras de abusos e violências,
passou a denunciá-las, influenciando a aprovação
de leis que timidamente diminuíram a exploração
do trabalho indígena pelos colonos. Dessa maneira,
protagonizou a defesa dos direitos dos povos nativos
da América conquistando, contudo, a antipatia de
muitos espanhóis.

Resposta: B

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62
A valsa vienense é a mais antiga das danças de salão
tradicional. É dançada desde a Idade Média, quando
os pares davam voltas pelo salão realizando giros em
torno de si mesmos em postura fechada. Pelo fato de ser
dançada aos pares em contato íntimo, a valsa encantava
a sociedade medieval, como também sofria proibições
por infringir os “bons costumes”. Originária das danças
campestres e folclóricas, no século XVI, a aristocracia
francesa abandonou a valsa por sua estreita relação com
a cultura plebeia, retomando-a posteriormente.
FRANCO, N.; FERREIRA, N. Evolução da dança no contexto
histórico: aproximações iniciais com o tema. Repertório, n. 26, 2016
(adaptado).

A expressão cultural descrita no texto foi rejeitada no


início da Idade Moderna por congregar
a) traços advindos da feiticaria nórdica.
b) práticas inspiradas em rituais pagãos.
c) regras decorrentes do período renascentista.
d) compassos produzidos em territórios colonizados.
e) elementos provenientes de segmentos populares.

Resolução
A valsa vienense, de acordo com o excerto,
foi inicialmente objeto de preconceito
pelas elites, tanto por suas origens
populares – que combinavam elementos folclóricos
e não palacianos, quanto por ser compreendida como
uma infração aos “bons costumes” – pela aproximação
física dos pares durante o bailado. Dessa maneira, o
estilo foi desprezado nos salões, devido às suas raízes
não aristocráticas, ao menos até finais do século
XVIII.

Resposta: E

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63
O Black Lives Matter vai para além do nacionalismo
estreito que pode prevalecer no seio das comunidades
negras, que se limita a apelar aos negros a amar os
negros, viver como os negros e comprar produtos
dos negros, e mantém à frente do movimento homens
negros heterossexuais. Black Lives Matter estima as
vidas dos negros e negras homossexuais e transexuais,
pessoas incapacitadas, negros sem documentos ou com
antecedentes criminais, mulheres e as vidas de todos os
negros de todo o espectro de gêneros.
LA BOTZ, D. O movimento Black Lives Matter organiza-se e
procura definir-se politicamente. Disponível em: www.ufes.br.
Acesso em: 4 out. 2021 (adaptado).

A reivindicação do movimento norte-americano


apresentada no texto consiste na necessidade de
a) manter a conquista de direitos sociais.
b) integrar a diversidade do grupo identitário.
c) priorizar a preservação de culturas africanas.
d) defender a adoção de valores supremacistas.
e) permitir a permanência do modelo androcêntrico.

Resolução
A atuação de movimentos sociais, como o Black
Lives Matter, é caracterizada no fortalecimento da
integração de minorias, como as citadas no texto, ao
conjunto de aspirações do movimento.

Resposta: B

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64

TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. Desastres


naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico,
2009 (adaptado).

A desproporção de velocidade e tempo de duração nos


tipos de inundação destacados é condicionada pela
a) variabilidade solar anual.
b) temperatura média mensal.
c) declividade do relevo local.
d) dinâmica tectônica regional.
e) gradação da turbidez fluvial.

Resolução
As diferenças nos tempos de ocorrência de inundações
ocorrem por uma série de fatores, como a intensidade
e volume das precipitações atmosféricas; o tipo
de cobertura do solo, em que coberturas vegetais
preservadas apresentam maior capacidade de
retenção das águas; e a declividade do terreno, em
que áreas de maior declividade apresentam mais
velocidade no fluxo de escoamento das águas.

Resposta: C

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65
Os grupos dominantes são beneficiados em termos
de credibilidade e podem, com isso, controlar falas de
membros de outros grupos, descredibilizando seus
testemunhos com base em concepções compartilhadas
de preconceito de identidade (gênero e raça). Algumas
formas de preconceito tornam as declarações das pessoas
menos importantes devido ao seu pertencimento a
determinado grupo social. Assim, um falante recebe
menos credibilidade devido ao preconceito do ouvinte.
KUHNEN, T. Resenha de The Power and Ethics of Knowing, de
Miranda Fricker. Revista Princípios, n. 33, 2013.

Com base na reflexão suscitada no texto, o preconceito


de identidade é responsável por um tipo de injustiça
a) estética, que normatiza os padrões corporais.
b) sensorial, que privilegia as habilidades visuais.
c) afetiva, que impede as expressões emocionais.
d) epistêmica, que prejudica as trocas informacionais.
e) econômica, que perpetua as desigualdades materiais.

Resolução
A injustiça denunciada se refere aos constituintes
sociais de ordem no conhecimento, de forma a
definir desigualdades entre os grupos sociais, criando
miasmas comunicativos, bem como na perpetuação
das diferenças das classes sociais.

Resposta: D

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66
A alma funciona no meu corpo de maneira maravilhosa.
Nele se aloja, certamente, mas sabe bem dele escapar:
escapa para ver as coisas através da janela dos meus
olhos, escapa para sonhar quando durmo, para sobreviver
quando morro. Minha alma durará muito tempo e mais
que muito tempo, quando meu corpo vier a apodrecer.
Viva minha alma! É meu corpo luminoso, purificado,
virtuoso, ágil, móvel, tépido, viçoso; é meu corpo liso,
castrado, arredondado como uma bolha de sabão.
FOUCAULT, M. O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo:
Edições N-1, 2013.

Esse texto reforça uma concepção metafísica clássica que


remete a um(a)
a) pressuposto lógico.
b) pensamento dicotômico.
c) contemplação da natureza.
d) raciocínio argumentativo.
e) crítica à individualidade.

Resolução
A concepção entre corpo e alma, a finitude e infinito,
o tangível e o intangível são marcas da metafísica
clássica.

Resposta: B

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67
No primeiro dia, foi colocada uma panela de barro no
centro do barracão, a qual representava o espírito do morto
presente na sala. Aqueles que dançavam depositavam
moedas ao passarem junto dela e, ao seu redor, milho
branco, mel, água, acaçás, cachaça. No segundo dia,
os ogãs, antes de iniciar a cerimônia, caminharam pelo
corredor formado pelas casas, batendo com longas
varas de bambus nos seus beirais, até alcançarem o
portão de entrada. No terceiro dia, quatro pessoas, as
mais influentes do culto, carregaram um lençol, que
aparentemente continha um corpo em seu interior. No
entanto, esse corpo era formado por folhas verdes de
plantas, que foram derramadas sobre uma pessoa.
MANZOCHI, H. M. Axexe, um rito de passagem. Revista do
Museu de Arqueologia e Etnologia, n. 5, 1995 (adaptado).

O ritual brasileiro apresentado no texto representa, para


seus adeptos, a
a) manutenção de uma memória coletiva.
b) contestação de uma identidade étnica.
c) imolação de uma divindade africana.
d) legitimação de uma prática pagã.
e) promissão de uma revolta social.

Resolução
O ritual funerário destaca uma vivência
religiosa, característica da identidade
coletiva de afrodescendentes no Brasil.
No excerto, os diversos produtos, como milho branco,
acaçás, cachaça e lençol, dentro de uma prática
ritualística da tradição axexe, elaboram e mantêm a
memória coletiva.

Resposta: A

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68
Espaços públicos não são produtos dados e acabados,
uma instituição que, uma vez estabelecida, traria a paz da
consensualidade e a perfeita igualdade. São os lugares em
que os problemas aparecem e se transformam em debates,
em diálogo e em possibilidade de ajuste e compromissos.
Por isso, não anulam os conflitos, ao contrário, são canais
de comunicação e de visibilidade de oposições.
GOMES, P. C. C. Espaço público, espaços públicos. Geographia,
n. 44, set.-dez. 2018 (adaptado).

As características descritas no texto exibem a importância


dos espaços públicos para a
a) prática do lazer.
b) vigilância da sociedade.
c) erradicação da violência.
d) construção da democracia.
e) diversificação do trabalho.
Resolução
Espaços públicos, como parques, praças e vias
abertas ao público são caracterizadas pela maior
interação cultural e social da população. Dessa forma,
a intensificação dos fluxos de informações aumenta
a prática do debate e das diferenças de opiniões,
características marcantes da democracia.

Resposta: D

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69
A democracia responde a esta pergunta: quem deve
exercer o poder público? A resposta é: o exercício do
poder público corresponde à coletividade dos cidadãos.
Contudo, nessa pergunta não se fala sobre qual extensão
deva ter o poder público. Trata-se somente de determinar
o sujeito a quem o mando compete. A democracia propõe
que mandemos todos; quer dizer, que todos intervenham
nos fatos sociais.
ORTEGA Y GASSET, J. apud MAIA, E. C. Mario Vargas Llosa e
o indivíduo para além da tribo. Disponivel em: www.estadodaarte.
estadao.com.br. Acesso em: 10 out. 2021 (adaptado).

O que sustenta o exercício do poder, conforme a


configuração apresentada no texto escrito na década de
1920?
a) Soberania popular.
b) Divisão de classes.
c) Acúmulo de capital.
d) Defesa da propriedade.
e) Centralização administrativa.
Resolução
O questionamento inicial sobre o exercício do poder
na democracia é respondido pela valorização das
decisões elaboradas coletivamente pelos cidadãos.
Dessa maneira, a isonomia entre os membros da
sociedade confere legitimidade às escolhas políticas e
assegura a soberania popular.

Resposta: A

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70
A mudança do clima nas cidades brasileiras é um
desafio de adaptação e equidade. Inundações, alagamentos
e ondas de calor são cada vez mais frequentes e intensas.
Cidades precisam se adaptar com urgência, a começar
pelas áreas e populações mais vulneráveis. Implementar
soluções baseadas na natureza de forma sistêmica pode
contribuir para a redução de desastres relacionados às
mudanças do clima e ainda gerar múltiplos benefícios
para a economia, o ambiente e as pessoas.
EVERS. H. et al. Soluções baseadas na natureza para adaptação
em cidades. Disponível em: www.wribrasil.org.br.
Acesso em: 19 out. 2023 (adaptado).

Qual medida atenua os problemas abordados no texto?


a) Criação de faixas sinalizadoras.
b) Incineração de resíduos sólidos.
c) Implantação de parques públicos.
d) Verticalização de espaços centrais.
e) Construção de estacionamentos privados.
Resolução
A mudança climática nas cidades brasileiras
tem causado inúmeros problemas urbanos, como
alagamentos, inundações, deslizamentos, entre
outros. As cidades precisam adaptar-se com políticas
mitigadoras, como a implantação de parques
públicos com áreas verdes capazes de absorver
a água, diminuindo o escoamento superficial
e, consequentemente, mitigando inundações e
alagamentos.

Resposta: C

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71
O Conselho de Segurança da Organização das Nações
Unidas (ONU) é, junto com a Assembleia-Geral, um
dos principais órgãos de tomada de decisão dentro da
entidade. O Conselho lida com questões de segurança e
paz internacionais, além de recomendar a admissão de
novos membros à Assembleia-Geral e aprovar mudanças
na Carta das Nações Unidas. Cinco dos quinze membros
são permanentes e podem vetar resoluções, o que ocorreu
261 vezes até 2020.
GOMES, L.; PRETTO, N. O funcionamento do Conselho de
Segurança das Nações Unidas. Disponível em: www.nexojornal.
com.br. Acesso em: 10 nov. 2021 (adaptado).

A composição e o funcionamento do organismo


internacional apresentados revelam a seguinte
característica das relações internacionais entre os países-
membros:
a) Igualdade militar.
b) Assimetria política.
c) Consenso multipolar.
d) Equilíbrio estratégico.
e) Soberania compartilhada.
Resolução
O Conselho de Segurança da ONU é formado por 15
países, sendo que cinco países (EUA, Rússia, China,
Reino Unido e França) são membros permanentes
com poder de veto. Os outros dez países são membros
rotativos com mandatos de dois anos e não podem
ser reeleitos, expressando um desequilíbrio decisório
dentro do Conselho.

Resposta: B

ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024


72
Uma fábrica na qual os operários fossem, efetiva e
integralmente, simples peças de máquinas executando
cegamente as ordens da direção pararia em quinze
minutos. O capitalismo só pode funcionar com a
contribuição constante da atividade propriamente humana
de seus subjugados que, ao mesmo tempo, tenta reduzir e
desumanizar o mais possível.
CASTORIADIS, C. A Instituição Imaginária da sociedade.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

O texto apresenta uma contradição interna do capitalismo


caracterizada pela
a) obsolescência associada ao uso da tecnologia.
b) orientação voltada à administração de conflitos.
c) alienação decorrente da organização do trabalho.
d) isonomia remanescente da geração de riquezas.
e) produtividade vinculada ao fortalecimento da
autonomia.
Resolução
A contradição interna do capitalismo é que o sistema
só pode funcionar com a “contribuição constante
da atividade propriamente humana”. No entanto, a
alienação do trabalhador, situação em que o passa
a desconhecer todas as fases do processo produtivo,
torna-o cada vez mais alheio ao resultado da produção
e, assim, desumanizando-o.

Resposta: C

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73
TEXTO I
“As novelas brasileiras foram as primeiras a aparecer
na TV russa ainda na época de Gorbachov, nos anos
1980. Elas causaram sensação. Houve casos anedóticos,
como quando o Parlamento da Federação Russa terminou
a sessão mais cedo para ver o último capítulo de Escrava
Isaura”, conta o russo Anatoli Sostanov, consultor na
área de TV internacional e ex-diretor da emissora estatal
russa Canal.
Disponível em: www.bbc.com. Acesso em: 16 out. 2021.

TEXTO II
As novelas de maior impacto em Angola foram as
produções brasileiras. Fizeram tanto sucesso que um
mercado popular, na época era o maior a céu aberto na
África, chegou a receber o nome de Roque Santeiro,
novela brasileira exibida naquele pais na década de 1980.
A influência das produções brasileiras fez com que os
angolanos conhecessem o Brasil por meio das novelas.
Além de entreter, os folhetins brasileiros até hoje ditam a
moda em Angola. Figurinos e acessórios de personagens
se transformam em uma verdadeira febre e influenciam o
comportamento.
Disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br.

Acesso em: 16 out. 2021 (adaptado).

Embora situados em continentes diferentes com práticas


sociais distintas, Rússia e Angola se aproximam,
conforme os textos I e II, no aspecto
a) cultural, ao subjetivarem costumes da teledramaturgia
estrangeira.
b) econômico, ao importarem confecções de estilistas
famosos.
c) geográfico, ao encurtarem distâncias de caráter
ideológico.
d) antropológico, ao adaptarem valores de povos
tradicionais.
e) político, ao adotarem sistemas de governos
democráticos.
Resolução
O texto mostra que as telenovelas brasileiras
passaram a integrar a cultura de ambos os países ao
ponto de interferir no cotidiano e no comportamento
das respectivas populações.

Resposta: A
ENEM – 1.º Dia – Novembro/2024
74
No Brasil, os remanescentes de antigos quilombos,
“mocambos”, “comunidades negras rurais”, “quilombos
contemporâneos”, “comunidades quilombolas” ou “terras
de preto” referem-se a um mesmo patrimônio territorial
e cultural inestimável, que só recentemente passaram
a ter atenção do Estado e ser do interesse de algumas
autoridades e organismos oficiais.
ANJOS, R. S. A. Cartografia e quilombos: territórios étnicos
africanos no Brasil. Africana Studia, n. 9, 2007.

Na esfera de ação do Estado, com a Constituição de 1988,


os espaços mencionados tornaram-se objeto de
a) iniciativas de planejamento familiar.
b) projetos de reorientação religiosa.
c) programas de moradias sustentáveis.
d) políticas de inserção social.
e) medidas de homogeneização educacional.
Resolução
Com a Constituição de 1988, o Brasil passou a
considerar o direito das comunidades quilombolas
à posse de suas terras, assegurando-lhes proteção
cultural e territorial. Essa medida faz parte das
políticas de inserção social, pois visa integrar essas
comunidades ao desenvolvimento social e econômico
do País, respeitando sua identidade cultural e
histórica.

Resposta: D

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75
Bertrand Russell conta a história de um peru que
descobrira, em sua primeira manhã na fazenda de perus,
que fora alimentado às 9 da manhã. Contudo, ele não tirou
conclusões apressadas. Esperou até recolher um grande
número de observações do fato de que era alimentado
às 9 da manhã e fez essas observações sob uma ampla
variedade de circunstâncias, às quartas e quintas-feiras,
em dias quentes e dias frios, em dias chuvosos e dias
secos. A cada dia acrescentava uma outra proposição de
observação à sua lista. Finalmente, sua consciência ficou
satisfeita e ele concluiu. “Eu sou alimentado sempre às 9
da manhã”.
CHALMERS, A. O que é ciência, afinal?
São Paulo: Brasiliense, 1993 (adaptado).

Qual tipo de raciocínio corresponde ao padrão de


pensamento exibido pelo personagem do texto?
a) Prático, porque recolhe evidências e recomenda ações.
b) Absoluto, porque busca confirmações e bloqueia
refutações.
c) Indutivo, porque observa eventos particulares e infere
leis universais.
d) Demonstrativo, porque encadeia premissas e extrai
conclusões indubitáveis.
e) Analógico, porque compara diferentes situações e
detecta elementos semelhantes.
Resolução
O texto revela a lógica aristotélica clássica, em que a
construção de um caminho de verdade é construído
por máximas (particulares), para se atingir uma
verdade universal.

Resposta: C

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76
A finalidade mais marcante em toda a história
dos mapas, desde o seu início, teria sido a de estarem
sempre voltados à prática, principalmente a serviço
da dominação, do poder. Sempre registraram o que
mais interessava a uma minoria, fato este que acabou
estimulando o incessante aperfeiçoamento deles.
MARTINELLI, M. Mapas da geografia e cartografia temática.
São Paulo: Contexto, 2011 (adaptado).

No texto, a cartografia é apresentada como um


instrumento usado essencialmente para a
a) preservação de espaços naturais.
b) emancipação de sujeitos marginais.
c) revalorização de culturas reprimidas.
d) inversão de hierarquias estabelecidas.
e) sustentação de hegemonias territoriais.
Resolução
Historicamente, os mapas foram utilizados como
instrumentos de dominação e poder, refletindo
interesses de uma minoria dominante e promovendo
a sustentação de hegemonias territoriais. Eles
registraram o que era relevante para aqueles que
detinham poder e controle, em vez de representar
os territórios de forma imparcial. Assim, os mapas
estimularam e sustentaram a hegemonia dos grupos
dominantes.

Resposta: E

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77
A regra de ouro, popularmente conhecida pelo
provérbio “Trate os outros como gostaria de ser tratado”,
é um dos princípios morais mais onipresentes. A noção
subjacente, que apela para o senso ético mais básico,
se expressa de uma forma ou de outra em praticamente
todas as tradições religiosas, e poucos filósofos morais
deixaram de invocar a regra ou pelo menos de tecer
comentários a respeito da relação com seus próprios
princípios.
DUPRÉ, B. 50 grandes ideias da humanidade.
São Paulo: Planeta do Brasil, 2016.

O principio ético apresentado no texto, como elemento


estruturante da vida em sociedade, se traduz pela seguinte
formulação teórica:
a) Doutrina teleológica.
b) Imperativo categórico.
c) Pensamento utilitarista.
d) Secularização inautêntica.
e) Raciocínio consequencialista.
Resolução
A regra de ouro trazida no texto, “não fazer ao outro
o que não se quer a você”, condiz com uma máxima
universal, ou um imperativo categórico.

Resposta: B

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78
O que alicerça, portanto, o acolhimento de refugiados
pelos Estados gira em torno da fronteira erguida entre
inclusão e exclusão, admissão e rejeição, desejáveis e
indesejáveis; ao mesmo tempo, enseja vulnerabilidade,
indefinição e incerteza a esses migrantes internacionais
forçados.
MOREIRA, J. B. Refugiados no Brasil.
REMHU, n. 43, jul.-dez. 2014.

A eliminação, para os refugiados, do tipo de fronteira


descrita no texto necessita de políticas públicas de
a) planejamento familiar.
b) segregação territorial.
c) homogeneização cultural.
d) diferenciação étnico-racial.
e) integração socioeconômica.
Resolução
A eliminação das barreiras enfrentadas pelos
refugiados exige políticas públicas de integração
socioeconômica. Tais políticas visam oferecer-
lhes oportunidades de trabalho, acesso a serviços
essenciais e promover sua participação na vida social e
econômica do País de acolhimento, diminuindo, assim,
a vulnerabilidade e a incerteza que eles enfrentam.

Resposta: E

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79

VIEIRA, A. P. L. O Departamento de Imprensa e Propaganda e a


politica editorial do Estado Novo (1937-1945).
Rio de Janeiro: Unirio, 2019.

O que as capas da revista Travel in Brazil, publicadas


entre 1941 e 1944 pelo Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP), evidenciam?
a) Estereótipos da cultura nacional.
b) Exploração da população pobre.
c) Preconceitos de ordem racial.
d) Política de censura midiática.
e) Projeto de pais industrial.
Resolução
Os cartazes apresentados foram produzidos durante
o Estado Novo (1937-1945) pelo Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP), órgão responsável
pela propaganda ideológica do regime varguista, bem
como pela censura a qualquer manifestação cultural
contrária aos ditames do governo.
As três imagens fazem parte de um esforço para
construir uma identidade nacional, fundindo
os estereótipos de diferentes regiões em uma
caracterização promotora de um maior conhecimento

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sobre o País – também no exterior, no contexto da
aproximação do Brasil com os Estados Unidos (1941-
1944).

Resposta: A

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80
As capas dos folhetos de cordel, já então ilustradas
por postais fotográficos, desenhos ou fotogramas de
filmes, demoravam mais de uma semana para serem
transformadas em clichês em Recife ou Fortaleza, o que
levou a que santeiros e artesãos locais fossem requisitados
para cortar na umburana — madeira preferida para o
taco xilográfico pela facilidade do talhe e abundância —
princesas, dragões, cangaceiros.
CARVALHO, G. Xilogravura: os percursos da criação popular.
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 39, 1986
(adaptado).

No inicio do século XX, a incorporação da técnica de


produção descrita no texto promoveu uma renovação da
a) manifestação jornalística.
b) narrativa literária.
c) indústria regional.
d) estética editorial.
e) cultura erudita.
Resolução
As transformações mencionadas pelo texto se atêm a
critérios estéticos na composição da obra como um
todo, base da composição editorial.

Resposta: D

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81
O Círio de Nazaré é uma festa que ocorre, anualmente,
na cidade de Belém do Pará, no segundo domingo do
mês de outubro. Sua estrutura ritualística tem origem
no catolicismo devocional que surge em Portugal
por volta do século XV. Até 1789, a festa em louvor
a Nossa Senhora de Nazaré, em Belém, era marcada
pelas ladainhas e novenas. Em 1790, a Igreja Católica
autorizou a realização de festa em homenagem à Virgem.
A primeira procissão ocorreu em 1793. Existindo há mais
de duzentos anos, a Festa congrega um extenso mosaico
de elementos integrados em diferentes planos e graus de
intensidade.
ALMEIDA. I. M. A. Revisitando o Círio de Nazaré a partir da
lente sociológica de Eidorfe Moreira. Boletim do Museu Paraense
Emilio Goeldi, n. 3, set.-dez. 2015 (adaptado).

O reconhecimento da festa descrita no texto, como


patrimônio histórico, encontra sustentação no(a)
a) instituição de políticas públicas de âmbito local.
b) registro de bens culturais de natureza imaterial.
c) tombamento de sítios arqueológicos de propriedade
privada.
d) salvaguarda de elementos sacros de expressão regional.
e) categorização de manifestações cristãs de caráter
oficial.
Resolução
O Círio de Nazaré, procissão que tem sua origem em
Portugal por volta do século XV, chegou ao Brasil no
período colonial. Na região de Belém do Pará passou
por diversas reelaborações até alcançar sua atual
identidade.
O reconhecimento de uma manifestação religiosa como
patrimônio imaterial decorre de políticas públicas
estabelecidas pelo Estado brasileiro. Na década de
1930, foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (SPHAN), transformado,
posteriormente, em Instituto do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional que, na década de 2000, passou
a considerar também o registro de patrimônios dessa
natureza como bens culturais.

Resposta: B

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82
Os salões permitiam aos escritores da época do
Iluminismo adentrar no universo dos poderosos. Figuras
como as de Voltaire e Duclos exortavam seus “irmãos” a
aproveitarem da mobilidade que era oferecida pela ordem
social do Antigo Regime, juntando-se à elite. Nos últimos
decênios do Ancien Régime, ele foi se tomando cada vez
mais o reduto dos filósofos do Alto Iluminismo, que
deixavam os cafés para os tipos inferiores de literário.
Com efeito, os cafés se constituíram na antítese lógica
dos salões. Eles eram abertos a todos, a um passo da rua.
Como é possível constatar, salões e cafés constituem
interessantes instituições do espaço público literário
através das quais é possível vislumbrar as bases sociais
nas quais se assentavam o Alto e o Baixo Iluminismo.
HABERMAS, J. Mudança estrutural da esfera pública:
investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa.
Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984 (adaptado).

No período iluminista, os espaços sociais mencionados


contribuíram para
a) segregar pensadores e aumentar a circulação de ideias.
b) apoiar revolucionários e perseguir a nobreza local.
c) rejeitar poetisas e proibir a entrada de mulheres.
d) censurar cronistas e coibir o patrocínio editorial.
e) integrar artistas e ampliar o comércio urbano.
Resolução
O texto indica que a circulação de ideias – filosóficas,
políticas, sociais e estéticas – produzidas no contexto
da Ilustração (iluminismo), não se restringia aos salões
aristocráticos, chegando aos cafés, espaços abertos
nos quais havia participação popular. A discussão
dessa produção intelectual atingia, assim, diferentes
segmentos sociais, desde a burguesia, passando pela
aristocracia, pelos déspotas esclarecidos até chegar às
camadas subalternas da sociedade europeia.

Resposta: A

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83
Resumamos os principais caracteres de um rizoma:
diferentemente das árvores ou de suas raízes, o rizoma
conecta um ponto qualquer com outro ponto qualquer
e cada um de seus traços não remete necessariamente a
traços de mesma natureza. Contra os sistemas centrados
(e mesmo policentrados), de comunicação hierárquica
e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema
a-centrado não hierárquico e não significante, sem
general, sem memória organizadora ou autômato central,
unicamente definido por uma circulação de estados.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs.
São Paulo: Editora 34, 1995 (adaptado).

Qual elemento da cultura contemporânea se relaciona às


características do conceito de rizoma, conforme descrito
no texto?
a) Estrutura fixa.
b) Lógica binária.
c) Controle homogêneo.
d) Uniformidade de opiniões.
e) Pluralidade de interações.
Resolução
O conceito de rizoma, desenvolvido por Gilles Deleuze
e Félix Guattari, diz respeito a uma forma de pensar
que valoriza a pluralidade de interações, ou seja, a
multiplicidade e a abertura, sem hierarquia e sem
centralidade.

Resposta: E

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84
Em 1960, a primeira pílula anticoncepcional foi
comercializada nos EUA, e, em poucos anos, o método
contraceptivo se difundiu pelo mundo, inclusive no Brasil,
Em nosso país, a chegada das pílulas anticoncepcionais
foi simultânea às discussões neomalthusianas sobre
a crise demográfica, à aceleração dos processos de
modernização e ao boom da indústria farmacêutica
multinacional.
DIAS, T. M. et al. A pílula da oportunidade: discursos sobre as
pílulas anticoncepcionais em A Gazeta da Farmácia, 1960-1981.
História, Ciências, Saúde — Manguinhos,
n. 3, jul.-set. 2018 (adaptado).

Qual foi o efeito social resultante do avanço tecnológico


mencionado no texto?
a) O afastamento da autoridade médica na regulação da
fecundidade.
b) A superação do discurso da moralidade pela ação da
mídia estatal.
c) A ampliação do debate público sobre o planejamento
familiar.
d) A centralização da pesquisa científica pelo sistema
privado de saúde.
e) O enrijecimento das doutrinas religiosas sobre a
organização da vida doméstica.
Resolução
A questão trata do avanço da tecnologia farmacêutica
na sociedade mundial, da maior acessibilidade a
fármacos e medicamentos proporcionado pelo ganho
de escala na produção e dos consequentes reflexos nas
dinâmicas socioeconômicas.
À medida que as sociedades vão-se urbanizando com o
avanço da industrialização, também há a melhoria da
escolarização e o aumento da participação feminina
no mercado de trabalho. As novas tecnologias passam
a propiciar a difusão do planejamento familiar
como estratégia de inserção nas novas dinâmicas
socioeconômicas que se apresentam.

Resposta: C

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85
A internet fortalece o engajamento e a visibilidade de
populações tradicionais e indígenas por meio de redes
sociais, rádios e veículos de mídia digital. Ela também
promove a criação e o fortalecimento de mercados e a
inovação nos sistemas de financiamento, integrando
pequenos agricultores e produtores da comunidade
florestal a cadeias de abastecimento maiores.
GROTTERA, C.; CASTRO, L. M.; BRITO, M. C. Como a
tecnologia pode ser uma aliada na conservação ambiental.
Nexo Jornal, 14 ago. 2021.

A adoção da tecnologia mencionada amplia a rentabilidade


das comunidades citadas ao possibilitar o(a):
a) Valorização da economia local.
b) Elaboração de projetos culturais.
c) Estabelecimento de regras comerciais.
d) Incremento da infraestrutura educacional.
e) Homogeneização da qualificação profissional.
Resolução
As comunidades citadas, populações originárias
e tradicionais, quando se engajam e alcançam
maior visibilidade, via internet, integram pequenos
produtores, inclusive florestais, a cadeias maiores de
abastecimento, valorizando as suas economias locais.

Resposta: A

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86
TEXTO I
Uma única árvore joga entre 300 e 1 000 litros de
água por dia para a atmosfera. Considerando a demanda
mínima que uma pessoa consorne de água, ou seja,
120 litros por dia, uma única árvore pode ser capaz de
produzir água para até oito pessoas.
MAGNO, C. Estudiosos explicam o motivo de chover tanto em
Belém. Disponivel em: www.diarioonline.com.br.
Acesso em: 6 nov. 2021.

TEXTO II
A Amazônia perdeu diariamente uma área de floresta
maior do que 4 mil campos de futebol apenas em setembro
de 2021. Em todo o mês, foram devastados 1224 km2, o
que corresponde ao tamanho da cidade do Rio de Janeiro
e é a pior marca para setembro em 10 anos. Os dados
são do Sistema de Alerta de Desmatarnento (SAD) do
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
(Imazon), que monitora a floresta por meio de imagens
de satélites.
FREITAS, A. Desmatamento na Amazônia em setembro foi o
maior para o período em 10 anos.
Disponível em: www.cnnbrasil.com.br.
Acesso em: 6 nov. 2021.

Para a região amazônica, a relação entre as informações


dos textos indica uma redução do(a)
a) circulação de ventos alisios.
b) aquecimento dos solos locais.
c) média de temperatura oceânica.
d) índice de refletividade superficial,
e) intensidade de chuvas convectivas.
Resolução
O desmatamento na região amazônica reduz a
evapotranspiração e consequentemente as chuvas
convectivas, características da região.

Resposta: E

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87
Atribuo a causa desse florescimento estéril a um
sistema de educação falso, extraído de livros sobre o
assunto escrito por homens que, ao considerar as mulheres
mais como fêmeas do que como criaturas humanas,
estão mais ansiosos em torná-las damas sedutoras do
que esposas afetuosas e mães racionais. O entendimento
do sexo feminino tem sido tão distorcido por essa
homenagem ilusória de que as mulheres civilizadas
de nosso século, com raras exceções, anseiam apenas
inspirar amor, quando deveriam nutrir uma ambição mais
nobre e exigir respeito por suas capacidades e virtudes.
WOLLSTONECRAFT, M. Reivindicação dos direitos da mulher.
São Paulo: Boitempo, 2016.

Nesse texto, escrito no século XVIII, a autora reivindica


para as mulheres a
a) recuperação de sua participação política.
b) equiparação de ganhos salariais.
c) valorização de seu papel social.
d) distinção de padrões biológicos.
e) ocupação de cargos públicos.
Resolução
A autora questiona a construção da ideia do que é ser
mulher elaborada por homens e difundida por meio
da educação e dos livros. Dessa forma, reivindica
para elas respeito por suas capacidades e virtudes,
valorizando o seu papel social.

Resposta: C

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Cada objeto é, em si mesmo, um sistema funcionando
sistemicamente. Um grande supermercado ou shopping
center seria incapaz de existir se não fossem servidos por
vias rápidas, estacionamentos adequados e acessíveis,
sistemas de transportes públicos com horários regulares
e conhecidos e se, no seu próprio interior, as atividades
não estivessem subordinadas a uma coordenação. Esse
é o caso dos armazéns, dos silos etc. Os portos, a rede
rodoviária de um país e, sobretudo, a rede ferroviária são
exemplos de objetos complexos e sistêmicos.
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica, tempo, razão e
emoção. São Paulo: Hucitec, 1996 (adaptado).

De acordo com o texto, o território torna-se cada vez mais


dotado de objetos com a finalidade de intensificar a
a) desindustrialização da economia.
b) desregulamentação do mercado.
c) concentração da produção.
d) distribuição de renda.
e) dinamização dos fluxos.
Resolução
A ampliação da disposição de equipamentos e a
dotação da infraestrutura são essenciais para tornar
o território apto a permitir, com eficiência, maior
dinâmica dos fluxos.

Resposta: E

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A 26.ª Conferência do Clima das Nações Unidas foi
realizada com a perspectiva de que os países tornassem
ainda mais ambiciosos os compromissos assumidos no
enfrentamento das mudanças climáticas, de modo a evitar
que a temperatura global se eleve acima de 1,5 ºC, marca
que já vinha sendo discutida desde o Acordo de Paris, de
2015.
A pressão do setor empresarial, que se posicionou
de maneira contundente nesta COP-26, gerou impacto
positivo. O Conselho Empresarial Brasileiro para o
Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) capitaneou, por
meio do movimento Empresários pelo Clima, a adesão de
119 CEOs de importantes empresas e 14 instituições do
setor privado, de setores tão diversos como agronegócio,
alimentício, aviação, elétrico, fannacêutico, finanças,
infraestrutura, logística, papel e celulose, petroquímico,
saúde, tecnologia, telefonia e varejo.
O Brasil deixa a conferência com o compromisso
de fazer valer sua meta e reduzir 50% dos gases de
efeito estufa até 2030 em relação aos níveis de 2005 –
anteriormente, a meta de redução era de 43%.
GROSSI, M. A mais plural das COPs e a lição de casa para o
Brasil. Disponível em: www.nexojornal.com.br.
Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado).

Conforme o texto, o compromisso assumido pelo Brasil


foi resultado dos tensionamentos promovidos por
a) povos ribeirinhos e segmentos culturais.
b) blocos econômicos e instituições militares.
c) grupos científicos e universidades públicas.
d) organismos supranacionais e sociedade civil.
e) agentes governamentais e demanda turística.
Resolução
O posicionamento do Brasil em relação a importantes
temas globais, sobretudo no que tange ao meio
ambiente, deve-se à influência da sociedade civil
organizada e à ação de organizações supraestatais.

Resposta: D

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A pessoa com deficiência de qualquer modalidade
— seja visual, auditiva, física ou mental — encontra-se
em uma posição de grande vulnerabilidade em relação
às pessoas sem deficiência, sendo frequentemente
marcante a assimetria das relações de poder na interação
entre ambas. Tal assimetria de relação hierárquica
é multiplicada conforme a severidade de cada caso,
sendo ampliada se a pessoa com necessidades especiais
pertencer a um outro grupo de risco, por exemplo, se for
mulher ou criança.
PASIAN, M. S. A negligência parental e a relação com a deficiência:
o que mostra a pesquisa nacional. Revista Educação Especial,
n. 53, set.-dez. 2015 (adaptado).

A realidade abordada no texto indica a necessidade de se


promover uma ética interpessoal centrada no
a) cuidado, proteção e valorização dos indivíduos.
b) entendimento, perdão e tolerância dos responsáveis.
c) cerceamento, arregimentação e controle de entidades.
d) regramento, legislação e responsabilização de
culpados.
e) ensimesmamento, interiorização e indulgência dos
agentes.
Resolução
Uma promoção ética em relação às pessoas com
deficiência deve contribuir não só para uma sociedade
mais justa e inclusiva, mas também para fortalecer
laços sociais mais humanos e solidários. Nesse sentido,
deve-se promover o acolhimento desses indivíduos,
assegurando seu desenvolvimento pessoal, bem como
sua autonomia.

Resposta: A

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