Trabalho Escrito Unificado

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Análise de Conhecimento Linguístico e Apropriado Sistema de

Escrita de Marco Antônio de Oliveira

1 - Introdução Geral

A obra "Conhecimento Linguístico e Apropriação do Sistema de Escrita", escrito


por Marco Antônio de Oliveira, oferece uma reflexão profunda sobre como as
crianças aprendem a escrever e os desafios que enfrentam nesse processo. Tendo
como objetivo ser um recurso de apoio aos professores, os ajudando a entender
melhor o caminho que seus alunos percorrem ao se apropriarem do sistema de
escrita da língua portuguesa.
Dividido em cinco seções, o texto explora questões essenciais, como as etapas
do aprendizado da escrita, o papel dos sons do português nesse processo, e a
relação entre fala e escrita. O autor se preocupa em desmistificar a ideia de que
aprender a escrever é simplesmente reproduzir sons em letras. Ele mostra que a
escrita é uma construção muito mais complexa, em que as crianças fazem
hipóteses e, aos poucos, refinam sua compreensão do sistema ortográfico.
Um ponto central da obra é a importância de entender que o aprendizado da
escrita envolve mais do que a memorização de regras e palavras. Marco Antônio
enfatiza que as crianças trazem consigo um conhecimento prévio da língua,
baseado na fala, e que isso é fundamental para o desenvolvimento da escrita. Ele
também convida os professores a refletirem sobre os chamados "erros" das
crianças, propondo que esses erros são, na verdade, parte do processo natural de
aprendizado, e não devem ser vistos apenas como falhas, mas como etapas
importantes no desenvolvimento.
O texto oferece orientações práticas e atividades para ajudar os professores a
lidar com as dificuldades que seus alunos encontram ao escrever, incentivando uma
abordagem mais empática e construtiva. Ao final, a obra busca empoderar os
educadores, para que eles possam apoiar seus alunos de forma mais eficiente e
humana, reconhecendo as diferentes etapas do aprendizado e as diversas
hipóteses que as crianças formulam à medida que avançam.
Com isso, o autor espera que, ao final do caderno, os professores estejam mais
preparados para compreender e apoiar o processo de escrita de seus alunos,
reconhecendo o papel central da fala e da interação no desenvolvimento da
alfabetização e letramento.

2 - Como é que as crianças aprendem a escrever ?

É falado que muitos professores comentam que muito de seus alunos escrevem
como falam, o que é verdade até um certo ponto, mas nem tudo que eles escrevem
pode ser atribuído à influência de sua fala, outras coisas influenciam, como a fala
das pessoas ao seu redor, seu meio de convivência, sua região, seu cotidiano, etc.
Mas como fazer as crianças escreverem? Mas antes de responder essa
pergunta, outra pergunta tem que ser respondida! Como é que as crianças
aprendem a escrever? Primeiro tem que se prestar atenção em como seu aluno se
comporta ao aprender para assim poder propor métodos e técnicas de ensino
adequadas, para não ensinar na contramão do aluno.
Mas para responder a essa segunda pergunta, é preciso analisar três
concepções de aprendizagem da escrita.

1-Transferência de um produto: onde fala que a escrita é um produto pronto e


acabado que o professor conhece e transmite a seus alunos, de fora para dentro
através do próprio professor com sua aula, livros, imagens, etc. Onde o aprendiz
consegue assimilar tudo o que foi dito, tendo claro uma boa memória para poder
assimilar tudo o que foi transmitido da maneira certa, isso mostrará que ele está
aprendendo. Claro que no processo de aprendizagem da escrita ele irá errar
algumas vezes, O que é normal, já porque a língua portuguesa como qualquer outra
língua é uma língua falada, onde é a escrita é apenas a representação limitada da
língua falada. Mas claro que a escrita também é muito importante. Então, para
resumir, nessa concepção o conhecimento é transferido e é exigido uma memória
acentuada do aluno nesse processo de aprendizagem da escrita.

2- Processo de construção de conhecimento baseado nas características da própria


escrita: construção de conhecimento é baseado na própria escrita, ou seja, aprender
a escrever escrevendo, tendo assim o construtivismo. Aqui o aluno vai ver uma
imagem de alguma coisa e tentar reproduzir através da escrita, de produções de
escrita. E assim o aluno vai reformular a partir de seus treinos hipóteses e produzir
escritas mais elaboradas e assim vai reelaborar seu conhecimento sobre a escrita.
Aqui o aluno é o centro do processo de aprendizagem e é ele que controla esse
aprendizado. O conhecimento é construído, o aprendizado é de dentro para fora e a
memória é considerada minimamente nessa concepção. Aqui o aluno pode errar,
mas aluno “bom” é aluno que erra, pois está tentando.

3- Processo de construção de conhecimento intermediado pela oralidade:


construção de conhecimento é intermediado , aqui o conhecimento sobre a língua
falada vai controlar o processo de aprendizado da língua escrita, a língua falada é a
base para construção do conhecimento da escrita. A partir da oralidade se tem a
influência da apropriação da escrita que vai acontecer ao decorrer do tempo. Porque
a partir do tempo o aluno praticando oralidade, o aluno irá avançar a melhoria e sua
escrita.
A partir dessas três concepções podemos observar que o aluno pode ter um
controle qualitativo onde sons iguais são representados por letras iguais e sons
diferentes estão representados por letras diferentes. Aqui também podemos
observar um controle quantitativo onde o número de letras utilizadas corresponde ao
número de sons pronunciados.

Ou seja, o aluno vai aprender através da sua memória, com as aulas de professor,
com imagens transmitindo para o papel através da escrita e com a oralidade ao
decorrer do tempo .

3 - Sistema de Escrita
A linguagem é muito mais do que apenas palavras: ela é uma ponte que liga ideias e
sentimentos. Toda língua se organiza em dois planos principais, que são como os
ingredientes de uma receita: o plano do conteúdo, onde mora o significado do que
queremos dizer, e o plano da expressão, que é a forma como escolhemos transmitir esse
significado. Juntos, esses dois elementos tornam a comunicação humana possível e rica em
detalhes.

3.1 O plano de conteúdo e o plano da expressão

O plano de conteúdo diz respeito ao que queremos dizer, a mensagem que pretendemos
transmitir. É como o sabor em uma receita; ele define o propósito da nossa comunicação.
O plano de expressão é o modo como damos forma à nossa mensagem. Quando
falamos, o plano de expressão são os sons; quando escrevemos, são as letras e símbolos
que escolhemos.

Quando combinamos esses dois planos, conseguimos traduzir nossos pensamentos e


sentimentos em uma comunicação que os outros podem entender.

3.2 A gramática e a combinação do som e significado

A gramática é o sistema que organiza os sons e os significados que


queremos passar. Todo falante, mesmo sem perceber, segue essas
"regras" internas para se comunicar. Por exemplo, ao dizermos “Meu
cachorro mordeu a vizinha”, sabemos que essa frase faz sentido,
enquanto a frase “Vizinha meu mordeu cachorro” aparece
desorganizada. Assim, a gramática é como um guia interno que todos
possuímos e que nos ajuda a organizar as palavras de forma clara.

3.3 A origem e a evolução dos sistemas

A necessidade de registrar informações para outros verem e entenderem foi o que levou à
invenção da escrita. Esse desenvolvimento mostra como o conteúdo e a expressão
evoluíram ao longo do tempo para criar sistemas de comunicação eficientes.

Escrita Pictográfica
● Características: Nos primeiros registros de escrita, como os pictogramas, as
imagens representavam diretamente os objetos ou ações. Por exemplo, um pastor
poderia desenhar ovelhas para contabilizar o rebanho.
● Limitações: Esse método era prático, mas tinha limites. Não era possível
representar ideias abstratas, como "amor" ou "coragem".

Escrita Ideográfica

● Evolução: Para resolver essa limitação, surgiu a escrita ideográfica, onde um


símbolo poderia representar conceitos mais complexos. Assim, o desenho do sol,
por exemplo, poderia significar "calor" ou "dia".
● Exemplo Contemporâneo: Um exemplo vivo de escrita ideográfica é o chinês, onde
cada símbolo ou ideograma carrega significados mais complexos. Pessoas de
regiões diferentes da China podem entender esses símbolos, mesmo falando
dialetos diferentes.

Escrita Silábica e Alfabética

● Silábica: Aqui, cada símbolo representa uma sílaba. Este sistema é comum no
japonês, onde cada símbolo combina sons para formar palavras.
● Alfabética: Evoluiu para representar sons individuais. Na escrita do português, cada
letra representa um som específico, como “c” e “a” para “casa”.

3.4 A escrita no cotidiano: pictogramas, ideogramas e a escrita alfabética

A escrita está em todo lugar em nosso dia a dia, e usamos vários tipos dela, além do
alfabeto, sem perceber:

● Escrita Pictográfica: Figuras que vemos em portas de banheiro, por exemplo, usam
imagens para indicar gênero sem palavras.
● Escrita Ideográfica: Placas de trânsito, onde símbolos como um cigarro cortado por
uma linha vermelha indicam “proibido fumar”.
● Escrita Alfabética: No nosso dia a dia, escrevemos a maioria das coisas com letras,
mas às vezes as palavras precisam de um contexto para o entendimento, como em
“sela” (de cavalo) e “cela” (de prisão).

4 - Os sons do português

Essa seção fala sobre os sons do português falado, conforme vimos nas seções
anteriores, é através dos sons que o aprendiz se guia nas suas primeiras
produções escritas.
Nessa seção primeiro se falou sobre a anatomia dos órgãos que formam o
aparelho fonador, os pulmões, a laringe e as cavidades supra-glóticas. O pulmão
que tem como sua função principal que é de garantir, através da respiração, a
oxigenação do sangue que circula em nosso corpo. Na laringe dá-se a
transformação da corrente de ar em corrente sonora, através do processo da
fonação e nessa Laringe se tem duas membranas finas que são conhecidas
como cordas vocais e nessas cordas vocais podem-se tem sons vozeados
(sonoro, com vibração) e desvozeados (som surdo, sem vibração). Exemplo de
vozeado: a letra “z”, zinco. Exemplo de não vozeado: a letra “s”, cinco.
E depois da corrente sonora ser criada, na laringe, as cavidades supra-glóticas
se encarregam de (a) ampliar os sons e (b) modificar os sons. As cavidades
supra-glóticas são três: faringe, fossas nasais e boca. A ampliação dos sons
se dá pelo fato de essas cavidades atuarem como caixas de ressonância, assim
como o bojo de um violão, por exemplo. As modificações se dão pelo fato de ser
possível alterar o volume da principal cavidade, a boca, através do
posicionamento da língua. Se o volume é maior, o som é mais grave; se é menor,
é mais agudo.
Os sons que são produzidos na fala recebem o nome de fones. Esses fones se
agrupam-se em duas grandes classes: os consonantais e os vocálicos. Os sons
vocálicos são aqueles em que não se coloca nenhum impedimento à corrente
sonora na cavidade bucal. Os sons consonantais são aqueles em que algum tipo de
impedimento, seja ele total ou parcial, é colocado à corrente sonora na
cavidade bucal.
Também nesse texto se fala sobre Fala e Língua e qual é a diferença dos dois.
A fala é um acesso individual que cada pessoa em cada lugar, região, ou lugar
do país pode ter de variação da língua, que é um acesso coletivo, por exemplo
num país que fala o português pode-se ter variações e sotaques como o paulista,
nordestino, carioca, entre outras variações de uma mesma língua, onde se tem
variações de sons e como falam as palavras e as letras, por exemplo existem
lugares onde o som de “s” é mais forte e tem lugares onde o som do “x” é mais
forte e aparece em mais palavras que o comum na fala como por exemplo
quando alguém fala “Txia” ao em vez de “Tia”.
Nesse texto também fala sobre Sons e Letras e suas diferenças. As letras tem
haver com a escrita, são elementos da escrita, e são chamados também de
grafemas. Já os sons são elementos mínimos da fala (os fones) e da língua
(fonemas). A relação das letras e sons são uma relação de representação,
porque as letras representam os sons.
O texto também fala sobre os Fones e Fonemas sobre quais são suas
diferenças. Os fones são os sons da fala, enquanto os fonemas são os sons da
língua, mas os sons da língua são diferentes dos sons da fala, porque os sons da
língua são abstratos, ninguém fala através de fonemas, enquanto os sons da
fala (fones) são falados. O fonema é uma “imagem psíquica dos sons da fala”
nos ajuda a entender um fato interessante: por que nós percebemos algumas
diferenças entre os sons mas não percebemos outras ? Por exemplo, os fonemas
zinco e cinco têm sentidos diferentes então são fonemas diferentes que estão
separados em nossa mente, mas os fonemas “tio” e “txio” são o mesmo fonema só
que com sons diferentes, que normalmente não se nota a diferença desses sons a
partir da fala, por isso se diz que são o mesmo fonema.
“Na lingüística, os sons da fala são o objeto de estudo da fonética, enquanto que
a fonologia foca nos sons da língua. Os sons da fala, fones, são
representados entre colchetes, [ ]; já os sons da língua são representados entre
barras inclinadas, / /”
E também nesse texto fala sobre a Codificação e Representação e o que são.
O termo codificação se refere à situação em que um conjunto de elementos
assume uma outra forma sem que perca as suas características internas. Por
exemplo temos o código morse onde cada letra do alfabeto tem sua forma de se
codificar em outro conjunto de códigos onde a partir de cada código se tem uma
letra, e usando essa codificação dos códigos, se entende a mensagem nós
códigos e se formam as palavras com esse conjunto de códigos. E também
temos como exemplo quando as crianças e pessoas criam um símbolo que vira
um código entre eles onde só eles entendem o que eles querem saber, por
exemplo quando uma cobra significa a letra “s” e quando a imagem de um poste
de energia é um código para a letra “i”. Já na representação funciona de outra
forma, “Um conjunto A pode ser representado por um conjunto B sem que as
relações e restrições internas de A sejam mantidas em B. Assim, podemos dizer
que, embora B represente A, B não é A com outra aparência.”. Por exemplo, o
som [ s ] do conjunto A podem corresponder, em B, várias letras, como em sela,
cenoura, massa, aço, paz, etc.
Também nesse texto fala sobre os Sons do Português. E mostra exemplos de sons
e suas representações como os sons consonantais: p, b, t, d, k, g, f, v, s, z,
3, tS, etc. Os sons vocálicos: i, u, a, õ, ã, w, y, etc. E os ditongos como: ãw, õy,
etc. Também nessa etapa do texto se fala que “O aprendiz, no início do processo,
toma como ponto de referência a sua própria fala. Os sons que ele procura
escrever, utilizando as letras do alfabeto, são sons muito concretos, que ele ouve
e é capaz de reproduzir. Nessa tentativa de escrever, o aprendiz exerce o
controle qualitativo e quantitativo de sua escrita, deixando-a muito próxima de
uma escrita fonética e, ao mesmo tempo, distante da escrita ortográfica oficial.
Sua escrita, nessa fase, tem o caráter de código.”
Nessa etapa do texto também fala que “a representação fonológica e a escrita
oficial são muito parecidas, o que nos leva a dizer que a escrita ortográfica
representa os sons da língua. Ela só diferencia os aspectos sonoros que são
relevantes para a diferenciação do sentido.” A forma que as pessoas
representam os sons são semelhantes a como os sons são escritos, porque
quando se deixa “bõba” o som é o mesmo de quando a palavra é escrita como
“bomba”, ou seja, o som de 4 letras representa 5 letras e o aprendiz que está
aprendendo essa língua nota essa semelhança, mas também nota que a palavra
“boba” tem o sentido diferente de “bomba”.

5 - As relações entre a pauta sonora e a ortografia

O português falado se organiza em dois níveis: um heterogêneo, a fala, e outro


relativamente homogêneo, a língua. Vimos também que o português escrito padrão,
como sistema alfabético de representação, se liga aos sons da língua, dispensando
as diferenças de fala que não implicam em diferença de sentido.”
Podemos nos questionar em como o aprendiz passa da forma falada da língua
para a forma escrita; Em qual esfera da vivência humana ou da língua isso
acontece? Traremos alguns exemplos para exemplificar esse assunto. Como já
vimos anteriormente, o PT divide-se em duas nuances distintas: a fala (sendo ela
heterogênea) e a língua (sendo homogênea)

A fala: é considerada heterogênea porque varia de pessoa para pessoa, de


grupo para grupo e de contexto para contexto. Cada indivíduo tem seu próprio jeito
de se expressar, influenciado por fatores como região, idade, classe social.

A língua: enquanto sistema de comunicação, é transparente porque se baseia


em um conjunto de normas e regras gramaticais que são compartilhadas por uma
comunidade linguística. Essa norma fornece um padrão comum que facilita a
compreensão entre os falantes, mesmo que suas falas possam variar bastante. Em
resumo, a língua é uma estrutura estável, enquanto a fala é uma expressão
dinâmica e diversificada.

Ao longo de sua vida de aprendizado, o aprendiz/falando, passa de um


aprendizado baseado apenas na fala para um aprendizado baseado na língua, ou
seja, deixa de aprender a língua baseada apenas no que se ouve, no cotidiano e
passa a aprender a língua como sistema de comunicação, onde existem regras e
normas que devem se seguidas, porém, isso não acontece de forma linear. Aqui
deixarei alguns exemplos retirados do livro: ‘Conhecimento Linguístico e
Apropriação do Sistema de Escrita de Marco Antônio de Oliveira’.

A escrita ortográfica do português não se relaciona apenas aos níveis pertinentes


ao plano da expressão.
Essa afirmação nos diz que há uma relação entre os sons do plano de expressão
e os grafemas, porém, não podemos reduzir a escrita ortográfica apenas a essa
relação. Os grafemas tem duas relações, sendo elas: relações diretas e relações
intermediárias.

Relações Diretas: Nesse caso, um único som corresponde a uma única


letra/grafema e vice-versa.

As relações diretas são mais fáceis para o aprendiz entender e consequentemente


aprender, já que o mesmo signo ortográfico representa o mesmo som. exemplo:
SOM LETRA
[p] ‘p’
[b] ‘b’
[f ] ‘f’
[v] ‘v’
Relações Intermediárias: Nessa relação, o som para poder ser representado
necessita de alguma regra. Dessa forma o aprendizado torna-se de certa forma
mais complicado para o aluno, no entanto, uma vez aprendido, ele irá utilizar em
outros casos a mesma regra. vejamos alguns exemplos que o livro nos dá:

“grafaremos a letra ' g ' se, e somente se, ela for seguido das letras ' a ' , ' o ' e ' u '
(que representam os sons [ ], [ ], [ ] e [ ], respectivamente) como em g ato, lag to,
gula e ag arto, gola, agora, gota). Por outro lado, grafaremos o mesmo som através
do dígrafo ' gu ' sempre que esse som for seguido das letras ' e ' e ' i ' (que
representam os sons [ ],[ ] 41 Conhecimento Linguístico e Apropriação do Sistema
de Escrita e [ ], respectivamente), como em guerra, gueixa, gueto, guia, águia, etc.

Há aspectos da ortografia do português que estão ligados ao plano do conteúdo (e,


portanto, sem apoio da pauta sonora).

Nesta segunda afirmação, vemos que o grafema necessita do seu significado para
poder ter sentido. Um exemplo claro disso é o grafema [ s ]

O som do grafema [s] pode ocorrer em várias ocasiões, aqui estão alguns
exemplos:

Início de palavra: semana, sonoro, sábado, sexta, sinuca;

Pelo grafema [c]: ceia, cela, celeiro (nesses casos a relação som/grafema são
arbitrários);

Posição intervocálica: aço, nascer, máximo.


Há aspectos da ortografia do português que estão ligados ao plano gramatical.
Em todo contexto som/grafemas, é importante salientar de que o aprendiz em seus
primeiros anos de escrita, tem por base a fala. Desse modo, não é raro encontrar
ditongos trocados por vogais. exemplo: “pexe/peixe”, “oro/ouro”.

6 - Uma classificação dos problemas da escrita

A classificação da escrita se dá em três grupos. No grupo 1 (G1) estão incluídos


os
problemas mais visíveis da escrita. São desse grupo os problemas que violam a
própria
natureza de uma escrita alfabética. São eles os seguintes:
G1A - Escrita pré - alfabética
Em alguns casos, nossos alunos podem se encontrar ainda num nível pré -
alfabético.
Nesse caso, eles apresentam escrita como:
mviaemba ( = minha vizinha é muito boa );
amnaeboa ( = a minha mãe é boa );
O que ocorre aqui é que o aprendiz ainda não se resolveu entre a apresentação de
grupos
de sons (escrita sílaba) ou a representação de sons individuais (escrita alfabética).
G1B - Escrita alfabética com correspondência trocada por semelhança de traçado
Por causa da semelhança traçada das letras, muitos aprendizes confundem a grafia
de
algumas letras como M e N, P e Q, B e D.
G1C - Escrita alfabética com correspondência trocada pela mudança de sons
Geralmente ocorre nas atividades da sala de aula, principalmente no ditado. Ao
ouvir as
palavras do ditado o aluno repete, sussurrando. Aí os sons se ensurdecem e, como
consequência vêm a troca de letras.
G2A - Violações das relações biunívocas entre os sons e os grafemas
Suponhamos que algum aluno grafe a palavra fave como mola. Temos um aprendiz
que
não conseguiu estabelecer as relações mínimas em alguns sons.
G2B - Violações das regras invariantes que controlam a representação de alguns
sons
Se um aprendiz grafa a palavra gato, corretamente, mas grafa ‘gera’ de ‘guerra’ ele
está
enquadrado na categoria G2B.
G2C - Violações de relações entre os sons e os grafemas por interferência das
características estruturais no dialeto do aprendiz
O exemplo vem da redação de um aluno que escreveu o sol brilha. A palavra sol foi
grafada como sou. A razão disso é muito simples: no dialeto de Belo Horizonte, o
som não
ocorre no final da sílaba.
G3A - Violação da escrita na sequência de palavras
Essa categoria se refere aos casos em que a participação da fala não ocorre na
participação da escrita.
G3B - Outros casos
Os casos de hiper-correção são de difícil tratamento, por duas razões: primeiro, eles
são esporádicos, podendo aparecer ou não. Segundo, eles podem aparecer por
certos problemas, mas não aparecer por outros.

7 - Referências bibliográficas

OLIVEIRA, Marco Antônio de. Conhecimento lingüístico e apropriação do sistema


de escrita: caderno do formador. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005. 70 p.
(Coleção Alfabetização e Letramento). Disponível em
https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/Col.%20Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o%
20e%20Letramento/Col%20Alf.Let.%2003%20Conhecimento_Linguistico.pdf
acessado em 13 de outubro de 2024 às 19:43

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