Elenomarques, H024
Elenomarques, H024
INTRODUÇÃO
A ética, a princípio, era uma forma de conhecimento utilizada somente por filósofos, e
com o passar do tempo se inseriu no campo da ciência, porém sem perder sua concepção
filosófica. Foi exatamente a inserção da ética no campo científico que permitiu a instauração
do conceito “Ética médica”, sendo que a ética profissional se compõe por princípios da
conduta humana, os quais são responsáveis por definir diretrizes para o exercício de uma
profissão. No Brasil, as normas que determinam a ética profissional estão no Código de Ética
Médica, determinado pelo Conselho Federal de Medicina. Dessa forma, o médico deve
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Acadêmica de medicina – UNIFIMES
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Acadêmica de medicina – UNIFIMES
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Pós doutorando pela Universidade de Uberaba, no programa de Pós-Graduação em Educação, sob a orientação
da profa. Dra. Vania Maria de Oliveira Vieira. Licenciado em Filosofia pela UFG. Bacharel em Teologia, Mestre
e Doutor pela PCUG-GOIÁS. É professor adjunto e diretor de pesquisa na Unifimes. É pesquisador do Grupo de
Estudos e Pesquisas Multidisciplinares – NEPEM cadastrado no cnpq e Membro do GEFOPI-UEG.
profelenoaraujo@outlook.com
possuir condutas que se enquadrem nessa ética médica, já que as pessoas esperarão e cobrarão
do profissional aquilo que está nas diretrizes, como cumprimento do uso de regras morais.
A palavra “ética” vem do Grego “ethos” e significa “modo de ser” ou “caráter”, e isso
justifica o fato das pessoas serem nomeadas, quando cometem um erro, como “mau-caráter”.
Por outro lado, são as experiências vividas por um indivíduo que determinarão suas condutas
e comportamentos. E, cada cultura é determinada um comportamento particular. É justamente
quando se trata da forma de agir que a moral se insere no conceito da ética, já que a “moral”
tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”, os quais são
mutáveis. Porém, sabe-se que a sociedade atua como grande influenciadora no que diz respeito
às ações de cada indivíduo, pois muitos se englobam a determinados grupos sociais que são
contraditórios à sua realidade para que haja uma inclusão social.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que se refere à ética na área da saúde, tem-se que a área da Medicina abrange
diferentes significados e caminhos, mas sempre seguindo a mesma linha de raciocínio, ou
seja, a maneira como determinado assunto vai ser tratado (como, por exemplo, a eutanásia,
doação de órgãos, aborto), o sigilo e a relação médico-paciente estará totalmente direcionado
para uma moral ética de determinado indivíduo. Dessa forma, percebe-se que a lei apenas é
dita como lei quando alguém a determina, e ela está presente em diversas áreas, seja entre
advogados, juízes e até mesmo os médicos.
Vale acrescentar, ainda, que na área da saúde a Bioética estará presente como uma
forma de discussão, abrindo caminho também para os valores inerentes à vida e,
posteriormente, à morte. A bioética nada mais é do que uma área em que são discutidos
assuntos pertinentes e que geram determinada reflexão, sendo que os cidadãos apresentam o
direito de pensar e dizer o que pensam, fazendo assim, uma troca de ideias. Sabe-se que vários
assuntos geram polêmicas na área da medicina e, é a partir disso que muitos problemas são
aperfeiçoados entre os profissionais da saúde. No entanto, cada profissional apresenta os seus
costumes e culturas, passando a partir desse momento a ter uma atitude ética perante aos seus
colegas de profissão, ou seja, respeitando-os a partir de suas ideias, dando-lhes espaços para
se posicionarem, e dessa maneira, mesmo que de forma implícita, a ética encontra-se presente.
Além disso, é a partir da moralidade que surgirão conflitos ou críticas em torno das
pessoas envolvidas. Assim, pode-se dizer que na prática da medicina, a ética poderá ser
avaliada a partir de aspectos importantíssimos e que contribuirão para o aperfeiçoamento do
profissional, sendo eles a relação médico-paciente, além do relacionamento com a sociedade e
também entre os médicos, já que, como se sabe, uma boa relação médico-paciente contribui
para um ótimo processo de diagnóstico de determinado paciente. Assim, cabe a todos os
médicos a tentativa de aperfeiçoarem os seus atendimentos para que isso torne mais fácil,
visto que a confiabilidade que o médico transmite ao seu paciente é a principal motivação
para que este se sinta confortável em dizer todos os seus problemas.
Mas, de que forma essa relação médico-paciente entraria no quesito da ética médica?
Como é de conhecimento, muitos atendimentos são feitos à base de contatos mínimos entre o
profissional e o seu paciente, sendo que muitos prognósticos são baseados através de
pequenas queixas e nem sequer existem trocas de olhares entre os mesmos. Infelizmente,
ainda se persistem consultas que não duram nem cinco minutos e isso afeta qualquer tipo de
cidadão que necessita de ajuda, visto que isso acarreta inconfiabilidade e não são feitos
diagnósticos suficientes. Contudo, o papel do médico é justamente o de servir ao próximo e,
quando isso acontece, ele perde parte dessa servidão e passa a ser apenas um meio para se
curar doenças.
Primeiramente, é necessário que a equidade esteja presente em todas as consultas
realizadas por um médico, posto que todos os indivíduos apresentam direitos iguais e
inquestionáveis perante a lei. Assim, independente da raça, cor, religião e classe social, todos
os pacientes que chegam a um médico no consultório devem receber os melhores tratamentos.
Então, o profissional que esquecer a necessidade da equidade em seus atendimentos
apresentará ingenuidade em seus juramentos realizados para exercer sua profissão, já que:
A ética na Prática Médica vai ser lembrada, respeitada e exercida na medida em que
o terreno onde repousa o tripé de sustentação do sistema transforme-se de um campo
de batalhas em uma oficina de resultados. E isso vai exigir uma postura ética dos
médicos, sejam aqueles que assistem os pacientes, como aqueles que dirigem as
empresas, já que todos, sem exceção, têm compromissos e obrigações com a Ética
Médica. (PALÁCIOS; MARTINS e PEGORARO, 2002, p. 97).
Dessa ideia, vale ressaltar que há um obstáculo que pode impedir a eficiência dos
resultados na prática médica: a desigualdade social. Ela gera inúmeros conflitos na área da
saúde e isso pode ser percebido na distinção entre o atendimento referente aos hospitais
públicos versus privado. A autonomia do paciente é uma extensão referente à equidade e se
relaciona com o respeito a todas as pessoas e, ao se permitir esse respeito médico-paciente, o
atendimento se torna mais fácil, seja pela comunicação, consentimentos, decisões etc.
O médico deve conhecer todas as culturas possíveis e se comunicar com o seu paciente
da maneira mais clara e objetiva possível, fazendo com que haja entendimento do que está
sendo informado. Pacientes devem ser informados de qualquer procedimento que lhe for feito,
ao menos que não tenha condições de opinar. Todavia, se o mesmo estiver lúcido, é
imprescindível que o profissional dê todas as informações de sua doença e, caso seja uma
enfermidade grave, é necessário que se faça um balanço de todos os riscos e/ou benefícios de
determinados procedimentos que venham a ser realizados. A aprovação do paciente é um
importante dado para o médico, visto que se este realizar técnicas invasivas sem
consentimentos estará burlando regras voltadas à ética médica.
O respeito à vida também faz parte dos princípios da ética médica, visto que o médico
se impõe a servir todos os indivíduos que a ele necessite de ajuda. É preciso que o médico
tenha condições de discutir questões que geram discussões, como exemplo têm-se o aborto. O
aborto é visto como um desrespeito à vida que está sendo gerada e muitos são os
questionamentos referentes a essa prática, pois existem vertentes que discutem em relação a
qual momento há a existência de uma vida. Assim, ao pensar que a vida já foi gerada a partir
do momento em que houve a união dos gametas, qualquer desrespeito a essa vida leva a uma
“prática” que contraria a ética médica, e dessa maneira, médicos são proibidos a realizaram o
aborto. No entanto, existem fatores que podem ocasionar a necessidade de se realizar um
aborto, pois é preciso saber se a gravidez será viável (não colocando em risco a mãe), se
houve caso de estupro e nessas situações, segundo o artigo 128 do código penal, o médico não
é punido caso venha acontecer o aborto.
É fato que, como qualquer outra pessoa, o médico também possui seus problemas,
todavia tais problemas não podem deixar afetar em seu meio de trabalho, pois são através
deles que erros acontecem e é nesse ponto que a negligência, imprudência e imperícia estão
inseridas, lembrando que esse conjunto estão direcionados ao erro médico. O conceito de erro
médico é amplo, mas de maneira sucinta, ele está voltado ao dano provocado seja pela inação
ou ação do médico. Então, o erro médico acontece quando o médico comete alguma
imprudência em algum procedimento durante o exercício de sua profissão, sendo
caracterizado por um dano ao paciente, porém não atinge apenas o paciente, mas também ao
profissional, pois este também sofrerá consequências.
Ao ressaltar o erro médico, é necessário distinguir “o mesmo” da iatrogenia, visto que
a iatrogenia diz respeito a uma enfermidade ou a alguns efeitos adversos (medicamentos).
Contudo, na iatrogenia ocorre a busca pela melhora da saúde do paciente, mesmo que os
resultados sejam imprevisíveis, controlados ou não e, além disso não há consequências de
responsabilidade para com o médico, pois foi realizado tudo que estava ao seu alcance. No
erro médico existe a conduta errônea do médico em relação ao seu paciente, em que pode
existir a negligência, que seria a omissão e total descaso em relação a sua ética diante do
paciente através de determinado procedimento e/ou ação.
Além disso, há o erro médico voltado para a inexperiência, isto é, o médico apresenta
determinada formação em alguma área específica, mas em contrapartida realiza
procedimentos pelos quais ele não está habilitado, levando ao que se tem como imperícia. E,
por fim, existe a imprudência, em que o profissional realiza procedimentos em que ele está
capacitado para realizar, porém mesmo ele tendo total conhecimento sobre os riscos, ele age
sem precauções, sem cautela, não se atentando assim aos problemas que podem ser causados
a partir da sua conduta.
Dentre a prática médica o erro médico representa um dano irreparável, mesmo quando
não há intenção de prejudicar quaisquer pacientes, contudo é de extrema importância que o
profissional perceba o problema que tenha cometido e tenha em vista quais são as
consequências para tal ato. É comum que erros possam acontecer no meio de trabalho de todo
profissional médico e, em muitas vezes um ato falho pode deixar inúmeras sequelas.
Diferentemente da iatrogenia, ao cometer um erro, o médico tem total
responsabilidade diante da sua ação, sofrendo as devidas consequências. É importante frisar
que todas essas ações se enquadram no problema da ética médica, pois existe a falta de
empatia por muitos dos profissionais para com os seus pacientes, faltando, assim, um
tratamento digno e, posteriormente, caso ocorra, uma reabilitação adequada. Contudo, vale
ressaltar que alguns fatores podem interferir em um erro médico e, como exemplo tem a falta
de estrutura adequada (médicos trabalham em péssimas condições) o que leva aos pacientes
morrerem nas filas enormes dos ambulatórios e, nessas situações os médicos não apresentam
responsabilidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Ética, ciência e saúde: desafios da bioética. Palácios, Marisa ; Martins, André ; Pegoraro,
Olinto A. (orgs). Petrópolis, RJ : Vozes, 2002. 183p.
Ferrer JJ, Ávarez JC. Para fundamentar a bioética: teorias e paradigmas teóricos na
bioética contemporânea. São Paulo: Loyola; 2005. p. 25-6-7- 136–30..
KERDNA. Bioética. Disponível em: <http://codigo-de-etica.info/etica-medica/bioetica.html>.
Acesso em: 18 mar. 2019.
MÉDICA, Sociedade Brasileira de Clínica. Ética Médica, sem ela é o fim. Disponível em:
<www.sbcm.org.br/v2/index.php/artigo/3465-etica-medica-sem-ela-e-o-fim>. Acesso em: 15
mar. 2019.
MEDICINA, Conselho Federal de. Código de Ética Médica. 2018. Disponível em:
<https://sistemas.cfm.org.br/normas/visualizar/resolucoes/BR/2018/2217>. Acesso em: 26
mar. 2019.