Ética É Diferente de Moral

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação a Distancia


Centro de Recursos de Pemba

Nome:

Observância da Deontologia para a melhoria dos serviços de Saúde

Pemba
2021
Nome:

Observância da Deontologia para a melhoria dos serviços de Saúde

Trabalho de carácter avaliativo apresentado ao


Universidade católica de Moçambique (IED) DO
Centro de recursos de Pemba, como requisito para
avaliação de trabalho de campo 1 de Ética-
profissional 4o ano, 2021
Tutor: P.Valeriano Atiracho Perezo

Pemba
2021
Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 2

A deontologia profissional............................................................................................................... 3

Princípios éticos ............................................................................................................................... 3

Autonomia ....................................................................................................................................... 3

Beneficência .................................................................................................................................... 4

Não-Maleficência ............................................................................................................................ 4

A responsabilidade do cuidar........................................................................................................... 5

Critérios de agir profissional ........................................................................................................... 6

Responsabilidade disciplinar ........................................................................................................... 6

Conclusão ........................................................................................................................................ 7
Introdução
Ética é diferente de moral. A moral está baseada no que diz respeito à obediência aos bons
costumes e aos bons hábitos, enquanto a ética está fundamentada em ações exclusivas morais de
maneira racional. Na filosofia mais clássica a ética não era pautada so mente à moral (hábitos e
costumes), ela buscava embasamento em fundamentos teóricos para entender a melhor maneira
de viver e conviver, ou seja, a maneira de buscar o melhor estilo de vida no âmbito privado e no
âmbito público. Na filosofia clássica a ética concentrava os campos de conhecimento que não
eram inclusos na física, a estética e a dialéctica. Dessa maneira, a ética englobava as áreas que
hoje em dia são descritas como Antropologia, Psicologia, Política e Educação, por exemplo. O
presente trabalho retrata da questão da Deontologia no sector da Saúde, como sendo a ciência que
estabelece normas directoras das actividades profissionais sob o signo de rectidão moral
estabelecendo o bem a fazer e o mal a evitar no exercício da profissão.

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A deontologia profissional
A deontologia preocupa-se com os deveres de um grupo profissional em relação às suas
atribuições e responsabilidades. Assim, no plano deontológico, as acções profissionais da saúde,
realizam-se tendo sempre como meta o dever, o dever para com o s cidadãos e para com a
profissão. Na mesma linha da decisão ética da responsabilidade os deveres consagrados pela
deontologia profissional também se materializam através de acções, “resultantes e decisões que
nasceram da vontade” (Deodato, 2008:49).

Na responsabilidade deontológica, o profissional da saúde tem o dever de cumprir com um


conjunto de regras que têm como objectivo primacial salvaguardar os direitos dos pacientes que
são alvo das intervenções no domínio da saúde.

A deontologia chama a atenção para a conveniência ou necessidade de que uma profissão tenha
certas características (que constituem o estilo do seu exercício). Trata -se de um conjunto de
regras que indicam como deverá alguém comportar-se na qualidade de membro de um
determinado corpo social. A preocupação da deontologia é a correcção da acção, apresentando
indicações práticas e precisas de um modo imperativo (iniciadas por "o profissional deve")
(Idem, 2008).

No campo da responsabilidade profissional a grande diferença entre a deontologia, a ética e a


moral decorre da própria origem das normas, uma vez que as deontológicas são estabelecidas
pelos próprios profissionais, depois de reflexão sobre a prática e tendo como base o que favorece
e prejudica a profissão.

Princípios éticos

Autonomia
Em termos que o dicionário define, a autonomia diz respeito à liberdade, respeito ao ser humano
e à vida humana, que é considerava como finalidade bioética. Justiça e equidade são a base da
autonomia. Respeitar a pessoa humana é o centro da bioética. Uma pessoa que possui autonomia,
ou simplesmente autónoma, é um indivíduo que responde pelos próprios aptos, é capaz de
deliberar sobre suas próprias vontades e objectivos pessoais. Respeitar a autonomia alheia é

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considerar e valorar opiniões e escolhas, evitar obstrução de acções e mostrar que elas são o
menos prejudicial a outras pessoas.

O princípio da autonomia deve ser levado em consideração sempre que a tomada de decisão para
uma doença for necessária, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico e procedimentos
terapêuticos utilizados para cura. O fato de o paciente decidir sobre sua própria vida e sobre suas
vontades não exclui o dever médico de tratá-lo com maior presteza possível em busca do bem-
estar do doente.

Médicos e profissionais de saúde ao saírem das universidades fazem um juramento como prova
de que tratarão os pacientes de maneira igualitária e imparcial buscando sempre o melhor para
tais pacientes. O juramento de fazer o bem é a base da postura ética do profissional de saúde.
Embora a vontade do paciente tenha que ser considerada, ela não é mencionada em nenhum
juramento, mas o fazer o bem até a última instancia sim. Em suma, a autonomia significa ter
arbítrio sobre si próprio e suas ações. Traduz-se em Auto decisão, autodeterminação e
autogovernança de suas capacidades físicas e psíquicas. É o sentido no qual o ser humano decide
o que é bom para si próprio e o que é conveniente para seu bem-estar.

Beneficência
O princípio da beneficência descreve que nenhum procedimento realizado pelo profissional da
saúde pode causar dano ao paciente, ao contrário, ele deverá ser realizado visando apenas o bem-
estar do indivíduo, aliviando causas dos sofrimentos. É um princípio que obriga aumentar o
quanto for possível o benefício e reduzir ao máximo o prejuízo ao ser humano. Dessa maneira, o
profissional precisa certificar-se que o ato é benéfico ao paciente e deve ser feito da maneira mais
consciente possível. A beneficência como princípio bioético é traduzida como a promoção do
bem. Este princípio norteia todas as práticas da área da saúde e visa o bem-estar e interesses do
paciente como fundamento básico. É preciso citar que a beneficência embora positiva, nunca será
aplicada de maneira absoluta.

Não-Maleficência
O princípio da não-maleficência se pauta em tratar os indivíduos de maneira justa em que o
principal é não causar danos sem uma justificativa plausível e aceitável. A não maleficência pode
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ser entendida, na ética, como a obrigação de não causar o dano por menor que ele seja. Exemplo
disso é no dia-a-dia da equipe de enfermagem, a realização de uma sondagem vesical,
procedimento muito utilizado para o esvaziamento da bexiga quando o indivíduo não é capaz de
esvaziá-la sozinho. A sondagem vesical só deve ser realizada em casos extremos, já que a
realização desse procedimento pode aumentar a probabilidade de infecção urinária. É o mesmo
que dizer que existe um custo/benefício para o procedimento. Se for indispensável, que seja feito
de maneira asséptica, com o máximo de higienização possível para que o paciente não
desenvolva nenhum tipo de infecção (dano) após a realização do procedimento.

A responsabilidade do cuidar
Os cuidados de saúde dirigem-se à pessoa no respeito pela sua singularidade e pela sua
dignidade, concretizando-se através de uma relação que visa a promoção dos seus projectos de
saúde. Os cuidados de saúde e a sua prestação são a essência da saúde e a sua razão de existir.
Realizam-se no âmbito de uma relação de reciprocidade entre o pessoal da saúde e o Outro
(pessoa, grupo ou comunidade), resultando daí os actos profissionais, numa autêntica relação de
cuidado. Quando se prestam cuidados, a sua fundamentação e os seus conhecimentos advêm dos
saberes em enfermagem e de teorias de outras áreas do conhecimento que também dão o seu
contributo aos saberes em enfermagem. Estes saberes são assim transversais ao conhecimento
científico.

É neste contexto de transversalidade científica e multidisciplinaridade profissional que a relação


de cuidado de enfermagem se desenvolve. Os cuidados de enfermagem centram-se na pessoa e na
vida em todas as fases do desenvolvimento humano. A sua acção decorre com o contributo de
vários profissionais no âmbito da saúde. Decorre assim num “contexto de transversalidade
científica e de multidisciplinaridade profissional, centrando -se na pessoa e na vida, em todas a s
fases do desenvolvimento humano” (Deodato, 2007:22).

Desde que surge a vida, que existe cuidados, porque é preciso “tomar conta” da vida para que ela
possa permanecer. Os homens como todos os seres vivos sempre precisaram de cuidados, porque
cuidar, tomar conta é um acto de vida (Collière, 1999:27).

O cuidado tem, assim, a ver com a atenção. O cuidado designa o facto de estar atento a alguém
ou a alguma coisa para se ocupar do seu bem-estar, ou do seu estado, do seu bom funcionamento.
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O conceito de “prestar cuidados” ou “cuidar” designa essa “atenção especial” que se vai dar a
uma pessoa que vive uma situação particular, com vista a ajudá -la, a contribuir para o seu bem-
estar, e a promover a sua saúde (Hesbeen, 2000:10). Para executar essa ajuda o enfermeiro
mobiliza as suas “competências profissionais para prestar ajuda a u ma pessoa, na sua situação
particular, única e singular”. A abordagem do cuidado é exactamente no singular que há que o
escrever, pois a “atenção particular contida no “cuidar”, nunca pode ser senão única. Não é pré-
estabelecida nem programável, nem pode ser repetida de indivíduo para indivíduo, deve ser
pensada, repensada, e criada” (Hesbeen, 2000:10). O cuidado no singular, permite recordar que
se trata – ou deveria tratar-se – de uma obra de criação sempre única que diz respeito a uma
pessoa na sua singularidade da sua situação de vida. “É por isso que a prática do cuidar é uma
arte e não uma ciência” (Hesbeen, 2000:11).

Critérios de agir profissional


O agir humano apresenta diversos momentos: a motivação ou deliberação, a decisão e a acção.
Porque a acção é consciente, estes espaços estão interligados. Não basta julgar um valor, tomar
uma decisão, prever um fim, mas é necessário partilhar e realizar es se valor, interiorizar o seu
significado para mim e para os outros (Figueiredo, 1998) O agir profissional do enfermeiro
materializa-se com “a prática de actos, em resultado do processo de tomada de decisão que os
antecedem e na previsão das consequências” que esses actos implicam para a pessoa que recebe
cuidados, para o próprio enfermeiro e para o ambiente. Por estes actos e pelas suas
consequências, o profissional de enfermagem “responde na assumpção da sua responsabilidade”.
Responde perante a pessoa sua cliente, perante a sociedade e perante a profissão. São as diversas
dimensões da responsabilidade em enfermagem, com as componentes éticas, deontológica e
jurídica (Deodato, 2008:22).

Responsabilidade disciplinar
A responsabilidade disciplinar consiste na sujeição dos funcionários às penas disciplinares
(morais, pecuniárias ou profissionais; correctivas ou expulsivas) que lhes devam ser aplicadas em
razão da prática de infracções disciplinares. A responsabilidade d isciplinar é independente das
demais formas de responsabilidade e é, portanto cumulável com a responsabilidade civil e penal
do funcionário. (Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira de Cultura, 2002:276).
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Conclusão
Podemos assim concluir que A deontologia pode ser aplicada quando está ligada a profissão,
dessa maneira chamamos de deontologia profissional. É baseada no regimento do direito, dever e
proibição do que se pode ou não ser feito no campo em que o indivíduo atua. Por isso a
entendemos como um conjunto de atitudes que norteiam o que pode, deve ou não ser feito de
maneira descritiva e prescritiva.

Cada profissão tem uma normativa deontológica própria que a regula e que forma o que
chamamos de código de conduta e ética profissional. O código de ética profissional é um
dispositivo que reúne obrigações, deveres e normas que devem ser respeitadas e seguidas à risca,
deixando o indivíduo que a desrespeita sujeito a sanções e punições quando assim determinadas.

Em geral, são normas estabelecidas e impostas pelos próprios profissionais, considerando a


qualidade de seu trabalho e visando o bem-estar do indivíduo ou do objeto em questão. Orienta,
como já dito, as ações, os deveres e os princípios com relação à profissão e sociedade em que está
inserido.

Portanto, Pequenos erros de julgamento podem interferir na conduta adotada pelo profissional,
por isso o código de ética deve ser claro e conciso, com objetivo de direcionar, esclarecer, não
politizar e não deixar sobressair a capacidade de julgamento pessoal. É importante lembrar que,
quando julgamos, estamos suscetíveis às variações e emoções que muitas vezes nos deixam
vulneráveis a tomar decisões precipitadas e por impulso, podendo mascarar o nosso julgamento
sobre determinado assunto. Ao deixamos o emocional sobrepor o racional, a ciência é
subitamente deixada de lado e a possibilidade de erro é maior nesses casos. Em contrapartida, não
podemos deixar de falar que o bem existe, assim como a verdade também existe. Mas esses não
são escolhas, são critérios que devem ser considerados para que a decisão do que deve ser feito
ou não seja tomada.

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Referencias Bibliográficas
CARMO, H., FERREIRA, M. (1998) – Metodologia da Investigação Guia para a
Autoaprendizagem. Lisboa, Universidade Aberta.

CARVALHO, MARIA MANUELA M. (1996). A enfermagem e o humanismo. Loures:


Lusociência.

COLLIÈRE, MARIE-FRANCOISE. (1999). Promover a vida: da prática das mulheres de virtude


aos cuidados de enfermagem, Lisboa, Lidel, ISBN 972-757-109-3.

DEODATO, SÉRGIO (2006). Autonomia e morte: revista da Ordem dos Enfermeiros. ISSN
1646-2629, nº 20, Janeiro,

DEODATO, SÉRGIO (2008). Critérios do agir profissional: VIII Seminário de ética. Ordem dos
Enfermeiros. ISSN 1646 – 2629, nº29, Maio, p. 45.

DEODATO, SÉRGIO. (2008). Responsabilidade profissional em enfermagem: Valoração da


sociedade, edições Almedina S.A. ISBN 978-972-40-3401-0. p.31.

HESBEEN, W. (2000) Cuidar no hospital : Enquadrar os cuidados de enfermagem numa


perspectiva do cuidar. ISBN: 972-8383-11-8, Lusociência – Edições Técnicas e Científicas, Lda.

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