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Escola Secundária de Seia

“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Carolina Madeira- Nº5

Duarte Ramos- Nº6

Francisca Henriques- Nº8

Francisca Pires- Nº9

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Trabalho de pesquisa: “Influência Estrangeira em Portugal em “Os


Maias” de Eça de Queirós”

Carolina Madeira- Nº5

Duarte Ramos- Nº6

Francisca Henriques- Nº8

Francisca Pires- Nº9

Trabalho para a disciplina de Português

Professora Manuela Silva

05-05-2024

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SEIA 2023/2024
“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Índice

Introdução .................................................................................................................................... 5
A obra “Os Maias” e o seu autor, Eça de Queirós ..............................................................5
Apresentação do tema da influência estrangeira como aspeto-chave ................................6
Objetivos da pesquisa .................................................................................................................. 7
Retrato e Crítica da Influência Estrangeira ........................................................................7
Elementos e Personagens Representativos .......................................................................8
Formas de Influência Estrangeira ......................................................................................9
Consequências para a Identidade Nacional e a Sociedade Portuguesa ...............................9
Consulta de Críticas Literárias, Ensaios e Estudos Acadêmicos sobre "Os Maias" e a Influência
Estrangeira em Portugal ............................................................................................................. 10
Críticas Literárias e Ensaios sobre "Os Maias" ................................................................. 10
Estudos Académicos sobre a Influência Estrangeira em Portugal ..................................... 11
• Colonialismo e Imperialismo ...................................................................................... 11
• Intercâmbio Cultural................................................................................................... 12
• Modernização e Globalização .................................................................................... 12
Análise de Obras sobre a Relação entre Portugal e Outros Países no Século XIX.................... 12
Exemplos de Obras: ....................................................................................................... 12
Análise Temática............................................................................................................ 13
Personagens e Diálogos ...................................................................................................... 13
Situações e Eventos ............................................................................................................ 14
Em suma .............................................................................................................................. 14
Contextualização histórica e social ................................................................................. 15
Impacto da Globalização: ............................................................................................... 16
Influência Política ............................................................................................................... 17
Influência Económica.......................................................................................................... 17
Influência Cultural .............................................................................................................. 18
Representação da influência estrangeira na obra “Os Maias” ................................................. 18
A importação de costumes e ideias................................................................................. 19
As relações políticas com outros países .......................................................................... 20
Interações entre personagens estrangeiros e a sociedade portuguesa ............................. 21
Perspetivas e atitudes das personagens e do narrador .................................................... 21
Perda de identidade nacional e imitação cega de modelos estrangeiros .......................... 23

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Influência estrangeira em Portugal e as suas consequências sociais, culturais e políticas .. 24


Resistência ou a assimilação da cultura estrangeira pela sociedade portuguesa ............... 25
Conclusão .................................................................................................................................... 27
Bibliografia .................................................................................................................................. 28
Webgrafia ................................................................................................................................... 28

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Introdução

A obra “Os Maias” e o seu autor, Eça de Queirós


“Os Maias”, é uma das mais importantes obras da literatura portuguesa, escrita
pelo conhecido autor Eça de Queirós. É um romance que explora as complexidades da
sociedade portuguesa do século XIX, onde demonstra os costumes e as classes sociais
da época, como nos dá a conhecer as influências estrangeiras que moldaram a
identidade e a vida dos personagens.

Eça de Queirós nasceu em 1845 e falece em 1900, foi dos mais importantes
escritores do realismo português, a sua escrita era precisa na descrição dos ambientes
e personagens, por uma social afiada e por uma perspicácia, em ver e revelar as
contradições e hipocrisias da sociedade da sua época.

Eça de Queirós (figura 1) era


extremamente observador e atento
em relação às mudanças que
surgiram em Portugal e no mundo,
assim as suas obras, quase sempre,
nos mostram os debates e as
transformações que alteraram a
sociedade do século XIX. A obra “Os
Maias” foi publicada em 1888 e foi
considerado por muitos o seu
melhor trabalho (o seu Magnum
opus). A história gira em volta da
decadente família Maia. Era uma
família poderosa de linhagem
lusitana que foi afetada pelas
alterações de mudança da época e

Figura 1. Eça de Queirós. Fonte: Wikipédia por influências estrangeiras, este

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

romance é um puzzle de personagens complexas, enredos complexos e fortes críticas


sociais.

Esta história inicia-se com a chegada de Carlos da Maia a Lisboa, vindo de Paris,
onde estudou medicina. Reencontra o seu amigo de infância João da Ega, um intelectual
cínico e perspicaz, os dois entram na vida boémia da capital, Carlos apaixona-se por uma
mulher bela de origem misteriosa e que esconde segredos do passado (Maria Eduarda).
Esta relação entre eles é o tema, de uma paixão que ultrapassa as convenções sociais da
época e que está condenada à desgraça devido à vida e aos valores da época.

Apresentação do tema da influência estrangeira como aspeto-chave


A influência estrangeira é recorrente ao longo da obra, era a realidade de
Portugal que procurava modernizar-se e integrar-se na sociedade europeia. Carlos da
Maia (educado em Paris) demonstra essa influência estrangeira, trouxe consigo ideias e
hábitos que nada tinham haver com a tradição conservadora da sociedade portuguesa.
A sua visão do mundo, pela sua educação na França, confronta-se com as ideologias e
os valores da família Maia e da sociedade lisboeta.

As personagens como Maria Eduarda, que é de origem misteriosa, intriga e


cativa, os intervenientes, lembrando-lhes a interação cada vez mais próxima de Portugal
(figura 2) e da Europa.

Figura 2. Portugal no séc. XIX. Fonte: FCSH +LISBOA

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Outro fator importante da influência estrangeira em “Os Maias”, era o gosto de


Eça de Queirós pela literatura francesa e inglesa. Esta obra está cheia de menções
literárias estrangeiras, o que dá uma amplitude diferente do conhecimento à obra.

A obra é rica em pormenores desde a descrição dos salões da alta sociedade, até
aos cenários campestres. Eça de Queirós escreve uma narrativa complicada, com
imensos personagens interessantes e cenas complexas. O autor utiliza, uma linguagem
refinada e irónica, pontuada com diálogos afiados e observações cruéis sobre a condição
humana.

Objetivos da pesquisa

Esta obra é uma critica social aguda, que fala da vida da alta sociedade
portuguesa, sobre contradições e hipocrisias.

A família Maia apesar de ser importante na sociedade, é arrasada pelos


escândalos, tragédias e dilemas morais, o que demonstra falhas graves de uma elite, que
tem gosto na sua linhagem, mas que está moralmente corrompida. A influencia
estrangeira da obra entra muitas vezes em conflito com as tradições conservadores
desta família.

Retrato e Crítica da Influência Estrangeira


Eça de Queirós utiliza na narrativa "Os Maias" a influência estrangeira em
Portugal durante o século XIX (figura 3). Ao longo da obra, o autor escreve
pormenorizadamente a presença de elementos estrangeiros na sociedade portuguesa,
especialmente nas classes privilegiadas e cosmopolitas de Lisboa. Esta presença está
associada à modernidade e ao progresso, a elite procurando incessantemente tudo o
que é estrangeiro e considerado elegante. Por detrás desta farsa de requinte, Eça de
Queirós faz uma crítica sagaz aos efeitos devastadores da influência estrangeira sobre a
identidade nacional e a moral da sociedade portuguesa. Ele fala-nos de uma insaciável
procura pelo "chic" estrangeiro. Ele mostra-nos que a influência estrangeira é quase

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

sempre acompanhada por corrupção e decadência, especialmente na política, onde os


interesses estrangeiros muitas vezes prevalecem sobre os interesses nacionais.

Figura 3. Portugal no século XIX. Fonte: SlideShare

Elementos e Personagens Representativos


Vários pormenores e personagens em "Os Maias" são símbolo da influência
estrangeira e representam papéis importantes no enredo. Um exemplo disto mesmo é
Carlos da Maia, a personagem principal da história, que viveu uma parte da sua vida na
Europa, enraizou os costumes e valores do estrangeiro. A sua perspetiva sobre o mundo
cosmopolita coloca-o em confronto com os valores tradicionais da sua família e da sua
nação, refletindo a tensão entre o local e o global que permeia a obra. Para além disto,
personagens como Maria Eduarda, uma mulher de origem estrangeira, e João da Ega,
um intelectual cosmopolita, mostram-nos diferentes aspetos da influência estrangeira
no nosso país. Reunindo estas personagens, Eça de Queirós vê as diferenças e
contradições da absorção de valores estrangeiros, pondo em causa se estas diferenças
enriquecem ou empobrecem a identidade nacional.

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Formas de Influência Estrangeira


A influência estrangeira engloba vários aspetos da vida como os culturais,
políticos e sociais. Os aspetos culturais, como a moda (figura 4), a música e a arte, são
frequentemente importados e utilizados pelas elites portuguesas, especialmente em
Lisboa. A obra mostra os salões da alta sociedade, onde o "chic" estrangeiro é colocado
e exposto como símbolo de superioridade e de modernidade. Esta perspetiva chega à
política, com a presença de diplomatas e emissários estrangeiros que determinam
diretamente as decisões do governo português. Isto torna-se evidente nas negociações
comerciais e tratados internacionais que acabam por alterar o destino do país. A
influência estrangeira altera a cultura e a política, mas também as relações sociais e
familiares.

Figura 4. Moda no século XIX. Fonte: A cidade e as Serras

Consequências para a Identidade Nacional e a Sociedade Portuguesa


A influência estrangeira em "Os Maias" tem enormes consequências para a
identidade nacional e a sociedade portuguesa do século XIX. A procura descontrolada
pelo que é estrangeiro leva à perda da veracidade cultural e à falta de interesse pelas
tradições nacionais. Isto nota-se na forma como os personagens da elite lisboeta
começaram a adotar costumes estrangeiros na sua vida diária, esquecendo as suas
raízes culturais. Esta modernidade acaba por afetar política e economicamente,
trazendo corrupção e decadência, destruindo a coesão social e fragilizando as

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

instituições nacionais. Eça de Queirós diz mesmo que tudo isto é uma ameaça à
identidade nacional e à sociedade portuguesa, e diz se necessário resguardar as nossas
tradições e valores próprios em detrimento da globalização e da modernidade.

Consulta de Críticas Literárias, Ensaios e Estudos Académicos sobre "Os


Maias" e a Influência Estrangeira em Portugal

Críticas Literárias e Ensaios sobre "Os Maias"


• Análise da Estrutura Narrativa: Críticos como Harold Bloom (figura 5) e José
Augusto Cardoso Bernardes (figura 6) têm explorado a estrutura narrativa de "Os
Maias", enaltecendo a capacidade de Eça de Queirós de criar personagens
complexos e enredos conectados. A narrativa consistente e complexa da obra
tem sido objeto de uma análise meticulosa, o que mostrou várias camadas de
significado e simbolismo.

Figura 5. Harold Bloom. Figura 6. José Bernardes


Fonte: Wikipédia Fonte: CNIT

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

• Retrato da Sociedade Portuguesa: Estudiosos como Eduardo Lourenço e Maria


Filomena Mónica têm estudado como "Os Maias" mostram a sociedade
portuguesa do século XIX, dando enfase às críticas sociais e políticas da obra. Eça
de Queirós dá-nos uma visão profunda das classes sociais, das instituições e das
controvérsias desta época, dando um retrato vívido e quase sempre irrefutável
da sociedade portuguesa.
• Influências Literárias: Foram feitos ensaios para analisar as influências literárias
que fizeram parte da escrita de Eça de Queirós, incluindo o realismo, o
naturalismo e o romantismo. A intertextualidade presente em "Os Maias"
demonstra uma forte interferência literária europeia, ao mesmo tempo mostra-
se inovadora com convenções estilísticas e temáticas.

Estudos Académicos sobre a Influência Estrangeira em Portugal


• Colonialismo e Imperialismo: A influência estrangeira em Portugal durante o
século XIX, especialmente no contexto do colonialismo e do imperialismo (figura
7), tem sido tema de estudos acadêmicos. Pesquisadores como António Pedro
Mesquita têm examinado como as relações coloniais moldaram a sociedade
portuguesa e a sua cultura. O património do colonialismo português é explorado
de forma critica, revelando as dinâmicas do poder e dominação que moldaram a
história do país e suas relações com outras nações.

Figura 7. Colonialismo e Imperialismo. Fonte: Passei Direto

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

• Intercâmbio Cultural: Estudos têm analisado, o papel do intercâmbio cultural


entre Portugal e outros países europeus durante o século XIX. Inclui também a
influência da literatura, arte e filosofia estrangeiras na cultura portuguesa da
época. A proximidade com as correntes culturais e intelectuais do exterior
enriqueceu o panorama cultural de Portugal, ao mesmo tempo pôs em causa
identidade nacional.
• Modernização e Globalização: A modernização e globalização durante o século
XIX trouxe consigo uma maior influência estrangeira em Portugal. Estudiosos
têm estudado como esta influência afetou a identidade nacional portuguesa e as
ligações do país com o resto do mundo. A integração de Portugal na globalização
e modernidade são assuntos de análise crítica, trazendo dúvidas e desafios que
foram enfrentados pela sociedade portuguesa num ambiente internacional em
contante alteração.

Análise de Obras sobre a Relação entre Portugal e Outros Países no


Século XIX

Para além de "Os Maias", existem outras obras literárias que falam sobre a
relação entre Portugal e outros países durante o século XIX, dando-nos informações
preciosas sobre esse período histórico.

Exemplos de Obras:
• "Viagens na Minha Terra" (figura 8) de Almeida Garrett: Esta obra é um exemplo
clássico da literatura portuguesa do século XIX e dá-nos uma visão da relação de
Portugal com outros países, sobretudo sobre as viagens e descobertas.
• "O Crime do Padre Amaro" (figura 9) de Eça de Queirós: retrata a influência da
religião e da moralidade estrangeira na sociedade portuguesa da época.

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• "O Mandarim" (figura 10) de Eça de Queirós: Nesta obra, Eça de Queirós critica
de forma satírica a influência da cultura e filosofia estrangeiras na elite
intelectual portuguesa.

Figura 8. Viagens na Minha Figura 9. O crime do Padre Figura 10. O Mandarim.


Terra. Fonte: Porto Editora Amaro. Fonte: Wook Fonte: Wook

Análise Temática
Temas como colonialismo, imperialismo, intercâmbio cultural e modernização
foram retratadas nessas obras, uma variedade de visões sobre a interação de Portugal
com outros países durante o século XIX.

Personagens e Diálogos
Eça de Queirós utiliza os seus personagens e diálogos de forma magistral para refletir a
influência estrangeira em Portugal:

Carlos da Maia: O protagonista, educado na Europa e influenciado pelos ideais do


Iluminismo, representa a procura pela modernidade e pela cultura estrangeira. O seu
retorno a Portugal traz consigo diversas ideias e noções que instigam as tradições
conservadoras do país.

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Afonso da Maia: O avô de Carlos, por outro lado, representa a velha guarda portuguesa,
intransigente em aceitar as mudanças vindas pela influência estrangeira. As suas
conversas com Carlos quase sempre mostram esse conflito de gerações e de ideias.

Raquel Cohen: Uma das personagens mais interessantes em relação à influência


estrangeira. Raquel Cohen, uma judia portuguesa que foi educada em França. A sua
participação no enredo representa, não apenas a influência cultural francesa, mas
também questões de identidade e pertença a uma sociedade em transformação.

Situações e Eventos
Além dos personagens e diálogos, Eça de Queirós utiliza várias situações e eventos na
obra "Os Maias" para explorar a influência estrangeira:

A descrição dos salões, clubes e eventos sociais frequentados pelos personagens revela
a influência da cultura europeia na alta sociedade portuguesa. Esses espaços refletem
as ideias e costumes estrangeiros. É nestes locais que são falados e interiorizados as
tradições de outros países.

Em suma, "Os Maias" de Eça de Queirós oferece uma representação ampla e


complexa da influência estrangeira em Portugal durante o século XIX. Através de seus
personagens, diálogos e situações, o autor explora as tensões e os mistérios de uma
sociedade em constante mudança, que tenta conciliar a tradição e a modernidade,
nacionalismo e internacionalismo. Esta obra não é apenas um grande marco da
literatura portuguesa, mas também um testemunho dos desafios enfrentados por um
país em busca de sua identidade num mundo cada vez mais globalizado.

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Contextualização histórica e social


As relações de Portugal com outros países durante o século XIX foram
influenciadas por uma série de eventos e mudanças geopolíticas.

Após as Guerras Napoleónicas (figura 11), Portugal manteve laços estreitos com
as potências europeias, especialmente a Grã-Bretanha. A Aliança Luso-Britânica,
estabelecida em 1373, continuou a ser uma parte importante da política externa
portuguesa durante o século XIX, proporcionando proteção militar e apoio económico.

Figura 11. Guerras Napoleónicas. Fonte: Wikipédia

Portugal também expandiu as suas relações para lá da Europa, com os seus


territórios coloniais, especialmente com os seus territórios coloniais na África e na Ásia.
O comércio colonial teve um papel preponderante na economia portuguesa, a
competição com outras potências coloniais, como a Grã-Bretanha, representou um
desafio significativo.

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Impacto da Globalização:
O século XIX foi um período de intensificação dos processos de globalização, com
o aumento do comércio internacional, migração em larga escala e propagação de ideias
e tecnologias. Portugal foi afetado por essas mudanças globais, especialmente no que
diz respeito ao comércio e à economia.

A globalização trouxe novas oportunidades, como o aumento do comércio


internacional e a expansão de mercados, mas também desafios, incluindo a competição
com outras potências económicas e a necessidade de modernização e industrialização.
Portugal teve dificuldades para se integrar neste novo cenário global, principalmente
pela sua economia agrária e à falta de investimentos em infraestrutura e indústria.

O século XIX foi um período de alterações importantes para Portugal, com


desafios políticos, económicos e sociais que alteraram profundamente a história. As
relações com outros países, tanto com a Europa como no resto do mundo, tornaram-se
importantes na política externa e na economia do país, já a globalização deu novas
oportunidades e desafios à sociedade portuguesa.

A presença e influência de nações estrangeiras em Portugal, tanto culturalmente


quanto politicamente, tiveram um impacto significativo ao longo da história do país,
especialmente durante o século XIX.

Assim, essa influência estrangeira pode ser observada em várias áreas, incluindo
política, economia, sociedade e cultura.

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

Influência Política: Durante o século XIX, Portugal enfrentou diversos desafios


políticos incluindo a instabilidade interna (disputas entre liberais e absolutistas) e as
pressões externas de outras potências europeias. A Aliança Luso-Britânica (figura 12),
criada desde o século XIV, foi indispensável para garantir a
proteção de Portugal contra possíveis ameaças externas,
especialmente durante as Guerras Napoleônicas.

Para além disso, as potências europeias exerceram influência


política sobre Portugal por meio de tratados e alianças,
alterando a sua política externa e as suas relações
Figura 12. Aliança Luso
diplomáticas. Britânica. Fonte: Portugal-
uk650
A Inglaterra, teve um papel preponderante na política
portuguesa, exercendo influência sobre assuntos como comércio, navegação e política
colonial.

Influência Económica: A presença de nações estrangeiras em Portugal de um contributo


significativos na economia. Durante o século XIX, o comércio internacional teve um
papel importante na economia portuguesa, Portugal manteve relações comerciais com
vários países principalmente com os seus territórios coloniais na África, Ásia e América.

O investimento estrangeiro também teve um papel importante no desenvolvimento


econômico de Portugal, especialmente no setor industrial (figura 13) e infraestrutural.
Empresas estrangeiras investiram em setores como têxtil, siderurgia e transporte,
dando um grande contributo para a modernização da economia portuguesa.

Figura13. Indústria no século XIX. Fonte: RTP ensina

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Influência Cultural: Portugal teve influências culturais de diversas nações estrangeiras


ao longo do século XIX. A presença de imigrantes, especialmente de países europeus,
trouxe novas influências culturais para Portugal, tornando mais rica a sua diversidade
cultural e tornando possível a troca de ideias e experiências.

A influência cultural estrangeira pode ser vista na arquitetura, na gastronomia,


na moda e nas artes. A influência francesa foi extremamente importante na cultura
portuguesa durante o século XIX, com a adoção de modas, costumes e ideias intelectuais
francesas. A presença e influência de nações estrangeiras em Portugal durante o século
XIX foram a vários níveis e vastas, moldando não apenas a política e a economia do país,
mas também a sua cultura e sociedade. A influência estrangeira trouxe diversas
oportunidades e desafios, que contribuíram para a sua integração na comunidade
internacional, mas também para a sua evolução como nação.

Representação da influência estrangeira na obra “Os Maias”

No romance, a presença de estrangeiros é notável, principalmente através da


figura de Carlos da Maia, o neto de Afonso da Maia, que apesar de ser português,
quando retorna a Portugal após uma longa viagem pela Europa, traz consigo influências
e ideias que contrastam com a mentalidade conservadora e provinciana do país. A sua
visão sobre a sociedade portuguesa é influenciada pela sua educação e experiências no
exterior. Este representa a modernidade e a influência estrangeira na sociedade
portuguesa. Além disso, a presença de estrangeiros é evidenciada através de
personagens como Craft, o protótipo do inglês rico e boémio, de hábitos rijos e que
observa com distanciamento os costumes lisboetas, e Cohen, o respeitado diretor do
Banco Nacional, o judeu sem escrúpulos e de pouca inteligência, que representa o poder
económico, a alta burguesia capitalista, que financia o Portugal da Regeneração. Estes
representam diferentes nacionalidades e culturas presentes na Lisboa da época.

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A importação de costumes e ideias


A obra também retrata a importação de costumes e ideias estrangeiras. As personagens
da alta sociedade retratadas no romance frequentemente adotam hábitos, modas e
maneirismos estrangeiros, como o francês, por exemplo. Eles procuram imitar o estilo
de vida da aristocracia parisiense, incluindo formas de entretenimento, moda e
etiqueta.

Dâmaso Salcede, por exemplo, tenta imitar os comportamentos importados do


estrangeiro, através da utilização de expressões como “femme de chambre” (Queirós;
p.164) e “sutaque” (Queirós; p.164), “chique a valer” (Queirós; p.164) e comete
exageros ao nível da linguagem e das suas atitudes ao tentar copiar Carlos da Maia,
evidenciando a crítica de Eça à tentativa de a sociedade portuguesa querer se
modernizar. Essas ideias estrangeiras contrastam com a mentalidade conservadora da
sociedade portuguesa da
época. Um exemplo
emblemático da influência
estrangeira é a casa que a
família Maia constrói em
Lisboa. A Casa do Ramalhete
(figura 14), que costumava
ser uma casa de “aspeto
tristonho de resistência
eclesiástica” (Queirós; p.43) e
Figura 14. Ramalhete. Fonte: momondo
“sombrio casarão de paredes
severas” (Queirós; p.43), é descrita como uma construção imponente, inspirada na
arquitetura estrangeira da época. Carlos decidiu “dar os seus retoques estéticos”
(Queirós; p.45). Este escolheu os móveis e os objetos de decoração. No pátio existiam
“bancos feudais” (Queirós; p.45) de Espanha e “vasos de Quim per” (Queirós; p.45) de
porcelana francesa. O escritório de Afonso tinha sido “revestido de damascos
vermelhos” (Queirós; p.46) (tecidos com desenhos em relevo que se fabricavam em
Damasco), uma “maciça mesa de pau-preto” (Queirós; p.46), “biombo japonês bordado

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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

a ouro” (Queirós; p.46) e uma “cadeira de braços” (Queirós; p.46). O salão de Carlos da
Maia é descrito como um espaço elegante e sofisticado, decorado com móveis e objetos
de arte importados da Europa. O quintalejo de “ar simpático” (Queirós; p.47), onde a
estátua de mármore de Vénus de Citereia que antes estava “enegrecendo a um canto”
(Queirós; p.43) parecia agora estar “no seu tom claro de estátua de parque” (Queirós;
p.47) e “ter chegado de Versalhes” (Queirós; p.47). O Ramalhete estava fortemente
ornamentado, com mármores, plantas, vasos, quadros vindos de várias partes do
mundo, veludos, tapeçarias, que demonstram o culto das aparências, o luxo e a riqueza
da família Maia. Essa decoração reflete o gosto refinado do personagem principal.

Também as mulheres eram influenciadas. As que não sabiam ocupar os seus lugares
eram as “que vêm no High Life dos jornais, as dos camarotes de S. Carlos, as das terças-
feiras dos Gouvarinhos” (Queirós; p.288). Estas são descritas com “vestidos sérios de
missa. Aqui e além, um desses grandes chapéus emplumados à Gainsborough” (Queirós;
p.288) (pintor de influência inglesa). Aqui, também é importante falar sobre a educação,
que em “Os Maias” é abordada de forma a evidenciar duas mentalidades diferentes. A
portuguesa, que é visível através da personagem Eusebiozinho, é caracterizada pela sua
visão católica, conservadora e tradicionalista, avessa a modernices. Tinha por base o
latim. A britânica, representada por Carlos, defende uma educação moderna, aberta ao
futuro, apologista do exercício físico, da defesa da ética e respeito pelos outros e pela
diferença.

As relações políticas com outros países


Eça também aborda as relações políticas de Portugal com outros países. Estas são
retratadas, por exemplo, através do casamento de Maria Monforte com Tancredo, um
nobre italiano, refletindo as alianças políticas entre Portugal e a Itália. Também temos a
presença de um personagem diretamente ligado à política, Conde de Steinbroken, um
diplomata e ministro finlandês. Este nunca se compromete, tem uma atitude rígida e
observa Portugal de uma forma neutra e confusa. Para além disso é um dos principais
símbolos que representam a impressão dos estrangeiros face à complexidade do país.

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Interações entre personagens estrangeiros e a sociedade portuguesa


As interações entre os personagens estrangeiros e a sociedade portuguesa são
marcadas por choques culturais, mal-entendidos e desafios de comunicação. O autor
utiliza essas situações para explorar as diferenças entre as culturas e para destacar a
importância do diálogo e da compreensão mútua. Alguns são bem acolhidos e
encontram facilmente um lugar dentro da comunidade, enquanto outros enfrentam
resistência e são alvo de discriminação. Essas interações refletem a realidade da época,
em que a sociedade portuguesa estava em constante transformação devido à crescente
influência estrangeira. Os portugueses frequentemente demonstravam curiosidade e
interesse pelos estrangeiros que visitavam Portugal. Algumas personagens,
especialmente as mais conservadoras, manifestavam desconfiança e até mesmo
preconceito em relação aos estrangeiros. Isso pode ser observado na maneira como
certos personagens veem o comportamento ou as influências estrangeiras como
ameaças à cultura e tradição portuguesas. Em contrapartida, há também exemplos de
admiração e respeito pelos estrangeiros, especialmente aqueles que são vistos como
cultos, sofisticados ou bem-sucedidos. Por exemplo, a família Maia mantém relações
com diversas personalidades estrangeiras que são vistas com admiração pela sua
educação, cultura ou posição social.

Perspetivas e atitudes das personagens e do narrador


Pela perspetiva das personagens temos Carlos, que é influenciado pela cultura
estrangeira, especialmente pela educação que recebeu por parte de um professor
inglês. As suas experiências no exterior tornam-no mais aberto a novas ideias e
perspetivas, e ele muitas vezes sente-se deslocado em relação ao conservadorismo e à
mentalidade lisboeta.

A perspetiva do narrador em relação à influência estrangeira é representada através da


sua descrição das atitudes e comportamentos das personagens, bem como das suas
próprias observações e julgamentos. Este refere que ser provinciano é diferente de
parecer civilizado. O narrador utiliza técnicas, como ironia e crítica social, para transmitir
a sua visão sobre como a influência estrangeira afeta a sociedade portuguesa. Ele
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“Influência Estrangeira em Portugal em “Os Maias” de Eça de Queirós”

observa a sociedade portuguesa da época com um olhar perspicaz e satírico, destacando


tanto os aspetos positivos quanto os negativos dessa influência. Para Eça essa influência
é uma imitação cega e superficial das tendências estrangeiras sem uma compreensão
profunda de sua relevância ou significado. O narrador muitas vezes aponta para a
superficialidade e a falta de autenticidade que podem surgir quando se adota
cegamente os costumes estrangeiros.

A crítica à influência estrangeira é evidenciada pelo comentário do marquês no


episódio da corrida de cavalos: “–Então estão convencidos? Que lhes tenho eu sempre
dito? Isto é um país que só suporta hortas e arraiais… corridas, como muitas outras
coisas civilizadas lá de fora, necessitam primeiro gente educada. No fundo, todos nós
somos fadistas! Do que gostamos é de vinhaça e viola, e viva lá, seu compadre! Aí está
o que é!” (Queirós; p.295-296)

Figura 15. Corrida de Cavalos. Fonte: Blogger.com

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Perda de identidade nacional e imitação cega de modelos estrangeiros


Eça de Queirós critica veementemente a imitação cega de modelos estrangeiros e a
consequente perda da identidade nacional por parte da sociedade portuguesa. Os
protagonistas, como Carlos da Maia, simbolizam essa influência estrangeira ao
retornarem a Portugal impregnados de ideias e costumes importados, enquanto
personagens como Maria Eduarda representam a presença estrangeira diretamente.
Ambos são símbolos da influência estrangeira sobre a sociedade portuguesa da época,
que se afastaram cada vez mais da sua própria cultura e identidade em favor de modelos
importados.

Eça também chama a atenção para o facto de a aristocracia portuguesa se afastar


das suas raízes e valores nacionais, adotando costumes, modas e ideais estrangeiros.
Isso é representado através dos salões aristocráticos, onde a língua e os costumes
portugueses são substituídos por expressões estrangeiras. A crítica de Eça não se limita
apenas à imitação cega de modelos estrangeiros, mas também à falta de iniciativa para
mudar essa situação. Um exemplo de imitação cega é o episódio das corridas de cavalos.
Este constitui uma visão mais caricatural da sociedade lisboeta que, numa tentativa
falhada de cosmopolitização, decide promover um espetáculo que nada tem a ver com
a tradição cultural do país, algo que Afonso sublinha. A crítica é evidenciada por:
(“Enquanto a si, estava contente, pulava… Aquela corrida insípida, sem cavalos, sem
jóqueis, com meia dúzia de pessoas a bocejar em roda, dava-lhe a certeza que eram
talvez as últimas e que o Jockey Club rebentava… E ainda bem! Via-se a gente livre de
um divertimento que não estava nos hábitos do País. Corridas era para se apostar. Tinha-
se apostado? Não? Então histórias!... Em Inglaterra e em França, sim! AÍ eram um jogo
como a roleta, ou como o monte… Até havia banqueiros, que eram os bookmakers….
Então já viam!”; cap. X). Assim as corridas (figura 16) censuram a imitação cega de
comportamentos sociais estrangeiros e a presunção da sociedade portuguesa, que ao
tentar adquirir uma aparência elegante, apenas mostra ser falsa e ridícula.

Ao longo do romance, apercebemo-nos que a elite portuguesa que tenta imitar os


padrões estrangeiros, muitas vezes fá-lo de forma superficial e vazia, sem compreender
plenamente o significado por trás desses costumes. Isso leva a uma crise de identidade,

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onde os personagens lutam para conciliar os seus ideais estrangeiros com a realidade
portuguesa.

Figura 16. Corrida de Cavalos. Fonte: Aquela Máquina

Influência estrangeira em Portugal e as suas consequências sociais, culturais e


políticas
No contexto social, a presença estrangeira é personificada pela alta sociedade,
que adota costumes e valores importados, principalmente da França e da Inglaterra.
Essa elite, distante das raízes portuguesas, torna-se um símbolo de desprezo em relação
às classes mais baixas da
sociedade. Um exemplo que
comprova como a influência
estrangeira origina conflitos
sociais é o episódio do jantar no
Hotel Central (figura 17). Este era
suposto ser uma espécie de festa
de homenagem de Ega ao
banqueiro Cohen e uma reunião
Figura 17. Hotel Central. Fonte: opcaoturismo
social da elite lisboeta. Aqui

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existiram conversas com foco em diferentes assuntos, desde o deplorável estado das
finanças públicas e as dívidas do país até a consequente necessidade de reformas
extremas. Este jantar acaba por ser dominado por uma acesa discussão literária entre
Ega e Alencar. Ega era defensor do Realismo/Naturalismo, um movimento literário com
origem na Europa, o qual considerava uma ciência. Alencar defendia o
Ultrarromantismo, uma vertente do movimento romântico de raízes portuguesas, e
ataca a Ideia Nova. Os dois acabam por se envolver numa disputa verbal e física, o que
sublinha a pouca credibilidade e seriedade da crítica literária em Portugal.

No âmbito cultural, a influência estrangeira é evidente na preferência por obras


literárias, artísticas e musicais estrangeiras em vez de formas de arte nacionais. A
sociedade, seduzida pelo exótico e moderno, negligencia a riqueza da cultura
portuguesa, levando à desigualdade e até mesmo à ridicularização das tradições locais.
Essa falta de respeito pela herança cultural do país resulta em uma perda de identidade
nacional e em uma ausência de originalidade portuguesa.

A influência estrangeira também se estende à política, com alianças e acordos que


podem beneficiar ou prejudicar Portugal. A dependência de potências estrangeiras,
como a Inglaterra, pode comprometer a autonomia política do país e afetar as suas
decisões internas e externas. Além disso, a presença de estrangeiros em posições de
poder dentro do país pode levar a conflitos de interesses e manipulação da política
nacional em benefício de interesses estrangeiros.

Assim, uma das consequências da influência estrangeira é a criação de conflitos desde


os âmbitos social e cultural até à política.

Resistência ou a assimilação da cultura estrangeira pela sociedade portuguesa


Em "Os Maias", vemos exemplos claros tanto de resistência quanto de
assimilação da cultura estrangeira. Por um lado, há personagens como Afonso da Maia,
que simbolizam a resistência à influência estrangeira. Afonso é retratado como um
aristocrata conservador, profundamente ligado às tradições e valores portugueses. A
sua devoção à história e à cultura de Portugal (figura 18) distancia-o das tendências
modernizadoras e internacionais representadas pelo seu neto. Um exemplo do seu

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patriotismo é no capítulo X, no episódio das corridas de cavalos, em que Afonso da Maia


comenta: “– O verdadeiro patriotismo, talvez – disse ele –, seria, em lugar de corridas,
fazer uma boa tourada.”, ainda acrescentando: “se habitei a Inglaterra, é que o meu rei,
que era então, me pôs fora do meu país… Pois é verdade, tenho esse fraco português,
prefiro touros. Cada raça possui o seu sport próprio, e o nosso é o touro”. Nestas
citações Afonso mostra o seu gosto por Portugal recusando as novas modas estrangeiras
das corridas de cavalos.

Por outro lado, há personagens como Carlos da Maia, que representam a


assimilação e a adoção de valores e costumes estrangeiros. Carlos foi educado na
Europa. A sua mentalidade liberal e o seu estilo de vida moderno colocam-no em conflito
com as normas e tradições conservadoras da sociedade portuguesa.

Figura 18. Lisboa no século XIX. Fonte: Blogger.com

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Conclusão

Em conclusão, este trabalho dá-nos uma análise bastante clara sobre a influência
estrangeira na obra "Os Maias" de Eça de Queirós, dando-nos uma ideia aprofundada
da visão crítica do autor em relação a Portugal e a sua correlação com o mundo exterior.
Ao analisarmos como Eça de Queirós retratou essa influência, compreendemos de
maneira mais completa os temas de modernização, identidade nacional e as
complexidades de uma sociedade em constante evolução. É um tema de relevância
histórica, é também extremamente importante nos dias de hoje, levando-nos a refletir
sobre as interações culturais e sociais contemporâneas, os desafios da globalização e as
perguntas de identidade num mundo cada vez mais interrelacionado. Podemos dizer
que este estudo não contribui para uma interpretação mais profunda de "Os Maias",
mas também destaca a contínua relevância do pensamento crítico de Eça de Queirós
para o entendimento do mundo moderno.

Para além disso, ao explorar a influência estrangeira na obra, este estudo leva-nos a
considerar não só apenas os aspetos literários e históricos, mas também os paralelos
contemporâneos, as dinâmicas da globalização, os fluxos migratórios e as relações
culturais que alteram a sociedade atual. Assim, aumenta-se o entendimento não só da
obra, mas também das questões universais que ela aborda, não sendo apenas uma
reflexão sobre o passado, mas também uma visão para entender o presente e antecipar
o futuro.

Para além disto, a análise da influência estrangeira em "Os Maias" leva-nos a uma
perceção mais profunda da habilidade de Eça de Queirós em captar as variantes das
relações entre culturas e as transformações dessas interações na identidade nacional.
Esta reflexão enriquece a nossa compreensão da obra, mas também nos leva a
considerar como as narrativas literárias podem servir como reflexos para os desafios e
oportunidades enfrentados por sociedades em constante mudança. Este estudo não
lança só luz sobre as questões levantadas por Eça de Queirós, mas também enaltece a
longevidade e a universalidade das suas preocupações, tornando-se uma fonte valiosa
de pensamento para os leitores contemporâneos.

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Bibliografia
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• Os Maias, as correntes literárias - O realismo, disponível em
https://www.studocu.com/pt/document/ensino-medio-
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• "Os Maias" continuam a mostrar "imagem atual de um Portugal sem sentido" -
João Botelho, disponível em https://www.rtp.pt/noticias/cultura/os-maias-
continuam-a-mostrar-imagem-atual-de-um-portugal-sem-sentido-joao-
botelho_n764166, acedido em 05/05/2024.

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