Adulto I - Prova II

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SAÚDE DA PESSOA ADULTA E IDOSA I

GERIATRIA

DEFINIÇÃO DE IDOSO
De acordo com a Política Nacional do Idoso (PNI), idoso é todo indivíduo com mais de 60
anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), idoso é todo indivíduo com 60
anos ou mais em países em desenvolvimento ou 65 anos ou mais em países desenvolvidos.
Ainda segundo a OMS, a consolidação do envelhecimento de uma população ocorre
quando a proporção de idosos duplica de 7% para 14% - fenômeno que ocorreu em países
europeus há mais de um século, enquanto no Brasil ocorrerá em menos de 40 anos. Dentro
do grupo da pessoa idosa, os denominados “mais idosos, muito idosos ou idosos em velhice
avançada” (idade igual ou maior que 80 anos), que também vêm aumentando
proporcionalmente e de forma muito mais acelerada, constituindo o segmento populacional
que mais cresce nos últimos tempos, 12,8% da população idosa e 1,1% da população total.

ENVELHECIMENTO
Processo de declínio progressivo da capacidade adaptativa compensatória frente aos
eventos estressores. Pode ser entendido também, em outras palavras, como o processo de
limitação progressiva da capacidade homeostática. É entendido como um continuum,
presente na vida humana desde a vida intrauterina, mas é notório a partir dos 30 anos, com
maior visibilidade na idade avançada. A primeira consulta geriátrica deve ser aos 35 anos –
Sociedade Brasileira de Gerontologia.

FATORES DE ENVELHECIMENTO
Queda da fecundidade e mortalidade
Aumento da expectativa de vida
Melhora dos cuidados médicos
Redução dos fatores de risco
Alterações no estilo de vida

TEORIAS DO ENVELHECIMENTO
Programada
A questão genética tem fator importante no envelhecimento de um indivíduo, uma vez
que o próprio genoma humano define e regula a expectativa de vida e a sua limitação
progressiva da capacidade homeostática.
Estocástica
Define que o envelhecimento é proveniente das sucessivas agressões ambientais que
atingem um nível incompatível com a manutenção das funções orgânicas e da vida.

AVALIAÇÃO DO IDOSO
Comorbidades
Sintomas Atípicos
Síndrome de Fragilidade
Avaliação Funcional
COMORBIDADES
É a ocorrência de duas ou mais doenças de forma concomitante no indivíduo. Nas pessoas
com 65 anos ou mais, cerca de 50% tem duas ou mais doenças crônicas. O tratamento de
uma doença pode gerar efeitos adversos em outra e o risco de se tornar incapacitado
aumenta com o número de doenças presentes.

SINTOMAS ATÍPICOS
Com o passar do tempo, aumenta-se a frequência de sinais e sintomas que antes não eram
comuns ou que fogem do quadro clínico comum ao adulto jovem – a frequência de infarto
silencioso cresce com o aumento da idade, por exemplo. Pneumonia e AVC, no idoso,
apresentam alterações não específicas na atividade mental.

SÍNDROME DE FRAGILIDADE
Define-se como o estado de reservas diminuídas e vulnerabilidade aumentada para
todos os tipos de estresse. Desregulação do sistemas fisiológicos, resultando em uma
incapacidade de se manter a homeostasia ante ao estresse. Essa falta de reserva
fisiológica não afeta a função do dia a dia, mas pode interferir com a capacidade de
recuperação de uma doença extrema. Estima-se que de 10% a 25% das pessoas acima de 65
anos e 46% acima dos 85 anos que vivem em comunidade são frágeis, conferindo-lhes alto
risco para desfecho clínico adverso.

ESCORE DE FRIED
O idoso é considerado frágil se apresenta 3 ou mais critérios, pré-frágil se um ou dois e
não-frágil se nenhum dos critérios.
Perda ponderal acentuada
Diminuição da força de preensão palmar
Exaustão por autorrelato de fadiga
Diminuição da velocidade de marcha
Baixo nível de atividade física
Classificação funcional do idoso
Robusto
Frágil
Frágil de alta complexidade
Em fase final de vida

AVALIAÇÃO FUNCIONAL
A avaliação do idoso nos serviços de atenção básica tem por objetivos a avaliação global
com ênfase na funcionalidade. A presença de declínio funcional pode sugerir a presença de
doenças ou alterações ainda não diagnosticadas. E por meio dessa avaliação podemos
identificá-las. A funcionalidade depende de autonomia (cognição e humor), isto é,
capacidade de tomar decisões, e independência (mobilidade e comunicação), isto é,
capacidade de realizar atividades por conta própria. A Atividade Básica de Vida Diária
(ABVD) se refere ao autocuidado – Escore de Katz – e a Atividade Instrumental da Vida
Diária (AIVD) se refere às atividades em torno do idoso – Escore de Lawton. Pode-se
observar uma ABVD básica (higiene, alimentação, autocuidado), AVD instrumental
(cuidado doméstico, uso de medicações e sair sozinho) ou AAVD avançada (integração
social, lazer, trabalho e uso de tecnologias).
SÍNDROMES GERIÁTRICAS
Incapacidade Cognitiva
Instabilidade Postural
Imobilidade
Incontinência Esfincteriana
Incapacidade Comunicativa
Iatrogenia
Insuficiência Familiar

INCAPACIDADE COMUNICATIVA
A incapacidade comunicativa é acometida por condições que comprometem a
comunicação: diminuição da acuidade auditiva, alteração na fala ou alteração na sua
compreensão. Quando o idoso apresenta uma incapacidade comunicativa, a tendência é que
ele se isole socialmente, o que pode desencadear riscos psicológicos importantes.

INSTABILIDADE POSTURAL
É a síndrome geriátrica associada ao idoso com histórico de quedas. Quando se investiga a
causa da queda, é importante lembrar que o aparelho musculoesquelético não é o único
sistema a ser observado. A acuidade visual, o aparelho vestibular, a capacidade
respiratória e cardiovascular e o ambiente domiciliar também devem ser considerados.
É importante questionar a presença de comorbidades e condicionantes de risco para
quedas. A avaliação da marcha também se faz muito importante – utiliza-se o teste
“Timed up and go”, para avaliar o tempo que o idoso leva para levantar de uma cadeira,
andar 3 metros e voltar. São causas prováveis de queda: acidente relacionado ao
ambiente, alteração de marcha, equilíbrio ou fraqueza, tontura ou vertigem, drop
attacks, confusão mental e hipotensão postural. A mobilidade dependerá da interação
dos sistemas motor, neurológico e de estímulos periféricos (sistema vestibular).
Desequilíbrio: sensação de perda do equilíbrio sem a sensação de movimento ilusório.
Tontura: termo genérico, sensação de desequilíbrio corporal.
Vertigem: tipo de tontura caracterizada pela sensação ilusória de movimento do
ambiente (sistema vestibular ou SNC).
Vertigem Paroxística Posicional Benigna: relacionada à mudança de posição da
cabeça; dura pouco tempo e está associada à compressão dos canais auditivos.
Doença de Menière: ataques recorrentes de vertigem incapacitante, com perda de
audição flutuante e zumbidos no ouvido.
Vestibulopatia Periférica: labirintite viral aguda ou neuronite vestibular, dura
semanas ou meses, associado ao labirinto.
Pré-Síncope ou Lipotímia: iminente perda da consciência (arritmia, infarto, embolia,
estenose aórtica, hipotensão postural).

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
Maiores: déficit cognitivo médio a grave, múltiplas contraturas
Menores: sinais de sofrimento cutâneo, disfagia leve a grave, dupla incontinência, afasia
Necessário 2 critérios maiores e 2 menores.
IMOBILIDADE
Implica na redução, em qualquer grau, na mobilidade do idoso, apresentando potencial
progressão e com capacidade de atingir todos os sistemas do indivíduo. O espectro dessa
síndrome com relação à gravidade varia desde o idoso pouco imóvel à imobilidade
completa, esta última, o paciente é totalmente dependente. Impede a mudança de posição
do idoso.
7 a 10 dias acamado: ainda considerado período de repouso.
10 a 15 dias acamado: já considera que o indivíduo está imobilizado.
A partir de duas semanas: já se tem uma mudança metabólica com aumento do
metabolismo, da circulação e cascata de alterações.

INCONTINÊNCIA ESFINCTERIANA
Uma das síndromes mais comuns, sobretudo nas mulheres (paridade e uretra menor).
Consiste na diminuição ou perda do controle esfincteriano e pode estar associado ao uso de
diuréticos, obesidade, idade avançada e histórico familiar. A incontinência fecal é menos
comum e subnotificada, uma vez que há constrangimento do idoso em relatar o quadro. A
vergonha, o constrangimento e a falsa crença de que a incontinência é um quadro comum
no idoso dificultam a abordagem da síndrome e culminam no isolamento domiciliar do
idoso.

IATROGENIA
Afecção decorrente da intervenção (diagnóstica terapêutica) do médico e de seus auxiliares,
certa ou errada, justificada ou não, resultando em consequências prejudiciais à saúde do
paciente. Refere-se à intervenção médica de maneira patológica. Pode ocorrer desde o
subdiagnóstico durante a consulta até o excesso de exames, medicações e prolongamento
da vida sem reversão do quadro. A iatrogênese clínica se refere às doenças causadas
pelos próprios cuidados em saúde, como os efeitos secundários de medicações,
intervenções cirúrgicas inúteis, traumas psicológicos, negligência, incompetência e omissão
dos profissionais de saúde. A iatrogênese cultural é a que a medicina moderna retira do
sofrimento o seu significado íntimo e pessoal. A prevenção quaternária é interessante para
evitar iatrogenia (princípio da não maleficência).

INCAPACIDADE COGNITIVA
É a síndrome mais comum da geriatria, com maior quantidade de encaminhamentos à
especialidade. Configura-se como a perda de funções superiores do encéfalo (memória,
função executiva, linguagem, função espacial, gnosia e apraxia). O humor também está
relacionado com a incapacidade cognitiva quando prejudicado. A investigação dessa
síndrome faz uso do teste de Miniexame do Estado Mental (Mini Mental), teste de fluência
verbal, teste do relógio e escala de depressão.

INSUFICIÊNCIA FAMILIAR
Falta de apoio da família e amigos é considerada uma síndrome geriátrica. Dois grandes
pilares estão associados a essa síndrome: baixo apoio social e relação familiar prejudicada.
Quando se trata de apoio social, pensamos em interação do idoso com familiares, amigos e
vizinhos, vínculos importantes para a construção psicológica do idoso ao longo de sua vida.
Essas vinculações, quando positivas, geram um bom apoio emocional ao idoso.
DIABETES MELITUS
DM1: deficiência de insulina por destruição autoimune das células b comprovada por
exames laboratoriais.
DM2: perda progressiva de secreção de insulina combinada com resistência à insulina.
Gestacional: hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na
ausência de critérios de DM prévio.

DIABETES MELITUS
Pode ser do tipo 1 (DM1), com a não produção de insulina, ou tipo 2 (DM2), com a
resistência à insulina. A diabetes tipo 2 está mais associado a fatores genéticos.
Glicemia Casual: ≥ 200mg/dL + sintomas = diabetes; se < 200mg/dL → fazer glicemia
em jejum
Glicemia de Jejum: ≥ 126mg/dL* = diabetes; se < 100mg/dL = normoglicemia
Hb1A1c: ≥ 6,5%* = diabetes; se 5,7%-6,4% = pré diabetes; se < 5,7% = normoglicemia
Glicemia de 2H TTG: ≥ 200mg/dL = diabetes
*Repetir exame para confirmar em nova amostra.

TRATAMENTO
Se diagnóstico confirmado de DM2, iniciar com MEV, por 3 a 6 meses. Caso a Hb1A1c
não atingir a meta, utilizar MEV + Metformina. Se continuar fora da meta, MEV +
Metformina + Sulfonilureia. Se continuar fora da meta, insulinoterapia.
Metformina 500mg e 850mg 1000mg – 2550mg 2 a 3 vezes ao dia
Metformina XR 500mg 500mg 1 vez ao dia
Glibenclamida 5mg 2,5mg – 20mg 1 a 3 vezes ao dia
Glicazida 30mg 30 – 120mg 1 vez ao dia

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