Escrita-Remix - Pop Art

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INSTITUTO DE CULTURA E ARTE

CINEMA E AUDIOVISUAL
TEORIAS E ESTÉTICAS DA ARTE
1º SEMESTRE/ 2023

AMANDA MARIA CAETANO LIMA


MATRÍCULA: 558252
❖ Escrita-remix: Pop Art

● Antecedentes históricos
A integração da arte e da cultura popular (como outdoors, embalagens e anúncios
impressos) começou muito antes dos anos 1950.
O artista espanhol Pablo Picasso, já na década de 1910, brincou sobre o nosso
caso de amor com as compras, criando uma mulher a partir de um rótulo e anúncio
da loja de departamentos Bon Marché, em 1913. Enquanto a obra não pode ser
considerada a primeira colagem Pop Art, certamente plantou as sementes para o
movimento.

● Influência do Dadaísmo
O pioneiro do Dadaísmo, Marcel Duchamp, impulsionou ainda mais a manobra
consumista de Picasso, introduzindo objetos produzidos em massa numa exposição
artística: porta-garrafas, pá de neve, mictório (de cabeça para baixo). Ele chamou
esses objetos de Ready-Mades, uma expressão anti-arte que pertencia ao seu
movimento.
Os primeiros artistas “pop” seguiram o exemplo de Duchamp na década de 1950,
selecionando imagens propositalmente populares, sem preocupação intelectual,
durante o auge do Expressionismo Abstrato.
As obras Two Beer Cans (1960), de Jasper Johns e Bed (1955), de Robert
Rauschenberg, são dois exemplos. Esses trabalhos foram denominados como
“Neo-Dada” durante seus anos de formação. Hoje, podemos chamá-los de Arte
Pré-Pop ou Arte Pop Antecipada.

● Pop Art
O lugar da arte sempre foi um tema extensamente debatido entre críticos,
apreciadores, pesquisadores e os próprios artistas. Durante um bom tempo, o
mundo da arte foi pensado como uma esfera autônoma, regida por seus próprios
códigos e fruto de uma criatividade centrada na individualidade do artista. Contudo,
principalmente a partir do século XX, notamos que essa separação entre a arte e o
mundo veio perdendo força na medida em que movimentos diversos buscaram
quebrar tais limites."
Na década de 1950, observamos a formulação de um movimento chamado de “pop
art”, como uma forma de reação ao expressionismo abstrato. Essa expressão,
oriunda do inglês, significa “arte popular”. A expressão foi criada pelo crítico
Lawrence Alloway durante encontros de um grupo de artistas, o "Grupo
Independente". Depois, espalhou-se durante os anos de 1960, atingindo seu auge
em Nova York. Os livros de história da arte tendem a afirmar que a colagem do
artista britânico Richard Hamilton “Just What Is It that Makes Today’s Home So
Different and So Appealing (1956) ?” mostrou que a Pop Art já estava em cena.
A colagem apareceu no programa “This Is Tomorrow na Whitechapel Art Gallery”,
em 1956. Assim, podemos dizer que esta obra de arte e esta exposição marcam o
início oficial do movimento, embora os artistas tenham trabalhado nesse tema
anteriormente em suas carreiras.
Ao contrário do que parece, essa arte popular que define tal movimento não tem
nada a ver com uma arte produzida pelas camadas populares ou com as noções
folcloristas de arte. O “pop art” enquanto movimento baseou-se, em grande medida,
na estética da cultura de massas, a mesma criticada pela Escola de Frankfurt, da
cultura feita para as multidões e produzida pelos grandes veículos de comunicação,
o movimento influenciou muito no grafismo, design, quadrinhos e na moda.
Esse movimento apareceu em um momento histórico marcado pelo reerguimento
das grandes sociedades industriais outrora afetadas pelos efeitos da Segunda
Guerra Mundial. Dessa forma, adotou os grandes centros urbanos norte-americanos
e britânicos como o ambiente para que seus primeiros representantes tomassem de
inspiração para criar as suas obras. Peças publicitárias, imagens de celebridades,
logomarcas e quadrinhos são algumas dessas inspirações.
Ao envolver elementos gerados pela sociedade industrial, a “pop art” realiza um
duplo movimento capaz de nos revelar a riqueza de sua própria existência. Por um
lado, ela expõe traços de uma sociedade marcada pela industrialização, pela
repetição e a criação de ícones instantâneos. Por outro, questiona os limites do
fazer artístico ao evitar um pensamento autonomista e abranger os fenômenos de
seu tempo para então conceber suas criações próprias.
Os integrantes da “pop art” conseguiram chamar a atenção do grande público ao se
inspirar por elementos que em tese não eram reconhecidos como arte, ao levar em
conta que o consumo era marca vigente desses tempos. Grandes estrelas do
cinema, revistas em quadrinhos, automóveis modernos, aparelhos eletrônicos ou
produtos enlatados foram desconstruídos para que as impressões e ideias desses
artistas assinalassem o poder de reprodução e a efemeridade daquilo que é
oferecido pela era industrial.

● Características
O Pop Art é um movimento artístico que se caracteriza pela reprodução de temas
relacionados ao consumo, publicidade e estilo de vida americano (american way of
life).
O uso de imagens da cultura popular nos anúncios publicitários, histórias em
quadrinhos, desenhos de revistas, fotografias, latas de refrigerante, embalagens de
alimentos, entre outros, eram as bases para as criações artísticas do pop art.
A repetição de uma mesma imagem várias vezes em cores diferentes, vivas e
inusitadas era outra marca desse estilo artístico, que tentava dar um tom irônico às
mensagens transmitidas pelas obras.
Os materiais mais usados pelos artistas da pop art eram derivados das novas
tecnologias que surgiram em meados do século XX. Gomaespuma, poliéster e
acrílico foram muito usados pelos artistas plásticos deste movimento.
Também destacavam-se como as principais características:

Mistura de pintura e objetos reais na composição da obra;


Uso da técnica silk-screen ou serigrafia, que consiste na impressão de texto
ou figura em uma superfície com tinta vazada;
Obras com temas como sociedade de consumo, fama, sexualidade e
industrialização; Inspiração na cultura de massa;
Aproximação da arte com a vida cotidiana;
Utilização de cores intensas e vibrantes;
Reproduções de peças publicitárias;
Imitação da estética industrial;
Reproduções em série do mesmo tema;
Uso da imagem de celebridades;
Inspiração no universo das histórias em quadrinhos

● Pop Art no Brasil


O pop art chegou ao território brasileiro durante a Ditadura Militar no Brasil, nos
anos 60, sendo muito utilizado como um instrumento crítico ao regime de opressão
e insatisfação à censura. Os artistas usavam materiais reutilizados em suas obras
de arte para retratar a violência e os problemas sociais enfrentados pela população.
Esse período foi marcado pela exposição “Opinião 65”, realizada no Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro, que contou com a participação de 17 artistas brasileiros
e 13 de outros países. Essa mostra foi composta por obras que apresentavam
características do pop art, além de um caráter pluralista que buscava dar voz à
juventude que assumia um papel importante na resistência e oposição ao regime
militar.

● Principais artistas no Brasil e no mundo:


- Andy Warhol (1927-1987)
Pintor e cineasta norte-americano, é um dos mais conhecidos no pop art. Ele
utilizava retratos de ídolos da música e do cinema popular, a exemplo de Marilyn
Monroe e Elvis Presley em suas obras por considerar essas pessoas vazias e
impessoais, ainda que estivessem em ascensão social. Criticava o consumo em
massa com imagens de garrafas de Coca-Cola, automóveis, latas de sopa
Campbell, entre outros.
- Robert Rauschenberg (1925-2008)
Depois de fazer parte do movimento expressionista, esse pintor norte-americano
adotou as características do pop art em suas obras, combinando pinturas com
embalagens de produtos industrializados. Adotou a técnica da serigrafia em 1962
com aplicação de imagens a telas grandes e pinceladas de tinta.

- Tom Wesselmann (1931-2004)


Seu interesse pelo desenho começou durante o serviço militar, primeiro com criação
de caricaturas que representavam sátiras da rotina militar. Passou a utilizar outros
temas enquanto estudava interpretação de fotografia aérea e após cumprir o tempo
no exército americano, ingressou no curso de artes e passou a criar tiras em
quadrinhos para os jornais da época.

- Roy Lichtenstein (1923-1997)


As histórias em quadrinho eram o tema principal de suas obras desse pintor
americano, pintadas em óleo e tinta acrílica com o intuito de reproduzir os
procedimentos gráficos. Utilizou também a técnica pontilista, além de adotar cores
brilhantes e planas.
Jasper Johns (1930): pintor americano, focava em temas como letras, números,
bandeiras e mapas por meio de uma técnica chamada encaustica, que é a diluição
de tinta em cera quente. A partir de 1958, passa a colocar objetos reais, como latas
e escovas, em suas obras.

- Romero Brito (1963)


Reconhecido internacionalmente, esse brasileiro possui obras em muitas galerias do
Brasil e do mundo. Suas pinturas apresentam características como traços
remarcados, cores vibrantes e formas geométricas.

- Antonio Dias (1944)


Um dos participantes da exposição “Opinião 65”, marco importante do pop art no
Brasil, adotou muitas características do movimento nos Estados Unidos e recebeu
muitos prêmios. Foi também diretor do Instituto de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

- Claudio Tozzi (1944)


se destacou no movimento pop art brasileiro por reinventar técnicas de reprodução
fotográfica. Uma de suas obras de destaque “Guevara vivo ou morto” ficou exposta
em Brasília em 1968 e quase foi destruída em um atentado realizado por um grupo
de extrema direita.

● Perpetua até os dias atuais


A pop art teve diferentes repercussões ao longo dos anos, ela pode ser vista em
diversas épocas e usada de inúmeras maneiras. No mundo das artes, na moda, no
cinema, em capas musicais, estes são algumas das formas que o estilo é usado. No
ambiente de casas e apartamentos, quadros, com a técnica de repetição e cores
vibrantes, passam a ser usados como decoração. Atualmente, até na capa de
cadernos e agendas pode ser visto traços ou reproduções idênticas às dos anos 50
e 60, o que soa de maneira irônica, afinal, os artistas criaram a pop art justamente
para criticar esse estilo consumista e a produção seriada.
O estilista Yves Saint Laurent foi o primeiro a fazer uso de técnicas do movimento
artístico, em sua coleção de 1966/67 de outono/inverno. O vestido intitulado
'Mondrian', faz uso de formas, cores e contornos usados pelos artistas pop. Em
2012, outras grifes também voltam a reproduzir peças que remetem ao estilo. Hoje,
o estilo pop pode ser visto em várias peças de roupas, comercializadas em
diferentes partes do mundo.

● Bibliografia
➢ Pop Art: obras, características e principais artistas - Toda Matéria
➢ Pop Art. A Pop Art e as manifestações da cultura de massa
➢ Pop Art - Artes Enem | Educa Mais Brasil
➢ Pop Art - o que é, técnicas, resumo e características - Sua Pesquisa
➢ Pop Art: contexto histórico, características e artistas - Movimentos - ArteRef
➢ Pop Art e suas influências atemporais - Lab Dicas Jornalismo

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