Inf0764 - Jurisprudencia STJ
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Inf0764 - Jurisprudencia STJ
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
CORTE ESPECIAL
DESTAQUE
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Foi suscitada questão de ordem para instauração de incidente de assunção de competência (IAC)
para decidir acerca da "obrigação de custeio, pelo plano de saúde, de exame ou tratamento, que não
conste do rol da Agência Nacional de Saúde (ANS), prescrito por médico especialista como melhor
opção para o restabelecimento da saúde do paciente", ante a promulgação da Lei n. 14.454/2022.
Em 8/6/2022, a Segunda Seção, ao julgar os EREsps 1.886.929/SP e 1.889.704/SP (DJe
3/8/2022), uniformizou a jurisprudência, concluindo pela natureza taxativa, em regra, do rol da
ANS. Esse julgamento teve grande repercussão social, provocando reações de diversos segmentos da
sociedade e a mobilização do Congresso Nacional.
Foi, então, apresentado o Projeto de Lei n. 2.033/2022, para alterar a Lei n. 9.656/1998,
estabelecendo hipóteses de cobertura de exames ou tratamentos de saúde não incluídos no rol de
procedimentos e eventos em saúde suplementar. O projeto foi aprovado na Câmara e no Senado e
seguiu para sanção presidencial, tendo sido a Lei n. 14.454 sancionada em 21/9/2022, sem vetos.
Essa Lei, ao afastar a natureza taxativa mitigada do rol da ANS e estabelecer a sua natureza
exemplificativa mitigada, trouxe outra perspectiva a respeito da matéria, exigindo, de fato, um novo
pronunciamento desta Corte, agora à luz da recente inovação legislativa.
Todavia, a superveniência desse diploma não tem o condão de alterar o objeto da multiplicidade
de recursos referentes à mesma questão de direito que já tramitavam nesta Corte, senão apenas de
provocar, eventualmente, a adequação na interpretação e no alcance das teses fixadas pela Segunda
Seção, a depender do contexto fático-probatório delineado em cada hipótese concreta.
Dessa forma, a despeito da vigência da Lei 14.454/2022, é possível concluir que há, no Superior
Tribunal de Justiça, repetição em múltiplos processos da questão de direito a ser submetida a
julgamento e, por conseguinte, falta, para o acolhimento da questão de ordem, o requisito objetivo
que autoriza a admissão da assunção de competência, consoante exige o art. 947 do Código de
Processo Civil (CPC) e o art. 271-B do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça (RISTJ).
Noutra toada, a instauração desse incidente, ao menos por ora, mostra-se prematura. Com efeito,
assim como na afetação ao rito dos repetitivos, a assunção de competência, em homenagem à
segurança jurídica, deve ser admitida somente quando a questão de direito tiver sido objeto de
debates, com a formação de um entendimento firme e sedimentado no âmbito das Turmas da
Segunda Seção, evitando, com isso, a fixação de tese de observância obrigatória que não reflita uma
decisão amadurecida desta Corte ao longo do tempo, a partir do sopesamento dos mais variados
argumentos em uma ou outra direção.
Na espécie, entretanto, não há aqui pronunciamentos suficientes, tampouco conflitantes, a
respeito da controvérsia posta em análise sob o enfoque da recente alteração legislativa e seus
efeitos, inclusive para que se possa cogitar em prevenção ou composição de divergência
jurisprudencial entre as Turmas da Segunda Seção (§ 4º do art. 947 do CPC).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Havendo sentença prolatada quanto ao delito conexo, a competência para julgamento do delito
remanescente deve ser aferida isoladamente.
No caso, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais ofereceu denúncia pela prática dos
crimes do art. 38, caput, e do art. 55, caput, da Lei n. 9.605/1998, em concurso material.
O Juízo Federal, após receber os autos em razão da declinação de competência do Juízo Estadual,
extinguiu a ação penal, no tocante ao crime do art. 55, caput, da Lei n. 9.605/1998, referente à
conduta de extração de areia e cascalho, por reconhecer a litispendência em relação a ação penal
que tramitara naquele juízo, na qual, inclusive já houvera a prolação de sentença condenatória. Em
relação ao delito do art. 38, caput, também da Lei n. 9.605/1998, afirmou que o ilícito não ocorreu
em área pertencente ou protegida pela União, motivo pelo qual suscitou o conflito.
Sobre o tema, a Súmula n. 235 do Superior Tribunal de Justiça dispõe que "[a] conexão não
determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado." Embora o enunciado tenha origem
em feitos de natureza cível, é pacífico o entendimento de que a sua orientação também é aplicável
aos processos penais.
Portanto, havendo sentença prolatada quanto ao delito conexo, a competência para julgamento
do delito remanescente deve ser aferida isoladamente, ou seja, apenas em razão dos fatos que se
amoldam ao art. 38, caput, da Lei n. 9.605/1998.
Para que haja competência da Justiça Federal, a prática do referido delito deve ter ocorrido em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União, nos termos do art. 109, inciso IV, da
Constituição Federal.
O Rio das Mortes tem o seu curso integralmente no estado de Minas Gerais. Por essa razão, é de
propriedade do referido estado, nos termos do art. 20, III, c/c o art. 26, I, da Constituição Federal.
Assim, o crime do art. 38, caput, da Lei n. 9.605/1998, praticado na área de preservação
permanente, em suas margens, não atingiu o patrimônio, serviços ou interesse da União, cabendo à
Justiça Estadual o seu julgamento.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SÚMULAS
A interpretação sistemática do art. 13 da Lei n. 11.343/2006, em conjunto com o art. 147, incisos I
e II, da Lei n. 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) e do art. 80 da Lei n. 10.741/2003
(Estatuto do Idoso), permite a aplicação do princípio do juízo imediato às ações em que se pleiteiam
medidas protetivas de urgência de caráter penal no contexto de violência doméstica e familiar
contra a mulher.
De fato, a aplicação do princípio do juízo imediato na apreciação dos pedidos de medidas
protetivas de urgência não entra em conflito com as demais disposições da Lei n. 11.343/2006. Ao
contrário, essa medida facilita o acesso da mulher vítima de violência doméstica a uma rápida
prestação jurisdicional, que é o principal objetivo perseguido pelas normas processuais especiais
que integram o microssistema de proteção de pessoas vulneráveis que já se delineia no
ordenamento jurídico brasileiro.
O acesso rápido e efetivo à tutela jurisdicional assume especial relevo na situação de risco em que
a mulher se encontra quando solicita medidas protetivas de urgência. É justamente o seu caráter de
urgência que reclama a aplicação do princípio do juízo imediato, tendo em vista que o juízo do
domicilio normalmente é o primeiro ao qual a mulher tem acesso e o que tem interação mais
próxima com a vítima.
Assim, diante da aplicação do princípio do juízo imediato e não havendo dúvidas de que o juízo do
domicílio da vítima é o que possui melhores condições de acompanhar a situação de violência
doméstica e familiar na situação concreta, afirma-se a sua competência para processar e julgar o
pedido de medidas protetivas de urgência, independentemente do local onde tenham inicialmente
ocorrido as supostas condutas criminosas que motivaram o pedido de medidas protetivas.
Ressalte-se, por fim, que a competência do juízo do domicílio da vítima para conhecer e julgar o
pedido de medidas protetivas de caráter urgente não altera ou modifica a competência do juízo
natural para o processamento e julgamento de eventual ação penal, que deve ser definida conforme
as regras gerais do Código de Processo Penal.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
De acordo com a jurisprudência desta Corte, "o acusado se defende dos fatos", bastando, portanto,
que "o termo de indiciamento elaborado pela comissão processante [contenha] descrição
suficientemente detalhada dos ilícitos administrativos imputados ao indiciado, possibilitando-lhe a
compreensão racional do que é chamado a responder" (MS 21.721/DF, relator Ministro Sérgio
Kukina, Primeira Seção, DJe 18/11/2022).
Cabe ressaltar que "as instâncias cível, penal e administrativa são independentes. Desse modo, a
sentença penal absolutória por ausência de provas do ora recorrente não repercute no exame do
residual administrativo que envolve os fatos narrados" (AR 6.596/BA, relator Ministro Mauro
Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 29/11/2021).
Dessa forma, apresentam-se desnecessárias maiores considerações a respeito de a conduta
narrada no Processo Administrativo Disciplinar - PAD caracterizar, ou não, o crime de assédio
sexual previsto no art. 216-A do Código Penal ("Constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função"), haja vista que não
foi esse o fundamento da sanção de demissão, e sim a conclusão de que a conduta imputada ao
recorrente se subsume ao disposto no art. 132, V, da Lei n. 8.112/1990, qual seja: incontinência
pública e conduta escandalosa.
A incontinência pública é o comportamento de natureza grave, tido como indecente, que ocorre
de forma habitual, ostensiva e em público.
Conquanto se apresente correta a assertiva de que, para justificar a aplicação da pena de
demissão, a incontinência praticada pelo servidor deva ser, além de pública, também escandalosa e
grave, há que se ressaltar que a "conduta escandalosa", como referida no dispositivo legal em tela,
possui natureza autônoma, ostentando, via de consequência, requisitos próprios.
De fato, a conduta escandalosa refere-se àquela que, embora também ofenda a moral
administrativa, pode ocorrer de forma pública ou às ocultas, reservadamente, mas que em momento
posterior chega ao conhecimento da Administração.
Nesse contexto, a conduta praticada pelo ora recorrente - que "filmava, por meio de câmera
escondida, alunas, servidoras e funcionárias terceirizadas", realmente caracteriza a infração prevista
no art. 132, V, parte final, da Lei n. 8.112/1990, o que atrai a pena de demissão do servidor público.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Nas ações demolitórias de obra ajuizadas em face de construções erguidas em desacordo com as
regras urbanísticas ou ambientais é prescindível a citação dos coproprietários do imóvel para
integrarem a relação processual, na qualidade de litisconsorte passivo necessário.
Segundo o disposto no art. 114 do Código de Processo Civil de 2015, "o litisconsórcio será
necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a
eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes".
Dispõe o art. 116 do mesmo diploma legal que "o litisconsórcio será unitário quando, pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os
litisconsortes".
Nas ações demolitórias, como no caso, o Superior Tribunal de Justiça já se manifestou no sentido
que é imprescindível a citação do cônjuge ou dos coproprietários do imóvel para integrarem a
relação processual, na qualidade de litisconsorte passivo necessário, em razão de a demanda
envolver direitos reais imobiliários, visto que possuem a mesma natureza das ações de nunciação de
obra nova, distinguindo-se apenas em razão do estado em que se encontra a construção.
Entretanto, a Terceira Turma desta Corte, ao julgar o REsp 1.721.472/DF, relator Ministro Paulo
de Tarso Sanseverino, DJe 25/6/2021, entendeu que, em ação para demolição de obra em desacordo
com a legislação urbanística ou ambiental, o fato de o coproprietário sofrer os efeitos da sentença
não é suficiente para caracterizar o litisconsórcio necessário, porque o direito de propriedade
permanecerá intocado. A Segunda Turma segue o mesmo entendimento.
Diante da divergência de entendimento, coaduna-se com a segunda linha de pensamento exposta,
no sentido de que, nas ações demolitórias de obra ajuizadas em face de construções erguidas em
desacordo com as regras urbanísticas ou ambientais, é prescindível a citação dos coproprietários do
imóvel para integrarem a relação processual, na qualidade de litisconsorte passivo necessário,
notadamente porque a discussão central do feito não diz respeito ao direito de propriedade ou
posse.
Eventual diminuição do patrimônio do coproprietário do imóvel, em razão da demolição da obra,
seria apenas uma consequência natural do cumprimento da decisão judicial, que impôs a obrigação
de demolir as construções erguidas ilicitamente, vale dizer, em desacordo com a legislação de
regência.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
DESTAQUE
O teto mínimo para ajuizamento de execução fiscal independe do valor estabelecido como
anuidade pelos Conselhos de fiscalização profissional.
A simples leitura dos arts. 4º, 6º e 8º da Lei n. 12.514/2011 permite concluir que o teto mínimo
para ajuizamento de execução fiscal independe do valor estabelecido pelos Conselhos de fiscalização
profissional, pois o legislador optou pelo valor fixo do art. 6º, I, da Lei n. 12.514/2011, com a
redação dada pela Lei n. 14.195/2021.
O pleito para que o montante a ser considerado como limite mínimo para ajuizamento de
execução fiscal seja de cinco vezes o valor definido por cada conselho profissional para a cobrança
de anuidades - até o limite máximo constante do inciso I do art. 6º da Lei n. 12.514/2011, deve ser
rejeitado por contrariar a literalidade do disposto no art. 8º, caput, da Lei n. 12.514/2011, com
redação dada pela Lei n. 14.195/2021, que é explícito ao se referir ao "valor total inferior a 5 (cinco)
vezes o constante do inciso I do caput do art. 6º desta Lei", em vez de referir-se ao "valor cobrado
anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente", tal como estabelecia o mesmo dispositivo,
em sua redação original.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Não são cabíveis honorários recursais na hipótese de recurso que mantém acórdão que
reconheceu error in procedendo e anulou a sentença.
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LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Nos termos do art. 313, I, do Código de Processo Civil, a superveniência do óbito de uma das
partes enseja a imediata suspensão do processo - desde o evento morte, portanto -, a fim de
viabilizar a substituição processual da parte por seu espólio. O objetivo é preservar o interesse
particular do espólio, assim como dos herdeiros do falecido.
Sendo esse o propósito da norma processual, a nulidade advinda da inobservância dessa regra é
relativa, passível de declaração apenas no caso de a não regularização do polo ensejar real e
concreto prejuízo processual ao espólio. Do contrário, os atos processuais praticados, a despeito da
não suspensão do feito, hão de ser considerados absolutamente válidos.
Em face disso, não se pode deixar de reconhecer que a caracterização de prejuízo processual,
advindo da não suspensão do feito, mostra-se absolutamente incoerente quando a parte a quem a
nulidade aproveitaria, ciente de seu fato gerador, não a suscita nos autos logo na primeira
oportunidade que lhe é dada, utilizando-se do processo como instrumento hábil a coordenar suas
alegações e trazendo a lume a correlata insurgência, ulteriormente, no caso de prolação de decisão
desfavorável, em absoluta contrariedade aos princípios da efetividade, da razoabilidade e da boa-fé
processual.
A pretensão de anular a avaliação do bem penhorado, em razão de nulidade cujo fato gerador -
morte do executado - era de pleno conhecimento da coexecutada, a qual deliberadamente deixou de
suscitar a questão em Juízo num primeiro momento, não pode ser admitida, a posteriori, para
beneficiar a própria parte executada, sem vulneração do princípio da boa-fé processual.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
DESTAQUE
É devida a cobertura do tratamento de psicoterapia, sem limite de sessões, admitindo-se que está
previsto no rol da ANS, nos seguintes termos: a) para o tratamento de autismo, não há mais
limitação de sessões no Rol; b) as psicoterapias pelo método ABA estão contempladas no Rol, na
sessão de psicoterapia; c) em relatório de recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de
Tecnologias no Sistema Único de Saúde - CONITEC, de novembro de 2021, elucida-se que é
adequada a utilização do método da Análise do Comportamento Aplicada - ABA.
DESTAQUE
Cinge-se a controvérsia acerca do prazo prescricional para passageiro reclamar danos morais no
caso de atraso em voo internacional.
Conforme o atual entendimento do Supremo Tribunal Federal, "ao julgar o RE 636.331, Rel. Min.
Gilmar Mendes, paradigma do tema n. 210 da repercussão geral, este Supremo Tribunal Federal
decidiu sobre a prevalência das convenções internacionais sobre o Código de Defesa do Consumidor
apenas com relação às pretensões de indenização por danos materiais, fixando o entendimento de
que, em tal hipótese, aplica-se o prazo de dois anos previsto no art. 35 da Convenção de Montreal,
incorporada ao direito interno pelo Decreto nº 5.910/2006".
Não foi reconhecida a existência, em acordo internacional sobre transporte aéreo, de regulação de
reparação por danos morais, aplicando-se a lei interna, no caso, o prazo prescricional previsto no
art. 27 do CDC.
No caso, "A orientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal é no sentido de ser
inaplicável a Convenção de Montreal para contagem do prazo prescricional para as indenizações por
danos morais" (RE 1.374.196, Rel. Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em
24/10/2022, DJe 10/11/2022).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Em caso de dissolução, por decisão judicial, da associação autora de ação civil pública, é possível a
substituição processual pelo Ministério Público.
INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
O importador nacional responde pelos valores pagos pelo banco confirmador ao exportador
estrangeiro, na hipótese de insolvência do banco emissor de carta de crédito internacional (letter of
credit - L/C) emitida ao amparo de operação de importação.
A carta de crédito internacional (letter of credit) é uma modalidade de crédito utilizada para
viabilizar operações de comércio internacional, envolvendo importação e exportação de
mercadorias, a fim de garantir o pagamento dos bens adquiridos no estrangeiro. Em geral, o
importador (tomador ou proponente) contrata o crédito com uma instituição financeira (banco
emitente), que emite as cartas de crédito e se responsabiliza pelo pagamento da transação ao
exportador (beneficiário) e, ao final, o importador deve pagar os valores contratados diretamente ao
banco emitente.
Trata-se de um crédito documentário, ou crédito documentado, uma vez que o pagamento dos
valores contratados se vincula à entrega, pelo exportador estrangeiro, dos documentos de
embarque, que comprovam o cumprimento dos termos e condições apostos na carta de crédito.
No tocante à questão, a Quarta Turma já se manifestou no sentido de que o crédito documentário,
ou crédito documentado, consiste "(...) no ajuste, geralmente, entre o comprador de mercadoria e
instituição financeira, para que esta libere o crédito ao vendedor da mercadoria, mediante
apresentação dos documentos exigidos. Contrato caracterizado pela triangularização de transações
entre comprador, vendedor e instituição financeira, com liberação do crédito condicionada à
apresentação da documentação da venda, comumente chamado de vendor" (REsp n. 1.022.034/SP,
relator Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 12/3/2013, DJe 18/4/2013).
Adicionalmente, é possível que as partes façam uso da figura de um segundo banco, normalmente
domiciliado no país do exportador, o chamado de banco confirmador, o que enseja dupla garantia de
pagamento dos valores ao exportador. Trata-se de uma obrigação autônoma na qual o banco
confirmador se compromete a atender as obrigações assumidas pelo banco emitente perante o
exportador.
No caso ora em exame, o banco confirmador, cumprindo suas obrigações e compromissos para
com o banco emissor da carta de crédito e os beneficiários exportadores, diante do inadimplemento
do banco emitente, realizou os pagamentos diretamente aos exportadores estrangeiros, quitando a
obrigação principal irrevogável e, assim, sub-rogou-se na condição de credor inerente ao banco
emissor perante o importador nacional, devedor principal, o qual recebeu as mercadorias
importadas e nada comprovou haver quitado, até esta parte, seja junto ao banco emissor, seja junto
aos exportadores estrangeiros.
Cumpre ressaltar que, nos termos da UCP 500 (Uniform Customs and Practice for Documentary
Credits), vigente à época da contração, que estabelece costumes e práticas uniformes para créditos
documentários, sendo amplamente adotada pelos bancos quanto à delimitação de responsabilidades
das partes envolvidas na contratação de créditos documentários, ao autorizar ou solicitar outro
banco para adicionar sua confirmação na carta de crédito, o banco emitente autoriza o banco
confirmador, ao cumprir suas obrigações perante o beneficiário, desde que os documentos
apresentados aparentem estar em conformidade com os termos e condições da carta de crédito, se
comprometendo a reembolsá-lo, o que constitui um compromisso adicional ao do banco emissor.
Ainda, conforme dispõe a UCP 500, as cartas de crédito, por sua natureza, são transações
separadas dos contratos de compra venda ou de quaisquer outros contratos firmados durante a
operação, não estando os bancos vinculados por tais contratos, ainda que a carta de crédito faça
referência a eles. Isso significa que o banco confirmador é um típico terceiro interessado, pois seu
compromisso de cumprir com as obrigações decorrentes da carta de crédito não está sujeito a
reclamações ou oposição de exceções pessoais pelo tomador (importador nacional), em decorrência
de suas relações com o banco emitente ou com o beneficiário (exportador estrangeiro).
Nesse contexto, considerando a cadeia de relações existentes na contratação do crédito
documentário, irrecusável a relação jurídica que obriga a importadora, junto ao banco confirmador,
sub-rogado nos direitos e obrigações do banco emitente, podendo este exigir o pagamento dos
valores relativos às cartas de crédito diretamente da importadora.
PROCESSO REsp 1.678.925-MG, Relatora Ministra Maria Isabel
Gallotti, Quarta Turma, por maioria, julgado em
14/2/2023.
DESTAQUE
Ainda que o processo esteja em curso no Superior Tribunal de Justiça, o Ministério Público
Federal não possui legitimidade para substituir associação extinta por decisão judicial em ação civil
pública proposta perante a Justiça estadual.
A associação que ajuizara a ação civil pública foi extinta por decisão judicial, requerendo a
intimação do Ministério Público para manifestar-se acerca da substituição no polo ativo. O
Ministério Público Estadual, a despeito de ter sido intimado, não se manifestou, razão pela qual o
processo foi julgado extinto, sem resolução do mérito, diante da ausência de capacidade para ser
parte da associação.
O Ministério Público Federal (MPF) opôs embargos declaratórios contra essa decisão, afirmando
que, "de acordo com o art. 37, I, e 66 da Lei Complementar nº 75, de 20/5/1993, é atribuição do
Ministério Público Federal atuar nas causas de competência do Superior Tribunal de Justiça, por
seus Subprocuradores-gerais da República".
A pretensão do MPF de substituir a associação civil é inadmissível porquanto a presente ação
tramitou na Justiça do Estado de Minas Gerais. Embora tenha legitimidade para oficiar nos
processos em curso nesta Corte, essa legitimidade não se estende à assunção do polo ativo de ação
civil pública proposta perante a Justiça estadual e que nela teve tramitação por não se enquadrar na
competência da Justiça Federal (CF, art. 109).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Antes das alterações introduzidas pela Lei n. 12.015/2009, o Ministério Público já era parte
legítima para propor a ação penal pública incondicionada destinada a verificar a prática de crimes
sexuais contra crianças.
A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que, mesmo antes das alterações
introduzidas pela Lei n. 12.015/2009, o Ministério Público já era parte legítima para propor a ação
penal pública incondicionada destinada a verificar a prática de crimes sexuais contra crianças, pois a
proteção integral à infância é dever do Estado, conforme previsto na Constituição Federal.
A Corte de origem, no tocante a alegada decadência, consignou que, com o advento da Lei n.
12.015/2009, os delitos de estupro passaram a exigir a condição de procedibilidade consistente na
representação. No caso, a representação somente ocorreu em 2016 porque nesse ano é que os fatos
vieram à tona, mas estes foram praticados entre os anos de 2006 e 2008, ou seja, quando a vítima
era ainda uma criança. Logo, não há falar em necessidade de representação, pois a ação penal era
pública incondicionada em razão da sua menoridade, a teor do art. 225 do Código Penal.
Assim, não se pode condicionar à opção dos representantes legais da vítima, ou ao critério
econômico, a persecução penal dos crimes definidos pela Constituição Federal como hediondos,
excluindo da proteção do Estado as crianças submetidas à prática de delitos dessa natureza. Vale
dizer, é descabida a necessidade de iniciativa dos pais quando o bem jurídico protegido é
indisponível, qual seja, a liberdade sexual de criança, que, conquanto não tenha sofrido violência
real, não possui capacidade plena para determinação dos seus atos, dada a sua vulnerabilidade.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
O fato de a referida dívida ativa estar garantida por contrato de seguro no bojo de execução fiscal
movida contra o contribuinte não descaracteriza a materialidade dos crimes fiscais.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
A confirmação pelo tribunal do júri da dissimulação e do uso de meio que dificultou a defesa da
vítima deve ensejar uma única elevação em decorrência da qualificadora contida no art. 121, § 2º,
inciso IV, do Código Penal, ainda que quesitadas individualmente e não guardem relação de
interdependência entre si.
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
É possível a antecipação de provas para a oitiva de testemunhas policiais, dado que, pela natureza
dessa atividade profissional, diariamente em contato com fatos delituosos semelhantes, o decurso
do tempo traz efetivo risco de perecimento da prova testemunhal por esquecimento.
No que concerne ao tema, preconiza o art. 366 do Código de Processo Penal que, "se o acusado,
citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso
do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312".
Cumpre ressaltar que, nos termos do Enunciado n. 455 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça,
"A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP deve ser
concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo".
No caso, os fundamentos do acórdão que determinou a produção antecipada de provas são
idôneos, tendo em vista a urgência da medida, consubstanciada na possibilidade do perecimento ou
da fragilidade dos elementos de convicção, salientando a instância ordinária a necessidade da oitiva
antecipada das testemunhas, seja em virtude do lapso temporal de cerca de quatro anos decorridos
desde os fatos, seja em razão de as únicas testemunhas serem policiais militares, estando presente o
efetivo risco de fuga do acusado do distrito da culpa e de esquecimento dos fatos pelas testemunhas,
pela própria natureza do ofício de quem atua diariamente no combate à criminalidade,
circunstâncias essas concretas que justificam a antecipação da prova, nos termos do art. 366 do CPP
e do entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
Nessa esteira, compreendeu a Terceira Seção desta Corte, no julgamento do RHC 64.086/DF, que
é justificável a antecipação de provas para a oitiva de testemunhas policiais, já que, nesse caso, o
simples decurso do tempo traz efetivo risco de perecimento da prova testemunhal, por
esquecimento, dada a natureza dessa atividade profissional, diariamente em contato com fatos
delituosos semelhantes, devendo ser ouvidas com a máxima urgência possível.
Ademais, conforme assentado pelo Superior Tribunal de Justiça, "a realização antecipada de
provas não traz prejuízo ínsito à defesa, visto que, a par de o ato ser realizado na presença de
defensor nomeado, nada impede que, retomado eventualmente o curso do processo com o
comparecimento do réu, sejam produzidas provas que se julgarem úteis à defesa, não sendo vedada
a repetição, se indispensável, da prova produzida antecipadamente" (RHC 64.086/DF, relator
Ministro Nefi Cordeiro, relator p/ Acórdão Ministro Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe
9/12/2016).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
SÚMULAS
DESTAQUE
Não é cabível a remição penal por aprovação no ENEM ao reeducando que já havia concluído o
ensino médio antes de ingressar no sistema prisional.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO