Jesus, o Maior Filósofo Que Já Existiu - Peter Kreeft
Jesus, o Maior Filósofo Que Já Existiu - Peter Kreeft
Jesus, o Maior Filósofo Que Já Existiu - Peter Kreeft
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© 2007 por Peter Kreef
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SUMÁRIO
Conclusão
INTRODUÇÃO I
Mas este livro não é tanto sobre o estilo filosófico, nem sobre o
método e, tampouco, sobre o “tipo de mente” de Jesus, mas é sobre sua
essência filosófica, suas respostas filosó-ficas, sua filosofia.
INTRODUÇÃO III
O nome pelo qual Jesus chamava Deus era ainda mais espantoso que
aquele que Deus revelou a Moisés. Os judeus aprenderam com Moisés que
Deus é apenas Eu Sou, a pessoa eterna, perfeita, única e totalmente real. E
Jesus chamava essa pessoa por um nome que ninguém jamais sonharia ou
ousaria usar: “Pai”.
Esse fato representava dois choques: Deus era Pai de Jesus, por
natureza, na eternidade; e nosso Pai, por adoção, no tempo.
(No mundo antigo, “filho adotivo” era o título legal genérico para
mulheres e homens adotados; uma vez que o direito de herança era passado
por meio dos homens, “filho” era a palavra necessária para designar o fato
de que mulheres e homens tinham direito à plena herança espiritual de
todas as riquezas de Deus concedidas por intermédio de Cristo. O ponto
realmente “inclusivo” só poderia ser expresso por meio de uma palavra
aparentemente “exclusiva”.)
E Jesus ainda foi mais adiante. Ele usava a palavra “Abba” — não
apenas “Pai”, mas “Papai”, o termo íntimo usado pela criança ou pelo bebê.
(Até mesmo um bebê consegue balbuciar: “Abba”, ou “Papa”.) Aquele que é
infinitamente transcendente, agora, também será, por todo o resto do
tempo e da eternidade, infinitamente íntimo. Agora, o Pai está brincando
com o bebê e usando a fala dos bebês. O divino inacessível tornou-se tão
acessível que pôde ser morto. Ele não só tornou seu espírito acessível, mas
também seu sangue. Suas palavras de salvação não eram como as dos
filósofos: “Esta é minha mente”, mas: “Isto é o meu corpo” (Mateus 26:26).
O apóstolo João, já idoso, ainda estava espantado e estupefato
quando ponderou esse paradoxo ao escrever sua primeira epístola. A
primeira frase do Evangelho dele diz: “No princípio era aquele que é a
Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. [...] Aquele que é a Palavra
tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória.” A primeira frase de
sua epístola declara: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que
vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos
apalparam.” A origem implícita de toda manifestação tornou-se clara. O
“Tao”, por trás das “dez mil coisas”, se tornou uma dessas manifestações.
A equação de Deus com Cristo é semelhante à equação E = mc². A
energia divina foi convertida em massa por uma espécie de fissão
transnuclear. O sujeito divino (“Eu”) tornou-se um objeto humano (“ele”).
A velocidade da luz celestial tornou-se finita.
Por que Ele fez isso?
3. A metafísica do amor
* Fosse eu mulher, diria “sua” e em “si mesma”. Não direi “seu ou sua” nem “eles mesmos”, pois
abusar da gramática não é reparação para o pecado de insultar as avós.
5. A santidade como essência da ontologia
9. As pessoas humanas mais reais são os santos. Eles são o que todos
nós fomos planejados para ser.
10. Além disso, o estudo da santidade é a chave para o estudo do ser.
“Abraão, pai de vocês, regozijou-se porque veria o meu dia; ele o viu e alegrou-
se.”
Disseram-lhe os judeus: “Você ainda não tem cinquenta anos, e viu Abraão?”
Respondeu Jesus: “Eu lhes afirmo que antes de Abraão nascer, Eu Sou!”
Então eles apanharam pedras para apedrejá-lo (João 8:56-59).
Nós não só conhecemos Deus por intermédio de Jesus Cristo, mas também só
nos conhecemos por intermédio dele; só conhecemos a vida e a morte por meio
de Jesus Cristo. À parte de Jesus Cristo, não podemos conhecer o sentido de
nossa vida nem de nossa morte, de Deus nem de nós mesmos. (Pensamentos, p.
417)
*
Como conhecemos Deus? Uma forma indispensável para obter esse
conhecimento é a oração. E se a oração pretende alcançar o Pai, chega a
Ele, quer tenhamos consciência quer não, quer saibamos quer não, por
intermédio do Filho. Portanto, Jesus, aqui também, é o caminho para
conhecer Deus.
Conhecer pessoas requer palavras. Como Julieta conheceria Romeu
se nunca trocassem palavras entre si? E como você poderia conhecer Deus,
se Ele não tivesse falado com você por intermédio da Sua Palavra inspirada
e escrita e, acima de tudo, pela Palavra encarnada, e se você não falasse com
Ele por meio da oração? O amor precisa de palavras como também de
música, pois o amor canta.
Assim, a oração é necessária para conhecer Deus (como algo distinto
de ter conhecimento sobre Deus). Mas a oração não é a necessidade exigida
por uma obrigação, entre tantas outras, como ajustar uma peça no
acolchoado de retalhos. Na oração, lidamos com Deus, o fogo ardente,
resplandecente e explosivo existente no cerne de toda bondade, beleza e
vida. Orar é mais semelhante a se atirar em um vulcão que a encaixar uma
peça no quebra-cabeça. Orar é uma questão de justiça, mas é muito mais
que isso: é uma questão de amor. Orar não é apenas dar a Deus o que lhe é
devido, realizar sua obrigação moral, ajeitar alguma coisa; orar é tocar o
corpo do Deus cujo amor, na forma de sangue humano, transborda de
cinco feridas.
III
A ANTROPOLOGIA DE JESUS
A terceira grande pergunta da filosofia é a do questionador, a questão do
homem. A posição natural dela é a terceira, pois, após meditar a respeito da
realidade (metafísica), nós naturalmente pensamos sobre o pensamento
(epistemologia) e, depois, a respeito dos pensadores, de nós mesmos
(antropologia).
Porém, existe um “mas”. Essa divisão da filosofia é muito mais
interessante que a metafísica e a epistemologia; todavia, apesar de todo
intenso interesse, tempo, energia e livros dedicados a essa busca; a despeito
do fato de que mais da metade de todos os livros sobre todas as ciências
vendidos hoje nas livrarias serem sobre algum aspecto da psicologia, não há
ciência na qual haja menos concordância, menos certeza e menos garantia
de que agora sabemos o que costumávamos não saber. Parece que, como
resultado de todo esse escrutínio moderno do “eu”, nos conhecemos menos
bem que antes. Quanto mais olhamos, menos enxergamos. Acontece
exatamente o contrário em relação ao mundo exterior. Hoje, entendemos
os mistérios da origem do universo, 15 bilhões de anos atrás, ou as forças
que mantêm as galáxias girando há trilhões de anos-luz de distância melhor
do que entendemos a nós mesmos. Na aurora da filosofia, Sócrates disse:
“Conhece-te a ti mesmo.” Contudo, “conhecer a si mesmo” parece um
quebra-cabeça insolúvel, um koan. Nós não conseguimos conhecer a nós
mesmos; no entanto, devemos conhecer a nós mesmos.
O que isso tem a ver com Jesus, ou Jesus, com isso? Nas palavras,
muito repetidas, de João Paulo II: “Só Jesus mostra o homem a si mesmo.”
Uma vez que Jesus é perfeitamente Deus e perfeitamente homem, Ele
revela perfeitamente a Deus e ao homem. Jesus é a solução do koan.
Mas a resposta é apenas tão relevante quanto a questão. Precisamos
entender por que essa questão é um koan para poder valorizar a
singularidade de Jesus ser a solução para ela.
“Conhece-te a ti mesmo” parece ser um koan insolúvel. E é. Não
conseguimos resolver esse problema porque ele, de forma alguma, é um
problema; ele é um mistério (para usar a útil distinção de Gabriel Marcel):
estamos envolvidos nele, e não distanciados dele. Esse problema “transgride
seus próprios dados”. Não podemos resolver esse problema porque nós
somos esse problema. Da mesma forma que o olho pode ver um objeto, mas
não a si mesmo, a mente pode conhecer qual-quer objeto, mas não a si
mesma, porque ela não é um objeto.
Quando olhamos para nós mesmos, fazemos isso da nossa própria
maneira. Ficamos na nossa própria luz e produzimos nossa própria sombra.
Assim, nos identificamos com nossa sombra, a sombra que produzimos ou
a imagem de nós mesmos que lançamos no espelho. Mas isso não é o “eu”,
é uma imagem ou sombra do “eu”.
Somos espectadores em uma peça cuja exata presença e olhar afetam
e alteram os atores e a peça. Pois não somos só os espectadores, também
somos os atores. Na ciência, isso se chama “efeito observador”: alteramos as
coisas observadas por meio do próprio ato de observá-las. Quer esse
princípio se aplique às partículas subatômicas quer não, ele certamente
aplica-se a nós. Pois só nós no universo somos sujeitos, não objetos. No
homem, o universo atinge, pela primeira vez, a autoconsciência. Nós somos
“eus”, sujeitos, quens, não coisas, objetos, o quês. Como transformamos um
sujeito capaz de conhecer em um objeto de conhecimento? Como o
arqueiro pode se transformar em seu próprio alvo? Como o eu pode se
transformar em isso sem deixar de ser eu?
Com certeza, ele não pode. E, com certeza, ele deve. Não
conseguimos conhecer a nós mesmos, mas devemos. Esse é o nosso koan.
Precisamos conhecer a nós mesmos porque se não fizermos isso, então não
saberemos de forma alguma quem é que está conhecendo qualquer outra
coisa. Se não assinalarmos a impressionantemente grande conta bancária do
nosso conhecimento, nós não possuiremos nenhum tostão furado.
No zen-budismo, o koan é um enigma; em princípio, não
solucionável pelo pensamento comum, racional. O propósito dele é acabar
com o pensamento comum, ou adormecê-lo, a fim de libertar a “mente de
Buda”, que consideram não ter o dualismo sujeito-objeto. O despertar
repentino desse tipo radicalmente novo de pensamento é “Iluminação”, ou
satori, a versão zen de nirvana (“extinguir” a vela do pensamento comum).
Não acredito nesse objetivo budista, pois, como cristão, creio em
Deus e na Criação e, portanto, na realidade do dualismo sujeito-objeto
para o qual o budismo busca a superação. O universo todo é objetivo para
Deus. O dualismo sujeito-objeto, o dualismo eu-isso que o budismo tenta
superar é, na verdade, o dualismo Criador-criatura, uma vez que o nome
do Criador é “Eu Sou”, e suas criaturas são seus objetos. Existe outro
dualismo sujeito-objeto que o budismo nega: o dualismo entre os objetos
do universo e nós, sujeitos humanos, que carregamos a imagem de Deus e,
por essa razão, também somos “eus” ou sujeitos. As duas coisas que Cristo
revela para o homem, Deus e o homem, os dois sujeitos, são as duas coisas
que o budismo nega.
No entanto, embora não acredite na resposta budista, acredito na
profundidade da pergunta budista e no poder do koan de transformar a
consciência. Acredito também que Deus estabeleceu um koan para nós ao
nos dar uma curiosidade insaciável a respeito de nós mesmos e, ao mesmo
tempo, fazer esse “eu” inacessível à curiosidade comum.
Ele nos fez à sua própria imagem como eu (sujeitos, pessoas) e, ao
mesmo tempo, isso (objetos, criaturas). Somos metafisicamente duais,
duplos.
Parece que não conseguimos superar esse dualismo a não ser pela
negação da realidade de um ou dos dois de seus tentáculos: os materialistas
ocidentais reduzem a personalidade a uma coisa entre as outras coisas no
mundo, enquanto o misticismo oriental reduz a realidade objetiva das
coisas, incluindo nossa própria finita coisificação, à consciência, ao espírito,
ou à “mente de Buda” ou Brâman (“você é aquilo”).
Ao longo das eras, nossos mais brilhantes filósofos lançam-se a um
ou a outro desses dois erros clássicos na antropologia: ou o materialismo
natural ou o panteísmo espiritual; ou confundir o homem com as coisas ou
com Deus. Incrível! Nossos maiores filósofos, nossos maiores conhecedores
não conhecem a si mesmos bem o bastante para evitar confundir a própria
essência deles com o que não são!
E quando nossos filósofos evitam os dois erros extremos do
materialismo e do panteísmo, ainda caem em uma forma modificada de
um ou do outro: animalismo ou angelismo. Quando não nos confundem
com a matéria ou com Deus, eles nos confundem com os animais ou com
os anjos. Empiristas, positivistas, pragmatistas e secularistas ficam
escandalizados com a alma, o sobrenatural, os milagres, o Céu e as verdades
universais abstratas. Esses são animalistas. Platônicos, gnósticos,
cartesianos, adeptos da Nova Era e os que, em sua religião, buscam
“espiritualidade”, em vez de santidade, são angelistas. Eles ficam
escandalizados com o corpo, o natural, a Encarnação, os sacramentos, a
Igreja visível e o concreto.
Cristo é a resposta para esse dilema. Ele é a refutação definitiva dos
dois erros (pois, lembre-se, Cristo nos revela perfeitamente não só o
perfeito Deus, mas também o perfeito homem). Cristo não só é o perfeito
antropólogo, mas também é o perfeito anthropos. Ele é a essência da
antropologia. Ele é homem como o homem é planejado para ser. Ele não é
uma anomalia, nós somos a anomalia. O maior filósofo antropólogo
moderno foi o papa João Paulo II. A antropologia era a essência de sua
filosofia, e Cristo era o cerne de sua antropologia. Ele sempre repetia:
“Cristo é o sentido do homem.” E, por essa razão, “na verdade, só no
mistério da Palavra feita carne é que o mistério do homem realmente fica
claro”. João Paulo amava citar essa sentença do documento Vaticano II
(veja Catecismo da Igreja Católica [doravante designado pela sigla CIC],
359). O que não conseguimos entender em nossas filosofias, psicologias e
antropologias a respeito de nós mesmos, entendemos em Cristo: nosso
próprio sentido e destino. Ele é um espelho raio X; quando olhamos para
Ele, vemos nosso âmago.
Cristo é a resposta para a pergunta: qual é o sentido da vida humana?
Quem somos destinados a ser? A resposta é que estamos destinados a ser
pequenos Cristos. O sentido da vida é ser Cristo. A resposta à principal
pergunta da antropologia não é um ideal abstrato, mas um fato concreto,
consumado. O sentido do homem é um homem, esse homem.
O Antigo Testamento informa-nos que fomos criados por Deus e à
imagem dele (Gênesis 1:26,27), mas só o Novo Testamento mostra-nos de
forma completa o que é essa imagem: ela é Cristo. É a isso, não a um vago
humanismo, que Inácio de Loyola se refere ao dizer que “a glória de Deus é
um homem totalmente vivo”. (Todos jesuítas, nota bene, por favor!) “Um
homem totalmente vivo” quer dizer “um pequeno Cristo”.
Como não percebemos isso? Só porque mais da metade do tempo
estamos mais que meio adormecidos. Diversas passagens do Novo
Testamento afirmam essa verdade de forma firme e clara. Por exemplo,
Romanos 8:29: “Pois aqueles que de antemão conheceu, também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos.” Ou 1 Coríntios 15:49: “Assim
como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem do
homem celestial.” Ou 2 Pedro 1:4: “Ele nos deu as suas grandiosas e
preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da
natureza divina.”
Existe ainda uma segunda razão por que precisamos da revelação
divina de Cristo para conhecer a nós mesmos: “Sem o conhecimento de
Deus concedido pela revelação, não podemos reconhecer de forma clara o
pecado e somos tentados a explicá-lo como mera falha de desenvolvimento,
fraqueza psicológica, engano ou a consequência necessária de uma estrutura
social inadequada” (CIC 389). Cristo nos ensina como somos anormais ao
sermos o padrão ideal. Se deixarmos que Ele nos julgue, em vez de julgá-lo,
perceberemos que nosso “normal” realmente é anormal. Esta é a pergunta
epistemológica crucial da antropologia: nós julgamos a Cristo ou Ele nos
julga?
Sem conhecermos Cristo e, assim, sem conhecermos nossa
“anormalidade”, caímos no erro fundamental do “normalismo”. Toda
psicologia, sociologia e antropologia secular é fundamentalmente oblíqua
em seu próprio fundamento, pois assume, de forma errônea, que seu objeto
de estudo, o homem, está em seu estado natural. Todos os dados dessas
ciências são suas observações de comportamento humano “normal”, da
mesma forma que todos os dados da física ou da astronomia têm origem na
observação de como a matéria se comporta naturalmente. Apenas imagine
a mudança radical que acarretaria à física, se os físicos viessem a acreditar
que a gravidade não é, de modo algum, inerente à matéria, mas que a
matéria “caiu” nessa condição anormal em algum momento do passado.
Imagine o choque astronômico radical que aconteceria, se os astrônomos
viessem a acreditar que as estrelas só começaram a brilhar em algum ponto
do passado chamado “Queda”. A doutrina da Queda do Cristianismo, em
sua mais básica interpretação da história humana, na qual os três grandes
eventos definidores são a Criação, a Queda e a Redenção, revela um choque
dessa magnitude na antropologia.
O cristianismo acrescenta dois homens à sua base de dados que a
antropologia secular não conhece: Adão e Cristo, os únicos dois homens
inocentes que já viveram, e o cristianismo julga os homens caídos por esse
padrão. Sem esse corretivo, nós, inevitavelmente, ao pensar em
retrospectiva, interpretamos de forma errônea nossa atual pecaminosidade
como algo natural e normal e, por isso, vemos a inocência e até mesmo a
santidade como algo anormal e não-natural, como algo sobre-humano, em
vez de humano. Bêbados e viciados em drogas, da mesma forma, veem as
pessoas sóbrias como anormais. Do ponto de vista moral, somos todos
bêbados e viciados em drogas. Por isso, é bastante natural para os
partidários de Bill Clinton afirmarem que é errado, e até mesmo imoral,
que os críticos dele esperassem que presidentes tivessem virtudes morais
“não realistas e inatingíveis”, como fidelidade e honestidade.
Esse é o erro mais fundamental da visão de homem da nossa
sociedade secular, e a raiz de todos os outros enganos da sociedade.
“Ignorar o fato de que o homem tem uma natureza doente, inclinada ao
mal, gera graves erros nas áreas da educação, política, ação social e moral”
(CIC 401). O “liberalismo” secular (termo enganoso, pois ele não é
realmente libertador), em todas essas quatro áreas, nega a realidade do
pecado pessoal e acha que o homem é um pé de alface, não uma batata. (A
alface apodrece de fora para dentro; a batata, de dentro para fora.) Por essa
razão, a solução deles sempre é uma “solução alface”: façamos isso ou
aquilo, melhoremos o ambiente social, coloquemos algum dinheiro nas
estruturas sociais ou condicionemos as pessoas com uma educação melhor.
Eles são como os fariseus que limpam o exterior, mas ignoram a podridão
interior (Mateus 23:25,26). Alguém definiu o liberal como aquele que
exige o direito de respirar ar puro para que possa proferir palavras sujas.
A única forma de corrigir essa perspectiva distorcida é encontrar o
verdadeiro ponto de referência. Mas não conseguimos! “Médico, cure-se.”
Somos o aleijado do comercial: “Caí e não consigo levantar.” Não podemos
voltar para o paraíso. As palavras da canção estão muitíssimo erradas: “E os
cavaleiros não nos pararão, pois a única droga que encontrarão é o paraíso.”
Não, os cavaleiros (os policiais) nos pararão porque encontrarão todas as
outras drogas, menos essa.
Não podemos voltar para o paraíso a fim de ver o Adão não caído.
“Vemos, todavia, [...] Jesus” (Hebreus 2:9). Cristo é o nosso novo dado
para a antropologia. Cristo é nosso padrão ou norma.
Sem esse dado, somos como o cachorro no aeroporto, em uma
gaiola, que mastigou a etiqueta de identificação para não saber seu
verdadeiro nome, o nome do seu dono nem onde mora. Ele não sabe de
onde veio, quem é nem para onde deve ir.
“Sem Jesus Cristo, não podemos conhecer o sentido da vida, da
morte, de Deus e de nós mesmos” (Pascal). Só com Cristo conseguimos
essas quatro informações cruciais. Nosso verdadeiro nome é “irmão de
Cristo, filho adotado de Deus”. Temos de guardar essa placa de
identificação, acariciá-la, viver por ela, lembrar-nos dela, lê-la sempre. A
placa é Cristo. Cristo é a chave para a antropologia.
Mas como podemos nos tornar Cristos? Esse não é outro koan
impossível de solucionar? Temos de nos tornar Cristos, mas não podemos.
Nem todas as nossas orações, os nossos soluços e as nossas lágrimas, nem
todo o amor, os pensamentos, as obras e as experiências místicas podem
fazer isso. Nós simplesmente não podemos nos tornar Cristos. Para fazer
isso temos de nos transformar em outra pessoa. Temos de “nascer de novo”.
De todas as imagens de transformação de todos os professores do mundo, a
imagem de Jesus aqui (em João 3) destaca-se como a mais radical de todas.
É tão radical que Nicodemos argumentou que isso era simplesmente
impossível: “Como pode ser isso?”
Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago, e os
levou, em particular, a um alto monte. Ali ele foi transfigurado diante deles. Sua
face brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas como a luz. Naquele
mesmo momento, apareceram diante deles Moisés e Elias, conversando com
Jesus. Então Pedro disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se quiseres, farei
três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.” Enquanto ele
ainda estava falando, uma nuvem resplandecente os envolveu, e dela saiu uma
voz, que dizia: “Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam-no!”
Ouvindo isso, os discípulos prostraram-se com o rosto em terra e ficaram
aterrorizados. Mas Jesus se aproximou, tocou neles e disse: “Levantem-se! Não
tenham medo!” E erguendo eles os olhos, não viram mais ninguém a não ser
Jesus (Mateus 17:1-8).
Quando lhe informaram que o profeta estava em Dotã, ele enviou para lá uma
grande tropa com cavalos e carros de guerra. Eles chegaram de noite e cercaram
a cidade. O servo do homem de Deus levantou-se bem cedo pela manhã e,
quando saía, viu que uma tropa com cavalos e carros de guerra havia cercado a
cidade. Então ele exclamou: “Ah, meu senhor! O que faremos?” O profeta
respondeu: “Não tenha medo. Aqueles que estão conosco são mais numerosos
do que eles”. E Eliseu orou: “SENHOR, abre os olhos dele para que veja”.
Então o SENHOR abriu os olhos do rapaz, que olhou e viu as colinas cheias de
cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu.
Deus não pôs essa visão do exército de anjos em carros de fogo nos
olhos do servo de Eliseu. Ele apenas removeu as travas dos olhos do servo.
(Os anjos não estão presentes apenas quando os vemos!)
No monte da transfiguração, Deus fez algo semelhante com Pedro,
Tiago e João. Pouco antes da transfiguração, Pedro achara difícil, quando
andou sobre as escuras e amedrontadoras águas da tempestade no mar
(Mateus 14), ver só a Jesus; e ele começou a afundar quando tirou os olhos
de Jesus. Aqui, Pedro também acha difícil ver só a Jesus no alto do monte
em meio à resplandecente glória celestial (Mateus 17). Pois ele faz, sem
pensar, uma proposta ridícula, mas que soa razoável, de montar três
santuários. Se Jesus tivesse permitido isso, o local, em poucos séculos, teria
se tornado uma armadilha turística, e Pedro ficaria famoso como
incorporador, não como discípulo. O ridículo não é a ideia de construir os
santuários, mas de fazer três deles, pondo Jesus na mesma categoria de
Moisés e Elias. E é provável que Pedro pensasse que isso era uma lisonja!
Deus corrige Pedro por meio de uma voz vinda do céu que, em essência,
diz: “O que você está pensando? Tenho muitos servos, mas apenas um
Filho” (Mateus 17:5).
Como o insensato Pedro e os outros conseguiram ficar tão sábios a
ponto de ver só a Jesus? Muito simples: no mesmo instante em que a voz de
Deus ordenou: “Ouçam-no”, eles obedeceram. “Os discípulos prostraram-
se com o rosto em terra e ficaram aterrorizados” (Mateus 17:6). (Vivemos
em uma era terrivelmente empobrecida na qual essa emoção religiosa mais
básica surpreende nossos professores, por considerá-la primitiva; e nossos
estudantes, por considerá-la incompreensível.) Só porque obedeceram, os
discípulos sentiram o medo santo, e só porque sentiram o medo santo,
Jesus pôde se aproximar, tocá-los e dizer: “Não tenham medo!” O medo é
pré-condição necessária para o “não-medo”. “O temor do Senhor é o
princípio da sabedoria” (Provérbios 9:10). E essa é a sabedoria moral, a
sabedoria da santidade. (Ver Jó 28:28.)
Em geral, achamos que a sabedoria vem primeiro e leva à santidade,
mas acontece o oposto. Acreditamos que temos primeiro de ver e, depois,
agir, mas acontece o oposto. Achamos que a vontade segue a mente, mas
acontece o oposto. Somos gregos, não judeus. Os judeus sabiam que a
sucessão de fatos era a outra, que primeiro vem a obediência moral e,
depois de obedecermos, nossa percepção é esclarecida. Apenas a vontade
receptiva à obediência pode abrir nossos olhos para a sabedoria. Por isso,
Jesus diz: “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o meu
ensino vem de Deus ou se falo por mim mesmo” (João 7:17).
E a percepção dos discípulos foi esclarecida pela obediência deles.
Qual foi o esclarecimento? Apenas que quando eles levantaram “os olhos,
não viram mais ninguém a não ser Jesus.” Isto é sabedoria: não ver “mais
ninguém a não ser Jesus”. A única forma de alcançar essa sabedoria
aprimorada de não ver “mais ninguém a não ser Jesus” é começar com a
sabedoria inicial de temer ao Senhor e obedecer à voz dele.
O que quer dizer não ver “mais ninguém a não ser Jesus”? Aqui, o “a
não ser” não é o “a não ser” exclusivo, mas o inclusivo. Não é Jesus fora de
todas as coisas, mas Jesus em todas as coisas; não é Jesus excluindo todas as
coisas, mas incluindo todas as coisas. Pois a “Graça aperfeiçoa a natureza”,
em vez de destruí-la. Deus capacita seus filhos, como o ótimo pai que está
disposto a parecer pequeno para que seus filhos pareçam grandes. Ele não
rivaliza com seus filhos, como o pai egoísta que está preocupado em parecer
grande e, por isso, faz com que seus filhos pareçam insignificantes. Deus
não nos diminui, Ele nos faz grandes.
O motivo máximo por que a Graça aperfeiçoa a natureza é Deus ser
amor, e o amor não fere, não rivaliza, não destrói nem destitui nada de
forma alguma. Jesus não destitui Moisés, Elias, Pedro ou o judaísmo (“Não
pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir”;
Mateus 5:17). A prova concretíssima desse princípio é o próprio Cristo, no
qual a divindade (Graça) aperfeiçoa perfeitamente a humanidade
(natureza).
Não obstante, Ele veio para destruir algo: o pecado. Ele é o Senhor
da vida e, portanto, inimigo do inimigo da vida, o pecado. Ele só mata
aquele que mata e, por isso, precisa ser morto. Todos nós sabemos que
abrigamos e afagamos alguns inimigos da vida, da nossa vida, algum pecado
habitual ou até mesmo alguma coisa inocente em si mesma, mas que Jesus
sabe que nos leva a pecar ou nos impede de ter a vida plena: algum
conforto, alguma segurança, alguma alegria terrena — talvez a própria vida
biológica — que levanta uma redoma ao nosso redor dificultando a entrada
dele, que torna mais difícil receber a plenitude de vida e de alegria no fim,
por causa dessa vida inferior atual. Por isso, o jardineiro divino poda-nos,
matando a vida inferior para que a superior cresça.
Por Ele matar a vida inferior, parte da natureza, parece que a Graça
dele não aperfeiçoa a natureza, mas a destrói. Mas essa morte aperfeiçoa a
natureza, pois o resultado da morte é uma vida superior. Naturalmente, o
ramo podado duvida das boas intenções do jardineiro. Contudo, se Ele,
pela fé, deixar-se podar agora, descobrirá, no ano seguinte, por que foi
certo confiar no jardineiro. Não é verdade que “ver é crer”, mas que “crer é
ver”. Conforme Jesus disse no túmulo de Lázaro: “Não lhe falei que, se
você cresse, veria a glória de Deus?” (João 11:40).
É claro que nós não conseguimos, como Ele, ver o fim quando
estamos no início. Não vemos a planta perfeita que nos tornaremos com a
poda que Ele faz nem vemos o jardineiro: “Ninguém jamais viu a Deus”
(João 1:18). “Vemos, todavia, [...] Jesus” (Hebreus 2:9). Não vemos “mais
ninguém a não ser Jesus” (Mateus 17:8). E se tiramos nosso olho dele,
somos como a criancinha que apenas vê a bola de sorvete cair da casquinha
e chora inconsolável, como se isso fosse uma tragédia irremediável. A
criança precisa apenas afastar os olhos do sorvete e voltá-los confiantes para
o pai que foi quem deu.
Esta é a melhor coisa que podemos fazer: olhar para Jesus. Foi isso
que Maria fez, mas Marta não. E quando olhamos para Ele em busca de
ajuda para nossa necessidade real ou aparente, quer grande quer pequena,
quer a queda do World Trade Center quer a queda do sorvete da
casquinha, o melhor que temos a fazer é repetir as palavras que Ele disse
para Jó: “Apenas confie em mim, filho. Você conhece a si mesmo e conhece
a mim. Eu sou aquele de quem vem ‘toda boa dádiva e todo dom perfeito’
(Tiago 1:17), e você é apenas uma criança que não pode entender meus
desígnios. A sua sabedoria é a confiança, a minha sabedoria é a providência.
Pois você é apenas você, e eu sou eu. Não sou homem, e você não é Deus.
Por que você tem tanta dificuldade para se lembrar desse fato elementar?
Deixe-me ajudá-lo a se lembrar, diga-me: ‘Onde você estava quando lancei
os alicerces da terra?’” (Jó 38:4).
Esta é a primeira lição: o que nós não sabemos. Se não soubermos
isso, não sabemos nada mais. Deus ensinou a primeira lição para Jó e
também para Sócrates.
Depois, Jesus nos ensinou a segunda lição, a resposta da primeira
lição: “Onde você estava quando lancei os alicerces da terra?” Ele diz: “Vou
dizer onde você estava: você estava no centro da minha visão e do meu
coração. Planejei o universo para você, para sua maior glória e sua maior
alegria, e essa também é minha maior glória e minha maior alegria. Você é
minha maior alegria, e sua maior alegria sou eu. Sua alegria foi todo o
motivo para eu realizar o Big Bang. Você acha que eu tinha estrelas em
vista, em vez de almas? Você acha que sou mais glorificado por queimar
hidrogênio que por queimar corações? Pelos grandes atos de explosões de
supernovas que pelos pequenos atos de amor?
“Você não entende sua vida porque você não é simples. O sentido da
vida para você sou Eu; e o sentido da vida para Mim, você. O amado está
sempre no centro da percepção do amante. Isso é o que amor quer dizer.
Esperei bilhões de anos por você, enquanto as galáxias esfriavam; e aqueles
anos não foram nada para Mim por causa do meu amor. Eu era como Jacó
à espera de Raquel: ‘Então Jacó trabalhou sete anos por Raquel, mas lhe
pareceram poucos dias, pelo tanto que a amava’ (Gênesis 29:20). Por isso,
‘mil anos [...] são como o dia de ontem’ para mim (Salmo 90:4): porque
sou amor.
“Seja como eu. Seja amor. Veja todas as outras coisas como
relacionadas com o amor e como minhas cartas de amor para você. Veja as
coisas como elas são: todas as coisas do universo e todas as coisas da sua
vida são a escada de Jacó, vias para a troca entre dois amantes, Eu e você. Se
você vir isso, então verá todas as suas tempestades terríveis e os seus
sofrimentos semelhantes ao de Jó caindo como o sorvete cai da casquinha.
Melhor ainda, você as verá como a minha Cruz. E uma vez que é a minha
Cruz, você a verá como uma Cruz de amor e de vida. Seus próprios
sofrimentos serão como o monte da transfiguração: através do prisma da
sua fé em Mim e do poder das Minhas feridas de amor, suas feridas
refletirão minha luz de Filho e se transformarão em ouro e glória. Eu, Jesus,
sou seu toque de Midas.”
Achamos que cremos nas boas novas de que “Deus é amor” (1 João
4:8), e de que ele “age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam”
(Romanos 8:28) — e cremos, mas nossa fé é principalmente o que
Newman chamou “aceitação nocional”, e não “aceitação real”. É mais a
aceitação da verdade da ideia que da realidade. É fácil dizer um sim
completo para a verdade de Cristo. Fazer isso é simplesmente ser cristão.
Mas é difícil dizer um sim completo para Cristo. Fazer isso é ser santo.
Nossa fé é verdadeira, preciosa e inestimável, mas não é firme o
bastante. É como uma linda nuvem de ouro. Quando a vida deposita um
fardo pesado sobre nós, ele atravessa a nuvem como uma bola de canhão
porque é mais pesado que qualquer nuvem, até mesmo de uma de ouro.
Nossa fé tem de se tornar mais que uma nuvem, tem de se tornar uma
coisa, uma coisa mais real, mais sólida e mais substancial que qualquer
fardo. E essa coisa só pode ser não ver “mais ninguém a não ser Jesus”. Não
pode ser “Jesus, se”, “Jesus e” nem “Jesus, mas”. Em Cristo não há se, e ou
mas (2 Coríntios 1:20).
2. A superação do legalismo
*
Esse segundo ponto (superar o legalismo) é a conse-quência imediata
do primeiro ponto (personalismo). O personalismo cristão representa mais
do que a mera ideia de que as pessoas são importantes, mesmo
intrinsecamente valiosas; e representa mais que a ideia de que os princípios
são para as pessoas, em vez de as pessoas serem para os princípios; e mais
que a ideia de que devemos observar o sujeito individual que escolhe e age
moralmente, em vez de observar o objeto do pensamento, da escolha e da
atuação dessa pessoa. O personalismo cristão também representa todas essas
coisas, mas não precisamos ser cristãos para conhecer todos esses princípios.
O personalismo cristão, acima de todo objeto último do pensamento, da
escolha e da atuação cristã, é uma pessoa: Cristo. “Apenas uma vida; ela
logo passará. Apenas o que é feito por Cristo perdura.” Minha avó bordou
essas palavras em um tecido e pendurou na parede da sala de jantar da casa
dela e também nas paredes da minha mente e coração. Obrigado, vovó. Faz
mais de sessenta anos que vi as palavras bordadas, mas não as esqueci.
Jesus resume a vida moral em duas palavras: “Siga-me” (João 1:43).
Todos os outros grandes mestres da moral — Moisés, Buda, Confúcio, Lao
Tsé, Sócrates, Maomé — dizem: “Siga meu ensinamento.” Mas Cristo
disse: “Siga-me.” Eles disseram: “Eu ensino o caminho”; mas Cristo disse:
“Eu sou o caminho.” Buda disse: “Não olhe para mim, olhe para meu
darma (doutrina).” Cristo disse: “Venham a mim” (Mateus 11:28). Buda
disse: “Sejam lâmpadas para vocês mesmos.” Cristo disse: “Eu sou a luz do
mundo” (João 8:12).
Os filósofos buscam a sabedoria. Cristo é a sabedoria (1 Coríntios
1:30). Por essa razão, Cristo é a realização da filosofia.
Os moralistas buscam a justiça. Cristo é justiça (1 Coríntios 1:30).
Por essa razão, Cristo é a realização da moralidade.
A diferença entre “siga meu ensinamento” e “siga-me” é a mesma
diferença entre seguir um mapa rodoviário e seguir um carro. Ser cristão é
não se preocupar em pegar todos os detalhes corretos do caminho nas
indicações do mapa; é uma caçada em um carro em alta velocidade. “Siga-
me!”
E quando a caçada termina, e encontramos a Cristo, descobrimos
que Ele é “o cão de caça do Céu” que nos caçava muito antes de
começarmos a caçá-lo. Na verdade, nossa própria busca por Ele é resultado
da busca dele por nós. Nas palavras de um antigo hino:
DIREÇÃO EDITORIAL
Daniele Cajueiro
EDITOR RESPONSÁVEL
Hugo Langone
PRODUÇÃO EDITORIAL
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Mônica Surrage
REVISÃO
Gustavo Nogy
PRODUÇÃO DO EBOOK
Ranna Studio