Unidade2 01 Texto1
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O Sistema Solar
A observação do mundo ao nosso redor constitui uma das atividades mais antigas da
humanidade. Os movimentos do Sol e da Lua, os dois astros mais importantes para o ser
humano, são acompanhados desde sempre, pois eles trazem efeitos importantes sobre a vida
na Terra. O dia e a noite, as estações, os aspectos diferentes da Lua durante um mês, as
marés, a posição das estrelas, os eclipses, todos estes fenômenos desempenharam papéis
muito importantes – para plantar, para se orientar nos mares, para viver de uma maneira
geral.
No céu não se vê apenas o Sol e a Lua. Há infinitos pontos luminosos, com diferentes
características, agrupando-se de forma diferenciada (e, usando a imaginação, assumindo
formas de diferentes animais e figuras mitológicas).
Há objetos nos céus que são “errantes” – cujo movimento aparente é diferente, muito
“maior” do que o de outros, que estão se movendo de uma forma mais lenta, ao longo dos
dias, dos meses e dos anos. Esses objetos foram denominados “planetas” – há cinco planetas
visíveis a olho nu, e que são registrados desde a mais remota antiguidade: Mercúrio, Vênus,
Marte, Júpiter e Saturno.
Os desenvolvimentos dos estudos permitiram a compreensão de que nos céus há
estrelas e planetas. As estrelas agrupam-se formando galáxias, que se agrupam formando
conglomerados, que se agrupam... E em torno de nossa estrela, o Sol, uma estrela menor da
Via Láctea, há (pela nova definição dos astrônomos) oito planetas, observados com auxílio de
lunetas, telescópios, sondas e satélites espaciais.
O Sistema Solar, então, é composto pela estrela (Sol, uma estrela normal, uma
enorme bola de gás incandescente com 1,4 milhões de quilômetros de diâmetro e
temperatura superficial de cerca de 6000 K) e muitos outros objetos menores: os planetas,
seus satélites e anéis, e outros corpúsculos, como os asteróides, os cometas e a poeira
interplanetária.
O Sol1.
Na Tabela 1, indicamos a parcela da massa do Sistema Solar que corresponde a cada
um dos principais corpos2.
Tabela 1
Objeto % da massa total do Sistema Solar
Sol 99,80
Júpiter 0,10
Cometas 0,05
Todos os demais planetas 0,04
Satélites e anéis 0,00005
Asteróides 0,000002
Poeira cósmica 0,0000001
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INTRODUÇÃO À FÍSICA A – CMT
Os planetas do Sistema Solar são: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno,
Urano e Netuno (Plutão teve seu status de planeta questionado: foi “rebaixado” para a
categoria de “planeta anão”). Eles giram em torno do Sol numa única direção, em órbitas
quase circulares (elípticas) e aproximadamente coplanares (exceções: Mercúrio e Plutão,
com órbitas um pouco excêntricas e inclinadas). Cada planeta também gira em torno de um
eixo que o atravessa e a direção desta rotação é a mesma de seu movimento de translação
em torno do Sol (exceto Vênus, que faz uma rotação retrógrada).
Os quatro planetas mais próximos do Sol (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) são
denominados planetas internos ou planetas terrestres – são pequenos, aquecidos por sua
proximidade com o Sol, e compostos basicamente por rochas e metais. (As imagens não
estão em escala.)
Os quatro planetas seguintes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) são bem maiores,
compostos de materiais mais leves (gás, gelo e líquido) – são chamados de planetas gigantes
(gasosos). Cada um deles possui um sistema de anéis, compostos de um enorme número de
pequenos corpos de tamanhos diversos. O sistema de anéis mais brilhante (e mais famoso) é
o de Saturno, que também foi o primeiro a ser descoberto.
Júpiter
e seu satélite Io Saturno Urano Netuno
Plutão foi classificado como planeta de 1930 (quando foi descoberto) a 2006, quando
passou a ser considerado um planeta anão, talvez o maior membro de uma população de
corpos. Ele não é nem terrestre nem gigante – parece mais com os maiores satélites dos
gigantes.
Plutão
e Caronte
No Sistema Solar, há outros corpos além do Sol e dos planetas. Cada planeta possui
(só Mercúrio e Vênus são exceção) um ou mais satélites – e alguns desses satélites são
grandes! A Lua, os satélites galileanos de Júpiter, Titã (de Saturno) e Tritão (de Urano) são
consideravelmente grandes. Há muito mais de 100 satélites catalogados, e cada vez mais são
descobertos, com as sondas e telescópios espaciais.
Existem também os chamados asteróides e cometas. Na parte interna do Sistema
Solar, em sua maioria entre Marte e Júpiter, Saturno, há um grande número de asteróides,
um “cinturão”, às vezes chamado de cinturão de asteróides. Após Netuno, nos confins do
Sistema Solar, imagina-se haver uma região de onde se considera que originem-se os cometas
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O asteróide Ida e
seu satélite Dactyl. O cometa Hale − Bopp
Um pouco sobre a história da descrição dos movimentos dos planetas do Sistema Solar
As leis de Kepler
Johanes Kepler (1571-1630) foi assistente de Tycho Brahe, e o sucedeu no trabalho do
laboratório, herdando todas as suas observações. Após alguns anos de trabalho, conseguiu
elaborar três leis que descreviam todas as observações disponíveis.
Primeira lei de Kepler – Lei das Órbitas
As órbitas descritas pelos planetas em redor do Sol são elipses, com o Sol em um dos
focos.
Segunda lei de Kepler – Lei das Áreas
O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais.
Terceira lei de Kepler – Lei dos Períodos
Os quadrados dos períodos de revolução de dois planetas quaisquer estão entre si
como o cubo de suas distâncias médias ao Sol.
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INTRODUÇÃO À FÍSICA A – CMT
Desta tabela, notamos que a órbita de todos os planetas tem baixa excentricidade, ou
seja, são todas quase circulares; as mais excêntricas são as de Mercúrio e Plutão. A órbita dos
planetas tem outra característica em comum: pequenas inclinações em relação ao plano da
eclíptica (o plano da órbita da Terra em torno do Sol). De novo, apenas Plutão – que não é
mais considerado um planeta - se diferencia, com uma inclinação de cerca de 20o. Essas duas
características das órbitas planetárias, ou seja, baixas excentricidades e inclinações, serão
fundamentais na hora que tentarmos responder a outra pergunta: como se formaram os
planetas?
3
Mantido na tabela por curiosidade, já que até 2006 ele era considerado um planeta...
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INTRODUÇÃO À FÍSICA A – CMT
desta equação (em qualquer base) escrevemos log (T 2 R 3 ) = log (const ) , ou seja
3
(manipulando os logaritmos) log (T ) =
log (R ) + const . Se fizermos y = log T e
2
3
x = log R teremos uma relação linear entre y e x: y = x + const . Num papel log-
2
log, a curva que melhor se ajusta aos dados é uma linha reta... (Neste procedimento,
estamos linearizando uma curva.)
4
Tabela de H.M. Nussenzveig, Curso de Física Básica, volume 1, quarta edição, página 195.
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INTRODUÇÃO À FÍSICA A – CMT
Observe que:
a) se você pensar num objeto nas vizinhanças da superfície da Terra, e usar os valores de
G = 6,67 × 10 −11N.m2 / kg 2 , m T = 5,98 × 10 24 kg , R = 6400 km = 6,4 × 10 6 m , obterá para
a força de atração gravitacional da Terra sobre o objeto um valor igual a seu peso: m g , com
g = 9,8 m / s 2 (faça o cálculo!).
b) se você considerar duas pessoas (ou dois objetos) de massas estimadas 100 kg cada,
separadas por uma distância de 1,0 m, o valor da força de atração gravitacional entre as duas
é muitas ordens de grandeza inferior ao peso de cada uma delas...
Finalmente, veja como a terceira lei de Kepler pode ser obtida a partir da lei da
gravitação universal. Se supusermos que as órbitas dos planetas é circular (uma aproximação
bastante razoável), e lembrarmos que um corpo em movimento circular uniforme tem uma
aceleração centrípeta igual a a c = v 2 R , e que a velocidade pode ser escrita como
v = 2π R T , onde T é o período da volta completa em torno do círculo, podemos escrever
(lembrando que F = ma ) para cada um dos planetas (de massa m) e o Sol (de massa M)
mM v2 (2π R / T )2
Fgrav = G = m = m
R2 R R
Uma pequena manipulação algébrica (simplificações, arrumações) nos dá que
T 2 4π 2
= = const
R3 G
para todos os planetas.
Daniela Lazzaro e Marta Feijó Barroso, Introdução às Ciências Físicas – vol. 2, Módulo 2: A
evolução das idéias sobre o Sistema Solar. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2003.
H. Moysés Nussenzveig, Curso de Física Básica – vol. 1 – Mecânica, 4a. edição. São Paulo:
Editora Edgard Blücher, 2002.
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