Aula 3 Espectrometria Atomica 1o Sem 2018 Parte 1 2 Final

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Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)

Instituto de Ciências Exatas


Depto. de Química

QUI 154 – Química Analítica V

Aula 3
Espectrometria Atômica (Absorção/Emissão)

Julio C. J. Silva

Juiz de Fora, 2018


Métodos Espectrométricos Atômicos
Métodos Espectrométricos Atômicos
Métodos Espectrométricos Atômicos
• Até agora ⇒ espectrometria de substâncias em
solução: absorção de energia por moléculas

• Espectroscopia atômica ⇒ átomos no estado


gasoso não rotacionam nem vibram ⇒ só temos
transições eletrônicas na absorção de energia

• Espectrometria de emissão atômica (AES)

• Espectrometria de absorção atômica (AAS)

• FAAS e GFAAS
A Espectrometria Atômica...

• É um método que baseia-se na absorção ou emissão de


energia por átomos neutros em estado gasoso

• Na absorção atômica ⇒ o elemento é levado a condição


gasosa e por esta se faz passar um feixe de radiação com λ
que pode ser absorvido

• Uma certa espécie atômica neutra e no estado fundamental


⇒ é capaz de absorver radiações com λ igual ao da emissão

• Condições do atomizador (Chama/forno) ⇒ a população dos


átomos se mantém, predominantemente, no estado
fundamental. Apenas uma pequena fração dos átomos sofrem
excitação
Fonte de excitação (ICP)

Qualquer fonte de matéria que tenha uma fração


apreciável ( > 1 %) de elétrons e íons positivos somando a
átomos neutros, radicais e espécies moleculares.

São gases ionizados altamente energéticos (Ar, He, Xe,


etc.)

Temperatura (6000 – 10.000 oC)

GFAAS e FAAS: 3300 oC !!!!!

Maior eficiência na decomposição


• Óxidos
• Compostos refratários
Fonte de Plasma Acoplado Indutivamente (ICP)
“Gás parcialmente ionizado à alta temperatura”

Descargas atmosférica (plasmas de “ar”) 8


Emissões em Plasma
“Gás parcialmente ionizado à alta temperatura”

Descargas Solares (plasma de H e He) 9


Emissões em Plasma
“Gás parcialmente ionizado à alta temperatura”

Descargas a Baixa Pressão (Lâmpada de plasmas ) 10


Emissões em Plasma
“Gás parcialmente ionizado à alta temperatura”

Plasma de argônio (ICP)


Origem do Espectro Atômico (átomos ou íons gasosos)

Espectro de linhas

Largura de linha: 0,001 – 0,01 nm


Espectro de Absorção Atômica
Espectro de Emissão Atômica

Transição de ressonância: Transição


para o estado fundamental;

Linha de ressonância: Linha espectral


resultante;

Orbitais atômicos p, são divididos em


dois níveis energia somente visíveis
em espectrômetros de resolução
muito alto.
Aquecido
Absorção atômica - Histórico
Espectro de Absorção e Emissão em Chamas

“fotometria de chama”
Absorção atômica - Histórico

- 1955 – Allan Wash propôs utilizar a AAS como técnica de análise


química;

- Década de 60 primeiros instrumentos comerciais (FAAS);

- Década de 70 primeiros instrumentos por GFAAS;


Equipamento para Absorção Atômica
• Componentes principais ⇒ Fonte (LCO), atomizador (chama, forno de
grafrite, etc.) monocromador, detector
Instrumentação básica – Emissão Atômica (Chama)
Instrumental – Fotômetros/Espectrofotômetros

• Fotômetros:

- Utilizam filtros para isolar a faixa espectral de interesse

- Usam chama de baixa temperatura

- Instrumentos relativamente simples

- Usados na determinação de Na, K, Li, Ca e Mg.

• Espectrofotômetro:

- Utilizam prisma ou rede de difração para isolar a faixa espectral de interesse

- Usam chama com temperaturas mais altas

- Instrumentos mais complexos


Instrumentação/ICPOES
Dispositivos de atomização
Atomizadores Contínuos: (Plasma e Chama) – amostra
introduzida de forma contínua;
Atomizadores Discretos: Amostras introduzidas de
forma discreta e com um dispositivo como uma
seringa ou auto-amostrador;

Chama Forno Plasma


Processos Ocorrendo no Atomizador

solução sólido gás átomo íon


a b c d e
MX M M+ M +*
- hν
M (H2O)+,X- MXn - hν f

a. Dessolvatação M*
b. Vaporização
c. Atomização
d. Ionização
e. Excitação iônica
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f. Excitação
Produção de átomos de íons

Atomizadores
• Atomizadores contínuos: introdução contínua da
amostra na chama ou plasma

• Atomizadores discretos: amostra é introduzida no


atomizador através de um dispositivo.

• Quantidade pequena de amostra (sinal transiente)

• Exp. Seringa ou auto-amostrador.


Atomizadores de Chama

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Atomizadores de Chama
Sistema de Introdução da Amostra
“Amostras líquidas devem ser introduzidas no atomizador de
forma que elas possam ser realmente atomizadas”

• Nebulizadores: converter a amostra liquida em um aerossol


capaz de ser transportado até a chama/plasma;

• Câmara de nebulização: homogeneização dos tamanhos das


gotículas;

• Amostradores discretos: Amostras discretas de soluções são


introduzidas para o atomizador;

• Amostragem de sólidos: Amostras sólidas no plasma =


vaporização com centelha elétrica/feixe a laser (ablação a
laser);

Atomizador... Destino Final !


Sistema de Introdução da Amostra

Figura: Sistema nebulizador concêntrico

• Deve introduzir a amostra na chama/plasma ⇒ razão uniforme e reprodutível

• Efeito Bernoulli (aspiração) ⇒ A alta velocidade do gás dispersa o líquido em


gotículas finas de diversos tamanhos, as quais são carregadas para a chama

• Deve ser resistente a soluções corrosivas

• Deve ser de fácil limpeza

• Associado a uma câmara de nebulização


Efeito Bernoulli

http://1.bp.blogspot.com/-8yqBhUs9g5w/TanTPnEbGfI/AAAAAAAAZjc/zvjJU6USNHU/s400/marmota.png

• Aviação

• Chaminés

• Lona de caminhões
Câmaras de nebulização
“Seleção das gotas analiticamente úteis para serem
convertidas em átomos e íons”
• Remoção das gotas de grande diâmetro

• Eficiência de transporte (1-5 %: gotas < 10 µm diâmetro; 95 % ⇒


descarte)

• Deve ser do tipo Pré-Mistura;

• A superfície interna deve ser própria para facilitar o dreno e não


apresentar efeito de memória;

• Deve ser resistente aos ácidos, bases e reagentes orgânicos.

• Deve ser projetado para facilitar o uso, a manutenção e ter


durabilidade.
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Atomizador de Chama
Propriedades das Chamas
• Funções da chama
– Converter a amostra em estado de vapor
– Decompor a amostra em átomos
– Excitar os átomos

• Regiões das chamas


Propriedade das Chamas

≈ 10-4 s
• Regiões da Chama para Medidas Quantitativas

• Análise Quantitativa
Tipo de Chamas
FAAS
• Faixa típica de trabalho: mg/L

• Problemas ⇒ FAAS

– Baixa eficiência do processo de introdução de amostra (1 a 2 ml/min)

– Diluição da nuvem atômica nos gases da chama

– Gradientes de temperatura e de composição química na chama

– Tempo de residência dos átomos na zona de observação (∼10-4 s)

- Análise quantitativa

- Precisão (1 - 2 %)
Atomizadores Eletrotérmicos (grafite)
• Faixa típica de trabalho: µg/L

• Volume de injeção: 1,0 – 100 µL

• Atomizador: tubo de grafite

- Controle de ambiente químico

– Controle de ambiente térmico

– Tempo de residência da nuvem atômica na zona de observação

• Sinais de Saída ⇒ são transientes, diferente daqueles contínuos


(produção de átomos no estado estacionário) observados na
atomização em chama. A etapa de atomização produz um pulso de
vapor atômico que dura somente alguns segundos no máximo. A
absorbância do vapor é medida durante esse estágio.
A técnica de Forno de Grafite (GFAAS)
• Idéia básica ⇒ gerar uma nuvem de átomos densa e em
condições controladas (L´vov, 1958).

– Nuvem de átomos densa ⇒ sensibilidade

– Condições controladas ⇒ remoção de interferentes


(programa de aquecimento) e temperatura controlada
(ambiente isotérmico)

• Introdução da amostra não requer sistema de nebulização


100% da amostra é introduzida no atomizador

• FAAS ⇒ ± 5 % de eficiência

• Processo de atomização ocorre num tubo de grafite aquecido


eletricamente sistema fechado - aumenta o tempo de
residência dos átomos no caminho óptico
A técnica de GFAAS

Correia, et al. Revista Analytica, 5, 2003.


Programa de Aquecimento (GFAAS)
2) Injeção da amostra 3) Amostra no tubo de
grafite

1) Auto amostrador
aspirando a amostra
Fontes de Excitação Para Emissão Atômica

Arco ou Centelha (Spark or Arc)

Chama (Flame Atomic Emission Spectrometry (FAES))

Plasma

Corrente direta (Direct-current plasma (DCP))

Microondas (Microwave-induced plasma (MIP))

Plasma Induzido (Inductively-coupled plasma (ICP))

Laser-induced breakdown (LIBS) – recente !


Fonte de Plasma (Tocha)

• Bobina de RF: 40 MHz • Osciladores que proporcionam corrente alternada


em diferentes frequências (27,12 MHz ou 40,68
• Vazão principal (Plasma): 15 L min-1 MHz).
• Potencia máxima de 2,0 kW.
• Vazão de nebulização: 0,9 L min-1
• Bobina de indução (cobre) refrigerada a água
• Vazão auxiliar: 1,0 mL min-1 47
Gás do Plasma
Processo de formação do plasma

A. entrada de Ar (He, Xe, etc.)


B. aplicação de campo de rádio-freqüência (RF), 27 ou 40 MHz
C. geração de alguns e- livres (bobina tesla)
D. efeito cascata
E. Plasma
Processo de formação do Plasma
Processo de formação do plasma

Elemento 1a Eioniz. / eV
K 4,34
Ca 6,11
Cr 6,77
Mn 7,43
F 17,4
I 10,4
Ar 15,7
Configuração da tocha

(A)Visão Radial
(B) Visão Axial

(A) (B)
Algumas características das configurações do ICP OES

Parâmetros Visão Radial Visão Axial


Caminho ótico
Interferência
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Plasma Radial

Janela

Caminho ótico
Caracterização Espacial do Plasma
Regiões do plasma
IR: Região de indução
PHZ: região de pré-aquecimento
IRZ: região inicial de radiação
NAZ: região analítica
“Tail plume”: região de menor temperatura (± 6000 0C)
Altura de Observação
Efeito das Temperaturas no AAS

• Boltzmam: Nj = No. gj/go exp-Ej/KT

– Nj = número de átomos no estado excitado “j”


– No = número de átomos no estado fundamental
– gj e go = degeneração do nível (pesos estatísticos dos estados
energéticos)
– K = 1,381 x 10-23 J K-1
– Ej = energia do estado excitado
– T = Temperatura absoluta

• Como se opera com T < 3000 K ⇒ Nj/No é pequena ⇒ No


Nj/No
Linha (nm)
2000 K 3000 K
Na 9,9 x 10-6 5,9 x 10-4
Ca 1,2 x 10-7 3,7 x 10-5
Zn 7,3 x 10-15 5,4 x 10-10
Exercício:

Considere uma diferença de comprimento de onda de 500 nm entre o


estado fundamental e o excitado cuja diferença de energia é de
3,97 x 10-19 J/átomo. Calcule o valor de Nj/N0 a 6.000 K se gj = 3 e go
= 1.

Dados:
- Distribuição de Boltzmam: Nj = No. gj/go exp-Ej/KT
- K = 1,381 x 10-23 J K-1

Resposta: 0,025
Equipamento para Absorção Atômica
• Componentes principais ⇒ Fonte (LCO), atomizador (chama, forno de
grafrite, etc.) monocromador, detector
Fonte de radiação
• Fonte de radiação ⇒ Emitem radiação do elemento de interesse

• Lâmpada de cátodo oco ⇒ são tubos de descarga contendo neônio


ou argônio a baixa pressão. O vapor do elemento é produzido por
volatilização catódica durante a descarga

• O cátodo é feito do elemento de interesse

• “Quando se aplica um potencial (600 – 1000 V) entre os eletrodos ⇒


íons do gás nobre são formados e acelerados na direção do cátodo
⇒ uma parte do átomos do elemento do cátodo são excitados pela
colisão ⇒ emitindo radiação com λ característico do elemento”

• Existem LCO (HCL) de vários elementos

• LCO múltiplas ⇒ vários elementos e um único cátodo ⇒ emissão


menos intenso ⇒ menor sensibilidade ⇒ menor vida útil
Fonte de radiação
Largura das Linhas Atômicas

• Definidas pelas propriedades do espectrômetro


(convencionais)
• Fatores contribuem para as larguras das linhas espectrais:

• Alargamento natural ⇒ relacionado ao tempo de vida do


estado excitado e ao princípio da incerteza de Heinsenberg
(da ordem de 10-6 s e alargamento da ordem de 10-5 nm)

• Alargamento por colisão ⇒ desativação do estado excitado


por colisão. Pressão → concentração → temperatura
(alargamento da ordem de 10-3 nm)

• Alargamento Doppler ⇒ resultante da movimento dos


átomos durante emissão (da ordem de 10-3 nm). Depende
da temperatura
Fonte de radiação
Modulação da fonte de radiação

• Necessário discriminar a radiação da LCO e a radiação do


atomizador;

• Efeito da emissão do analito é contornado pela modulação da


saída da lâmpada de cátodo oco de forma que sua intensidade
flutue;

• Detector recebe um sinal alternado (ca) da LCO e um sinal


contínuo (cc) da chama e converte esses sinais em correntes
elétricas;

• Sistema eletrônico elimina o sinal de cc da chama e passa o


sinal de ca da fonte para o amplificador e dispositivo de
leitura;
Modulação da Fonte de radiação
Fonte de Radiação
Correção do Sinal de Fundo (background)
Correção do Sinal de Fundo (background)

AT = AA total
AA = AA analito
AF = AA fundo (background)
Corretor de deutério (D2)

• Outros tipos:
– Smith-Rieftje
– Efeito Zeeman
Limites de Detecção (LD)
Interferências do Analito

• Interferências fisicas

• Interferências química

• Interferência Espectral

• Agentes liberadores

• Agentes de proteção

• Supressor de ionização
Interferência de ionização
Sistema ótico – Absorção Atômica (AAS)
Instrumentação - AAS
Single beam (feixe simples)

Vantagens:
Menor custo de fabricação
Maior aproveitamento da luz

Limitações:
Variação do sinal
Double beam (duplo feixe)

Vantagens:
Compensação automática da variação do sinal

Limitações:
Maior custo de fabricação
Menor aproveitamento da luz
Espectrômetro – Emissão (ICP)
Espectrômetro
Espectrômetros simultâneos-modernos

Visível

Ultra-violeta
Detectores
Detector

• Tubos fotomultiplicadores

• Detectores de estado sólido (DAC)

– CID (Charge injection device)

– CCD (Coupled charge device)


Fototubo (efeito fotoelétrico)
Tubos fotomultiplicadores

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f9
/Dynodes.jpg/600px-Dynodes.jpg
Detectores
Monocanais

• Fototubos

• Tubos fotomultiplicadores (mais sensível que o fototubo, amplificação


interna automática, mais amplamente utilizado)

• Fotodiodos de silício

• Células fotovoltaicas

Multicanais
• Arranjo de diodos

• Transferência de carga (CID e CCD)

Dispositivos de leitura
mostradores digitais, escalas de potenciômetros, registradores, tubos de
raios catódicos, monitores dos microcomputadores, etc.
Quantificação (Chama e ICP): Fontes de não linearidade

• Autoabsorção:
⇒ Ocorre em altas concentrações

⇒ Mais comum em emissão em chama

• Autorreversão
⇒ Em meios não homogêneas pode ocorrer alargamentos
severos das linhas

• Ionização:
⇒Mais comuns em chamas do que em plasmas

⇒ Linhas iônicas são recomendadas

• Faixa linear:
⇒ Emissão chama < Emissão em plasma
• Temperaturas/Tempo de residência são duas ou três vezes maiores que aqueles
obtidos nas chamas de combustão mais quentes (acetileno/óxido nitroso) ⇒
menos interferências químicas nos ICPs do que em chamas de combustão.

• Efeitos de interferência de ionização pequenos ⇒ concentração constante de


elétrons no plasma.

• A atomização ocorre em um ambiente quimicamente inerte ⇒ Em chamas o


ambiente é violento e altamente reativo.

• A temperatura transversal do plasma é relativamente uniforme.

• O plasma também apresenta um caminho óptico estreito ⇒ minimiza a


autoabsorção.

• Boa opção como fonte de ionização para a espectrometria de massa

• Uma desvantagem significativa do ICP é que ele não é muito tolerante a solventes
orgânicos (entupimento e à contaminação entre amostras sucessivas)

• Alto custo
Referências
“Principles of Instrumental Analysis”.
5th ed., 1998; D.A. Skoog, FL Holler, T.A. Nieman.
“Inductively Coupled Plasmas in Analytical Atomic Spectrometry”.
2 nd ed., 1992; A. Montasser, D. Golightly.

“Axially and radially viewed inductively coupled plasmas – a critical review”.


Spectrochim. Acta Part B, 55 (2000) 1195-1240.

“Química Analítica Instrumental - Notas de aula”.


UFG, 1996; Farias, L.C.

“Concepts, Intrumentation and Techinique in inductively Coupled Plasmas


Atomic Emission Spectrometry”.
Perkin Elmer, 1989; Boss, C.B., Fredeen, K.J.

“Espectrometria de Emissão Atômica com Plasma Acoplado Indutivamente


(ICP-AES)”.
CPG/CENA-USP, 1998; Giné, M.F.

IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemitry


2009; http://old.iupac.org/publications/analytical_compendium)

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